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CONTROLE DE TÓXICOS

Cigarros, bebidas alcoólicas e drogas ilícitas

Maieli Vieira

O uso de substâncias estimulantes e relaxantes é uma pratica comum e muito


antiga. Sendo de fácil acesso, muitas delas acabam por incorporar o dia-a-dia de
determinadas populações como fator cultural. Porém algumas delas, ademais de
seus efeitos desejados, podem provocar diversos malefícios para a saúde, e
gerarem o que chamamos de vício. Para falar disso abordaremos uma maneira
comum de lidar com diversas substâncias controlando seu uso abusivo.

A nicotina é um estimulante utilizado pela forma inalatória, seja em cigarros,


pod, vape, dentre outros, atingindo a corrente sanguínea em poucos segundos.
Circulando por todo corpo, sua principal ação é liberar neurotransmissores no
cérebro que provocam uma sensação de prazer. Já o álcool é um depressor do
sistema nervoso, ou seja, potencializa a sensação de relaxamento. Dentre outras
drogas, que geram efeitos semelhantes, que são usadas cada vez em maiores
doses para manterem os mesmos resultados. Esse efeito é chamado de tolerância,
que funciona como um ciclo onde a pessoa fica dependente da substância e sente
que é cada vez mais difícil abandonar esse mal hábito (KAMPMAN, 2021).

O uso dessas substâncias gera diversos efeitos no longo prazo, a depender


do seu tipo específico, a pessoa pode desenvolver: problemas na função do fígado,
alterações pulmonares, diversos tipos de câncer e problemas no cérebro. Além dos
transtornos que envolvem dificuldades nos relacionamentos interpessoais e
familiares, instabilidade ocupacional, maior vulnerabilidade social a condições
insalubres (como moradia inapropriada). Ou seja, o uso dessas substâncias pode
reduzir consideravelmente o tempo de vida da pessoa, além de reduzir sua
qualidade de vida, muitas vezes de forma definitiva.

Estudos mostraram que cerca de 50% dos pacientes que deixam um vício
reincidem após 1 ano. Isso mostra que o processo de mudança de hábitos é gradual
e envolve um acompanhamento cauteloso, pois a dependência pode estar
associada a um transtorno pelo uso da substancia, o que particulariza o atendimento
e a intervenção. Os fatores que envolvem a gravidade dessa dependência estão
relacionados com os efeitos da droga no organismo, o tempo de uso, fatores
genéticos e ambientais da pessoa e também a forma de tratamento abordado. A
presença de outras comorbidades, sendo elas consequências ou não dos vícios,
podem estimular o processo de mudança de hábitos (MCKAY, 2022).

Para consolidar essa abordagem, segundo McKay, são necessárias:

 Personalização: dependendo do risco de recaída do paciente podem


ser necessárias abordagens distintas, devendo sempre adequar ao
momento em que se encontra o paciente.
 Flexibilidade: as intervenções podem ser ajustadas ao longo do tempo
a depender da evolução do paciente.
 Habilidades de autogerenciamento: é preciso que o paciente seja
capaz de gerenciar sua saúde e seus cuidados, desenvolvendo a
confiança, definindo metas, identificando suas dificuldades e
desenvolvendo estratégias para superá-las.
 Ligação a fontes de apoio: são atividades que apoiam sua recuperação
e desenvolvimento, servindo como incentivos para a mudança de
hábitos.
 Monitoramento do estado clínico: avaliar indicadores de progresso ou
deterioração, identificando momentos para intervenção mais intensiva,
comunicando de forma adequada o paciente sobre o curso e estado
atual.

A implementação dos seis passos na prática, pode ser eficaz:

Antecipar: antecipe o uso, aborde os malefícios do uso mesmo para pacientes que
não utilizam drogas, desaconselhando o uso.

Perguntar: sobre uso e hábitos gerais, mesmo as drogas mais populares como
vapes ou narguilés.
Aconselhar sobre a cessação: em todas as oportunidades descrevendo os riscos
e benefícios de parar.
Avaliar a motivação para parar: questionando sobre os planos de parar nos
próximos 30 dias, identificando barreiras e planejando formas de vencê-las.
Ajude os que estão prontos para parar: ajude o paciente a desenvolver um plano,
colocando uma data, mudança do ambiente.
Abordar sintomas de abstinência: junto com outras barreiras trazendo
informações sobre o que fazer em cada caso.
Organizar acompanhamento: sabendo que o tratamento é contínuo, se faz
necessário programar próximos encontros.

Referências:
MCKAY, J.R. Continuing care for addiction: Context, components, and efficacy.
UpToDate, 2022 https://www.uptodate.com/contents/continuing-care-for-addiction-
context-components-and-efficacy?search=motiva
%C3%A7%C3%A3o&source=search_result&selectedTitle=19~150&usage_type=def
ault&display_rank=19#H24243272

ROSEN, J.B. Management of smoking and vaping cessation in adolescents.


UpToDate, 2022. https://www.uptodate.com/contents/management-of-smoking-and-
vaping-cessation-in-adolescents?search=interven%C3%A7%C3%A3o%20breve
%20tabaco&source=search_result&selectedTitle=3~150&usage_type=default&displa
y_rank=3#H657351946

INGERSOLL, K. Motivational interviewing for substance use disorders. UpToDate,


2022. https://www.uptodate.com/contents/motivational-interviewing-for-substance-
use-disorders?search=MOTIVA
%C3%87%C3%83O&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=defa
ult&display_rank=2#H12325111

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