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EXTRA

de
A garota
O cara que roubou meu táxi

Dinah Rodrigues
Copyright © 2022
Capa: Dinah Rodrigues/ Nicole Lima
Diagramação: Dinah Rodrigues
Edição: Dinah Rodrigues

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte dessa obra pode ser reproduzida ou transmitida por
qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico sem a permissão da
autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°


9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Obra de ficção.

Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é


mera coincidência.

SPOILER ALERT
ATENÇÃO OS ACONTECIMENTOS NARRADOS
OCORREM APÓS O FINAL DO LIVRO ‘A GAROTA
(O CARA) QUE ROUBOU MEU TÁXI’, PORTANTO
CONTÉM SPOILERS.
Sinopse
Alguns meses se passaram depois do ‘felizes para sempre’ de
Mav e Summer. E muita coisa mudou na vida deles. Muita coisa,
mesmo!

Esse pequeno ‘Extra’ apresenta como está a vida de SummErick


e serve pra matar a saudade dos ladrões de táxi mais amados do
DinahVerse.
Novembro de 2018

O carro para em frente à mansão em tom pastel. Opulenta e


impressionantemente alta. Como a mente funciona de forma
estranha, a primeira coisa que penso é que meus pais adorariam um
lugar como esse.

Vejo uma mulher andando em direção à entrada. Ela usa o cabelo


em duas cores: rosa e verde. E isso, ironicamente, me faz sorrir em
alívio. A casa pode parecer formal, mas os convidados para esse
coquetel com certeza não são.

Artistas nunca são formais. A gente simplesmente não consegue.

Olho para a minha roupa: um vestido midi marrom, com pequenas


flores, solto. Que ficaria clássico, se não fosse pelo meu par de
coturnos pretos, aqueles lá respingados. Além do meu cabelo, que
está preso num coque qualquer.

— Você está linda.

Olho para Mav, sorrindo fracamente.

— Você sempre diz isso.


— Porque é a verdade.

Inclino a cabeça, ainda tímida com os elogios dele.

— Exceto quando você acabou de acordar, porque ali não tem jeito.
– brinca e eu dou risada, batendo em seu braço.
— Bobo.

Maverick entrelaça nossos dedos e beija o dorso da minha mão.

— Pronta?
— Não. – esfrego minha sobrancelha esquerda. – Talvez eu deveria
esperar um pouco mais. Ainda é ...
— É só um coquetel, Raio de sol. Você vai entrar, beber um drink
com nome fresco e conversar com pessoas do seu ramo. Todas
aquelas coisas de arte que você fala para mim super empolgada e
eu não entendo, nada? Bom, eles entendem.

Sorrio mais uma vez. É sempre assim com Mav. Estou sempre
sorrindo.

Na primeira exposição que participei aqui na Pensilvânia, em abril,


conheci Allegra Elliot, uma pintora referência para mim. Ela era
extremamente conhecida no mundo artístico. Eu mesma tinha lido
uns 4 livros dela. A mulher era um monumento de criatividade e
empenho. Quando ela veio conversar comigo, depois de ver o
quadro que fiz de Mike, meu irmão, eu nem acreditei! Até gaguejei
em nervosismo. Mas Allegra foi dócil e profissional. Trocamos
contato e agora, meses depois, ela havia sido convidada para um
coquetel na casa de amigos também do mundo da arte, e me
mandou um e-mail perguntando se eu desejava participar.

Fiquei muito empolgada! Por tudo o que envolvia, e


principalmente por essa ser uma ótima porta de entrada para
maiores caminhos.

Mas fazia um bom tempo que eu nem saía de casa (fui apenas
para a inauguração do Instituto de Mav, em Portland). Também nem
mexia com nada relacionado ao meu trabalho há meses, tanto que
não sei se conseguiria fazer isso.

— Eu sei. – respondi para Mav. – É uma grande oportunidade


também, mas ... – olhei para o banco de trás e meu coração deu um
salto.

