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Oriente Médio”
Neste artigo serão abordados os programas nucleares no Oriente Médio os quais
têm sido uma fonte de tensão global e regional devido às preocupações com
proliferação nuclear e segurança na região. Serão apresentados o status dos
principais países da região com programas nucleares, que incluem Israel, Irã e
Arábia Saudita, com preocupações e ambiguidades sobre o status nuclear de outros
países. Adicionalmente serão abordados os principais meios de entrega de armas
nucleares os quais cada país dispõe incluindo mísseis balísticos com potencial para
tal e sistemas de aviação estratégica. O artigo faz uma abordagem sobre o
atual status, ressaltando que os programas nucleares da região estão em constante
evolução, com desenvolvimentos recentes e mudanças de políticas. Isso abrange
dimensões militares, como ogivas nucleares, e dimensões civis, como usos pacíficos
da tecnologia nuclear e acordos internacionais. Esses fatores tornam a situação dos
programas nucleares no Oriente Médio um tópico complexo e de grande
importância no cenário global.
Contextualização Histórica
O Oriente Médio é uma região que, ao longo das últimas décadas, tem sido palco
de uma complexa e delicada equação geopolítica, influenciada além de seus
milenares conflitos, é também relembrada em parte, pelo desenvolvimento de
programas nucleares.
Este artigo traça uma linha do tempo que destaca eventos significativos que
moldaram o cenário dos programas nucleares na região, desde as iniciativas iniciais
de Israel até o acordo nuclear com o Irã. Também aborda questões de proliferação
nuclear e as implicações de tais programas na estabilidade regional, nas relações
internacionais e nas políticas de segurança.
Nesse sentido, este artigo busca fornecer uma análise contextual dos programas
nucleares no Oriente Médio, explorando os principais atores, marcos históricos e
as implicações de tais programas, tanto no âmbito militar quanto civil.
1. Principais Eventos
Programas Nucleares
1 Arábia Saudita
Nos últimos anos, o programa nuclear da Arábia Saudita tem sido um tema de
crescente interesse e especulação. Enquanto a nação do Oriente Médio mantém
uma posição pública de buscar tecnologia nuclear para fins pacíficos, suas
intenções e aspirações geram discussões em todo o mundo, dadas as complexas
dinâmicas geopolíticas na região.
A Arábia Saudita ainda não possui instalações nucleares operacionais, mas planeja
construir reatores nucleares no futuro. A localização exata dessas instalações ainda
é uma questão de especulação, mas o país está buscando colaborações
internacionais para garantir que seus empreendimentos nucleares sejam
consistentes com os padrões internacionais de segurança e não proliferação.
Como quase todos os países do Oriente Médio, a Arábia Saudita não dispõe
oficialmente de sistemas capazes de entregar uma arma nuclear. O país
cofinanciador do programa paquistanês pode já ter alcançado esta condição.
Alguns analistas afirmam que os sauditas possuem esta capacidade ainda que
limitada.
Ao longo de muitos anos os sauditas mantiveram em sigilo a existência de mísseis
balísticos, acredita-se que em 1987, a China tenha fornecido à Arábia Saudita entre
36 e 60 unidades dos mísseis DF-3, equipados com ogivas convencionais.
Isto manteve-se sobre uma cortina de fumaça por muito tempo, até que em 2014,
uma emissora de televisão local exibiu uma parada militar, realizada na Base Aérea
de Hafr al-Batin, na qual, mísseis DF-3 foram exibidos.
https://en.wikipedia.org/wiki/DF-
3A#/media/File:PLA_ballistic_missiles_range.jpg
Alguns analistas afirmam que embora à arma seja considerada obsoleta, estes
mísseis podem ter servido como base para desenvolvimentos no Paquistão e ainda
sim se configuram em um dos sistemas de maior capacidade de carga e alcance do
Oriente Médio.
2. Irã
O programa nuclear do Irã tem sido um tópico de interesse internacional e
preocupações desde suas origens. A história desse programa remonta às décadas
de 1950 e 1960, quando o Irã, sob o regime do Xá Mohammad Reza Pahlavi,
iniciou um programa nuclear civil com o apoio de potências ocidentais, como os
Estados Unidos e a França.
O Irã alega que seu programa nuclear tem objetivos exclusivamente pacíficos,
visando atender às necessidades de produção de energia e pesquisa médica. No
entanto, o enriquecimento de urânio em instalações
como Natanz e Fordow, levantou suspeitas sobre as intenções do Irã, alimentando
preocupações internacionais.
Além disso, o Irã desenvolveu mísseis balísticos de longo alcance, que poderiam
potencialmente transportar ogivas nucleares.
Enquanto o Irã afirma que seu programa nuclear é destinado exclusivamente a fins
civis, organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), expressaram preocupações sobre a possibilidade de atividades
nucleares militares não declaradas.
Uma das maiores dúvidas ao programa nuclear do Irã reside justamente na sua
capacidade de converter com facilidade os seus mísseis balístico em sistema de
transporte de armas atômicas.
https://www.aereo.jor.br/wp-content/uploads/2018/05/Iran-Missile-Arsenal.jpg
Shahab-3: O Shahab-3 é um míssil balístico de médio alcance, com um alcance
estimado em 1.300 a 2.000 km.
O Irã não possui bombardeiros estratégicos no sentido tradicional, mas têm uma
frota considerável de aeronaves de combate, incluindo caças-bombardeiros F-4
Phantom e aeronaves táticas Su-24.
