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Iniciação em Natação

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Autor(a): Ana Paula Gastão.
1ª Edição – 2011

Iniciação em Natação

Todos os direitos desta edição são reservados a Cresça Brasil Editora S/A.
É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, sem autorização escrita da Editora.

ISBN: 978-85-8153-079-6

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Sumário
Capítulo 1 - Conceitos importantes sobre a água.

1.1 O homem e a água.........................................................................6


1.2 Propriedades físicas.......................................................................7
1.3 Aspectos físicos e fisiológicos........................................................8

Capítulo 2 - Estilos de nados.

2.1 Crawl.............................................................................................10
2.2 Costas...........................................................................................12
2.3 Peito..............................................................................................14
2.4 Borboleta......................................................................................16

Capítulo 3 - Natação - Como ensinar e aprender.

3.1 Bases metodológicas....................................................................18


3.2 Princípios básicos e estratégias...................................................19
3.3 O professor de natação e a fidelização com o aluno....................21
3.4 Exame médico e contra-indicações..............................................21

Capítulo 4 - Natação: Muito mais que um esporte.

4.1 Benefícios físicos..........................................................................23


4.2 Benefícios psicológicos................................................................24
4.3 A natação e os desvios posturais.................................................25
4.4 A natação e as populações especiais..........................................27

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Apresentação
Espero que você adquira informações e conhecimentos preciosos sobre
esta modalidade esportiva.
Não vamos nos ater em temas que muito já foram abordados.
Tentaremos trazer inovação em questões pertinentes a natação.
Espero que este conteúdo lhe traga um enriquecimento pessoal,
profissional e acima de tudo um aprendizado prazeroso.

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Introdução
O meio líquido sempre esteve presente no cotidiano humano desde a
sua origem até os dias de hoje, afinal, segundo estudos, a vida se originou na
água. Da mesma forma, quando fecundados, passamos nove meses
mergulhados em um líquido até que estejamos prontos para nascer.
Neste sentido, com esta intimidade com a água, nada mais natural que o
grande envolvimento do homem com a natação. Hoje em dia, as competições
de natação tem se espalhado por todos os lugares, bem como a sua prática
nas academias e centros esportivos. Na realidade o homem sempre se utilizou
dos efeitos da água para o seu lazer, como prática esportiva ou para efeitos
terapêuticos como nos casos de auxílio nos processos de reabilitação.
Espero que com este conteúdo você adquira uma nova visão desse
esporte, de uma forma ampla e globalizada, através de um conteúdo
diferenciado e instigante.
Você estudará sobre os conceitos fundamentais da natação, suas
propriedades físicas e seus aspectos fisiológicos. Conhecerá também os tipos
de nados praticados na natação, apresentando cada um deles.
Estudará ainda, sobre as metodologias de ensino e aprendizado da
natação, bases metodológicas, princípios básicos e estratégias, encerraremos
o livro com a apresentação dos benefícios que a natação pode proporcionar à
nossa saúde e bem-estar.

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Capítulo 1
Conceitos importantes sobre a água
A água foi o segundo elemento a ser dominado pelo homem. A
necessidade de alimentar-se e conseguir outros meios de comunicação
induziram-no a atravessar pequenos cursos de água e, à medida que foi
dominado o elemento em si, maiores percursos foram vencidos.
Deste modo, o homem foi se especializando até se tornar praticante
desta modalidade como desporto. Contudo, antes de entendermos mais sobre
esse esporte, a arte de aprendê-lo e ensiná-lo, devemos nos ater
primeiramente em alguns conceitos ligados ao meio líquido e ao homem.
Assim, neste capítulo, você conhecerá alguns conceitos e entenderá
melhor seus significados para podermos avançar para as próximas etapas.

1.1 O homem e a água


O homem se desloca na água pela ação dos braços e das pernas,
levando-se em conta as leis físicas para o seu melhor aproveitamento na
superfície. Seu corpo representa um peso e que necessariamente dependerá
de força e de energia para deslocar-se. Para nadar necessitamos de uma
coordenação metódica de certos movimentos.
Porém não podemos esquecer que o homem antes de mais nada é um
ser terrestre, bípede e que respira ar. Apesar de passarmos nove meses no
meio líquido, após o nosso nascimento vamos rapidamente perdendo toda
intimidade e adaptação a esse meio.
Por isso ao nadar, o homem é obrigado a modificar inúmeros hábitos
naturais, já que como premissa básica, o mesmo sai da posição vertical e
passa a ter que se deslocar na posição horizontal, transmitindo uma sensação
de prazer para muitos e de completo desconforto e medo para tantos outros.
É muito comum ainda hoje encontrarmos pessoas que não sabem nadar
ou pior, que não conseguem manter-se de uma forma segura dentro de uma
piscina. Neste caso o sentimento de frustração e impotência é muito grande na
maioria dessas pessoas, tornando a prática natatória como uma barreira
intransponível. Essa situação pode tornar-se ainda pior quando essas pessoas
por indicação médica, devido a algum problema de saúde, são obrigadas a
praticar algum exercício na água.
Nunca devemos esquecer que apenas se deslocar na água não é a
mesma coisa que nadar. Quando deixamos a primeira e evoluímos para a
segunda entendemos toda a dinâmica e a reciprocidade que o meio líquido
pode nos proporcionar em termos de prazer e benefícios.

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1.2 Propriedades físicas
A água possui algumas propriedades físicas muito importantes para a
prática e o aprendizado dos movimentos nesse meio.
Dentre elas podemos destacar:

Densidade

A densidade de uma substância está relacionada à sua massa e ao seu


volume. Em uma questão matemática podemos entender a densidade como a
massa dividida pelo volume :

D= M (quilos – kg)
––––––––––––––––––––
V (metros cúbicos – m3)

Como exemplo, podemos entender que um bloco de madeira pesando


100 quilos flutuará, mas um prego de ferro, pesando poucas gramas afundará,
já que a madeira é menos densa que o ferro.
Quando a água não é totalmente pura, possuindo sais minerais e
algumas impurezas como o mar, a densidade é maior do que a água doce,
tornando-se a flutuação em água salgada, mais fácil.
A densidade relativa da água pura é de 1.000 kg/m3, um corpo com
densidade menor que 1.000 kg/m3 flutuará e com densidade maior, afundará.
A densidade do corpo humano é de 950 kg/m3, por isso todos flutuam.
Esses dados não devem ser tratados apenas como auxílio teórico, pois
em uma aula prática esse conhecimento será de grande valia para o aluno,
principalmente aquele mais temeroso quanto à flutuação.

