Você está na página 1de 21

Técnico de Informática de Gestão

ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira é um dos objectivos da função financeira, a qual, por sua


vez, se insere na gestão financeira e global da empresa.

FUNÇÃO FINANCEIRA

Secção (função) da empresa onde se processa a análise e gestão financeira


e económica da empresa e está inter-relacionada com as restantes funções da
empresa. A sua importância e dimensão dependem da dimensão da própria empresa,
isto é, pode possuir um organigrama muito complexo ou pelo contrário ser
desempenhado apenas por um funcionário.

Como qualquer empresa tem de enfrentar o meio envolvente, a função


financeira deve:
 Conhecer os pontos fortes e fracos da empresa para mais facilmente atenuar
os efeitos negativos de cada ameaça e ampliar os efeitos positivos de cada
oportunidade;
 Hierarquizar as ameaças e oportunidades;
 Conhecer a concorrência – identificação e caracterização da concorrência;
 Comparação da concorrência com o desempenho da própria empresa.

GESTÃO FINANCEIRA

Conjunto de tarefas que tem como objectivo analisar os problemas financeiros


da empresa, de modo a assegurar racionalmente os recursos que lhe são
indispensáveis.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 3


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Tarefas:
- Determinar as necessidades de fundos;
- Obter os recursos de forma rentável;
- Aplicar os recursos obtidos (tornar rentável o capital);
- Efectuar o seu controlo;
- Manter o equilíbrio financeiro;
- Analisar a situação económica e financeira da empresa;
- Promover o crescimento;
- Prever o risco.

ANÁLISE FINANCEIRA

É um processo que baseado num conjunto de técnicas tem por finalidade


avaliar e interpretar a situação económica e financeira da empresa. Estas técnicas
serão abordadas nos pontos seguintes do módulo.

8.1. – Demonstração de Resultados e Balanço

 DOCUMENTOS BASE

Independentemente dos objectivos que levam a que se faça a análise financeira


de uma empresa, todos os analistas utilizam um conjunto de técnicas que se baseiam
em dois tipos de material:

 Material de carácter contabilístico:

 Balanço
 Demonstração de Resultados
 Contas de Exploração (empresas industriais)
 Anexo ao balanço e demonstração de resultados:
o Demonstração de Resultados por Funções
o Relatórios com outras informações de carácter
contabilístico
 Mapa de Origem e Aplicação de Fundos
 Relatórios do Conselho de Administração e Conselho Fiscal.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 4


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

 Material de carácter extracontabilístico:

 Conjunto de informações relacionadas com o sector de


actividade em que a empresa está inserida, tais como:
gestão, produção, vendas, estrutura financeira e legislação.

BALANÇO

Documento base da contabilidade (leccionado no módulo 6) que pode ser


analisado segundo duas ópticas:
- para o jurista representa a situação patrimonial num dado momento;
- para o economista representa a estrutura financeira num dado momento.

É um documento estático porque apenas espelha a situação da entidade


num único momento.

Esquemas de balanços:

► Balanço contabilístico - óptica patrimonial

Balanço de ..... em ............


ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO

Imobilizado
PASSIVO
Dívidas a Terceiros Médio e
Longo Prazo
Circulante
Dívidas a Terc. Curto Prazo

► Balanços para análise financeira - óptica de gestão

Balanço de ....... em .............

Capital Fixo Capitais Permanentes

Capital Circulante Exigível de Curto Prazo

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 5


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Balanço de ....... em .............

Aplicação de Fundos Origem de Fundos

Balanço de ....... em .............

Investimentos Fontes de Financiamento

Nota: Cada rubrica do balanço pode estar (normalmente está)


subdividida em Contas (POC).