Desde 22 de julho eu não fiquei mais do que 20 minutos longe


dela. Isso só acontecia quando eu estava no banho. Apenas.
Jenna era a minha vida.

E só de pensar em ficar, poucas horas de um coquetel, distante


da minha filha de 4 meses, meu peito doía.

Descobri a gravidez tardiamente, por assim dizer. Meu ciclo


seguiu normal até o 3º mês de gestação, então não senti nada
acontecer. Não tive enjôos, náusea ou cansaço. Nada. Percebi que
havia algo de estranho quando meu sutiã favorito não serviu mais.
Mas meu peso seguia igual. Achei que era loucura, e comentei com
Mav, em meio a risadas. Até que ele ergueu a sobrancelha e disse:
‘Mas e se ...’. Compramos um teste na mesma noite e, surpresa!
Como em tudo na nossa vida.

Ele costumava dizer que se não fosse pela pergunta dele eu seria
um daqueles casos de mulheres que descobrem a gravidez quando
estão dando a luz.

Mas depois do 5º mês, tudo mudou drasticamente. Eu era uma


grávida muito grávida. Dor na lombar, inchaço e desejos. Passava
horas pensando em nomes, mas estava definido que se fosse
menina seria Jenna, o nome da mãe de Mav, ou Mike, o nome do
meu irmão.

E depois de descobrirmos que era uma garotinha, eu me sentia


mais maternal a cada dia. E isso só piorou, por assim dizer, depois
que ela estava nos meus braços.

Era um pouco patético, mas eu era uma mãe paranoica. Daquelas


que são o terror dos pediatras. Ligando todos os dias, colocando um
pequeno espelho debaixo do nariz quando ela adormecia para me
certificar de que Jenna respirava. Chorando quando ela passava
dois dias sem fazer as necessidades. Absurdo, eu sei. Mas eu não
conseguia evitar. Ficava feliz quando via o cocô da minha filha. Foi a
isso que Jenna me reduziu.
Sempre fui tão leve com todo o resto da minha vida e isso mudou
completamente com relação à maternidade.

Jenna dormia profundamente, com a cabecinha com gorro azul


apoiada na cadeira. As mãos tombadas para cada lado, e fechadas.
Era só entrar no carro que ela apagava. Quantas vezes Mav e eu
tivemos de dirigir por aí durante as madrugadas em que ela não
parava de chorar!

— Nós vamos ficar bem, Raio de Sol. – Mav apertou minha mão e
se aproximou beijando minha testa.

Isso me trouxe lembranças.

Eu estava no paraíso. Ou melhor, na loja de artigos de artesanato.


Uma loja imensa! Ficava há 20 minutos de casa e era como um
grande supermercado só que com itens de arte e papelaria.

Empurrava meu carrinho – cheio de tintas, um cavalete novo e


outras coisas – andando pelos corredores cheio de pessoas tão
admiradas quanto eu.

A inauguração do novo Instituto de Mav, o de Portland que Sadie


estava cuidando, aconteceria em alguns meses. E eu queria criar
algo especial para decorar o local. Algum quadro que representasse
o ideal do Instituto. Algo marcante.

Nada ainda havia me ocorrido, mas se tinha um local perfeito para


inspirar alguém era um paraíso de opções, como essa loja.

A fatura do cartão ia ficar alta.

Entrei no corredor dos pincéis e peguei um da marca que eu


costumava usar quando senti uma pontada.
Parei.

Coloquei a mão onde senti a dor. Bem abaixo da protuberância da


minha barriga.

Meu ar faltou.

Outra fisgada aconteceu nas minhas costas, forte ao ponto de o


grito ser impossível de conter.

Apoiei as mãos no carrinho e senti alguém me tocando.

— Moça! Está tudo bem? – uma mulher gordinha de olhos azuis se


aproximou.

A dor seguia firme e percebi que meus olhos começaram a


embaçar.

