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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

ANIS CAROLINE DE CARVALHO

BEATRIZ BELLINI SANTORO

EDUARDO BOCALETE PONTES GESTAL

JOSÉ GUSTAVO DE VICENTE FOSSA

TAYNA NUNES DOS SANTOS

VANESSA CARDOSO BIAGI

Projeto Educação Infantil: “Colcha de potências”

Ribeirão Preto

2021
na tentativa de realizar uma curadoria
que fosse repertório do projeto para a
educação infantil com a temática
antirracista
uma aluna do grupo lembra da bailarina
de Degas
uma criança, menina, preta, se
expressando através da dança
Edgar Degas, 'Bailarina de catorze anos', 1880, acervo MASP, doação Alberto Alves
Filho, Alberto José Alves e Alcino Ribeiro de Lima, 1954

Fonte: https://www.instagram.com/p/CIf7navJRtc/?utm_source=ig_web copy link


mas lendo sobre a obra, a
bailarina que era livre em seus
giros e tinha o seu tutu voando no
ar, ficou aprisionada

presa

era presa

na verdade sempre esteve...


Fonte: https://www.instagram.com/p/CKG8MpYpdkm/?utm_medium=copy_link

Sobre a bailarina na caixa de vidro: “A mostra é acompanhada por fotografias em preto e branco
das esculturas, em grandes dimensões, feitas especialmente para a mostra por Sofia Borges. A
artista trabalhou ao longo de 2020 realizando incontáveis fotografias dos Degas do MASP, no
acervo e na reserva técnica. Com sua câmera, ela reinterpreta e concebe novas imagens para
esculturas que são verdadeiros clássicos no acervo do museu. Nesta operação, as
extraordinárias fotografias de Borges revelam, transformam e atualizam as obras de Degas de
forma inovadora e radical. As imagens de Borges são exibidas nos cavaletes de vidro de Lina Bo
Bardi e em painéis, na galeria do primeiro andar do museu, em diálogo próximo com as
esculturas. A instalação com cavaletes e vitrines, numa sala pintada em dégradé e com um
‘fundo infinito’ na cor preta, oferece uma experiência verdadeiramente imersiva para se ver e
rever Degas.” (Idem).
Numa sociedade como a nossa, na qual predomina uma
visão negativamente preconceituosa, historicamente
construída, a respeito do negro e, em contrapartida, a
identificação positiva do branco , a identidade
estruturada durante o processo de socialização terá por
base a precariedade de modelos satisfatórios e a
abundância de estereótipos negativos sobre negros .
(CAVALLERO, 2000)
Assim, a curadoria continuava.
Não sem a bailarina, mas com o
objetivo de levá-la aos palcos de
sua própria infância.

Tomamos conhecimento sobre


uma Sônia Gomes que teve suas
obras expostas no MASP, tão
perto da menina de 14 anos, mas
ao mesmo tempo infinitamente
distante.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JoHMrbEWnZ4

Sonia Gomes, primeira mulher negra viva a


expor no Masp.

Foi então que literalmente m


e
r
g
u
l
h
a
m
o
s

Nos tecidos.

Sonia Gomes, sem título, 2016, costura, amarrações, tecidos e rendas variadas, 126 × 82 cm. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/arteversa/as-maos-de-ouro-de-sonia-gomes-costura-e-memoria/

Oratório (2012)
Amarrações, tecidos, rendas e fragmentos diversos sobre gaiola de arame. 250 X 33 X 26cm (Idem)

Escultura de Sônia Gomes, feita de tecido e arame, no ateliê da artista, em Pinheiros, São
Paulo. Disponível em:
https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/12/1944244-a-artista-e-mulher-e-negra-mas-arte-e-
arte-diz-sonia-gomes.shtml

Sônia Gomes, 69, trabalha em sua obra “Maria dos Anjos”, feita a partir de
um vestido de casamento de seda pura. (Idem)
Os tecidos desempenham
um papel muito importante
nas sociedades, além de
serem usados como
vestimentas. Os trajes eram
vistos como símbolos de
prosperidade do grupo e a
qualidade, o tamanho e a
ornamentação das roupas
revelam a classe social das
pessoas. (BENTO, Marlene de Fátima
, 2010, p.6).

