Você está na página 1de 29

SÍNTESE NEOCLÁSSICA:

MODELO IS-LM E DEMANDA AGREGADA

Macroeconomia I - 2023.2
Prof. Felipe Cruz
Formalização simples da IS Lopes & Vasconcellos (2008)
Dornbusch et al. (2013)

Considere uma economia fechada.

Se d for grande,
um pequeno
aumento em i
gera uma grande
redução em I. ● em que é o nível de
gastos autônomos.
● d = coeficiente que mede a sensibilidade do ● inclinação da IS depende do multiplicador (𝛼)
investimento em relação à taxa de juros. e da elasticidade-juros dos gastos com
Relação IS investimento (d).

Rearranjando a equação IS:

● para uma dada mudança em Y, a variação em


i será maior conforme 𝛼 e d forem menores.
multiplicador = 𝛼
Taxa de juros e inclinação da IS DA
B’

B
Considere a situação em que o investimento é muito
sensível à taxa de juros (d grande).
A
● uma mudança na taxa de juros gera uma grande
variação na demanda agregada e, assim, desloca 45°

bastante essa curva para cima (curva cinza Y


tracejada no gráfico). i

● uma grande variação na curva de demanda


agregada gera uma grande variação A
correspondente na renda de equilíbrio e, assim, a
curva IS será mais plana (menos inclinada). B’
IS’
● se d for pequeno e o gasto com investimento for B

menos sensível à taxa de juros, a curva IS será IS


relativamente íngreme (mais inclinada). Y
Multiplicador e inclinação da IS DA B’
DA’

B
DA
● propensão marginal a consumir e multiplicador são
menores nas curvas amarelas contínuas de demanda
A’
agregada (menos inclinadas).

● redução na taxa de juros aumenta o intercepto de A


ambas as curvas de demanda agregada pela mesma Y
distância vertical, porém a mudança na renda é i
diferente, sendo maior na curva cinza tracejada.

● quanto maior for o multiplicador (curva de demanda A’


agregada mais inclinada), maior será a variação na A
renda gerada por uma mudança no juros e, portanto, B’
B IS’
mais plana (menos inclinada) será a IS.
IS
● política fiscal pode afetar k por meio da alíquota de
impostos: quanto maior t, mais inclinada a IS. Y
Deslocamento da curva IS DA

B
Suponha um aumento nos gastos autônomos (A).

● ex: maior confiança dos A


consumidores/empresários eleva
45°
consumo/investimento autônomo;
aumento nos gastos ou transferências do Y
governo. i

● curva de demanda agregada se desloca


para cima, aumentando o nível de renda de A B
equilíbrio para uma determinada taxa de
juros ⇒ IS se desloca para a direita.

Y
Formalização simples da LM Lopes & Vasconcellos (2008)
Dornbusch et al. (2013)

Considere uma função demanda por moeda Inclinação da LM é dada por e/f.
linear:
● inclinação será maior (LM será mais vertical)
quanto maior a resposta da demanda por
● e = sensibilidade da demanda por moeda moeda em relação à renda (e), e quanto
em relação à renda; menor em relação à taxa de juros (f).

● f = sensibilidade da demanda por moeda em ● se a demanda por moeda for insensível à taxa
relação à taxa de juros. de juros, f se aproximará de zero e a LM será
vertical.
Relação LM
● do contrário, se a demanda por moeda for
intercepto bastante sensível à taxa de juros, f será muito
grande e a LM será plana.
Suponha que a demanda por moeda seja bastante
sensível à renda. Um aumento da renda desloca

Renda e a inclinação da LM bastante a curva de demanda por moeda para


cima, exigindo uma maior subida dos juros para
compensar o motivo transação. A LM é, portanto,
mais inclinada (vertical).

i i

LM’
B’ B’
LM
B B

A A

Y
Suponha que a demanda por moeda seja bastante sensível
à taxa de juros. Um pequeno aumento da taxa de juros

Juros e a inclinação da LM exigirá uma grande variação do nível de renda para


compensar a queda do motivo especulação. Isso implica
um deslocamento menor da curva de demanda por moeda
para cima. A LM é, portanto, menos inclinada (mais plana).

i i

B’ LM’

B
LM
A

Y
Considere um aumento na oferta real de
moeda. A curva de oferta de moeda se
Deslocamento da curva LM desloca para a direita, reduzindo a taxa de
juros de equilíbrio para um dado nível de
renda ⇒ LM se desloca para a direita e
para baixo.