— Tem ... tem ... aaaaaaah! – meu corpo foi deslizando, e ela me
ajudou a deitar no chão da loja. – Tem ... algo ... errado.
— Ajuda! Ei! Alguém ajuda!

Fechei meus olhos, apertei firme o braço dela enquanto minha


outra mão protegia minha barriga. Era como uma cólica sem fim.

Ouvi passos e quando meus olhos abriram novamente, mais 3


pessoas estavam ao meu redor. Um segurança abaixou perto de
mim, meio que me colocando em seu colo, enquanto um homem
grisalho fazia uma ligação.

— A ambulância está vindo.

A dor nublava a minha percepção do que acontecia ao meu redor,


eu não conseguia nem ouvir ou falar direito.
— Ah, meu Deus. Não. Não. Não. Não. – alguém dizia.

Tentei segurar meu choro quando percebi que quem dizia era eu.

Era a minha voz implorando para aquilo não ser um ... para Jenna
estar bem.
Em algum momento os paramédicos chegaram e poucos minutos
depois eu estava na ambulância.

— Mav ... – consegui sussurrar através da máscara de oxigênio. —


... preciso ... preciso avisar ... avisar o Mav. Aaaaaah. – outra
pontada.
— Quem é Mav, senhorita? – a paramédica negra, que segurava a
minha mão me passando firmeza, perguntou.
— Meu namorado. É ... é o pai da minha filha.
— O hospital irá avisá-lo. Não se preocupe. Preciso apenas que
você se concentre em respirar, ok? Pode fazer isso?

Assenti, contendo meu choro que não serviria de nada naquele


momento.

Ela disse alguma coisa sobre o meu celular para o outro


paramédico e nós chegamos ao hospital.

Tudo aconteceu muito rápido; e entre perguntas sobre minha


gravidez e mais berros meus, me colocaram numa sala, com acesso
de um soro que disseram que iria aliviar a minha dor.

— O que está ... acontecendo? – consegui dizer entredentes. – Por


favor, o que está acontecendo comigo? Minha bebê ... está bem?

A enfermeira loira que finalizava o acesso, me olhou gentilmente.

— O médico vai vir te ver daqui a pouco. Ele está vindo já. Vai te
explicar melhor.
Então Mav entrou na sala, correndo.

— O senhor não pode entrar aí! – alguém falou atrás dele, mas Mav
nem deu ouvidos.

Os olhos escuros dele se arregalaram em medo quando me


avistou. Ele estava suando e pareceu desesperado. Como se
tivesse saído do treino correndo para cá.

— Raio de sol. – caminhou até mim, segurando a minha mão e a


outra apoiando o topo da minha cabeça.
— Mav, eu acho que ...
— O senhor não pode ficar aqui. – um segurança apareceu na
porta.
— Eu não vou a lugar algum. – Mav respondeu, ainda olhando para
mim, sem tirar os olhos dos meus. – O que aconte ...
— Aaaaaaah!

Gritei novamente, fechando meus olhos e segurando a mão dele


como se a minha fosse quebrar. Como se meu corpo todo fosse
quebrar.

Senti a minha calça molhar e ...

— O que está acontecendo com ela?! – a voz desesperada de Mav


fez o nó na minha garganta crescer. – O que está ...
— Foi a bolsa dela, doutor. – a mulher disse.
— Trabalho de parto. – outra voz surgiu. – Enfermeira, prepare a
sala.
— Não! Não! Não! – um som feminino desesperado surgiu. – É
muito cedo!

Era eu.

— É muito cedo, Mav. É muito cedo.


— Summer ...
— Ela não está pronta. Não está.

Quando vi os olhos dele úmidos não consegui conter mais. A


barragem estourou e meu choro saiu agoniado e temeroso. Em
soluços apavorantes que faziam a minha frequência cardíaca
explodir. Um medo frio dominou meu corpo e nada parecia mais
fazer sentido.