Fontes das imagens de tecidos: https://www2.ifrn.edu.br/teciteca/


https://br.depositphotos.com/stock-photos/tecido-voando.html
“[...] os africanos escravizados no Brasil são pensados
como originários da tribo dos homens nus. A nudez
do escravizado no Brasil é apresentada como uma
possível ausência de cultura e civilização. Isto porque
a história da África não foi vista no seu conjunto e
nas interligações entre as diversas regiões.” (Idem)

E no vai e vem dos tecidos e nos seus movimentos pelo


ar, sua importância cultural, social e histórica, em suas
tramas e fios, conhecemos uma artista, mulher preta e
suas produções intrigantes que ressignificam e
reinventam memórias e os caminhos antes costurados
como verdades.

Sônia é artista, mulher, preta, história, poesia, tramas e


fios, fiapos, linhas, inteligência, sensibilidade

por que não também ser parte da vida das crianças,


onde o velho produz e reinventa o novo e nós são
desatados?

Sônia virou boneca.


“(...) há colher; dar de comer com a colher; dar de comer com a

colher à boneca; dar de comer à boneca como a mamãe” (Elkonin,

1998, p.259).

“A brincadeira, o jogo deve ser compreendido não como uma

atividade própria à criança, mas como atividade constitutiva da

condição infantil.” (Elkonin, 1998, p. 295)

É por meio da apropriação que se dá o desenvolvimento cultural.

O que queremos passar adiante nesse passa anel


da vida?
Alice e sua boneca Juju. Fotografia do acervo pessoal Vanessa.
Boneca “Mamãe” com seu turbante e boneca " Juju com todo seu estilo próprio".
É tempo de brincar

Chamem as crianças nas casas

Conclamem a infância prás ruas

Pois é tempo de brincar

Diz o poeta

Quando as crianças brincam

E as ouço brincar

Qualquer coisa em minha alma

Começa a se alegrar

Convoquem grandes e pequenos

Para a alegria contagiante

Das brincadeiras e cantigas de roda

Esconde-esconde, pega-pega

É tempo de brincar

É tempo de iluminar becos e praças

Com olhos de crianças curiosas

Com sorrisos de descobertas...


Fernando Pessoa.
Um dia com o tecidão. Fotografia do acervo pessoal de Vanessa
E convide todas as crianças
grandes e pequenos …

Pequeninos também têm o direito de cirandar


Os pequenos peguem a boneca
Os grandes suas capulanas para passar o novo
adiante e colocar o novo no círculo

Livro Quero Colo!, de Stela Barbieri, Fernando Vilela


O que seria o tecido senão uma junção
de fios? um vai e vem que atravessa e é
atravessado, um percurso sem fim, sem
começo, um recorte mais um
recortemaisumrecorte mais uma
recordação
Retalhos contam tantas histórias,
Assim como os livros,
São cheios de aventuras,
Cheios de memórias.

Um enredo contado através do tecido


Desperta a curiosidade
De todos os envolvidos.

Conforme desenrolamos o pano


Ideias vão saindo
E a imaginação se despertando.
É por isso que optamos,
Contar a história deste modo:
Sem pressa, sem atalhos
Apenas desdobrando,
Uma colcha de retalhos.
Foi então que num olhar curioso e de professoras
e professores, os tecidos saíram voando para fora
do livro, desataram costuras e pontos.
E ocuparam o ambiente, que antes era só um
espaço qualquer.

