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Cesário Verde

Biografia: Cesário Verde viveu durante o final do século XIX, durante a Revolução Industrial e
Regeneração em Portugal. Nasceu no seio de uma família burguesa comercial, dividindo-se entre
campo e cidade, pois tinha tuberculose e já tinha perdido suas duas irmãs para a doença. Falece,
vítima da tuberculose. Seu amigo, Silva Pinto, é quem, posteriormente, publica suas obras.

Características do poema:
 Parte da realidade para a escrita dos poemas;
 Empenhamento social - demonstra empatia pelos excluídos sociais;
 Escreve sobre o quotidiano, através da deambulação;
 Apresenta a dicotomia campo x cidade, enquanto um representa vitalidade, energia, o outro
representa morte;
 Transfiguração do real através da percepção dos sentidos;
 Utiliza da comparação, enumeração, hipérbole, sinestesia, metáfora, etc

Contexto político-social e cultural:


 Aumento do êxodo rural, levando a lotação das cidade;
 Regeneração estava ocorrendo, então haviam fábricas com muitos trabalhadores em
péssimas condições - bairros de lata
 Descontentamento político-social dominava o país;
 À medida que havia avanços (eletricidade, água canalizada), havia precariedade social.
 Desigualdade social acentuada;
 Aparecimento do anticlericalismo.

O sentimento dum Ocidental:


 Ao deambular pela cidade de Lisboa, o poeta apreende o real que servirá de ponto de partida
para a sua produção literária - “A mim o que me rodeia é oque me preocupa”;
 Percorre diversos espaços físicos, durante a duração da tarde/noite ao longo das margens do
rio Tejo e os becos e vielas e, à medida que anoitece, maior o desenvolvimento de sua
imaginação;
 Sentimento de clausura que a cidade lhe provoca, com a impossibilidade de escapar aos
espaços exíguos, quer sociais ou físicos, confinando-o a uma existência sufocante - a cidade
é um organismo vivo
 Camões é o homenageado - evoca a glória de outrora, contrastando com a realidade

Estrutura:
 44 quadras - Rimas interpoladas e emparelhadas, decassílabos ou alexandrinos;
 Divide-se em 4 secções: Ave-Marias, Noite Fechada, Ao gás e Horas Mortas, cada uma com
11 estrofes

I - Ave-Marias

 Espaço ➡“Nas nossas ruas” (Lisboa)


 Altura do dia ➡ “ao anoitecer”
 Sentimentos ➡ melancolia, soturnidade e náusea ➡ provocam o “desejo absurdo de sofrer”
➡ desejo associado ao espaço e às sensações que o eu lírico registra
➡ Dicotomia espacial e temporal

As “nossas ruas” O “mundo!”

Presente: angustiante e melancólico Passado: grandioso e heróico

 Impossibilidade de repetir a epopeia quando evocada (“as naus que não verei jamais”) ➡
desencanto e regresso ao presente ➡ o qual é captado pelas sensações durante a
deambulação: visuais, auditivas e olfactivas.

II - Noite fechada
 Altura do dia ➡ “iluminam-se os andares”, a escuridão adensa-se
 Estrofe 1 e 2 ➡ descrição da prisão (sentido literal) ➡ passagem para um sentido metafórico:
a realidade aprisiona o eu lírico: “muram-me as construções”
 O eu lírico continua sua evocação: As igrejas lembram a Inquisição, os quartéis aos
conventos e há uma nova referências à Camões (estátua) ➡símbolo de uma epopeia que só
é possível na memória (irrepetível)
 O eu lírico descreve a realidade através de uma “luneta de uma lente só”(visão pessoal e
crítica) ➡ ex: soldados sombrios espectrais, oposição do palácio e casebre, contraste entre
as elegantes que se curvam na montra e os trabalhadores ➡ descrição da “Triste cidade”
 A realidade é o que lhe dá assunto.

III- Ao gá
 Altura do dia ➡ “A noite pesa, esmaga” / estão ascendendo os candeeiros ➡acentua ideia de
clausura “cercam as minhas lojas, tépidas!”
 A cidade é um espaço impuro ➡ doença (hospital como metonímia) e prostituição ➡ espírito
consumista impera
 Impureza da cidade x honestidade do trabalho (“cheiro salutar e honesto do pão”)
 Vers. 105 e 106 ➡ síntese da intenção eu lírico: fazer uma poesia de análise crítica à
sociedade ➡ ex: mendicidade do professor de Latim (desprezo pela cultura e pelo saber),
consumismo da burguesia ➡ essas situações, para o eu lírico, “tudo cansa!”

IV - Horas mortas
 Altura do dia ➡ noite profunda
 Registro das sensações auditivas e visuais
 Desejo de evasão
 Há a transfiguração do real, levando-o ao campo, onde há vida, saúde, pureza, etc.
➡Dicotomia espacial e temporal

Realidade - Presente - As nossas ruas Sonho - O porvir - A vastidão

Aprisionamento A vastidão por explorar


⬇ ⬇
A estagnação O dinamismo e a procura
 “triste cidade” ➡ sem liberdade, violenta e decadente ➡ é o espaço da “dor
humana”

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