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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE AR

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DE

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DE

A
Q UI M IC
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

ROTEIROS DE AULAS PRÁTICAS

Química Experimental I

São Cristóvão – SE

1
SUMÁRIO

Aula 01: Apresentação do Curso, Informações Gerais para Uso


e Permanência em Laboratório e Elaboração de 03
Relatórios .........................................................................

Aula 02: Materiais Utilizados em Laboratórios .............................. 10

Aula 03: Medidas de Massa e Volume .......................................... 17

Aula 04: Propriedades Físico-Químicas: Densidade ..................... 22

Aula 05: Ensaio de Coloração/Teste de Chama ........................... 25

Aula 06: Reações Químicas .......................................................... 28

Aula 07: Determinação da Estequiometria de uma Reação ......... 30

Aula 08: Equilíbrio Químico ........................................................... 32

Aula 09: Análise Gravimétrica ....................................................... 36

Aula 10: Preparo de Soluções ....................................................... 40

Aula 11: Padronização de Soluções ............................................. 43

Aula 12: Mistura de Soluções ........................................................ 47

Aula 13: Ácidos e Bases ............................................................... 50

Aula 14: Preparo e verificação das propriedades de uma solução


Tampão ........................................................................... 54

Aula 15: Velocidade das Reações Químicas ................................ 56

2
Aula 1
Apresentação do Curso, Informações Gerais para Uso e
Permanência em Laboratório e Elaboração de Relatórios

1. NOÇÕES ELEMENTARES DE SEGURANÇA

Os laboratórios são lugares de trabalho onde devemos tomar certas


precauções para mantermos o ambiente livre de acidentes. Os acidentes em
laboratórios ocorrem freqüentemente em virtude da não observância das
recomendações técnicas apropriadas. Todo aquele que trabalha em laboratório deve
ter responsabilidade no seu trabalho e evitar atitudes ou pressa que possam acarretar
acidentes e possíveis danos para si e para os demais. Deve prestar atenção a sua
volta e se prevenir contra perigos que possam surgir do trabalho de outros, assim
como do seu próprio. O usuário de laboratório deve, portanto, adotar sempre uma
atitude atenciosa, cuidadosa e metódica no que faz. Deve, particularmente,
concentrar-se no trabalho que faz e não permitir qualquer distração enquanto trabalha.
Da mesma forma, não deve distrair os demais enquanto desenvolvem trabalhos no
laboratório.

1.1. Regras Básicas de Segurança

01. Siga rigorosamente as instruções específicas do professor.


02. Use sempre avental, de algodão com mangas compridas.
03. Use os óculos protetores de olhos, sempre que estiver no laboratório.
04. Não fume, não coma ou beba no laboratório.
05. Evite trabalhar sozinho, e fora das horas de trabalho convencionais.
06. Não jogue material insolúvel nas pias (sílica, carvão ativo, etc). Use um frasco de
resíduo apropriado.
07. Não jogue resíduos de solventes nas pias. Resíduos de reações devem ser antes
inativados, depois armazenados em frascos adequados.
08. Em caso de acidente, mantenha a calma, desligue os aparelhos próximos, inicie o
combate ao fogo, isole os inflamáveis, chame os Bombeiros.
09. Não entre em locais de acidentes sem uma máscara contra gases.
10. Aprenda a usar extintor antes que o incêndio aconteça.
11. Trabalhando com reações perigosas, explosivas, tóxicas, ou cuja periculosidade
você não está bem certo, use a capela, o protetor acrílico (Shield), e tenha um
extintor por perto.
12. Nunca jogue no lixo restos de reações.
13. Realize os trabalhos dentro de capelas ou locais bem ventilados.
14. Em caso de acidente (por contato ou ingestão de produtos químicos) procure o
médico indicando o produto utilizado.
15. Se atingir os olhos, abrir bem as pálpebras e lavar com bastante água. Atingindo
outras partes do corpo, retirar a roupa impregnada e lavar a pele com bastante
água.
16. Ao sair do laboratório, o último desliga tudo, e verificando se tudo está em ordem.

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1.2. Regras Básicas em Caso de Incêndio no laboratório

01. Mantenha a calma.


02. Comece o combate imediatamente com os extintores de CO2 (gás carbônico).
03. Afaste os inflamáveis de perto.
04. Caso o fogo fuja ao seu controle, evacue o local imediatamente.
05. Evacue o prédio.
06. Desligue a chave geral de eletricidade.
07. Dê a exata localização do fogo (ensine como chegar lá).
08. Informe se este é um laboratório químico e que não vão poder usar água para
combater incêndio em substância química. Solicite um caminhão com CO2 ou pó
químico.

OBS: Se a situação estiver fora de controle abandone imediatamente a área.

“NÃO TENTE SER HERÓI”

1.3. Normas Gerais de Segurança

01. Os laboratórios de química devem possuir material de combate de incêndio, tais


como: extintores de incêndio dos tipos: CO2 e pó químico, que deverão ficar em
lugares de livre acesso.
02. O trabalho fora do expediente normal, tanto para professores, como para alunos
ou funcionários, só será permitido aos que estão devidamente cadastrados. No
caso dos alunos de iniciação científica e monografia deve-se evitar trabalhar
sozinho e fora do expediente.
03. É expressamente PROIBIDO FUMAR nos laboratórios e demais locais indicados
no prédio.
04. Qualquer dano ou defeito com necessidade de reparo, que envolva aspectos de
segurança, deverá ser comunicado imediatamente. Improvisações são pontos
críticos de falta de segurança.

1.4. Normas de Segurança nos Laboratórios

01. Todo experimento dentro ou fora do expediente, que não tiver o acompanhamento
do interessado, deverá ter uma ficha ao lado, com nome, horário de
experimentação, reagentes envolvidos e medidas a serem adotadas em casos de
acidentes.
02. Todo experimento que envolver certo grau de periculosidade exigirá a
obrigatoriedade de utilização de indumentária adequada (luvas, óculos, máscaras,
pinças, aventais, extintores de incêndio).
03. A utilização de qualquer material que venha a prejudicar ou colocar em perigo a
vida, ou a saúde dos usuários do ambiente, ou que causem incômodo, deverá ser
discutida ou comunicada ao responsável do laboratório, o qual sugerirá e/ou
autorizará o evento sob certas condições como avisos, precauções, horário que
deve ser feito, etc.
04. A quantidade de reagentes (inflamáveis, corrosivos, explosivos) armazenados em
cada laboratório deverá ser limitada a critério do professor responsável pelo
laboratório.
05. Certos torpedos de gases, como CO e H2 não podem permanecer internamente
nos laboratórios, quando não estiverem sendo usados. Os demais cilindros

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quando em uso ou mesmo estocados devem estar sempre preso à paredes ou
bancadas.
06. Durante as atividades didáticas não será permitido a professor, aluno e
funcionário a permanência em laboratório durante a aula prática sem o uso
de jaleco, trajando bermudas, ou shorts, sem sapatos e meias.
07. Cada bancada de laboratório poderá conter um número máximo de alunos, fixado
pelo professor responsável.
08. As aulas práticas deverão ter o acompanhamento contínuo do professor durante
todo o seu desenvolvimento.

1.5. Acidentes mais comuns em laboratório e primeiros socorros

• Queimaduras:

a) Queimaduras causadas por calor seco (chamas e objetos aquecidos):


No caso de queimaduras graves, cobrir a região com gaze esterilizada umedecida.

b) Queimaduras causadas por ácidos:


Lavar imediatamente o local com água em abundância, durante cerca de cinco
minutos, cobrir a região com gaze esterilizada umedecida.

c) Queimaduras causadas por álcalis:


Lavar a região atingida imediatamente com bastante água, durante cinco minutos.
durante cerca de cinco minutos, cobrir a região com gaze esterilizada umedecida.

• Ácidos ou Álcalis nos olhos: Nos laboratórios, existem lavadores de olhos


acoplados aos chuveiros de emergência. A lavagem deve ser feita por quinze
minutos.

• Intoxicações por gases: Remover a vítima para um ambiente arejado, deixando-a


descansar.

• Ingestão de substâncias tóxicas: Administrar uma colher de sopa de “antídoto


universal”, que é constituído de: duas partes de carvão ativo.

• Em todos os casos, a depender da gravidade, encaminhar a vítima para


atendimento em pronto socorro.

2. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS

O desenvolvimento correto da prática, a precisão dos dados empíricos e o domínio


teórico do assunto relacionado com a prática são alguns fatores essenciais para um bom
desenvolvimento das disciplinas experimentais. No entanto é necessário apresentá-los em
forma de texto organizado e lógico. Esse é o papel do relatório.
O relatório de atividades deve em primeiro lugar, retratar o que foi realmente
realizado no experimento, sendo de fundamental importância à apresentação de um
documento bem ordenado e de fácil manuseio. Além disso, deve ser o mais sucinto possível

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e descrever as atividades experimentais realizadas, a base teórica dessas atividades, os
resultados obtidos e sua discussão, além da citação da bibliografia consultada.
O relatório deve ser redigido de uma forma clara, precisa e lógica. Redija sempre de
forma impessoal, utilizando-se a voz passiva no tempo passado.

Ex.: “a massa das amostras sólidas foi determinada utilizando-se uma balança”.

Devem ser evitadas expressões informais ou termos que não sejam estritamente
técnicos (Não utilize em hipótese alguma adjetivo possessivo, como por exemplo, minha
reação, meu banho, meu qualquer coisa). É recomendável, efetuar uma revisão do relatório
para retirar termos redundantes, clarificar pontos obscuros e retificar possíveis erros.
Uma atenção especial deve ser dada aos termos técnicos, resultados, fórmulas e
expressões matemáticas. As ilustrações, tabelas, fórmulas e gráficos deverão vir em uma
sequência mais adequada ao entendimento do texto. Devem ser numerados e seus títulos e
legendas devem constar imediatamente acima de cada um.

Exemplo de Tabela e seu título

Tabela 01 - Algumas características dos estados da matéria

Estado da matéria Compressibilidade Fluidez ou rigidez Densidade relativa


Gasoso alta fluido baixa
Líquido muito baixa fluido alta
Sólido muito baixa rígido alta

Exemplo de Figura e seu título

Figura 1 – Balança Analítica

Em suma, o relatório deve ser dividido em 5 seções básicas como mostramos abaixo:

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Título e data de realização

1 – Introdução:

Deve situar o leitor no assunto a ser abordado. Faça uma breve descrição dos aspectos
teóricos ou princípios envolvidos, preocupando-se em inserir nessa seção os seguintes
aspectos: princípios teóricos em que se baseia a prática; relevância da prática; e objetivos
do experimento. Normalmente, as citações bibliográficas são feitas por números entre
parênteses e listadas no final do relatório. Lembrar que a introdução não é uma cópia da
literatura. A introdução deve conter no máximo 5 parágrafos e não exceder a 400 palavras.

2 – Parte Experimental:

Texto descrevendo a metodologia empregada para a realização do experimento.


Geralmente é subdividido em duas partes:

2.1 Materiais e Reagentes: um texto, apresentando a lista de materiais e reagentes


utilizados no experimento, especificando o fabricante e o modelo de cada equipamento,
assim como a procedência e o grau de pureza dos reagentes utilizados; e

2.2 Procedimento: um texto, descrevendo de forma detalhada e ordenada as etapas


necessárias à realização do experimento. Descreva o experimento efetivamente como foi
feito incluindo, se for o caso, qualquer modificação no procedimento apresentado no roteiro.
No relatório você deve apresentar o procedimento realizado de modo bem mais sucinto e
objetivo do que o apresentado no roteiro, mas sem suprimir fatos ou atividades importantes
bem como a descrição dos instrumentos utilizados.

3 – Resultados e Discussão:

Esta é a parte principal do relatório, onde serão mostrados todos os resultados obtidos,
que podem ser numéricos ou não. Deverá ser feita uma análise dos resultados obtidos, com
as observações e comentários pertinentes. Em um relatório desse tipo espera-se que o aluno
discuta os resultados em termos dos fundamentos estabelecidos na introdução, mas
também que os resultados inesperados e as observações sejam relatados, procurando uma
justificativa plausível para o fato. Em textos científicos utilizam-se tabelas, gráficos e figuras
como suporte para melhor esclarecer o leitor do que se pretende dizer.

4 – Conclusão:

Neste item deverá ser feita uma avaliação global do experimento realizado; relacionando
suas conclusões com o objetivo apresentado na introdução, comente sobre os pontos
positivos e a eficiência da prática. Tente levantar possíveis erros e sugestões para
otimização do experimento. Não é uma síntese do que foi feito e também não é a repetição
da discussão.

