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Energético em Edificações
nos Trópicos
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
∙ Organização ∙
Ricardo Victor Rodrigues Barbosa
Jéssica Daiane Santos Pereira
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2023
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Os Organizadores
Bibliografia
ISBN Coleção Digital 978-65-251-4673-7
ISBN Coleção Físico 978-65-251-4672-0
ISBN Volume Digital 978-65-251-4674-4
ISBN Volume Físico 978-65-251-4675-1
DOI 10.24824/978652514675.1
2023
Foi feito o depósito legal conf. Lei nº 10.994 de 14/12/2004
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Andréia da Silva Quintanilha Ana Paula Meneguelo (UFES)
Sousa (UNIR/UFRN) Antônio Carlos de Abreu Mól (IEN)
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Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
Reitor | Josealdo Tonholo
Apresentação 9
Ricardo Victor Rodrigues Barbosa
Jéssica Daiane Santos Pereira
DOI: 10.24824/978652514675.1.11-48
DOI: 10.24824/978652514675.1.11-48
Introdução
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O presente trabalho teve por objetivo fazer uma revisão acerca de diretrizes
construtivas em normas brasileiras para obtenção de conforto térmico passivo em
moradias e traçar um quadro atual de questões relevantes sobre o tema. O edifício
foi abordado como um mediador entre as condições climáticas e as condições
do conforto térmico humano, com função de maximizar este conforto a partir
de suas características projetuais e construtivas. As informações apresentadas
se destinam a estudantes, professores e profissionais que buscam compreender
os diferentes aspectos envolvidos nesse tema. O texto se divide em três partes
principais, que se sucedem a partir desta introdução. A primeira parte aborda
possibilidades de avaliação do conforto térmico passivo no edifício, a partir do
que vem sendo aplicado em estudos no Brasil. A segunda parte trata da diversi-
dade climática no território brasileiro e de propostas para sua classificação, como
base à normatização da adaptação do edifício ao clima. A terceira e última parte
descreve as diretrizes construtivas para habitação em instrumentos normativos
brasileiros, visando a uma maior eficácia de estratégias passivas de conforto, e
discute as atuais propostas de revisão desses instrumentos normativos.
Fonte: Adaptado de Cadernos CAIXA: projeto padrão – casas populares – 42m² [12].
reuniu 19.925 votos de sensação térmica, das cidades de São Luís, MA, Maceió, AL,
Maringá, PR, e Florianópolis, SC, que podem ser agrupadas em climas tropicais e
subtropicais do Brasil (ANDRÉ et al., 2019). Os dados dessa base demonstraram
haver uma diferença de 3°C entre os votos de temperatura confortável e de tem-
peratura inaceitável na comparação desses dois grupos climáticos.
LAMBERTS, 2011). Na versão de 2017 dessa norma, não há mais tal limite, desde
que o usuário tenha liberdade de operar aberturas e ventiladores para ajustar a
velocidade a sua necessidade de conforto (ANSI; ASHRAE, 2017).
2. Climas do Brasil
O clima é fator relevante para o conforto térmico nos edifícios. Ele expressa
um padrão nas condições do tempo meteorológico em uma dada região, com base
em observações de 30 anos ou mais. Os climas da Terra são gerados por diferenças
na quantidade de energia solar incidente na superfície terrestre. Essas diferenças
são a força que desencadeia fenômenos atmosféricos e oceânicos, que transferem
calor e umidade de uma região a outra.
As variáveis mais representativas dos diferentes climas da Terra são tempe-
ratura e umidade. Há três parâmetros fortemente associados a essas variáveis:
latitude, altitude e continentalidade. Latitude é a distância angular do Equador
e é determinante para as temperaturas, por sua relação com a radiação incidente
na superfície. Altitude é a distância vertical a partir do nível do mar e é determi-
nante para a temperatura e umidade. Continentalidade é a distância horizontal
de grandes massas de água e influencia a umidade, embora não tenha variação
linear por ser afetada pelo relevo. A interação entre esses três parâmetros produz
uma variedade de climas no globo, embora esses climas sofram ainda influência
de massas de ar, correntes oceânicas e topografia.
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 27
(ALVARES, 2014).
De modo geral, o mapeamento das variáveis climáticas indica temperaturas
mais elevadas na porção norte, combinadas com extremos de umidade, respecti-
vamente no extremo norte da zona semiárida (Sertão) e na porção norte da zona
tropical (Amazônia). As temperaturas mais baixas coincidem com os pontos de
maior altitude na zona subtropical, entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, também entre os estados do Paraná, Santa Catarina e norte do Rio
Grande do Sul (ALVARES, 2014). O inverno seco e o verão úmido são mais comuns
no país. As temperaturas mais elevadas (em torno de 30°C) são mais frequentes na
primavera da porção superior da Região Norte e do Sertão Nordestino (AMARANTE
et al., 2001). De acordo com agrupamento climático proposto por Roriz (2014), os
grupos climáticos com temperatura média anual abaixo de 21°C se concentram
na região Sul e em parte da região Sudeste do Brasil. Os grupos com temperatura
média anual entre 21°C e 25°C se concentram em parte da região Nordeste, porção
mais ao sul da região Centro-Oeste, porção oeste e litorânea da região Sudeste,
além do extremo norte do estado de Roraima. Os grupos com média acima de
25°C se concentram na região Norte, porção norte da região Centro-Oeste, porção
oeste e litorânea da região Nordeste do Brasil.
As velocidades do vento são consideravelmente mais baixas na região ama-
zônica, o ano todo. As velocidades mais altas ocorrem ao longo do litoral, até o
extremo leste da região Nordeste do Brasil, aumentando no período de inverno e
primavera, reduzindo-se no outono e verão (AMARANTE et al., 2001). As Normais
Climatológicas do Brasil 1981-2010 (INMET, 2018) contém médias mensais e anuais
de velocidade do vento em 266 municípios, na altura de 10 m. A maior das médias
anuais é de 5 m/s e a maior média mensal 6,2 m/s, sendo a média anual brasileira
de 2,4 m/s. No entanto, as médias das Normais Climatológicas foram calculadas
sem desconsiderar os períodos de calmaria (velocidades abaixo de 0,5m/s), o que
provocou médias mais baixas. Também, se as velocidades forem corrigidas pelo
gradiente de vento, Equação 1 (BRE, 1978), para 1,5m de altura (centro de janelas
em pavimento térreo) e coeficiente de rugosidade para centro urbano, Tabela 2, a
média anual dos municípios brasileiros passa a ser de 0,6 m/s. A maior média anual
de um município passa a ser de 1,2 m/s e a maior média mensal muda para 1,5 m/s.
28 Diretrizes construtivas em normas brasileiras para conforto passivo em habitações
Tipo de terreno k a
zoneamento brasileiro, os climas da ZB1 não apresentam estação quente, essa zona
representa 1% do território nacional. A cidade de Urubici, SC, está situada nessa
zona. Os climas da ZB7 e da ZB8 não apresentam estação fria e representam uma
região quente que abrange 66% do país. As cidades de Manaus, AM, e Teresina,
PI, estão situadas respectivamente nessas zonas. As demais zonas apresentam
uma estação quente e uma fria, com uma área combinada que representa 33%
do território.
de modelos, tem sido menos usada, embora tenha maior potencial de prever a
associação entre zona climática e padrão de desempenho dos edifícios (WALSH;
CÓSTOLA; LABAKI, 2022).
PAREDES EXTERNAS
COBERTURAS
1 Nunca Nenhuma
Os instrumentos RTQ-R (INMETRO, 2012) e NBR 15575 (ABNT, 2013) são pos-
teriores à NBR 15220 e contam com método prescritivo (normativo) e avaliativo.
Eles introduziram por meio do método avaliativo a opção de basear a análise em
desempenho simulado por computador.