Flutuação

A flutuação no meio líquido envolve duas leis da física, muito conhecidas


que são: O Princípio de Arquimedes e a Lei de Pascal.
Na Pressão Hidrostática, segundo Arquimedes :
“quando um corpo está completo ou parcialmente imerso em um líquido,
ele sofre um empuxo para cima igual ao peso do líquido deslocado.”
Já segundo Pascal:
“a pressão de um líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da
superfície de um corpo imerso em repouso, a uma determinada profundidade”.
Baseado nessas duas leis entende se que a flutuação é a força
experimentada como empuxo para cima que atua em sentido oposto a força da
gravidade e que o corpo submerso sofre pressão de todos os lados. Sendo
assim em maiores profundidades a pressão de baixo para cima aumenta,
melhorando a flutuabilidade, fazendo o corpo subir.

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Viscosidade
Já que no meio líquido a força da gravidade é combatida firmemente
pelo empuxo, a resistência que o corpo exerce na água quanto ao seu
deslocamento não pode ser esquecida.
A viscosidade é um tipo de atrito que ocorre entre as moléculas de um
líquido que oferece resistência ao movimento debaixo da água em qualquer
direção, provocando uma turbulência maior ou menor de acordo com a
velocidade que executamos o mesmo.
O ar é menos viscoso que a água, portanto temos mais resistência aos
movimentos executados dentro de uma piscina do que fora dela. A resistência
que a água oferece é 12 vezes maior do que fora dela.
Na realidade, quanto mais rápido o movimento, maior será o arrastão.
Por isso torna-se muito importante o aprendizado correto dos nados, para que
haja um menor dispêndio de energia com maior eficiência.
De uma forma prática podemos observar um nadador que possui a
técnica correta de um nado e de outro que apenas realiza movimentos
incoordenados para se deslocar no meio líquido. O primeiro atravessará a
piscina muito mais rápido e com menos gasto energético que o segundo.
A viscosidade também pode aumentar quando nadamos com roupas de
uso cotidiano e não de maiô ou sunga. Ela também é maior na água quente do
que na fria.

1.3 Aspectos físicos e fisiológicos


Quando uma pessoa entra na água e começa a realizar movimentos, o
seu corpo começa a passar por alguns efeitos físicos e fisiológicos.
Durante o período de imersão o corpo tem a sua temperatura elevada,
com ganho de calor, que por sua vez se transformará em energia durante o
exercício.
Durante o exercício na água a pressão arterial sofre pequenas
alterações, principalmente a mínima que pode subir 1 ponto e a máxima de 1 a
6 pontos, dependendo do esforço aplicado. Isso ocorre logo no início, pois os
vasos sanguíneos se constringem e após alguns minutos dilatam-se,
provocando uma redução da pressão arterial, voltando ao normal.
À medida que a pele se torna aquecida, os vasos sanguíneos
superficiais dilatam-se e o suprimento sanguíneo é aumentado pois o sangue
que está nesses vasos é aquecido e a temperatura dos músculos também se
eleva. A frequência cardíaca também aumenta devido à elevação da
temperatura e como resultado do exercício.
Todos esses efeitos são decorrentes das propriedades físicas da água, a
massa, o peso, a densidade, a flutuação, a pressão hidrostática, o calor e o
empuxo.

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Com isso, a água pode promover o alívio da dor e do espasmo,
manutenção no aumento da amplitude de movimentos e articulações,
fortalecimento muscular, aumento da circulação e desenvolvimento de força e
resistência.
Na realidade, dentro da água a pessoa consegue realizar um movimento
com mais conforto, devido à “diminuição” do peso corporal graças à flutuação.
Outra questão relevante ao tema, é a transpiração na água. O calor
através dos pulmões é expelido para a atmosfera, porém a água absorve o
calor da pele com muito mais intensidade, porque o calor passa mais
facilmente para a água do que para o ar. Sendo assim a necessidade de
transpirar dentro do meio líquido desaparece e a perda de peso nessas
condições fica reduzida.
Quando a água está muito fria podem ocorrer às cãibras e quando está
muito quente a pessoa pode até transpirar. Porém essa transpiração não tem
um efeito benéfico, já que a regulação térmica está sendo realizada em
situações inadequadas.
Também sabemos que as pessoas com uma maior quantidade de tecido
adiposo (gordura), apresentam efeitos fisiológicos diferentes daquelas com
uma menor quantidade de gordura.
O tecido adiposo age como um isolante térmico, diminuindo a
transferência de calor dos músculos para a pele e para a água e
posteriormente para o ar.
Na realidade o obeso possui uma menor densidade média do que uma
pessoa magra, basta lembrar-se da definição de densidade, estudada no item
anterior. Sendo assim o primeiro terá uma melhor flutuação que o segundo,
contudo para efetuar um movimento que acarretará em um deslocamento terá
que produzir um maior trabalho cardiopulmonar.

Capítulo 2
A natação e os seus nados
Agora que você entendeu sobre a água e suas propriedades física é
importante conhecer os principais nados na natação.
De uma forma geral a natação possui 4 nados: crawl, costas, peito e
borboleta. Muitos costumam chamá-los de estilos, porém cada nadador possui
seu próprio estilo, mesmo se ambos estiverem realizando o mesmo nado,
desde que a técnica correta seja respeitada.
Cada um desses nados possui suas particularidades, formas de
execução e diferentes processos de aprendizagem.
A natação tem as suas provas, algumas de velocidade e outras de
resistência. São elas:

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1. 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros livre (crawl);
2. 50, 100 e 200 metros de costas;
3. 50, 100 e 200 metros de peito;
4. 50, 100 e 200 metros de borboleta;
5. 100, 200 e 400 metros de medley.