5 – Referências Bibliográficas:

Listar a bibliografia consultada para elaboração do relatório, utilizando-se as normas


recomendadas pela ABNT. Livros e artigos usados para escrever o relatório podem ser
indicados no texto ou relacionados neste item.
Para maiores esclarecimentos sobre a correta descrição das referências bibliográficas
solicitar auxílio com as bibliotecárias da biblioteca da universidade e ou consultar normas da
ABNT.
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Exemplo de Relatório

Título: DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO CHUMBO SÓLIDO


Data: 03/04/2009
Aluno: João da Silva

1- INTRODUÇÃO

O chumbo é um elemento químico metálico, de número atômico 82, que funde na


temperatura de 600,6 K. Seu símbolo químico é Pb. É aplicado em proteção contra
radiação ionizante, em acumuladores (baterias), soldas, munição, além de outras.
(BARBOSA, 1999)
Densidade é a razão entre a massa e o volume (vide Equação 1). É uma
propriedade física que pode ser utilizada para identificar substâncias. Pelo fato dos
sólidos serem bem pouco compressíveis, a densidade dos sólidos não varia muito com
a temperatura.

massa (1)
densidade =
volume

O objetivo deste experimento é determinar a densidade do chumbo sólido e


compará-lo com o valor 11,35 g / cm3 apresentado na literatura. (KOTZ, 2002)

2- PARTE EXPERIMENTAL

2.1 – Materiais e Reagentes

• Proveta de vidro (capacidade: 50,0 cm3)


• Balança (precisão 0,1 g) – Fabricante: Perkin Elmer
• Água destilada
• Corpos de chumbo (tamanhos variados)

2.2 – Procedimento

Foram pesados três corpos de chumbo, de tamanhos variados, em uma balança


técnica, anotando-se as massas com precisão de  0,1 g. Cada corpo de chumbo foi
imerso em uma proveta de vidro, de capacidade igual a 50,0 cm3, contendo
previamente 25,0 cm3 de água destilada. A seguir, anotou-se o volume de água
deslocado após a imersão de cada corpo de chumbo. Todo o procedimento foi feito na
temperatura ambiente do laboratório, igual a 303,15 K.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores das massas dos corpos de chumbo e dos volumes de água deslocados
após a imersão de cada corpo estão apresentados na Tabela 1. Assumiu-se que o
volume deslocado de água corresponde ao volume do corpo imerso. A densidade de
cada corpo de chumbo foi calculada a partir dos valores medidos de massa e de
volume, utilizando a Equação 1. Por fim, determinou-se o valor médio da densidade do
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chumbo e o respectivo desvio-padrão, que mede a precisão do resultado. O valor
obtido para a densidade do chumbo é igual a 11,4  0,1 g / cm3 e apresenta uma boa
concordância com o valor da literatura 11,35 g / cm3. (KOTZ, 2002)

Tabela 1. Valores das massas dos corpos de chumbo, dos volumes de água
deslocados e das densidades calculadas.

Corpo de Chumbo massa / g volume / cm3 densidade / g/cm3


1 57,5 5,0 11,5
2 79,8 7,0 11,4
3 101,7 9,0 11,3
média 11,4
desvio-padrão  0,1

4- CONCLUSÃO

A partir de medidas de massa e de volume de corpos de chumbo de tamanhos


variados, determinou-se o valor 11,4  0,1 g / cm3 para a densidade do chumbo sólido,
na temperatura de 303,15 K. Este valor apresenta uma boa concordância com o valor
11,35 g / cm3, reportado na literatura.

5- BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, A. L. Dicionário de Química. AB Editora: Goiânia, 1999. p.81.

KOTZ, J. C.; TREICHEL, Jr. P. Química e Reações Químicas. 4.ed., v.1, LTC Editora
S.A.: Rio de Janeiro, 2002.

3. BIBLIOGRAFIA:

1. Manual de Segurança para o Laboratório de Química - IQ – UNICAMP - CIPA/CPI, 1982.


2. Manual de Prevenção de Acidentes em Laboratórios - Departamento de Química UFSM,
1986.
3. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R., Fundamentos de
Química Analítica, São Paulo: Editora Cengage Learning, 9ª. Edição, 2015.
4. VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981.
5. BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica Quantitativa
Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição, 1998.

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Aula 2
Materiais utilizados em laboratórios

O Laboratório Químico é um lugar especialmente planejado para que seus


usuários executem um trabalho eficiente, contendo: bancada ampla e resistente ao
ataque de substâncias químicas, boa iluminação, fontes acessíveis de água, gás,
eletricidade, área especial para manipulação de gases tóxicos, etc. Além de toda essa
estrutura citada, deve-se relevar também, a importância dos recipientes e
equipamentos. Estes devem ser utilizados de modo adequado, não somente para
possibilitar a obtenção de resultados confiáveis, mas também para evitar danos
pessoais e materiais. Os materiais de laboratório possuem funções importantes e
específicas de acordo com a Tabela1.

Tabela 1. Principais vidrarias e aparatos utilizados nos laboratórios.

Ilustração Função

Tubo fechado em uma das extremidades, utilizado para


efetuar reações em pequena escala, como testes de reações
químicas. A transparência permite a perfeita observação dos
fenômenos que ocorrem. Podem ser aquecidos
cuidadosamente com movimentos circulares e diretamente
Tubo de Ensaio sob a chama do BICO DE BUNSEN.

É de uso geral em laboratório. Serve para efetuar reações,


dissolver substâncias sólidas, efetuar pesagens e aquecer
líquidos. Feitos de vidro Pyrex, resistem bem ao aquecimento,
quando feito sobre a TELA DE AMIANTO, ao resfriamento e
ataque por drogas químicas. São recipientes de fácil limpeza.
Béquer Não deve ser usado para medir volumes, já que sua
medida é bastante imprecisa.

Apresenta duas aplicações importantes: na transferência de


líquidos para frascos de boca estreita ou em filtração, para
suportar o papel poroso (papel de filtro) destinado a reter as
partículas grosseiras, em suspensão na mistura sólido-líquido
a ser separada.
Funil de haste longa

Frasco cônico de paredes reforçadas, munido de saída lateral


e usado em filtração à pressão reduzida (sob sucção). É
utilizado em conjunto com o funil de Buchner em filtrações à
vácuo.
Kitassato
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Funil de Utilizado na separação de líquidos imiscíveis e na extração
separação líquido/líquido.
(decantação)

Recipiente de porcelana de diferentes diâmetros, utilizado em


Funil de filtrações à vácuo, devendo ser acoplado ao KITASSATO.
Buchner Sobre a placa perfurada deve ser colocado um papel de filtro
de diâmetro menor que o da placa.

Peça de vidro de forma côncava usada em análises,


evaporações e pesagens em geral. Não pode ser diretamente
Vidro de relógio aquecida. Também pode ser utilizada para cobrir béqueres.

Condensador Tem como finalidade condensar vapores gerados pelo


aquecimento de líquidos sobre refluxo e destilações. É
refrigerado por água.

Erlenmeyer Sua forma peculiar facilita a agitação do conteúdo. Utilizado


em titulações, aquecimento de líquidos, dissolução de
substâncias e em reações entre soluções. Sua capacidade é
variável.

É um recipiente grande, provido de tampa bem ajustada,


destinado a manter atmosfera anidra. Para tal, o
compartimento inferior é carregado com agente dessecante,
como CaCl2 anidro ou sílica-gel. Usado para secagem e
proteção contra umidade de materiais higroscópicos; cadinhos
quando aquecidos podem ser resfriados em seu interior, para
Dessecador
posterior secagem, etc.

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Recipiente destinado a conter um volume preciso de líquido a
uma determinada temperatura. É utilizado para o preparo de
Balão soluções em laboratório. Pode ser usado sem erro apreciável,
volumétrico a temperaturas mais ou menos 8°C acima ou abaixo da
indicada (20°C). Não se deve armazenar solução em balão
volumétrico e não se deve aquecer essa vidraria.

Balão de Utilizado no armazenamento e aquecimento de líquidos ou


fundo soluções, bem como em reações com desprendimento de
chato gases. Pode ser aquecido sobre o TRIPÉ com TELA DE
AMIANTO.

Balão de Utilizado principalmente em sistemas de refluxo e


fundo evaporações à vácuo, sendo acoplado a
redondo ROTAEVAPORADOR. Pode ser usado também em reações
com desprendimento de gases.

Geralmente de porcelana é usado para aquecer substâncias a


Cadinho seco e com grande intensidade (fusão, calcinação, etc.), por
isto pode ser levado diretamente ao bico de bunsen ou em
fornos (mufla) a altas temperaturas.

Almofariz Usado na trituração e pulverização de sólidos.


com
pistilo

Suporte Suporte de ferro que permite sustentar vários outros utensílios


Universal como anéis e garras que apoiam peças em geral. Utilizado em
operações como: filtração, titulações, sistemas de destilação
etc.

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Bico de É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório.
Bunsen Utilizada apenas para materiais não inflamáveis. No caso de
materiais inflamáveis deve-se utilizar a manta elétrica.

É um anel metálico que se adapta ao suporte universal. Usado


Anel como apoio de funis diversos.

Tripé Sustentáculo para efetuar aquecimentos de soluções em


vidrarias diversas de laboratório. É utilizado em conjunto com
a tela de amianto.

Suporte para peças serem aquecidas. O amianto é uma fibra


natural sintética, largamente utilizado na indústria devido a
suas propriedades físico-químicas: alta resistência mecânica e
à elevadas temperaturas, incombustibilidade, boa qualidade
isolante, durabilidade, flexibilidade, indestrutibilidade,
resistente ao ataque de ácidos, álcalis e bactérias. É extraído
fundamentalmente de rochas compostas de silicatos
hidratados de magnésio, onde apenas de 5 a 10% se
Tela de amianto encontram em sua forma fibrosa de interesse comercial. A
principal função do amianto é distribuir uniformemente o
calor durante o aquecimento de recipientes de vidro ou
metal expostos ao bico de Bunsen.

Bureta Usada para medidas precisas de líquidos. Possui escala


graduada rigorosa, sendo utilizada na titulação de soluções e
também para escoar volumes variáveis de líquidos com alta
precisão.

Mede volumes variáveis de líquidos e apresenta maior


Pipeta graduada precisão que as provetas. Não pode ser aquecida.

Usada para medir e transferir, com precisão, volumes fixos de


líquidos. Não pode ser aquecida.
Pipeta volumétrica

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Proveta

Empregada em medidas aproximadas de líquidos, bem como


na transferência de volumes. Não pode ser aquecida.

Suporte para tubos de ensaio.

Estante ou grade

Usada para prender o condensador à haste do suporte


universal ou outras peças como balões, erlenmeyers, funis,
etc.
Garra de condensador

Usada para prender o tubo de ensaio durante o aquecimento.

Pinça de madeira

Usada para manipular objetos aquecidos, como cadinhos e


cápsulas.

Pinça metálica

Utilizada para fixar buretas.

Garra dupla

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Pisseta
Usada nas lavagens de materiais ou recipientes através de
jatos de água, álcool ou outros solventes.

Mais utilizada para fins biológicos. No laboratório químico é


também usada para observação de algum fenômeno.

Placa de Petri

Utilizado para misturar/agitar soluções, auxiliar na


transferência de líquidos e dissolução de sólidos.
Bastão de Vidro

Empregada na transferência de pequenos volumes de


líquidos, sem necessidade de precisão.

Pipeta de Pasteur

Para transferência de pequenas quantidades de substâncias


sólidas.

Espátulas de aço

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Pode ser acoplada a pipetas e tem a função de pipetar
líquidos (suga e libera o líquido).

Pipetador de três vias


(Pêra)

Recipiente alargado para uso em altas temperaturas. Usado


na evaporação de soluções, secagem de sólidos e na
preparação de misturas.
Cápsula de porcelana

Usado em destilações. Possui saída lateral para condensação


de vapores.

Balão de destilação

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Aula 3
Medidas de Massa e Volume

1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Técnicas de volumetria

Quando desejamos medir volumes aproximados de líquidos, podemos fazê-lo


com um material volumétrico não muito preciso e prático que é a proveta ou cilindro
graduado, enquanto que, para medidas precisas, devemos utilizar materiais precisos
tais como buretas, pipetas e balões volumétricos (Figura 1). Estes últimos são
calibrados pelo fabricante a uma temperatura padrão de 20 °C, devendo-se, portanto,
trabalhar de preferência nesta temperatura para evitar desvios em virtude de dilatação
do aquecimento.