— Senhorita Johnson. Olhe para mim. – o médico subiu a voz. – A


senhorita está em trabalho de parto.
— Não pode ser ... – Mav o interrompeu. – Ela nem completou 8
meses ainda!
— Vamos realizar uma cesárea. É mais seguro.
— Seguro?!
— Fique calma. É isso que peço. Mantenha a calma.

A dor aliviou um pouco, creio que a medicação na minha veia fez


certo efeito. Antes de sair, o médico cochichou algo com Mav.

— A equipe vem buscá-la em alguns minutos. Mantenha a calma. –


repetiu.

Notei que o segurança, aquele que veio brigar com Mav, tinha
sumido em algum momento. Pois restamos apenas nós dois.

— Mav ... – choraminguei apoiando meu rosto no peito dele. – Mav


... não. Você sabe que ... Mav, por favor ... Por favor, não ...
— Estou aqui, Raio de Sol. – me abraçou. – Estou aqui.
— É muito cedo, ela não está pronta. – meu coração acelerou e eu
fechei meus olhos tentando manter a calma que o médico tanto
disse. – Ela não ... Estou com medo. Mav, estou com medo.
— Eu também. Mas vai ficar tudo bem. – beijou minha cabeça. –
Nós vamos ficar bem.
— E se ...
— Nós vamos ficar bem, Raio de Sol.
2 horas depois, Jenna nasceu.

Com 38 centímetros e 1kg e 978g. Ela não tinha nem dois kilos.

Foram os piores e melhores 11 dias da minha vida.

Presa naquele Hospital, vendo minha filha na incubadora. A


tocando através de um pequeno buraco e chorando no peito de Mav
o tempo todo. Temendo o pior. Me sentindo culpada por não ser
capaz de ter sido a casa dela de forma completa.

Os médicos não deram um motivo específico do porque Jenna


nasceu prematura. Apenas que: ‘coisas assim acontecem’.

Eu tinha que me manter bem e forte, para poder cuidar dela direito
quando saíssemos do Hospital, mas era muito difícil. Não conseguia
pensar em outra coisa, fiquei apavorada de Jenna não resistir.

Por mais que o quadro dela melhorasse a cada dia, eu ficava


com o sentimento de que algo horrível aconteceria, então não saía
de perto dela.

Nossos amigos se mostravam presentes.

Nate e Choehee visitaram. Jordan também veio. Mas Lacy não,


afinal ela tinha dado à luz 2 semanas antes. Benjamin, ou Ben,
nasceu no tempo certo, é claro. Ela me ligava todos os dias, me
confortando e reafirmando que tudo ficaria bem. Peter e Sadie
mandaram presentes e ligavam. Outras pessoas, da banda que Mav
conhecia e também do seu time, mandavam mensagens positivas.

Minha família também participava.

De alguma forma, Brandon, que é pediatra, conseguiu uma


transferência para o Hospital daqui, e entrou na equipe que cuidava
de Jenna. Minha irmã também vinha, trazia um presente a cada vez
e meus pais se hospedaram em nossa casa. Nos visitavam a cada
dia e também cuidavam de Mav como podiam.

Apesar de todo esse amor e carinho de todos, o medo estava


estampado na minha cara, e o rosto de Mav era sempre um reflexo
disso também. Quando eu chorava, ele chorava comigo. Dizia que
tudo ia ficar bem, para logo depois confessar que estava morrendo
de medo de algo acontecer com a ‘Luz da minha vida’, era assim
que ele a chamava. Era uma incerteza que, infelizmente, ainda faz
parte da forma como cuidamos de Jenna.

Observei-a de novo, no banco de trás.

Ela está bem. Saiu saudável do hospital, depois dos 11 dias. Teve
uma recuperação esplêndida. Mas acho que por termos passado
por isso, ficamos meio traumatizados. Especialmente eu. Que ficava
velando o sono dela, chorando, mesmo quando já estávamos em
casa.