2.1 Crawl

O nado crawl é o resultado de uma longa busca de um nado que


diminuísse a resistência da água e aumentasse a velocidade do homem.
Esse nado, com batimento alternado das pernas e braços, foi criado na
Austrália em 1893 e na olimpíada de Paris em 1900, o húngaro Zoltan Holmany
nadou crawl na competição dos 200 metros livre.
No início a respiração do nado crawl era frontal, sendo de extrema
dificuldade na sua execução, na tentativa de evitar o rolamento de tronco. O
primeiro nadador a demonstrar a eficácia da respiração lateral foi o Johnny
Weismüller, sendo a expiração na água inicialmente feita pelo nariz, depois
pela boca e pelo nariz e finalmente pela boca, apenas deixando que o ar
escape pelo nariz, sem a preocupação de expeli-lo.
Nesse nado deve-se levar em conta fatores como a posição do corpo, a
ação dos braços, ação das pernas, a respiração e a coordenação geral.
Posição do corpo

A posição do corpo na água deve ser a mais paralela possível da linha


da superfície, não esquecendo que a ação das pernas é realizada abaixo
desse mesmo nível.
Um corpo bem posicionado pode reduzir consideravelmente a
resistência frontal.

Ação dos braços

O trabalho dos braços no nado crawl pode ser dividido em 2 partes : a


fase aérea e a fase aquática.

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Fase aérea: é o momento de recuperação do nado, onde há o mínimo
de gasto energético, com o cotovelo para cima, os dedos das mãos deslizam
na água posicionando o braço na direção da entrada. A entrada da mão na
água é realizada com a mesma estendida no prolongamento do braço, onde o
polegar e o indicador cortam a água.

Fase aquática: ocorre todo o trabalho de propulsão efetiva na água,


com um maior dispêndio de energia. Depois da entrada na água, a mão
desloca-se para baixo em um trajeto curvilíneo, mantendo o cotovelo alto. A
puxada na água ocorre com uma alavanca potente, onde a medida que o braço
caminha com a mão em direção ao eixo do corpo e para trás, o cotovelo
procura manter-se alto, como um ponto fixo, indo este movimento até o máximo
da flexão do cotovelo. A partir daí, começa a empurrada que é a parte final da
fase aquática, que ocorre com uma completa extensão do braço, com a palma
da mão para cima.

Ação das pernas


O batimento de pernas origina-se no quadril, com movimentos
alternados, onde há a flexão da perna na batida para baixo e extensão da outra
perna na batida para cima. Fazendo uma comparação bem global, o batimento
de pernas do crawl na posição horizontal assemelha-se com o andar de um
adulto na posição vertical.
O batimento de pernas no crawl é responsável em até 20% pela
propulsão do seu praticante, porém é ele que dá a estabilidade ao nado, em
uma margem de 80 a 85%.
As pernas não devem sair da água, a flexão dos joelhos não deve ser
exagerada e a força deve sempre ocorrer durante a extensão dos mesmos.

Respiração e a coordenação geral


A inspiração e a expiração devem ser relaxadas, girando a cabeça para
o lado, como se o queixo encostasse no ombro.
Deve-se inspirar tão logo o braço começa a fase de recuperação, ou
seja, a fase aérea e termina com a expiração durante a fase aquática.
Lembrar que nadar exige sincronismo e consequentemente
coordenação, já que você estará realizando vários movimentos ao mesmo
tempo, ou seja, movimentar as pernas e os braços, não esquecendo da
respiração.

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2.2 Costas

Nadar de costas nos parece uma intenção natural do homem, pois há


indícios de que os nossos ancestrais utilizaram essa forma de locomoção
dentro da água.
Inicialmente esse nado tinha o movimento simultâneo dos braços e só
posteriormente é que foi adotado a alternância de pernas e braços.
É bom ressaltar que para nadar costas o praticante deve saber flutuar.
Este é um exercício que deve ser ensinado durante os primeiros contatos com
a água, ou seja, na chamada fase de adaptação.
Da mesma forma que o crawl, no nado de costas também se deve levar
em conta a posição do corpo, a ação dos braços e das pernas, além da
coordenação de todos os movimentos.
Posição do corpo
Corpo na posição horizontal, em decúbito dorsal (de costas), com o
pescoço relaxado.

Ação dos braços


No nado de costas também existem 2 fases: a de propulsão e a de
recuperação.

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Fase de recuperação: o braço deve sair da água estendido, primeiro
com o polegar, ir subindo sempre com o mesmo perto do corpo e quando
chegar na linha do ombro realizar um giro da mão para o lado de fora, entrando
com o dedo mínimo.

Fase de propulsão: a mão afunda na água uns 15 a 30 cm, ocorre uma


flexão do cotovelo a 90 graus, trazendo o mesmo para perto do tronco e iniciar
uma empurrada com a mão para a direção dos pés, terminando com o braço
totalmente estendido para o fundo da piscina e abaixo do quadril.

Ação das pernas


O batimento de pernas no nado de costas é um pouco similar ao do
nado crawl, modificando o momento correto da aplicação da força.
Ação alternada, perna estendida na batida para cima e semi-flexionada
no movimento para baixo.
Pés relaxados, levemente para dentro, onde deve-se chutar a água com
os peitos dos pés. Não esquecer que os joelhos não devem sair da água.
Aqui vai uma pergunta para você: Quantas vezes você já viu um aluno
ou até mesmo vocês cansou de bater as pernas no nado de costas, com a
posição corporal correta e não conseguia sair do lugar?
Na realidade muitas vezes a aplicação da força é que está incorreta. O
momento de força ocorre quando a perna está sendo estendida para cima,
enquanto que na flexão é apenas uma preparação.

Coordenação

Nesse nado a respiração não traz grandes problemas. Na coordenação


de braços e pernas, ao iniciar uma braçada com o braço direito, começa-se a
bater com a perna esquerda de baixo para cima e vice-versa. Quando o braço
termina a sua empurrada, o outro começa a propulsão, em um movimento
contínuo sem parada.