Relação entre rubricas:

1º membro do balanço

IMOBILIZADO = CAPITAL FIXO

CIRCULANTE = CAPITAL CIRCULANTE

ACTIVO = APLICAÇÃO DE FUNDOS = INVESTIMENTOS

2º membro do balanço

CAPITAL PRÓPRIO + DÍVIDAS A TERCEIROS MÉDIO E LONGO PRAZO = CAPITAIS PERMANENTES

CAPITAL PRÓPRIO + PASSIVO = ORIGEM DE FUNDOS = FONTES DE FINANCIAMENTO

DÍVIDAS A TERCEIROS ….. PRAZO = EXIGÍVEL DE ….. PRAZO

DEMONSTRAÇÃO DA ORIGEM DE APLICAÇÃO DE FUNDOS (DOAF)

A DOAF é um quadro contabilístico (mapa) elaborado com os valores


resultantes da comparação de dois balanços contabilísticos.

Permite evidenciar a evolução das diferentes rubricas que compõem o Balanço,


isto é, permite a análise comparativa das variações patrimoniais ocorridas entre
balanços sucessivos.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 6


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
Trata-se de uma demonstração financeira que permite dar resposta, entre
outras, às seguintes questões:
- Que investimento se fez no período?
- Como foi financiado esse investimento?
- Os lucros apurados foram distribuídos?
- Que papel é que teve o autofinanciamento?
- Qual o aumento ou diminuição do fundo de maneio?

Constituem origens de fundos os aumentos do Passivo (P) e do Capital Próprio


(CP) e as diminuições do Activo (A).

Origens de Fundos => +P ; +CP; -A

Constituem aplicações de fundos os aumentos do Activo (investimentos) e as


diminuições do Passivo e do Capital Próprio.

Aplicações de Fundos => +A; -P; -CP

Como foi referido anteriormente, a DOAF é elaborada com os valores obtidos da


comparação, rubrica a rubrica, de dois balanços sucessivos. Pode ser apresentado
num mapa global ou subdivido em dois mapas a seguir referidos:

 Mapa da Variação dos Fundos Circulantes, com valores referentes ao curto


prazo, isto é:
 a Origem de fundos resulta dos aumentos das contas do Passivo
de curto prazo e das diminuições do Activo circulante;
 a Aplicação de fundos resulta dos aumentos das contas do
Activo circulante e das diminuições do Passivo de curto prazo.

 Mapa da Origem e Aplicação de Fundos, com valores referentes ao médio e


longo prazo, isto é:
 a Origem de fundos resulta dos aumentos das contas do Capital
Próprio e do Passivo de médio e longo prazo e das diminuições
do Activo fixo e Dívidas de terceiros de médio e longo prazo;

 a Aplicação de fundos resulta dos aumentos das contas do


Activo fixo e das Dívidas de terceiros de médio e longo prazo e
das diminuições do Capital Próprio e Passivo de médio e longo
prazo.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 7


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Modelos simplificados:

Mapa de Variação de Fundos Circulantes (VFC)


Aplicação dos Fundos Origem dos Fundos
Aumentos das existências Diminuições das existências
Aumentos de dívidas de 3ºs C. P Diminuições de dívidas de 3ºs C. P
Diminuições de Dívidas a 3ºs C. P. Aumentos de Dívidas a 3ºs C. P.
Aumentos de Disponibilidades Diminuições de Disponibilidades

Subtotal Subtotal
Diminuição dos Fundos Circulantes ou Aumentos dos Fundos Circulantes
Total Total

Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (OAF)


Origem dos Fundos Aplicação dos Fundos
Internas Distribuições
± R. L. Exercício Por aplicação de resultados
Amortizações Por aplicação de reservas
±Variação Ajustamentos Diminuições dos Capitais Próprios
Externas Diminuição de capital e prest. supl.
Aumentos de Capitais Próprios Movimentos Financ. a M. L. Prazo
Movimentos Financ. a M. L. Prazo Aumentos de Inv. Financeiros
Diminuições de Inv. Financeiros Aumentos de Dívidas de Terceiros
Diminuições das Dívidas de Terc. Diminuição de Dívidas a Terceiros
Aumentos das Dívidas a terceiros Aumentos do Imobilizado
Diminuições de Imobilizado Aquisição de imobilizações
Cessão de Imobilizações (v.cont) Trabalhos para a próprio empresa

Subtotal Subtotal
Diminuição dos Fundos Circulantes ou Aumentos dos Fundos Circulantes
Total Total

Não constituem nem origem nem aplicação de fundos as seguintes


transferências:
 De imobilizações em curso para outras contas do Balanço;
 De resultados para reservas;
 De resultados líquidos para resultados transitados;
 A cobertura de prejuízos por reservas existentes;
 A integração de reservas no capital.