“Incluir o espaço como recurso


pedagógico significa interferir sobre ele
com intencionalidade (Galvão, 2004, p.80)”

Fonte:
Stela Barbieri, 2018
MIRANTES
SESC JUNDIAÍ - sp
http://www.stelabarbieri.com.br/arquivos/portfolio_stela_jan20.pdf
Tomando conta das paredes, pendurados,
amarrados, desfiados, desalinhados é assim
que de início estarão
e como vão ficar
aí as crianças que saberão
Mas mais importante que isso
é o processo de habitar esse novo ambiente
e experimentar se correntes

Fonte da imagem:
https://www.google.com/imgres?imgurl=https://www.revistanovias.mx/wp-content/uploads/2018/
03/Summer-Street-Photography.jpg&imgrefurl=https://www.revistanovias.mx/listones-en-tu-bod
a-sacales-el-maximo-provecho-en-la-decoracion/&tbnid=CGGPi550viymsM&vet=1&docid=u-Jw4f
cGPA4BCM&w=900&h=600&source=sh/x/im
descobrindo novas possibilidades de
pintura: para além do papel, o tecido

https://planosdeaula.novaescola.org.br/educacao-infantil/pre-escola/habilidade/EI03CG03
https://colegiobeneditino.com.br/infantil-i-luvas-com-tinta-guache/
https://www.google.com/imgres?imgurl=https://i.pinimg.com/originals/0f/89/bb/0f89bb334cfffd6
b618b6de6a6aecb50.jpg&imgrefurl=https://www.pinterest.es/mariaraba3636/javier-abad/&docid=
fDQH2gevsvvOuM&tbnid=Sr4YernHf5GUkM&itg=1&hcb=1&ved=0ahgKEwiAh9z05oj0AhUAAAAAHQ
AAAAAQ3wEQ66YHCAM
https://www.taubate.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/06/Atividade-73-Cabana.pdf
E no meio da ilha de tecidos
Achamos um baú dos tesouros

Fonte: BERILIMBAU – ateliê para crianças –Stela Barbieri e Guga Szabzon


http://binahespacodearte.com.br/projects/inscricoes-abertas-berilimbau-atelie-para-criancas
-stela-barbieri-e-guga-szabzon/
Cercado de areia e no alto da casinha
Por trás das árvores
no balanço
no escorregador
no continente mãe
e no chão da escola

Fonte:
https://www.minasgerais.com.br/pt/apoio/olhos-dagua/parquinho-de-areia-do-camp
o

Os tesouros são mais ricos que ouro


Pistas espalhadas
Começamos a procurar
E quem procura acha

Adinkras estampando os tecidos


Capulanas com seus ricos desenhos
Panôs e suas histórias

Não se esqueça de olhar por onde anda, olhe


para trás, mas siga em frente

Os símbolos Adinkras, utilizados nesta publicação, foram criados pelos povos


akan, presentes em Gana, Costa do Marfim e no Togo, países da África do
Oeste. Os Adinkras constituem um sistema de escrita pictográfica e de ideias
comprometidas com a preservação e transmissão de valores fundamentais
Um dos adinkras mais conhecidos é o Sankofa, representando por um
pássaro olhando para trás [...] O Sankofa representa o desafio de retomar e
aprender com o passado esquecido e negado, para transformar o presente e
avançar no futuro.
(Carreira, Denise Indicadores da qualidade na educação: relações raciais na escola/
Denise Carreira, Ana Lúcia Silva Souza. - São Paulo : Ação Educativa, 2013.)
“Sou feita de retalhos.
Pedacinhos coloridos de cada vida que
passa pela minha e que vou costurando na
alma.
Nem sempre bonitos, nem sempre
felizes, mas me acrescentam e me fazem ser
quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou
ficando maior…
Em cada retalho, uma vida, uma lição,
um carinho, uma saudade…
Que me tornam mais pessoa, mais
humana, mais completa.
E penso que é assim mesmo que a vida
se faz: de pedaços de outras gentes que vão
se tornando parte da gente também.
E a melhor parte é que nunca estaremos
prontos, finalizados…
Haverá sempre um retalho novo para
adicionar à alma…”
Cris Pizziment.
Obra da artista visual Rosângela Politano, de Socorro(SP)
Disponível em:
https://pinzon.com.br/aniversario-de-cora-coralina-e-festa-da-arte-e-o-artigo-de-oscar-damb
rosio/
Planejamento do projeto: elaboração escrita do projeto de estágio

Turma - Idade das crianças: 4-5 anos, Etapa 1 (pré 1), 25 crianças/1 professora (or).

