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All content following this page was uploaded by Osebor Monday Ikechukwu on 13 December 2022.
E MEIO AMBIENTE
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2021
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Analista de Escrita e Artes
B615
Bioética, saúde global e meio ambiente / Caroline Filla Rosaneli, Marta Luciane Fischer
(organizadoras) – Curitiba : CRV, 2021.
316 p. (Série Bioética, Volume 14)
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-0926-8
ISBN Físico 978-65-251-0928-2
DOI 10.24824/978652510928.2
2021
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Claudio Lorenzo (UNB)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Clovis Ecco (PUC/GO)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Dirceu Bartolomeu Greco (UFMG)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Dora Porto (UNB)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Eduardo Rueda (Colômbia)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Flávio Rocha Lima Paranhos (UNB)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Helena Carneiro Leão (PUC/SP)
Celso Conti (UFSCar) J. M. de Barros Dias (Universidade
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional de Evora/Portugal)
Três de Febrero – Argentina) Jose Eduardo de Siqueira (PUC/PR)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG) José Roque Junges (UNISINOS)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL) Mario Antônio Sanches (PUC/PR)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB) Marlene Braz (FIOCRUZ)
Élsio José Corá (UFFS) Sergio Ibiapina Ferreira Costa (ICF)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB) Sérgio Rogério Azevedo Junqueira (Universitá
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR) Pontificia Salesiana di Roma, UPS, Itália)
Gloria Fariñas León (Universidade Susana Vidal (UNESA)
de La Havana – Cuba) Thiago Rocha da Cunha (PUCPR)
Guillermo Arias Beatón (Universidade Volnei Garrafa (UNB)
de La Havana – Cuba)
Helmuth Krüger (UCP)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois pareceristas ad hoc.
Conselho Científico da Série:
CONTEXTOS
CONFLITOS
O CORONAVÍRUS E AS POPULAÇÕES
INDÍGENAS BRASILEIRAS: a Bioética como forma de resistência..........215
Fernanda Ollé Xavier
César Augusto Costa
pede uma solução global, além de uma resposta ambiental. Esse contexto aponta
para a importância da obra que está sendo prefaciada, porque ela tenta refletir
criticamente sobre as interdependências entre ambiente e saúde na perspectiva
da Bioética. Por isso relaciona Bioética ambiental e saúde global.
A Bioética ambiental é um modelo de ética baseado na ecologia, porque
analisa criticamente a crise ambiental a partir dos desajustes ecossistêmicos
produzidos pelas intervenções humanas nos equilíbrios homeostáticos biogeoquí-
micos na superfície do planeta Terra, entendida como biosfera/gaia. Isso significa
assumir um enfoque ecocentrado dos problemas ambientais, não considerando
a natureza como um puro estoque de recursos a serviço dos interesses humanos,
mas um sistema de serviços ambientais climáticos para a reprodução da vida do
qual usufruem humanos e todos os demais seres vivos. Nessa compreensão, os
danos ambientais produzidos por processos industriais, agropecuários, minera-
dores e de geração de energia afetam negativamente todos os seres vivos daquele
ecossistema, também os humanos socialmente fragilizados, porque impedem
uma reprodução equilibrada da vida, sendo considerados processos de injustiça
ecológica que exigem uma resposta política e econômica socioambiental.
A saúde global é um movimento de saúde pública transfronteiriço de
cunho universal que tenta responder, nos seus inícios, aos riscos sanitários que
proliferavam globalmente devido à mobilidade humana para além de qualquer
limite de países. A disseminação do vírus COVID-19 é um exemplo acabado
dessa proliferação global e os organismos multilaterais de saúde procuram fazer
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CONTEXTOS
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A SINERGIA ENTRE A BIOÉTICA
AMBIENTAL E SAÚDE GLOBAL:
a perspectiva de futuro
Marta Luciane Fischer1
Caroline Filla Rosaneli2
1 Bióloga. Mestre e Doutora em Zoologia. Docente Curso de Ciências Biológicas e PPGB / PUCPR.
2 Nutricionista. Pós-doutora pela Cátedra Unesco em Bioética da UnB. Docente do PPGB / PUCPR.
16
– quanto no quesito social – uma vez que o mundo está altamente vulnerável
as intolerâncias, polarização e fake news.
Bioética MicroBioética
Bioética MesoBioética
Global Ecologia ambiental
Ecologia social
Ecologia mental
Bioética Ecologia integral
Profunda MacroBioética
REFERÊNCIAS
ALICARDI, M. B. Existe uma eco-bioética ou Bioética ambiental? Revista
latinoamericana de Bioética, v. 9, n. 1, p. 8-27, 2009.
