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RELATÓ RIO REFERENTE A

ANÁ LISE DOS 2 PONTOS


APRESENTADOS PELO MUNICÍPIO
DE FANTASIA EM RELAÇÃ O AS
QUESTÕ ES EDUCACIONAIS DA
CIDADE:
ATIVIDADE PRÁTICA DE
APRENDIZAGEM

1. “ A PRÉ -ESCOLA GARANTE APENAS 70% DA NECESSIDADE


MUNICIPAL, CONTUDO COMO A PRIORIDADE NACIONAL É A
ALFABETIZAÇÃ O A PARTIR DO ENSINO FUNDAMENTAL, A
PREFEITURA JUSTIFICA QUE ESTÁ AINDA MELHOR DO QUE
MUITOS MUNICÍPIOS DO PAÍS.”
Primeiramente, ao analisar com cautela as primeiras informações
apresentadas pela prefeitura de Fantasia, chega-se a conclusão de
que, há um certo descaso e até mesmo falta de preocupação da
prefeitura em relação a suprir a necessidade municipal da pré
escola na cidade. A justificativa da alfabetização a partir do ensino
fundamental, demonstra que a gestão do município não está
disposta a mudar essa realidade referente a questão pré escolar.
Nesse caso, é incabível utilizar tal justificativa do ensino
fundamental, pois além de representarem etapas diferentes no
aprendizado da criança, um não substitui o outro, e apesar da
alfabetização ser prioridade nos dois primeiros anos do Ensino
Fundamental, como determina a BNCC, o ensino primário é tão
importante quanto o ensino fundamental, pois é justamente nesse
período onde a criança iniciará seus primeiros passos na
alfabetização e na sua socialização, ao ter contato com outras
crianças desde cedo. Além disso, a prefeitura de Fantasia precisa se
atentar ao que consta na Emenda Constitucional n°14 de 1996
presente na Constituição Federal de 1988, que nos diz que os
municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na
educação infantil. Ou seja, a prioridade educacional de acordo com
a Constituição, precisa ser tanto o ensino fundamental quanto o
primário, e não apenas o ensino fundamental como alega a gestão
do município de Fantasia. Para complementar, ainda há o artigo
208 que nos diz “ O dever do Estado com a educação será
efetivado mediante a garantia de: Item IV – educação infantil e
creche e pré escola, às crianças até 5 anos de idade.” Portanto, além
da pré escola representar um importante passo no desenvolvimento
infantil, ela é também obrigatória e de responsabilidade do Estado,
e de acordo com a Lei 12.796/2013, nos deparamos com a norma
que determina que a educação básica precisa ser obrigatória e
gratuita dos 4 aos 17 anos, sendo organizada em Pré Escola,
Ensino Fundamental e Ensino Médio. Também consta na LDB( lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), através da Emenda
Constitucional de 2009, que a pré escola tornou-se obrigatória a
partir dos 4 anos de idade, sendo o município, o responsável por
garantir a matrícula de todas as crianças no ensino gratuito. Por
isso, a prefeitura de Fantasia além de não estar cumprindo com o
que consta na lei, levando em consideração que todas as crianças
do município deveriam desde já, estarem matriculadas na pré
escola, e ainda há 30% delas fora das escolas, está atrasada em
relação ao prazo de adequação dessa lei, que foi dado até 2016. É
interessante citar também, que o município não está cumprindo a
meta proposta no PNE( Plano Nacional de Educação), a qual
pretende universalizar a educação infantil na pré escola, para
crianças de 4 a 5 anos, até o final da vigência do PNE, a qual a já
se passaram 5 anos. Em resumo, ainda há desafios a serem
cumpridos em relação a educação básica no município de Fantasia,
e a gestão municipal, por sua vez, precisa estar disposta a mudar
essa realidade, através de mais investimentos na educação primária
da cidade, não apenas ofertando mais vagas, porém, dando uma
atenção especial a aquelas crianças de maior vulnerabilidade social,
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as quais muitas vezes não tem acesso a informação, e os pais não
sabem da obrigatoriedade do ensino primário. É preciso também,
sem sombra de dúvidas, acelerar a criação de mais vagas para
garantir que todas essas crianças que estão longe das escolas
estejam incluídas o mais rápido possível no processo educacional
desde o primário, e não apenas no ensino fundamental.

