Você está na página 1de 29

Eletricidade e Magnetismo

Aula 8 – Lei de Faraday e Indutância


Prof. Alvaro Augusto W. de Almeida
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica - DAELT
alvaroaugusto@utfpr.edu.br
Conteúdo
 Introdução histórica
 A Lei de Faraday
 A Lei de Lenz
 O Transformador de Faraday
 Transformador monofásico
 Transformadores comerciais
 O Gerador de Faraday
 Geração de Tensão Alternada
 Epílogo: Sobre Leis e Teorias
Introdução histórica
 Michael Faraday (1791 – 1867) nasceu em uma família
pobre, nas imediações de Londres.
 Aos 14 anos passou a trabalhar como entregador e
aprendiz de encadernador para o vendedor e
encadernador de livros George Riebau, função que
ocupou durante sete anos.
 Em 1813 passou a trabalhar como assistente do renomado
físico e químico Humphry Davy, da Royal Institution of
Great Britain.
 Somente em 1831, após a morte de Davy, Faraday decidiu
reiniciar uma série de experimentos que culminariam
com a descoberta da indução eletromagnética.
 O fenômeno da indução foi descoberto de maneira
independente pelo físico norte-americano Joseph Henry
(1797 – 1878), também em 1831.
A Lei de Faraday
 𝑁 = número de espiras
 𝜙 = Fluxo magnético [Wb]
 𝜆 = Fluxo mútuo ou concatenado [Wb]
 𝑒 = Força eletromotriz induzida (fem) [V]
 𝐶 = caminho fechado em torno das espiras
 𝜆 = 𝑁𝜙

𝑑𝜆 𝑡
𝑒= 𝐸 ∙ 𝑑𝓁 = −
𝑑𝑡
𝐶

𝑑𝜙 𝑡
𝑒 = −𝑁
𝑑𝑡

FONTE: ALMEIDA, A.A.W. (2021)


A Lei de Lenz

 Heinrich Friedrich Emil Lenz (1804 – 1865) foi um físico


estoniano de etnia alemã.
 O uso do símbolo L para representar a indutância foi
escolhido em sua homenagem.
 Formulou a Lei de Joule em 1842, também conhecida como
Lei de Joule-Lenz (produção de calor por meio da passagem
de corrente elétrica através de um condutor).
 A Lei de Lenz diz respeito ao sentido da fem induzida e é
uma consequência da Lei conservação da energia:

“O sentido de uma corrente induzida é tal que ela


se opõe à causa que a produz”.
O Transformador de Faraday (1831)
Transformador monofásico
Desprezando perdas (conservação
da energia):

𝑆1 = 𝑆2 ⇒ 𝑣1 𝐼1 = 𝑣2 𝐼2

𝐼1 𝑣2 1
= =
𝐼2 𝑣1 𝑘

𝑑𝜙 𝑡
𝑣1 = −𝑁1
𝑑𝑡
• 𝑣1 = fonte de corrente alternada 𝑑𝜙 𝑡
• 𝑣2 = fem induzida 𝑣2 = −𝑁2
𝑑𝑡
• 𝑁1 = n° espiras do primário
• 𝑁2 = n° espiras do secundário 𝑣1 𝑁1
= =𝑘
• 𝜙 = fluxo magnético 𝑣2 𝑁2
Transformador de William Stanley (1885)
Transformador elevador de tensão
𝑣1 𝐼2
= =𝑘
𝑣2 𝐼1

𝑣↑ ⇒𝑖↓

 Perdas na linha de transmissão:

𝑃𝑇𝑋 = 𝑅𝑇𝑋 𝑖 2

 Elevar a tensão resulta na redução


da corrente e na redução das perdas
da linha ao quadrado.
Transformador de distribuição
Transformador de rede subterrânea
O Gerador de Faraday
 Disco condutor de raio 𝑅 girando
com velocidade angular 𝜔 (rad/s).
 Da força de Lorentz, em módulo:

𝐹 = 𝑞𝑣𝐵 = 𝑞𝜔𝑟𝐵

 Logo, na direção axial surgirá um


campo elétrico:

𝐹
𝐸= = 𝜔𝑟𝐵
𝑞

 A diferença de potencial entre os pontos 𝑃 e 𝑄 será:

FONTE: VILLATE, J. E. (2015) 𝑅 𝑅

𝑉𝑃𝑄 = 𝐸 𝑑𝑟 = 𝜔𝐵 𝑟 𝑑𝑟 𝜔𝐵𝑅 2
𝑉𝑃𝑄 =
0 0
2
Gerador de Corrente Contínua (CC)
Gerador de Corrente Alternada (CA)

Fonte: Merriam-Webster, Inc (2006)


Gerador com campo no rotor
(vista em corte)

FONTE: ALMEIDA, A.A.W. (2021)


Geração de Tensão Alternada

FONTE: ALMEIDA, A.A.W. (2021)