3 Director del Departamento de Teología Moral y Praxis de la Vida Cristiana. Presidente del Comité de Ética
da Universidad Comillas (Madrid). E-mail: jtorre@comillas.edu
34
Leopold, los sentimientos morales humanos deben por empatía moral incluir
comunidad ecológica4.
Albert Schweitzer en sus reflexiones bioética apunta que la vida tiene
un dinamismo sagrado que palpita en toda la naturaleza. Todo lo que vive es
sagrado y merece respeto moral: “yo soy vida que quiere vivir en medio de
vida que quiere vivir”5.
Hans Jonas, en su libro Principio responsabilidad (1979) señala la vincu-
lación entre cuidado y continuidad-supervivencia, entre imaginación, bondad y
responsabilidad desde su visión del ser humano como homo pictor que es capaz
de integrar en su acción moral la preocupación por las generaciones futuras6.
Peter Singer, en diversas obras como Expanding Circle (1981) y Animal
liberation (1975) amplia la consideración moral de los seres vivientes desde
la capacidad de sentir placer/dolor7.
Estos autores, de modo diverso, integran claramente el ámbito de la
bioético a lo animal, a las generaciones futuras, a todo viviente y a la Tierra
como comunidad bioética. Ellos también han contribuido a que una parte
importante de la Bioética integre la reflexión ecológica.
4 Aldo Leopold, Una ética de la tierra, Catarata, Madrid, 2ªed. 2005 (antología de textos del autor preparada
Jorge Riechmann); id., Un año en Sand County, Errata Naturae, 2019.
5 Albert Schweitzer, The reverence for life, Open Road Media, 2014, 124 pp.
6 Hans Jonas, El principio de responsabilidad, Herder, Barcelona 1995. Sobre su planteamiento Bioética es
importante consultar: Francisco Quesada Rodríguez, La Bioética de la responsabilidad según Hans Jonas,
Universidad Pontificia Comillas, Madrid 2018.
7 Peter Singer, Animal Liberation. A New Ethics for our Treatment of Animals, New York Review/Random
House, New York 1975.
8 Para los orígenes de la Bioética siempre es imprescindible consultar la obra: Albert Jonsen, A birth of
Bioethics, Oxfod University Press, 2003.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 35
este país tiene mucho peso la ética médica y una tradición que ha hecho que
la Bioética esté muy vinculada a los profesionales de la salud, a ser una ética
aplicada en un contexto sanitario.
En Portugal las grandes figuras de los inicios de la Bioética no se han
ocupado a fondo de la ecología. D. Serrâo, W. Osswald, L. Archer, R. Cabral,
J. H. Silveira de Brito, R. Nunes no se encuentra una reflexión detenida
desde la Bioética.
En Alemania hay una mayor preocupación por la ecología desde la Bioé-
tica y desde la filosofía. No podemos dejar de olvidar la aportación de J.
Habermas, P. Sloterdijk y otros muchos. No entraremos en su análisis, sólo
nos gustaría destacar por su impacto internacional la obra de Hans Küng que
desde su planteamiento de una ética mundial desde las religiones siempre
integra la perspectiva ecológica y el diálogo con las diversas ciencias. Aunque
no es bioeticista, el teólogo suizo afincado en Tubinga ha influido en muchos
planteamientos de diálogo intercultural en la Bioética11.
9 Van Reenselaer Potter, Bioethics. A Bridge to the Future, Prentice Hall, New Jersey 1971; id, Global Bioethics:
Bulding on the Leopold Legacy, Michigan State University Press, Michigan 1988. Una excelente exposición
de su pensamiento es la obra: Leo Pessini, Anor Sganzerla, Diego Carlos Zanella (organizadores), Van
Rensselaer Potter. Um bioeticista original, Loyola, Sâo Paulo 2018.
10 G. Piana, Ecología e ética, Cooperativa La Macina, Urbino 1992.
11 Hans Küng, Proyecto de una ética mundial, Trotta, Madrid 1991. Un comentario a su ética mundial puede
verse en: J. de la Torre, Derribar fronteras. Ética mundial y diálogo interreligioso, DDB-Universidad P. Comillas,
Bilbao-Madrid, 2004.
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Javier Gafo es, sin ninguna duda, el bioeticista que más pronto integró
la ecología en la Bioética. Biólogo y teólogo y con estudios de filosofía y
química, tiene una visión muy amplia siempre de la Bioética en la que desde
muy pronto introduce la ecología. