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AV2

Psicopatologia geral
Aluno: Rodrigo Oliveira
Professora: Sabrina
Matrícula: 1911963

INTRODUÇÃO

A abordagem patologizante adotada por muitos médicos em relação à saúde


mental é preocupante. Rotular e medicalizar comportamentos e experiências que fazem
parte da diversidade humana, mas não necessariamente exigem intervenção médica,
leva a uma compreensão reducionista das complexidades da condição humana. Essa
visão ignora fatores contextuais, minimiza os recursos internos dos indivíduos e pode
estigmatizar, prejudicando sua saúde mental. É crucial adotar uma abordagem mais
reflexiva, considerando a singularidade de cada pessoa e envolvendo a psicologia para
uma compreensão holística e intervenções terapêuticas adequadas.

DESENVOLVIMENTO

O vídeo apresentado pela equipe em sala de aula apresenta uma crítica aos
excessos da medicalização e a maneira com a qual muitos profissionais da saúde
enxergam a psicologia. é possível perceber situações que cada vez mais nos parecem
mais rotineiras na clínica médica.

A prescrição indiscriminada e exagerada de psicofármacos por parte de médicos


é um fenômeno preocupante que merece uma análise crítica a partir da perspectiva da
psicologia. Embora os psicofármacos possam desempenhar um papel importante no
tratamento de certas condições psiquiátricas, o uso excessivo e não criterioso dessas
substâncias tem consequências e efeitos significativos. (BRINKMANN, 2014)

Um dos principais problemas da prescrição indiscriminada de psicofármacos é a


medicalização excessiva dos problemas psicológicos e emocionais. Ao rotular uma
ampla gama de sintomas como transtornos mentais e prescrever medicações como uma
solução rápida, estamos ignorando a complexidade da experiência humana. Isso leva a
uma redução da compreensão da psicologia subjacente aos problemas, pois os
psicofármacos são frequentemente vistos como a única resposta viável. (CONRAD,
2007)

Além disso, a prescrição excessiva de psicofármacos pode criar dependência e


efeitos colaterais significativos. Muitos desses medicamentos têm potencial de causar
efeitos adversos, incluindo sedação, ganho de peso, disfunção sexual e problemas
cognitivos. Ao prescrevê-los sem uma avaliação cuidadosa dos benefícios e riscos
envolvidos, os médicos podem expor os pacientes a um maior risco de efeitos negativos,
comprometendo sua qualidade de vida e bem-estar geral.

Outro aspecto crítico é a falta de abordagens terapêuticas não farmacológicas. A


psicologia oferece uma variedade de intervenções baseadas em evidências, como terapia
cognitivo-comportamental, terapia de grupo e terapia familiar, que têm sido eficazes no
tratamento de várias condições psicológicas. No entanto, a ênfase excessiva na
prescrição de psicofármacos muitas vezes relega essas abordagens a um segundo plano,
privando os pacientes de intervenções que podem promover mudanças significativas e
duradouras em sua saúde mental. (FERREIRA e FARIAS, 2018)

É fundamental que os médicos adotem uma abordagem mais equilibrada ao


prescrever psicofármacos, levando em consideração a avaliação cuidadosa do paciente,
o diagnóstico correto e a consideração de intervenções não farmacológicas como parte
integrante do plano de tratamento. A colaboração entre médicos e psicólogos é essencial
para uma abordagem multidisciplinar eficaz, garantindo que os pacientes recebam o
tratamento mais apropriado, personalizado e centrado em suas necessidades específicas.
(HHORWITZ e WAKEFIELD, 2007)

Em resumo, a prescrição indiscriminada e exagerada de psicofármacos


representa uma preocupação do ponto de vista psicológico, pois pode resultar em
medicalização excessiva, dependência e negligência de abordagens terapêuticas não
farmacológicas. É fundamental promover uma prática médica mais reflexiva e centrada
no paciente, a fim de garantir um tratamento eficaz e abrangente para as condições de
saúde psicológica. Em contraste com a prescrição de psicofármacos, que pode se
concentrar em aliviar sintomas imediatos, a psicoterapia busca abordar as causas
subjacentes dos problemas psicológicos e promover mudanças duradouras. (CONRAD,
2007)

A psicoterapia pode ajudar os pacientes a desenvolver uma compreensão mais


profunda de suas emoções, pensamentos, desejos e comportamentos e ações. Isso pode
ajudá-los a identificar padrões negativos de pensamento e comportamento que podem
estar contribuindo para seus problemas psicológicos e aprender estratégias para lidar
com esses padrões de forma mais eficaz. (MACHADO e OLIVEIRA, 2015)

Além disso, a psicoterapia pode auxiliar os pacientes a melhorar suas


habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal. Muitas questões
psicológicas estão relacionadas a dificuldades em se relacionar com os outros e a
psicoterapia pode ajudar os pacientes a identificar e superar essas dificuldades e dessa
maneira, promovendo relacionamentos mais saudáveis e gratificantes. (MACHADO e
OLIVEIRA, 2015)

A psicoterapia também pode ser uma opção mais segura e sustentável do que a
prescrição de psicofármacos. Enquanto os psicofármacos podem ter efeitos colaterais e
podem criar dependência, a psicoterapia é um tratamento não invasivo que não requer o
uso de substâncias químicas. Além disso, a psicoterapia pode ajudar os pacientes a
desenvolver estratégias para lidar com seus problemas psicológicos de forma mais
autônoma, sem depender exclusivamente de medicações. (MACHADO e OLIVEIRA,
2015)