Em 2012, houve a publicação do Regulamento Técnico para a Qualidade do
Nível de Eficiência Energética das Edificações Residenciais (RTQ-R) (INMETRO,
2012). Ele apresentava em seu método prescritivo requisitos para o desempenho
térmico da envoltória, a fim de classificar o nível de eficiência energética de edi-
fícios residenciais. Essa classificação se dá por meio de cinco níveis, variando de
“A” a “E”. Os requisitos de envoltória diferiam das diretrizes da NBR 15220-3, mas
ainda se referenciavam em seu zoneamento. O desempenho era determinado
segundo estimativa de graus-hora de desconforto, para cada zona bioclimática.
Esses requisitos eram expressos em valores de transmitância, absortância,
capacidade térmica e área mínima de abertura. A Tabela 4 apresenta uma síntese
dos requisitos do RTQ-R para envoltória e rotina de operação de aberturas. Esses
requisitos devem ser aplicados apenas nos recintos considerados de “permanência
prolongada”: salas e dormitórios. O intervalo de valores requeridos eram os mes-
mos para todas as zonas e diferenciam-se apenas em função da absortância da face
externa de paredes e cobertura. O regulamento estipulava três limites mínimos de
área de abertura para ventilação e estes estavam abaixo dos intervalos contidos na
NBR15220-3. Ainda assim, maiores áreas de abertura permaneciam recomenda-
das para ZB8 e menores para a ZB7, demonstrando a referência às estratégias do
zoneamento vigente. As maiores aberturas estão relacionadas à importância da
estratégia Ventilação para a ZB8. Assim como as menores aberturas tem relação
com relevância da estratégia Inércia Térmica para a ZB7.
38 Diretrizes construtivas em normas brasileiras para conforto passivo em habitações
PAREDES EXTERNAS
Capacidade Térmica
ZB Tipo Transmitância (W/m²K) Absortância Solar
(kJ/m²K)
COBERTURAS
Capacidade Térmica
ZB Tipo Transmitância (W/m²K) Absortância Solar
(kJ/m²K)
1e2 - ≤ 2,3 - -
- ≤ 2,3 ≤ 0,6 -
3a6
- ≤ 1,5 > 0,6 -
- ≤ 2,3 ≤ 0,4 -
7
- ≤ 1,5 > 0,4 -
- ≤ 2,3* ≤ 0,4 -
8
- ≤ 1,5* > 0,4 -
Continua
1a6 Média ≥ 8% -
Nenhuma no período
7 Pequena ≥ 5% -
frio (TBS < 20°C)
8 Grande ≥ 10% -
*FT: Fator de correção que admite transmitâncias mais altas em coberturas com ático ventilado.
O sombreamento não tinha requisitos, mas sua aplicação era pontuada posi-
tivamente no cálculo do equivalente numérico da envoltória. As recomendações
de controle da ventilação limitavam-se a determinar o fechamento das aberturas,
quando a temperatura interna estivesse abaixo de 20°C. O regulamento estipulou
uma área mínima efetiva para iluminação natural de 12,5% da área útil de recintos
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 39
com até 15 m². Também atribuiu bonificação para unidades habitacionais autôno-
mas onde haja aberturas equivalendo a 20% de pelo menos duas fachadas, com
orientação distinta (ventilação cruzada), venezianas e peitoril ventilado, porosi-
dade nos fechamentos internos e presença de ventiladores de teto.
A norma NBR 15575-4 – Edifícios Habitacionais até Cinco Pavimentos –
Desempenho foi publicada em 2010. Em seguida, foi revisada e publicada nova-
mente em 2013, como NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho
(ABNT, 2013). Essa norma voltou-se ao comportamento dos sistemas que com-
pôem o edifício, para atender minimamente diferentes exigências. A Parte 4,
Sistema de Vedações Verticais Internas e Externas, e a Parte 5, Requisitos para
Sistemas de Coberturas, estabeleceram em seu método normativo (prescritivo)
requisitos mínimos da envoltória para desempenho térmico aceitável. Esses
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ZB’s de 1 a 7 ZB8
** Nas zonas de 1 a 6 as áreas de ventilação devem ser passíveis de serem vedadas durante o período frio.
seu método de avaliação por simulação será incorporado à nova Instrução Nor-
mativa INMETRO (INI-R) que substituirá o RTQ-R (CB3E, 2020). Apesar da atual
revisão da NBR 15575, as diretrizes construtivas para envoltória permaneceram
as mesmas da versão anterior.
A proposta de revisão estipulou um limite máximo de 20% como efetiva para
iluminação natural, não podendo ir além de 4 m². Há valores tabelados de área
transparente máxima para fachadas nas zonas bioclimáticas de ZB3 a ZB8, que
podem ir até um máximo de 39% da área útil, em função do fator solar do vidro, da
classificação da esquadria ou do sombreamento horizontal. Os valores da tabela
de sombreamento consideram ângulo vertical de sombreamento até 45°. Há ainda
exceção para fachada sul em latitudes maiores que -15°, que permite áreas trans-
parentes de até 30%, não podendo ultrapassar a área de 6 m² (ABNT, 2021).
Conclusão
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DOI: 10.24824/978652514675.1.49-84
1. Introdução
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Zonas Bioclimáticas do
Médias: (15% < Área da Abertura < 25% da área do piso do ambiente).
1a6
Zona Bioclimática 7 Pequenas: (10% < Área da Abertura < 15% da área do piso do ambiente).
3. Método
Segundo Triana (2015), a edificação típica escolhida para este estudo possui
as seguintes características: área de serviço integrada com a cozinha, sala de estar/
jantar, paredes de painel de concreto de 10cm com transmitância de 4,4W/m2K
e capacidade térmica de 240kJ/m2K. Coberta em telha de fibrocimento e laje de
concreto com 10cm de espessura, transmitância de 2,06W/m2K e capacidade
térmica de 233kJ/m2K. As janelas dos quartos são compostas por duas folhas de
56 Configuração das aberturas para ventilação natural: contribuições para normas brasileiras
correr com área do vão de 1,44m2 e fator de ventilação de 0,45. A sala possui uma
janela com duas folhas de correr e uma peça de vidro fixa na parte inferior da
janela, totalizando vão de 1,60m2 e fator de ventilação de 0,375. A cozinha possui
uma janela de 1,20m2 com duas folhas de correr e fator de ventilação de 0,45. E o
banheiro uma janela de 0,36m2 tipo “boca de lobo”.
1 8 50
2 12 31
3 25 48
4 40 36
desde o seu lançamento em 1981, vem sendo utilizado por arquitetos, construtores,
engenheiros, indústrias e em pesquisas acadêmicas (CHAM, 2005).
O nome PHOENICS é um acrônimo para Parabolic Hyperbolic Or Elliptic
Numerical Integration Code Series (CHAM, 2005). O software é bastante flexível,
permitindo simular diversas situações incluindo “[...] escoamento multifásico,
transferência de calor, processos com reações químicas, acompanhamento de
partículas, dispersão de fumaça, aerodinâmica, análise de eficiência de equipa-
mentos, climatização e ventilação, entre outros” (SAFE SOLUTIONS, 2012).
necessário que se faça uma correção deste valor para a altura da abertura que se
deseja estudar, já que esses dados geralmente são coletados em estações meteo-
rológicas, localizadas em áreas abertas, cujos anemômetros são posicionados a
uma altura padrão de 10 metros. A não observação dessa correção é provavelmente
uma das fontes de erro mais comuns no cálculo das taxas de renovação de ar
(BITTENCOURT; CANDIDO, 2008).
Existem diversos modelos de correção para ajustar a velocidade do vento à
altura da abertura, com base nas características de rugosidade e adensamento
do entorno, variando de campos abertos a regiões centrais em grandes cidades.
Optou-se por simular a condição de rugosidade menos favorável à ventilação
natural (centro de cidade). Neste caso, utilizando os valores: k=0,21 e a=0,33, dentre
os valores demonstrados no Quadro 3.
Terreno k a
Além disto, o valor do coeficiente a = 0,33 também foi usado no campo Power
Law index do software, determinando assim a configuração do gradiente de vento
no programa.