Por isso, era tão difícil sair desse carro.

Estiquei a mão, tocando em seu pezinho e vendo que Jenna


suspirou.

— Summer. – Mav me chamou. – Vai ficar tudo bem.


— Você me liga?
— Apenas se precisar.
— Mav. – falei, em tom de reclamação.
— Você tem que trabalhar.
— Olha quem fala.
— Você está mesmo reclamando disso?
— Não. – suspirei, me sentindo ingrata. – Claro que não.

Depois dos dias no Hospital, Mav teve uma reunião com sua
equipe do time e solicitou licença da temporada por motivos
pessoais. Eles concederam. Então ele não estava jogando, apenas
treinava para não perder o ritmo, mas não ia a nenhum jogo.

Eu era grata por ele poder e querer fazer isso. Não foi algo que eu
pedi, ou se quer pensei. Mas ele nem questionou. Apenas fez.
Claro, continuava trabalhando com as questões dos Institutos, mas
não ficava fora de casa viajando como em época de jogos.

— Só estou nervosa em deixá-la.


— Ela está comigo, Summer.

Esse era um ponto de crise entre nós.

Eu sei. Superprotejo Jenna.

Consigo ouvir a voz de Mav, reclamando magoado: ‘Você está


protegendo nossa filha de mim! O pai dela!’. E era verdade. Eu não
tinha como refutar isso. Era algo que eu precisava melhorar.

Após uma briga feia sobre isso, Mav incentivou que eu fosse a
uma terapeuta. Achei desnecessário, mas depois que eu chorei
porque, enquanto eu dormia, Mav deu banho em Jenna, percebi que
tinha alguma coisa de errado. Na minha cabeça, eu, e apenas eu,
saberia cuidar dela, e protegê-la, ninguém mais. Mas Mav não é
ninguém. É o pai da minha filha.

Então eu fui, e entre consultas, ela me falava que eu não deixei de


ser ‘Summer’ para virar ‘Mãe da Jenna’. Além disso, eu precisava
aprender a confiar em Mav cuidando da nossa filha.

Ir ao coquetel era uma tentativa para isso também.

— Você está certo. – pisquei, evitando as lágrimas bobas.


— São só algumas horas.
Assenti e tomei fôlego. Parecia algo tão bobo, mas para mim era
um passo gigante.

— A gente vem te buscar. – ele disse, sorrindo.


— Tudo bem. Eu aviso.

Me inclinei para beijá-lo. Um beijo de despedida comum. Mas Mav


aprofundou nosso beijo, querendo me passar confiança, amor e
carinho. Pôs a mão na minha nuca, afagou meu queixo e encostou
nossas testas.

— Eu amo você, Raio de Sol. Eu amo vocês duas.


— Eu também amo vocês.

Se afastou, sorrindo e beijou minha testa.

— Agora dá o fora desse carro.

Ri, peguei o casaco preto e saí. Abaixei na janela.

— Não façam nenhuma loucura sem mim.


— Ah, não prometo nada. Estamos malucos para encher fraldas, ver
muito desenho e chorar bem alto.

Gargalhei um pouco e me distanciei do carro. Meu coração


acelerou conforme ouvi Mav e Jenna partindo. Recuperei meu
fôlego, soltei meus ombros e pensei: ‘Vamos lá, Summer. A artista
em você precisa aparecer’.

A porta estava aberta e quando entrei na mansão fiquei


impressionada. Não por parecer ostentoso, mas porque vários
quadros modernos estavam espalhados pelos ambientes. Assim
como esculturas e outros itens artísticos. Desde pinturas que se
baseavam na Arte Renascentista até instalações com material
reciclado.
As pessoas conversavam, bebiam e comiam canapés. Vestidas
cada uma do seu jeito. E a música era clássica, mas era Dance
Monkey em versão clássica! Isso me fez sorrir. Essa mistura era
exatamente o tipo de coisa que me representava como artista. Fora
do comum.

