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Adições- Dependência Química

O conceito utilizado pelo DSM-V, traz a dependência química o uso de substâncias que
leva a prejuízo ou sofrimento clínico significativo, que em geral leva a tolerância,
abstinência e abandono ou redução de importantes atividades sociais, ocupacionais ou
recreativas em razão do uso da substância. O histórico evolutivo tem que ter, no
mínimo, um período de 12 meses.
O DSM-5 traz 10 classes de substâncias relacionados a estados de dependências:
1. Álcool,
2. cafeína,
3. Cannabis,
4. alucinógenos,
5. inalantes,
6. opióides,
7. sedativos e hipnóticos
8. Ansiolíiticos,
9. estimulantes (substâncias tipo anfetamina, cocaína e outros estimulantes);
10. Tabaco

Fisiopatologia da dependência química


Como na maioria dos distúrbios comportamentais e psiquiátricos, os fatores de risco
incluem risco genético, traços temperamentais e o ambiente influenciam na dependência
química.
Uma vez exposto ao uso dessas drogas há ativação direta do sistema de recompensa do
cérebro, o qual está envolvido nas sensações de prazer, no reforço de comportamentos e
na produção de memórias. Essa via é ativada através de comportamentos adaptativos.
De maneira fisiológica, há alteração dos processos normais de acumulação, liberação e
eliminação de neurotransmissores endógenos. Entre alguns neurotransmissores
envolvidos temos a dopamina, a serotonina, a noradrenalina, o ácido gama-
aminobutírico (Gaba), o glutamato e os opioides endógenos.Há também perda dos
mecanismos cerebrais de inibição.
#Ponto importante: a ativação do sistema de recompensa é intensa a ponto de fazer
atividades normais serem negligenciadas.
Manifestações clínicas e diagnóstico da dependência química
A presença de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, relacionados à
tolerância ou abstinência da substância.
Os sintomas apresentados por um dependente químico durante uma crise de
abstinência variam conforme uma série de aspectos.
Eles incluem tipo de substância ingerida, dosagem, tolerância do organismo, via de
administração e mistura de drogas diferentes, entre outros.
Ainda assim, listei algumas das ocorrências mais comuns, independentemente da
modalidade do entorpecente consumido:
 Descuido com a aparência e com cuidados pessoais e higiênicos básicos
 Mudanças comportamentais severas, podendo variar de atitudes mais agressivas
e irritabilidade até momentos mais depressivos
 Isolamento social
 Abandono da sua rotina pessoal e profissional e total descaso com suas
responsabilidades.
 Problemas financeiros
 Manifestações fisiológicas, como náusea, vômito, insônia, falta de apetite,
fadiga, entre outras (dependendo do tipo de droga consumida).

Critérios diagnósticos segunda DSM-V


Os critérios são baseados em grupos de sinais e sintomas.
1° grupo: baixo controle sobre o uso da substância.
1. O indivíduo pode consumir a substância em quantidades maiores ou ao longo de
um período maior de tempo do que pretendido originalmente
2. O indivíduo pode expressar um desejo persistente de reduzir ou regular o uso da
substância e pode relatar vários esforços malsucedidos para diminuir ou
descontinuar o uso
3. O indivíduo pode gastar muito tempo (ou todo seu tempo) para obter a
substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos.
4. A fissura se manifesta por meio de um desejo ou necessidade intensos de usar a
droga que podem ocorrer a qualquer momento, mas com maior probabilidade
quando em um ambiente onde a droga foi obtida ou usada anteriormente.
2° grupo: prejuízo social.
5. O uso recorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as
principais obrigações no trabalho, na escola ou no lar.
6. O indivíduo pode continuar o uso da substância apesar de apresentar problemas
sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por
seus efeitos.
7. Atividades importantes de natureza social, profissional ou recreativa podem ser
abandonadas ou reduzidas devido ao uso da substância. O indivíduo pode
afastar-se de atividades em família ou passatempos a fim de usar a substância.
3° grupo: O uso arriscado da substância.
8. Pode tomar a forma de uso recorrente da substância em situações que envolvem
risco à integridade física.
9. O indivíduo pode continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um
problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi
causado ou exacerbado pela substância.
4° grupo: Critérios farmacológicos.
10. A tolerância é sinalizada quando uma dose acentuadamente maior da substância
é necessária para obter o efeito desejado ou quando um efeito acentuadamente
reduzido é obtido após o consumo da dose habitual.
11. Abstinência é uma síndrome que ocorre quando as concentrações de uma
substância no sangue ou nos tecidos diminuem em um indivíduo que manteve
uso intenso prolongado. Após desenvolver sintomas de abstinência, o indivíduo
tende a consumir a substância para aliviá-los.

