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Curso de Capacitação em atendimento


Psicológico na Dependência Química

Módulo:

Mitos, fatos e prevenção à recaída.

Professora: Elytanya Vasconcelos – Psicóloga CRP 15/4146


Especialista em atendimento familiar, dependência química e codependência.
Dependência Química

! Entende-se como dependência química,


um estado psíquico e também físico
resultante da ingestão do uso contínuo de
substâncias químicas caracterizado por
reações comportamentais e a
necessidade incontrolável de usar a
droga frequentemente, usufruindo dos
seus efeitos psíquicos e por vezes evitar o
desconforto físico da sua falta.
!A dependência química é um transtorno crônico e
pela sua própria natureza apresenta tendências a
episódios de “recaída”. A dificuldade em
administrar as barreiras que surgem na jornada de
um dependente em recuperação, podem levá-lo
à recidiva.
! A “recaída” é considerada um estado de crise, um conjunto de
sintomas da doença, que se manifestam pelo abuso de
substâncias, após um período de abstinência. Ela tem seu lado
positivo, e se torna facilitadora da recuperação a partir do
momento que o dependente percebe que é portador de uma
doença crônica, e desiste da ilusão de que por ter permanecido
por um período afastado das drogas, já está recuperado.
! A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de
um distúrbio crônico e recorrente. E essa recorrência é tão
contundente, que raramente ocorre abstinência pelo resto da vida
depois de uma única tentativa de tratamento. As recaídas da
drogadição são a norma. Portanto, a adição deve ser abordada
mais como uma doença crônica, como se fosse diabetes ou
hipertensão arterial.
! Com o uso continuado da droga, a perda de controle se instala, se
caracterizando a fase da adição. Nesta fase consolidam-se as mudanças
adaptativas da fase de transição, ocorre um redirecionamento de circuitos
cerebrais e um aumento da expressão gênica de proteínas que conferem a
vulnerabilidade para a recaída. Nesta fase o indivíduo necessita de ajuda de
profissionais especializados e habilitados para poder enfrentar as suas situações
do dia a dia. Nesta fase, normalmente o indivíduo já obteve muitas perdas:
físicas, financeiras, sociais e psicológicas.
! A ciência tem demonstrado que o estresse, as pistas relacionadas à
droga e a exposição às drogas acionam o gatilho da recaída.
Alguns medicamentos ajudam a enfrentar essas situações e
ajudam a remodelar o aprendizado sem a droga. Muitas
substâncias estão sendo investigadas para esse propósito.
! A psicoterapia da adição ajuda os pacientes a modificar seus
comportamentos e atitudes em relação às drogas e promove o
treinamento de habilidades para enfrentar situações estressantes e
as pistas ou estímulos relacionados à droga que podem
desencadear o craving ou compulsão pela droga levando à
recaída. A psicoterapia também aumenta a aderência à
medicação e ajuda os pacientes a permanecer em tratamento
por períodos mais longos.
! As abordagens terapêuticas devem ser planejadas para cada
paciente, considerando-se seu padrão de uso, seus problemas
médicos relacionados à droga, tanto orgânicos como psiquiátricos,
e seus problemas sociais. A recaída deve ser sempre considerada,
como em outros problemas médicos crônicos.
! Tratar problemas crônicos envolve mudar profundamente comportamentos que estão
“cristalizados”, ou seja, difíceis de mudar. A recaída não significa que o tratamento falhou.
Para pacientes adictos, deslizes ou recaídas ao uso da droga demonstram a necessidade
de ajustes ou re planejamento das estratégias terapêuticas. As medicações têm um papel
importante como suporte terapêutico e podem ser úteis em diferentes estágios do
tratamento, ajudando o paciente a parar de usar, permanecer em tratamento e evitar a
recaída.
! Um dos mais importantes passos para
a recuperação é: escolher o caminho
mais adequado para si próprio e, a
partir daí, iniciar uma viagem rumo a
recuperação significa muito mais do
que prevenir uma recaída: significa a
conquista de uma autonomia
existencial e de um novo
posicionamento diante do mundo.
! Destaca-se como questão
central deste módulo: quais os
fatores de risco que levam o
dependente químico à
“recaída”?
Prevenção da recaída