Encarei um desenho em lápis, do rosto de uma mulher, que


estava exposto através de vidro, na parede da casa. O olhar dela
estava tão profundo e bem traçado que senti uma emoção no meu
peito que só a arte podia trazer. Não usa som para te trazer uma
mensagem, não usa palavras, apenas se mostra e conversa com
você.

Era lindo.

Era arte.

Apanhei um drink azul saboroso, fazendo as contas de que só


daria de mamar em quatro horas então podia beber um pouco. Me
aproximei de um grupo que observava um quadro que retratava uma
casa, aparentemente abandonada, mas com uma flor vermelha
vibrante embelezando o jardim. Entrei na conversa deles e a partir
daí tudo desenrolou.

Nunca fui tímida, especialmente quando tem arte envolvido. Então


não foi difícil encontrar pessoas dispostas a conversar abertamente.
Sem esnobismo ou ar de arrogância.

Em determinado ponto da noite encontrei Allegra e conversamos


mais. Ela me apresentou à pessoas que pediram para ver o tal
quadro que chamou atenção dela, e quando mostrei a foto pelo
celular, ficaram impressionados.

Eu havia pintado Mike, da cintura para cima, mostrando parte do


ombro e metade do rosto. Em cores primárias – azul, amarelo e
vermelho. Então tudo na imagem se destacava. A obra tinha ido
para a ala do hospital em Nova Jersey, que levava o nome dele.
Esse quadro tinha um valor especial para mim, não apenas por ser
meu irmão ou por ter chamado a atenção de Allegra, mas porque foi
a minha primeira exposição em outra cidade e, principalmente,
porque minha família veio na noite da inauguração da exposição.

Não podia imaginar que isso um dia aconteceria. Mas meus pais,
Candy e Brandon estavam comigo naquele dia. E foi no jantar, que
tivemos depois, que contei sobre a gravidez.

Os comentários ácidos ainda se mostravam presentes com os


Johnsons. Mas tínhamos mudado. Eu amadureci, e creio que com o
atentado que quase tirou a minha vida em outubro do ano passado,
meus pais e minha irmã reviram algumas coisas. Perder mais um
membro da família seria doloroso demais. Então, de alguma forma,
encontramos uma maneira de convivermos.

Mas não convivermos sempre. A distância é muito bem-vinda.

Ainda no coquetel, conversei com um homem que também


conhecia Paolo, o dono da antiga galeria em que trabalhei, e meu
amigo amado. Paolo também visitou Jenna e a mim no Hospital
naqueles dias.

Depois conheci um casal de italianos que não eram exatamente


artistas, mas que vendiam obras e doavam o valor para instituições
de caridade. Conversamos um pouco sobre a Itália, os locais que
conhecíamos em comum. E, aproveitei para falar do Instituto de
Mav, bem como do projeto que criamos ‘Pintando Raios de Sol’, que
estava no começo, mas atraía muitas crianças que frequentavam a
instituição.

Quando decidi ir embora me sentia cansada e muito satisfeita por


ter vindo. Eu teria perdido esse reencontro comigo mesma.
A noite estava gelada. Vesti o casaco e peguei o celular, disposta
a avisar Mav, mas optei por pedir um Uber.

O carro chegou em poucos minutos e dentro dele, após dar ‘boa


noite’ ao motorista, fiquei repassando os bons momentos da noite.

Meu celular apitou uma nova mensagem e sorri ao ver uma foto
de Choehee e Nate com o Palácio Changdeokgung ao fundo. Eles
estavam na Coreia do Sul, passando as férias e aproveitando muito.
Respondi algo divertido e afirmei que assim que eles voltassem para
casa, tinham de vir nos visitar.

Desci do carro quando chegamos ao endereço do nosso


apartamento e me direcionei para casa.

Minha casa com Maverick. E nossa Jenna.