Título do Projeto: Colcha de potências

Objetivos:
● Conhecer uma referência de artista negra e a potência de seu trabalho;
● Identificar e valorizar contribuições artísticas de diversas culturas africanas;
● Apropriar-se de referências/discursos/imagens positivas acerca da negritude e do “ser
negro”, em combate à inferiorização das pessoas negras/pretas e suas contribuições
nas mais diversas áreas de conhecimento;
● Relacionar-se com a construção de suas identidades e da autoestima ;
● Vivenciar a fruição das produções artísticas apresentadas;
● Explorar os tecidos e suas potencialidades criativas;
● Brincar (brincadeira como forma de conhecer as relações sociais e vivenciá-las em
espaço-tempo privilegiados a essas vivências).

Avaliação ou documentação pedagógica:


Serão feitos registros durante toda a execução do projeto, principalmente através de
anotações e arquivos de mídia, como fotos e vídeos de modo que componham a
documentação pedagógica (Tempo de Creche, 2016) do projeto. A avaliação será feita a
partir das seguintes questões: “O que é possível enxergar nessas informações? O que eu não
sabia e acabei descobrindo? Quais são as informações que respondem às minhas indagações?
Quais aprendizagens aconteceram?” (Idem). Visando uma reflexão sobre o que de fato ficou
o projeto para as crianças e se os objetivos estão sendo alcançados ao longo do projeto e ao
fim dele.
1º encontro - Conhecendo a artista e sua arte
Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente Pátio ou área rotina: ● Tecido grande colorido (“tecidão”);
1h30. externa. Após o momento ● Instrumentos de percussão;
de chegada das ● Caixa surpresa;
crianças à escola, ● Imagens grandes e coloridas da artista
após terem tomado Sônia Gomes e de suas obras;
o café da manhã.
● Tiras e pedaços de tecidos de texturas
e elasticidades;
● Boneca preta Sônia;

Após a chegada das crianças a escola, após tomarem café da manhã e estarem acomodadas na
sala de aula; Irão para um espaço mais amplo para um momento de música, dança e
movimento.
Serão cantadas as cantigas escolhidas por nós (ver referências) em roda, de modo que
primeiramente vamos apresentar as cantigas às crianças, cantando para elas e tocando
instrumentos de percussão (triângulo, reco-reco, chocalhos, tambor do oceano feito de caixas
de pizza e grãos) e posteriormente em roda todos vamos cantar e cirandar juntos e brincar
com o “tecidão” em roda, possibilitando que as crianças passam por baixo do tecido,
movimentam ele junto com as músicas.
Uma possibilidade para o momento que consideramos, se for do interesse de outras
professoras, seria propor uma integração com a turma dos bebês ou crianças menores,
considerando que poderiam ser carregados em capulanas no caso de não estarem andando
ainda, visto que teríamos muitos adultos presentes nesse momento (estagiários e
professoras), já iniciando o contato com os movimentos e ritmos propostos.
Junto das crianças, seria apresentada a boneca Sônia, uma boneca preta que representaria a
artista Sônia Gomes, junto com as crianças ela participaria das cirandas.
A intenção é que ao brincar de cantigas de roda e por meio da música as crianças possam
conhecer diversas melodias e ritmos pois assim como as histórias, as cantigas são um convite
para adentrar o imaginário de diversas culturas, em especial as escolhidas se referem ao mar,
oceano, que conectam nosso continente ao continente africano, continente o qual será mais
evidenciado ao longo do projeto. Falaremos para as crianças durante as brincadeiras, que
muito da cultura do continente africano, que se localiza ao se atravessar o oceano, inspira
Sônia a fazer suas obras.
Após a ciranda, Sônia terá trazido uma caixa surpresa para as crianças, da qual serão retiradas
imagens da artista, que se apresentará para eles e de suas obras, bem como tiras e pedaços de
tecidos que as crianças poderão brincar e que serão disponibilizados para suas brincadeiras
cotidianas, visando perceber a sua interação com esse material que será no momento
conhecido por eles através das obras de Sônia.

