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NORMA TÉCNICA

SPVV – Serviço de Proteção Social à Crianças e Adolescentes em Situação de

Violência

Fevereiro de 2018

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SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................................................3
2. Objetivo Geral.............................................................................................................................5
2.1. Objetivos
Específicos.................................................................................................5
3. Caracterização do Serviço............................................................................................................7
3.1 Caracterização das Violências atendidas no SPVV à Luz da Lei nº 13.431, de 4 de Abril de
2017................................................................................................................................................8
4. Formas de
acesso............................................................................................................10
5. Capacidade Prevista.............................................................................................................11
6. Usuários..................................................................................................................................11
7. Do atendimento ao Autor de Violência...............................................................................12
08.Funcionamento.....................................................................................................................13
09. Registro Técnico.................................................................................................................13
10. Sobre a atenção dos profissionais no atendimento........................................................13
11. O vínculo no SPVV – Pressupostos.................................................................................14
12. Das linguagens a serem utilizadas com crianças, adolescentes e adultos...............14
13. Desenvolvimento do Atendimento e estratégias de intervenção................................15
13.1 Acolhida...........................................................................................................................15
13.2 Estudo de caso...............................................................................................................16
13.3 Atendimento social, psicossocial e socioeducativo...................................................16
13.4 O Trabalho Socioeducativo..........................................................................................17
13.5 PIA como norteador do atendimento...........................................................................17
13.6 O Encerramento/ Desligamento...................................................................................18
13.6.1 Encerramento.............................................................................................................18
13.6.2 Desligamento..............................................................................................................19
15. Demanda Reprimida – “Fila de Espera”- – Excesso de demanda...............................20
16. Equipe de Referência para o SPVV.................................................................................21
16.1. Perfil e Atribuição dos Profissionais..............................................................................22
16.2 Qualificação do Gerente...............................................................................................22
16.3 Qualificação da Equipe Técnica..................................................................................23
16.4 Qualificação do Orientador Socioeducativo...............................................................32
16.5 Função: Assistente Administrativo...............................................................................33
16.6 Função: Agente Operacional........................................................................................34
17. Articulação com a Rede Socioterritorial...........................................................................35
18. CREAS- Centro de Referência Especializado de Assistência Social..........................35
19. Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Trabalho Ou Interface com SGDA......36
20. Da Capacitação Profissional..............................................................................................37
21. Diretrizes Metodológicas....................................................................................................37
21.1 Segurança de acolhida..................................................................................................37
21.2 Segurança de convívio ou vivência familiar, comunitária e social..........................38
21.3 Segurança de desenvolvimento de autonomia individual, familiar e social...........38
22. Supervisão...........................................................................................................................38
23. Monitoramento e Avaliação...............................................................................................42
24. Outros Instrumentais..........................................................................................................43
25. Referências Bibliográficas..................................................................................................44
26. ANEXOS...............................................................................................................................46

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1. Introdução

O presente documento apresenta diretrizes técnicas para o desenvolvimento do

trabalho do Serviço de Proteção Social às Crianças e Adolescentes Vítimas de

Violência, referenciado ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social

– CREAS, a partir da Tipificação Municipal, Portaria nº46/2010/SMADS.

A rede de atendimento desta tipologia em Dezembro de 2017 conta com 22

SPVV’s implantados na cidade de São Paulo fato que requer por parte do órgão

gestor/ SMADS a sua devida normatização. Cabe ainda destacar que em

supervisões in loco realizadas pela Coordenadoria de Proteção Especial da SMADS,

em que pese a tipificação municipal, pôde-se identificar distinções de

compreensões, metodologias e mesmo atendimentos. Tais diversidades decorrem

da dinâmica territorial, características das Organizações Sociais parcerizadas;

experiência dos atores no trato ao fenômeno da violência. Em suma, distintas

variáveis que devem ser consideradas como importantes, mas que exigem à luz do

SUAS uma congruência na atenção prestada. Desta forma, avaliou-se a

necessidade de traçar diretrizes para o desenvolvimento dos trabalhos nestes

serviços buscando a unidade necessária para afiançar a qualidade das ofertas e

aquisições das/os usuárias/os destes.

No ínterim do início deste processo houve o advento da LEI Nº 13.431, DE 4

DE ABRIL DE 2017 que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do

adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de

julho de 1990 (Estatuto da Criança e do adolescente), fato que requer especial

atenção neste documento, incorporando novos conceitos e responsabilidades.

Partimos do pressuposto que a normatização deve ser construída de forma

coletiva, participativa, considerando o acúmulo dos serviços existentes. Normatizar

visa o detalhamento da especificidade do serviço à luz das diretrizes da Política de

Assistência Social.

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Visando alcançar esse objetivo, foram realizados 06 encontros entre os

meses de novembro de 2016 e maio de 2017, envolvendo distintos segmentos de

trabalhadores do SUAS, gerentes, técnicos e educadores de SPVV’s, técnicas/os

supervisoras/es de CREAS e coordenadoras/es.

Na reunião realizada em 14/02/17 identificamos a necessidade do

aprofundamento de eixos de discussão, tendo sido necessário subdividir grupo

em macrorregiões, constituindo de GTs Regionais que visaram chegar o mais

próximo possível dos atores dos SPVV’s que estão nas linhas de frente da

atuação conforme segue:

 Sul 2: Campo Limpo, Capela do Socorro, M’Boi, Parelheiros. Interface com

SGDA e lista de espera.

 Sul 1: Vila Mariana, Santo Amaro, Ipiranga e Cidade Ademar. Atendimento

Psicossocial

 Leste: Guaianases, Itaquera, São Matheus, São Miguel, Penha, Aricanduva,

Mooca, Vila Prudente e Sapopemba. Autor de Violência, Interface com

SGDA e Trabalho socioeducativo

 Norte: Casa Verde, Jaçana, Fó, Perus, Pirituba, Santana, Vila Maria e Centro

Oeste: Sé, Butatã e Lapa Atendimento Psicossocial e Autor de Violência

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O resultado ora apresentado representa um esforço de construção coletiva

que envolveu a Coordenadoria de Proteção Especial da SMADS, ESPASO, CREAS

e quase a totalidade dos 22 SPVV’s que entre os meses de novembro de 2016 a

novembro de 2017 reuniram-se em sete encontros no ESPASO e em reuniões

descentralizadas por eixo de discussão.

2. Objetivo Geral

Assegurar a promoção, defesa e garantia de direitos de crianças e

adolescentes que vivenciam/vivenciaram violações de direitos, bem como,

atendimento ao seu contexto familiar, por ocorrência de:

o Violência física

o Violência psicológica.

o Negligência

o Violência Sexual: abuso e/ou exploração sexual;

o Tráfico de pessoas para fins de exploração;

o Discriminação em decorrência da orientação sexual, identidade de

gênero e/ou raça/etnia;

o Outras formas de violação de direitos decorrentes de

discriminações/submissões a situações que provocam danos e

agravos a suas condições de vida e os impedem de usufruir autonomia

e bem estar.

2.1.Objetivos Específicos - Estratégias para alcançá-los

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 Identificar o fenômeno, a demanda e os riscos; (Acolhimento individual,

triagem, avaliação dos profissionais de referência)

 Prevenir o agravamento da situação; (Encaminhamento para fins de medidas

protetivas, articulação sistemática com o sistema de garantia de direitos.