i i

LM

A A LM’

B
B

Y
Formalização simples do equilíbrio IS-LM Lopes & Vasconcellos (2008)
Dornbusch et al. (2013)

Relação IS: Alternativamente:


Y depende positivamente
dos gastos autônomos e
Relação LM: do estoque real de moeda.
Relação entre Y e P (DA).
em que:
Substituindo a taxa de juros da eq. LM na eq IS:
● 𝛼 = multiplicador de gastos;
● d = elasticidade-juros do investimento;
● e = elasticidade-renda da demanda de moeda;
● f = elasticidade-juros da demanda de moeda.
Resolvendo para a renda de equilíbrio:
Resolvendo para a taxa de juros de equilíbrio:

i depende negativamente
do estoque real de moeda.
Multiplicador da política fiscal
Dornbusch et al. (2013)

Mostra quanto um aumento de G altera a renda ● 𝛾 é próximo de zero se f (elasticidade-juros da


de equilíbrio, mantendo a oferta de moeda real demanda por moeda) for muito pequeno → caso
constante. em que a LM é mais inclinada (vertical).

● 𝛾 = 𝛼 quando f tende ao infinito ⇒ caso em que a


LM é plana/horizontal (não há crowding-out).

● valores altos de e (elasticidade -renda da demanda


por moeda) e de d (elasticidade-juros de I)
● trata-se do multiplicador fiscal ou de gasto
reduzem o efeito do gasto público sobre Y.
público, considerando o ajuste dos juros.
○ e alto implica grande aumento na demanda
● diferente do multiplicador de gastos (𝛼) que
por moeda diante da subida de Y e,
se aplica quando o juros é constante.
portanto, i tem que subir bastante para
● 𝛾 < 𝛼 ⇒ efeito negativo do aumento dos manter o equilíbrio monetário; se d também
juros diante de uma expansão fiscal. é alto, isso leva a uma grande redução em I.
Multiplicador da política monetária
Dornbusch et al. (2013)

Mostra quanto um aumento na oferta real de moeda ● quanto maiores forem d (elasticidade-juros
altera a renda de equilíbrio, mantendo a política do investimento) e 𝛼 (multiplicador de
fiscal inalterada. gastos), mais expansionista será o efeito de
um aumento na oferta de moeda real sobre
a renda de equilíbrio ⇒ caso em que a IS é
bastante plana/horizontal.

● quanto menores forem e (elasticidade-renda


da demanda por moeda) e f (elasticidade-juros
da demanda por moeda), mais expansionista
será o efeito de um aumento na oferta de
moeda real sobre a renda de equilíbrio.
Eficácia da política monetária

Quanto mais inclinada for a curva IS, menor a variação da renda decorrente de uma política monetária
pura. Isso corresponde a uma elasticidade-juros do gasto com investimento e a um multiplicador baixos.

Cenário 1 Cenário 2

Taxa de juros taxa de juros

A
A
B B

Y Y
Eficácia da política monetária
Quanto menos inclinada for a curva LM, menor a variação da renda decorrente de uma política monetária
pura. Isso corresponde a uma elasticidade-juros da demanda por moeda alta. Como o deslocamento
horizontal é o mesmo nos dois casos, a elasticidade-renda da demanda por moeda também é a mesma.

Cenário 3 Cenário 4

Taxa de juros taxa de juros

A
A
B

Y Y
Mecanismo de transmissão da política monetária
Dornbusch et al. (2013)

Primeiro, a mudança nos saldos reais, ao provocar Se os desequilíbrios de portfólio não levam a
desequilíbrios de portfólio, deve levar a uma mudanças significativas nas taxa de juros ou se o
mudança nas taxas de juros. Segundo, essa mudança gasto não responde a mudanças nas taxas de
nas taxas de juros deve modificar a demanda juros, a relação entre moeda e produto deixa de
agregada. existir.

(1) (2) (3) (4)

Alteração na oferta Os ajustes de Os gastos se ajustam O produto se ajusta


real de moeda portfólio levam a à variações nas taxas à variação na
uma mudança nos de juros demanda agregada
preços dos ativos e
nas taxas de juros
Eficácia da política fiscal
Quanto menos inclinada for a curva IS, menor a variação da renda decorrente de uma política fiscal pura.
Isso corresponde a uma elasticidade-juros do gasto com investimento alta. Como o deslocamento
horizontal é o mesmo nos dois casos, o tamanho do multiplicador também é o mesmo.

