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M.M. JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE TAIÓ/SC

Nº do Processo: 5001126-77.2019.8.24.0070

VITOR ROPELATO, já qualificado nos autos no Cumprimento de


Sentença em epígrafe movido por LEANDRO SOUZA DE SOUZA igualmente qualificado,
por seu advogado abaixo assinado, procuração em anexo, vem, respeitosamente diante de V.
Exa. apresentar a presente IMPUGNAÇÃO AO AUTO DE PENHORA C/C
IMPUGNAÇÃO AO EXCESSO DA EXECUÇÃO, pelos motivos abaixo delineados.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O executado é pessoa que não dispõe de recursos a pagar as custas


processuais, eis que aposentado por invalidez pelo INSS, documentos anexos, inclusive sendo
alvo de execução e expropriação, ficando impossibilitado de buscar seus direitos se o
pagamento de custas fosse condição inafastável.
Não obstante possua pequena propriedade rural, apresente execução,
aliada a realidade fática, se traduz em condição de iliquidez financeira a justificar a concessão
do pedido, o que desde já requer.

BREVE SÍNTESE

Trata-se de Cumprimento de Sentença que determinou o Executado ao


pagamento decorrentes de dano material, dano moral e dano estético ao Exequente, conforme
sentença abaixo transcrita:
(...)
Ante o exposto, julgo procedentes, com resolução do mérito (art.269, I,
do CPC), os pedidos formulados por Leandro Sousa de Souza contra
Vítor Ropelato para:
a) Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos
materiais no valor de R$ 6.788,00 (seis mil setecentos e oitenta e oito
reais) acrescido de juros moratórios de 1% ao mês a partir do ato ilícito
(20-01-2012) e correção monetária pelo INPC desde cada desembolso
com despesas de honorários médicos, odontológicos, medicamentos e
hospital (págs. 54-63) e desde a data da emissão do orçamento em
relação à motocicleta (p. 52);
b) Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais
no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), acrescido de correção
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monetária pelo INPC a contar da data desta decisão e juros de mora de


1% ao mês a partir do ato ilícito
(20-01-2012);
c) Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos estéticos no
valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), acrescido de correção monetária
pelo INPC a contar da data desta decisão e juros de mora de 1% ao mês
a partir do ato ilícito
(20-01-2012);
d) Condenar o réu ao pagamento de pensão mensal, no valor de R$
713,00, desde a época do acidente (20-01-2012) até o fim da
incapacidade laborativa, devendo os atrasados serem acrescidos de
correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês, ambos a
contar de cada parcela vencida. As parcelas vincendas devem ser
reajustadas pelos índices de reajuste do salário mínimo, a fim de
assegurar o seu valor aquisitivo, e pagas até o dia 05 de cada mês
subsequente ao vencido.
(...)

O Exequente apresentou memória de cálculo do valor executado de R$


107.294,79 (...), (evento 1, calc8), inchado de excessos, sendo em razão efetivada a penhora
(evento 76) do único imóvel, rural, de propriedade do Executado.

DA IMPENHORABILIDADE - BEM DE FAMÍLIA-


PROPRIEDADE RURAL

O Executado é aposentado por invalidez, quase sem visão, pessoa


humilde, tem na agricultura familiar uma renda extra para auxiliar a custear gastos seus e de
sua família, composta por sua esposa, também idosa, e um filho com a saúde física e mental
comprometida conforme laudo médico anexo.
Se o Executado perder seu imóvel em razão do débito exequendo,
literalmente ficara “na rua”, juntamente com a família, sem profissão, sem poder executar as
poucas atividades para a sobrevivência, já que não possui qualificações profissionais outras.
Pelo que deverá ser observado o teor da
Lei.4.657/1942, Lei de Introdução as normas do Direto Brasileiro, com a redação dada pela lei
12.376/2010, que debuta. “Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela
se dirige e às exigências do bem comum”.
Foi efetivada nestes autos, penhora de propriedade rural, único bem onde
trabalha e vive o Executado e sua família, possuindo especial proteção do Estado.

Um imóvel rural representado pelo lote de terras nº 18 situado na linha Ribeirão


Pequeno, município de Taió/SC, contendo 258.125 m2, com casa/rancho de madeira,

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cadastrado no INCRA 805.157.019.518/5 , e registrado no Oficio de Registro de


Imóveis da Comarca de Taió.

A referida propriedade é cultivada pela família do Executado, onde


planta milho e pequenas culturas, também serve de moradia e atividade inerentes a propriedade
rural.

Tirar do Executado a propriedade para saldar dívidas, configuraria a


ruptura do núcleo familiar que não disporia do mínimo necessário a subsistência, sendo esta
vedação primor da Lei 8.009/1990, que visa a proteção do conjunto familiar ante a garantia de
manutenção da posse e propriedade do imóvel que se enquadre entre 01 (um) e 04 (quatro)
módulos fiscais, mínimo necessário a subsistência em nossa Região, evitando assim que
famílias sejam desposadas de seu único imóvel como garantia Social.

Reza o art. 1º e parágrafo único da Lei. Nº 8.009/90.

Art. 1º - “O imóvel próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam proprietários e nele residam,
salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único – A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o
qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de
qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso
profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
Art. 5º - Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta Lei,
considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela
entidade familiar para moradia permanente.