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2.3 Peito

O nado de peito também recebe o nome de nado clássico, sendo


considerado um dos mais belos e de maior complexidade no que se refere a
coordenação.
Alguns relatos históricos descrevem que o nado de peito pode ter sido a
primeira forma que o homem encontrou para nadar, pois se tratava de uma
forma de locomoção na água adquirida através da imitação da rã, do sapo,
razão do seu aprendizado.
É um nado em que o corpo do praticante permanece o tempo todo
embaixo d’água, com exceção da cabeça. Em comparação com os outros
nados é o mais lento.

Posição do corpo

Na posição horizontal, em decúbito ventral (barriga para baixo), o corpo


permanece em nível do ombro e do quadril, com a cabeça se elevando e
abaixando imediatamente durante a respiração.

Ação dos braços

Partindo da posição estendida, os braços em apoio, alguns centímetros


abaixo da água. Ocorre então um movimento de tração para os lados, para
baixo e para trás, com as palmas das mãos inicialmente para fora, depois para
trás e finalmente para dentro juntamente com a flexão dos cotovelos. A
abertura dos braços deve ser “um pouco” maior que a largura dos ombros, o
retorno dos braços deve ser para frente e bem estendido.

Ação das pernas

Partindo da posição estendida, as pernas devem flexionar sobre as


coxas, com os pés já colocados na posição para fora, e depois se estender
com uma violenta empurrada da coxa para trás e com um movimento
ligeiramente arredondado das pernas, mantendo os joelhos com uma pequena
abertura, apontados para o fundo.

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Muitas vezes a pessoa não consegue sair do lugar durante a pernada do
nado de peito, apesar de visualmente estar certo, porque a aplicação da força
durante o movimento está incorreta.
Durante a flexão o ritmo do movimento deve ser devagar e na extensão
rápido.
Lembre-se que o movimento do nado de peito é curto, circular e de forte
impulsão das pernas, realizado com um trabalho importante das plantas dos
pés.

Coordenação
Apesar de já termos falado que a coordenação desse nado é muito
complexa, a sua execução é passível de ser realizada, bastando apenas um
pouco de prática e treino.
Basta prestar atenção e realizar passo-a-passo todo o processo que
envolve a sequência de movimentos.

1. Partir da posição estendida, braços, pernas e cabeça dentro da água;


2. Iniciar com o movimento dos braços um tempo a frente do que os
movimentos das pernas;
3. Quando os braços saírem do apoio, as pernas fazem à flexão;
4. Quando os braços terminarem a tração, as pernas estarão terminando a
flexão;
5. Quando os braços iniciarem sua projeção para frente, no movimento de
devolução, as pernas iniciam a empurrada para trás, terminando o corpo
estendido como começou.
6. Respirar juntamente com o início e o final do movimento dos braços.

Na realidade muitas pessoas relatam que aprender o nado de peito foi


muito difícil, mais que o prazer na sua execução compensa extremamente.

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2.4 Borboleta

O borboleta é o mais novo dos nados, tendo surgido devido à


imperfeição existente nas regras da FINA (Federação Internacional de
Natação) que, antigamente, não deixaram claro a forma de elevação dos
braços no nado de peito.
O nado borboleta atualmente possui uma beleza de execução toda
singular, aliada a um trabalho de coordenação e de força de extrema
importância.

Posição do corpo

Como os outros estilos, o corpo deve estar o mais paralelo possível à


linha da água. Em decúbito ventral, com a utilização de uma respiração frontal.

Ação dos braços

Os braços são simultâneos como no nado de peito, porém com uma fase
aérea e outra submersa.

Na fase aérea: os braços saem da água em extensão lateral e devem


estar paralelos a linha da superfície. Soltos, são projetados para frente,
devendo sempre cair com uma abertura maior que a dos ombros. A entrada é
executada com as pontas dos dedos voltada para frente e as palmas das mãos
para baixo.

Já na fase submersa: após o apoio das mãos na água, suas palmas


irão se dirigir para fora, para dentro e para trás. Lembrar que a abertura dos
braços deve ser um pouco maior que os ombros e o movimento deve terminar
com as mãos para trás, com os polegares próximos as coxas.

Ação das pernas

Para um bom trabalho de braços torna-se primordial um bom trabalho de


pernas.
O movimento de pernas do nado borboleta possui uma fase ascendente
e descendente.
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Fase ascendente: as pernas sobem estendidas, sem sair da água com
uma pequena flexão.
Fase descendente: a perna flexiona-se ligeiramente e estende-se para
baixo com energia.
O movimento descendente é mais propulsivo que o ascendente,
juntamente com a ondulação do quadril, que se propaga por todo o corpo,
partindo da nuca, desde o momento que a cabeça entra na água.
As pernas no nado borboleta lembram muito o movimento corporal dos
golfinhos durante a sua propulsão.

Coordenação e respiração

A inspiração ocorre no final da fase aquática e a cabeça vai para dentro


da água para a expiração.
Deverá haver duas batidas de pernas para cada ciclo completo dos
braços, sendo um movimento menos acentuado que o outro.

Capítulo 3
Natação: Como ensinar e aprender
Ao iniciar esta unidade você entenderá que no aprendizado da natação
muitos fatores influenciam para o sucesso ou não dessa empreitada. Saberá
que a técnica correta dos nados é primordial, porém não é tudo. Compreenderá
que as pessoas são dotadas de qualidades e características diferentes, com
históricos de vida diferenciados e com objetivos diversos.
Seja você um professor ou um aluno, existem algumas considerações
que devem ser levadas em conta, para que a natação venha a ser algo novo e
prazeroso em sua vida e nunca um transtorno.
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Nesta unidade você entenderá que a natação e sua prática são muito
mais do que um simples exercícios na água ou o ato de “dar algumas
braçadinhas”.