Geração de Tensão Alternada

FONTE: ALMEIDA, A.A.W. (2021)


Geração de Tensão Alternada
• 𝜙𝑚𝑎𝑥 = valor máximo do fluxo por polo [Wb/polo]
• 𝑉𝑚𝑎𝑥 = valor máximo da fem induzida [V]
• 𝑁= n° espiras por polo
• 𝜔 = 2𝜋𝑓= velocidade angular do rotor [rad/s]

Supondo que o fluxo varie senoidalmente:

𝜙 𝑡 = 𝜙𝑚𝑎𝑥 . cos(𝜔𝑡)

A fem induzida será:


𝑑𝜙 𝑡
𝑒 𝑡 = −𝑁 = 𝜔𝑁𝜙𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝑑𝑡
ou:

𝑒 𝑡 = 2𝜋𝑓𝑁𝜙𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 𝑉𝑚𝑎𝑥 = 2𝜋𝑓𝑁𝜙𝑚𝑎𝑥


Valor Eficaz da Tensão

 O Valor Eficaz (também denominado tensão RMS) de uma tensão periódica no


tempo representa o valor de uma tensão constante que produz a mesma
dissipação de potência realizada pela tensão periódica.
 No caso de uma tensão senoidal, o valor eficaz será:

𝑉𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑒𝑓 =
2

 Assim, o valor eficaz da tensão gerada será:

2𝜋𝑓𝑁𝜙𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑒𝑓 = 𝑉𝑒𝑓 = 𝜋 2𝑓𝑁𝜙𝑚𝑎𝑥
2
Definição de Indutância
 A Indutância é uma grandeza escalar que mede a tendência de um
condutor elétrico a se opor a uma mudança na corrente elétrica que
flui através dele:
𝑑𝜙
𝐿=
𝑑𝐼

 Quando o fluxo variar de forma linear com a corrente, pode ser feita a
seguinte simplificação:

∆𝜙
𝐿=
∆𝐼

 No SI a unidade da indutância é o “henry” (H).


Definição de Indutância
 Uma vez que se conheça o valor indutância a Lei de Faraday pode ser
escrita como função da corrente elétrica, mais fácil de ser medida do
que o fluxo magnético:

𝑑𝐼
𝑒 = −𝐿
𝑑𝑡

 No caso de circuitos lineares, teremos:

∆𝐼
𝐸 = −𝐿
∆𝑡
Energia Magnética
 Lembrando das relações entre energia e potência:
𝑑𝑈
𝑝 𝑡 = = 𝑒 𝑡 𝑖(𝑡)
𝑑𝑡

 Em termos da indutância:

𝑑𝑈 𝑑𝑖
= 𝑖𝐿 ⇒ 𝑑𝑈 = 𝑖𝐿𝑑𝑖
𝑑𝑡 𝑑𝑡

 Integrando:
𝐼 1 2
𝑈=𝐿 𝑖𝑑𝑖 ⇒ 𝑈= 𝐿𝐼
0
2
Indutância de um toroide de N espiras

 𝐴: área da seção reta.


 𝑟𝑎 : raio interno.
 𝑟𝑏 : raio externo.
 𝑑: espessura do núcleo.
 𝜙: fluxo magnético
Indutância de um toroide de N espiras
 O fluxo magnético pode ser deduzido a partir da Lei de Ampère e é igual a:

𝜇𝑁𝐼𝑑 𝑟𝑏
𝜙= ln
2𝜋 𝑟𝑎

 Em circuitos de N espiras a indutância é igual a:

𝜙
𝐿=𝑁
𝐼

 Logo, nesse caso teremos:

𝜇𝑁 2 𝑑 𝑟𝑏
𝐿= ln
2𝜋 𝑟𝑎
Indutância de um toroide de N espiras

 No caso de um solenoide que tem uma área da seção reta pequena em


comparação com o raio médio, podemos desprezar a variação da indução ao
longo do raio e obter uma forma mais simplificada, mas aproximada, da
indutância do solenoide:

𝜇𝑁𝐼𝑑
𝜙 = 𝐵. 𝐴 ⇒ 𝜙=
2𝜋𝑟

𝜇𝑁 2 𝐴
𝐿=
2𝜋𝑟
Indutância de um solenoide reto e longo
Indutância de um solenoide reto e longo
 𝐴: área da seção reta.
 𝑟: raio do solenoide.
 𝓁: comprimento do solenoide.
 Modelo simplificado: 𝓁 ≫ 𝑟.
Indutância de um solenoide reto e longo
 Da Lei de Ampère:

𝜇𝑁𝐼
𝐵=
𝓁

 A indutância será:

𝑁𝜙 𝑁𝐵𝐴 𝑁𝐴 𝜇𝑁𝐼
𝐿= = ⇒ 𝐿= .
𝐼 𝐼 𝐼 𝓁

𝜇𝑁 2 𝐴
𝐿=
𝓁
Ufa! Acabou!

Você também pode gostar