2º encontro - Livro “A Colcha de Retalhos”


Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente 45 Um local rotina: ● Livro “A colcha de retalhos”, de
minutos. mais Após o horário do Conceil Correa da Silva e Nye
silencioso, lanche, por ser um Ribeiro, com ilustrações de Ellen
como o momento que Pestili;
solário, propicia menos ● Deverá ser utilizado, também,
biblioteca, movimentos com o uma espécie de “colcha”,
sala de corpo. confeccionada em algodão cru,
leitura. com elementos que possibilitem
contação da história.
Com a turma posicionada de maneira confortável para os educandos, seja em roda ou
sentados em torno do(a) professor(a), deitados ou “amontoados”, será feita a contação da
história do livro “A colcha de retalhos”, de Conceil Corrêa da Silva e Nye Ribeiro, com
ilustrações de Ellen Pestili, será contada utilizando uma colcha, que será apresentada
dobrada, escondendo seu interior. Conforme se desdobra, revela imagens e elementos que
ilustram o enredo, enquanto a narrativa é feita oralmente.
A opção por apresentar a história desta maneira tem o intuito de despertar a
curiosidade dos educandos, por se tratar de um objeto não-convencional para a contação de
histórias, que “esconde” o enredo e a turma deve descobrir, em conjunto, a história que a
colcha guarda.

3º encontro: Os tesouros de Sônia


Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente Parquinho de rotina: ● Pedaços de tecidos de algodão cru (tanto
1h areia da Antes do lanche. o claro como o escuro) estampados por
escola. nós, com símbolos adinkras, padrões de
capulanas e panôs.
● Carta com pedido de ajuda da boneca
Sônia.
● Pás de areia ou outros objetos para
desenterrar alguns dos tesouros.
● Lupas;
● Binóculos de brinquedo feitos de rolos de
papel higiênico;
● Obstáculos feitos de tecido, bambolês,
cordas;
● Pistas escritas para o “caça aos tesouros”.

O momento que antecede o lanche foi escolhido porque após o lanche não seria um bom
momento para correr e se movimentar de forma intensa.
O ambiente do parquinho de areia seria preparado com “obstáculos”, túneis de tecido e
bambolês, balanços de tecidos, emaranhados de elásticos. Assim como seriam escondidos
cinco tesouros.
Os tesouros seriam confeccionados por nós a partir do material de algodão cru, possibilitando
o desenho de padronagens de adinkras, capulanas e panôs.

As padronagens escolhidas por nós foram:


● Samakaka - Representa a Angola, vermelho: sangue derramado nas guerras, preto:
luto daqueles que se foram, amarelo: esperança e positividade que tudo vai ser melhor
adiante; branco: a paz que o povo angolano busca há tanto tempo e precisa. Às
crianças será falado que representa um país do continente africano que se chama
Angola, as dificuldades, guerras e coisas muito ruins que passaram, mas também a sua
força, esperança e o desejo de paz, então essa capulana conta a história dos angolanos
e é muito importante para eles. - Fonte: Aula: ''Capulana'' (Fábrica de Cultura Cidade
Tiradentes) - Tv Fábricas de Cultura

● Continente africano - a fim de conhecê-lo será estampado em um pano. (Idem)


● Capulana para carregar bebês que posteriormente será disponibilizada para as
brincadeiras do cotidiano da turma. (Idem)

● Cornucópias: motivos mais usados, vaso em formato de chifre com flores e frutas
simbolizando a abundância, fartura e riqueza. (Idem)