 Promover a interrupção do ciclo de violência; (notificação a SGD, medidas

protetivas, articulação com a rede de proteção e o judiciário.

 Contribuir para a responsabilização dos autores da violência (orientações

para o boletim de ocorrência, fortalecimento, atendimento ao autor de

violência, empoderamento da vítima crianças e adolescentes e seus

familiares, e articulação com o judiciário)

 Favorecer a superação da situação de violação de direitos, a ressignificação

da violência vivida, o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a

potencialização da autonomia e o resgate da dignidade; (articulação de

medidas protetivas, atendimento social, psicossocial e socioeducativo

–"individual e grupal para crianças/adolescentes, suas famílias e autores de

suas violências"

 Fortalecer a convivência familiar e comunitária ofertando atendimento social,

psicossocial e trabalho socioeducativo. Além de promoção e inserção em

atividades culturais e coletivas, na perspectiva interdisciplinar.

 Articular em rede com as demais políticas públicas, fortalecendo dessa forma

a prevenção a violência;

 promoção de atividade cultural, socioeducativa, esporte e lazer e

profissionalização – estabelecendo contra referência com as proteções

básicas e especial da Assistência Social e demais Políticas Públicas.

 Proporcionar atendimento social, psicossocial e socioeducativo por meio de

acompanhamentos individuais e grupais;

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 Contribuir com o sistema de informações sobre a violação dos direitos da

criança e do adolescente;

 Garantir articulação e comunicação permanente com os órgãos do SGD;

(produção de relatórios, reuniões conjuntas, discussão de caso)

 Garantir a qualificação continuada dos profissionais envolvidos no

atendimento; (contratação de profissional com horas técnicas para supervisão

e ou capacitação, participação em cursos da rede, palestras, seminários e

fóruns)

 Contribuir para o fortalecimento de ações coletivas de enfrentamento à

violência, ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, na

compreensão de que a rede articulada potencializa recursos. (contribuições

teóricas, técnicas e metodológicas, sensibilização e palestras sobre a

temática para profissionais e comunidade, participação em campanhas,

mobilizações, atividades locais e municipal – 18 de maio, grito de carnaval,

mega eventos)

3. Caracterização do Serviço

Conforme versa a Portaria nº 46/2010/SMADS , e revisão das especificidades a

partir das discussões e compreensões para a normatização, trata-se de serviço que

oferece um conjunto de procedimentos técnicos especializados por meio do

atendimento social; psicossocial na perspectiva da interdisciplinaridade, contando

com os profissionais - Assistente Social, psicólogo e Orientador Socioeducativo,e

articulação intersetorial , para atendimento às crianças e aos adolescentes vítimas

de violência doméstica, física, psicológica, negligência, abuso ou exploração sexual,

bem como aos seus familiares e ao autor de violência, sob avaliação técnica,

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considerando os vínculos afetivos familiares. Proporcionando-lhes condições para o

fortalecimento da auto-estima, vínculos familiares, superação da situação de

violação de direitos e ressignificação da violência vivida.

3.1. Caracterização das Violências atendidas no SPVV à Luz da Lei nº 13.431,

de 4 de Abril de 2017

Segundo Art. 4o Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das

condutas criminosas, são formas de violência:

I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que

ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;

II - violência psicológica:

a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à

criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação,

manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença,

exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu

desenvolvimento psíquico ou emocional;

Considerar ainda os abusos emocionais advindos de exposição a relações de

conflitos interpessoais e familiares;

b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação

psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos

genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou

vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento

ou à manutenção de vínculo com este;

Neste aspecto, sugere-se que sejam considerados ainda outros parentes de

importância afetiva.

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c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou

indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de

apoio, independentemente do ambiente em que cometido, particularmente quando

isto a torna testemunha;

III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou

o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato

libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não,

que compreenda:

a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do

adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso,

realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do

agente ou de terceiro;

b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do

adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma

de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de

terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico;

c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a

transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro

do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual,

mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano,

abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou

aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação;

IV – negligência que conforme versa Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A.(1998)

representa uma omissão em termos de prover as necessidades físicas e emocionais

de uma criança ou adolescente. Configura-se quando os pais (ou responsáveis)

falham em termos de alimentar, de vestir adequadamente seus filhos etc. e quando

tal falha não é o resultado de condições de vida além do seu controle.

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04. Formas de Acesso

O acesso ao serviço ocorre mediante encaminhamento via CREAS e na

ausência desta unidade, via CRAS.

Cabe ao técnico supervisor do CREAS realizar o monitoramento dos casos

referenciados aos SPVV’s de forma a ser facilitador das interlocuções necessárias

com os órgãos requisitantes do serviço.

É responsabilidade da unidade estatal (CREAS) receber os casos que serão

acompanhados nos SPVVs e qualificar a demanda que chegará ao serviço. Com

isso entendemos que CREAS deverá se certificar de que:

 O caso encaminhado reside na região de referência do serviço

 Haja histórico ou suspeita de violência física, psicológica, sexual, exploração

sexual, negligência, tráfico para fins de exploração, discriminação em

decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia, contra aquela criança ou

adolescente encaminhado. (de acordo com a proposta da tipificação)

 Haja o máximo de informações possíveis tais como : endereço, telefone,

nome e data de nascimento da criança e adolescente e nome do

responsável.

 Se medidas de proteção forem urgentes, o caso seja encaminhado

primeiramente aos órgãos que conseguem garantir protetividade à criança e

ao adolescente: Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude, Vara de

Violência Doméstica ou Delegacias. Para posteriormente serem

acompanhados pelo SPVV

Diante do exposto acima, não são casos que demandam o acompanhamento

por SPVV:

 Situações que precisam unicamente de psicoterapia para elaboração de

trauma gerado pela violência.

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 Situações que precisam ser averiguadas, quanto à veracidade dos fatos, para

elaboração de laudos e pareceres técnicos que comprovem ou não a

violência denunciada.

 Situações de denúncia que requeiram averiguação prévia, de caráter

investigativo.

5. Capacidade Prevista

A capacidade conveniada será de 90 crianças e adolescentes e suas famílias

considerando que, a partir desta capacidade, poderá ser ampliado até 110 tendo

como parâmetro 30 casos em acompanhamento para cada dupla de técnicos e um

orientador socioeducativo para cada 40 atendidos.

Os convênios vigentes com a capacidade de até 60 e 80 crianças e

adolescentes serão avaliados para solicitação de adequação, via aditamento.

Será contabilizado vaga conveniada, a criança e adolescente que estiver

constituído o Plano Individual de Atendimento – PIA.

6. Usuários

Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses, de ambos os sexos que

vivenciam violações de direitos pelas ocorrências citadas no objetivo geral, suas

famílias e autores de violência, conforme especificação nesta normatização.

7. Do atendimento ao Autor de Violência

O atendimento ao autor da violência contra crianças e adolescentes é

fundamental para a quebra do ciclo da violência nas ocorrências citadas e faz parte

do trabalho desenvolvido pelos SPVVs em São Paulo.

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Serão atendidos em SPVVs autores de violência:

 Cuja criança e adolescentes esteja referenciada em SPVV

 Em que exista vínculo familiar ou interpessoal com a criança e/ou adolescente

 Que demonstrem desejo pelo ou aceitem o acompanhamento pelo SPVV

 Não houver prejuízo e/ou risco no atendimento da criança, adolescente ou

familiar sendo o autor atendido no mesmo espaço. Os atendimentos serão

realizados respeitando os parâmetros técnicos, no âmbito da política de

assistência e, na impossibilidade de atendimento no SPVV, deverá ser

encaminhado ao CREAS, pressupondo sempre discussão entre SPVV e

Técnico Supervisor.