Cenário 1 Cenário 2

Taxa de juros taxa de juros

B
B
A

Y Y
Eficácia da política fiscal
Quanto mais inclinada for a curva LM, menor a variação da renda decorrente de uma política fiscal pura.
Isso corresponde a uma elasticidade-juros da demanda por moeda baixa e a uma elasticidade-renda da
demanda por moeda alta.

Cenário 3 Cenário 4

Taxa de juros taxa de juros

B
B
A A

Y Y
Eficácia das políticas econômicas: síntese

Política fiscal mais eficaz Política monetária mais eficaz

Menos inclinada (mais plana) Mais inclinada (mais íngreme)


● Elasticidade-renda da demanda ● Elasticidade-renda da demanda
Curva LM por moeda mais baixa; por moeda mais alta;
● Elasticidade-juros da demanda ● Elasticidade-juros da demanda
por moeda mais alta. por moeda mais baixa.

Mais inclinada (mais íngreme) Menos inclinada (mais plana)


● Multiplicador menor; ● Multiplicador maior;
Curva IS
● Elasticidade-juros do ● Elasticidade-juros do
investimento mais baixa. investimento mais alta.
Determinantes do efeito deslocamento
Dornbusch et al. (2013)

O que determina a extensão em que os ajustes da Se a demanda por moeda independe da taxa de
taxa de juros atenuam a expansão do produto juros (LM vertical), há um único nível de renda em
induzida pelo aumento do gasto público? que o mercado monetário fica em equilíbrio.

● a renda aumenta mais e as taxas de juros, ● aumento de G não não muda Y, apenas
menos, quanto mais plana for a curva LM. eleva os juros de equilíbrio.

● a renda e a taxa de juros aumentam menos ● como os gastos governamentais são


quanto mais plana for a curva IS. maiores e o produto permanece inalterado,
deve haver uma redução compensatória no
● a renda e a taxa de juros aumentam mais
gasto privado.
quanto maior for o multiplicador dos gastos e,
portanto, quanto maior o deslocamento ● assim, o aumento dos juros desloca um
horizontal da curva IS. montante de gasto privado (principalmente
investimento) igual ao aumento de G.
Caso clássico: crowding-out total
Dornbusch et al. (2013)

i i

B B

A A

Y Investimento
Efeito deslocamento no curto prazo
Dornbusch et al. (2013)

Curto prazo: economia com preços dados e operando ● além disso, autoridades podem
abaixo do pleno emprego. Sob expansão fiscal, empresas acomodar a expansão fiscal por um
podem aumentar produção e contratar mais pessoas. aumento na oferta de moeda
evitando qualquer deslocamento.
● se o emprego é pleno, expansão fiscal induz subida
dos preços; isso reduz a oferta real de moeda, o que A política monetária é acomodativa
desloca LM para a esquerda, aumentando os juros quando, no curso de uma expansão fiscal,
até que o aumento da demanda agregada seja a oferta de moeda é elevada para evitar o
totalmente deslocado. aumento das taxas de juros. A
acomodação monetária também é
● se há desemprego, o efeito deslocamento é parcial:
chamada de monetização dos déficits
poupança aumenta devido à expansão da renda, o
orçamentários.
que possibilita financiar um déficit orçamentário
maior sem deslocar completamente o gasto
privado.
Efeitos de políticas econômicas: resumo

Política ou evento econômico Qual curva desloca-se? Taxa de juros Renda agregada

Aumento do gasto público IS para a direita Aumenta Aumenta


Redução do gasto público IS para a esquerda Diminui Diminui
Aumento de impostos IS para a esquerda Diminui Diminui
Redução de impostos IS para a direita Aumenta Aumenta
Aumento na confiança do consumidor IS para a direita Aumenta Aumenta
Queda na confiança do consumidor IS para a esquerda Diminui Diminui
Melhora das expect. de investimento IS para a direita Aumenta Aumenta
Piora nas expectativas de investimento IS para a esquerda Diminui Diminui
Aumento da oferta de moeda LM para a direita Diminui Aumenta
Diminuição da oferta de moeda LM para a esquerda Aumenta Diminui
Diminuição do compulsório bancário LM para a direita Diminui Aumenta
Aumento do compulsório bancário LM para a esquerda Aumenta Diminui
Como atingir o pleno emprego?
Dornbusch et al. (2013)

Deve ser feita uma expansão fiscal, movendo-se para Conservadores preferem cortes de impostos;
o ponto B com maior renda e juros mais altos? Ou lobistas preferem juros mais baixos
deve ser feita uma expansão monetária, movendo-se acompanhados de subsídios ao investimento etc.
para o ponto B’, alcançando o pleno emprego com
juros mais baixos? Ou, ainda, deve-se escolher uma
expansão fiscal com uma política monetária Taxa de juros
acomodativa?