Figura 1. Aparelhos para medidas volumétricas.

Aparelhos de medidas Aparelhos de medidas


aproximadas de volumes precisas de volumes

Para efetuar medidas volumétricas são empregados vários tipos de aparelhos,


que podem ser classificados em duas categorias:

a) Aparelhos calibrados para dar escoamento a determinados volumes, indicado pelo


fabricante como TD (to deliver).
b) Aparelhos calibrados para conter um volume líquido, indicado pelo fabricante como
TC (to contain).

Na classe a estão contidas as pipetas e as buretas e, na classe b, estão incluídos os


balões volumétricos.

A medida de volumes líquidos com qualquer dos referidos aparelhos está


sujeita a uma série de erros devido às seguintes causas:

a) Ação da tensão superficial sobre as superfícies líquidas.


b) Dilatações e contrações provocadas pelas variações de temperatura.
c) Imperfeita calibração dos aparelhos volumétricos.
d) Erros de paralaxe.
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A leitura de volume de líquidos claros deve ser feita pela parte inferior e a de
líquidos escuros pela parte superior, como mostra a Figura 2A e 2B, respectivamente,
para que sejam evitados os erros de paralaxe. A medida do volume do liquido é feito
comparando-se o nível do mesmo com os traços marcados na parede do recipiente. A
leitura do nível de líquidos claros deve ser feita na parede inferior do menisco, estando
a linha de visão V do operador perpendicular a escala graduada do equipamento.
Observe o procedimento de medida e transferência de líquidos utilizando proveta,
como mostra a Figura 3.

Figura 2. Formas do menisco: Figura 3. Formas correta da leitura do


A – menisco côncavo, menisco: linha de visão no
B – menisco convexo. mesmo nível da superfície do
líquido.

Existem duas formas de pipetas: volumétrica (A) e graduada (B), de


capacidades variadas, desde 0,1 mL até 100 mL. Para evitar erros de medidas na hora
de dispensar o líquido, deve-se verificar, na parte superior da pipeta, se ela contém
uma ou duas faixas. Pipeta com uma faixa, Figura 4A, significa que a medição é exata,
de apenas uma quantidade específica do líquido, e, portanto, não deve ser escorrida
completamente (uma gota restará na ponta da pipeta). Já a pipeta que apresenta duas
faixas na parte superior, exemplo Figura 4B, foi calibrada de tal maneira que sua
capacidade total é atingida quando a última gota presente em seu interior for escorrida
completamente para fora.
Para pipetar um líquido, utiliza-se o pipetador de três vias, mais conhecido como
“pera de sucção”. Seu funcionamento pode ser visto na Figura 5.

Figura 4. Tipos de pipetas: em (A), Figura 5. Utilização do pipetador de


uma pipeta volumétrica de três vias (pera de sucção).
uma faixa (medição exata);
e, em (B), uma pipeta
graduada de duas faixas
(esgotamento total).

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As seguintes instruções são especificamente apropriadas para as pipetas
volumétricas, mas podem ser modificadas para a utilização com outros tipos de
pipetas. O líquido é sugado para o interior da pipeta utilizando uma pera de sucção.

Figura 6. Procedimento para o manuseio de uma pipeta volumétrica.

1.2. Medidas de massa

As balanças são instrumentos adequados para medir massas. O manuseio


de uma balança requer muito cuidado, pois são instrumentos delicados e caros.
Para sua utilização, devem ser observados os seguintes cuidados gerais:

a) Não remova os pratos, nem os troque com os de outra balança. Mantenha a


balança no seu lugar;
b) Não coloque na balança nenhuma substância que não esteja à temperatura
ambiente;
c) Mantenha a balança em local onde a vibração, mudanças bruscas de
temperatura ou de umidade e movimento do ar sejam mínimos;
d) Conserve a balança sempre limpa, retirando qualquer respingo, partículas ou
poeira de seus pratos com uma escova especial;
e) Nunca coloque qualquer objeto diretamente sobre a balança. Líquidos e
sólidos, em pó ou granulado, devem ser mantidos em algum recipiente seco,
previamente pesado (tarado) e à temperatura ambiente. Se, durante a
pesagem, o material for passível de interagir com a atmosfera (evaporação,
oxidação, absorção de umidade), o frasco deve ser fechado. Para sólidos
que não requerem proteção da atmosfera e que sejam inertes, a pesagem é
feita colocando-se sobre os pratos, uma folha de papel adequado;
f) Toda transferência de substância e/ou de pesos, deve ser feita somente
quando os pratos estivem travados;
g) Execute todas as operações com movimentos suaves e cuidadosos;

19
h) Use pinças e espátulas; nunca use os dedos para manusear os objetos e
substâncias que estão sendo pesadas;
i) Ao terminar seu trabalho, remova todos os pesos e objetos da balança.
Mantenha-a coberta ou fechada. No caso de balanças eletrônicas, tenha a
certeza de que ela esteja desligada.

2- OBJETIVO
• Determinar medidas de massa e volume materiais diversos .

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. Medidas de Massa

a) Determine a massa de uma proveta (50 mL), balão volumétrico (50 mL) e
béquer (100 mL). Coloque cuidadosamente 50 mL de água destilada em
cada recipiente referido no item anterior, medindo tal volume na respectiva
marca de cada um e pese-os novamente. Meça a temperatura da água.
Anote os resultados. Use dados da densidade da água, Tabela 01, na
temperatura do experimento e determine o volume de fato contido em cada
recipiente.

Tabela 01. Densidades da água, P = 1 atm.

b) Pese uma proveta de 25 mL. Adicione 100 gotas de água destilada utilizando
um conta-gotas, pese novamente e leia o volume. Determine a massa e o
volume de uma gota e a massa equivalente a 1 mL de água.

20
3.2. Medidas de Volume

a) Meça 50 mL de água em uma proveta (50 mL) e transfira para um balão


volumétrico de 50 mL. Confira os volumes.
b) Adicione 40 mL de água a uma proveta de 50 mL, e outros, 40 mL de água e uma
proveta de 100 mL. Em ambos os casos, adicione mais 1 mL de água com uma
pipeta. Verifique a leitura da situação final em cada caso.
c) Encha uma bureta com água destilada. Depois de tê-la zerado, abra a torneira e
deixe escoar sobre o erlenmeyer graduado de 125 mL, um volume de 50 mL de
água. Verifique se os volumes coincidem.

4- BIBLIOGRAFIA

• BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Química


Analítica Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.

• MORITA, T., ASSUMPÇÃO, R. M. V. Manual de Soluções, Reagentes e


Solventes. 2ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.

21
Aula 4
Propriedade Físico-Química: Densidade

1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

A densidade (ρ) de um material é definida como a razão entre a massa (m) e


o volume (V) a uma dada temperatura e pressão, sendo, então, calculada pela
fórmula:
ρ=m/V

com unidade de (kg/m3) no Sistema Internacional (SI), mas com outra unidade muito
utilizada em química, que é o (g/cm3). Na literatura, é comum encontrar valores de
densidades obtidos a 1 atm e 20 oC ou 25 oC, mas é importante também conhecer
como a densidade varia com a temperatura para cada material.
Como o volume costuma aumentar com o aumento da temperatura, a
densidade diminui. Existem algumas exceções como o caso da água, entre 0 e 4 oC,
em que a densidade aumenta com o aumento da temperatura devido à quebra e
rearranjo de interações do tipo ligação de hidrogênio que levam à diminuição do
volume. Embora o efeito da pressão sobre a densidade dos gases seja bastante
significativo, a variação da pressão afeta muito pouco a maioria dos líquidos e
sólidos. As forças intermoleculares de atração e repulsão são as que determinam as
magnitudes destes efeitos em cada substância.
Na primeira parte desta prática, serão calculadas as densidades da água e
de uma solução aquosa pela medida da massa de um volume conhecido, a uma
dada temperatura. Na segunda parte, a técnica do volume de água deslocado será
empregada para diferenciar metais com diferenças razoáveis nas densidades.

2- OBJETIVOS:

• Medir a densidade de diferentes líquidos e de um metal.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Densidade de um líquido:

a- Pese na balança um balão volumétrico de 100 mL, seco, e anote sua massa em
gramas: M1
b- Preencha o balão com o líquido até aproximadamente 1 cm abaixo da marca.
c- Utilize um conta-gotas (Pipeta de Pasteur) para completar o volume exatamente
até a marca do balão (menisco).
d- Pese na balança o balão volumétrico, contendo o líquido, e anote a massa em
gramas: M2
e- Transfira o líquido do balão para um béquer e coloque o termômetro. Quando a
leitura da temperatura estabilizar, anote seu valor na tabela abaixo.
f- Calcule a massa do líquido (M3 = M2 – M1) e sua densidade (ρ = M3 / 100 mL).
g- Repita o procedimento, a partir do item b, para a solução aquosa e complete o
quadro abaixo.
22
Resultados – Densidade de um líquido

Balão seco: M1 (g) =


M2 M3 (M2-M1) Densidade (ρ) Temperatura
Balão + Líquido Líquido g/mL ºC
Água destilada
Solução NaCl

Densidade de um sólido:

a- Determine a massa de uma folha de papel de filtro. Em seguida adicione o sólido


“A” no papel e meça a massa combinada dos dois. Por diferença, determine a
massa exata do sólido “A”: M
b- Encha pela metade de água uma proveta de 25 mL e registre seu volume (0,1
mL): Vi.
c- Com cuidado, transfira o sólido para a proveta. Não deixe formar bolhas no
interior da proveta e registre o novo volume de água: Vt.
d- Calcule o volume do sólido: Vs = Vt – Vi
e- Calcule a densidade do sólido: ρ = M / Vs
f- Compare a densidade obtida nesse experimento com a densidade de algumas
substâncias descritas na Tabela 1.
g- Identifique o sólido estudado: a densidade do sólido se aproxima da densidade
de qual substância da Tabela 1?
h- Repita o procedimento para o outro sólido (sólido “B”), completando o quadro
abaixo.

Resultados – Densidade de um sólido

Sólido M (g) Vi (mL) Vt (mL) Vs (mL) Densidade Substância do Sólido


Massa do Volume Volume Volume (ρ) (de acordo com a
Sólido Inicial Total do Sólido (g/mL) tabela 1)
A
B

23
Tabela 1: Valores da densidade, a 25 °C, de algumas substâncias simples.

4- BIBLIOGRAFIA

1) BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química: A
Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição, 2005.
2) VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981.
3) SILVA, R. R. da; BOCCHI, N.; ROCHA-FILHO, R. C.; MACHADO, P. F. L.
Introdução à Química Experimental. 2ª Edição, EdUFSCar, 2014.

24
Aula 5
Ensaio de Coloração na Chama

1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Os átomos de um dado elemento químico após terem sido excitados por uma
fonte de energia emitem radiações eletromagnéticas (E = h) quando retornam ao
estado fundamental. Isto origina um espectro de emissão de linhas, cujas linhas são
características desse elemento químico já que a energia desta radiação esta
relacionada com as transições eletrônicas no átomo.
As propriedades dos espectros dos elementos químicos fundamentam um
conjunto de técnicas que possibilitam a identificação dos elementos químicos
constituintes de um dado composto, por meio da análise dos espectros obtidos,
designando-se por análise espectral.
O ensaio de chama se baseia na emissão de radiação eletromagnética pelos
átomos de um dado elemento químico quando este é excitado por uma chama. A
emissão de luz com certa coloração permite identificar visualmente a presença do
metal neste composto.
A fonte de aquecimento utilizada neste ensaio é o bico de Bunsen, que
também é utilizado para outros tipos de aquecimentos efetuados em laboratório,
desde o aquecimento de misturas ou soluções, de alguns graus acima da
temperatura ambiente a até calcinações feitas em cadinhos, que exigem
temperaturas de cerca de 6000C. As características da chama são mostradas na
Figura 4.1.