A assistência se responsabiliza, portanto, pelo trabalho com o autor de

violência envolvido no mesmo ciclo de violência de uma criança ou adolescente e

quando preenchidos os critérios acima. Os demais casos deverão ser atendidos no

âmbito da política de assistência, no CREAS, pressupondo sempre discussão entre

SPVV e Gestor da Parceria.

A assistência social ancora seu trabalho com esse público na proteção das

crianças e adolescentes, na defesa, promoção e garantia dos direitos deles. Não

sendo seu escopo a produção de provas, o tratamento psicoterapêutico clínico e a

elaboração de laudos e perícias.

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8. Funcionamento

Dias úteis por um período de 9 (nove) horas diárias, de segunda a sexta-feira,

garantindo o funcionamento das 08h00 às 17h00 ou das 09h às 18h, flexibilizando

dia e horário de acordo com a necessidade dos usuários.

09. Registro Técnico

Abertura e manutenção de prontuários do caso, com o objetivo de registrar o

histórico e processo de intervenção, constando:

 Folha de coleta de dados, relatórios de evolução dos atendimentos e

atividades socioeducativas, arquivo de documentos internos e

externos;

 PIA- Plano Individual de Atendimento;

 Relatórios informativos do acompanhamento destinados a Rede de

Atendimento e Judiciário, quando necessário.

10. Sobre a atenção dos profissionais no atendimento

 Conhecimento da proteção integral de crianças e adolescentes

 Família (novas configurações de família, grupo, função), geracionalidade e

sociedade/comunidade;

 Compreensão sobre o fenômeno da violência e os impactos no

desenvolvimento humano e social;

 Legislações vigentes, sistema de garantia de direitos e códigos de ética;

 Contextualizar a realidade social, cultural, territorial e as questões subjetivas

dos usuários.

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11. O vínculo no SPVV – Pressupostos

O Ponto de partida para o atendimento no SPVV pressupõe à atuação

conjunta de profissionais cujo objetivo é direcionar a ação de maneira mais

abrangente com conhecimentos e habilidades especificas de diferentes áreas, “sem

que com isso aconteça uma justaposição das práticas profissionais e com isso

possa existir a construção de alternativas junto com a família” (Simionato et al.

2002).

Através do vínculo é que se estabelece uma relação de confiança que

possibilita acessar as questões que promovem, mantém e rompem com a violência,

portanto contribui na forma como os usuários recebem e elaboram as informações e

intervenções, possibilitando alcançar os objetivos. Para tanto o estabelecimento de

vínculos no atendimento de crianças, adolescentes e adultos, exige dos

profissionais: postura ética; interação respeitosa; disponibilidade para abordar as

questões conflituosas da família, sem coagir os usuários; aproximação gradual à

temática da violência, respeitando o ritmo da família, não revitimização das crianças

e adolescentes; não submeter a julgamentos e juízo de valores. Fazer contrato e

pactuar o atendimento proposto, explicitando os aspectos sigilosos dos

atendimentos, porém deixando claro as parcerias com a rede intersetorial para a

proteção.

12. Das linguagens a serem utilizadas com crianças, adolescentes e adultos

 Crianças – majoritariamente lúdica e simbólica (artística, corporal, teatral,

jogos e atividades projetivas), e também verbal. A criança é capaz de

estruturar, brincando, a representação de seus conflitos básicos, suas

principais defesas e fantasias e, deste modo, muitos fenômenos que não

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seriam obtidos pela palavra, poderão ser observados pelo brincar.

(Aberastury,1992)

 Adolescentes – simbólica (jogos e atividades projetivas e artísticas) e verbal

(discussão de temas de interesse, ou novos para o conhecimento,

orientações, manejo de conflitos, identificação, expressão e ressignificação de

questões relativas às violências sofridas). Diante de peculiaridades tão

específicas desta faixa etária caberá ao profissional uma criativa e incessante

busca de mediadores e facilitadores que sirvam de canais para que esta

população tenha possibilidade de encontrar caminhos de expressão que

possam ser expressos e compreendidos.

 Adultos – simbólica por meio de atividades projetivas e artísticas e verbal com

discussões de temas de interesse, além de novos assuntos possibilitando

compreensões e reflexões sobre o histórico e condições de vida; orientações,

manejo de conflitos, identificação, expressão e ressignificação de questões

relativas às violências vivenciadas pelas crianças, adolescentes e eles

próprios.

13. Desenvolvimento do Atendimento e estratégias de intervenção

5.1 Acolhida

 motivo do encaminhamento e demandas emergenciais,

 identificação de situações de violências e/ou violações de direitos,(aqui e pare

redundante)

 articulação com o sistema de garantia de direitos, para atendimento as

necessidades identificadas na acolhida.

 identificação de outras demandas a partir da situação individual e dinâmica

familiar em que se encontram, além dos elementos apresentados em relação

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à violência: auto-protetividade, resiliência, rede de apoio, consequências

sociais, físicas e psicológicas

 Estudo sócio econômico e condições de moradia

5.2 Estudo de caso

Cada caso requer um planejamento específico de ações, por meio do registro

no PIA. O desenvolvimento desse planejamento acontece nas reuniões/ discussões

semanais de equipe, com a participação do CREAS minimamente uma vez por mês.

É importante salientar que essas reuniões/ discussões são extremamente

importantes para a condução adequada das tomadas de decisões. O andamento

dos atendimentos é avaliado, considerando as necessidades de intervenção sobre o

caso, em conjunto e os passos discutidos com os profissionais da equipe. É

importante compreender que esta é uma ação coletiva, multiprofissional. Os diversos

profissionais que compõem a equipe devem planejar uma ação articulada e

integrada.

5.3 Atendimento social, psicossocial e socioeducativo

Busca-se trabalhar conjuntamente as demandas apresentadas nos primeiros

atendimentos e outras que venham a surgir durante o acompanhamento da criança,

adolescente e família, sejam as identificadas pela família ou pela equipe, em

atendimentos individuais e/ou em grupo.

Durante todo o processo de atendimentos: busca-se por relações familiares e

sociais que possam garantir a proteção das crianças e adolescentes; fortalecimento

de vínculos; acesso aos serviços que possam colaborar com seu desenvolvimento e

garantia de direitos; trabalhar possíveis consequências das violências vivenciadas;

fortalecer o protagonismo.

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5.4 O Trabalho Socioeducativo

As Atividades socioeducativas são ações que buscam promover o

protagonismo social, cidadania, autoproteção, valores de inclusão, com base na

história de vida, vínculos familiares e comunitários dos usuários, objetivando a

compreensão de sua realidade social enquanto sujeitos de direito, a partir de um

contexto político, social, cultural e econômico. Serão desenvolvidas em atividades

individuais e grupal, por meio de um trabalho lúdico, reflexivo e orientativo.

5.5 PIA como norteador do atendimento

O Plano Individual de Atendimento – PIA é um instrumento técnico que

contém ações e metas de desenvolvimento com as crianças e adolescentes,

considerando o período em que estiver referenciada ao serviço.Constitui-se em um

planejamento personalizado, visando a evolução pessoal – enquanto sujeitos de

direitos, a construção de um projeto de vida, o restabelecimento e fortalecimento de

vínculos, a reintegração familiar, em casos específicos, e a inserção comunitária.