2013). Este procedimento foi feito em cada ambiente de cada modelo, e os dados
foram registrados em uma planilha Excel para posterior análise, elaborando-se
tabelas e gráficos.
Destaca-se que nos modelos configurados com porosidade das portas inter-
nas igual a 25%, a abertura foi localizada na parte inferior das portas e por isso
a verificação das velocidades internas a 0,6m do chão foi utilizada também para
verificar se houve algum incremento na velocidade do ar nestes modelos.
Dando continuidade à análise quantitativa, foi realizada a análise dos coe-
ficientes de velocidade, entendidos como a relação da velocidade interna pela
velocidade externa na mesma altura, análise da aceitabilidade do movimento do
ar, todas com base nos valores de velocidade obtidos nas simulações.
Outra análise essencial para verificar o desempenho da ventilação natural, é
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a análise qualitativa do fluxo de ar, observando se ele atinge os usuários dos espa-
ços. Portanto, foram extraídas imagens que possibilitaram a análise qualitativa do
fluxo de ar no interior do edifício, em cada modelo simulado. As imagens foram
extraídas a altura de 0,6m e 1,5m do piso no térreo e 3° pavimento, assim como a
obtenção dos valores de velocidade média.
É importante destacar que a escala de velocidade utilizada foi de 0,0 a 1,5m/s,
pois foi essa faixa de velocidade mais frequentemente encontrada em todos os
modelos simulados. Apenas em um dos modelos, com 40% de área de abertura
em relação á área do piso, 100% de porosidade das portas e vento incidente a 135°
que esses valores foram ultrapassados em alguns ambientes. Mas para efeito de
comparação a escala de valores foi mantida.
Outro detalhe na visualização dos resultados, é que as cores tradicionais do
programa foram invertidas para ter uma melhor relação com os resultados de
velocidade do ar sendo os valores mais baixos com cores mais quentes e os valores
mais altos de velocidade do ar representados com cores mais frias nas imagens.
4. Resultados e discussões
Nas simulações com incidência de vento a 135°, os valores foram os mais altos
dentre as três incidências simuladas, mantendo-se entre 0,10 m/s e 1,14m/s. Os
valores mais altos foram encontrados nos modelos com 40% da área de abertura
em relação a área de piso, principalmente nos ambientes sala, quarto 1, cozinha
e banheiro do terceiro pavimento (Figura 8).
Área de
Área de abertura/
Ambiente Abertura/Área
Área de fachada
de piso
8% 10%
12% 14%
Quarto 1 (m2)
25% 30%
40% 48%
8% 10%
12% 14%
Quarto 2 (m2)
25% 30%
40% 48%
8% 21%
40% 26%
8% 9%
12% 19%
Banheiro (m2)
25% 19%
40% 24%
8% 50%
12% 31%
25% 48%
40% 36%
Velocidade do ar
0,8
0,4
0,2
0
Sala Quarto 1 Quarto2 Cozinha Banheiro
Observando o percurso do vento neste caso, verificou-se que ele entra pela
janela da sala que fica na reentrância do edifício e a porta do quarto 1 quando
aberta gera uma diferença de pressão que faz com que o ar penetre em alta velo-
cidade no quarto 1, deixando o quarto 2 com velocidades bem mais baixas. Por
esta razão, as velocidades obtidas nos modelos com 25% e 15% de porosidade das
portas internas foram mais altas neste ambiente.
O mesmo ocorre a 0,6m do piso, neste mesmo modelo com porosidade das
portas internas de 100%, onde a velocidade do ar foi mais alta no quarto 1 do que
no quarto 2, só que a esta altura, o modelo com porosidade interna da porta de
25% apresentou velocidade mais alta, de 0,24m/s (Figura 11).
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Sala
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Sala
Banheiro
Banheiro
Térreo 3° Pavimento
A Figura 13 mostra que no térreo o modelo com 25% obteve melhores CVs
no quarto 1, banheiro, cozinha e sala do apartamento A, em relação ao modelo
com 40% de área de abertura em relação à área do piso dos ambientes, com des-
taque para a sala deste apartamento que passou de 50% para 103%. Já no terceiro
pavimento os CVs foram maiores no modelo com 40% de área de abertura em
relação à área de piso, conforme citado anteriormente. A Figura 14 demonstra os
percentuais em cada ambiente simulado.
Para 90° de incidência o maior CV foi de 120% no modelo com 40% de área
de abertura em relação à área de piso. Os resultados dos modelos com 25% e
40% de área de abertura em relação à área de piso foram bem próximos (Figura
15) e os melhores CVs nesta incidência foram obtidos na cozinha, no banheiro e
na sala (Figura 16).
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 73
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Quarto2
Sala
Quarto2
Cozinha
Sala
Quarto 1
Quarto 1
Cozinha
Banheiro
Banheiro
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Térreo 3° Pavimento
Com o vento a 0° foram obtidos os piores CVs, o percentual máximo foi 70%
na cozinha do térreo com as aberturas dimensionadas a 40% em relação às áreas
de piso dos ambientes. Observa-se que, para esta incidência, assim como para 90°
de incidência, os CVs do térreo foram maiores, em geral, do que os CVs do terceiro
pavimento (Figura 17 e Figura 18).
74 Configuração das aberturas para ventilação natural: contribuições para normas brasileiras
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Sala
Sala
Banheiro
Banheiro
Térreo 3° Pavimento
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Sala
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Quarto 1
Quarto2
Sala
Cozinha
Banheiro
Banheiro
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Térreo 3° Pavimento
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Sala
Quarto 1
Quarto2
Cozinha
Quarto 1
Quarto2
Sala
Cozinha
Banheiro
Banheiro
Térreo 3° Pavimento
Recomendação para
Zona Bioclimática Ambientes o dimensionamento
das aberturas
Recomendação para
Zona Bioclimática Ambientes ventilação cruzada em cada
UH
Área de
Orientação do Localização das Dimensionamen Porosidade das
entrada/Área de
edi�cio aberturas to das aberturas portas internas
saída
frequência de velocidades médias internas acima de 0,4m/s foi o modelo com 25%
de área de abertura em relação à área do piso, 100% de porosidade das portas inter-
nas e 48% de razão entre aberturas de entrada e saída nas unidades habitacionais.
Ainda no que se refere à ventilação cruzada, ficou clara nas simulações a influên-
cia das portas internas no desempenho da ventilação natural na edificação, pois é
através delas que a ventilação se desloca de um ambiente para o outro. Os valores
de velocidade do ar obtidos nos modelos com 100% de porosidade das portas foram
sempre superiores aos encontrados nos modelos com 25% e 15% de porosidade.
Os resultados também mostraram que o formato de planta baixa utilizado
nesta pesquisa, que é comumente encontrado em cidades brasileiras, não é efi-
ciente do ponto de vista do aproveitamento da ventilação natural, pois dependendo
7. Conclusões
tes com apenas uma janela que funciona como abertura de entrada, as portas
assumem papel fundamental, pois funcionam como aberturas de saída. Uma
vez que essas portas permanecem fechadas a maior parte do tempo, torná-las
porosas possibilita a ventilação cruzada no ambiente mesmo quando as portas
estiverem fechadas.
Outro aspecto importante no desempenho da ventilação natural é a relação
entre área de aberturas de entrada e área de aberturas de saída em uma unidade
habitacional. Esta relação está presente apenas no RTQ-R, que recomenda um
índice de 25%. Entretanto, as maiores velocidades do ar em ambientes internos
foram obtidas com a associação destes dois aspectos: maiores dimensões de
aberturas e maiores percentuais na relação entre área de abertura de entrada
e área de aberturas de saída na unidade habitacional. Por esta razão recomen-
da-se o percentual mínimo de 35% que é um valor mais próximo aos simulados
neste trabalho.
É importante destacar porém que é necessário considerar, de forma inte-
grada, os diversos condicionantes arquitetônicos envolvido no projeto das aber-
turas: além da ventilação natural, a iluminação natural, o ruído, a incidência de
chuvas, dentre outros.