Figura 1: Características da chama de um Bico de Bunsen

Zona a) Zona externa: Violeta pálida, quase


externa invisível, onde os gases fracamente
expostos ao ar sofrem combustão
Zona completa, resultando em CO2 e H2O. Esta
intermediária zona é chamada de zona oxidante
(Temperaturas de 1560-1540ºC).
Zona b) Zona intermediaria: Luminosa,
interna caracterizada por combustão incompleta,
por deficiência do suprimento de O2. O
carbono forma CO, o qual se decompõe
pelo calor, resultando diminutas partículas
de C (carbono) que, incandescentes, dão
luminosidade à chama. Esta zona é
chamada de zona redutora
(Temperaturas abaixo de 1540ºC).
c) Zona interna: Limitada por uma “casca”
azulada contendo os gases que ainda não
sofreram combustão – mistura carburente
(Temperaturas em torno de 300ºC). Para
se aquecerem bequer, erlenmeyer, balões
25
etc., não se deve usar

2- OBJETIVOS
• Aprender a manipular o bico de bunsen
• Detectar os elementos formadores de um determinado composto, através do
ensaio de coloração de chama.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1) Acender o queimador de gás até obter uma chama adequada.


Para acender o bico do gás, proceda da seguinte maneira:
• Feche completamente a entrada de ar no bico;
• Abra lentamente a válvula do gás e aproxime a chama de um fósforo
lateralmente, obtendo uma chama grande e luminosa, de cor amarela.
• Abra vagarosamente a entrada de ar de modo que a chama fique
completamente azul;
• Caso a chama se apague ou haja combustão no interior do tubo,
feche a entrada do gás e reinicie as operações anteriores. O gás
combustível é geralmente o GLP (gás liquefeito de petróleo ou gás de
cozinha).

2) Tomar tubos de ensaio e colocar, em cada um deles, separadamente, as


seguintes soluções salinas de cátions de metais alcalinos e alcalinos terrosos
( 2 mL):

Tabela 1: Dados das amostras usadas no ensaio de coloração de chama

Reagente Concentração em solução aquosa


Cloreto de Sódio – NaCl 2 mol.L-1
Cloreto de Potássio – KCl 2 mol.L-1
Cloreto de Bário - BaCl2 1,5 mol.L-1
Cloreto de Estrôncio - SrCl2 1,0 mol.L-1
Carbonato de Lítio - Li2CO3 0,1 mol.L-1
Cloreto de Cálcio – CaCl2 1,0 mol.L-1

3) Umedecer a alça de platina no ácido clorídrico 50% e levar à parte mais quente
da chama até evaporar.
4) Introduzir uma haste de metal, à qual foi acoplado um fio de platina, em uma das
soluções e, em seguida, levar à chama. Observar e anotar a coloração da
chama.
5) Lavar o fio de platina mergulhando-o em uma solução concentrada de HCl e
leva-lo à chama para eliminação de quaisquer impurezas.
6) Repetir as etapas 4) e 5) para as outras soluções.
7) Observar e anotar a coloração das respectivas chamas correlacionando-a com o
metal analisado.
8) Comparar a coloração obtida no experimento com os descritos em literatura.

26
PÓS-LABORATÓRIO

1) Por que os átomos emitem luz quando submetidos a chama?

2) Por que cada amostra emite uma cor diferente na chama?

3) Qual a relação entre essa aula e o espectro eletromagnético?

4) Qual região do espectro foi utilizada nessa aula?

BIBLIOGRAFIA

1) BROWN, T.L. et al. Química a ciência central. Editora Pearson.: São Paulo,
2005.
2) SKOOG, D. A, et al, Fundamentos de Química Analítica, Editora Pioneira
Thomson Learning: São Paulo, 2006.

27
Aula 6
Reações Químicas

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A matéria encontra-se em permanente transformação. Sob a ação de


agentes físicos ou químicos, as substâncias podem sofrer alterações de estado, de
composição ou de cor, modificando-se, não raramente, de forma discreta,
perceptível apenas com o uso de sofisticados instrumentos.
Algumas transformações conduzem a variações drásticas na composição
química das espécies por meio de ruptura e formação de ligações interatômicas,
quase sempre acompanhadas de trocas energéticas com o ambiente. Estas
transformações são geralmente descritas através de equações químicas e recebem
a denominação específica de reações. Transformações de estado, representadas,
por exemplo, pela fusão, ebulição, sublimação, condensação e solidificação,
também envolvem ruptura e formação de ligações, porém não alteram a composição
química das espécies.
Como podemos saber se ocorreu ou não uma transformação química? O
aparecimento de uma nova substância com propriedades diferentes é um indício de
que ocorreu uma reação química. Como evidência das transformações que ocorrem
durante as reações, podemos observar mudanças de cor, variações no pH,
formação de gases ou de produtos com outra solubilidade.
Uma reação química deve ser analisada não só sob o ponto de vista
macroscópico, ou seja, da identificação dos produtos obtidos e das evidências
experimentais citadas anteriormente, mas também pelo ponto de vista microscópico
que, necessariamente, passa pelo entendimento do fenômeno químico descrito pela
reação.
Uma reação química é, à luz da teoria atômico-molecular clássica, apenas
um processo pelo qual se modificam os arranjos dos átomos nas moléculas dela
participantes. Esses arranjos não se dão ao acaso, mas dependem das
propriedades das substâncias que, por sua vez, estão intimamente relacionadas
com a configuração eletrônica dos átomos que as constitui. Assim, o entendimento
dos fenômenos químicos conhecidos e a possibilidade de previsão de futuros
fenômenos dependem do conhecimento da estrutura do átomo.

2. OBJETIVO

Detectar, de modo qualitativo, evidências de ocorrência ou não de uma


reação química.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1) Colocar em um tubo de ensaio 2 mL de ácido sulfúrico 0,1 mol L-1 . Medir o


pH da solução com papel indicador universal.

2) Em um tubo de ensaio colocar 2 mL de hidróxido de sódio 0,2 mol L-1 e medir


o pH da solução com papel indicador universal.

28
3) Misturar as duas soluções preparadas anteriormente e medir o pH
novamente.

4) Em um tubo de ensaio, colocar uma pequena quantidade de cloreto de


amônio sólido (NH4Cl), e acrescentar, aproximadamente 2 mL de água
destilada. Agitar o tubo, cuidadosamente, e determinar o pH da solução.

5) Repetir o teste anterior, usando sulfito de sódio (Na2SO3) sólido em lugar de


cloreto de amônio.

6) Adicionar um pouco de ácido clorídrico (HCl) diluído (~2 mol.L-1) a um tubo de


ensaio contendo casca de ovos triturados. Observar e anotar o resultado.

7) Em um tubo de ensaio, dissolver um pouco de sulfato de cobre (II)


(CuSO4.5H2O) em água e, a seguir, colocar uma placa de zinco ou um prego
previamente lixado ou uma pequena quantidade de lã de aço e observar o
que ocorre após algum tempo.

8) Em um tubo de ensaio, colocar cerca de 5 mL de uma solução de sulfato


ferroso (FeSO4) 0,1 mol.L-1 acidificada. A seguir, adicionar, uma a uma, 10
gotas de solução 0,1 mol.L-1 de permanganato de potássio (KMnO4), agitando
o tubo de ensaio após a adição de cada uma delas. Observar e anotar.

9) Em um tubo de ensaio, misturar 1,0 mL de uma solução de nitrato de prata


(AgNO3) a 0,1 mol L-1 e 1,0 mL de uma solução de cloreto de sódio NaCl a
0,1mol L-1. Observar. A seguir, acrescentar 5,0 mL de hidróxido de amônio
(NH4OH) a 0,1molL-1. Agitar e observar.

4. PÓS-LABORATÓRIO

1) Classifique as reações químicas observadas nos experimentos anteriores e


escreva suas respectivas equações químicas.

5. BIBLIOGRAFIA

4) BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química: A
Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição, 2005.
5) VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou,
1981.
6) BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica
Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição, 1998.

29
Aula 7
DETERMINAÇÃO DA ESTEQUIOMETRIA DE UMA REAÇÃO

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta experiência determinaremos a estequiometria (proporção entre as


quantidades dos reagentes) de uma reação de precipitação. Para isto
empregaremos um método conhecido como Método das Variações Contínuas. Duas
soluções, A e B, ambas de concentração 0,5 mol L-1, que reagem entre si
produzindo o composto C, que precipita, e o composto D, que permanece em
solução, num processo que pode ser representado pela equação:

x A(aq) + y B(aq) → n C(s) + m D(aq)

Nosso objetivo é determinar a proporção em que A e B reagem, isto é, a


razão entre os números x e y. O método das variações contínuas consistirá em
tomar um certo número de volumes idênticos de misturas das soluções A e B, com a
proporção entre as quantidades dos reagentes variando gradativamente de um
volume a outro. Assim, começaremos com soluções contendo muito A e pouco B,
até a situação inversa em que haja muito B e pouco A. Como o volume total é
sempre o mesmo e as soluções têm a mesma concentração, o número total de
unidades (ex: quantidade de matéria - mols) de A e de B será o mesmo em todas as
misturas. O que varia de uma mistura para outra é a proporção entre o número de
unidades de A e de B, e essa proporção afetará a quantidade do precipitado de C.
Se houver pouco A, haverá pouco precipitado, pois parte do composto B não terá
com quem reagir. Neste caso, dizemos que A é o reagente limitante. Havendo ao
contrário pouco B, este será o reagente limitante, e também haverá pouco
precipitado. Variando continuamente a proporção entre A e B chagaremos a um
ponto em que esta proporção será de x para y, que é a requerida pela
estequiometria da reação. Neste ponto, todo o A e todo o B reagirão, e a quantidade
do precipitado C será máxima. Vamos preparar várias misturas e observar em qual
aparece a maior quantidade do precipitado.

2. OBJETIVOS

• Determinar a relação estequiométrica entre duas substâncias que reagem


entre si através do método de variação contínua.
• Identificar os reagentes limitantes e em excesso em uma reação química.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. Preparo da solução do composto A – cloreto férrico

Calcule quantos gramas serão necessários para preparar 50 mL de uma


solução 0,25 mol L-1 de cloreto férrico. Transfira a solução para um frasco de
armazenamento e cole um rótulo identificando o soluto e a concentração, nome e a
data.

30
3.2. Mistura das soluções para determinar a estequiometria

1. Separe nove tubos de ensaio idênticos. Numere-os de 1 a 9, e com uma pipeta


graduada transfira 1,0 mL da solução de cloreto de ferro para o tubo no 1. Depois,
coloque 2,0 mL no tubo no 2, 3,0 mL no nº 3, e assim por diante, até chegar a 9,0
mL no tubo no 9.
2. Retire os tubos do banho-maria e complete o volume em cada um deles até 10
mL com a solução B, fornecida pelo professor. Assim você terá de pipetar 9,0 mL
para o primeiro tubo, 8,0 mL para o segundo, até chegar ao tubo de no 9, para o
qual serão necessários apenas 1,0 mL. Homogeneizar lentamente os tubos.
3. Deixar os tubos em repouso por 30 min para o precipitado sedimentar.
4. Medir, tendo o cuidado para não agitar, com uma régua a altura do sedimento em
cada um deles. Essas alturas serão tomadas como indicativas das quantidades
de precipitado formadas nos diversos casos, já que os tubos têm o mesmo
diâmetro.

3.3. Tratamento dos Dados

Calcule a quantidade de matéria (mols) do cloreto férrico em cada tubo, e


faça um gráfico das alturas dos sedimentos contra a quantidade de matéria de
hidróxido de ferro. O máximo desse gráfico lhe mostrará em que tubo a proporção
entre a quantidade de matéria de FeCl3 (o soluto A) e a quantidade de matéria do
mesmo soluto B é a estequiométrica. Calcule a quantidade de matéria de B
correspondente a esse ponto e determine os valores de x e y.
O composto B é o hidróxido de sódio. Com base nessa informação, escreva
a equação da precipitação e escreva a expressão da constante de equilíbrio.

4. BIBLIOGRAFIA

• BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química:
A Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição,
2005.
• ATKINS, P.; JONES, L., Princípios de Química: Questionando a Vida
Moderna e o Meio Ambiente, Porto Alegre: Editora Bookman, 5ª. Edição,
2003.
• SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R.,
Fundamentos de Química Analítica, São Paulo: Editora Cengage Learning,
9ª. Edição, 2015.
• VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou,
1981.
• BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica
Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição,
1998.
• ROCHA-FILHO, R. C.; SILVA, R. R., Cálculos Básicos de Química, São
Carlos: Editora EduUFSCar, 2006.