Desde o ingresso no SPVV a criança, o adolescente e suas famílias

participam da elaboração do PIA e, sempre que necessário outros profissionais

também poderão participar e apoiar a sua construção. Organiza as demandas

apresentadas pelos usuários, mais as necessidades percebidas pela equipe de

trabalho em relação aos aspectos fundamentais seja área de saúde, da educação,

habitação, esporte, cultura ou trabalho, dentre outros, tendo em vista que serve,

fundamentalmente, para a identificação das necessidades de intervenções técnicas.

Estabelece objetivos a serem alcançados numa relação de constante

parceria e troca entre profissionais, usuários e rede. O plano deve considerar a

história de vida de cada indivíduo e a situação e dinâmica de sua família.

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Objetivando que o PIA seja uma norteador para o acompanhamento das

crianças e adolescentes, serão indicados parâmetros( Anexo) os quais deverão ser

contemplados nos PIAS a serem utilizados nos SPVV’.

5.6 O Encerramento/ Desligamento

5.6.1 Encerramento

O encerramento se dá a partir de avaliações e estudo de caso. Ocorrerá nos

seguintes casos:

 Na avaliação técnica para o encerramento, considerando a concretização dos

objetivos estabelecidos;

 Transferência para outro serviço, mudança de região;

 Ausência com avaliação qualitativa frente as demandas das/os atendidas/os.

(3 faltas injustificadas consecutivas no atendimento + 1 solicitação de

comparecimento, sendo necessária realizar no mínimo 3 tentativas incluindo

ao menos 01 visita domiciliar, agendamento para atendimento no serviço,

contato telefônico).Não comparecendo/ respondendo a solicitação de

comparecimento informar sobre o desligamento, quando possível.

 Superação da violência vivida que pode ser mensurada por meio dos

seguintes parâmetros:

 1 – ressignificação da violência

 2 - a violência não for mais a principal demanda

 3 - os direitos básicos tiverem sido garantidos. entendendo por direitos

básicos a segurança, a proteção e aqueles violados pela situação de

violência.

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5.6.2 Desligamento

 Recusa da família ao atendimento.

 Falta de contato com a família (troca de telefone, não localização no endereço

que consta)

Nos (casos de encerramento e desligamento, o órgão que fez o encaminhamento

ao serviço, deverá ser comunicado), bem como o Conselho Tutelar e Ministério

Público, quanto houver risco.

14. Demanda Reprimida – “Fila de Espera”- – Excesso de demanda

Em que pese compreendemos que por ser tratar de um serviço de

acompanhamento especializado e sistemático a fim de contribuir para a proteção

das crianças e adolescente e favorecimento da reflexão familiar para a ruptura do

ciclo de violência doméstica ou no fortalecimento familiar devido à violência

externas , não é razoável que tenhamos um número maior do que preconizado no

item 6, fazendo-se necessário o devido registro na DEMES, bem como nos relatórios

de supervisão técnica, visto que a demanda reprimida passará a ser organizada e

monitorada pelos CREAS da região.

Atualmente há necessidade de mais unidades de SPVVs em São Paulo,

diante da não abertura de novas unidades ou de aditamento de vagas e profissionais

para as que já existem, muitos SPVVs têm recebido maior demanda do que o

conveniado. Diante do excesso de demanda, os SPVVs têm a responsabilidade de

atender somente ao número de vagas conveniadas. Portanto, em situações de

excesso de demanda, será possível a criação de uma lista de espera dos casos para

entrada no serviço, ficando estes referenciados no CREAS da região. A entrada

deles no SPVV se dará pela avaliação conjunta entre gerente e equipe de SPVV

com supervisor de CREAS sobre quais critérios serão usados para estabelecer a

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prioridade dos próximos casos a serem atendidos/acompanhados. Esses critérios

poderão se basear em:

 Cronologia: qual caso aguarda há mais tempo na lista de espera

 Gravidade: casos que sugerem, com base nas informações apresentadas,

maior complexidade e demandarão mais intervenções que só um serviço

especializado poderá fazer. Ou casos que acumulam mais demandas.

 Urgência: casos como de gravidez na adolescência como fruto de uma

violência sexual, em que se entende que há um prazo para atendimento antes

do bebê nascer, a fim de garantir um mínimo de protetividade ao bebê e

possibilidade de um ambiente em que possa se desenvolver de forma

saudável.

 Possibilidade de adesão: famílias que já estejam sensibilizadas e mobilizadas

para o atendimento/acompanhamento do SPVV, que podem perder o tempo

de querer cuidar da situação em virtude da espera na lista.

 Sem inserção na rede: famílias que não estejam inseridas em outros serviços

do SGD podem ser consideradas prioritárias. Os casos que tenham algum

outro acompanhamento externo poderão ser chamados posteriormente.

Enquanto isso trabalhar com o serviço que está acompanhando pertinente a

situação de violência (psicológico etc.) que pode não ser necessariamente o

órgão encaminhador.

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16. Equipe de Referência para o SPVV

O quadro acima refere-se ao publicado na Portaria nº47/SMADS/2010, sendo

que de acordo com o citado no item 6 desta norma técnica, a capacidade

considerada para novas parcerias e solicitação de aditamentos de quadro de R.H

será de 90 crianças e adolescentes e suas famílias considerando que, a partir

desta capacidade, poderá ser ampliado até 110 tendo como parâmetro 30 casos em

acompanhamento para cada dupla de técnicos e um orientador socioeducativo para

cada 40 atendidos.

Frente a importância do atendimento interdisciplinar, face a complexidade das

violências atendidas, a indica-se que o acompanhamento seja realizado em

parceria, entre assistente social e psicólogo.

Cabe-nos destacar que quanto aos profissionais da política de assistência

social e as suas atribuições, bem como o que deve ser ofertado nas diferentes

ações desenvolvidas dentro da Assistência Social, nos pautaremos na Norma

Operacional Básica RH SUAS (2006), nesta podemos identificar que as atribuições

não são específicas a um campo de formação. A diretriz é uma gestão do trabalho

interdisciplinar para equipe multiprofissional, sem prejuízo de restrições ou

atribuições privativas que as categorias profissionais regulamentadas possam ter,

como a Psicologia e o Serviço Social.

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A partir dos princípios éticos apresentados pela NOB RH o
trabalhador do SUAS tem como premissa não apenas o
desenvolvimento do trabalho, mas o que este fazer implica,
pois exige um compromisso com o usuário, a defesa de
direitos, uma compreensão das relações de poder
estabelecidas na sociedade e seus impactos no cotidiano de
indivíduos, famílias e coletivos, além das relações com e no
campo de trabalho. (CRP-SP, 07,2016)

Ainda em “Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogas (os)

na política de assistência social” temos que:

A atuação interdisciplinar requer construir uma prática político


profissional que possa dialogar sobre pontos de vista
diferentes, aceitar confrontos de diferentes abordagens, tomar
decisões que decorram de posturas éticas e políticas pautadas
nos princípios e valores estabelecidos nos Códigos de Ética
Profissional. (Brasília, 2007).

