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"FERRÍTICOS"
Os aços ferríticos também são magnéticos. Apesar de conter menor quantidade de carbono que os martensíticos,
tornam-se parcialmente o austeníticos a altas temperaturas e, consequentemente, precipitam martensita durante o
resfriamento. Pode-se dizer que são parcialmente endurecíveis por tratamento térmico. Contém, geralmente um teor
de cromo superior ao dos martensíticos. Este aumento na quantidade de cromo melhora a resistência à corrosão em
diversos meios, mas sacrifica em parte outras propriedades, como a resistência ao impacto. O mais utilizado dos aços
inoxidáveis ferríticos é o Tipo 430, que contém 16 a 18% de cromo e um máximo de 0,12% de carbono. Entre suas
aplicações pode-se mencionar talheres, baixelas, fogões, pias, moedas, revestimentos e balcões frigoríficos.
Um dos maiores problemas do inox 430 é a perda de ductilidade nas regiões soldadas, que normalmente são frágeis e
de menor resistência à corrosão. O elevado crescimento do tamanho de grão, a formação parcial de martensita e a
precipitação de carbonitretos de cromo são as principais causas geradoras deste problema. Para enfrentar este
inconveniente, são adicionados titânio e/ou nióbio como estabilizadores do carbono. Os tipos 409, 430 Ti e 430 Nb são
muito utilizados, principalmente em silenciadores escapamentos de automóveis.
O alumínio é também utilizado como um estabilizador de ferrita. O inox 405, com alumínio entre 0,10 e 0,30%, é muito
usado na fabricação de estruturas que não poderão ser recozidas após a operação de soldagem. O aumento do teor de
enxofre permite a usinabilidade do Tipo 430F . Adições de molibdênio, no inox 434, ou aumento nos teores de cromo
no Tipo 446, permitem obter inoxidáveis ferríticos com melhor resistência à corrosão.
Embora os inoxidáveis ferríticos apresentem uma boa resistência à corrosão, algumas características limitam sua
utilização em determinadas aplicações. A embutibilidade é boa, porém insuficiente em aplicações que requerem
estampagem profunda. A soldabilidade é apenas discreta, pelos problemas já mencionados.
Uma grand emelhoria em muitas propriedades é seguida com a introdução de níquel como elemento de liga. Com
determinados teores de níquel é possível conseguir uma mudança da estrutura ferrítica para austenítica.
"AUSTENÍTICOS"
Os aços inoxidáveis austeníticos não são magnéticos e não podem ser endurecidos por tratamento térmico. São muito
dúcteis e apresentam excelente soldabilidade. O mais popular é o Tipo 304, que contém basicamente 18% de cromo e
8% de níquel, com um teor de carbono limitado a um máximo de 0,08% . Tem grande aplicação nas indústrias
químicas, farmacéuticas, petroquímicas, do álcool, aeronáutica, naval, de arquitetura, alimentícia, de transporte, e
também utilizado em talheres, baixelas, pias, revestimentos de elevadores e em muitas outras aplicações.
Em determinados meios, especialmente nos que contém íons cloreto, o inox 304 mostra propensão a uma forma de
corrosão chamada corrosão por pites. É um tipo de corrosão extraordinariamente localizada, pela qual, em
determinados pontos da superfície no material, o meio agressivo consegue quebrar o filme passivo para depois
progredir em profundidade. O crescimento dos pites se dá em um processo autocatalítico e, embora a perda da massa
possa ser às vezes insignificante, gera uma forma de corrosão extremamente insidiosa, já que muitas vezes um pite é
suficiente para deixar um equipamento fora de serviço.
A corrosão por frestas pode ser considerada como uma corrosão por pites artificial. O aspecto é freqüentemente
semelhante ao da corrosão por pites e o processo de crescimento é também autocatalítico. Mas a existência de uma
fresta é necessária para a ocorrência do fenômeno, o que não acontece na corrosão pites. Os mesmos meios capazes
de provocar a corrosão por pites promovem a corrosão nos aço inoxidáveis.
O molibdênio é introduzido como elemento de liga nos aços inoxidáveis precisamente para diminuir a suscetibilidade
a estas formas de corrosão. A presença de molibdênio permite a formação de uma camada passiva mais resistente e,
nos casos em que, o inox 304 não resiste à ação de determinados meios, corroendo por pites ou por frestas, os aços
inox 316 e 317 constituem uma excelente solução. São aços com grande utilização nas indústrias químicas,
alcooleiras, petroquímicas, de papel e celulose, na prospeção de petróleo e nas indústrias têxtil e farmacêutica.
Quando submetidos por algum tempo a temperatura entre 450 e 850ºC, os aços inoxidáveis austeníticos estão sujeitos
à precipitação de carbonetos de cromo em seus contornos de grãos, o que os torna sensitizados. Esta precipitação
abundante de carbonetos - a sensitização - resulta na diminuição do teor de cromo nas regiões vizinhas aos com
tornos, regiões que tem assim a sua resistência à corrosão drasticamente comprometida, tornando o material
suscetível à corrosão intergranular em certos meios. As zonas termicamente afetadas por operação de soldagem são
particularmente sensíveis a esta forma de corrosão, já que durante o ciclo térmico da soldagem parte do material fica
mantido na faixa crítica de temperaturas. A consideração deste fenômeno levou ao desenvolvimento dos inoxidáveis
austeníticos extra baixo carbono, 304L, 316L e 317L, nos quais o teor de carbono é controlado em um máximo de
0,03%, ficando assim extremamente reduzida a possibilidade de sensitização.