REFERÊNCIAS
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tion. Energy and Buildings, v. 35, p. 785-795, 2003.
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servação e Uso Racional de Energia. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, 2001a. Disponível
em: www.inmetro.gov.br/qualidade/lei10295.pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2012.
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2007/Empresa de Pesquisa Energética. Rio de Janeiro: EPE, 2008. 244 p.
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Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 83
GIVONI, B. Basic study of ventilation problems in houses in hot countries. Israel: Building
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Influência de muros vazados laminados
no desempenho da ventilação natural
em habitações de interesse social
DOI: 10.24824/978652514675.1.85-126
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
1. Introdução
AMORIM, 2013). O impacto da incorporação dos muros pode ser mais agravante à
circulação dos ventos em edificações térreas e localizadas em lotes pequenos (BIT-
TENCOURT; CÂNDIDO; 2015, OLIVEIRA, 2009), sendo estas características recor-
rentes em tipologias de habitações de Interesse Social (MARROQUIM, 2017).
Na literatura, foram identificados alguns trabalhos que estudaram a influên-
cia dos muros na ventilação natural, considerando principalmente o fator da
porosidade, a exemplo dos estudos de Li, Wang e Bell (2003), Chang (2006) e
Chang e Cheng (2009). Estas pesquisas demonstraram que diferentes configu-
rações e formas de inserção do muro resultaram em modificações nas condições
da ventilação natural nas edificações, principalmente em relação aos valores de
velocidade do ar e ao direcionamento do vento. Considerando a distribuição dos
coeficientes de pressão (Cps), Marin (2017) verificou que o muro é um elemento
2. Referencial teórico
(1) uma barreira de seção laminar (semelhante ao muro convencional), (2) uma
barreira de seção triangular, (3) uma barreira de seção cilíndrica, e (4) uma barreira
vegetal. A barreira vegetal foi a que apresentou a maior extensão de proteção,
seguida da barreira laminar. Esta, contudo, foi a que mais reduziu a velocidade
do vento nas áreas próximas à barreira.
Brown e Dekay (2004) verificaram que o emprego de quebra-ventos para
redução da velocidade dos ventos depende principalmente de duas variáveis, a
densidade (porosidade) e a altura do elemento, mas outros aspectos geométricos
podem influenciar, tais como forma, largura e comprimento. Em relação à porosi-
dade, os autores constataram que quebra-ventos mais densos são mais eficientes
na redução da velocidade nas áreas logo após a barreira. Segundo Brown e Dekay
(2004), os quebra-ventos podem ser aplicados para proteção de edificações em
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(2015), com exceção dos modelos físicos, os modelos CFD são os únicos capazes
de investigar alternativas projetuais e sua influência nos padrões de ventilação
natural. Além do escoamento do fluido, é possível prever a transferência de calor
e fenômenos relacionados, possibilitando a geração de informações detalhadas
sobre a distribuição de pressão, velocidade e temperatura.
As vantagens dos modelos CFD são a redução de tempo, esforço e custo, em
comparação com a produção de protótipos. Entretanto, eles possuem desvanta-
gens como: elevada demanda de capacidade computacional; custos significativos
com a licença dos programas especializados; necessidade de usuários treinados
para a inserção correta dos parâmetros no software; e estudos mais aprofunda-
dos sobre dinâmica dos fluidos computacional (TOLEDO, 2006; BITTENCOURT;
CÂNDIDO, 2015; SILVA, 2015). Estas desvantagens limitam o uso dos modelos
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
3. Método
(1) Modelo de referência – MR (2) Muro com Lâminas (3) Muro com Lâminas
Inclinadas – MLI Ortogonais – MLO
Figura 1 | HIS: (a) planta baixa, (b) perspectiva, (c) execução, e (d) pós-ocupação
Fonte: (a), (b) e (c) Costa (2018) adaptado de Construtora (2012); (d) Costa (2018).
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANUAL
a)
Posição da lâmina: vertical e horizontal. As lâminas na posição vertical
foram escolhidas por conta da sua recorrência nas edificações residen-
ciais com muros vazados. Considerou-se também a posição na horizon-
tal, devido ao seu potencial de proporcionar melhores condições de
privacidade ao ser comparada com a posição vertical;
b) Direção da lâmina: Considerando a tipologias com Lâminas Inclinadas
(MLI), variou-se as lâminas em quatro direções (para cima, para baixo,
para direita, para esquerda) em relação a fachada frontal da edificação;
c) Porosidade do componente vazado: foram determinados dois níveis de
porosidade (52% e 73%). Para determinação das porcentagens foram
realizadas variações nas dimensões das lâminas. Para o cálculo da poro-
sidade foi considerado o valor do volume vazado em relação ao volume
total do componente (Figura 3a);
d) Ângulo de incidência dos ventos externos em relação ao muro: foram
definidas três variações (90°, 45° e 135°), sendo o objetivo avaliar o
desempenho do muro com os ventos incidindo perpendicularmente e
obliquamente às configurações estudadas (Figura 3b).
Com a aplicação dos parâmetros variáveis nas três tipologias analisadas, foi
elaborada a matriz de referência com um total de 39 casos (Quadro 2).
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 95
a) b)
Volume vazado
(Variável) 5º
Muro
frontal
Legenda 0º
Sólido
Vazado
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Parâmetro variável
Casos
aplicado
Incidência do
90°, 45° e 135°
vento
Parâmetro Casos
variável aplicado MLIHC52 MLIHC73 MLIHB52 MLIHB73
Ilustração
Parâmetro Casos
variável aplicado MLIVD52 MLIVD73 MLIVE52 MLIVE73
Ilustração
Ilustração
B a s e a d o e m e l e m e n tos va za d os
3 Espessura do muro 20 cm
comercializados
Onde:
V = Velocidade do vento para a altura da abertura (m/s)
Vm = Velocidade média do vento medida na estação meteorológica (m/s)
medida a 10 m de altura. Valor utilizado: 3 m/s.
z = Altura da abertura (m). Valor utilizado: 1,60 m (referente à edifica-
ção estudada).
k, a = Coeficientes de rugosidade do terreno. Valores utilizados: k = 0,35, a
= 0,25 (referentes às características do entorno onde se encontra o modelo de
edificação estudado, que no caso seria: área urbana – subúrbio).
Para realização das simulações CFD foi utilizado o software Ansys CFX 18.1.
O software utiliza métodos numéricos para simular o escoamento de fluidos. A
escolha do programa foi baseada nos resultados coerentes e no bom nível de con-
fiabilidade obtidos em estudos envolvendo ventilação natural (LUKIANTCHUKI,
2015; CÓSTOLA, 2006). A simulação foi dividida em três fases: (1) Pré-processa-
mento; (2) Processamento; (3) Pós-processamento.
3.2.1 Pré-processamento
Valor
Aspecto Recomendação
utilizado
b) Malha
Cells in gap 5
Edificação 3
Muro 0,03
Condições iniciais
Definição
e de contorno
Domínio como fluido Gás ideal e pressão atmosférica local como referência
Funções turbulentas Scalable – funções ajustadas com as interações entre o fluido e as superfícies
de superfície sólidas
Controle da solução
O número máximo de iterações = 250
matemática
(Yplus) = 20 < y+ < 300
−
=
1 2
2 .
[Eq. 2]
Onde:
Cp: Coeficiente de pressão.
Px Pe: Pressão em um determinado ponto de interesse no modelo.
Pe: Pressão estática de referência, do fluxo de ar não perturbado (Pa)6.
ρ: Massa específica do ar (kg/m³)ρ 7
Vref: Velocidade do fluxo (m/s)8
5 Segundo a ISO 7726 (ISO, 1988), as partes sensitivas do corpo humano para a pessoa sentada são: 0,10
m no nível do pé; 0,60 m no nível do tórax e 1,10 m no nível da cabeça. Para uma pessoa em pé são:
0,10 m no nível do pé; 1,10 m no nível da cintura e 1,70 m no nível da cabeça. Nesse sentido, optou-se
pelo valor médio entre a pessoa sentada (0,60 m) e a pessoa em pé (1,10 m), no nível do tórax.
