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Passado / presente: Evocação das “crónicas A referência à influência O passado ESTROFE 6: projeção para
navais”; passado ressuscitado; negativa do clero e da simbolicamente o futuro como estratégia
O suj.poético não se limita a deambular no “soberbas naus associadas a Inquisição contrasta com o representado na de fuga que contradiga um
espaço físico; pela memória revisita o passado um passado glorioso “épico de outrora” brônzeo e figura do professor presente claustrofóbico,
glorioso de Portugal para o contrastar com o CONTRASTA com um presente monumental”(passado); de latim que no sem horizontes: “Nós
presente decadente e mórbido. que “incomoda”; que desperta presente disfórico, parado, presente se vamos explorar…”
o desejo de fuga, não só do estagnado; a cidade como transformou num
espaço cidade , mas também espaço onde a doença se pode mendigo. Professor, MAS…
do tempo em que se vive. propagar e desenvolver. Cidade símbolo do O futuro está fechado
onde o peso da religião se faz conhecimento e do …”se vivemos
sentir negativamente. saber, é descartado emparedados, sem
e desvalorizado no árvores..”; sem
presente. esperança!!
Imaginário épico: Associado à evocação da Associado à figura do “épico de Associado à figura “Como a raça do porvir; a
figura de Camões, de Os outrora que ascende num do professor que frota dos avós, os
poema longo de pendor narrativo; viagem Lusíadas; das “crónicas navais” pilar”, sugerindo a ideia de fuga representa o nómadas ardentes, NÓS
individual(física, mental e sentimental), mas e das “soberbas naus”; mas de um espaço que em nada conhecimento, mas vamos…” a lembrar o
também coletiva: suj. Poético é representante também às varinas condiz com quem foi esse nesta cidade de entusiasmo da
da civilização ocidental no final do século XIX; “hercúleas” de “troncos homem, de “proporções contrastes, ele é descoberta, da partida, tal
reflexão sobre o passado, presente e futuro de varonis”. guerreiras”. marginalizado, como no passado esses
um povo; faceta antiépica. inútil.
Associado aos desejos foram motores de
trabalhadores que ação….
fabricam o “honesto
pão”. Celebra-se o
trabalho, o esforço,
e lamenta-se a MAS…
indiferença perante
os agentes do saber,
o professor de
latim.
Subversão da matéria Viagem que conduz à O suj poético cumpre mais uma “Mas tudo cansa!” –
épica: descoberta de uma cidade- etapa da sua viagem e Não há que …tal já não é
prisão, habitada por gente descobre que no presente não celebrar!!
pobre, miserável. A glória do há nada na cidade que mereça possível!!!
Portugal presente não é celebrado; é uma passado deu lugar a um o canto de louvor que Camões
realidade decadente e sem brilho; há presente disfórico, eternizou: a a cidade, a
pessimismo, desânimo, sentimentos disfóricos deprimente, doentio: a realidade é triste, sombria,
e negativos. ociosidade dos lojistas, por sinistra.
exemplo. Não há que louvar!!!
Tipos sociais/atividades Operários: mestres Clero negro e sinistro; os As impuras, as Criminosos, bêbedos,
socioprofissionais carpinteiros, calafates soldados sombrios e espetrais; burguesinhas do ladrões, os guardas, as
enfarruscados; dentistas, um as “elegantes”, as costureiras, Catolicismo, um imorais: a noite mais
trôpego arlequim, os as floristas, comparsas e forjador, caixeiros, escura é toda dos
querubins do lar, lojistas, coristas, emigrados. cauteleiro, marginais, símbolo da
obreiras, varinas. professor de latim e corrupção moral.
um “ratoneiro
imberbe”.
Representação da figura As obreiras e as varinas. Estas A simpatia do sujeito poético Desfile de As imorais: doentes,
feminina associadas ao herói épico, vai para as “costureiras” a personagens fumam à varanda, talvez à
desde logo pelo adjetivo quem custa levantar o pescoço femininas: as espera de algum cliente…
“hercúleas”, as “ancas por causa das muitas horas que impuras- corrupção
opulentas” ; surgem em passaram a trabalhar, e ainda moral; Oposição em relação às
“cardume” transportando à outras que acumulam dois As burguesinhas – varinas, obreiras,
cabeça os filhos, o futuro, mas empregos, sugerindo a luta lazer, religião costureiras, floristas,
já com o destino marcado… pela sobrevivência. sentimental coristas.
A cobra, lúbrica
pessoa- mulher
sensual, que se
insinua;
A velha de bandós-
mulher rica e
solitária.
Mulheres que se
passeiam à noite
pela cidade.
Perceção sensorial “apinham-se num bairro onde “Sombrios, espetrais recolhem Sensações visuais e “E sujos, sem ladrar,
miam gatas/ E o peixe podre os soldados”: anteposição dos auditivas “Da ósseos, febris, errantes/
gera focos de infeção”.: visual, adjetivos ao nome; sugere-se a solidão regouga um Amareladamente,
auditiva, olfativa. sensação visual negra, cauteleiro rouco”
os cães parecem lobos”.
negativa, disfórica dos
Sensações auditivas
soldados.
destacam-se no silêncio
da cidade.
Dimensão crítica A atmosfera citadina Crítica ao passado em que as Contraste entre as É notório o desejo de
envolta no cheiro a gás referências à religião profissões evasão pela imaginação
“enjoa-me”; a felicidade superabundam: Inquisição, honestas do que se verifica pela
está fora da cidade; desejo o clero , a Igreja, os forjador e do transfiguração poética
de fuga; simpatia pelas conventos, o tanger dos padeiro que do real e pelas inúmeras
“Descalças!” que trabalham sinos monásticos e devotos, fabrica o “honesto reflexões do sujeito
de manhã à noite e depois a velha Sé, a Idade Média – pão” e as impuras poético: estrofes 4,5 e
vivem num bairro visão muito negativa; que se arrastam; 6; reflexões que o
miserável. Crítica a uma sociedade que Crítica às projetam para o sonho,
CRÍTICA às condições de pede às mulheres esforços mulheres católicas para o desejo de
vida dos mais grandes: trabalham até tarde burguesas eternidade, para um
desfavorecidos que, por e sentem no corpo as depreciativamente futuro glorioso
sinal, são os que mais consequências das muitas percecionadas associado à exploração
trabalham. horas a realizar a mesma pelo suj poético, da terra e do mar como
tarefa. uma vez que aconteceu outrora.
Crítica à “Triste Cidade” parecem freiras
como espaço murado, de sem A última estrofe do poema é um
grito de dor aguda: o sofrimento
doença onde se acumulam espiritualidade humano, emparedado agora, clama
corpos enfezados, crítica à verdadeira; por outro tempo, por outro espaço,
“amplos horizontes”, da liberdade,
fome; Crítica a uma da alegria, do equilíbrio, da paz,
Crítica às desigualdades cidade que embora as dificuldades sempre
existam.
sociais, simbolizada nas desvaloriza o
elegantes que olham para as saber e quem o
montras dos ourives e no transmite ao atirar
palácio que contrasta com o o professor para a
casebre do lado. situação de
mendigo.
Dicotomia cidade /campo: as referências ao campo, símbolo de vida, força, saúde, embora diminutas, aparecem associadas às “notas pastoris de uma
longínqua flauta”- natureza, espaço bucólico. Este espaço contrasta fortemente com a cidade, espaço do “Cólera e da Febre” onde se amontoam “corpos
enfezados” e, por isso, “A Dor humana busca os amplos horizontes”. É, de novo, a necessidade de fuga, de sair, de respirar em liberdade.