31
Aula 8
Equilíbrio Químico

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Uma reação química está em equilíbrio quando duas reações opostas


ocorrem com a mesma velocidade. Um sistema do tipo REAGENTES ⇌
PRODUTOS está em equilíbrio quando a velocidade de formação dos produtos é
igual à velocidade de formação dos reagentes. Em alguns casos, naquelas em que a
reação é quase completa, se obtém o equilíbrio quando o material reagiu quase por
completo. Em outros casos de reações reversíveis, se alcança o equilíbrio antes que
a reação se tenha completado. As concentrações das substâncias em equilíbrio
guardam entre si uma relação definida que é expressa pela equação genérica da
CONSTANTE DE EQUILÍBRIO:

aA(aq) + bB(aq) ⇌ cC(aq) + dD(aq)

Muitas reações químicas são reversíveis. Em outras palavras, se duas


espécies químicas, em solução, são misturadas e formam novas espécies, há uma
tendência para que as novas espécies reajam, formando as espécies originais. A
velocidade de formação das novas espécies será no início mais rápida do que a
reação contrária. Entretanto, após algum tempo, quando não se percebe mais
nenhuma mudança, a velocidade de formação de novas espécies iguala-se a da
reação reversa, que forma as substâncias originais e diz-se que o equilíbrio foi
alcançado. Equações de equilíbrio são escritas com duas setas apontadas em
direções opostas entre reagentes e produtos, indicando que ambos os processos
ocorrem simultaneamente. Por exemplo, o equilíbrio para uma solução saturada de
carbonato de cálcio (CaCO3 não dissolvido permanece no fundo do tubo) é
representado pela equação:
2+ 2-
CaCO3(s) ⇌ Ca (aq) + CO3 (aq)

2+ 2-
as duas setas indicam que alguns íons Ca e CO3 estão se separando indo para a
solução (reação direta) e outros estão se juntando para formar o CaCO3 sólido
(reação inversa).
De uma forma geral,

a velocidade direta = k1 [ A ] [ B ]
e a velocidade inversa = k2 [ C ] [ D ]

No equilíbrio as duas velocidades são iguais. k1 [ A ] [ B ] = k2 [ C ] [ D ].

32
O ponto de equilíbrio é deslocado quando há mudanças nos fatores que
influenciam na velocidade das reações opostas. O princípio geral que rege os
deslocamentos dos estados de equilíbrio é o chamado PRINCÍPIO DE LE
CHATELIER, que diz: “Quando um fator externo age sobre um sistema em
equilíbrio, ele se desloca procurando minimizar a ação do fator aplicado e atingir um
novo estado de equilíbrio”. O Princípio de Le Chatelier estabelece que a posição do
equilíbrio sempre se desloque na direção que contrabalancei ou minimize a ação de
uma força externa aplicada ao sistema. Isto significa que se houver aumento da
temperatura de um sistema reacional, provoca-se a reação química que contribui
para resfriar o sistema (consumindo energia térmica). Ou ainda, se houver o
aumento proposital de um dado reagente ou produto, o equilíbrio favorecerá a
reação de consumo desta substância em excesso até que seja retomado um novo
estado de equilíbrio. Entretanto, ressalta-se que o excesso de reagente ou produto
adicionado ao sistema, nunca é completamente consumido, para que a constante de
equilíbrio (K) permaneça constante, desde que a temperatura não mude. Da mesma
forma, quando um componente é removido do sistema em equilíbrio, ocorrerá um
deslocamento para repor este componente, sendo que esta reposição nunca é total
para que K permaneça constante. Neste experimento você fará um estudo dos
estados de equilíbrio e de fatores que modificam estes equilíbrios para os sistemas
abaixo, observando as alterações de cor que ocorrerão e relacionando-as com as
concentrações de reagentes e produtos formados.

2. OBJETIVO

Familiarização dos conceitos e efeitos da perturbação de um equilíbrio


químico por agentes externos.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. Equilíbrio Químico Hexaaquocobalto(II) – Tetraclorocobaltato(II):

Neste experimento será estudada a influência da temperatura e da


concentração no deslocamento do seguinte equilíbrio químico:

2 2
As espécies [Co(H2O)6]+ e [CoCl4]- apresentam cores contrastantes, logo a
intensidade das cores rosa e azul em solução são proporcionais à concentração em
2+ 2-
quantidade de matéria de Co e CoCl4 . Então, quando o sistema for submetido a
uma ação externa será possível observar o deslocamento deste equilíbrio para uma
nova posição, através da modificação da coloração da solução.

33
A- Influência da Temperatura:

− Coloque em um tubo de ensaio as seguintes quantidades: 2,5 mL da solução


de cloreto de cobalto (0,1 mol L-1); 3,5 mL de HCl concentrado e 1,5 mL de
água destilada. Agite a mistura com um bastão de vidro e em seguida divida
em três porções aproximadamente iguais, transferindo as porções para
outros tubos de ensaio numerados de 1 a 3.
− Aqueça a primeira porção num béquer contendo água.
− Resfrie a segunda porção em um banho de água com gelo.
− Mantenha a terceira porção à temperatura ambiente e utilize esta porção
como padrão de comparação.
− Observe a alteração de cor nas soluções durante o aquecimento e o
resfriamento e anote. Faça uma relação entre a coloração observada e a
concentração do reagente e produto presentes no novo equilíbrio.

B- Influência da Concentração:

− Misture as porções da parte A, agite com um bastão de vidro e espere que a


temperatura da solução chegue à temperatura ambiente.
− Divida a solução em três partes aproximadamente iguais, transferindo as
soluções para outros três tubos de ensaio limpos e numerados de 1 a 3.
− Adicione uma pequena quantidade de cristais de KCl ao tubo de nº 1,
agitando com bastão de vidro até dissolver.
− Adicione gotas da solução de AgNO3 (0,1 mol L-1) ao tubo de nº 2, agitando.
− Mantenha o tubo de nº 3 como padrão de comparação de cor.

3.2. Equilíbrio dos Íons Cromato [CrO42-] e Dicromato [Cr2O72-]:

2CrO42- ⇌ Cr2O72-

− Coloque cerca de 1 ml de cromato de potássio 0,1 mol L-1 em um tubo de


ensaio e adicione 1 gota de HCl 1 mol L-1 (verifique se a solução está
nitidamente ácida com um papel indicador, caso contrário adicione mais
HCl).
− Repita este procedimento com dicromato de potássio 0,1 mol L-1.
− Agora adicione NaOH 1 mol L-1 a esses tubos e confira a alcalinidade das
soluções. Se necessário adicione mais NaOH.
− Verifique se as mudanças observadas nas colorações das soluções são
reversíveis, através de adições sucessivas de HCl e NaOH.

2CrO42- + 2H+ ⇌ Cr2O72- + H2O

Cr2O72- + 2OH- ⇌ 2CrO42- + H2O

34
4. BIBLIOGRAFIA

• LENZI, E. [et al.], Química Geral Experimental, Rio de Janeiro: Freitas


Bastos Editora, 2ª edição, 2012.
• BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química:
A Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição,
2005.
• ATKINS, P.; JONES, L., Princípios de Química: Questionando a Vida
Moderna e o Meio Ambiente, Porto Alegre: Editora Bookman, 5ª. Edição,
2003.
• SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R.,
Fundamentos de Química Analítica, São Paulo: Editora Cengage Learning,
9ª. Edição, 2015.
• VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou,
1981.
• BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica
Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição,
1998.
• ROCHA-FILHO, R. C.; SILVA, R. R., Cálculos Básicos de Química, São
Carlos: Editora EduUFSCar, 2006.

35
Aula 9
Análise Gravimétrica

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Precipitação: O elemento a ser dosado é separado da solução através da formação de


um precipitado convenientemente escolhido em cada caso. Deve-se levar em conta vários
fatores para a escolha do reagente precipitante, tais como a solubilidade, as
características físicas e a pureza do precipitado. Quanto à técnica de precipitação
utilizada em laboratório, de modo geral ela é processada em béquer com adição lenta do
reagente (por meio de uma pipeta) e sob agitação, ou a partir de uma solução
homogênea.

Filtração: É o processo de separação do precipitado do meio em que se processou a sua


formação. A maneira como é feita a filtração dependerá do tratamento a que o precipitado
será submetido na fase seguinte (secagem ou calcinação). A filtração a vácuo é realizada
em Gooch de vidro ou porcelana (cadinhos filtrantes possuem como fundo uma camada
porosa), ou ainda em funil de Buchner, com auxílio de sucção, para forçar a passagem do
líquido pelo filtro, usando um frasco de sucção, geralmente um kitassato e um aspirador,
que pode ser uma trompa d'água ou uma bomba de vácuo (Figura 1).

Figura 1. Ilustração de um sistema utilizado para filtração a vácuo.

Se o precipitado deve ser seco a 100º - 120º C, em estufa, é necessário que


a filtração seja feita em cadinho de vidro ou porcelana. Esses cadinhos filtrantes
possuem como fundo uma camada porosa. Nesse caso a filtração é executada com
o auxílio de sucção, para forçar a passagem do líquido pelo filtro, usando um frasco
de sucção, geralmente um kitassato e um aspirador, que pode ser uma trompa
d'água ou uma bomba de vácuo.
Quando o precipitado deve ser calcinado em temperaturas elevadas, procede-
se a filtração através de papel filtro. O papel de filtro utilizado em análise quantitativa
apresenta um resíduo de cinzas constante após a calcinação, sendo que uma folha

36
circular utilizada numa filtração, após sua calcinação, apresenta um resíduo de
cinzas de peso desprezível.
A filtração com auxílio do papel-filtro é feita por gravidade, sem sucção. O
papel-filtro circular é dobrado e inserido num funil de vidro, como está ilustrado na
Figura 2, tomando-se o cuidado de umedecê-lo após sua inserção no funil, de modo
a se obter uma boa aderência. O diâmetro do papel-filtro utilizado deve ser tal que
sua parte superior deve estar de 1 a 2 cm abaixo da borda do funil de vidro.

Figura 2. Ilustração do preparo de papel-filtro

Faz-se a filtração por decantação transferindo-se primeiro o líquido


sobrenadante e em seguida o precipitado. A transferência é feita com o auxílio de
um bastão de vidro, recolhendo-se o filtrado em um béquer. A extremidade inferior
da haste do funil deve ser encostada na parede interna do béquer usado no
recolhimento do filtrado, como visto na Figura 3:

Figura 3. Ilustração de uma filtração por ação da gravidade e da transferência da


suspensão para o funil.

Não se deve deixar o precipitado secar no filtro durante a filtração, pois se


isto acontecer formar-se-ão canaletas na massa de precipitado, o que
posteriormente, provocará uma lavagem deficiente do mesmo. Deve-se manter
durante toda a filtração o nível de solução a ¾ da altura do papel-filtro no funil.

Lavagem: Após a filtração o precipitado deve ser submetido a um processo de


lavagem, através do qual se remove parte da água-mãe que ficou nele retida e
eliminam-se as impurezas solúveis e não voláteis na temperatura de secagem ou
calcinação a que o precipitado será submetido. O líquido de lavagem deve ser usado
em pequenas porções, obtendo-se assim uma eficiência maior do que seria obtida
se fosse utilizado um pequeno número de grandes porções de líquido
(considerando-se o mesmo volume total de líquido de lavagem nos dois casos).
O líquido de lavagem, de modo geral, deverá conter um eletrólito para evitar
a peptização do precipitado. Este eletrólito deve ser volátil na temperatura de
secagem ou calcinação a que será submetido posteriormente o precipitado, de modo
37
a não deixar resíduo. Para reduzir a solubilidade do precipitado, deve-se ter como
eletrólito um íon comum e, se possível, o líquido de lavagem deve ser usado a
quente.
Para uma lavagem mais eficiente recomenda-se que, de início, somente a
água-mãe seja transferida para o funil de filtração. O precipitado (ainda retido no
frasco de precipitação) é então lavado, sob agitação, com uma porção da solução de
lavagem, decantado e o líquido sobrenadante transferido para o funil. Repete-se
este procedimento algumas vezes e, por fim, transfere-se a totalidade do precipitado
para o funil e continua-se a lavagem diretamente no filtro. A seqüência de operações
utilizadas na transferência de um precipitado é ilustrada esquematicamente na
Figura 4.

Figura 4. Sequência de operações utilizadas na transferência de um precipitado.

Armazenamento: Para minimizar a absorção de umidade, as substâncias e materiais


secos são armazenados em dessecadores. A Figura 5 apresenta os componentes típicos
de um dessecador. Pode-se observar que o mesmo deve conter um agente secante, em
sua parte inferior (cloreto de cálcio anidro, sulfato de cálcio anidro ou sílica gel) e ser
submetido à vácuo. A fim de tornar os dessecadores livres de ar, unta-se as superfícies
esmerilhadas da tampa com vaselina ou outro lubrificante.
Quando se remove a tampa de um dessecador, faz-se o uso de um movimento de
deslizamento para minimizar a perturbação da amostra. Uma vedação é alcançada por
uma pequena rotação e pressão sobre a tampa já posicionada.