! OBJETIVOS
! 1) Modificar crenças e expectativas a respeito do uso da droga.
! 2) Identificar e antecipar as situações de risco de recaída.
! 3) Aprender habilidades e estratégias de enfrentamento e manejo
de situações de risco.
! 4) Promover amplas modificações no estilo de vida.
Diagnóstico das situações de risco

! HORÁRIOS
! MANHÃ ( ) AO ACORDAR ( ) NO MEIO DA MANHÃ ( ) NO FIM DA MANHÃ
! TARDE ( )INÍCIO ( ) MEIO ( ) FIM DE TARDE
! NOITE ( ) INÍCIO ( )MEIO DA NOITE ( ) MADRUGADA
Mudanças no estilo de vida

Exemplos: Exemplos:
Físicas Praticar exercícios físicos
Psicológicas – emocionais Ser paciente
Comportamentos – atitudes Não mentir
Familiares Pedir ajuda, conversar
Relacionamentos sociais – amizades Afastar-se de quem? Aproximar-se de quem?
Financeiras Economizar, pagar as dívidas
Espiritualidade Frequentar uma igreja
Plano de recuperação

METAS E OBJETIVOS
CURTO PRAZO (ATÉ 1 MÊS) EX: PAGAR DÍVIDAS
MÉDIO PRAZO (ATÉ 6 MESES) EX: CONSEGUIR UM EMPREGO
LONGO PRAZO: (ATE 1 ANO) EX: COMPRAR UMA CASA
QUADRO DE RISCOS COM ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

SITUAÇÕES DE RISCO ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO


EXEMPLO: EXEMPLO:
AMIGOS Mudança de amizades, pedir ajuda.
LUGARES Frequentar novos locais
FESTAS Evitar, Ir com familiar, tomar suco, refrigerante
ou água.
DEPRESSÃO Fazer Psicoterapia
DINHEIRO Fazer uma poupança, entregar para familiar
de confiança administrar o dinheiro.
TÉDIO Ocupar-se (construir um cronograma da
semana com o seu paciente/cliente)
GUIA DE TERAPIAS COGNITIVOCOMPORTAMENTAIS PARA OS TRANSTORNOS DO EXAGERO:
TRATANDO PACIENTES DA VIDA REAL” – Renata Brasil Araújo
Quando internar?

• Falha tratamento ambulatorial


• O paciente não consegue se manter abstinente por período suficiente que permita o
diagnóstico adequado;
• Overdose / síndrome abstinência grave / complicações clínicas Comorbidades com
transtorno psiquiátrico grave
• Risco ao paciente ou a terceiros;
• Quando não é possível iniciar ou manter o tratamento medicamentoso, pois o paciente
apresenta recaídas constantes.
Referências:

! MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao
Consumo de Álcool e Outras Drogas: Guia AD, 2015.
! MINISTÉRIO DA SAÚDE. A Política do Ministério da Saúde para a atenção integral a usuários de álcool e
outras drogas, 2003.
! GUIDELINES APASCOP. Practice Guideline for the Treatment of Patients With Substance Use Disorders - Second
Edition. 2010.
! GUIA DE TERAPIAS COGNITIVOCOMPORTAMENTAIS PARA OS TRANSTORNOS DO EXAGERO: TRATANDO
PACIENTES DA VIDA REAL – Renata Brasil Araújo
! Laranjeira R, et al. II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), 2014. UNITED NATIONS OFFICE ON
DRUGS AND CRIME. WORLD DRUG REPORT. UNODC; 2016.
! Associação Brasileira de Psiquiatria. Projeto Diretrizes: Abuso e Dependência de Múltiplas Drogas, 2012.
! Associação Brasileira de Psiquiatria. Projeto Diretrizes: Abordagem Geral do usuário de substâncias com
potencial de abuso, 2008.

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