● trata-se de um problema de economia política: B


quem deve obter o principal benefício? A
● expansão deve ocorrer por meio de uma
redução nos juros e aumento no investimento, B’
de um corte nos impostos e aumento no
consumo ou deve assumir a forma de um
aumento no tamanho do governo? Y
Taxa de juros
Demanda agregada: derivação
B
A curva de demanda agregada representa os níveis de
A
equilíbrio IS-LM, mantendo os gastos autônomos e a
oferta nominal de moeda constantes e permitindo que
os preços variem.

● variável P já aparece no comportamento do Y


estoque real de moeda. P

● um nível de preços mais alto significa uma oferta


real de moeda menor, uma curva LM deslocada B
para a esquerda e uma demanda agregada
menor. A

● ao longo da curva de DA, tanto o mercado de DA


bens quanto o mercado monetário estão em
equilíbrio. Y
Demanda Agregada
Lopes & Vasconcellos (2008)

Sua inclinação depende dos mesmos fatores que ● variações em P provocam movimentos ao
determinam a eficácia da política monetária, longo da curva de DA; já variações em M
refletindo o impacto da oferta de moeda real sobre provocam deslocamentos da curva de DA.
o nível de renda, ou seja, a variação da renda
● dado o estoque nominal de moeda, uma
provocada por um deslocamento da curva LM.
queda no nível de preços induzirá uma
● elasticidade-juros da demanda por moeda (f) + queda na taxa de juros e uma ampliação do
elasticidade-juros do investimento (d) + investimento, aumentando a quantidade
multiplicador. demandada.

● quanto maior f, e quanto menor d, maior será a ○ ao longo da curva de DA, maiores
inclinação da demanda agregada, isto é, menor níveis de renda estão associados a
será a resposta da quantidade demandada a menores taxas de juros
uma variação do nível de preços. acompanhando a queda dos preços.
Taxa de juros
Expansão monetária e DA
A
Ao se ampliar o estoque nominal de moeda para
B
qualquer nível dado de preços, a taxa de juros se
reduz, uma vez que aumenta o volume real de
moeda → LM se desloca para a direita.

● assim, o investimento se amplia para cada Y


nível de preços, pois a estes níveis estão agora P
associadas taxas de juros menores, o que
desloca a curva de DA para a direita.

Política monetária: na nova curva de DA, temos


taxas de juros menores (maiores) associadas a um A B
mesmo nível de renda, ou seja, o crescimento
(redução) da demanda se dá com um aumento
(queda) do investimento.
Y
Taxa de juros
Expansão fiscal e DA
B
Ao se ampliar os gastos do governo, a curva IS se
desloca para a direita. Considerando dado nível de A
preços, isto é, dada a curva LM, o efeito dessa política é
uma elevação da renda e da taxa de juros.

● para qualquer nível de preços, um aumento nos Y


gastos autônomos faz com que a quantidade P
demandada se amplie → curva de DA se desloca
para a direita.

Política fiscal expansionista: para qualquer nível de


preços, na nova curva de DA, temos taxas de juros mais A B
elevadas associadas aos respectivos níveis de renda, ou
seja, o crescimento da renda se faz acompanhado de
maior participação do setor público na demanda.
Y
Taxa de juros
Efeito Pigou e DA

Considere agora que, além da renda disponível, o B


B’
consumo também dependa do estoque real de A
riqueza.

● ao tomarmos o volume real de moeda como


parte da riqueza e esta última como variável Y
explicativa do consumo, os saldos reais P
passam a influir também na IS, além da LM. Com efeito
Pigou, a DA
● queda no nível de preços desloca a LM para a A tende a ser mais
horizontal.
direita, como visto. Porém, como o aumento
B
dos saldos reais amplia a riqueza dos DA com efeito Pigou
indivíduos e, assim, o consumo autônomo, a IS B’
também é deslocada para a direita, ampliando DA sem efeito Pigou
o impacto expansionista da redução de P.
Y
Referências

DORNBUSCH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
Capítulos 10 e 11.

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (Orgs.). Manual de Macroeconomia: Nível Básico e Nível


Intermediário. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Capítulo 5.

Você também pode gostar