Logo pode-se entender a psicoterapia também como a possibilidade e uma


opção de tratamento mais personalizada do que a prescrição de psicofármacos. A
psicoterapia é altamente adaptável às necessidades e circunstâncias individuais dos
pacientes, permitindo que o tratamento seja direcionado aos problemas específicos
enfrentados pelo paciente. Isso pode levar a um tratamento mais eficaz e duradouro, que
aborda as necessidades exclusivas de cada indivíduo. (MACHADO e OLIVEIRA,
2015)

Em resumo, a psicoterapia pode oferecer uma série de benefícios para a saúde


mental dos pacientes, incluindo a promoção de uma compreensão mais profunda de
emoções, pensamentos e comportamentos, o desenvolvimento de habilidades de
comunicação e relacionamento interpessoal, a segurança e sustentabilidade do
tratamento e a personalização do tratamento às necessidades individuais de cada
paciente. (MACHADO e OLIVEIRA, 2015)

Além disso, A abordagem patologizante adotada por muitos médicos em relação


a aspectos que devem ser vistos com mais cautela é uma preocupação relevante no
contexto da saúde mental. É cada vez mais comum observar uma tendência em rotular e
medicalizar comportamentos, emoções, desejos e experiências que, na realidade, fazem
parte da diversidade humana e não necessariamente requerem intervenção médica.
(FERREIRA e FARIAS, 2018)

Essa visão patologizante muitas vezes resulta em um olhar reducionista sobre a


complexidade das experiências humanas, tratando-as como meros sintomas de um
transtorno mental a serem suprimidos com psicofármacos. Tal abordagem ignora a
possibilidade de que esses comportamentos ou experiências possam ser reações normais
a desafios, traumas ou circunstâncias da vida. Ao medicalizar e rotular prontamente tais
aspectos, corre-se o risco de perder a compreensão mais profunda das causas
subjacentes e das necessidades individuais do paciente. (HHORWITZ e WAKEFIELD,
2007)

Essa perspectiva patologizante também tende a minimizar a importância de


fatores contextuais e sociais na compreensão e entendimento das dificuldades
encontradas e enfrentadas pelos indivíduos. Questões psicológicas são frequentemente
influenciados por uma ampla gama de fatores, como relacionamentos interpessoais,
contextos familiares, ambiente de trabalho e desigualdades sociais. Ao enfatizar
exclusivamente o viés médico e farmacológico, esses fatores podem ser negligenciados,
prejudicando a eficácia e a adequação do tratamento. (NUNES e GOES, 2013)

Outro fator importante a ser abordado é o fato de que a visão patologizante,


muitas vezes desconsidera as capacidades e recursos internos do indivíduo para
enfrentar seus desafios. Ao focar apenas na busca por uma solução farmacológica, pode-
se subestimar a importância do autocuidado, da resiliência e das habilidades pessoais no
enfrentamento das dificuldades emocionais. Essa abordagem reducionista pode criar
uma dependência desnecessária de medicações, desconsiderando a possibilidade de que
outras formas de suporte e intervenção sejam igualmente eficazes e menos invasivas.
(NUNES e GOES, 2013)
A ênfase na medicalização excessiva também tem implicações éticas. Ao
patologizar aspectos normais da vida e transformá-los em transtornos, corre-se o risco
de estigmatizar e marginalizar indivíduos, reforçando a ideia de que eles são
"defeituosos" ou "anormais". Essa abordagem pode ter impactos negativos na
autoestima, autoimagem e autoaceitação dos indivíduos, prejudicando ainda mais sua
saúde mental. (SANTOS e NUNES, 2013)

É fundamental que os profissionais de saúde, incluindo médicos, adotem uma


postura mais reflexiva e crítica em relação à medicalização excessiva e à visão
patologizante. É necessário considerar uma abordagem mais ampla, que leve em conta a
singularidade de cada pessoa, suas vivências, recursos e possibilidades de
enfrentamento. A psicologia desempenha um papel crucial nesse contexto, fornecendo
uma compreensão mais holística e contextualizada dos problemas mentais, assim como
intervenções terapêuticas que vão além da medicalização. (CONRAD, 2007)

Referências:

Brinkmann, S. (2014). Diagnosis: Corruption—Fraud, errors, and unnecessary


medical treatments. Journal of Medical Ethics.

Conrad, P. (2007). The medicalization of society: On the transformation of


human conditions into treatable disorders. Journal of health and social behavior.

Ferreira, G. C., & Farias, M. C. Q. (2018). Eficácia da psicoterapia cognitivo-


comportamental na depressão: uma revisão sistemática. Revista Iberoamericana de
Diagnóstico y Evaluación - e Avaliação Psicológica

Horwitz, A. V., & Wakefield, J. C. (2007). The loss of sadness: How psychiatry
transformed normal sorrow into depressive disorder. Oxford University Press.

Machado, W. L., de Oliveira, M. S., & Fernandes, D. M. (2015). Psicoterapia e


resultados terapêuticos: Uma revisão de meta-análises. Psicologia: Ciência e
Profissão,

Nunes, M. O., & Goes, E. S. (2013). Medicalização da vida e da educação:


uma análise bioética. Interface-Comunicação, Saúde, Educação.
Santos, B. S., & Nunes, J. A. (2016). Medicalização e medicalização social: a
produção de novas formas de controle social. Revista Direito e Práxis.

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