6 A pressão estática de referência foi considerada nula para as condições adotadas na simulação
computacional.
7 Para o cálculo foram consideradas as condições de temperatura de 25°C (temperatura média anual
para cidade de Maceió) e pressão de 1atm.
8 A velocidade medida em um ponto antes da alteração sofrida pelos obstáculos, geralmente na cota
da cobertura do edifício.
Influência de muros vazados laminados no desempenho da
104 ventilação natural em habitações de interesse social
4. Resultados e discussões
casos com Lâminas Verticais direcionadas para esquerda (MLIVE) em que o fluxo
de ar ao ultrapassar o componente vazado tendeu a ser conduzido para o recuo
lateral. Esta condição prejudica o aproveitamento da ventilação na edificação.
Os ensaios com os modelos de Muro com Lâminas Ortogonais (MLO), de
uma forma geral, demostraram que esta tipologia foi a mais se assemelhou ao
Modelo de Referência (MR), sobretudo na abrangência do fluxo de ar na região a
sotavento da barreira e na ocorrência do fluxo reverso. Tanto as lâminas posicio-
nadas na Horizontal (MLOH) como na Vertical (MLOV), constatou-se uma maior
resistência a passagem do vento.
Assim, os melhores desempenhos foram para as tipologias de Muros com
Lâminas Horizontais direcionadas para Baixo (MLIHB) e de Muros com Lâminas
Verticais direcionadas para Direita (MLIVD). Visto que a posição e o direcionamento
das lâminas conduziram de forma mais evidente o fluxo para dentro do lote. O
MLIHB obteve maior abrangência e intensidade no recuo frontal do que o MLIVD.
Contudo, sua incidência nas aberturas foi prejudicada devido ao direcionamento do
fluxo para o nível do teto, reduzindo o potencial de aproveitamento da ventilação
(Figuras 12 e 13).
No geral, os piores padrões de distribuição foram visualizados nos casos com o
Muro de Lâminas Horizontais direcionadas para Cima (MLIHC) e para a tipologia de
Muros com Lâminas Ortogonais (MLO). Estes casos se assemelharam com o Modelo
de Referência (MR) no que se refere ao predomínio de zonas de estagnação (Figuras
12 e 13). Em todas as tipologias, os casos que tinham maior porosidade (73%) foram
aqueles que apresentaram melhor padrão de distribuição do fluxo de ar.
MLOV73 MLOV73
MLOV52 MLOV52
MLOH73 MLOH
MLOH7373
MLOH52 MLOH52
MLIVE73 MLIVE73
MLIVE52 MLIVE52
MLIVD73 MLIVD73
MLIVD52 M LIVD52
MLIVD52
MLIHB73 MLIHB73
MLIHB52 MLIHB52
MLIHC73 MLIHC73
MLIHC52 MLIHC52
MR MR
0 0,05 0,1 0 0,3 0,6
Velocidade do vento (m/s) Velocidade do vento (m/s)
MLOV73
MLOV52
MLOH73
MLOH52
MLIVE73
MLIVE52
MLIVD73
MLIVD52
MLIHB73
MLIHB52
MLIHC73
MLIHC52
MR
0 0,3 0,6
Velocidade do vento (m/s)
Ventilação
Ven
sati
satisfatória
Ven
Ventilação
existente
ex
Ventilação
Ven
imperc
imperceptível
Modelo de
Referência MLIVD= Muro com
MLOV = Muro com lâminas 73= porosidade de
lâminas verticais para
ortogonais verticais 73%
direita
220
200
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
MLIHC52
180
MLIHC73
Aumento da velocidade do vento (%)
160
MLIHB52
140
MLIHB73
120
MLIVD52
100
MLIVD73
80 MLIVE52
60 MLIVE73
40 MLOH52
20 MLOH73
0 MLOV52
-20 MLOV73
-40
Interno (edificação) Sotavento do muro Barlavento do muro
420 MLIHC52
Aumento da velocidade do vento (%)
370
MLIHC73
320
MLIHB52
270
MLIHB73
220
MLIVD52
170
MLIVD73
120
MLIVE52
70
MLIVE73
20
MLIHC= Muro com lâminas hori- MLIHB = Muro com lâminas horizon-
zontais para cima tais para baixo
52= porosidade de 52%
Legenda
MLIVD= Muro com lâminas vertic- MLIVE = Muro com lâminas verticais
Sigla
370 MLIHC73
320 MLIHB52
270 MLIHB73
220 MLIVD52
170 MLIVD73
120 MLIVE52
70
MLIVE73
20
MLOH52
-30
MLOH73
-80
Interno (edificação) Sotavento do muro Barlavento do muro
MLIHC= Muro com lâminas hori- MLIHB = Muro com lâminas horizon-
zontais para cima tais para baixo
52= porosidade de 52%
Legenda
MLIVD= Muro com lâminas vertic- MLIVE = Muro com lâminas verticais
Sigla
Quando o vento incide a 45°, os valores dos Cps a barlavento do muro perma-
neceram semelhantes à incidência do vento a 90°. Contudo, os valores a sotavento
Influência de muros vazados laminados no desempenho da
116 ventilação natural em habitações de interesse social
foram mais elevados, ou seja, os resultados foram menos negativos. Nesta região,
nota-se que o Modelo de Referência (MR) apresentou o valor mais reduzido e o
menor entre as áreas de recuo frontal e interna da edificação. Comportamento
semelhante foi obtido pelo Muro com Lâminas Inclinadas Horizontais direcionadas
para Cima com porosidade de 52% (MLIHC52) (Figura 24).
A tipologia com Muros de Lâminas Inclinadas direcionadas para Baixo
(MLIHB) foi a única que no recuo frontal apresentou valores de Cps maiores do
que os obtidos dentro da edificação. O caso com porosidade de 73% (MLIHB73)
apresentou maior entre essas regiões (Figura 24). Esta condição favoreceu a inci-
dência do fluxo de ar pelas aberturas, como verificado na análise qualitativa.
52 = porosidade de
MR = MLIHC= Muro com MLIHB = Muro com
Legenda 52%
Modelo de lâminas horizontais para lâminas horizontais para
Sigla 73 = porosidade de
Referência cima baixo
73%
Fonte: COSTA, 2018.
Como ilustrado na Figura 25, quando o vento incide com ângulo de 135° os
resultados são bastante semelhantes com a incidência de 45°, sobretudo nas
~ Uma
pequenas variações dos Cps ao longo da trajetória do escoamento (ΔCp=0).
condição que resultou em baixas movimentações do ar nos modelos analisados.
Destaca-se o caso com Muros com Lâminas Inclinadas Horizontais direcio-
nadas para Baixo e porosidade maior (MLIHB73), que permaneceu apresentando
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 117
52 = porosidade de
MLIHC= Muro com MLIHB = Muro com
Legenda MR = Modelo 52%
lâminas horizontais para lâminas horizontais
Sigla de Referência 73 = porosidade de
cima para baixo
73%
Fonte: COSTA, 2018.
Foi constatado que os modelos com porosidade maior (73%) foram aqueles
que obtiveram melhores resultados. Registrou-se um aumento médio de 35%
nos valores de velocidade do vento em relação aos modelos de menor porosidade
(52%). Em algumas tipologias, como o muro com lâminas horizontais direcionadas
para cima (MLIHC73), esse aumento médio foi superior a 70%. Para este caso,
ficou evidente que o aumento da porosidade possibilitou uma menor deflexão
do escoamento ao ultrapassar o componente vazado, refletindo na elevação do
“ΔCp” entre a regiões a barlavento e a sotavento do muro. Fato que incrementou
a movimentação do ar no recuo frontal. Os resultados se assemelham aos obtidos
nos estudos de Chang (2006) e Chang e Cheng (2009).