A diferença entre a Origem de Fundos e a Aplicação de Fundos – Diminuição ou


Aumento de Fundos – é igual nos dois mapas. Para que seja visualizada no mesmo
membro dos mapas alteram-se as rubricas. No primeiro membro da VFC ficam as
Aplicações de Fundos mas na OAF ficam as Origens de Fundos.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 8


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

8.2. – Gestão de Tesouraria

Qualquer empresa estabelece planos a longo, médio e curto prazo. Os objectivos,


as estratégias e os programas definidos nos diferentes planos são traduzidos para
orçamentos que, para cada actividade programada, apresentam os custos e os
proveitos daí decorrentes. Este trabalho é feito com base em elementos reais e com
apoio no passado da empresa, no nível de actividade pretendida e em outras
informações (estudos de mercado, estudos técnicos, etc).

ORÇAMENTO DE TESOURARIA

Cada função da empresa elabora programas e orçamentos e pela análise de


todos os orçamentos a empresa prevê os pagamentos e recebimentos que tem de
efectuar em cada período decorrentes da actividade de exploração. É o orçamento de
tesouraria.

O orçamento de tesouraria é um mapa previsional dos meios de pagamento


(tesouraria) cujo objectivo é verificar se a empresa tem liquidez suficiente para liquidar
as dívidas actuais e futuras.

A análise deste orçamento permite determinar os períodos (normalmente meses)


em que a tesouraria se encontra a descoberto (negativos), sendo necessário recorrer a
formas de financiamento. Com base nesse conhecimento é possível calcular estudar as
formas e tipos de financiamento mais convenientes, montantes e prazos. Do mesmo
modo, o mapa revela os períodos com saldo positivos que, se forem em excesso,
podem ser investidos

ORÇAMENTO FINANCEIRO

No orçamento financeiro estão previstas as todas as entradas e saídas de


dinheiro, isto é, resultantes tanto da exploração como dos investimentos realizados. De
acordo com este plano, pode prever-se a necessidade ou não de aumentos de capital e
de empréstimos ou de suprimentos.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira 9


Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Segundo a dimensão da empresa e os objectivos pretendidos, estes mapas


previsionais podem ser mensais ou para vários anos sucessivos e mais sintéticos ou
analíticos.

Exemplo de um modelo simplificado com os dois orçamentos

PLANO (ORÇAMENTO) DE TESOURARIA E FINANCEIRO


Descrição Ano (ou Mês) Ano (ou Mês) Ano (ou Mês)
n n+1 n+2 …
1. Recebimentos
Vendas a pronto
Outros recebimentos
Total recebimentos
2. Pagamentos
Compras
FSE
Pessoal
Impostos
Encargos financeiros
Investimentos
Outros pagamentos
Total pagamentos
3. Tesouraria Global (1-2)
4. Disponibilidades iniciais
5. Origens de fundos
Financiamentos
Reembolso de aplicações
6. Aplicações de fundos
Aplicações
Reembolso de empréstimos
7. Disponibilidades finais

Nota: as disponibilidades finais de um período são as disponibilidades iniciais do


período seguinte.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


10
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
8.3. – Dinâmica Orçamental

Chama-se Gestão Orçamental ao tipo de gestão que se caracteriza por planificar


sistematicamente as actividades a desenvolver pela empresa e que se traduz, no curto
prazo, pela existência de um orçamento anual que fixa para cada unidade de
gestão, em quantidade, valor e prazo os meios a utilizar e os proveitos ou
operações a realizar.

Orçamentar - gerir numa lógica de futuro.


Exige:
 O prognóstico;
 A fixação de objectivos;
 A definição de programas.

Em termos de sequência a elaboração de orçamentos pode sintetizar-se em:


a) Orçamento de exploração;
b) Orçamento de Investimento;
c) Orçamento de Tesouraria e Financeiro.