● Adinkra Sankofa: representando por um pássaro olhando para trás, representa o


desafio de retomar e aprender com o passado esquecido e negado, para transformar o
presente e avançar no futuro. (CARREIRA, DENISE, 2013).
Nesse dia a boneca Sônia, que estaria participando do cotidiano das crianças, não estaria
disponível para elas, mas uma carta chegaria à sala de aula através de nós, endereçada às
crianças, enviada por Sônia:
“Ribeirão Preto, data

Oi amigos,
Resolvi escrever para vocês para pedir ajuda.
Descobri que no continente africano, um lugar para além do mar e do oceano, existem
muitas riquezas. Estava brincando com alguns amigos com alguns desses valiosos tesouros e
acabamos perdendo vários deles pelo parquinho de areia.
São riquezas muito importantes, valem mais que mil moedas de ouro, são relíquias muito
antigas e com muitas memórias.
Consigo me lembrar dos lugares em que estávamos brincando, mas não consigo achá-los.
Me ajudem a encontrá-los!
Abraços,
Sônia”
Assim, começaremos com as pistas, os lugares que Sônia lembra que estavam brincando,
indicando cada local do parquinho e disponibilizaríamos pás de areia e lupas para as crianças
procurarem os tesouros.
Ao acharmos cada tesouro, surpresos, contaríamos às crianças os seus significados, pois
Sônia já havia nos contado antes.

4º encontro - Atelier: Explorando as potências do tecido


Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente Área externa, um rotina: ● Diferentes tecidos (com tamanhos,
2 horas local com árvores, Início do dia formatos, texturas, elasticidades e
grama ou um cores variadas);
pátio. ● Tintas guache diluída em água
(diferentes graus de diluição);
● Recipientes para distribuição das
tintas;
● Pincéis e rolinhos de pintura;
● Cordas, linhas, pregadores de
roupa e elásticos para confeccção
de cabanas de tecido e varais de
experimentação;
● Varetas para estruturação dos
painéis de exposição, posicionadas
de forma que não ofereça perigo
às crianças;
● Cadeiras e mesas de apoio;
● Caixas de papelão para estrutura
de exploração

O objetivo do quarto encontro é promover um espaço de exploração através da descoberta e


do brincar com os tecidos, assim como a artista Sônia faz e como as culturas africanas que
vimos também o fazem.
Esta atividade é pensada para ser desenvolvida em conjunto com crianças de outras idades
(diferentes turmas), de modo a promover uma experiência integradora, se considerado
possível neste espaço escolar.
Em uma área externa da escola, deverá ser preparado o ambiente de exploração com o uso de
caixas de papelão, cadeiras, cordas, linhas ou elásticos e tecidos. A proposta é construir
“cantinhos”, “ambientes de interação” e espaços atrativos e que deem destaque aos diferentes
tecidos (que chamem a atenção pelas cores, estampas e texturas e suas possibilidades).
A construção de cabanas e tendas poderão oferecer espaços que estimulem a imaginação para
a brincadeira junto aos tecidos. A confecção de tranças com tecidos, torções e outros
trabalhos manuais também enriquecerão o ambiente.
Além disso, deverão ser disponibilizados tecidos soltos para que as crianças brinquem com
eles, seja usando-os como fantasias ou como desejarem.
Os alunos serão então acompanhados para este ambiente, para que explorem as potências do
tecidos através do brincar, com intervenções que acharmos necessárias para maiores
possibilidades de exploração dos materiais.
Também, em um dos “ambientes interativos”, serão colocados à sua disposição as tintas e
pincéis para que possam pintar no varal de tecidos (tecido preso em um varal de corda e preso
ao chão) e também um grande tecido no chão para que as crianças possam usar os pés (e as
mão também) para pintar.

5º encontro: Confecção da colcha de retalhos


Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente Sala de aula. rotina: ● Tecidos pintados e produzidos
uma hora. através da exploração do atêlie;
Após o horário do ● Barbante;
lanche. ● Furador de tecido.

A partir da leitura, realizada em um encontro anterior, do livro A colcha de Retalhos.