3.1 Bases Metodológicas


Antes de tudo, você deve saber que a metodologia está presente em
toda a sua vida, não apenas no seu âmbito profissional mais também no seu
cotidiano.
A metodologia vem do termo método, ou seja, um procedimento racional
arbitrário de como atingir determinados resultados. A forma de agir de modo
organizado ao longo de um processo para alcançar um objetivo pré-
determinado.
Sendo assim antes de tudo, o objetivo do aluno que vai para uma aula
de natação tem que estar bem claro para ele e também para o professor.
Muitas vezes o fracasso do aprendizado, bem como do ensinamento
acontece devido a falta de metodologia de ambas as partes, aliada a uma falha
na comunicação e de sensibilidade.
O professor deve ter em mente que ao ensinar os preceitos e a prática
da natação, haverá concomitantemente o desenvolvimento da aptidão total.
Dentro dessa aptidão total você tem a aptidão física, a aptidão recreativa e a
aptidão social.
Aptidão física é uma aptidão suficiente para realizar tarefas as quais se
propõe, sem fadiga. Há o desenvolvimento da força muscular, resistência
muscular, potência muscular, flexibilidade muscular, aptidão cardiovascular e
coordenação neuromuscular.
Aptidão recreativa é a habilidade para apreciar sua participação em
uma variedade de atividades.
Aptidão social é a habilidade de relacionar-se com as pessoas a sua
volta.
Aliado a isso, os objetivos específicos de cada fase na natação, podem
ser observados abaixo:

Iniciação é levar o aluno a sustentar-se e progredir na água por impulso


próprio, de acordo com as técnicas da natação. Priorizando a aprendizagem
dos estilos de maneira segura e agradável, considerando a idade, objetivos
pessoais, maturidade e vivência no meio líquido.
Aperfeiçoamento é dar continuidade ao trabalho de iniciação, aperfeiçoar
os quatros nados, respeitando a idade e objetivos pessoais.
Treinamento é aprimorar as técnicas visando aumento das suas
aptidões físicas, respeitando a idade e objetivos pessoais. Participar de
atividades competitivas de nível médio.

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Equipe de competição

Uma das funções do treinador é treinar atletas ao nível de competição,


visando bons resultados e desenvolvendo equilíbrio físico, mental e social.
Contudo você deve ter em mente que nem todos querem participar de todas
essas fases. Depende da vontade e predisposição de cada um e da
sensibilidade do professor para não por todo o trabalho a perder.
Ser professor é muito mais do que um mero transmissor de conceitos
resgatados em livros e outras fontes. Ele é o desencadeador do poder de
transformação que cada aluno pode ter quando começa a fazer aula com o
mesmo.
Alguns conselhos são de grande valia para esse profissional:

-As aulas devem ser agradáveis para o professor e para o aluno;


-A aula deve ser planejada e nunca inventada na hora;
-O aluno sempre deve ser considerado individualmente e como grupo;
-Sempre buscar uma aula objetiva;
-Procurar dar atenção igual a todos os alunos;
-Lembrar que o corpo fala. Então ao demonstrar os exercícios o
professor deve certificar-se da qualidade do gesto que o aluno visualizará;
-A fala mostra quem é a pessoa. Buscar uma fala calma e tranquila, sem
utilizar os gritos tão desnecessários.

3.2 Princípios básicos e estratégias


Continuando nas questões práticas sobre uma aula de natação, outras
medidas devem ser ressaltadas dentro de uma aula. Assim, é importante
abordar alguns aspectos relacionados a uma aula convencional de natação.
Aspectos estes, descritos nas dicas a seguir:
1) Na primeira aula nunca deixar o aluno parado, mesmo no caso de
iniciação;
2) O aluno tem que sentir que na primeira aula alguma coisa diferente
ocorreu;
3) Em um primeiro contato realiza-se uma avaliação rápida (se o aluno
nada ou não, quanto tempo, alguma restrição médica, etc.);
4) Quando o aluno não possui um bom condicionamento físico torna-se
importante nadar alternadamente;
5) No caso de exercícios corretivos, o aluno tem que estar descansado e
com bastante concentração;
6) É muito importante no transcorrer das aulas sair do convencional,
porém sem perder os objetivos;
7) Saber o porquê dos objetivos e fazer os alunos realizá-los sentindo,
entendendo e percebendo-o;

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8) Os exercícios de contraste ajudam a perceber os movimentos
errados, facilitando a interpretação e percepção do movimento certo. É a
correção pelo exagero. Tem como exemplos: cabeça baixa, alta ou na linha da
touca, pernada contraída e relaxada, deslize com as mãos afastadas e mais
próximas, pernada com a posição do pé em flexão dorsal ou em flexão plantar,
entrada da mão na superfície funda (cavando) e na linha dos olhos, com ou
sem pé de pato;
9) Torna-se necessário muitas vezes a criação de um manual de
exercícios pedagógicos, para a facilitação da aprendizagem e das correções;
10) Os exercícios de sensibilidade visam melhorar a percepção da
sensação da pressão que o fluxo da água nos proporciona ao deslocarmos na
mesma. Como exemplos: os exercícios de palmateios (vertical, horizontal –
ventral, horizontal – dorsal), com movimentos palmares em hélice, em 8,
podendo fazer o uso do flutuador ou não. Nadar com os olhos fechados
(sensação do movimento certo), nadar contando as braçadas, pernada vertical,
etc. Esses exercícios devem ser retirados apenas após a retirada da prancha
do aluno;
11) Para a correção e/ou a aprendizagem da técnica dos nados pode-se
fazer uso das figuras de imagem: abrir o zíper (braçada submersa do crawl),
homem do fundo do mar (ondulação do nado borboleta).

Juntamente com os procedimentos metodológicos, estratégicos e


didáticos temos os chamados “pilares de sustentação do professor”, que
pode ser observado abaixo:

 Conhecimento geral;
 Conhecimentos específicos;
 Contínuo desenvolvimento;
 Criatividade;
 Espírito de equipe;
 Flexibilidade;
 Disponibilidade (envolvimento);
 Não ter medo de mudanças;
 Saber onde buscar o conhecimento e onde aplicá-lo;
 Atitude positiva.