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 119
MLIHB73
MLIVD73 MLIHB73
Melhor MLIHB73
MLIHB52 MLIVD73
MLIVE73
MLIVD73
MLIVD52
MLIVD52
MLIVD52 MLIHB52
MLOH73 MLOH73 MLIHB52
Regular MLIVE52 MLIVE73 MLOH73
MLOV73 MLOV73 MLIVE73
MLIHC73 MLIVE52
MLIVE52
MLIHC73
MLIHC73
MLOV73
MLOH52 MLOH52
Pior MR MLIHC52 MR MLIHC52 MR MLIHC52 MLOH52
MLOV52 MLOV52
MLOV52
Resultados regulares foram obtidos para os modelos com Muro com Lâminas
Inclinadas Horizontais direcionadas para Cima (MLIHC) e para alguns casos da tipo-
logia de Muros com Lâminas Ortogonais (MLO), sobretudo aqueles com porosidade
de 73%. Os desempenhos piores foram observados nos modelos de Muro com
Lâminas Inclinadas Horizontais direcionadas para Cima (MLIHC) e de Muros com
Lâminas Ortogonais (MLO), com porosidade de 52%. Nestes casos, os resultados
qualitativos e quantitativos foram semelhantes ao Modelo de Referência (MR).
Quanto à
tipologia Muros com Lâminas Inclinadas (MLI)
Quanto à Vertical
Horizontal
posição da (escolha condicionada às características da
(melhores condições de
lâmina edificação, sobretudo a localização das aberturas
privacidade)
na fachada frontal)
Quanto à
direção da Para baixo Para direita/esquerda
lâmina
Quanto à
porosidade 73% do componente vazado (ou mais)
porcentagem de abertura e direcionar fluxo de ar para o nível do usuário. Ex.: uso de esquadrias
com venezianas móveis.
5. Considerações finais
geometria dos modelos analisados foram feitas com base nos resultados obtidos
para os parâmetros de confiabilidade. Ressalta-se a dificuldade do alcance dos
níveis indicados pela literatura de y+ (Yplus) em algumas regiões dos modelos.
Porém, baseando-se nos testes do critério de convergência, verificou-se que a
malha escolhida representou de forma satisfatória a geometria. Nesse sentido,
evidencia-se a necessidade de pesquisas que possam investigar melhor o efeito
desses parâmetros nos resultados das simulações computacionais.
Outro aspecto que pode ser discutido de forma mais aprofundada é o modelo
de turbulência K-Épsilon. Este foi escolhido com base em trabalhos correlatos,
que destacaram seu custo/benefício, além do alcance do critério de convergência.
Entretanto, simulações CFD com foco na ventilação natural considerando outros
modelos de turbulência são relevantes na investigação e estabelecimento de
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REFERÊNCIAS
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DOI: 10.24824/978652514675.1.127-172
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1. Introdução
Segundo De La Torre (1992, p. 19) o turismo pode ser definido como sendo a:
“Soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de residência tempo-
rário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou profissionais”. Para
suprir as necessidades dos visitantes aos destinos turísticos são necessárias a
criação de infraestruturas de lazer, saúde e hospedagem.
Os meios de hospedagem suprem a função de abrigo ao visitante, um local
onde o mesmo pode deixar seus pertences, descansar, dormir e em muitos casos
(dependendo dos serviços oferecidos pelo estabelecimento) usufruir do lazer
que o empreendimento proporciona. Essas comodidades, contudo, necessitam
de serviços básicos e sistemas de serviços (privados e públicos) para abrigar suas
atividades (redes de esgoto, abastecimento de água potável, disponibilidade de
energia elétrica, vias de acesso, opções de entretenimento e lazer, entre outras).
Como consequência, o desenvolvimento da atividade turística apresenta impac-
tos culturais, sociais, econômicos e ecológicos. O turismo sustentável tem como
finalidade a minimização desses impactos.
Segundo Plano Nacional do Turismo 2013-2016 (2013), o turismo representa
cerca de 3,7% do PIB da economia brasileira. De 2003 a 2009, o setor cresceu
32,4%, enquanto a economia do país cresceu 24,6% (BRASIL, 2013), demonstrando
um crescimento maior do que os outros setores econômicos. A infraestrutura de
meios de hospedagem representa um papel importante dentro do setor turístico.
Em todo o Brasil, segundo dados do IBGE (2016), dos 31.299 meios de hospedagem
existentes, 10.206 eram hotéis e flats de administração independente, de redes
nacionais e internacionais, com 521.585 quartos disponíveis. Os hotéis indepen-
dentes correspondiam a cerca de 90% do número de estabelecimento, totalizando
66% do número de quartos disponíveis no mercado.
Os meios de hospedagem fazem parte do setor comercial, no que diz respeito
ao consumo de eletricidade da matriz nacional, sendo esse setor responsável por
17,47% do consumo de energia elétrica brasileira em 2021 (BEN, 2022). O consumo
energético dos meios de hospedagem e restaurantes, de acordo com os dados
do Atlas de Eficiência Energética do Brasil – 2022 (EPE, 2023), correspondeu a
Influência de medidas de conservação de energia no desempenho energético:
128 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
9 Comparado ao consumo energético médio de uma residência no nordeste brasileiro que cor-
responde a 97,0 kWh/mês (PROCEL, 2005).
10 Por infraestrutura ofertada entende-se: restaurantes, salas de convenções, bares, entre outros
serviços que necessitam de um espaço físico e disposição de equipamentos específicos para seu
funcionamento.
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 129
cidade de Maceió (Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara, Mangabeiras e Cruz das Almas),
definindo-se assim o recorte amostral do presente estudo. A proximidade de atra-
tivos comerciais e turísticos em uma mesma centralidade é comum de cidades
litorâneas como expõem Andrade, Brito e Jorge (1999). Segundo os autores a coe-
xistência de praias e ambientes urbanos favorece o desenvolvimento de hotéis
com público alvo voltado tanto a turistas quanto a executivos.
Segundo Deng e Burnett (2002), o ar-condicionado é um dos principais con-
sumidores de energia por uso final dos meios de hospedagem. Lima (2007), em
sua pesquisa realizada para a cidade de Natal-RN, situada na faixa litorânea do
nordeste brasileiro, com clima quente e úmido, observou que 75% do consumo de
energia dos meios de hospedagem analisados correspondiam ao ar-condicionado.
Ao contrário das edificações residenciais, o aproveitamento da ventilação
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2. Referencial teórico
3. Metodologia
12 Classifica a cor da imagem através das tonalidades Red, Blue e Green (RGB) (DORNELLES,
2008). O software utilizado foi o ginifab, disponível em: http://www.ginifab.com/feeds/pms/
pms_color_in_image.php.
13 Classifica a cor da imagem através da Matiz (Hue), Saturação (Saturation), Suavidade (Luminance
ou Lightness) (DORNELLES, 2008). O software utilizado foi o rapidtables disponível em: http://
www.rapidtables.com/convert/color/rgb-to-hsl.htm.
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 137
Todas as análises foram feitas com foco nas zonas térmicas condicionadas
artificialmente (apartamentos, gerência, diretoria e restaurante). O procedimento
utilizado para a análise dos resultados está descrito abaixo:
4.1 Questionários
Feminino 3 9 6 3 1
Masculino 5 3 3 1 0
horários de pico (entre as 17:30hs e 20:30hs). Desse modo, não foram utilizados
os dados da amostra de estudo e sim do objeto de pesquisa, que não possui
gerador de energia.
Observando-se os Gráficos 1 e 2 percebe-se que o consumo médio de energia e
a ocupação média mensal são proporcionais. Com exceção do mês de março/2015,
que apresentou decréscimo na ocupação e um aumento no consumo de energia
em relação ao mês anterior, sendo esse considerado um mês atípico.