A utilização de estabilizadores tem também a finalidade de se evitar o problema da sensitização. O titânio, adicionado
como elemento de liga, inibe a formação de carboneto de cromo devido ao fato de ter uma afinidade maior com
carbono, em relação à afinidade com o cromo. Assim, precipita-se carboneto de titânio e o cromo permanece em
solução sólida. Com a mesma finalidade pode ser utilizado o nióbio. Tanto o titânio quanto o nióbio são
estabilizadores do carbono e os aços inoxidáveis assim obtidos - o 321 e o 347 - são conhecidos como aços
inoxidáveis estabilizados. O inox 316 Ti é a versão estabilizada do Tipo 316. Para aplicações em equipamentos que
operam entre 400 e 900ºC, os aços inoxidáveis estabilizados são os mais recomendados, pois conservam melhores
propriedades mecânicas nessas temperaturas que os aços extra baixo carbono - notadamente a resistência à fluência.
No inox 904 L (20Cr-25Ni-4,5Mo-1,5Cu), a adição de elementos de liga procura melhorar não apenas a resistência ao
pite mas também resistência à corrosão em meios ácidos redutores. O elevado teor de níquel melhora também o
comportamento frente à corrosão sob tensão.
Nos casos em que se pretende uma boa resistência mecânica a não existe grande preocupação com a corrosão
intergranular, os aços inox 304H e 316H, com teores de carbono na faixa de 0,04/0,10 %, são recomendados. A
precipitação tem fina rede de carbonetos de cromo, tão prejudicial sob o ponto de vista da corrosão, torna-se benêfica
quando o que interessa são as propriedades mecânicas.
Aumentos consideráveis nos teores de cromo e níquel permitem elevar a temperatura da formatação de carepa
(escamação) dos aços inoxidáveis austeníticos. O inox 304 é recomendado para trabalho ao ar, a temperaturas
inferiores a 925ºC sem serviços contínuos. Nas mesmas condições, o inox 310, com cromo 24/26 % e níquel 19/22 %,
resiste a temperaturas de até 1150ºC. É um material classificado como aço inoxidável refratário.
Grandes aumentos de níquel, nos levam às ligas Ni-Cr-Fe, onde o elemento com maior presença no material já não é
ferro e sim o níquel. Estes materiais não são conhecidos como aços inoxidáveis e sim como aços ligas a base de
níquel, e apresentam resistência à corrosão em diversos meios e altas temperaturas. O elevado teor de níquel dá
também garantia de uma boa resistência à corrosão sob tensão.
O inox 304 é um material com excelente ductilidade. Para casos de estampagem extra-profunda, um aumento no teor
de níquel permite melhorar ainda mais a ductilidade. Com esta finalidade foi desenvolvido o Tipo 305.
Ligeiras reduções no teor de níquel diminuem a estabilidade da austenita, permitindo o aparecimento de martensita
induzida por deformação a frio, conseguindo-se assim excelentes propriedades para aplicações estruturais. É o Tipo
301, disponível nas versões 1/4, 1/2, 3/4, totalmente duro e com grande utilização nas indústrias ferroviárias, de trens
metropolitanos e de carrocerias de ônibus.
O Tipo 303 resulta do aumento do teor de enxofre no 304, com finalidade de melhorar a usinabilidade. A ductilidade e a
resistência à corrosão ficam comprometidas por este aumento na quantidade de enxofre.
Os aços da série 200 resultam de uma substituição parcial de níquel por manganês. São utilizados em aplicações
estruturais, apresentando resistência à corrosão inferior ao 301.
UNS C
Número
Si Mn P S Cr Ni
Tipo (1)
(2) (3)
301 S30100 0,15 1,00 2,00 0,045 0,03 16,00 6,00
18,00 8,00
302 S30200 0,15 1,00 2,00 0,045 0,03 17,00 8,00
19,00 19,00
303 S30300 0,15 1,00 2,00 0,20 MÏN 0,15 17,00 8,00
19,00 10,00
304 S30400 0,08 1,00 2,00 0,045 0,03 18,00 8,00
20,00 10,50
304L S30403 0,03 1,00 2,00 0,045 0,03 18,00 8,00
20,00 12,00
304N S30451 0,08 1,00 2,00 0,045 0,03 18,00 8,00
20,00 10,50
308 S30800 0,08 1,00 1,00 0,045 0,03 19,00 10,00
21,00 12,00
310 S31000 0,25 1,50 2,00 0,045 0,03 24,00 19,00
26,00 22,00
314 S31400 0,25 1,50 2,00 0,045 0,03 23,00 19,00
3,00 26,00 22,00
316 S31600 0,08 1,00 1,00 0,045 0,03 16,00 10,00
18,00 14,00
316L S31603 0,03 1,00 2,00 0,045 0,03 16,00 10,00
18,00 14,00
409 S40900 0,08 1,00 1,00 0,045 0,05 10,50
11,75
410 S41000 0,15 1,00 1,00 0,04 0,03 11,50
13,50
416 S41600 MÏN 1,25 1,00 0,06 MÍN 0,15 12,50
0,15
14,50
420 S42000 MÍN 1,00 1,00 0,04 0,03 12,50
0,15
14,50
420F S42020 MÍN 1,00 1,25 0,06 MÍN 0,15 12,50
0,15
14,50
430 S43000 0,12 1,00 1,00 0,04
18,50