Esquema:
Partindo-se de um determinado volume de negócios a realizar em cada
exercício económico, a Função Comercial define as quantidades a vender e os
serviços a prestar, faz o Orçamento de Vendas. Esta informação é transmitida à
Função Produção que faz o seu próprio plano, o Orçamento de Produção. Este
reflecte as necessidades de materiais, bens e serviços a adquirir, informação
transmitida à Função Aprovisionamento, que também fará o seu orçamento, o
qual englobará o Orçamento de Compras. Da junção dos diferentes orçamentos
a Direcção analisará e planificará os investimentos a efectuar, elaborando o
Orçamento de Investimentos que por sua vez se irá reflectir no Orçamento de
Tesouraria e Financeiro.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


11
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
O controlo orçamental constitui um instrumento de acompanhamento dos
objectivos e dos meios definidos no orçamento, assumindo um papel activo no
processo da gestão orçamental e da responsabilização.

A comparação entre as realizações e os orçamentos, evidenciando os desvios


não constitui um fim em si, mas um meio para avaliar desempenhos e apoiar a tomada
de decisão de medidas correctivas.

8.4. – Conceitos de Indicadores de Gestão

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE

Existem vários métodos e técnicas que podem ser utilizados para se efectuar
análise financeira e que permitem observar se a empresa tem capacidade para solver
os seus compromissos à medida que se forem vencendo.

Dos métodos e técnicas de análise são fundamentais:

 Indicadores de gestão;

 Margem comercial ou resultado bruto;

 Margem industrial;

 Valor acrescentado;

 Fundo de maneio;

 Equilíbrio financeiro;

 Comparações sucessivas;

 Rácios (Indicadores).

INDICADORES DE GESTÃO

Valores obtidos pela comparação de rubricas de peças contabilísticas de anos


sucessivos que, em conjunto com outros, servem para se efectuar a análise financeira
da empresa.
Exemplo: vendas; capital; resultados, n.º trabalhadores, ...

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


12
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

COMPARAÇÕES SUCESSIVAS

As comparações sucessivas servem para dar uma visão rápida da evolução da


empresa e da sua situação ao longo dos anos em análise. Estas comparações são
efectuadas com base em documentos contabilísticos relativos a 2 ou mais anos.

As comparações podem ser apresentadas com:


 valores reais (absolutos);
 valores em percentagens;
 gráficos.

Normalmente são apresentadas comparações de balaços e faz-se sempre a


comparação da mesma rubrica entre anos sucessivos. Pode ser mais ou menos
pormenorizada, não existindo mapas oficiais.

Exemplo de um modelo de mapa para comparação em valores absolutos:

Rubricas Ano n-1 Ano n Comparação


Aumento Diminuição

MARGEM COMERCIAL

Calcula-se nas empresas comerciais, empresas que adquirem mercadorias para


as revender sem lhes efectuar qualquer transformação.

Margem comercial = Vendas – Custo Mercadorias Vendidas

A relação Margem Comercial ÷ Vendas de mercadorias mede a margem


obtida pela empresa na venda das suas mercadorias. Quanto mais esta relação se
aproxima de 1 maior a margem do comerciante.

MARGEM INDUSTRIAL

Calcula-se nas empresas industriais, isto é, as empresas que produzem os


artigos que vendem.

A alteração em relação à margem comercial está na substituição do custo das


mercadorias vendidas pelo custo e produção.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


13
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

VALOR ACRESCENTADO (VA)

Mede a riqueza criada pelo conjunto de actividades da empresa e a contribuição


da empresa para a economia do país.

É calculado com recurso à demonstração de resultados (leccionada no módulo


6) e pode ser apresentado segundo a óptica de produção ou óptica de repartição.

* na óptica de produção

VA = Somatório contas 71 a 75 – Somatório contas 61 a 631

61 Custo Merc. Vend. Mat. Cons. 71 Vendas


62 Fornecim. Serviços Externos 72 Prestação de Serviços
631 Impostos Indirectos 73 Prov. Suplementares
74 Subsídios à Exploração
75 Trabalhos para a Própria Emp.

*na óptica de repartição

Obtém-se através das restantes rubricas da demonstração de


resultados.