Aliado a tudo isso o professor nunca deve esquecer que a sua aula deve
ter um começo, um meio e um fim.
Um começo com atividades que busquem o aquecimento ou seja, a
entrada em calor.
Um meio, ou seja, a parte principal da aula, um tempo maior, na busca
dos objetivos, através dos exercícios.

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E uma parte final, que pode ser bastante variável dependendo do
professor, com atividades recreativas, exercícios de alongamento, mergulho e
etc.

3.3 O professor de natação e a fidelização com o aluno


Tão difícil quanto saber ministrar aulas de natação, é fazer com que o
aluno permaneça nas suas aulas, por um longo período de tempo. Lembre-se,
esse tempo torna-se necessário para a aquisição de bons resultados.
Muitas vezes para fidelizar o aluno, o professor deve se utilizar de
estratégias motivacionais.

Estratégias Motivacionais

-Procurar traçar objetivos, fazer uso de avaliações, competições,


objetivos individuais e metodológicos e a planificação das aulas.
-Em um primeiro momento saber por que o aluno escolheu a natação?
-Traçar objetivos para os alunos, além da necessidade da periodização
de treinos;
-Lembrar que a felicidade não se mede pelo grau da conquista e sim
pelo grau de satisfação de cada um.
Além dessas estratégias o professor deve saber que atualmente existem
dois tipos de alunos: o iniciante e aquele que visa à melhora do seu
condicionamento físico.
O iniciante é muito mais fácil de ser fidelizado, pois tudo é novo e cada
dia ele chega a uma nova conquista.
Para aquele que já sabe nadar, deve-se buscar novos artifícios para o
dia a dia.
Outro ponto importante é a resistência que alguns alunos apresentam
em relação ao novo. Quando isso acontecer, o professor deve explicar o motivo
da mudança, transmitindo o conhecimento ao aluno, pois muitas vezes o
mesmo não sabe todas as alternativas que tem.
A chave para o sucesso de todo esse processo se ampara na
atenção e no bom relacionamento!

3.4 Exame médico e contraindicações


Como esporte, a natação não apresenta contraindicações. Conforme
explicações dos professores, quem apresenta contraindicações são as
pessoas. Uma pessoa com problema no joelho pode nadar tranquilamente.
Mas deve evitar nadar certas modalidades como peito, pois o movimento feito
neste nado provoca certo esforço do joelho.
Pessoas alérgicas evitam praticar o esporte devido ao cloro que é usado
para o tratamento da água, mas, hoje em dia, existem lugares que tratam as
piscinas com ozônio, sal ou raio ultravioleta.

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Quanto ao exame médico, algumas academias pedem que seja
renovado a cada seis meses, outras a cada três meses. Quem tem problemas
de micose ou conjuntivite não poderá utilizar a piscina enquanto não curar, pois
a água da piscina pode transmitir essas doenças. Pessoas com otite - doença
do ouvido - também não devem nadar, para não piorar o problema.
No caso de doenças como osteoporose, são recomendados exercícios
de pouco impactos, como a caminhada. O impacto estimula a produção de
cálcio, que fortalece os ossos, e a natação não provoca impacto nenhum.
Neste caso, não é o exercício mais recomendado.

Capítulo 4
Natação: Muito mais que um esporte
A natação não deve ser considerada somente um esporte, praticado em
inúmeras academias espalhadas pelo nosso país.
Levando-se em consideração um famoso bordão nacional “a natação é
um esporte completo”, cabe a todos que trabalham com ela, usufruir de todos
os benefícios que a mesma pode proporcionar aos seus praticantes.
A melhor maneira de alcançar um bom condicionamento é através dos
exercícios físicos.
Fazer exercícios na água ajuda a eliminar a autocracia em relação aos
movimentos, porque ninguém pode ver o que estamos fazendo. Não é preciso
ter medo de não se sair bem ou de que os outros o observem.
Seja para as pessoas de qualquer idade, como as chamadas
populações especiais (gestantes, asmáticos, idosos) os benefícios que a
prática da natação promove são inquestionáveis.

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A importância da natação para sociedade humana é inquestionável, pois
os benefícios dos exercícios que a água exerce, traz um extraordinário bem
estar ao corpo e a mente, sendo eficaz, estimulante e de agradável sensação,
contudo as atividades na água não são monótonas ou estressantes.
Diferente dos exercícios no solo que oferecem muitos benefícios, mas
quase sempre provocam dores, superaquecimento, transpiração e sensação de
exaustão, a prática da natação regular, melhora todos os cinco componentes
do condicionamento físico: condicionamento aeróbico, força muscular,
resistência muscular, flexibilidade e composição corporal. Cada um destes
componentes desempenha um papel vital na saúde do organismo.

4.1 Benefícios Físicos


A melhora do condicionamento físico é totalmente pertinente quando se
trata do nadador, independente do nível em que o mesmo se encontra.
De uma forma geral a prática regular da natação (2 vezes por semana),
pode promover benefícios físicos em muitos órgãos do corpo humano:

-Coração: aumento do volume, diminuição da frequência cardíaca em


repouso e aumento da quantidade de sangue ejetada em cada contração;

-Sistema vascular: artérias ficam mais flexíveis, diminuindo a deposição


de placas de gordura. Melhora da vascularização dos músculos e do miocárdio.
Diminuição relativa da pressão arterial.
-Sangue: glóbulos vermelhos passam a carregar mais hemoglobina, e
portanto mais oxigênio, diminuindo a taxa de colesterol e facilitando o
metabolismo de açucares;

-Pulmões: ocorre o desenvolvimento dos músculos da caixa torácica e


melhora da captação do oxigênio nos alvéolos pulmonares;

-Músculos: aumenta a rede vascular e o número de enzimas


responsáveis pela oxigenação, dando maior eficiência ao trabalho muscular,
melhor resistência e tônus muscular;

-Sistema nervoso: melhora o poder de concentração e atenção.

Todos esses benefícios só ocorrem porque no transcorrer das aulas o


professor trabalha em seus alunos algumas qualidades físicas primordiais para
a sua saúde e movimentação. São elas: força, resistência, velocidade,
coordenação e ritmo.