As crianças serão convidadas a confeccionar uma colcha com tecidos com as memórias da
turma, construídas ao longo do projeto. Para tanto, neste dia, os tecidos de Sônia (tesouros),
os tecidos produzidos na exploração de ateliê e o tecido de algodão cru da contação de
histórias, serão disponibilizados para que façamos nossa própria colcha.
Primeiramente chegaremos em um acordo de como montar a colcha, que será agora de todas
as crianças, colocando os tecidos no chão.
Durante esse momento, relembraremos nossas memórias com cada um dos
tecidos,identificando também o que cada criança fez ou como foi feito, em um espaço de
conversa.
Então furamos os tecidos e as crianças “costurarão” com o barbante, passando entre os
buracos e amarrando com nossa ajuda.
No final, faremos apreciação coletiva da colcha e convidaremos as crianças a contarem para a
boneca Sônia sobre a colcha, com a intenção de perceber o que entenderam de todo esse
processo, que posteriormente ficará disponível para suas brincadeiras.

6º encontro - Encontro com as famílias: costurando ideias


Duração: Local: Momento da Materiais
Aproximadamente Pátio ou a rotina: ● Todos os registros do projeto, como
40 minutos. maior sala e Final do dia. anotações, fotos e vídeos. Assim
mais acessível como também todos os materiais
sala da escola usados e construídos, como a colcha
para de retalhos, os livros, os tecidos, a
exposição caixa, a boneca Sônia etc.
● Também seriam usados, um projetor
se possível no ambiente utilizado
● Barbante
● Cartazes
● Prendedores
● Fitas adesivas.

Para o sexto e último encontro, esperamos reunir todos os registros dos encontros
anteriores e materiais utilizados e organizá-los em forma de exposição. Para isso,
pretendemos combinar com a escola a disponibilização de um espaço amplo, no qual possa
dispor grande quantidade de objetos de maneira visível, de preferência no próprio pátio ou
em alguma sala grande que não esteja em uso no momento e seja adequada para uma
exposição.
No tocante à exposição em si, pretendemos realizá-la através da impressão das fotos,
as quais seriam expostas penduradas por prendedores em varais montados com barbantes
presos pelas fitas adesivas, assim como também seriam expostas em cartazes de cartolina nos
quais estariam coladas. No mais, também é esperado que tenham mesas para que os
materiais possam ser expostos em cima delas.
A boneca Sônia também será convidada para o evento, de modo que algum momento
que antecede o evento, faríamos em parceria com a professora da sala um convite feito pelas
crianças a ela, que estaria então na “plateia” do encontro.
A colcha será exposta de um modo em que possa ficar estendida, preferencialmente
sobre um conjunto de mesas unidas.
Ademais, também se espera que tenha alguma parede lisa e ampla para a projeção dos
vídeos registrados além de mais fotos através de um projetor, o qual estaria ligado a um
aparelho de som que emitiria o som dos vídeos e músicas, principalmente as usadas durante o
projeto.
Sobre o exposto, destacamos que este encontro é planejado para acontecer junto às
famílias das crianças, as quais seriam avisadas e convidadas através de bilhetes enviados a
eles. Quanto ao horário, é esperado que a exposição ocorra no final do dia, no momento em
que as crianças deixariam a escola, pois se trata de um momento em que muitos dos
familiares viriam buscá-las ou no qual alguns não estejam em horário de serviço.
Então, neste momento de saída que a exposição ficaria disponível, possibilitando que
as próprias crianças fizessem a apresentação aos seus familiares.
Sendo previsto que a exposição e este último encontro durem aproximadamente
quarenta minutos após o horário de saída das crianças, em que estimamos ser tempo
suficiente para que todos possam aproveitar da exposição, sendo que este tempo também
pode ser estendido ou encurtado a depender da demanda de observadores.
REFERÊNCIAS

Sobre Sônia Gomes:


Enciclopédia Itaú cultural. Sônia Gomes. Disponível em:
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa330138/sonia-gomes .

Ateliê do Artista: Sonia Gomes. Revista Bravo!. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=JoHMrbEWnZ4 .