Coloquei a chave na porta e escutei patinhas correndo na direção


do som: Kat.

Entrei e tudo estava escuro, exceto pela luminosidade da TV no


canal infantil.

Abaixei-me mexendo com minha minipig, acariciando sua


cabecinha cor-de-rosa. Deixei as coisas no aparador, tirei os
coturnos e fui para a sala.

Os quadros sempre mexeriam com minhas emoções, mas


imagem nenhuma no mundo me tocaria tão profundamente quanto
essa: Mav deitado no nosso tapete felpudo, Jenna ao seu lado, em
cima do colchonete pequeno dela. Ele estava dormindo, mas ela
tinha os meus olhos verdes bem abertos, me encarando enquanto
mexia as mãozinhas e fazia sons de bebê.

Jenna era uma mistura perfeita minha e de Mav. Era como se


alguém tivesse pegado uma batedeira, jogado nossas
características, e Jenna é nosso bolo. Meus olhos, orelhas e boca;
pele, cabelo e nariz de Mav.

Me abaixei, deitando ao lado dela. Apoiei a cabeça numa das


mãos e Jenna sentiu melhor meu cheiro, resmungou mais alto e se
acalmou quando a abracei.

Mav acordou e me viu pertinho dele.

Seu olhar fez meu coração saltar. Brega, eu sei. Mas eu sempre
seria louca por esse cara. Ladrão de táxis mais lindo do mundo
inteiro. Meu Mav. Pai da minha filha.

Sou apaixonada por Maverick Adams.


Sou apaixonada pela filha que ele me deu.

Mav não é perfeito. Nossa vida parecia que sempre teriam


desafios, medos e discussões. Mas ainda assim minha vida seria
com ele.

— Oi. – ele disse, com a voz de sono.


— Olá. – sorri.
— Por que você não me ligou? Eu ia te buscar.
— Vim de Uber.
— Certo. E como foi o coquetel?

Jenna fez outro som, se mostrando presente. Nós rimos baixinho,


a encarando, e depois voltando a conversar.

— Foi ótimo. Realmente ótimo.


— Que bom.
— E como foi aqui?
— Uma festa de arromba.

Eu ri de novo.
— Ei, Mav. – chamei enquanto ele segurava a mãozinha de Jenna
que apertava seu indicador.
— Sim?
— Você quer casar comigo.

Sua cabeça ergueu rapidamente. O olhar aberto, os lábios


tentando segurar um sorriso.

— Está falando sério?


— Estou.
— Ah ... sim! Sim! Claro que eu quero. – riu e, com cuidado,
avançou para frente para me beijar docilmente. – Nem precisa
perguntar! – gargalhou.
— Que bom. Porque não foi uma pergunta. – respondi, enquanto os
lábios dele ainda estavam nos meus.

Mav fez uma expressão risonha e se deu conta de que usei sua
costumeira frase para pedir sua mão.

— Eu amo você, Summer.


— Eu também te amo, Mav.
— Vamos nos casar! – olhou para Jenna. – Ouviu isso, bebê?
Ouviu? Papai e mamãe vão se casar!

Mav pegou Jenna no colo, esticou a mão para mim e ficou de pé.
Me abraçou forte, me beijou outra vez e ergueu Jenna para cima.

— Meu Raio de Sol e a Luz da minha vida. Minha família. Tenho


uma família. Você me deu uma família.

Meus olhos estavam embaçados, e percebi uma lágrima cair do


olho dele.

— Amo vocês. Eu amo vocês. – eu disse, secando o rosto do meu


noivo!
Joguei meus braços no pescoço dele, beijando Mav e depois
beijei Jenna.

Minha família.
Nota da autora

Oi gente, eu sei, eu sei que vocês queriam mais. Mas fala a


verdade, leituras que deixam o gostinho de quero mais são sempre
as melhores.

Mav e Summer viverão sempre muitas aventuras, mas vocês


viram né? Agora eles são pais e têm mais responsabilidades.