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Força
É o aumento da massa muscular e o melhor recrutamento de fibras
musculares.

Resistência
Á medida que se aumenta a força, a resistência também acaba
ampliando. É a capacidade de realizar movimentos que utilizem mais que 1/3
do corpo durante um longo período de tempo com eficiência.

Velocidade
A capacidade de realizar movimentos ou de percorrer distâncias de
forma rápida e eficiente.

Coordenação
É a capacidade de realizar vários movimentos ao mesmo tempo. Requer
demais do componente neuromuscular.

Ritmo
É o cadenciamento dos movimentos, de forma ritmada e organizada.

Contudo engana-se quem acredita que os benefícios que a prática da


natação promove se estende apenas no âmbito físico.

4.2 Benefícios psicológicos


O ser humano no seu cotidiano faz uso tanto da sua capacidade física
quanto psicológica. Muitas vezes torna-se necessário a presença de uma
atividade que promova ao seu praticante relaxamento, calma e até períodos de
lazer.
Sabemos que um bom estado mental traz um bom estado físico e vice e
versa.
A natação por si só, pode promover muitos benefícios psicológicos ao
seu praticante, já que a presença da água já produz uma sensação de
relaxamento e prazer.
Nos itens abaixo você pode perceber todos os benefícios que a natação
promove:
- O bem estar físico e mental que proporciona uma vida saudável;
- Proporciona a integração e a socialização;
- Estimula a autoconfiança;
- Diminui a ansiedade;
- O aprendizado de novas habilidades traz satisfação pessoal;
- Melhor conhecimento corporal;
- A aquisição de uma aparência mais jovial;
- A liberação das tensões, diminuindo o stress;

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- A melhora da qualidade do sono e o aproveitamento melhor do seu dia.

4.3 A natação e os desvios posturais


Atualmente é muito raro encontrarmos alguém que não possua algum
desvio de coluna. Devido a isso, a natação se constitui em uma das principais
recomendações médicas para esse problema.

Coluna Vertebral Normal

Escoliose Hipercifose Hiperlordose lombar

Ao realizar um trabalho através da natação, com pessoas que tem


desvios posturais, o educador físico deve ter em mente que o seu programa de
atividades deverá ser diferenciado daquele realizado para indivíduos sem
esses distúrbios.
Em um primeiro momento, deve-se questionar a realização de um
exame clínico por parte do aluno, juntamente com a existência de um relatório,
feito pelo próprio médico, descrevendo o tipo de desvio postural que o aluno
possui, sua gravidade (se é apenas um desequilíbrio muscular ou se já está
estruturado) e tudo mais que se refere ao tema.

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A partir daí o educador físico deverá realizar uma completa avaliação
postural, através de observação, amparada pelos seus conceitos acadêmicos e
o relatório do médico.
A partir de toda essa breve anamnese, o educador físico estará apto
para elaborar um programa de atividades dentro da natação para o seu aluno,
de acordo com a sua idade, a gravidade e o tipo do seu desvio postural e os
seus objetivos desejados.
Após toda uma anamnese adequada, o educador físico passa num
segundo momento, à praticidade do seu programa de natação para as pessoas
com desvios posturais.
A natação é intencionalmente reconhecida como esporte terapêutico,
apresentando grandes benefícios quando bem orientada, sendo inúmeras
vezes recomendada como profilaxia ou paliativo para várias doenças.
Contudo a natação específica aos alunos com desvios posturais possui
algumas ressalvas e considerações que o educador físico deve levar em conta
para garantir um bom andamento do seu trabalho e a aquisição dos objetivos
desejados.
A técnica de cada nado apresenta-se como um valioso instrumento para
o educador físico, em relação aos desvios posturais, bem como as suas
adaptações e variações.
Os estilos que mais favorecem o fortalecimento da musculatura de
suporte da coluna vertebral e sua retificação são:

Nado crawl
O nado Crawl, de acordo com a sua forma de execução, possui uma
movimentação alternada das pernas e dos braços, promovendo com a sua
prática um adequado equilíbrio (fortalecimento e alongamento) de toda a
coluna torácica.
O crawl é indicado para quem apresenta problemas de escolioses,
funcionais e estruturais e nas más formações vertebrais. Sua realização é
importante para os indivíduos com as patologias citadas, pois, promove
também o aumento de movimento dos ombros.

Nado costas
Após o crawl, o nado de costas aparece como sendo um grande
contribuinte na prevenção e na manutenção positiva dos desvios posturais.
O nado de costas é muito benéfico para a escoliose e para a hipercifose.
Em relação à hipercifose o movimento de flexão dos ombros (alternado ou não)
promove um constante alongamento dos músculos peitorais (tórax) e um
considerável fortalecimento dos dorsais (costas) modificando assim o padrão
patológico desse desvio. Na escoliose deve-se insistir na mobilização do lado
da concavidade (ombro mais baixo), no sentido de estender o braço o máximo
possível.

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Existem inúmeras variações do nado de costas: com movimentos dos
braços simultâneos, com pernada de peito e borboleta e assim por diante.
Devido a sua forma de execução e postura corporal na água, esse estilo
não é recomendado aos indivíduos com hiperlordose lombar, pois causaria
uma contração maior nos paravertebrais (músculos da coluna lombar), que já
estão tensionados devido a essa patologia. Porém, pode ser praticado com
algumas adaptações, de costas ou de lado, com a pernada lateral e assim por
diante.
Novamente devido a sua forma de execução e posição do corpo na
água, o nado borboleta não é indicado aos indivíduos com hiperlordose lombar,
pela mesma razão patológica que foi descrita no nado de peito.

Na realidade torna-se necessário que o educador físico conheça todos


os aspectos referentes aos desvios posturais e aos nados, para criar um
adequado programa de natação, que além de promover todos os benefícios
necessários, seja prazeroso e adequado a cada tipo de desvio postural.

