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A FOTOGRAFIA

A fotografia, registo ou escrita por meio da luz, é a arte e técnica de fixar e reproduzir, por
meio de reações químicas ou processos eletrónicos, em superfícies sensíveis, as
imagens obtidas em câmara escura. É uma síntese de observações, experiências e
invenções sucedidas em épocas distintas. Os seus antecedentes são de ordem ótica e
ordem química.

ANTECEDENTES ÓTICOS

CÂMARA ESCURA: quando numa sala de tamanho normal e convenientemente


escurecida, se faz uma abertura numa das suas paredes, ou no tecto, que deixe filtrar a
luz, qualquer raio luminoso procedente do exterior projecta-se na superfície oposta ao
orifício numa mancha circular. A projecção será tanto maior quanto mais afastada do
orifício se encontrar a parede receptora, mesmo que isto resulte na perda da nitidez da
projeção. Os raios superiores projetam-se em baixo e os inferiores em cima - imagem
invertida.
★ Descoberta determinante para o desenvolvimento da Fotografia no século XIX;
★ Há vários séculos que eram utilizados para a observação de eclipses solares -
relatos de Mo-Tzu (séc V a.c), Aristóteles (séc. IV a.C.), …

INSTRUMENTOS DE DESENHO
- Desenvolvimento significativo das câmaras escuras no Renascimento.
- O desenho deixa de ser atributo de quem tem dotes naturais → A câmara escura é
usada como meio técnico, que auxilia as tarefas dos grandes artistas.
- Emprego de visores e quadros para traçados de perspectivas (Alberti e Pierro della
Francesca)
- 1515 - Leonardo Da Vinci propõe a utilização das Câmeras Escuras para outros fins
(artísticos).
- 1550 - Girolamo de Cardano, junta um disco de cristal (primeira lente) - melhorar
imagem;
↳ aperfeiçoamento para desenhar em perspetiva e facilitar observações científicas

★ Câmaras escuras de tamanho humano → móveis/portáteis no séc. XVII;


★ 1685: câmera equipada com espelhos, dirigem a imagem projetada - Johan Zahn.
★ As câmaras gradualmente passam a estar equipadas com:
- diafragma (reduzir diâmetro do furo por onde passa a luz → aumenta
nitidez)
- sistema ótico (lente convergente → melhora a visão)
- espelho com inclinação a 45º (reenvia a imagem para um plano horizontal
para facilitar o decalque)
★ Séc. XVIII, já melhorada, é amplamente utilizada por pintores, especialmente
paisagistas. Fundamental nas academias de Belas Artes.
★ A câmara escura permite visualizar a imagem e desenhar por cima → é a precursora
fundamental da câmara fotográfica.

Rodrigo Morgado Lopes Moura Oliveira


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12º ano
MODA DOS PERFIS/SILHUETAS
★ Séc. XVIII;
★ Aparência de sombras chinesas;
★ Abundante entre feirantes e cortesãos;
★ Desenvolveu-se com o pintor francês Louis Carrogis;
★ Atingiu o seu auge em 1750;
★ Consiste em desenhar de forma projetada um rosto através da sua sombra;
★ Rápida difusão no séc. XVIII → vontade de qualquer pessoa/família guardar uma
representação sua da realidade para a posteridade.

PROCESSO: É colocada uma fonte de luz (vela) do lado do modelo e uma folha de papel
translúcido do outro, próxima do rosto. O desenhista atrás da folha, delineia os contornos
da sombra projetada, em tamanho natural. O resultado é cortado sobre um papel preto.

FISIONOTRAÇO
★ 1786, pleno contexto iluminista → Gilles-Louis Chrétien;
★ Recorre a um pantógrafo - espécie de estirador com braços articulados e móveis;
★ Permite transferir e reduzir para uma folha a imagem do perfil do modelo, que é
depois retocada com tinta aguada;
★ Grande Êxito em Paris;
★ Combina as técnicas da silhueta e da gravura;
★ Não requer longas sessões ao modelo;
★ fisionotraço e silhueta - primeira metade do séc. XIX,
★ Destronadas pela fotografia.

CÂMARA CLARA
★ Síntese de todas as técnicas de desenho;
★ 1806 → William Hyde Wollaston (principais aperfeiçoamentos + intitula);
★ Vincent Chevalier e o seu filho Charles (aperfeiçoamentos essenciais).

CONSTITUÍDA POR:
★ um visor - permite ver em simultâneo, o objeto e a superfície sobre a qual se
desenha, dando a impressão que a imagem já está no papel;
★ um prisma - corrige a inversão da câmara escura;
★ as lentes periscópicas - capazes de corrigir as aberrações criadas pelas lentes
convergentes;
↳ melhora a qualidade geral da imagem.