2. OS PROFESSORES PASSARAM POR UMA FORMAÇÃ O ACERCA DA


LEI N. 13.010/2014, A QUAL VEDA QUALQUER CASTIG O FÍSICO
PARA AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES. DESSA FORMA, FORAM
INSTRUÍDOS A ESTABELECER NOVAS FORMAS DE DIÁ LOGOS E
A PROMOVER A CULTURA DA NÃ O VIOLÊ NCIA. CONTUDO,
ALGUMAS CRIANÇAS DEMONSTRARAM VIVER UMA REALIDADE
DIFERENTE EM CASA, SENDO VÍTIMAS DE MAUS-TRATOS. EM
FACE DISSO, O FORMADOR DISSE QUE OS PROFESSORES NÃ O
SE PREOCUPASSEM, VISTO QUE SUAS RESPONSABILIDADES
ESTAVAM LIMITADAS AO QUE ACONTECIA NO AMBIENTE
ESCOLAR
Diante do segundo ponto apresentado acima, há uma evidente
contradição em dois fatos: Ao mesmo tempo que os professores
passaram por uma formação específica a qual veda castigos físicos nos
alunos e tentam promover a não- violência, os mesmos deparam-se
com situações de maus tratos passadas por essas crianças, e
simplesmente nada fazem para combater essa realidade. Nesse caso,
há um exemplo de omissão, pois, ao ignorarem os supostos maus
tratos sofridos pelos alunos, os educadores tornam-se coniventes com
tais situações. A lei N. 13.010/2014 estabelece que não apenas agentes
públicos ficam impedidos de impor castigos a crianças e adolescentes,
mas qualquer responsável sobre os mesmos, incluindo familiares, sob
pena da lei. Portanto, os educadores deveriam saber que a formação da
cultura de não violência, precisa se ampliar a todos os ambientes em
que a criança está presente, sendo dentro ou fora da escola, é de
extrema importância que ela não se limite apenas no espaço escolar,
pois sabemos que o que ocorre com a criança dentro de casa, reflete
em todo seu comportamento e desempenho dentro da escola. É
importante mencionar também que as situações de maus tratos
ignoradas pelos professores podem ser penalizadas no que diz respeito
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aos artigos 13, 56 e 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em
que no artigo 13 consta que casos suspeitos ou confirmação de maus
tratos contra crianças e adolescentes precisam ser obrigatoriamente
comunicados ao conselho tutelar da localidade. Ou seja, esse tipo de
situação não pode ser vista com negligência, e o obrigatório a se fazer,
por parte dos educadores e diretores da escola de Fantasia é comunicar
com urgência o fato ao conselho tutelar da cidade. Parafraseando o
que consta no artigo 56, podemos observar a referência aos
profissionais da educação, em que diz que os dirigentes de
estabelecimentos do ensino fundamental deverão comunicar ao
Conselho Tutelar os casos de maus tratos sofridos por seus alunos. É
necessário salientar também que, o artigo 245 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, penaliza aqueles que ( inclusive professores e
responsáveis por estabelecimentos do ensino fundamental) se omitem
diante a casos de violência sofrida por seus alunos, sob multa de três a
vinte salários de referência. Para concluir, fica claro que o município
precisa, de forma imediata rever a formação que está sendo passada
aos professores em relação a própria cultura de não violência, visto
que, maus tratos sofridos por crianças e adolescentes dentro de casa
representam um problema para toda sociedade, e portanto, os
profissionais da educação, ao aplicar práticas que incentivam o
respeito e o diálogo, precisam também aplicar esses valores para além
do ambiente escolar, pois a educação não se limita apenas a sala de
aula, ela precisa estar presente na vida como um todo, principalmente
no dia a dia. Por isso, os professores e diretores do município de
Fantasia precisam estar atentos aos casos de violência física sofridas
pelas crianças, denunciar tais casos configura uma responsabilidade
social que não pode ser ignorada, pois a violência além de ferir os
direitos humanos, coloca em risco a própria vida da criança. Portanto,
em hipótese alguma pode haver a omissão dos educadores diante de
suspeita ou confirmação desses maus tratos, é necessário que sejam
cumpridas as leis, e que esses casos sejam o mais rápido possível
denunciados.

Referências Bibliográficas:

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Blume, Bruno André. Educação: O que é responsabilidade do município? Politize,
2016. Disponível em: < https://www.politize.com.br/educacao-no-municipio/>
Acesso em: 2 de Junho de 2021.
Craide, Sabrina. Plano Nacional de Educação completa três anos com apenas 20%
das metas cumpridas. Agência Brasil, 2017. Disponível em: <
https://www.google.com/amp/s/agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-
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%3famp>
Acesso em: 3 de Junho de 2021.
Mereles, Carla. Estatuto da Criança e do Adolescente: Quais direitos o ECA
garante? Politize, 2017. Disponível em: < https://www.politize.com.br/estatuto-
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Acesso em: 3 de Junho de 2021.
MEC, Constituição Federal. Disponível em: <https://www.google.com/url?
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6tb7oVrx >
Acesso em 3 de Junho de 2021.

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