(Por Genilson Medeiros Maia – Aluno do período 98.2)
A descoberta de um novo mundo proporcionava enfrentar barreiras,
vencer desafios, rumar ao desconhecido. Terra... terra farta, terra de ninguém pronta para ser desbravada, conquistada e explorada.
Mas que surpresa! Os portugueses, aqui chegando depararam-se com
criaturas "de porte mediano, acima de 1,65cm, reforçados e bem feitos no físico. Olhos pequenos e amendoados como os da raça mongólica, escuros e encovados, de orelhas grandes, cabelos lisos e cortados redondos, arrancavam os pêlos da barba até as pestanas e sobrancelhas. Eram baços, claros, pintavam seus corpos com desenhos coloridos. Furavam o beiço, principalmente o inferior, assim como orelhas e o nariz". (SUASSUNA & MARIZ: 1997, p. 51).
Seus corpos nus expostos ao sol, sob o calor e maresia, demonstravam
íntimo contato com a natureza selvagem e hostil. Contrastando com as cores do horizonte e na beleza exótica do lugar, os nativos observavam grandes embarcações com figuras espalhafatosas se aproximarem.
Nesse primeiro contato os portugueses encontraram um povo que, na
escala evolutiva, superava o paleolítico e dava seus primeiros passos na revolução agrícola, quanto a domesticação de plantas de condições selvagens para mantimento de seus roçados, assim como o cultivo da mandioca. Também foram cultivadas outras espécies como: milho, batata- doce, abóbora, algodão, tabaco, cuias e cabaças, e algumas árvores frutíferas. Para seu cultivo empregavam técnicas e instrumentos rudimentares, como a queimada e a derrubada de árvores com machados de pedra.
Além da agricultura, os indígenas praticavam a caça e a pesca como fonte
de alimentação, empregando armas como o arco e flecha com pontas talhadas em pedra. Da mesma forma que eram usados na guerra.
Os homens nativos integravam-se perfeitamente ao meio, mas eram
agressivos quanto a outros grupos e viviam em constantes lutas por seu www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/biblioteca/print/colonia/potiguares-p.htm 1/3 08/07/13 História do Rio Grande do Norte n@ Web
território e lugares sagrados, defendendo sua aldeia.
Festejaram a natureza, as estações, as luas, o sol, a chuva. Dançavam,
cantavam em noites de festas, adornados com belas plumagens, em cocares, braceletes e tornozeleiras. Ficando em volta de grandes fogueiras, cultuavam seus mortos, valentes e valorosos guerreiros pedindo sua proteção, junto aos deuses.
Enquanto que aos inimigos vencidos e aprisionados eram sacrificados em
rituais de antropofagia.
Na cura de doenças utilizavam de ervas e raízes extraídas da própria
natureza. Assim como o uso de entorpecentes pelo Xamãs e Pajés quando evocavam os deuses para auxiliá-los na luta contra os espíritos do mal.
Falavam o nhe-ê-Katu (língua boa), diferenciando de outros dialetos
existentes nas diferentes tribos.
Utilizavam a cerâmica na fabricação de utensílios domésticos. A rede
servia para o descanso e a canoa para locomoção e pesca.
Sob o olhar europeu, aqueles nativos selvagens precisavam aprender
normas de conduta e suas almas necessitavam de salvação para poderem integrar-se a uma civilização. Civilização essa que desprezara sua cultura, crenças, tradições interferindo no curso de suas vidas cotidianas.
Foi de revante importância a missão dos padres junto aos indígenas
quanto a catequização, resultando em acordos de paz, ansiados por ambas as partes.
Nesta jornada destaca-se a figura de Francisco Pinto "apóstolo da paz",
que através da catequese conseguia levar os nativos para o lado dos portugueses. Assistindo-os em suas necessidades.
Entre os nativos, Felipe Camarão revela-se como grande aliado dos
portugueses, juntamente com seus comandados, destacando-se na luta contra os holandeses e seus aliados.
A participação dos potiguares também é registrada na guerra dos
bárbaros ou Confederação dos Cariris em que rivalizavam-se com os Tapuias. Pois não era possível essa homogeneidade entre tribos de www.cerescaico.ufrn.br/rnnaweb/biblioteca/print/colonia/potiguares-p.htm 2/3 08/07/13 História do Rio Grande do Norte n@ Web
diferentes linguísticas e costumes.
As rivalidades existentes entre tribos, o domínio português e a presença
de negros, contribuiu para que houvesse sincretismo de culturas, onde o índio perdeu seu espaço e território. Com isso sua história é de difícil acesso, ficando diversas indagações sobre origens e evolução cultural, pois a presença do português e da catequização contribuíram para um direcionamento na visão histórica, a partir do momento que sentiram necessidade de integrá-los ou combatê-los de acordo com seus interesses.
Favor citar da seguinte forma:
ARAÚJO, F. das C. de S. O. ; SILVA, F. V. da; MACÊDO, M. das V. de
A. & SILVA, M. E. da. Potiguares. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/>
Referências Bibliográficas
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. A formação e o sentido do
Brasil. 2a ed. 4a reimpressão. São Paulo. Companhia das Letra,s 1996.
SUASSUNA, Luiz Eduardo B; MARIZ, Marlene da Silva. História do
Rio Grande do Norte Colonial (1597/1822) Natal; 1997.
Da Diáspora Negra ao Território de Terra e Águas: Ancestralidade e Protagonismo de Mulheres na Comunidade Pesqueira e Quilombola Conceição de Salinas-BA