ANTECEDENTES QUÍMICOS
Face aos progressos de ordem ótica, faltavam os de ordem química para o
desenvolvimento da fotografia.
★ Séc. XVIII → maiores desenvolvimentos;
★ Johann Schulze - experiências com sais de prata sensíveis à luz;
★ Thomas Wedgwood - experiências com nitrato de prata e a procura de fixar as
imagens sem sucesso.

Rodrigo Morgado Lopes Moura Oliveira


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AS DESCOBERTAS primeira metade do séc. XIX
Joseph Nicéphore Niépce, considerado por muitos o inventor da fotografia, visto que
Thomas Wedgwood falhou na tentativa de fixar imagens. Porém, a invenção da fotografia é
fruto de múltiplos ensaios, nos campos da física e da química.

HELIOGRAFIA / FOTOGRAVURA
★ 1815-16;
★ Joseph Nicéphore Niépce - procura fixar diretamente a imagem produzida pela luz
num suporte. As primeiras imagens que registou designam-se heliografias (“gravar
com o sol”);
★ Utilização do betume de Judeia, utilizada em gravura (espécie de asfalto natural,
sensível à luz);
★ “O Ponto de Vista de Gras”.

PROCESSO: Expôs uma chapa de peltre (liga de estanho antimônio, cobre e chumbo) na
janela do seu quarto, coberta com betume da Judeia, numa câmara escura. A placa
endurece e depois é lavada com água tépida/óleo de lavanda. O betume branqueia e
endurece exposto á luz, deixando as restantes partes solúveis. As áreas expostas à
luz/zonas claras, permanecem compostas pela camada de betume, e as zonas de sombra
pela chapa prateada.
★ Heliografia permite fixar uma imagem pela primeira vez.

DESVANTAGENS:
★ Uso de betume de Judeia → Difíceis manipulações;
★ Alto-contraste excessivo → poucas zonas cinzentas;
★ Grão muito grande e imagem pouco clara e nítida (definida);
★ Longo tempo de exposição ( impossibilita o retrato);
★ Representação ainda pouco fiel da realidade;
★ Positivo não reproduzível.

DESENHOS FOTOGÉNICOS
William Fox Talbot, desde jovem desenvolveu pesquisas óticas e iniciou em 1834 as suas
primeiras descobertas fotográficas. Seguindo os estudos de Wedgwood, alcançou as
primeiras imagens negativas - desenhos fotogénicos.
★ Materiais como folhas, plumas e rendas;
★ Cópias das suas silhuetas a partir do seu contacto com papel de desenho.

PROCESSO: O papel era previamente coberto com cloreto de prata, exposto à luz solar e
revestido com sal (fixação). Eram realizados em câmaras escuras de pequena dimensão
com uma exposição de aproximadamente 30 minutos.

DAGUERREÓTIPO
★ Louis Mandé Daguerre, celebrizado pelo diorama (espetáculo que conjugava
pintura teatral e efeitos de luz), prosseguiu os estudos de Niépce, com quem
estabeleceu um acordo em 1829;
★ 1837 - consegue fixar imagens numa chapa de cobre;

Rodrigo Morgado Lopes Moura Oliveira


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★ Alcançou o sucesso comercial (até séc. XIX), foi anunciado na Academia de
Ciências de Paris, por Dominic François Arago, em 1839;
★ Paris Boulevard (1839) primeira fotografia com um ser humano registado (Daguerre).

PROCESSO: A chapa é preparada/polida. Depois é aquecida com o lado de cobre virado


para a chama de uma lamparina. Os vapores de iodo formam uma camada de iodeto de
prata de cor amarela cobreada. De seguida, a chapa é colocada na câmara escura.
Decorrido o tempo de exposição, ainda longo, a chapa é retirada. Como a chapa é ainda
invisível é colocada num outro recipiente com mercúrio aquecido. Finalmente, com o calor
do mercúrio, as partículas evaporam-se e fixam-se na superfície do material preparado, o
que faz aparecer a imagem. É aplicada uma solução de hipossulfito de sódio que fixa a
imagem. O resultado é um positivo que deve ser fechado hermeticamente para se evitar a
degradação da imagem.
★ Positivo único, não reproduzível;
★ Resultado só pode ser apreciado sobre um ângulo de visão (criando aparência de
um negativo) e apresenta alguma fragilidade. Em plena luz do dia, por vezes, vê-se
apenas uma placa metálica sem qualquer imagem aparente;
★ A imagem é invertida como num espelho;
★ O tempo de exposição já permitia a prática do retrato (no entanto, era ainda longo);
★ Peso e preço dos materiais elevados.