O fazer no campo do SUAS aponta para a construção de práticas pautadas

no conhecimento compartilhado, permitindo a compreensão e atenção a sujeitos e

coletivos em sua integralidade. Exige um conjunto de habilidades e competências,

assim como o compartilhamento de saberes e fazeres, ampliando a capacidade de

resposta técnica as demandas que se apresentam no cotidiano das (os)

profissionais envolvidos, construindo práticas no campo das relações sociais, assim

se estabelecendo a intervenção psicossocial.

16.1 Perfil e Atribuição dos Profissionais

16.2 Qualificação do Gerente

Formação mínima: nível superior na área de humanas e experiência em função

congênere.

22
Experiência na área de violação de direitos e violência contra crianças e

adolescentes e amplo conhecimento da rede de proteção à infância e juventude, de

políticas públicas e da rede de serviços da cidade e região.

Principais Atividades Desenvolvidas:

 Gestão do serviço

 Elaborar com a equipe técnica e os orientadores socioeducativos do Projeto

Político Pedagógico do serviço

 Organizar da seleção, e contratação de pessoal e supervisão dos trabalhos

desenvolvidos.

 Articular com a rede de serviços

 Articular com o Sistema de Garantia de Direitos

 Participar em reuniões, cursos, seminários, oficinas, fóruns, formações e

capacitações no território e na SMADS

 Participar de supervisão de horas técnicas, visando o aprendizado, troca de

saberes e a construção coletiva do plano de trabalho.

 Avaliar e ratificar os relatórios emitidos pela equipe técnica

 Acompanhar a evolução e manutenção dos prontuários das crianças e

adolescentes atendidos

16.3.Qualificação da Equipe Técnica

Formação Mínima: Nível superior em serviço social e/ou psicologia

Experiência no atendimento a crianças, adolescentes e famílias em situação de

violação de direitos e violência e conhecimento da rede de proteção à infância e

juventude, de políticas públicas e da rede de serviços da cidade e região.

23
Principais Atividades Desenvolvidas:

 Elaborar em conjunto com o (a) orientador (a) socioeducativo (a) sempre que

possível com a participação das crianças e adolescentes atendidos, de

combinados e rotinas fundamentadas no projeto político pedagógico do

serviço.

 Acompanhamento social e psicossocial, por meio dos atendimentos

individuais e grupais de crianças, adolescentes e famílias;

 Atendimento ao autor de violência, conforme estabelecido no item 8, desta

normatização;

 Fortalecimento de vínculos familiares;

 Encaminhar, discutir e planejar em conjunto com outros atores da rede de

serviços e do SGD das intervenções necessárias ao acompanhamento das

crianças e adolescentes e suas famílias, bem como ao autor de violência;

 Organizar e registrar as informações de crianças, adolescentes e suas

famílias, bem como do autor de violência em prontuário individual;

 Elaborar do Plano Individual de Atendimento - PIA;

 Orientar e informar sobre a política de assistência social e os de direitos

sociais e acesso a Políticas Públicas;

 Avaliar a situação socioeconômica da família, com o objetivo de possíveis

encaminhamentos para Proteção Básica e demais políticas Públicas;

 Elaborar encaminhamento e discussão com autoridade judiciária, Ministério

Público e Conselho Tutelar, de relatórios informativos do acompanhamento,

quando necessário e/ou solicitado, na perspectiva de defesa de direitos e

proteção.

 Apoiar na seleção das/dos orientadoras/es socioeducativos e demais

funcionários;

24
 Apoiar e acompanhamento do trabalho desenvolvido pelas/os

orientadoras/es socioeducativos

 Preparação, da criança/adolescente para o desligamento em parceria com

orientadoras/es socioeducativos.

 Participar de reuniões, cursos, seminários, oficinas, fóruns, formações e

capacitações no território e na SMADS.

 Participar de supervisão de horas técnicas, visando o aprendizado, troca de

saberes e a construção coletiva do plano de trabalho.

Cabe destacar que Assistentes Sociais e Psicólogos terão suas atuações

circunscritas as suas respectivas Leis de Regulamentação de suas Profissões e

seus respectivos Códigos de Ética.

Conforme versa o Manual de Orientações: Legislação e Recomendações para o

Exercício Profissional do Psicólogo, no capítulo IV Orientações sobre a Prática

Profissional o Código de Ética Profissional do Psicólogo representa a explicitação de

dois pontos fundamentais na ação profissional:

 os limites colocados à ação do profissional considerando-se uma situação em

que há um encontro entre duas partes: o profissional e o usuário do serviço,

seja pessoa ou grupo. O Código, por meio de seus artigos, busca representar

a justa medida do que nesta relação se configura como as condições básicas

para que a ação profissional não seja desvirtuada em relação aos objetivos

acordados ou que a atividade profissional seja realizada sem causar prejuízos

ao profissional ou ao usuário do serviço psicológico.

 representa também um acordo com os psicólogos acerca do significado social

da profissão e da direção que deve orientar a intervenção da Psicologia na

25
sociedade, com o qual estão comprometidos ao realizar seu exercício

profissional. Este compromisso está sintetizado nos Princípios Fundamentais

do Código de Ética, resolução CFP 010/2005.

Princípios fundamentais:

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da

liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano,

apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos

Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida

das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer

formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão.

III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e

historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo

aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da

Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.

V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da

população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos

serviços e aos padrões éticos da profissão.

VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com

dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.

VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua

e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,

posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios

deste Código.

26
No que se refere ao atendimento de crianças e adolescentes ou interditos é

importante destacar que o Art. 8º do Código de Ética versa que:

Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito,

o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis,

observadas as determinações da legislação vigente;

§1º - No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser

efetuado e comunicado às autoridades competentes;

§2º - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem

necessários para garantir a proteção integral do atendido.

Além disso, tendo em vista o princípio do sigilo profissional, é importante o cuidado

para comunicar “ao responsável apenas o estritamente essencial para se

promoverem medidas em seu benefício” (Art. 13 do Código de Ética).

Importante salientar que com base na publicação Caderno de Orientações do

CRP-SP para atuação das psicólogas/os na Assistência Social e nas “Referências

para atuação da (o) psicóloga (o) no CREAS” os profissionais da Psicologia

devem atuar segundo a ótica territorial e considerando as

questões estruturais sociais que podem ser violadoras de direitos, articulando


questões subjetivas e objetivas em cada situação. Para isso, a (o) psicóloga
(o) deve elaborar estratégias baseadas no compromisso ético-político e nos
referenciais teóricos da Psicologia enquanto ciência, a partir das vivências e
situações encontradas em cada caso, o que exige criatividade e liberdade
frente a modelos teóricos tradicionais, buscando criar estratégias com objetivo
de promover inserção e vinculação levando serviços, projetos e programas a
atingirem os objetivos estabelecidos a cada um conforme posto na PNAS e
nas ações a serem garantidas e desenvolvidas pelo SUAS.
Além das principais funções do técnico de nível superior do CREAS já
anteriormente citadas, nos cabe salientar que esta atuação tem como
proposta o atendimento psicossocial, e não psicoterápico – em casos
que se verifique a necessidade desse tipo de atendimento, a (o)
profissional deve buscar serviços na rede de saúde ou outras
instituições que ofereçam psicoterapia. ( CRP –SP, 13,2016)

27
Para os Assistentes Sociais a Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993 que

regulamenta a profissão expressa:

Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos

da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações

populares;

II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que

sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos

e à população;

IV - (Vetado);

V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido

de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de

seus direitos;

VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a

análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta

e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias

relacionadas no inciso II deste artigo;

IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria

relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos

e sociais da coletividade;

28
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de

Unidade de Serviço Social;

XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de

benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades.