40% Consumo
5000
20%
0% 0
JAN. FEV. MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
12000
80%
10000
60% 8000 Ocupação
40% 6000
Consumo
4000
20%
2000
0% 0
JAN. FEV. MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Vermelho – 78 Vermelho
Acrílico Fosco Cardinal – Acrílica 96,4 72,2 57,0 61,2
Suvinil fosca Suvinil
recebe radiação apenas ao meio dia em uma pequena área de sua extensão. Já a
coberta do estabelecimento é sombreada durante algumas horas no verão, a partir
das 14h, e no inverno após as 16hs, devido a existência de obstruções no entorno.
0
Apto 101
Apto 102
Apto 103
Apto 104
Apto 105
Apto 106
Apto 107
Apto 108
Apto 109
Apto 110
Apto 111
Apto 112
Apto 113
Apto 114
Apto 115
Apto 116
Apto 117
Apto 118
Apto 119
Apto 120
Apto 121
Apto 201
Apto 202
Apto 203
Apto 204
Apto 205
Apto 206
Apto 207
Apto 208
Apto 01
Apto 02
Apto 03
Apto 04
Apto 05
Apto 06
Apto 07
Apto 08
Apto 09
Apto 10
Rest.
Gerência
Admin.
Fonte: Acervo das Autoras, 2017.
Rest.
Gerência
Admin.
AC (kWh/mês)
Equipamentos
Área (kWh/m²)
(kWh/mês)
(kWh/mês)
(kWh/mês)
Iluminação
Mensal por
Ranking de
mensal/m²
Área (m²)
Consumo
Consumo
Consumo
Mensal
-Piso-
Local
Recep. e
Circulação 33,3 0 437,6 37,3 470,9 12,6 5°
Térreo
W.C’s dos
28,8 0 73,6 141,3 102,4 0,7 8°
apartamentos
Circulação 1° e
30,1 0 3,6 88,6 33,7 0,4 9°
2° Pavimentos
W.C’s dos
1,8 0 0 9,7 1,8 0,2 12°
Funcionários
W.C.
0,2 0 0 2,8 0,2 0,1 15°
Administração
Triagem (Área
externa da 0,4 0 0 12,4 0,4 0,03 16°
cozinha)
Iluminação
3 0 0 169,5 3 0,02 17°
Externa
5. Simulação Computacional
18 Equipamento que possibilita a conexão dos computadores do estabelecimento em uma rede local.
Influência de medidas de conservação de energia no desempenho energético:
150 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
80
60
40
20
0
Hora
norma NBR16401-2 (2016) que está em fase de revisão. Para o cálculo de descon-
forto térmico dos usuários da presente pesquisa são relevantes as condições de
conforto térmico dos usuários do objeto de estudo que usufruem de ambientes
condicionados artificialmente, ou seja, hóspedes e funcionários administrativos,
cuja atividades metabólicas são: 1,0 met (relaxamento, sentado) e 1,2 met (ativi-
dades de escritório para arquivamento, sentado), respectivamente. A respeito da
vestimenta dos usuários, pode-se resumir que os funcionários dos estabelecimen-
tos hoteleiros possuem a seguinte vestimenta: Calça + camisa de manga curta +
roupas de baixo + meias médias + sapatos, o que resulta em um isolamento de
0,66 clo19. Já para os hóspedes, em momento de descanso dentro do apartamento,
será admitida uma vestimenta leve e descontraída: Shorts + camisa de manga
curta + roupa de baixo, o que resulta em um isolamento de vestimenta de 0,4 clo.
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Parte da cobertura do caso base é composta por telhas cerâmicas não esmal-
tadas e parte em laje impermeabilizada. Contudo, para a construção dos casos a
absortância de ambas coberturas foi padronizada com a finalidade de simplificar
a análise dos resultados, adotando-se a pintura na cor branca (α=20%), com o
19 Valor obtido através do somatório dos valores de isolamento por tipo de vestimenta expostos
no anexo B, tabela B.2 da NBR 16.401-2 (2016).
20 O entorno imediato do objeto de estudo é composto, predominantemente, por edificações resi-
denciais multifamiliar verticais e não possuem terrenos disponíveis para construção de novas
edificações. Segundo legislação municipal o bairro está zoneado como sendo zona residencial
do tipo 4, com características condizentes com a realidade descrita, caracterizando uma região
consolidada e sem previsão de modificações morfológicas.
Influência de medidas de conservação de energia no desempenho energético:
152 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
21 A escolha do tipo de isolamento foi realizada conforme modelo contido no anexo V do RTQ-C.
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 153
tura (no interior, no meio e no exterior da mesma). Contudo, essa situação não é
viável para uma edificação já construída. Os autores também concluíram que o
pior (menor) atraso térmico observado se deu através da disposição do isolante
térmico aplicado internamente à edificação.
A partir do exposto, o caso 7 tem como objetivo verificar se a disposição do
isolamento térmico externo à superfície de envoltória resulta em uma melhor
redução nos ganhos de calor dos ambientes e, consequentemente, em um menor
consumo de energia nas áreas condicionadas artificialmente. É importante men-
cionar que devido aos recuos obrigatórios da legislação municipal da cidade de
Maceió, foram escolhidos materiais isolantes cuja espessura não acarretasse na
impossibilidade da reforma predial.
A configuração de parede com isolamento térmico empregada para a simula-
ção termo energética foi a seguinte (Quadro 4): parede de alvenaria convencional,
reboco interno e externo (espessura de 2,5cm) e aplicação de placas de poliestireno
expandido na face externa do bloco cerâmico, resultando em um acréscimo de
3cm à espessura original da parede.
76 4%
Indcador de consumo de energia pela
2%
74 0%
72 -2%
-4%
área (kWh/m²)
70 -6%
%
-8%
68 -10%
66 -12%
-14%
64 -16%
Caso Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9
Base
Casos simulados
76
Indicador de consumo de energia pela
74
72
70
área (kWh/m²)
68
66
64
62
60
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Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso Caso
5 15 14 12 13 10 9 11 3 6 4 7 2 Base 8 1
Casos
O caso mais eficiente simulado foi o caso 15, que une baixa transmitância das
paredes de envoltória, da cobertura do prédio novo, baixa absortância das paredes
de envoltória e da cobertura do prédio antigo. Contudo, o caso 15 não possui modi-
ficações nas esquadrias do objeto de estudo. Foi constatado através do 1° bloco de
simulações que janelas Low-E são mais eficientes termo energeticamente do que a
configuração de esquadrias original do objeto de estudo. Dessa forma, esse tipo de
esquadria foi selecionada para configurar o caso mais eficiente. A configuração termo
energética dos casos eficiente e ineficiente (caso 16 e 17) está exposta no quadro 6.
Caso 16
0,391 2,120 0,451 20 20 0,05 0,278
– Eficiente
Caso 17 –
Ineficiente 2,211 2,120 1,651 57 70 70 0,816
(caso 1)
76 75,34
Indicador de consumo
74
energético pela área
72
69,65
(kWh/m²)
70
68
66
Caso Eficiente Caso Ineficiente
Casos simulados
Caso Base
10,0%
8,0%
Economia (%)
6,0%
4,0%
2,0%
0,0%
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Meses
Caso Eficiente / Caso Base Caso Eficiente / Caso Ineficiente Caso Base / Caso Ineficiente
50%
Consumo por uso final (%)
40%
30%
20%
10%
0%
Caso Eficiente Caso Ineficiente
6000
5000
4000
3000
2000
50%
40%
30%
Cargas térmicas (W)
20%
10%
0%
Superfícies Pessoas Iluminação Equipamentos Infiltração Janelas Portas Opacas
Opacas
Fontes
2000
Balanço térmico (W)
1500
1000
500
-500
Componentes da edificação
O ganho de calor por infiltração e pelo piso em contato com o solo mantém-
-se praticamente inalterados para os três casos, uma vez que não há medidas de
conservação de energia que atinjam diretamente esses componentes. Já o com-
portamento de fluxo de calor proveniente da cobertura passa de absorver calor
(nos casos base e ineficiente) para dissipar calor (caso eficiente), sendo que essa
alteração de comportamento acontece devido a inserção de isolamento térmico
na cobertura do prédio novo, bem como devido a diminuição da transmitância da
cobertura do prédio antigo (telhas cerâmicas).