Obrigada por ler esse EXTRA. Espero que essas poucas páginas
tenham aquecido o seu coração e que tenha dado para matar a
saudade deles.

Mas ó, um passarinho me contou que em Um Guitarrista


Apaixonante (Lords Of Pain - livro 3), Summer e Mav aparecem
também. Já leu essa série?
Outras obras da autora

A garota (O cara) que roubou meu táxi

Sinopse

Qual é a probabilidade de sofrer um acidente, ao lado de um


conhecido jogador de futebol americano, e acabar se tornando a
namorada dele?

Correção: falsa namorada dele.

Isso é praticamente improvável, certo? Bom, não para Summer.


Numa noite chuvosa de fevereiro, tudo o que ela NÃO poderia fazer,
era se atrasar. Mas entrar no táxi amarelo ao mesmo tempo em que
Mav Adams, vai mudar a vida dessa artista para sempre.

https://www.amazon.com.br/dp/B08QV1QTTT
Um Baixista Encantador (Lords Of Pain - livro 1)

Sinopse

O mundo de Chloe desabou.

O fim do casamento de 7 anos trouxe à tona uma triste


realidade para Chloe: ela não tem nada. Perdida e sentindo—se
humilhada por ter sido trocada por uma linda loira, alta e magra, ela
se refugia na casa da melhor amiga e passa a analisar o que foi que
deu errado em sua vida.

E vai ser em meio a essa redescoberta de amor próprio e


verdadeiros valores que Chloe irá trombar com Bryan Jones, o doce
e engraçado baixista da aclamadíssima Lords Of Pain, a maior
banda de rock do momento.

https://www.amazon.com.br/dp/B08XX6QRZB
Um Baterista Turbulento (Lords Of Pain - livro 2)

Sinopse

‘É só um lance. Afinal, quem não iria aproveitar a chance de


ficar com seu astro do rock preferido?’

Foi isso que Cory pensou depois de ter vivido um momento


inesperado com Jacob Clark, o baterista agitado e simpático da
Lords Of Pain. Ela não sabia exatamente o que a fez se deixar levar
naquele dia, mas aconteceu, e Cory sabia que não iria virar nada a
mais, certo? Bom, não exatamente.

https://www.amazon.com.br/dp/B093YHZDQM
Um Guitarrista Apaixonante (Lords Of Pain - livro 3)

Sinopse

“Pensar positivo.”

Esse é o lema de Sadie. Ela aprendeu desde muito nova que


para seguir em frente, apesar dos problemas que a vida coloca em
seu caminho, é preciso ter uma atitude animada e persistente.

Tanto que usar uma prótese no lugar da perna amputada,


nunca foi impedimento para ela ser independente e buscar suas
conquistas. Sadie sente que sempre sabe lidar com qualquer
desafio que aconteça.

Pelo menos era assim, até ela conhecer Peter. O discreto e


gentil guitarrista da Lords Of Pain.

https://www.amazon.com.br/dp/B098N9WRZ2
Um Vocalista Inesquecível (Lords Of Pain - livro 4)

Sinopse

Faz 17 anos que Leah, a filha do marquês de Ebsworth, teve seu


coração partido. Ou melhor, destruído. Os acontecimentos de 2004
a mudaram completamente, e desde então, ela nunca mais precisou
lidar com a presença física de Derek Thompson. Física, porque ele
sempre esteve por aí: aparecendo nos programas de TV, em capas
de revista, cantando pelo mundo com sua banda – a Lords Of Pain –
músicas de um amor trágico que ela conhece bem. Canções sobre
ela.

Ela nunca imaginou, nem em seus sonhos – ou pesadelos –


mais loucos, que Derek reapareceria. E quando isso acontece,
depois de tanto tempo, Leah, ou Lily, precisa lidar com sentimentos
que sufocou por uma vida inteira.

https://www.amazon.com.br/dp/B09F8RKKFX

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