No que tange as Atribuições privativas em seu Art. 5º explicita:

I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas,

planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de

Serviço Social;

III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; I

V - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e

pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como

pós graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e

adquiridos em curso de formação regular;

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço

Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço

Social, de graduação e pós-graduação;

VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em

Serviço Social;

IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões

julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou

onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;

29
X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre

assuntos de Serviço Social;

XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais;

XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;

XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em

órgãos e entidades representativas da categoria profissional

O Código de ética dos Assistentes Sociais contemplam onze princípios

fundamentais para a atuação profissional, os quais devem ser norte e base para

intervenções nos diversos espaços sociocupacionais nos quais estes profissionais

se inserem, a saber:

I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a

ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;

II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo;

III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda

sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes

trabalhadoras;

IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da

participação política e da riqueza socialmente produzida;

V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure

universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas

sociais, bem como sua gestão democrática;

VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o

respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à

discussão das diferenças;

VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais

democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o

30
constante aprimoramento intelectual; VIII. Opção por um projeto profissional

vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem

dominação, exploração de classe, etnia e gênero;

IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem

dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as;

X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o

aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;

XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por

questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,

orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física.

Ainda no que se refere ao Código de Ética, cabe-nos destacar as relações

profissionais entre assistentes sociais e usuárias/os no CAPÍTULO I do referido

Código de Ética.

Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações com os/as usuários/as:

a- contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária nas

decisões institucionais;

b- garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e consequências

das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos/as

usuários/as, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças individuais

dos/as profissionais, resguardados os princípios deste Código;

c- democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço

institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos/as

usuários/as;

d- devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos/às usuários/as, no

sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses;

31
e- informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro

audiovisual e pesquisas a elas referentes e a forma de sistematização dos dados

obtidos; 30 Código de Ética

f- fornecer à população usuária, quando solicitado, informações concernentes ao

trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões, resguardado o

sigilo profissional;

g- contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação

com os/as usuários/as, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados;

h- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a

amplitude de sua atuação profissional.

16.4. Qualificação do Orientador Socioeducativo

Formação mínima: Nível médio

Experiência em atendimento socioeducativo com crianças e adolescentes em

situação de violação de direitos e violência e conhecimento da rede de proteção à

infância e juventude.

Principais Atividades Desenvolvidas:

 Realizar recepção acolhedora, contribuindo para a vinculação do usuário com

o serviço.

 Elaborar e executar atividades socioeducativas para o público atendido,

respeitando sua individualidade e história, tendo como instrumentos: o

brincar, desenhar, pintar, leituras ou a execução de outras atividades

propostas.

32
 Elaborar e executar oficinas lúdicas, temáticas e reflexivas para o público

atendido no SPVV, buscando trabalhar valores de inclusão, cidadania,

direitos, participação e diálogo, visando a promoção da autonomia.

 Elaborar e executar oficinas lúdicas, temáticas e orientativas no território,

tendo como objetivo de esclarecer o que vem a ser o fenômeno da violência

e orientar acerca da temática, como identificá-lo e preveni-la

 Elaborar e Registrar os elementos necessários dos atendimentos individuais

e grupais para compor avaliação da equipe técnica.

 Ter uma observação crítica atenta ao comportamento da criança e

adolescente, possibilitando compreender os elementos apresentados e

proporcionar um espaço acolhedor.

 Planejar e preparar o espaço conforme demanda e tema proposto, buscando

um ambiente mais acolhedor e reflexivo.

 Acompanhar visitas domiciliares e institucionais (quando necessário),

conforme a necessidade do acompanhamento social e psicossocial, em

conjunto com a equipe técnica.

 Qualificar a atuação profissional, por meio de palestras, seminários,

workshop, cursos, estudos, pesquisas e supervisão via horas técnicas,

buscando um maior entendimento sobre o fenômeno da violência, Garantia

de Direitos, Rede de Proteção e as fases de desenvolvimento da criança e

adolescente.

OBSERVAÇÃO: cada item apontado nessa construção tem seus desdobramentos

respeitando as especificidades territoriais pertencentes a cada SPVV.

33
16.5. Função: Assistente Administrativo

Formação mínima: Nível médio com conhecimento em informática

Principais Atividades Desenvolvidas

 Redação e recepção de correspondência.

 Recepção de quem procura o serviço diretamente ou por telefone.

 Digitação de textos e relatórios e elaboração de gráficos.

 Organização e arquivo de documentos e materiais.

 Controle de estoque de materiais.

 Outras tarefas de escritório com orientação.

 Atividades externas: compras, correios, banco e/ou outras com orientações.

16.6. Função: Agente Operacional

Formação mínima: Nível fundamental e experiência específica no trabalho

doméstico.

Principais atividades desenvolvidas:

 Conservar e manter a limpeza do estabelecimento, como: salas, banheiros,

cozinha, quintal;

 coletar o lixo em embalagem adequada;

 repor papel higiênico, toalhas e sabonetes;

 fazer café, trocar os galões de água e encher garrafas de água;

 limpar utensílios como: lixeiras, objetos de adorno, mesas e cadeiras;

34
 atender as normas de higiene e segurança do trabalho;

 guardar sigilo das atividades inerentes as atribuições do cargo e também

sobre qualquer tema relativo aos atendimentos ofertados no local, levando ao

conhecimento da gerencia qualquer situação ou informação relacionadas a

esta questão;

 primar pela qualidade dos serviços executados;

 zelar pela guarda, conservação, higiene e economia dos materiais a si

confiados, recolhendo-os e armazenando-os adequadamente ao final de cada

expediente;

 informar sobre a necessidade de reposição de materiais utilizados;

 guardar nos armários os produtos de uso geral da cozinha (louças, alimentos

e produtos de limpeza);

 executar outras tarefas afins e correlatas ao cargo para o desenvolvimento

das atividades do Serviço.

17. Articulação com a Rede Socioterritorial

O serviço deve estar articulado com outros serviços do SUAS e estabelecer

interface com as demais políticas públicas. Deve ter por base o princípio da

incompletude institucional, ou seja, não deve ofertar em seu interior atividades que

sejam da competência de outros serviços e sim buscar articulação para

complementação das atividades ofertadas aos usuários e o desenvolvimento

conjunto de estratégias de intervenções com papéis definidos de cada membro da

rede, para evitar sobreposições.