VA = (Somatório contas 632 a 69 + RLE) – Somatório contas 76 a 79

632 Impostos directos 76 Outros Proveitos Operacionais


64 Custos com Pessoal 78 Proveitos Ganhos Financeiros
65 Outros Custos Operacionais 79 Proveitos Ganhos
66 Amortizações do exercício Extraordinários
67 Provisões e Ajustamentos
68 Custos Perdas Financeiros
69 Custos Perdas Extraordinários
88 Resultado Liquido Exercício

O valor acrescentado é um importante indicador de gestão quando relacionado


com outros valores (com o volume de negócios, o capital, o número de trabalhadores).

FUNDO DE MANEIO

Representa a margem de segurança da empresa e é constituída por elementos


patrimoniais que se transformam com alguma facilidade em disponibilidades.

Fundo Maneio = Capitais Permanentes - Activo Fixo

Fundo Maneio = Activo Circulante - Dívidas a 3ºs C. Prazo

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


14
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Representação gráfica:

Capitais Fundo de Maneio


Activo Ou
Activo Fixo Permanentes
Circulante Necessidades de
Fundo de Maneio
(Cap. Próprio.
Fundo de + Div.a Dívidas a
Maneio M.L.P.) Terceiros Curto
Prazo

Activo Fixo
Capitais Permanentes
Fundo
Maneio
Activo Circulante
Dívidas a Terceiros Curto
Prazo

EQUILÍBRIO FINANCEIRO

Este tipo de análise permite saber se a empresa é solvente, isto é, se consegue


de fazer face aos seus compromissos. Para isso, compara-se:

- o grau se exigibilidade dos recurso à disposição da empresa;


- o grau de liquidez das aplicações (capacidade de as transformar em dinheiro).

Recorre-se ao Fundo de Maneio para esta análise.

Regra do equilíbrio financeiro mínimo - os recursos utilizados para financiar


um activo devem manter-se à disposição da empresa por um período, pelo menos,
igual à duração desse activo .

Activos a mais de um Financiados por capitais


ano permanentes
Capitais Permanentes ≥ Capital Fixo

Activos a menos de Financiados por dívidas a


um ano menos de um ano
Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira
15
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Activo Circulante ≥ Dívidas a Terceiros Curto Prazo

RÁCIOS

Os rácios ou indicadores constituem a técnica mais utilizada em análise


financeira. Existem várias entidades que fornecem, por vezes, rácios de referência de
índole comercial e financeira.

O rácio é uma razão (quociente) entre duas grandezas que têm relação entre si
e que permitem medir determinadas características da empresa e fazer comparações
no tempo e no espaço.

De todos os métodos de análise, este é o mais fácil de construir, o mais prático e


o mais rico em conclusões, já que permite:

 Obter informações sintéticas sobre aspectos que interessam na gestão


empresarial;
 Comparar valores assumidos no tempo pelo mesmo indicador na
empresa e, ainda, com valores-padrão a nível sectorial e/ou nacional;
 Tirar conclusões sobre os fenómenos em estudo.

Apesar das enormes vantagens existem também limitações que se devem ter
em conta quando se faz a sua análise, uma vez que, são um simples instrumento,
quantificam factos, apontam indícios e detectam anomalias, mas não explicam as
causas.

Os principais rácios podem agrupar-se em:


 financeiros
 económicos
 económico-financeiros
 de Bolsa

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


16
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Rácios Financeiros
Rácios de
liquidez

Rácios de
estrutura

- Rácios de estrutura
Medem a capacidade da empresa em satisfazer os seus compromissos de
médio e longo prazo. Comparam os fundos fornecidos pelos accionistas com os fundos
obtidos junto dos credores. Dependem da capacidade da empresa em obter lucros e do
grau de cobertura do Activo por Capitais Próprios

Rácio Cálculo Interpretação


Expressa a capacidade da
empresa solver os seus
compromissos com terceiros nas
datas previstas.
Solvabilidade
Total Capital Próprio ÷ Passivo <1 a empresa não tem capacidade
de satisfazer as suas obrigações
pelos seus próprios meios.