Nestes termos, a jurisprudência é pacifica do TJSC que debuta:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA. - IMPUGNAÇÃO
INDEFERIDA NA ORIGEM. (1) BEM UTILIZADO COMO FONTE
DE SUSTENTO. CRFB/88, ART. 5º, XXVI. PEQUENA
PROPRIEDADE RURAL (ART. 4ª. II, 'A', DA LEI N. 8.629/93).
IMPENHORABILIDADE (CPC, ART. 649, VIII). - De acordo com a
firme orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça e desta
Corte, "o imóvel rural, identificado como pequena propriedade,
utilizado para subsistência da família, é impenhorável." (STJ, REsp
n. 1284708, rel Min. Massami Uyeda, j. em 22/11/2011). (2)
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"IMÓVEL CONTÍGUO. DUAS MATRÍCULAS.


IRRELEVÂNCIA. - Não afasta a impenhorabilidade a existência de
duas matrículas em relação à área, se o somatório delas não ultrapassa o
limite previsto (L. 8.629/93, art. 4º, II, a)." (TJSC, AC n. 2012.039983-2,
rel. o signatário, j. em 29/11/2012) DECISÃO REFORMADA.
RECURSO PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2014.055095-
5, de Ituporanga, rel. Des. Henry Petry Junior, j. 06-11-2014). Grifos
nossos.

Proteger o direito de propriedade daqueles que possuem pequena


propriedade nos termos da lei e dependem do mesmo para a subsistência, é que se extrai da lei
8.009/90, aplicável no presente caso, sendo absolutamente impenhorável referida imóvel.

A impenhorabilidade tem o objetivo de proteger o bem de família, esta


que é fonte basilar da sociedade, garantindo ao conjunto familiar que o bem permaneça
protegido de situações externas que poderiam derruir o núcleo familiar, se trata de proteção
social da propriedade.

Nestes termos, a Constituição da Republica de 1988 debuta:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada
por qualquer dos pais e seus descendentes.

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Visou, portanto, o legislador, proteger sob o manto da


impenhorabilidade o único imóvel cuja propriedade é indispensável à moradia da entidade
familiar.
Ademais, no evento 29 dos autos nº 5001048-78.2022.8.24.0070,
foi constatado por oficial de justiça que a subsistência da produção feita na propriedade,
conforme segue:

“Certifico que, em cumprimento ao mandado extraído dos autos


mencionados, compareci no local indicado e, após as formalidades
legais, efetuei a constatação do referido bem: "terreno rural,
representado pelo lote de terras nº 18, situado na linha Ribeirão
Pequeno, neste Município de Taió, contendo área de 258.125,00m² e
demais confrontações constantes do registro da matrícula do imóvel nº
10.379"

Certifico e procedi a constatação, trata-se de propriedade de em que o


Executado resdide na forma unifamiliar, retira o sustento de sua família
com plantação de milho, criação de gado (pastagem), tendo inclusive
uma casa de madeira construída no local. O Executado ocupa a
propriedade na parte da terra que lhe é permitida, bem como em parte
para as pastagem de gado e plantações de milho, demais áreas
correspondem a reserva legal (área de preservação permanente), mata
nativa com impedimento de exploração. Dou fé.”

Diante dos fatos aqui narrados, não resta outra alternativa, senão pedir
seja livrada totalmente da penhora o imóvel rural ora constrito, pois é a única residência do
Executado e sua família, idosos que sofreram grande impacto dos efeitos devastadores da
Pandemia do Corona Vírus na região e no mundo todo, razão robusta para subsidiar a presente
medida liberatória da constrição judicial na presente Execução.

DO EXCESSO DOS CALCULOS PRATICADOS

Colhe-se dos autos, que o Exequente apresentou


calculo discriminado do débito (evento 1), em flagrante desconformidade com os parâmetros
dispostos na r. sentença, eis que atualizados computando juros sobre juros, o que por lei é
inadmissível.
Vejamos no recorte abaixo detalhadamente que o
Exequente partiu do valor devido (diga-se da mesma forma, incorreto) para simplesmente
atualiza-lo monetariamente (INPC + 1% a.am), inchando ainda mais o valor executado.

Vide planilha do evento 1, calc8:


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Seguindo os parâmetros da sentença condenatória, o


montante devido pelo Executado perfaz a monta de R$ 93.018,18 (...) atualizados até a
presente data, consoante aos cálculos aqui apurados por profissional habilitado, assim, sendo
cobrado em excesso o montante de R$ 14.276,61 (...).

Além do mais, fica mais do que claro o excesso dos


cálculos praticados, pois o Exequente calculou 1% até a data em que foi ingressado com o
Cumprimento de Sentença, entretanto, o calculo deve ser feito conforme requer a Sentença do
processo originário.

No entanto, tem-se que o valor apresentado é maior do que


o realmente contido no título. Dessa forma, o cálculo realizado pelo Exequente configura
excesso de execução, nos termos do inciso V do § 1º do artigo 525 do Novo Código de
Processo Civil, in verbis:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: [...]
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

4. REQUERIMENTOS.

Diante do exposto requer-se:

1. Seja declarada IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMILIA, e desconstituída a penhora sobre o imóvel rural de
propriedade do Executado consoante pedido supra;
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2. Seja acolhido o pedido no tocante ao Excesso execução, a fim de


declarar a inexatidão do valor apresentado pelo Exequente e a extinção
do cumprimento de sentença, bem como decretando a inexequibilidade
do título;

3. Gratuidade da Justiça, por ser pessoa pobre, uma vez que idoso e
aposentado sem qualquer condição de arcar com as custar processuais e
honorários advocatícios, consoante declaração e documentação anexa.

Termos em que,

P. e E. Deferimento

Taió, 03 de Abril de 2023.

LUCAS JEAN SLONCZEWSKI


OAB/SC 54.999

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