Sobre as cantigas de roda:


Marinheiro Encosta o Barco. Lydia Hortélio - Tema.
https://www.youtube.com/watch?v=-bnW6ZhIP3E.

Ciranda em Cânone-Coral Projeto Guri Festival Campos do Jordão.


https://www.youtube.com/watch?v=wlzOkZpoIbA&t=40s.

Marinheiro Só. Hélio Ziskind - Tema. https://www.youtube.com/watch?v=OkR9Tpi1-Xw .

Sobre os bebês e crianças:


ARCE, Alessandra; MARTINS, Lígia Márcia (orgs.). Ensinando aos Pequenos: de zero a três
anos. 2. ed. Campinas: Alínea, 2012..

Nascimento;Araujo; Miguéis. O jogo como atividade: contribuições da teoria


histórico-cultural. Psicol. Esc. Educ. 13 (2) • Dez 2009 • Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1413-85572009000200012.

Sobre documentação pedagógica:


Observar para conhecer e documentar.
https://avisala.org.br/index.php/formacao-nos-municipios/observar-para-conhecer-e-documen
tar/.

Afinal, o que é documentação pedagógica?


https://tempodecreche.com.br/registros-e-avaliacoes/afinal-o-que-e-documentacao-pedagogic
a/.

SIMIANO, L. P. A documentação pedagógica como narrativa peculiar na creche.


Pro-Posições 29 (3) • Sep-Dec 2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pp/a/L73qCxQvcHGzCDy9dM3zyhh/?lang=pt .

Pesquisas com ênfase em questões da temática antirracista:

Só não enxerga quem não quer: racismo e preconceito na Educação Infantil. In:
avisalá, no 23, julho/2005. p. 22-27.

Relações etnicorraciais em espaço de Educação Infantil. In: avisalá, no 42,


maio/2010. p. 18-24.

Apoiando a construção de uma identidade positiva. In: avisalá, no 50,


maio/2012. p. 34-42.

CARREIRA, DENISE. Indicadores da qualidade na educação: relações raciais na escola/


Denise Carreira,Ana Lúcia Silva Souza - São Paulo : Ação Educativa, 2013.
Músicas e brincadeiras afro-brasileiras. GEPEICI UFBA FACED. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nbSBYEP5H8s .
BENTO; GONÇALVES.TECIDOS AFRICANOS: Histórias Estampadas. O professor PDE e
os desafios da escola pública paranaense. 2010.

RIBEIRRO, Djamila. Pequeno Manual Antirracista. Cia das Letras, 2019.

CAVALLERO. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação


na educação infantil. Editora Contexto, 2012.

PIEDADE, J. S.. Panos africanos, tradição reinventada. 2014. Disponível em:


https://www.geledes.org.br/panos-africanos-tradicao-reinventada/.

Tv Fábricas de Cultura. Aula: ''Capulana'' (Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes. Disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=TEEw5H7T1-k.

Na dobra da capulana (2014). Direção de Camilo de Souza e Isabel Noronha, 2014, 30min.
Disponível em: https://ayalaboratorio.com/2020/08/19/na-dobra-da-capulana-2014/

DIAS, Lucimar Rosa; LAVANDEIRA, Sandra Beatriz. Cada um Com Seu Jeito, Cada Jeito é
de Um!. Editora Alvorada, 2012.

ALMEIDA, Gercilga de. Bruna e a galinha d’Angola. Ilustrações de Valéria Saraiva. Rio de
Janeiro: EDC, Pallas, 2011.

Sobre Experiências com tecidos:


BERILIMBAU – ateliê para crianças – período: manhã, Stela Barbieri e Guga Szabzon.
http://binahespacodearte.com.br/projects/inscricoes-abertas-berilimbau-atelie-para-criancas-st
ela-barbieri-e-guga-szabzon/.

AUERBACH, Patrícia. O lenço. Brinque-Book, 2013.

SILVA, C. C.; RIBEIRO, N.; PESTILI, E. A colcha de retalhos. Editora do Brasil, 2020.

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