<0,5 insuficientes/preocupantes.
Indicador complementar ao
anterior. A soma dos dois valores
é igual a 1. Indica o grau de
Endividamento dependência de terceiros.
Passivo ÷ Activo
ou
Dependência <1 O Activo é inferior ao valor das
dívidas a terceiros.
Indicada o grau de
dependência de terceiros.

Autonomia Capital Próprio ÷ Activo 1/3 É considerado um valor


Financeira Líquido bom, valor inferior significa
excessiva dependência de
capitais alheios.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


17
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
<1 Indica que os Capitais
Grau de Permanentes não são suficientes
cobertura do Capitais Permanentes ÷ para cobrir o Activo Fixo. Pode
Imobilizado Activo Fixo relacionar-se com o Fundo de
Maneio.

- Rácios de liquidez

Medem a capacidade da empresa para fazer face às suas obrigações de


curto prazo. Relacionam o Activo Circulante com as Dívidas a Terceiros de Curto
Prazo.

Rácio Cálculo Interpretação


Quanto mais elevado for o rácio
maior será a liquidez. Não é
conveniente uma elevada
liquidez.
Liquidez Geral Capital Circulante ÷ Exigível
Curto Prazo >1 a empresa dispõe de activos
circulantes suficientes para pagar
as dívidas de curto prazo.
Rácio complementar ao anterior
que permite a análise do peso
Liq. Reduzida das Existências no Capital
(Cap.Circ.- Existênc.) ÷ Exig. Circulante.
(Tesouraria) Curto. Prazo
Deve estar situado entre 0,9 e 1,1.
Isoladamente não é de grande
Disponibilidades ÷ Exig.de utilidade pois pode resultar de
Liq. Imediata
Curto Prazo circunstâncias pontuais.

Rácios Económicos

Também designados de rendibilidade e de actividade.

São indicadores relacionados com a aptidão da empresa para produzir


resultados positivos (lucros). De um modo geral, estes rácios relacionam o resultado
com os capitais que os originam.
Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira
18
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Rácio Cálculo Interpretação


Preferido pelos accionistas porque
lhes permite calcular a taxa de
retorno dos capitais investidos.
Indica a capacidade que a
empresa tem de remunerar os
seus capitais.
Quanto maior o rácio maior
Rentabilidade
capacidade de autofinanciamento
dos Capitais (Resultado Líq. Ex. ÷ Capital
(menor dependência de credores).
Próprios Próprio) × 100 Considera-se como valor razoável
para a rendibilidade do capital
investido, um valor pelo menos
igual à taxa de remuneração dos
depósitos a prazo.

Mede o lucro/prejuízo da
Rendibilidade empresa por cada euro vendido.
Líquida das Quanto maior o valor do rácio maior
(Resultado Líq. Ex. ÷
Vendas será o contributo de cada unidade
Vendas) × 100 vendida na formação do resultado.

Mostra o nível de lucro obtido


por cada 100,00€ investidos.
Rendibilidade do Capital Próprio ÷ Activo Total Para garantir uma estrutura
financeira equilibrada deve obter a
Activo Total máxima rentabilidade do Capital
Próprio.

Mede o grau de eficácia de


utilização dos activos e eficiência
Rotação do de trabalho.
Um valor elevada significa boa
Activo Total
Vendas ÷ Activo Total capacidade de trabalho; um valor
baixo pode significar subutilização
dos recursos.

Rotação do Custo Merc. Vend. ÷ Stock Permite verificar quantas vezes


Médio no ano as Existências são
Stock renovadas.
Stock Médio = (Exist. Inicial + Exist.
Final) ÷ 2

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


19
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
Duração Média Indica a duração média dos
das Existências (Existências ÷Vendas) x 365 stocks.

Permite verificar o tempo que em


média a empresa demora a
Prazo Médio de (Saldo Médio Clientes ÷ receber dos seus clientes.
Vendas Anuais) x 365 Está relacionado com a
Recebimentos (in)eficiência do departamento de
(valor expresso em dias) cobranças e do poder negocial da
empresa.
Este indicador deve ser relacionado
com o anterior, devendo ser
Prazo Médio de superior, pois só assim a empresa
(Saldo Médio Fornecedores ÷ estará a ser financiada por
Pagamentos
Compras Anuais) x 365 fornecedores e não a financiar os
clientes.