18. CREAS- Centro de Referência Especializado de Assistência Social

Esse serviço está vinculado ao CREAS e mantém relação direta com a equipe

técnica deste Centro, que deverá operar a referência e a contrarreferência com a

35
rede de serviços socioassistenciais da proteção social básica e especial e com o

Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselhos Tutelares, outras

Organizações de Defesa de Direitos e demais políticas públicas, no intuito de

estruturar uma rede efetiva de proteção social. Para garantir o comando único e a

gestão estatal, a equipe técnica do CREAS é responsável pelo acompanhamento da

prestação do serviço, devendo ter assegurados em suas atribuições:

 A realização de reuniões mensais de supervisão técnica de

monitoramento e avaliação com as executoras do serviço;

 O acesso aos relatórios, prontuários e Plano Individual de Atendimento -

PIA dos casos atendidos; A proposição de estudos de casos em conjunto

com a executora, principalmente aqueles com maior dificuldade de adesão

à proposta de trabalho;

 A articulação com o CRAS para inserção na rede socioassistencial da

Proteção Social Básica, inclusão no Cadastro Único e nos programas de

transferência de renda, quando for o caso;

 A inserção na rede socioassistencial de Proteção Social Especial;

 A articulação com Sistema de Garantia de Direitos, com o Poder Judiciário

e outras secretarias;

19. Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Trabalho Ou Interface com

SGDA

Para assegurar a garantia de direitos, da convivência comunitária e o exercício

da cidadania das crianças e adolescentes atendidas deve-se estabelecer a

articulação no território com os serviços das demais políticas públicas: Saúde,

Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Trabalho, dentre outras, e, da mesma forma,

com a rede privada, considerando além dos direitos, as necessidades, interesses e

possibilidades dos usuários.

36
20. Da Capacitação Profissional

Outro aspecto importante na articulação com a rede socioterritorial refere-se à

participação dos diversos atores por ocasião da organização e realização da

capacitação inicial, bem como da educação permanente dos profissionais do

serviço, coordenada pelo Centro de Referência de Assistência Social - CREAS. As

temáticas devem ser apresentadas de acordo com as demandas e necessidades

identificadas, tanto em relação aos usuários quanto em relação aos profissionais do

serviço.

21. Diretrizes Metodológicas

Considerando que o caráter precípuo da Assistência Social é o da Proteção

Social, há de se assegurar aos seus usuários a garantia das seguranças de

acolhida; de convívio ou vivência familiar, comunitária e social; e do

desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social, assim entendidas e

afiançadas no SUAS, no âmbito da Proteção Social Especial de Média

Complexidade:

21.1 Segurança de acolhida

 Ser acolhido em condições de dignidade;

 Ter sua identidade, integridade e história de vida preservada;

 Ter acesso a espaço com padrões de qualidade quanto a: higiene,

acessibilidade, habitabilidade, salubridade, segurança e conforto;

 Ter acesso à alimentação em padrões nutricionais adequados de acordo com

a Portaria nº45/SMADS.

 Avaliar o serviço;

 Ter oportunidade de superação de padrões violadores de direito;

37
21.2 Segurança de convívio ou vivência familiar, comunitária e social

 Ter acesso a benefícios, programas, outros serviços socioassistenciais e

demais serviços públicos;

 Ter assegurado o convívio familiar, comunitário e/ou social.

21.3 Segurança de desenvolvimento de autonomia individual, familiar e social

 Ter endereço institucional para utilização como referência.

 Ter vivências pautadas pelo respeito a si próprio e aos outros, fundamentadas

em princípios éticos de justiça e cidadania.

 Ter acesso a atividades, segundo suas necessidades, interesses e

possibilidades.

 Ter acompanhamento que possibilite o desenvolvimento de habilidades de

autogestão, autossustentação e independência de acordo com a idade e fase

do desenvolvimento.

 Ter respeitados os seus direitos de opinião e decisão.

 Ter acesso a espaços próprios e personalizados.

 Ser ouvido e expressar necessidades, interesses e possibilidades;

 Desenvolver capacidades para autocuidados, construir projetos de vida e

alcançar a autonomia;

 Ter ampliada a capacidade protetiva da família e a superação de suas

dificuldades;

 Ser preparado para o desligamento do serviço;

38
22. Supervisão

Conforme as recentes normativas da SMADS Portaria nº67/2016 e Portaria nº

40/2017 que versam sobre supervisão técnica, e entendendo a relevância desta

para os processos de trabalho desencadeados pelos SPVV’s faz-se necessário

versar sobre aquela.

Na relação Gestor da Parceria e SPVV a relação a ser estabelecida deverá

ser pautada conforme previsto na Portaria nº40/2017 que em seu Art.17. versa que a

supervisão “ tem por objetivo geral fornecer subsídios teóricos, metodológicos,

técnicos, operativos e éticos para a construção crítica e criativa de novas

alternativas de intervenção aos trabalhadores do SUAS e elevar a qualidade do

provimento dos serviços, programas e projetos, bem como as ofertas, benefícios

socioassistenciais e transferência de renda para usuários e famílias, contribuindo

para a resignificação das ofertas da Assistência Social e potencializando o pleno

cumprimento de suas funções e seguranças afiançadas, na perspectiva da garantia

de direitos”

§ 1º deve ser entendida como uma estratégia de formação, que pode ser

desenvolvida com base em diferentes abordagens e técnicas, devendo ser orientada

pelas necessidades da(s) equipe(s) participante(s) e propiciada ampla participação,

estando respaldada no diagnóstico de problemas e levantamento de necessidades

de capacitação e de formação;

§ 2º Deve ser também entendida como uma estratégia de fortalecimento e

argumentação técnica das necessidades dos usuários, com base em diferentes

abordagens de escuta e participação dos cidadãos atendidos;

Art. 18 - A Supervisão Técnica poderá ser considerada interna, quando realizada

visita in loco pelo gestor da parceria e quando promovida supervisão coletiva; ou,

externa, quando requerer especialistas externos em temáticas relacionadas ao

trabalho desenvolvido pela(s) equipe(s) profissional do SUAS, seja por meio das
39
ações previstas no Plano Municipal de Educação Permanente ou pelas horas

técnicas previstas no Termo de Parceria.

I. Visita in loco compreende equipes profissionais de um único serviço

parceiro, bem como seus usuários. Devendo o gestor da parceria se orientar

pelas dimensões a serem monitoradas e avaliadas de forma dialogada e

participativa, expressas nos instrumentais instituídos nesta portaria

II. Supervisão Coletiva compreendendo equipes profissionais de mais de um

serviço da rede socioassistencial, agrupados pela mesma tipologia, por

segmentos sociais semelhantes, ou pelo território de mesma abrangência.

Devendo os supervisor de SAS ou Coordenador CRAS, CREAS e Centro Pop

versar sobre necessidades levantadas pelos gestores das parcerias quanto

ao tipo, volume e padrões de qualidade, considerando o trabalho em rede e

procedimentos técnico-administrativos, preceitos éticos e teóricos, ou ainda,

metodologias específicas de atendimento e oferta;

III. Horas Técnicas destinadas para contratação de profissionais especializados,

com experiência comprovada, com a finalidade de promover supervisão

institucional aos recursos humanos do serviço parceiro. Estão previstas para

algumas tipologias de serviços, devendo ser submetido para apreciação do

gestor da parceria. Visam qualificar técnica, ética e metodologicamente as

ofertas e atendimentos realizados pelo serviço. Relatos e ações decorrentes

dessa atividade formativa devem ser apresentados no Relatório de Execução

do Objeto, quando cabível;

IV. Ações formativas desenvolvidas por profissionais especializados

contratados no âmbito do Plano Municipal de Educação Permanente. Deve

promover a construção crítica e criativa de alternativas de intervenção aos

trabalhadores do SUAS e elevar a qualidade do provimento dos serviços,

40
fornecendo subsídios teóricos, tecnologias sociais, metodologias, preceitos

operativos e éticos.