38
Figura 5. Componentes de um dessecador.

2. OBJETIVO
• Treinar a sequência de uma análise gravimétrica

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

- Pese o papel filtro que será utilizado.


- Pipetar uma alíquota de 1 mL da solução de nitrato de chumbo (II) 0,2 mol/L para um
béquer de 250 mL e adicionar 25 mL de água destilada.
- Em seguida, adicionar neste béquer, 1 mL de uma solução de iodeto de potássio 0,5
mol/L. Aguardar cerca de cinco minutos.
- Filtrar o precipitado formado através de papel de filtro. Lavar o precipitado três vezes
usando água destilada.
- Colocar o papel com o precipitado em um vidro de relógio e colocar no dessecador.
- Na próxima aula pese o conjunto precipitado + papel filtro e calcule o rendimento de
produto obtido na reação.

4. PÓS-LABORATÓRIO
1) Escreva a equação da reação que ocorre e indique a cor dos produtos formados.
2) Qual o rendimento em % (m/m) de precipitado obtido?
3) Dos passos seguidos nessa aula, quais os possíveis erros cometidos que
implicam no rendimento do produto final?

4. BIBLIOGRAFIA

1) BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química: A
Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição, 2005.
2) SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R., Fundamentos de
Química Analítica, São Paulo: Editora Cengage Learning, 9ª. Edição, 2015.

39
Aula 10
Preparo de Soluções

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

O preparo de soluções tem fundamental importância devido ao fato de que


grande parte das reações ocorre em solução aquosa.
Define-se como solução uma mistura homogênea composta de uma ou mais
substâncias, sendo que aquela em maior proporção denomina-se solvente e a em
menor quantidade soluto.
É importante ter conhecimento da maneira correta de expressar a
concentração das soluções, ou seja, a relação existente entre a quantidade de
soluto e a de solvente numa solução. As formas de expressar a concentração são
bastante variadas. Observe alguns exemplos:

Concentração comum (C)

É a relação entre a massa de soluto (em grama) e o volume da solução (em litro)

m
C=
V

Onde m = massa e V = Volume

Concentração em quantidade de matéria (M)

É a razão entre a quantidade de matéria do soluto (em mol) o volume da solução


(em litro).

n
M =
V
Onde n = quantidade de matéria e V = Volume

Titulo

É a razão entre massa (m) do soluto e massa da solução.

m soluto
 =
m solução
40
Diluição de soluções

Diluir uma solução significa diminuir a sua concentração. O procedimento mais


simples, geralmente aplicado é a adição de solvente à solução, onde a quantidade
de matéria do soluto, inicial e final, é o mesmo, somente o volume é maior, logo, a
concentração da solução será menor.
Como a quantidade de matéria do soluto permanece inalterado durante a diluição,
pode-se escrever:

ninicial = nfinal
onde: M1= concentração da solução inicial
M1 V1 = M 2 V2 V1= volume de solução inicial
M2= concentração da solução
diluída
V2= volume da solução diluída

2. OBJETIVO

Preparação de soluções ácidas e básicas.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Materiais e reagentes

Béquer de 100 mL HCl concentrado


Bastão de vidro Pipeta volumétrica de 25 mL
2 balões volumétricos 100 mL Pipeta graduada de 10 mL
2 balões volumétricos de 250mL Vidro de relógio
NaOH sólido

Preparo da solução de NaOH a 1 mol L-1

Calcular a massa de NaOH necessária para preparar 100 mL de uma solução


de concentração 1 mol L-1.
Pesar a quantidade calculada de NaOH, em balança analítica, utilizando um
vidro de relógio. A pesagem deve ser efetuada o mais rápido possível, pois as
pastilhas de NaOH hidratam-se muito rapidamente.
Transferir as pastilhas de NaOH para um béquer de 100 mL com o auxílio de
um bastão de vidro.
Lavar o vidro de relógio, cuidadosamente, com auxílio de uma pisseta
contendo água destilada, transferindo toda a água de lavagem para o béquer.

ATENÇÃO: CUIDADO PARA ESTA SOLUÇÃO NÃO ATINGIR OS OLHOS. USE


ÓCULOS DE SEGURANÇA SEMPRE!

Dissolver cuidadosamente o sólido com o bastão de vidro até que ocorra a


dissolução completa das pastilhas do NaOH. Evitar qualquer tipo de perda de
material durante as etapas de dissolução e transferência da solução.

41
Transferir, quantitativamente, a solução do béquer para um balão volumétrico
de 100 mL.
Tampar o balão e agitar com cuidado para que a solução fique homogênea.
Transferir a solução para um frasco de polietileno (plástico).

Preparo da solução de NaOH a 0,1 mol L-1

Calcular o volume de NaOH 1 mol L-1 necessário para preparar 250 mL de


uma solução de NaOH a 0,1 mol L-1 .
A partir do volume calculado preparar a solução de NaOH a 0,1 mol L-1 .
Guardar em frasco de polietileno, pois será utilizada na próxima aula.

Preparo da solução de HCl 1 mol L-1

Calcular o volume necessário de ácido clorídrico concentrado para preparar


100 mL de uma solução de HCl 1 mol L-1.
Na capela, transferir o volume de HCl concentrado diretamente para um
balão de 100mL contendo um pouco de água destilada.
Avolumar o balão com água destilada, agitando-o a fim de homogeneizar a
solução.
Armazenar a mesma em um frasco de vidro.

Preparo da solução de HCl 0,1 mol L-1

Calcular o volume de HCl 1 mol L-1 necessário para preparar 250 mL de


uma solução de HCl 0,1 mol L-1 .
A partir do volume calculado preparar a solução de HCl 0,1 mol L-1, utilizando
um balão volumétrico de 250 mL.
Guardar, pois será utilizada na próxima aula.

APÓS PREPARAR A SOLUÇÃO, IDENTIFIQUE CADA UMA DELAS COM


ETIQUETA CONTENTO NOME DO GRUPO, DATA, NOME E CONCENTRAÇÃO
DO REAGENTE.

4. PÓS LABORATÓRIO

1) Porque devemos utilizar a capela para manipular ácidos concentrados?


2) Porque a solução de hidróxido de sódio deve ser armazenada em frasco
de polietileno?
3) A concentração das soluções preparadas nesta prática é confiável?

5. BIBLIOGRAFIA

• BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica


Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição, 1998.
• ROCHA-FILHO, R. C.; SILVA, R. R., Cálculos Básicos de Química, São
Carlos: Editora EduUFSCar, 2006.
• CHRISTIAN, G. D. Analitycal Chemistry, 4ª ediçao, New York, John Wiley e
Sons, 1986.
• OHWEILER, O. A. Química Analítica Quantitativa, 3ª edição, Rio de
Janeiro, Livros técnicos e científicos, 1978, vols. 1 e 2.

42
Aula 11
Padronização de Solução

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

O processo de padronização possibilita verificar o quanto a concentração da


solução preparada aproxima-se do valor real.
Para a correção da concentração utiliza-se como referência substâncias que
possuem características bem definidas: os padrões primários.
O procedimento para a padronização consiste na titulação da solução de
concentração a ser determinada com uma quantidade definida de um padrão
primário adequado.

Características básicas de um padrão primário

➢ A substância deve ser de fácil obtenção, purificação, conservação e


secagem;
➢ Deve possuir uma massa molar elevada, para que os erros relativos
cometidos nas pesagens não sejam significativos;
➢ As impurezas devem ser facilmente identificáveis com ensaios qualitativos de
sensibilidade conhecida;
➢ Deve ser estável ao ar sob condições ordinárias, se não por longos períodos,
pelo menos durante a pesagem;
➢ Não deve ser higroscópico, eflorescente, nem conter água de hidratação;
➢ Deve apresentar alta solubilidade;
➢ As reações que participa devem ser rápidas e praticamente completas;
➢ Não deve formar produto secundário e ser fotossensível.

Titulação

A titulação é uma técnica de análise empregada para determinar a concentração de


soluções.
Nesta técnica faz-se reagir uma solução de concentração conhecida com uma
solução de concentração desconhecida.
Estas soluções são misturadas cuidadosamente e gradualmente na presença de
uma substância que indica o término da reação (indicador).
A solução de concentração conhecida é preparada pela dissolução de um padrão
primário.
A partir dos volumes das soluções e do conhecimento da estequiometria da reação
química é possível determinar a concentração da solução desconhecida.

A Figura 1 ilustra o processo de titulação e os aparatos tipicamente utilizados.

43
Figura 1. Representação do processo de titulação.

É bastante comum o emprego das titulações quantitativas de neutralização, ou seja,


aquelas em há reação entre um ácido e uma base. O caráter químico da reação pode ser:

Neutro: reação entre um ácido forte e base forte, pH=7


Ácido: reação entre ácido forte e base fraca, pH< 7
Básico: reação entre ácido fraco e base forte, pH > 7

Durante a titulação adiciona-se a solução titulante ao titulado até que se atinja o


ponto de equivalência (ponto final teórico), ou seja, o momento em que essas duas
soluções reagirem totalmente.
Em uma reação ácido-base o ponto de equivalência é evidenciado quando as
quantidades de ácido e de base se encontram nas proporções estequiométricas da reação:

nácido = nbase (1)

onde: n = quantidade de matéria (mol)

A concentração em quantidade de matéria é dada por:

n
M = (2)
V
onde:
M = concentração em quantidade de matéria;
n = quantidade de matéria e V = volume ( L)

Isolando quantidade de matéria da equação (2) temos:

n = MV (3)

Substituindo (3) em (1) temos:

Mácido Vácido = Mbase Vbase

44
Na prática, é difícil determinar exatamente o ponto de equivalência, sendo
detectado, então, o ponto final da titulação.
Para identificá-lo é necessário fazemos uso de indicadores, isto é, compostos que
se comportam como ácido ou base fracos e que adquirem coloração diferentes em
determinadas faixas de pH.
É importante ressaltar que a escolha do indicador irá depender da reação ácido-
base que se deseja realizar, ou seja, da faixa de pH da mesma.

2. OBJETIVO

Padronizar soluções ácidas e básicas utilizando a técnica de titulação.

3. MATERIAIS E REAGENTES

1 bureta de 50 mL
6 erlenmeyers de 125 mL
Biftalato de potássio sólido
Solução de NaOH 0,1 mol L-1
Solução de HCl 0,1 molL-1
Solução alcoólica de fenolftaleína 0,1%
Biftalato de potássio (KHC8H4O4) previamente seco em estufa a 110 oC por 2 h e
resfriado em dessecador até temperatura ambiente.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1. Padronização do NaOH 0,1 mol L-1

• Calcular a massa de biftalato de potássio necessária para reagir com


aproximadamente 12 mL da solução de NaOH 0,1 mol L-1 preparada na aula
anterior.
• Pesar, em balança analítica, o biftalato de potássio (KHC8H4O4) em um
béquer pequeno e em seguida transferir quantitativamente para um
erlenmeyer, utilizando cerca de 25 mL de água. Adicionar 2 gotas de
fenolftaleína.
• Adicionar em uma bureta de 50 mL a solução de NaOH 0,1 molL-1 e titular
com a solução de biftalato de potássio contida no erlenmeyer.
• Repetir por três vez (triplicata).
• Calcular a concentração real da base.
• Calcular o erro relativo.

4.2. Padronização do HCl 0,1 mol L-1

• Adicionar em um erlenmeyer 25 mL de HCl 0,1 mol L-1 preparada na aula


anterior e adicionar 2 gotas de fenolftaleína.
• Adicionar em uma bureta de 50 mL a solução de NaOH padronizada e titular
com a solução contida no erlenmeyer.
• Repetir por três vez (triplicata).
• Calcular a concentração real do ácido.
• Calcular o erro relativo.
45
5. PÓS LABORATÓRIO

1. Quais as reações envolvidas nesta prática?


2. Porque se deve utilizar no máximo 3 gotas de fenolftaleína? Como se explica a
presença de duas cores num mesmo indicador?
3. Descreva o procedimento se na padronização do HCl fosse empregado carbonato
de sódio. Qual o indicador que poderia ser utilizado? Por que o HCl durante a
prática pode ser padronizado com a solução de NaOH?
4. Quais são as fontes de erros na padronização de soluções?