Rácios Económico-financeiros

Cash - Flow
Significa "fluxo de liquidez", informa como o dinheiro na empresa foi
gerado e aplicado num período económico.

Conceito dinâmico - representa as entradas e saídas de dinheiro num


período económico (resultantes da exploração normal, investimentos e
financiamentos).
Este conceito é muito difícil de medir pelo que se recorre ao termo
estático

Conceito estático - conjunto dos meios libertos pela actividade da


empresa (considera-se que, no período económico em análise, todos os custos
foram pagos e todos os proveitos recebidos).

Cálculo - a partir da demonstração de resultados


Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira
20
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

Resultado Antes dos Impostos


+ Amortizações Nota: As amortizações, os
+ Ajustamentos e provisões ajustamentos e as provisões
= CASH FLOW BRUTO somam-se ao resultado pelo facto
- Imposto Sobre Rendimento de serem custos que não originam
saídas monetárias.
= CASH FLOW LÍQUIDO

Autofinanciamento

Consiste no financiamento obtido como resultado da própria actividade da


empresa, isto é, corresponde aos lucros retidos na empresa após a distribuição
dos lucros pelos sócios.

Cálculo:

Resultado Antes dos Impostos


- Imposto Sobre Rendimento
- Dividendos a pagar
= AUTOFINANCIAMENTO

Relação entre Autofinanciamento e Cash-flow

AUTOFINANCIAMENTO
+ Amortizações
+ Provisões
= CASH FLOW BRUTO
- Imposto Sobre Rendimento
= CASH FLOW LÍQUIDO

Rácios de Bolsa

Estes indicadores interessam, preferencialmente, aos accionistas e investidores,


uma vez que relacionam dividendos, valor de cotação e resultado líquido do exercício.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


21
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO
Relaciona a cotação com o lucro
de cada acção.

PER Quanto maior for o resultado mais


Cotação da acção ÷ Resultado
dificuldade haverá em recuperar o
por acção
capital investido e obtenção de
lucros.
Price Earnings Ratio
Inverso do PER
Dividend Resultado por acção ÷ Cotação
da acção Quanto maior for o PER menor a
Yield rendibilidade do investimento
Taxa de rendibilidade do
investimento

Compara os dividendos com o


Resultado Líquido do Exercício
Dividendos ÷ Resultado Líquido
POR Exercício O coeficiente indica a parte dos
resultados que é distribuída pelos
Playout Ratio accionistas

PAINEL DE GESTÃO

- O Painel de Gestão ou Tableau de Bord é constituído por um conjunto de indicadores


que permitem analisar de uma forma rápida a situação da empresa.

INDICADORES ___/___/_ ___/___/__ ___/___/__


FINANCEIROS

- Fundo de Maneio Patrimonial

- Solvabilidade

- Liquidez Geral

- Liquidez Reduzida

RENDIBILIDADE

- Dos Capitais Totais

- Do Activo Total

- Líquida das Vendas

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


22
Técnico de Informática de Gestão
ORGANIZAÇÃO de EMPRESAS e APLICAÇÕES de GESTÃO

DE ACTIVIDADE

- Rotação do Activo Total

- Rotação média de stock

- Tempo médio de recebimentos

- Tempo médio de pagamentos

DE ANÁLISE GLOBAL

- Valor Acrescentado Bruto

- % dos Custos C/ Pessoal no VAB

- VAB por trabalhador

- Produtividade do trabalho

PONTO CRÍTICO

- Proveitos Operacionais

- Custos Operacionais

- Margem Bruta

- Custos Variáveis

- Custos Fixos

- Ponto Crítico

Quando se faz a análise financeira de uma empresa o analista deve ter na sua posse o
máximo de informação possível e fará um estudo e parecer global, baseando-se em
todos os recursos, e não a análise individual de cada documento.

Módulo 8 – Análise e Gestão Financeira


23

Você também pode gostar