Os fatores de risco da dependência química


Podem ser divididos em três grandes grupos: biológicos, psicológicos e sociais.
Biológicos
Quando você consome uma substância, o sistema nervoso central é afetado
diretamente.
Afinal, ele é o principal responsável pela liberação da dopamina, neurotransmissor
que gera as nossas sensações de prazer e que é estimulado no uso da droga.
Esse processo também ocorre de maneira natural.
Ou seja, produzimos o hormônio do bem-estar quando realizamos atividades que
nos completam.
No entanto, ao fazer uso recorrente de entorpecentes, é como se enviássemos uma
mensagem para o nosso cérebro dizendo que o único modo de termos acesso a
sentimentos positivos é por meio das drogas.
Isso compromete o chamado sistema cerebral de recompensas, que passará a não
produzir mais os neurotransmissores de forma natural.
Além disso, há um prejuízo funcional do lóbulo frontal, responsável pela mediação
de comportamentos e vontades.
Em outras palavras, o indivíduo passa a ser impulsivo, desejando mais e mais a
substância em questão, a fim de revisitar sensações de prazer.
Acontece que, agora, a produção de dopamina está comprometida e, para se sentir
bem, é necessário consumir doses cada vez mais elevadas e, ainda sim, a duração do
feito será menor.
Psicológicos
A falsa noção de que a droga é a razão para o bem-estar acaba fazendo com que os
indivíduos, de maneira equivocada, façam uso de substâncias nocivas para aliviar
preocupações emocionais.
Administrados como muletas, os psicoativos representam uma fuga da realidade.
Sendo assim, sempre que o adicto se deparar com uma situação desconfortável, vai
recorrer a esse artifício.
A dependência química, nesse caso, vai se instalando de forma progressiva como
um antídoto psicológico contra o medo, as frustrações e a ansiedade, por exemplo.
Sociais
Por último, mas não menos importante, temos o aspecto social.
Hoje em dia, mesmo que a legislação promova graves sanções a quem incentiva o
consumo ou venda de substâncias lícitas e álcool para menores de idade, por
exemplo, o acesso a eles ainda é muito fácil.
Inclusive, até as drogas ilícitas são acessíveis.
É só observar uma festa rave para atestar isso – a administração de substâncias
sintéticas é quase um “kit balada” obrigatório.
Somadas a esses fatores, temos a carência de um suporte social adequado, a falta de
políticas públicas em ações educacionais e preventivas, a necessidade de aceitação
em determinados grupos, a sensação de libertação, contravenção e a fuga das
responsabilidades.
Tratamento da dependência química
O tratamento deve estar apoiado em elementos biológicos, psicológicos e sociais, já que
o tratamento visa a reinserção social do usuário. O planejamento das ações inclui a
elaboração de planos que visam essencialmente à reconstrução de horizontes vitais,
sedutores do ponto de vista do paciente, que possam substituir o prazer fácil das drogas.

Dificilmente é possível sustentar a melhora de um paciente sem que atuemos em seu


meio familiar. Pacientes que não têm suporte social e familiar e apresentam problemas
psíquicos graves, a internação pode ser necessária, porém, apenas em caso de surto ou
para desintoxicação, por períodos curtos e sempre tentando uma abordagem voluntária,
com o objetivo de estimular (motivar) o trabalho para uma mudança do comportamento.

A motivação é um fator importante no desempenho do tratamento. Segundo Rollnick e


Miller (1995), o paciente se encaixa dentro das fases motivacionais em pré-
contemplação, contemplação, determinação e ação. Devemos sempre visar que o
paciente,a partir de um processo de auto reflexão, alcance o estado de ação.

A estratégia de redução de danos é uma ferramenta importante, estimulada pelas


políticas do SUS, a serem aplicadas em indivíduos que não conseguem manter-se
abstinentes em tratamento ambulatorial e apresentam comportamentos de risco à
sociedade e à sua integridade física e/ou mental.
Droga
A OMS – Organização Mundial da Saúde – definiu como droga as substâncias capazes
de alterar a funcionalidade do organismo quando inseridas nele.
o termo drogadição foi criado para definir todo e qualquer vício bioquímico de seres
humanos em relação à alguma droga. Além disso, o termo é utilizado para se referir às
causas do vício químico no que se refere à inclusão e exclusão do indivíduo na
sociedade, fatores econômicos, políticos, genéticos e biofarmacológicos .
Segundo a definição encontrada no Dicionário Aurélio, o termo significa “afeiçoado,
dedicado, apegado. Adjunto, adstrito, dependente. Em medicina é quem não consegue
abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou
psicológicos”.
Existem diversas formas de drogadição, uma delas é dependência psicológica, na qual o
indivíduo tem a necessidade da utilização do entorpecente para uma sensação de bem
estar ou alívio de tensões cotidianas. Geralmente é caracterizada pela busca repetitiva
dos efeitos do início da utilização e manifesta-se no cérebro produzindo efeitos como
redução dos sintomas de ansiedade, sensação de euforia, mudança agradável de humor,
percepção dos sentidos alterada e sensação de aumento da capacidade física e mental.
Outra forma de drogadição é a dependência física, na qual o corpo adapta-se à certa
substância. Assim, se a utilização da droga é interrompida, a pessoa passa por distúrbios
físicos e entra em um estado chamado craving, que significa ânsia. Fatores como carga
genética, constituição física da pessoa e formas de uso são variáveis que podem
influenciar no tempo de uso da droga, o que também evidencia um aspecto da
dependência física.
O organismo passa a se adaptar à droga quando utilizada com bastante frequência e em
quantidades elevadas. Esta adaptação ocorre por meio da homeostase, na qual o corpo
cria mecanismos de defesa contra o entorpecente. Quando a ingestão do entorpecente é
interrompida, o indivíduo entra em crise de abstinência.
Além da drogadição física e psicológica, há a toxicomania, definida pela utilização em
excesso e por repetidas vezes de certo tipo de droga (pode ser mais de uma) sem
justificação terapêutica. De acordo com dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS), a toxicomania caracteriza-se pelos seguintes fatores: compulsão de
consumir o produto, tendência de aumentar as doses, dependência psicológica e/ou
física, surgimento de consequências sobre aspectos emotivos, sociais, econômicos
relacionados indivíduo.

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