6. BIBLIOGRAFIA

• BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica


Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição, 1998.
• ROCHA-FILHO, R. C.; SILVA, R. R., Cálculos Básicos de Química, São
Carlos: Editora EduUFSCar, 2006.
• OHWEILER, O. A. Química Analítica Quantitativa, 3ª edição, Rio de
Janeiro, Livros técnicos e científicos, 1978, vols. 1 e 2.

46
Aula 12
Misturas de Soluções

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

É muito comum, em um laboratório químico, preparar uma solução através


da mistura de duas ou mais soluções, as quais poderão ser constituídas de um
mesmo soluto ou de solutos diferentes. Neste último caso, poderá ocorrer de os
solutos reagirem entre si ou não reagirem entre si. Em todas as situações
apresentadas abaixo, estaremos considerando que o solvente é sempre mesmo.
Mistura de soluções de um mesmo soluto
Neste caso, são misturadas soluções que apresentam o mesmo soluto, mas
em concentrações diferentes. A solução obtida apresenta concentração
intermediária às das soluções misturadas. A quantidade de matéria total de soluto da
mistura será a soma da quantidade de matéria dos solutos das soluções iniciais. Da
mesma forma, o volume da mistura será a soma dos volumes das soluções iniciais.
Consequentemente temos:

n1 + n2 = n3

M 1V1 + M 2V2 = M 3V3

onde:

M1= concentração da solução 1; V1 = volume da solução 1;


M2= concentração da solução 2; V2 = volume da solução ;
M3 = concentração da mistura; V3 = volume da mistura.

Mistura de soluções de diferentes solutos que reagem entre si

Ocorre reação entre as substâncias que compõe a mistura. Para que a


reação seja completa entre os solutos, os volumes misturados devem obedecer a
proporção estequiométrica que corresponde à reação química.
Porém, pode ocorrer duas situações:
1ª: os dois solutos estão em quantidades exatas para reagir (proporções
estequiométricas). Reagem totalmente;
2ª: os dois solutos estão em quantidades diferentes para reagir. Nesse caso,
haverá sobra de um deles.

n1 - n2 = n3

M1V1 − M 2V2 = M 3V3


Onde:

M1= concentração da solução 1; V1 = volume da solução 1;


M2= concentração da solução 2; V2 = volume da solução 2;
M3 = concentração da mistura; V3 = volume da mistura.

47
A mistura de soluções que reagem entre si é muito utilizada na química para
se determinar concentrações de soluções. A técnica empregada é conhecida como
titulação. Os casos mais comuns ocorrem quando juntamos solução de um ácido e
solução de uma base; ou solução de um oxidante e solução de um redutor; ou
soluções de dois sais que reagem entre si.

2. OBJETIVOS

Entender o processo de vários tipos de misturas.


Determinar quantitativamente o produto resultante de uma delas.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Material utilizado
bureta de 50 mL
1 béquer de 50 mL e 100 mL
2 béqueres de 250 mL
conta gota
2 erlenmeyers de 250 mL
funil de vidro
pipeta volumétrica de 25 mL
pipeta graduada
pêra
pisseta

Reagentes
Solução HCl 0,1 e 0,05 molL-1
Solução de NaOH 0,1 molL-1
Solução padrão NaOH (0,08 molL-1)
Solução padrão HCl (0,04 molL-1)
Fenolftaleína 1%

3.1. Mistura de soluções de mesmo soluto.

3.1.1. Preparo da solução de ácido clorídrico  0,08 mol L-1

- Calcular o volume das soluções de HCl 0,1 mol L-1 e 0,05 mol L-1 que deverão
ser misturados para preparar 100 mL de solução HCl 0,08 mol L-1.
- Medir os volumes calculados utilizando provetas.
- Transferir os volumes calculados das soluções para um béquer e
homogeneizar, obtendo assim 100 mL de solução HCl 0,08 mol L-1.

3.1.2. Padronização da solução de ácido clorídrico  0,08 mol L-1

- Em seguida, pipetar 25 mL da solução HCl 0,08 mol L-1 e transferir para um


erlenmeyer.
- Adicionar duas ou três gotas do indicador fenoftaleína.
- Titular com solução padrão NaOH 0,1 mol L-1 até mudança da coloração do
indicador de incolor para rosa. Lembrar de anotar o valor da concentração da
solução padrão de NaOH realmente utilizada.
- Anotar o volume gasto na bureta. Fazer em duplicata.
- Determinar a concentração da solução.

48
3.2. Mistura de soluções de diferentes solutos que reagem entre si

3.2.1. Preparo da solução de NaOH  0,04 mol L-1

- Calcular o volume necessário das soluções de NaOH 0,1 mol L-1 e HCl 0,05
-1
mol L que deverão ser misturados para que se obtenha 100 mL de uma solução de
NaOH 0,04 mol L-1.
- Medir os volumes calculados utilizando-se proveta.
-Transferir os volumes calculados das soluções para um béquer e
homogeneizar.

3.2.2. Padronização da solução de hidróxido de sódio  0,04 mol L-1

- Pipetar 25 mL da solução preparada no item anterior solução e transferir para


um erlenmeyer.
- Adicionar de 2 a 3 gotas de fenolftaleína
- Titular a solução básica com solução padrão de HCl (0,05 mol L-1) até
mudança da coloração do indicador de rosa para incolor. Lembrar de anotar o valor
da concentração da solução padrão de HCl realmente utilizada.
- Anotar o volume gasto na bureta. Fazer em duplicata.
- Determinar a concentração da solução.

4. BIBLIOGRAFIA

• BROWN, LEMAY E BURSTEN. Química ciência central. 7ª ed. Rio de


Janeiro: LTC, 1997.
• BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica
Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.
• VOGEL, A. Análise Inorgânica Quantitativa, 4ª edição, Rio de Janeiro, Editora
Guanabara, 1981.

49
Aula 13

Ácidos e Bases

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em sua versão moderna, o conceito de Arrhenius de ácidos e bases define um


ácido como qualquer substância que pode aumentar a concentração do íon hidrônio,
H3O+ em solução aquosa. Por outro lado, uma base é uma substância que aumenta a
concentração do íon hidróxido, OH-, em meio aquoso.
Por exemplo, o HCI é um ácido porque reage com água de acordo com a
reação:
HCl + H2O → H3O+ + Cl-

Enquanto que o composto iônico NaOH é uma base porque em água sofre
dissociação:

NaOH(s) + H2O(l) → Na+ (aq) + OH-(aq) + H2O(l)

A água pura apresenta uma condutividade elétrica definida, embora baixa,


como consequência de sua autoionização:

H2O + H2O → H3O+ + OH-

Ou de um modo simplificado como:

H2O ⇌ H+ + OH-

[H+ ][OH- ]
K=
H2O
Como a concentração de H2O é essencialmente constante tem-se:

Kw= K [H2O] = [H+] [OH-]

O valor de Kw, a constante de dissociação da água, é 1,0 x 10-14 a 25 oC.

• Soluções Ácidas, Básicas e Neutras:

Uma solução ácida é aquela na qual a concentração de íons hidrogênio (ou


hidrônio) é maior do que a de íons hidróxido. Uma solução básica é aquela na qual
ocorre o inverso. Ou seja, neste caso, a concentração de [OH-] excede a de [H+].
Uma solução neutra é aquela na qual estas duas concentrações são iguais. Ou seja,
neste caso, a concentração de [H+] é igual a de [OH-].
Como na água pura temos [H+] = [OH-], então:

Kw = [H +] [OH-] = [H+]2 = 1,0 x 10-14

[H+] = 1,0 x 10-7 = [OH-]

50
Portanto, definimos o caráter da solução em termos quantitativos do seguinte
modo:
− Solução ácida: [H+] > 1,0 x 10-7 mol/L, pH < 7
− Solução neutra: [H+] = 1,0 x 10-7 mol/L, pH = 7
− Solução básica: [H+] < 1,0 x 10-7 mol/L, pH > 7

• pH:

Para evitar o uso de expoentes negativos, foi proposto um método alternativo


para indicar a concentração hidrogeniônica. O pH é definido como logarítmo negativo
de [H+].

pH = -log [H+] = log (1/[H+])

Deste modo, vemos que [H+] e pH estão relacionados inversamente. Ou seja,


quanto menor o pH, mais ácida a solução e vice-versa. O pH de uma solução pode ser
medido eletrônicamente através de um aparelho chamado medidor de pH ou visualmente
utilizando-se uma tira de papel indicador de pH, um papel recoberto com uma mistura de
indicadores.

• Indicadores Ácido-Base:

Um indicador é um par conjugado de ácido e base de Bronsted-Lowry cujo


ácido apresenta uma coloração e a base outra. Pelo menos uma das colorações é
suficientemente intensa para ser visualizada em soluções diluídas.
A maioria dos indicadores são compostos orgânicos com estruturas
complexas, portanto usaremos a abreviação HIn para representar a forma ácida do
indicador e In- a base conjugada do indicador.
Assim, em solução aquosa temos a dissociação ou ionização:

HIn +H2O ⇌ In- + H3O+


Forma ácida Forma básica
(Cor A) (Cor B)

Como pode ser observado neste equilíbrio, o indicador existe na forma ácida
em soluções mais ácidas e na forma básica em soluções menos ácidas, ou mais
básicas.
Nem todos os indicadores, contudo, mudam de cor na mesma faixa de pH
(geralmente pequena). Apresentamos na Tabela 1 uma lista de alguns indicadores
comuns, com suas variações de cor e faixas de pH dentro das quais suas cores variam.

Tabela 1: Exemplos de alguns indicadores ácido-base com suas variações de cor e


respectivos intervalos de viragem.

INDICADOR MUDANÇA DE COR FAIXA DE pH


(faixa de viragem)
Alaranjado de Metila Vermelho p/Laranja 3,2- 4,4
Vermelho de Metila Vermelho p/ Amarelo 4,8- 6,0
Azul de Bromotimol Amarelo p/ azul 6,0- 7,6
Fenolftaleína Incolor p/ Rosa 8,2- 10,0

51
• Titulação Ácido- Base:

A titulação é um modo útil e preciso para determinar as concentrações de


ácidos e bases numa amostra de composição desconhecida. Por exemplo, na
titulação de um ácido de concentração desconhecida, um volume medido de um ácido
é adicionado a um frasco (erlenmeyer), e um titulante, uma solução padrão de uma
base, é adicionado progressivamente através de uma bureta até que o ponto de
equivalência ou ponto final teórico seja atjngido. Este é o ponto no qual foram
misturadas quantidades estequiométricas do ácido e da base.
A titulação de uma base, por outro lado, deve ser efetuada com uma solução
padrão de um ácido forte.
A etapa crítica da titulação é a parte final, em que um sinal qualquer deve
indicar que a capacidade de reação do ácido (ou base) que se deseja determinar
esgotou-se. O ponto final da titulação, pode ser indicado pela mudança de cor de um
indicador adicionado antes do início da titulação. Normalmente, o pH no ponto de
equivalência varia bruscamente com a adição de volumes muito pequenos do
titulante. Desta forma, uma nítida mudança de cor (o ponto final da titulação ) pode
fornecer uma indicação clara do ponto de equivalência. Vale salientar que o ponto
final da titulação não coincide obrigatoriamente com o ponto de equivalência (teórico)
e essa diferença constitui o erro da titulação.
A concentração ou a massa da substância a ser determinada pode ser
calculada a partir do volume e da concentração do titulante, bem como do volume (ou
a massa) do titulado, aplicando-se as leis da estequiometria.

2. OBJETIVOS

• Identificar, experimentalmente, ácidos e bases;


• Observar as propriedades dos indicadores;
• Determinar a quantidade de um ácido (ou base) através de titulação ácido-
base.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. Identificação experimental de ácidos e bases:

1. Coloque 1 mL de uma das soluções encontradas em sua bancada num tubo de


ensaio. Verifique a acidez ou a basicidade da mesma, utilizando um pedaço de
papel indicador de pH. Anote o valor da leitura do pH para respectiva solução.
2. Repita o procedimento anterior para as outras soluções encontradas em sua
bancada;
3. Coloque cerca de 1 mL de uma das soluções em 3 tubos de ensaio (1 mL em cada
tubo);
4. A cada tubo adicione 3 gotas de um tipo de indicador (um tipo de indicador em
cada tubo). Anote a coloração observada para essa solução;
5. Repita esse procedimento para as demais soluções e apresente os resultados em
forma de tabela.