CALÓTIPO
★ William Fox Talbot;
★ 1840 - inventa um processo decisivo para a fotografia moderna: o negativo/positivo
e a possibilidade de obter um negativo, e por contacto quantas cópias necessárias -
multiplicação da imagem;
★ Tempo de exposição reduzido, facilitando a fotografia retrato.

PROCESSO: O Papel é mergulhado em nitrato de prata e iodeto de potássio.


Sensibiliza-se o papel numa solução de nitrato de prata e ácido gálico e fixa-se com
hipossulfito. O papel torna-se transparente mediante um banho de cera derretida. Com
este negativo, produz-se, por contacto, um positivo, sobre um papel idêntico de
preferência salgado, sensibilizado com nitrato de prata.
★ Fotografias com tamanho reduzido;
★ Na passagem para o positivo perde-se inúmeros detalhes;
★ Imagens de menor sensibilidade (que os daguerreótipos);
★ Processo demorado, mas tempo de exposição reduzido;
★ Técnica de multiplicação de imagens;
★ Utilização fácil e mais económica.

PROCESSOS FOTOGRÁFICOS segunda metade do séc. XIX e XX


O vidro transparente, plano, de superfície polida e barato era o material mais
aproximado para suporte ideal para negativo. Era ainda necessária uma substância como
agente ligante entre o vidro e os sais de prata.
★ 1848 - primeiros negativos em vidro, usavam clara de ovo como agente ligante
dos sais de prata. A camada de albumina, transparente e muito fina, permitia a

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ação dos agentes químicos. O processo obteve algum êxito, mas a sensibilidade à
luz era reduzida e as chapas assim requeriam tempos de exposição longos.

COLÓDIO HÚMIDO
★ 1851 - Frederick Scott Archer, em Manual of Collodion Photographic Process
apresenta o processo de fazer negativos em vidro. Usou o colódio (substância
pegajosa que absorve/une os sais de prata com maior eficácia) como ligante dos
sais de prata e do vidro;
★ Concilia a qualidade e precisão do Daguerreótipo;
★ Possibilidade de reprodução do Calótipo;
★ Adeptos nomeadamente entre fotógrafos de estúdio;
★ As chapas eram preparadas imediatamente antes da sessão de fotografia e
reveladas logo de seguida, permitindo julgar o resultado e repetir, caso necessário;
★ Em meados da década de 50 do séc. XIX, praticamente toda a fotografia comercial
era feita recorrendo a negativos de vidro e ao colódio húmido;
★ Operações rápidas, antes que colódio seque - sensibilização da chapa, exposição,
revelação e fixação);
★ Tempos de exposição mais curtos (10 e 100s grandes e 2 e 20s pequenos);
★ Variedade de tonalidades ;
★ Excelente definição e contraste.
★ Redução de custos e a produção em série.

PROCESSO: As operações têm que ser rápidas para manter a emulsão húmida. O
fotógrafo foca previamente o tema escolhido. No laboratório com luz escassa, cobre a
chapa de vidro com colódio iodado. Mantém-se a chapa horizontal e depois inclina-se o
vidro para que o líquido espesso se espalhe uniformemente. Mergulha-se a chapa, durante
30 segundos num banho de prata. Tira-se com um garfo de prata, colocando um pedaço
de papel mata-borrão no canto desprovido de colódio, local onde a chapa foi segurada
pelos dedos quando se aplicou a emulsão. Segurando o vidro por esse canto, o operador
escorre-o pelo ângulo oposto. Coloca-se num carregador, de construção especial, que tem
uma ranhura inclinada cujo acesso era tapado por um pedacinho de esponja. Permitia a
absorção do excedente do colódio durante a operação. Havia que manter o carregador
vertical, o canto perfurado orientado para o chão, comprovar o foco preparado previamente,
colocar o carregador, abri-lo, iniciar a exposição tirando suavemente a tampa da objectiva. A
exposição podia oscilar entre 2 e 10 segundos, de acordo com a iluminação e o tipo de
objectiva utilizado. Depois revelava-se a chapa que, uma vez fixada, lavada e seca, se
protegia com um verniz destinado a resguardar a camada finíssima de colódio.»

DESVANTAGENS
★ Grande Aparato técnico (tenda câmera escura, produtos químicos de
sensibilização e revelação, camara escura (graande) tripé e chapas de vidro) e
ajudantes → para sessões na rua não é prático;
★ Placas pesadas, apenas sensíveis quando húmidas;
★ Exige uma preparação/destreza para controlar os tempos de execução de cada
tarefa.

Rodrigo Morgado Lopes Moura Oliveira


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12º ano
CÂMARA ESCURA PERFIL/SILHUETA CÂMARA CLARA

HELIOGRAFIA DESENHOS FOTOGÉNICOS

DAGUERREÓTIPO CALÓTIPO

COLÓDIO HÚMIDO

Rodrigo Morgado Lopes Moura Oliveira


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