§ 4º - A Supervisão Técnica in loco deverá ser no mínimo mensal configurando-se

como ação contínua de qualificação da rede de serviços, sem prejuízo de maior

presença respeitando a natureza dos serviços;

§ 5º - Devem ser previstas, no mínimo, 04 (quatro) horas mensais para Supervisão

Técnica para cada unidade de serviço, contemplando a interlocução com gerentes,

técnicos, educadores entre outros profissionais envolvidos na execução e usuários;

A Supervisão Técnica in loco deve ser realizadas em horário compatível com

a tipologia do serviço parceiro, respeitadas as normativas de gestão de pessoas da

Pasta, cabendo à Coordenadoria de Gestão de Pessoas orientar e proceder

conforme regulamentação própria;

Caberá ao Gestor da Parceria elaborar Relatório de Supervisão Técnica, no

ato da ação presencial de monitoramento aos serviços, que deverá ser assinado

pelo gestor da parceria e gerente da unidade de serviço parceiro, ou técnico

designado, deixando cópia na unidade supervisionada, sendo então encartados nos

Relatórios de Execução do Objeto, as variáveis que não foram monitoradas na

ocasião da visita devem ficar em branco;

Ainda, avaliar semestralmente o serviço para fins de prestação de contas,

com o preenchimento de todas as dimensões do Relatório de Supervisão Técnica,

tendo como subsídio as visitas técnicas, Relatórios de Execução do Objeto e

extratos da Declaração de Execução Mensal do Serviço (Demes);

23. Monitoramento e Avaliação

O Sistema Único da Assistência Social (SUAS), enquanto sistema público não-

contributivo, descentralizado e participativo tem por função a gestão do conteúdo

41
específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira. Possui,

entre seus princípios organizativos:

 Descentralização político-administrativa com competências e comando único em

cada esfera de governo;

 Normas operacionais básicas que estabelecem padrões de desempenho,

padrões de qualidade e referencial teórico-operativo;

 Sistema ascendente de planejamento por meio de planos municipais, estaduais e

federal de Assistência Social devidamente aprovados pelos respectivos

Conselhos de Assistência Social;

 Sistema democrático e participativo de gestão e de controle social.

Portanto, o acompanhamento, monitoramento e avaliação dos serviços se

dão em duas instâncias complementares: pela Secretaria Municipal de Assistência e

Desenvolvimento Social, no acompanhamento técnico realizado pelas Supervisões

de Assistência Social e na planificação de dados pelo Observatório de Política

Social; e, ainda, pelos serviços, nas avaliações realizadas por profissionais, usuários

e seus familiares.

Para a gestão do Banco de Dados do Observatório de Política Social, cabe

aos serviços informar, com a regularidade prevista, dados gerais dos usuários

atendidos.

O acompanhamento e a avaliação nos serviços devem ocorrer de forma

sistemática e contínua, considerando a participação da equipe de profissionais, das

crianças e adolescentes, dentro de suas possibilidades, e dos familiares. É um

processo que deve representar a busca incessante de compreensão das

necessidades, dificuldades e facilidades e interesses.

42
24. Outros Instrumentais

Plano de Trabalho é um instrumento primordial a ser elaborado pela

Organização, quando da abertura do Edital de chamamento público, constituindo-se

no planejamento das ações que nortearão o atendimento as famílias/indivíduos,

contendo desde os objetivos, os conteúdos programáticos, as atividades que

comporão o plano de organização do cotidiano, o quadro de recursos humanos, ao

monitoramento e avaliação das ações oferecidas pelo serviço, ou seja, deve estar

em conformidade com as diretrizes da política de assistência social e legislação

vigente. É importante e necessário que ocorra o seu desmembramento em

planejamentos semestrais (GRAS) e cronogramas mensais e semanais, de forma a

se tornar melhor exequível as propostas nele contidas.

Relatório Mensal de Atividades – Resumo qualitativo das atividades

socioeducativas internas e externas com usuários e/ou com famílias e autores de

violência, capacitação com os profissionais do serviço, bem como interface realizada

com a rede socioassistencial e de outras políticas públicas desenvolvidas no mês, a

ser entregue ao Gestor da parceria.

O serviço deverá manter prontuário individualizado das crianças e adolescentes

atendidos, bem como do autor de violência, no qual constarão todas as suas

informações: ficha de identificação, relatórios social, médico, técnico e de evolução,

desde seu ingresso ao desligamento do atendimento. Quando o agressor for criança

ou adolescente deverá ter um prontuário separado.

25. Referências Bibliográficas

Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Infância e Violência Fatal em Família, SP, Iglu,

1998.

43
BRASIL. Lei 8.069. Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil. Brasília/DF, 13 jul. 1990.

AZEVEDO, M. Amélia e GUERRA, N.Viviane. Infância e Violência Doméstica:

fronteiras do conhecimento. 7ª ed- São Paulo: Cortez, 2015.

Azambuja, M.R e Ferreira, M.H. O atendimento Social e o Atendimento à Famílias

em Situação de Violência Sexual Infantil in:Violência Sexual contra Crianças e

Adolescentes. Porto Alegre: Artmed.2011.

Brasil. Lei de regulamentação da Profissão. Lei 8662/93 Brasília. 1993

BRASIL. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e

Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília/DF, 2006.

BRASIL. Presidência da República. Lei 8.662. Dispõe sobre a profissão de

assistente social e dá outras providências. Brasília, 7 de junho de 1993.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Conselho

Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social, Brasília,

2005.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Conselho

Nacional de Assistência Social. NOB/RH/SUAS, Brasília, 2007

Brasil, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Conselho Nacional

de Assistência Social. RESOLUÇÃO CNAS Nº 109, DE 11 DE NOVEMBRO DE

2009. Aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria

Nacional de Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro Especializado de

Referência de Assistência Social. Brasília, 2011.

BRASIL, Lei Nº Federal Nº 12.435, de 06 de julho de 2011, que altera a Lei Federal

Nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da

Assistência Social. Brasília, DF, 1993.

44
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução CFESS nº 273/93. Institui

o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. 13 de março de 1993.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação dos/as

assistentes sociais e do/as psicólogos/as na Política de Assistência Social. Brasília,

2007.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do psicólogo.

Brasília: CFP, 2005.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO (org). Manual de

Orientações – Legislação e Recomendações para o Exercício Profissional do

Psicólogo / Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região - São Paulo - São Paulo:

CRP SP: 2011

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO.Caderno de

Orientações do CRP SP para atuação de psicólogas(os) na Assistência Social.

Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região - São Paulo - São Paulo: CRP SP:

2016

MIOTO, Regina Célia Tamaso e DAL PRÁ, Keli Regina. Serviços Sociais e

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Pensando Famílias, Porto Alegre, v. 7, n. 9, p. 121-134, 2005.

27- ANEXOS

27.1 PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO – PSICOSSOCIAL

45
I – IDENTIFICAÇÃO

II – TIPO DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS

III – DADOS JURÍDICOS


IV – REDE SECUNDÁRIA
V – SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
VI – RELATÓRIO DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL
A – Frequência: % de participação
B – Evolução do Acompanhamento Psicossocial
C - Plano de objetivos a serem alcançados por eixos:
 Psicossocial
 Saúde
 Habitação
 Educação
 Trabalho
 Qualificação Profissional
 Sociocultural/ Lazer/Esportes
 Serviços Socioassistencias
 Convivência familiar e comunitária
 Documentação
 Aspectos Jurídicos
 Programas e Benefícios Socioassistenciais

46
7.2. Fluxo de atendimento a crianças e adolescentes com suspeita ou vítimas de violência
(doméstica, física, psicológica, abuso e exploração sexual.)

47

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