3.2. Determinação de ácido acético em vinagre:

1. Prepare 250 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,1 mol/L e padronize com
biftalato de potássio;

52
2. Encha a bureta com a solução de hidróxido de sódio preparada e padronizada
anteriormente;
3. Meça com uma pipeta 5 mL de vinagre e transfira para um erlenmyer; dilua com
um pouco de água destilada e adicione 3 gotas do indicador fenolftaleína e agite;
4. Titule cuidadosamente (lentamente) a solução do vinagre com solução padrão de
hidróxido de sódio 0,1 mol/L até a mudança de coloração do indicador. Anote o
volume gasto da solução de hidróxido de sódio e calcule a concentração de ácido
acético na solução do vinagre.

4. BIBLIOGRAFIA

• BROWN, T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R., Química:
A Ciência Central, São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 9ª. Edição,
2005.
• ATKINS, P.; JONES, L., Princípios de Química: Questionando a Vida
Moderna e o Meio Ambiente, Porto Alegre: Editora Bookman, 5ª. Edição,
2003.
• SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R.,
Fundamentos de Química Analítica, São Paulo: Editora Cengage Learning,
9ª. Edição, 2015.
• VOGEL, I. A., Química Analítica Qualitativa, São Paulo: Editora Mestre Jou,
1981.
• BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S., Química Analítica
Quantitativa Elementar, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2ª. Edição,
1998.
• ROCHA-FILHO, R. C.; SILVA, R. R., Cálculos Básicos de Química, São
Carlos: Editora EduUFSCar, 2006.

53
Aula 14

Preparação e Verificação das Propriedades


de uma Solução Tampão

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Uma solução tampão é formada por uma mistura de ácido fraco e sua base
conjugada em concentrações aproximadamente iguais ou por uma mistura de base
fraca e seu ácido conjugado em concentrações aproximadamente iguais. Tais
soluções têm a propriedade de variar muito pouco o seu pH quando a elas são
adicionadas pequenas quantidades de ácidos ou bases fortes. Uma solução tampão
é tão mais efetiva quanto mais próximas forem as concentrações do par conjugado e
quanto mais elevados forem os valores absolutos dessas concentrações.
Uma solução tampão cujo pH seja menor do que 7 pode ser preparada
misturando-se um ácido fraco com um sal derivado do ácido fraco, por exemplo,
ácido acético e acetato de sódio.
Num sistema tamponado HA / A-, quando H+ (H3O+) ou OH- são adicionados
ao tampão, ocorrem as seguintes reações de neutralização:

H3O+(aq) + A-(aq) → HA(aq) + H2O(l) (absorção de H+)

OH-(aq) + HA(aq) → H2O + A-(aq) (absorção de OH-)

O efeito do tampão é máximo quando [HA] = [A-]

2. OBJETIVOS

• Preparar solução tampão a partir de uma solução de ácido acético e acetato


de sódio.
• Verificar as propriedades de uma solução tampão.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. Preparação de uma solução tampão

a) A partir de ácido acético concentrado (98,8% p/p, 1,05 g mL-1, 60,05 g mol-1),
cuja concentração em quantidade de matéria é 17,45 mol L-1, prepare 10 mL
de solução de ácido acético 0,5 mol L-1 ( 1,43 mL);
b) A partir de acetato de sódio (82,05 g mol-1) prepare 10 mL de solução de
acetato de sódio 0,5 mol L-1. ( 2,05 g);
c) Misture as duas soluções em um Erlenmeyer e agite-o;
d) Verifique o pH da solução tampão preparada com o auxílio do papel indicador
de pH. Anote esse valor.
54
3.2. Verificação das propriedades de uma solução Tampão

a) Meça 5 mL da solução tampão e adicione 1 mL de HCl 0,1 mol L-1. Agite o


sistema e verifique o pH;
b) Meça 5 mL da solução tampão e adicione 1 mL de NaOH 0,1 mol L-1. Agite o
sistema e verifique o pH;
c) Verifique o pH da água destilada e anote;
d) Meça 10 mL de água destilada e adicione 1 mL de HCl 0,1 mol L-1. Agite e
verifique o pH;
e) Meça 10 mL de água destilada e adicione 1 mL de NaOH 0,1 mol L-1. Agite e
verifique o pH;
f) Arrume o material utilizado e organize a bancada.

4. PÓS-LABORATÓRIO

1- A solução preparada é realmente uma solução tampão? Por quê?


2- Quais são os componentes da solução tampão preparada?
3- Que conclusões você pode tirar sobre as propriedades de uma solução
tampão a partir dos dados obtidos? Justifique mostrando as equações.

5. BIBLIOGRAFIA

• HARRIS, D. C. Química Analítica Quantitativa. Rio de Janerio: LCT, 2002.


• BROWN, LEMAY E BURSTEN. Química, A Ciência Central. 9ª ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
• VOGEL, A. Análise Inorgânica Quantitativa, 4ª edição, Rio de Janeiro,
Editora Guanabara, 1981.

55
Aula 15

Velocidade das Reações Químicas

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Cinética química é uma ciência que estuda a velocidade das reações químicas e
dos fatores que nela influem. A formação de uma substância pode ocorrer de forma rápida
ou lenta dependendo das condições em que a reação é efetuada. Sua importância é muito
ampla, na indústria, na produção de remédios, em nosso corpo humano, etc.
Durante uma reação química, as quantidades de reagentes diminuem com o passar
do tempo, e as quantidades de produtos aumentam. È possível descrever a velocidade
com base no aumento da concentração de um produto ou na diminuição da concentração
de um reagente por unidade de tempo.
Para que uma reação química ocorra, as moléculas dos reagentes devem se
aproximar, de modo que os átomos possam ser trocados ou rearranjados. Os átomos e as
moléculas são móveis na fase gasosa ou em solução e, portanto, as reações são
realizadas freqüentemente usando-se uma mistura de gases ou soluções dos reagentes.
Sob essas circunstâncias, diversos fatores afetam a velocidade de uma reação, entre os
quais se destacam:

a) Natureza dos reagentes: reações entre íons são geralmente rápidas e entre moléculas
são na maioria das vezes lentas.
b) Quantidade ou concentração dos reagentes: o aumento da concentração de um
reagente leva a uma velocidade maior da reação, isso se deve à maior freqüência de
choques efetivos entre as espécies reagentes.
c) Temperatura: quando se aquece um sistema, aumenta-se a energia das moléculas,
aumentando, portanto, a eficiência dos choques intermoleculares e, conseqüentemente,
a velocidade da reação química.
d) Catalisador: são substâncias que, por processos um pouco complexos, têm a
capacidade de diminuir a barreira (energia de ativação) de uma reação química,
causando, portanto, de modo geral, aumento na velocidade da reação química.

Como já descrito anteriormente, fenômenos químicos ou reações químicas ocorrem


em diferentes velocidades, algumas são muito rápidas, como é o caso da maioria das
reações entre íons em solução. Outras são mais lentas, como a reação entre o metal ferro
e o ácido sulfúrico, conforme a reação:

Fe (s) + H2SO4 (aq) → FeSO4 (aq) + H2 (g)

Outras, ainda, são extremamente lentas, como a reação entre H2 e O2, na formação
da água, em condições ambientais normais. Em geral, as reações que não envolvem
reagrupamento de ligações são mais rápidas, embora haja exceções.
Neste experimento será estudada a velocidade de reação entre os íons
permanganato e sacarose, em meio ácido.
-
O íon permanganato (MnO4 , Mn7+) apresenta a cor violeta e ao reagir com a
sacarose (C12H22O11), em meio ácido, forma Mn2+ que é incolor. A velocidade desta reação
pode ser medida através do tempo necessário para descorar a solução após a adição do
permanganato.

56
2. OBJETIVO

• Verificar o efeito da temperatura e da concentração sobre a velocidade de uma


reação química.

3. MATERIAIS E REAGENTES
Béquer de 100 mL
Cronômetro
Pipetas graduadas de 10 mL
Rolha de borracha
Placa aquecedora
Termômetro
Tubos de ensaio
KMnO4 0,0025 molL-1
Sacarose 1 molL-1
H2SO4 2 molL-1

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Efeito da Temperatura

• Nesta experiência a concentração dos reagentes é mantida constante, variando-se


apenas a temperatura.
• Dispor seis tubos de ensaio em um suporte e distribuir as soluções segundo a tabela
abaixo:

Tabela 1: Dados para análise do efeito da temperatura na velocidade das reações


químicas

Tubos Sacarose 1 mol.L-1 H2O H2SO4 2 mol.L-1 KMnO4 0,0025 mol.L-1

Tubo 1 6 mL 6 mL 2 mL -
Tubo 2 6 mL 6 mL 2 mL -
Tubo 3 6 mL 6 mL 2 mL -
Tubo 4 - - - 4 mL
Tubo 5 - - - 4 mL
Tubo 6 - - - 4 mL

- Colocar os tubos 1 e 4 em banho de gelo. Quando a temperatura atingir cerca de 0°C,


misturar rapidamente os conteúdos dos tubos em um único, voltando-os rapidamente para
o banho de gelo. É importante anotar a temperatura em que a reação ocorreu. Não deixe
de marcar o tempo de reação e anota-lo na Tabela 2.
- Colocar os tubos 2 e 5 em banho-maria. Esta reação deverá ser realizada em
temperatura próxima de 50°C. Anotar o tempo.

57
- Os tubos 3 e 6 restantes encontram-se a temperatura ambiente. Misturá-los rapidamente
e anotar o tempo da reação.

Tabela 2: Dados obtidos em relação a influência da temperatura sobre a velocidade de


reação.
Número tubo de ensaio Tempo de descoramento (s) Temperatura de descoramento
1+4
2+5
3+6

Efeito da concentração

• Em um suporte para tubos de ensaio, colocar cinco tubos numerados e distribuir as


soluções segundo a tabela abaixo:

Tabela 3: Dados para análise do efeito da concentração na velocidade das reações


químicas

Tubos Sacarose 1 mol.L-1 H2O H2SO4 2 mol.L-1 KMnO4 0,0025 mol.L-1

Tubo 1 12 mL - 2 mL -
Tubo 2 10 mL 2 mL 2 mL -
Tubo 3 8 mL 4 mL 2 mL -
Tubo 4 6 mL 6 mL 2 mL -
Tubo 5 4 mL 8 mL 2 mL -
Tubo 6 - - - 4 mL
Tubo 7 - - - 4 mL
Tubo 8 - - - 4 mL
Tubo 9 - - - 4 mL
Tubo 10 - - - 4 mL

• Transferir o conteúdo do tubo 6 para o tubo 5. Tampar a extremidade do tubo com


uma rolha e agitar rapidamente, virando o tubo de cabeça para baixo por duas ou três
vezes. Marcar o tempo (em segundos), desde o momento em que se iniciou a adição
até o descoramento da mistura. Anote o tempo gasto para a reação.
• Prosseguir da mesma forma com os outros tubos: Ou seja, transferir o conteúdo do
tubo 7 para o tubo 4.
• Transferir o conteúdo do tubo 8 para o tubo 3.
• Transferir o conteúdo do tubo 9 para o tubo 2.
• Transferir o conteúdo do tubo 10 para o tubo 1.
• Anotar o tempo gasto para cada reação na Tabela 4.

58
• Calcular a concentração da sacarose em cada tubo de ensaio, imediatamente após a
mistura, isto é, antes da reação ocorrer. Com os dados obtidos, construir um gráfico da
concentração de sacarose versus o tempo necessário para o desaparecimento da cor
de KMnO4 em cada tubo de ensaio.

Tabela 4: Dados obtidos em relação ao efeito da concentração sobre a velocidade de


reação

Número tubo de ensaio Tempo de descoramento (s) Concentração da sacarose (mol L-1)
1
2
3
4
5

5. PÓS- LABORATÓRIO

1- Qual a relação observada entre a concentração do reagente e a velocidade com


que a reação se processa?
2- No procedimento sobre o efeito da concentração, quais as concentrações de
KMnO4 e de H2SO4 em cada tubo de ensaio, imediatamente após a mistura? Por
que é importante manter o volume de 18 mL?
3- Qual a relação observada entre a temperatura em que se processa a reação e a
velocidade de descoramento completo do KMnO4?

6. REFERÊNCIAS

• KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. Química Geral 1 e reações químicas. 5.ed. São Paulo:
Thompson, 2003. 672p.
• ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de Química – Questionando a vida moderna e
o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001. 914p. 3. BROWN, T. L.; LEMAY,
H. E. Jr; BURSTEN, B. E.; BURDGE, J. R.
• Química – A ciência central. 9.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 972p.

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