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RESUMO
ABSTRACT
1 Psicóloga graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo, Especialização em Terapia Cognitivo-
Comportamental pelo Centro Universitário Amparense (UNIFIA). E-mail: jackyyferrari@gmail.com.br.
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1. INTRODUÇÃO
A OMS (2001), ainda levanta que a dependência química deve ser entendida e tratada
simultaneamente como uma doença médica crônica e como um problema social. Sendo assim,
ao tratarmos da dependência química, teremos que observar o indivíduo na totalidade de sua
existência, integrando os multideterminantes que envolvem o processo de uso e abuso de
substância psicoativas.
Sendo assim, este estudo tem como objetivo verificar na literatura científica do tema,
dados que indiquem que, as chances de o indivíduo retornar ao padrão comportamental de
consumo anterior, diminuem com o uso da prevenção de recaídas no tratamento para
dependência química. Da mesma forma, serão investigadas as variações de aplicação das
técnicas, e sua efetividade dentro da reabilitação.
PREVENÇÃO DE RECAÍDAS
Em outro estudo realizado por Carrol et al. (1991), que comparava o uso de técnicas
de psicoterapia interpessoal e a prevenção de recaídas em usuários de cocaína, em tratamento
ambulatorial, o autor apresentou em sua análise que, entre o subgrupo de usuários mais
graves, indivíduos que participaram da prevenção de recaídas, foram significativamente mais
propensos a atingir a abstinência (54% contra 9% do grupo que só realizava psicoterapia
interpessoal).
Simpson & Dansereau (1994), também realizaram um estudo que examinou a eficácia
do treinamento de prevenção de recaídas. Os autores analisaram 83 dependentes de múltiplas
substâncias, em um programa de educação ambulatorial, que participaram de um treinamento
de prevenção de recaídas (RPT). Foi utilizado no treinamento, um manual de lições que
tratam de prevenção de recaídas. Notou-se que a participação dos usuários no programa
melhorou após a utilização do treinamento de prevenção de recaídas (RPT), e os estagiários
que completaram com sucesso as sessões RPT tiveram menores taxas de uso de drogas (com
base nos resultados de exames de urina). Além disso, os autores constataram que a utilização
do manual com instruções, pode enriquecer apresentações de grupo, aumentando a
participação na discussão, o aprimoramento da compreensão e aplicação da informação.
A análise dos autores indicou que ocorreram maiores taxas de abstinência para o grupo
(a), que ensaiou estratégias de enfrentamento para as prováveis situações de recaída, quando
comparado aos outros grupos. Após 12 meses, a taxa de abstinência continuou sendo maior
no grupo de estratégias de enfrentamento (41,3% de abstinência entre os membros) do que
nos grupo de discussão da manutenção (34,1% de abstinência entre os membros) e grupo que
não recebeu tratamento (33,3% de abstinência entre os membros).
A comparação entre os dois grupos concluiu que os indivíduos que participaram das
sessões de terapia grupal tiveram menos dias de uso de cocaína entre os participantes, e
menores problemas relacionados a cocaína em relação aos indivíduos que recebiam terapia
individual. Nesse mesmo estudo, houve um acompanhamento após 12 e 24 semanas do
término das sessões de prevenção de recaídas. Os dados após 12 e 24 semanas não revelaram
diferenças significativas entre os formatos (individual e grupal), em quaisquer medidas
relacionadas ao uso de cocaína. Porém, o tratamento de prevenção de recaídas foi
estatisticamente significativo a melhorias no funcionamento psicossocial dos participantes,
incluindo a capacidade de lidar com o vício e o desejo por cocaína. Os resultados desse
estudo sugeriram que a eficácia da prevenção de recaídas não é limitado pelo formato de
terapia (grupal ou individual), pois ambas mostraram eficácia.
Também foi observado na literatura, que autores como Carrol (1996) e Irvin (1999),
realizaram revisões bibliográficas acerca da eficácia do uso da prevenção de recaídas em
situações de indivíduos dependentes de substâncias psicoativas.
Já a revisão feita por Irvin (1999), revisou 26 estudos, avaliando técnicas de prevenção
de recaídas utilizadas no tratamento de dependentes de álcool, tabaco, cocaína e poliusuários.
O estudo concluiu que as técnicas de prevenção de recaídas são efetivas na redução do uso de
substâncias, sendo mais eficaz quando aplicada em dependentes de álcool ou polisubstâncias,
combinada com a utilização adjunta de medicação. A prevenção de recaídas mostrou-se eficaz
no estudo tanto no formato individual, quanto grupal ou em terapia de casais.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da realização deste estudo, também foi observado que o contexto brasileiro
não exibe muitos trabalhos científicos concisos acerca da eficácia da prevenção de recaídas,
havendo a necessidade de realização de novas investigações no contexto brasileiro sobre a
eficácia da técnica.
Embora autores brasileiros como Romanini et. al. (2010) apresentem uma proposta de
programa de prevenção de recaídas para implantar em um Centro de Atenção Psicossocial em
Álcool e Drogas (CAPS – ad), os mesmos autores não mencionam resultados após a
implantação do programa.
REFERÊNCIAS
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