O Irã afirma que seu programa nuclear é para fins energéticos e de pesquisa. No
entanto, a comunidade internacional tem expressado preocupações sobre o
potencial militar do programa nuclear iraniano. O Irã possui um programa de
energia nuclear civil para a geração de eletricidade. O país opera usinas nucleares,
como a usina de Bushehr, para esse fim.
Cooperação Internacional
Desarmamento e Proliferação
Atualidade: O Irã possui um programa nuclear civil, mas tem sido objeto de
intensas negociações internacionais devido a preocupações sobre suas atividades
nucleares militares. O país está comprometido com o Plano de Ação Conjunto
Abrangente (JCPOA) em certos termos.
3 Israel
O programa nuclear de Israel é envolto em uma política oficial de ambiguidade, na
qual o governo israelense mantém uma postura de não confirmação, nem negação
da existência de armas nucleares. Esta estratégia foi adotada para preservar a
vantagem estratégica e dissuasória de Israel na região do Oriente Médio, bem como
para evitar tensões e pressões diplomáticas.
As estimativas atuais sugerem que, a partir de 2020, Israel possui material físsil
equivalente a 180-270 ogivas nucleares. A quantidade de material físsil disponível
varia dependendo do grau de enriquecimento e poderia potencialmente produzir
um número maior de ogivas. Esses materiais são armazenados em locais diferentes
dos sistemas de lançamento terrestres.
https://www.aereo.jor.br/wp-content/uploads//2023/10/Israel-Ballistic-Cruise-
Missiles.jpg
Jericho II e III: O Jericho II é um míssil balístico de médio alcance, com um
alcance estimado em torno de 1.500 km. O Jericho III é um míssil balístico
intercontinental (ICBM) com um alcance de mais de 4.800 km.
Além destes, Israel possui submarinos equipados com mísseis de cruzeiro armados
com ogivas nucleares, que fazem parte de seu segundo elemento de dissuasão
nuclear. Os submarinos da classe Dolphin, que foram adquiridos da Alemanha, têm
a capacidade de lançar mísseis de cruzeiro armados com ogivas nucleares.
Porém, as informações sobre os detalhes precisos, como o número de ogivas
nucleares e os tipos de mísseis, são mantidas em sigilo.
Míssil Popeye: O alcance do míssil Popeye varia de acordo com a versão. Por
exemplo, o Popeye Turbo tem um alcance de cerca de 350 km, enquanto o Popeye
Spice Extended Range (ER) tem um alcance muito maior, de até 1500 km.O Popeye
é projetado para ser um míssil de ataque de precisão, sendo capaz de atingir alvos
terrestres e marítimos com alta precisão. Ele pode carregar ogivas convencionais
ou nucleares, dependendo das necessidades operacionais.
Míssil Gabriel: O alcance do míssil Gabriel varia de acordo com a versão entre
36 km a 200 km, dependendo do modelo, também é um míssil antinavio que é
amplamente utilizado pela Marinha de Israel e é conhecido por sua precisão e
eficácia contra alvos navais inimigos.
4 Turquia
Nos últimos anos, o programa nuclear da Turquia tem atraído à atenção
internacional devido aos seus investimentos em energia nuclear e às implicações
geopolíticas na região.
A Turquia tem buscado desenvolver sua capacidade de energia nuclear como parte
de sua estratégia de diversificar sua matriz energética e reduzir sua dependência de
fontes de energia convencionais. O governo turco planeja construir usinas
nucleares para atender à crescente demanda por eletricidade no país. Parcerias
internacionais, notadamente com a Rússia, têm desempenhado um papel crucial
no desenvolvimento dessas usinas.
Além disso, as relações complexas da Turquia com outros atores regionais, como
Rússia, Irã e Arábia Saudita, desempenham um papel fundamental na dinâmica
geopolítica relacionada ao programa nuclear.
Ela busca cumprir suas obrigações no âmbito do TNP, o que inclui garantir a
transparência de suas atividades nucleares.
Atualidade: A Turquia está construindo usinas nucleares civis como parte de sua
estratégia para atender à crescente demanda por eletricidade.
Desenvolvimentos: A Turquia tem feito avanços na construção de suas usinas
nucleares, como a usina Nuclear de Akkuyu.
5 Demais Países
Egito
O Egito tem uma história de interesse em tecnologia nuclear para fins civis, como
energia. No entanto, ao longo das décadas, o país enfrentou desafios econômicos e
políticos que afetaram seus planos nucleares.
Até o momento, o Egito não desenvolveu armas nucleares e continua sendo um
signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O país opera uma usina
de pesquisa nuclear e tem buscado expandir seu uso da energia nuclear.
Síria
Jordânia
A Jordânia tem explorado a possibilidade de desenvolver um programa nuclear
civil para abordar suas necessidades de energia. O país assinou acordos de
cooperação com vários países, incluindo os EUA e a Rússia, para pesquisa nuclear
e construção de reatores. A Jordânia também é um signatário do TNP e afirma seu
compromisso com o uso pacífico da energia nuclear.
7 Conclusão
A região do Oriente Médio não é tradicionalmente conhecida por ter uma presença
significativa de aviação estratégica no mesmo sentido que as potências nucleares.
A maioria dos países da região concentra-se mais em defesa e em capacidades de
ataque regional do que em estratégias globais de projeção de poder.
8 Referências
CORDESMAN, Anthony H. The military balance in the Middle East.
Bloomsbury Publishing USA, 2004.