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DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Definição: Aquisição inadequada da linguagem na ausência de perca


auditiva, lesão neurológica decomentada, deficiência intelectual ou patologia
emocional primária.

“Os distúrbios da linguagem resultam de deficits ao nível da recepção,


processamento e/ou expressão da linguagem, ... e a falha na aquisição da
linguagem é frequentemente, exceptuando raros casos de extrema privação
ambiental, a consequência de disfunção neurológica afectando vias que
transmitem informação desde o ouvido até ao cérebro, propriamente dentro
do cérebro, e desde o cérebro até aos músculos que produzem a
articulação” (Rapin e Wilson, 1974).

História do distúrbio.

Disfasia de desenvolvimento (William Wilde, 1853) - Observação de criança


muda mas não surda.

Samuel Orton (1937). Introduz a ideia de que o DDL seria resultado de


disfunção neurológica e a patologia emocional associada seria um resposta
ao defeito nas habilidades comunicativas. Ao contrário do que sabemos hoje
(Leal, 1982; 1997).

Prevalência.

Allen & Bliss (1978) - 3%


Ludlow (1980) - 3 a 8% dos pré-escolares

Patogénese/Etiologia.
Factores de alto risco:
 Peso à nascença
 Idade de gestação
 Q.I. dos parentes

A Neurologia apenas vem apresentando hipóteses genéticas hereditárias


inferidas de correlações e estatísticas.

A Psicologia tem apresentado importantes estudos sobre aquisição da


linguagem (Leal, 1982; 1997), aventando, testando e confirmando hipóteses
explicativas.

Substracto neural do desenvolvimento da linguagem na criança


pequena.

Muitos dos trabalhos são inferências sobre as estruturas cerebrais da


linguagem no adulto. Na criança, o processamento neurocognitivo da criança
é diferente (Teoria da localização dinâmica, Vygostsky, 1960). Na verdade
não dispomos de estudos sobre propriamente a aquisição com uma
explicação directa da neurofisiologia do desenvolvimento.

Alguns estudos têm apresentado trabalhos de correlação entre


desenvolvimento neurológico e desenvolvimento da linguagem (Bates e col.,
1992), mas estes estudos aventam apenas hipóteses explicativas sobre os
processos neuroquímicos e neurofisiológicos que co-ocorrem, não
apresentando hipóteses explicativas directas.

Substracto neuronal dos DDL


O raciocínio comum neste tipo de investigação consiste em indicar a área
cerebral que se sabe da neuropsicologia clínica do adulto estar relacionada
com o componente da linguagem que a criança não adquire e sugeri-lo em
disfunção, pressupondo para isso uma eventual causa genética, que por
algum motivo teria provocado algum tipo de mal formação nessa área.

Hauser e col (1975), por exemplo, observaram em estudos


pneumoencefalográficos um alargamento do corno temporal esquerdo (área
associada à linguagem no adulto), em 15 de 18 autistas com defeitos
severos da linguagem.

desenho

Esta crítica, sobre a natureza APENAS inferencial, e passando por cima de


importante investigação e conhecimento sobre plasticidade do SNC e
construção neuropsicológica, é corroborada por Rapin (1985) que referindo-
se a um estudo norueguês (Dalby, 1975) do mesmo “estilo cientifico”,
escreve: “DDL está raramente associada com grandes malformações ou
lesões cerebrais e na maioria das vezes nem sequer são feitos exames
neurológicos aos cérebros de crianças com DDL”.

Desta maneira, e apesar dos compromissos neurológicos observados em


crianças DDL, a atribuição da patogénese destes compromissos à
hereditariedade cromossómica e a etiologia auto-imune, são apenas
conjecturas (usando o termo empregue por Barbara Wilson em 1996), que
aguardam ser demonstradas.

Níveis de análise da linguagem.

Sistema convencionado de símbolos arbitrários que combinados e usados


segundo regras com objectivos comunicacionais.

Desde semanas o infante humano está apto para perceber todos os sons da
todas as línguas humanas. Pelos 10-12 meses perde o acesso aos sons não
presentes na sua fala-nativa e começa a compreender a fala, reconhecer a
prosódia da sua língua e a produzir, no seu balbuceio, sons próprios da sua
língua materna.

a) Compreensão

Extracção de significado a partir dos componentes semântico e sintáctico.


Semântica - refere-se às classes de palavras. Após “papá” como referência a
todos os homens e “au au” para todos os animais, o desenvolvimento de
categorias cognitivo-linguisticas vão-lhe permitir ser bem mais específico.

Sintaxe - refere-se à capacidade para compreender combinações de


palavras e em ser capaz de compreender a diferença de significados, como
por exemplo entre “a Sara olhou para o cão” ou “ o cão olhou para Sara”.

b) Linguagem expressiva

A linguagem expressiva exige a integração de processos complexos da


percepção e produção da fala, fonologia, semântica e sintaxe e a
organização/formulação da linguagem vocal. percebe-se assim que a
aquisição da percepção da fala seja um precursor da produção da fala.

c) Prosódia

Entoação e melodia. É tão importante que a criança aprenda os padrões de


entoação da linguagem, que comunicam aspectos emocionais e atitudes,
quanto o vocabulário e a gramática.

d) Aspectos pragmáticos

Permite uma demonstração clara da intenção comunicativa. Incluí gestos,


expressão facial, comportamento de dar-a-vez, etc.

Classificação de Wilson-Risucci (1987)

Distúrbio de Compreensão Auditiva. Deficit na compreensão ou


descodificação de material apresentado verbalmente, em contraste com a
boa compreensão quando o material é apresentado de forma visual e com
complexidade cognitivo-linguística semelhante (nestes casos a lentificação
da fala melhora a compreensão).

Agnósia Auditivo-verbal. “Surdez para palavras”; Distúrbio de


descodificação da linguagem vocal. Este distúrbio é atribuído a uma
inabilidade na descodificação fonológica e é acompanhado por um distúrbio
expressivo severo. Inclui-se aqui o Síndrome de Landau-Kleffner, decorrente
de quadro epiléptico. São frequentes as confusões diagnosticas com
autismo, esquizofrenia infantil e deficiência intelectual.

Distúrbio na Formulação. Acompanhado de dificuldades na memória


sequencial auditiva e recuperação de palavras, na formulação verbal precisa
de pensamentos. Estão intactas as capacidades de compreensão da
linguagem, quer avaliadas na modalidade visual quer auditiva.

Distúrbio da organização da linguagem. Dificuldades na gramática e


ordenação de palavras, na ausência de defeitos neurocognitivos.

Apraxia verbal de desenvolvimento. Déficit motor de origem neurológica,


que impede a capacidades movimento coordenados de respiração, laringe e
músculos orofonatórios com vista à articulação de palavras, na ausência de
patologia da função neuro-muscular. São a habituais as dificuldades na
execução de movimentos da língua, mãos e dedos, são crianças com história
de atraso motor e na produção da primeira palavra e é ainda frequente um
registo EEG patológico.

Efeitos do DDL na Criança

Emocionais
Académicos

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