O ganho de calor proveniente da condução das esquadrias é maior no caso efi-
ciente (vidro de baixa emissividade) e menor no caso base (esquadrias de madeira,
de vidro refletivo e vidro simples com aplicação de película preta opaca). Já o ganho
Influência de medidas de conservação de energia no desempenho energético:
164 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
de calor proveniente pela radiação solar das esquadrias é menor no caso eficiente
e maior no caso ineficiente (vidro simples).
Através da análise do gráfico 14 nota-se que as medidas de conservação de
energia propostas produzem impactos diferentes a depender da região a ser con-
siderada do objeto de estudo. Ao analisar a diferença de consumo de cada região
entre os três casos pode-se notar que o consumo anual dos compressores do
pavimento térreo novo mantém-se praticamente inalterado (sendo a diferença
entre eles abaixo de 1,4%). Observando o consumo dos compressores do térreo do
prédio antigo nota-se que os do caso eficiente possuem menor consumo energé-
tico e o do caso ineficiente maior consumo, sendo a diferença entre eles de 6,6%.
Pode-se concluir, através do exposto, que a redução da transmitância e absortância
14.000
12.000
Consumo anual de energia dos
Indicador
Caso Descrição ENCE de consumo
(kWh/m²)
continua...
Influência de medidas de conservação de energia no desempenho energético:
166 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
continuação
Indicador
Caso Descrição ENCE de consumo
(kWh/m²)
Caso
Piores resultados de economia energética E 75,34
Ineficiente
Conforme pode ser observado no Quadro 7 todos os casos que tiveram nível
E não tiveram alterações na transmitância da cobertura. Já todos os ambientes
que tiveram nível de eficiência energética A, possuem em comum a modificação
da transmitância da cobertura. Logo, pode-se concluir que a única medida de
conservação de energia, dentre as propostas, que modifica o nível de eficiência da
edificação é a diminuição da transmitância da cobertura do prédio novo. É impor-
tante destacar que o caso 5 foi excluído dessa análise uma vez que para o mesmo
não houveram variações paramétricas relacionadas a envoltória da edificação.
Já comparando o resultado dos indicadores de consumo com o nível de efi-
ciência, pode-se perceber que os casos com menor consumo energético possuem
nível A, são eles: caso eficiente, caso 15 e caso 14. Contudo, percebe-se também
que os caso 11, 12 e 10 (nível E), possuíram menores indicadores de consumo do
que os casos 8, 9 e 13 (nível A). O caso 8 possui maior consumo energético devido
a alteração da cobertura do primeiro pavimento da edificação antiga (de telhas
cerâmicas para telhas metálicas sanduíche) e, conforme explicado anteriormente,
aquela promove a perda de calor das zonas térmicas em contato direto com ela,
enquanto esta promove pequeno ganho de calor, na hora de pico de resfriamento.
Já os casos 9 e 13, ambos, possuem baixa absortância da cobertura, enquanto
os casos 12 e 10 apresentam alta absortância das coberturas. Por fim, pode-se con-
cluir que para obtenção de menores consumos energéticos, do objeto de estudo, é
necessário a diminuição da absortância ou da transmitância do sistema de cober-
turas, enquanto para obtenção de melhores níveis de certificação é necessário
apenas a diminuição da transmitância das coberturas. Logo, para o caso 10 e 12,
nos quais apenas a absortância das coberturas foram reduzidas (mantendo-se as
transmitâncias similares ao caso base) o consumo energético da edificação sofreu
redução enquanto o nível de eficiência se manteve em “E”.
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 167
8. Conclusões
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Índice remissivo
A
Absortância das paredes 132, 133, 146, 156, 159, 163, 164, 165, 166
Ação do vento 89, 90, 125, 126
Ar-condicionado 11, 13, 25, 26, 42, 129, 132, 133, 138, 139, 140, 143, 147,
149, 152, 156, 157, 158, 161, 164, 168, 169, 170
Área de abertura 12, 26, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 51, 52, 53, 54, 56, 57, 63,
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64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 80, 81
Área de piso 53, 56, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 76, 77, 84, 156
Associação brasileira de normas técnicas 39, 41, 42, 81, 124, 170
C
Caso base 136, 138, 144, 151, 152, 153, 154, 156, 157, 158, 159, 160, 161,
162, 163, 164, 165, 167, 168
Clima quente e úmido 21, 24, 84, 125, 128, 129, 132, 141, 172
Conforto adaptativo 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24, 26, 30, 43, 44
Conforto térmico 11, 12, 13, 14, 16, 17, 21, 22, 25, 26, 30, 34, 35, 37, 40, 41,
42, 43, 44, 45, 48, 49, 50, 52, 54, 65, 68, 76, 79, 85, 86, 87, 88, 104, 111,
112, 118, 119, 122, 124, 129, 132, 133, 134, 151, 170, 171
Consumo energético 25, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 136, 137, 138,
139, 140, 141, 142, 143, 148, 149, 152, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161,
164, 165, 166, 167, 168, 169
D
Desempenho térmico 3, 13, 32, 35, 37, 39, 41, 43, 46, 47, 48, 51, 52, 67,
78, 81, 83, 84, 90, 124, 126, 152, 165, 170
Distribuição do escoamento 106, 107, 108, 110
E
Edificações comerciais 50, 134, 138, 172
Eficiência energética 12, 13, 32, 34, 37, 41, 43, 44, 45, 46, 48, 49, 50, 52,
53, 55, 82, 124, 130, 131, 132, 133, 134, 138, 142, 156, 165, 166, 167, 170,
171, 172
Índice remissivo
174 estudo de caso de um hotel econômico de pequeno porte em Maceió, AL
F
Fluxo de ar 25, 50, 63, 64, 65, 79, 80, 85, 87, 88, 89, 90, 97, 102, 104, 105,
106, 107, 108, 115, 116, 117, 118, 120, 121, 122
G
Ganho de calor 140, 141, 154, 157, 159, 161, 162, 163, 164, 166, 168
I
Incidência do vento 80, 87, 95, 96, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 115,
116, 117, 118
M
Medidas de conservação de energia 127, 129, 131, 134, 139, 143, 155, 156,
157, 158, 160, 161, 162, 163, 164, 167, 168, 169
Meios de hospedagem econômicos 128, 129, 135, 136
Muro com lâminas horizontais 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119
Muro com lâminas ortogonais 92, 96, 107, 112, 113, 114, 119
Muro com lâminas verticais 112, 113, 114, 119
P
Paredes externas 33, 36, 38, 98, 138, 140, 153, 163, 165, 166
Porosidade das portas 56, 57, 63, 64, 65, 68, 69, 70, 71, 74, 75, 76, 79,
80, 81
Potencial eólico 28, 29, 30, 42, 47, 51, 82
S
Simulação computacional de modelos 34, 35, 37
T
Temperatura do ar 15, 22, 23, 24, 25, 50, 85, 93
Tipologias vazadas 94, 112, 114, 115, 118, 122
Transmitância 35, 36, 37, 38, 55, 132, 133, 138, 152, 153, 154, 155, 156,
157, 158, 159, 163, 164, 165, 166, 168, 172
Desempenho térmico e energético em edificações nos trópicos 175
V
Velocidade média do vento 97, 112, 113, 114
Ventilação cruzada 34, 39, 49, 52, 54, 56, 57, 66, 68, 76, 77, 78, 79, 80,
81, 87, 93, 129
Ventilação natural 22, 40, 41, 42, 43, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 56, 58, 59,
63, 64, 67, 71, 76, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92,
98, 100, 111, 112, 117, 118, 119, 120, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 129, 132,
133, 143, 170
Z
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Zoneamento bioclimático 32, 33, 34, 35, 41, 46, 47, 51, 52, 82, 85, 170
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Sobre os organizadores
SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Corbel | 10,5 |11,5
Verdana 8 | 8,5 | 13 | 16 | 18
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal | Supremo 250 g (capa)