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1.

Conceito:

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o termo droga refere-


se a “qualquer entidade química ou mistura de entidades que altere a função
biológica e possivelmente a estrutura do organismo” (OMS, 1981). As
chamadas substâncias psicoativas ou drogas psicotrópicas são aquelas que
atuam sobre o cérebro, modificando o seu funcionamento, podendo provocar
alterações no humor, na percepção, no comportamento e em estados da
consciência.

Nesse sentido, a nicotina, que está presente em qualquer produto derivado do


tabaco, é capaz de produzir alterações no sistema nervoso central e modificar
o estado emocional e comportamental de quem a inala a partir do ato de fumar.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o quadro de


dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo
para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de
autoadministração caracterizado pela necessidade tanto física quanto
psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais
à saúde.

É importante lembrar que o uso do cigarro também é associado à piora de


abuso de outras substâncias, servindo muitas vezes como uma porta de
entrada para outras dependências.

2. Uso, intoxicação, abuso, uso nocivo e dependência.

Uso

Intoxicação

Abuso

Uso nocivo

Dependência
3. CONCEITOS COMUNS AO CAMPO: abstinência, binge, fissura e
tolerância.

Abstinência
A abstinência, a qual também é conhecida por síndrome da abstinência
é o conjunto de sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após o indivíduo
cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha sendo consumida
geralmente de forma pesada e contínua. A síndrome de abstinência tem como
sintomas fissura, bradicardia, desconforto gastrointestinal, aumento do apetite,
ganho de peso, dificuldade de concentração, ansiedade, disforia, depressão e
insônia.
A abstinência é manifestada por um dos seguintes critérios: Síndrome
de Abstinência característica da substância; a mesma substância ou outra
bastante parecida é usada para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
Experimentos realizados com uso de fármacos identificaram que tanto o
sistema nervo central, quanto o sistema nervoso periférico precipitam sinais
somáticos da abstinência. Apesar disso, os efeitos emocionais parecem ser
mediados apenas pelos receptores do sistema nervoso central.

Binge
Binge é o termo usado para descrever episódios de uso intenso e
compulsivo. A prática de beber em binge é medida segundo os parâmetros
apresentados pela OMS, que equivale a 60 gramas ou mais de álcool puro
consumido em uma mesma ocasião na maioria dos países. No adulto típico
esse padrão pode corresponder a seis ou mais doses de bebidas para o
homem, e quatro ou mais para as mulheres. Entende-se como dose de bebida
alcoólica uma dose de bebida destilada (30ml), uma lata de cerveja (330ml)
ou uma taça de vinho (100ml) que correspondem entre 10 a 12 gramas de
álcool puro. Pode-se afirmar que esse modo de beber é perigoso para o
usuário e para a sociedade.
O consumo em binge contribui para situações de violência e intoxicação
aguda por álcool. Se comparadas aos homens, um consumo mais baixo pode
levar as mulheres à embriaguez e seu uso frequente pode avançar para o
desenvolvimento de transtornos relacionados ao álcool e outras desordens de
saúde.

Fissura
A fissura ou o craving como também é conhecida está ligada às
expectativas de resultado do uso e é um fator que potencializa o indivíduo para
um lapso ou até mesmo para uma recaída. Embora fosse uma palavra utilizada
apenas por usuários, foi incorporada pela terminologia técnica.
O craving pode ser definido em quatro tipos: como resposta à síndrome
de abstinência; como resposta à falta de prazer; como resposta condicionada a
estímulos relacionados às substâncias psicoativas; e como tentativa de
intensificar o prazer de determinadas atividades. No entanto, é importante
ressaltar que uma mesma situação pode fazer parte de mais de um destes
grupos, possuindo variados determinantes. Segundo Marlatt e Gordon, o
craving é um estado motivacional subjetivo motivado pelas expectativas ligadas
a um resultado positivo, estado este que pode produzir uma resposta na qual o
comportamento desejado esteja envolvido.

Tolerância
A tolerância é determinada por um dos seguintes critério: efeito desejado
ou pela necessidade de quantidades nitidamente aumentadas de substâncias
para atingir intoxicação. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais IV (DSM – IV)3 a dependência é definida por um padrão
de uso disfuncional de uma substância, resultando a um comprometimento ou
desconforto clinicamente significativo, acompanhado da tolerância como um
dos sintomas presente nesse padrão de uso disfuncional.
A tolerância pode ser definida pela redução dos efeitos de uma dose fixa
da substância psicoativa ao longo da administração prolongada, ou ainda, pela
necessidade de se acrescer a dose para que se atinja os efeitos iniciais. A
tolerância farmacodinâmica é resultado de uma mudança na homeostase ou
equilíbrio. Essas alteração atingem outros pontos de equilíbrio antes não
existentes na presença de inibição ou estimulação advinda de uma
determinada substância. O processo de alteração da homeostase decorre do
fenômeno denominado genericamente neuroadaptação (Jaffe, 1990).

A Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT),


elenca importantes elementos presentes no tratamento voltado para a
abstinência e praticado nas Comunidades Terapêuticas, são esses: a
internação e permanência voluntária, ambiente residencial com características
de relações familiares, saudável e protegido técnica e eticamente, convivência
entre pares, a espiritualidade sem imposição de crenças religiosas critérios de
admissão, permanência e alta, afirmados com o conhecimento antecipado por
parte do candidato e sua família, aceitação e envolvimento ativo no programa
terapêutico tanto pelos residentes quanto seus familiares, utilização do trabalho
como valor educativo e terapêutico e acompanhamento pós-tratamento, de no
mínimo um ano após o episódio da internação.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS

Marlatt A, Gordon J. Prevenção de recaída – estratégias de manutenção no


tratamento de comportamentos adictivos. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993.

APA. Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças MentaisDSM- IV. Porto


Alegre: Artmed; 1993.

JAFFE, J. H. Drug addiction and drug abuse. In: GILMAN, A. G.; RALL, T. W.;
NIES, A.S.; TAYLOR, P. (Eds.). Goodman and Gilman´s the pharmacological
basis of therapeutics. 8.ed. New York: Pergamon Press, 1990. p. 523-573.

Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas. 2014. [acesso em 3 jun


2015]. Disponível em: http://www. febract. org.br.

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