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0 – Considerações preliminares/metodológicas
- A leitura deste capítulo de As Palavras e as Coisas pressuporia o conhecimento, ainda
que elementar, da diversidade de campos científicos (bem como respectivos estatutos
epistemológicos) e escolas teóricas existentes no interior daqueles.
- Logo, ao ser colocado como leitura preliminar e que abrirá os estudos sobre os
clássicos da sociologia, o texto deve ser apreendido particularmente no que diz
respeito à reflexão do autor sobre os dilemas e paradoxos enfrentados pelas ciências
humanas desde o seu início e desde os seus fundamentos epistemológicos.
- Daí a necessidade de se acompanhar as descobertas feitas por Foucault neste esforço
de natureza arqueológica – ou seja, na forma de uma escavação que buscou revelar
os fatores antecedentes históricos presentes no processo de constituição das ciências
humanas como campo do saber
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- Não é, pois, a densidade extrema de seu objeto (relações entre seres gregários
dotados de autoconsciência) que explica a instabilidade das ciências sociais ou sua
dificuldade de se estabelecer como campo do saber legítimo, reconhecido,
consagrado: e, sim, a sua complexidade epistemológica, descrita nos termos acima
- Foucault: “Vê-se que as ciências humanas não são uma análise do que o
homem é por natureza; são antes uma análise que se estende entre o que o homem é
em sua positividade (ser que vive, trabalha, fala) e o que permite a esse mesmo ser
saber (ou buscar saber) o que é a vida, a essência do trabalho e suas leis, e de que
modo [e o que] pode falar” (p. 488).
- Naquilo que singulariza o ser humano (e que não pode ser resumido nem à
sua anatomia, nem ao modo como trabalha e produz, nem ao modo como se comunica
com outros) e que está o alvo principal das ciências humanas segundo Foucault: não
existe ontologia porque não existe natureza. É o que ele se refere ao ser humano como
"ser que não deve sua finitude senão a si mesmo".