4.4 A natação e as populações especiais

Engana-se quem acredita que a natação é um esporte para jovens e que


só pode ser praticado por quem já conhece.
Por se tratar de uma atividade física considerada “completa”, ela pode
produzir benefícios a todos independente da faixa etária, condição física e
neurológica.
Ao contrário, atualmente ela tem sido de grande valia para as chamadas
populações especiais, ou seja, os idosos, as gestantes e os asmáticos ou
bronquíticos.
Através de um trabalho específico, a natação contribui significativamente
nesses casos, como você poderá ver a seguir.

Idosos

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Pensando assim, a natação se constitui em um esporte que pode trazer
inúmeros benefícios aos idosos.
Algumas pessoas imaginam que, à medida que envelhecem, não são
mais capazes de praticar exercícios tão intensamente ou por tanto tempo
quanto praticavam quando eram mais jovens. Não é verdade!
De fato, muito do declínio na capacidade aeróbica é atribuído à idade e é
causado, na verdade, pela inatividade. Todos nós temos diferentes
capacidades físicas e todos nós visamos a diferentes objetivos de nossos
programas de exercícios.
A chamada 3ª idade hoje em dia vem adquirindo uma nova consciência,
fugindo do estigma da velhice, que antigamente era aceito, ou seja, que
envelhecer era a espera da morte.
Envelhecer com qualidade de vida tem sido o objetivo de vários setores
da sociedade que atuam com essa faixa etária, também saber lidar com as
transformações físicas, cognitivas e psicológicas que o avançar da idade
produz e entender que a experiência de vida é uma vantagem e não um
prejuízo e acima de tudo, que não é o envelhecimento que abrevia a vida e sim
o sedentarismo.
Os indivíduos idosos que praticam exercícios físicos em comparação
com aqueles que não praticam, apresentam vantagens inquestionáveis:

- HDL – colesterol bom mais elevado e menor nível dos triglicerídeos e do LDL
– colesterol ruim;

- Aumento da tolerância à glicose e da sensibilidade à insulina;

- Melhor captação do oxigênio para atividades cotidianas;

- Maior força, tempo de reação e menor risco de queda;

- Redução da pressão arterial;

- Redução da gordura corporal;

- Estimula o raciocínio e a memória;

- Contribui para a sociabilização, eliminando o isolamento social.

A par de todos esses benefícios você pode entender que é na 3ª idade


que a pessoa jamais deveria ficar parado.
As orientações para um programa de exercícios para idosos devem
enfatizar a necessidade de um exame médico e a investigação dos fatores de
risco.

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Qualquer atividade física deve priorizar o desenvolvimento de
resistência, da flexibilidade e da força.
Atividade com suporte de peso como a caminhada é indicada assim
como a dança.
Contudo é na natação que o idoso muitas vezes pode realizar
movimentos que em terra firma seria difícil e inapropriado.
Além de todos os benefícios que a natação oferece, independente da
faixa etária, ela promove ao idoso a capacidade de praticar uma atividade física
revigorante e com um menor risco.
A natação é uma das modalidades esportivas especialmente
recomendadas. Ela serve ao enrijecimento, estimula a circulação, exige de
forma variada a musculatura, treina a coordenação e a resistência.
Aliviando o aparelho locomotor e de apoio – o impulso da água reduz o
peso de, por exemplo, 70 – 80 Kg para cerca de 6,5 – 7,5 Kg. A natação é
apropriada principalmente para pessoas com problemas ortopédicos ou com
excesso de peso.

Gestantes

Natação é uma boa opção para a atividade física de gestantes. A água


facilita a atividade física porque reduz a dificuldade do peso extra adquirido na
gravidez. A natação durante a gravidez melhora a circulação, a força e a
resistência muscular, melhora a qualidade do sono e aumenta o gasto calórico,
evitando o ganho excessivo de peso.
O início dessa prática depende apenas do médico e das condições
físicas da mulher. Apenas em casos de gravidez de risco é que a natação bem
como qualquer outro tipo de atividade física não é permitida. Porém, vale
lembrar que as mulheres só podem iniciar as atividades físicas após o terceiro
mês de gestação, quando completar o desenvolvimento do feto.
Esse esporte além de manter a forma durante a época da gestação, tem
também a função relaxante e terapêutica. As mulheres costumam ficar mais
frágeis nesse período e a natação além de ser um exercício terapêutico, auxilia
também a manter a forma durante e após a gravidez.

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Os movimentos pélvicos e o controle da respiração preparam o corpo
para o trabalho do parto.
O nado borboleta não é recomendado, pois o peso da barriga e os
movimentos ondulatórios do corpo podem prejudicar a coluna. Exercícios que
estimulem a apneia também não são recomendados, assim como os
mergulhos.

Também é adequado que as mulheres deem uma pausa na atividade


pelo menos três dias antes de ter o bebê, para evitar infecções. O contato com
a água da piscina no final da gravidez pode facilitar a ocorrência de algum
processo infeccioso, mas quanto ao exercício em si, não tem problema
nenhum.

Bronquite e Asma

Quantas vezes você já ouviu alguém falar que o médico recomendou


algum conhecido praticar natação, pois este era portador de uma doença
respiratória?
Quem pratica a natação apresenta melhora considerável na função
cardiorrespiratória mais do que pessoas que praticam qualquer outro exercício.
Por isso é bastante recomendada pelos médicos para tratar de doenças
respiratórias, como asma e bronquite.
Por tudo isso que esse esporte é considerado um coadjuvante no
tratamento dessas doenças, pois seus praticantes conseguem adquirir um bem
estar físico e psíquico, com consequente melhora da qualidade de vida.
As pessoas tanto com asma quanto bronquite, possuem uma menor
capacidade respiratória, com fraqueza muscular nos chamados músculos
respiratórios (tórax).
Estar com o rosto ora dentro e ora fora d'água, permite um melhor
controle respiratório. Implica que o aluno é obrigado a controlar a respiração
corretamente e isso melhora a capacidade de absorção de oxigênio nas
células.
Além disso, a pressão da água exerce uma determinada força na
pessoa. Os movimentos dos braços favorecem a expansão da caixa torácica e
também o fortalecimento da musculatura dorsal. Por isso, o indivíduo vai notar
uma melhora significativa na postura.

Boa sorte e Sucesso!


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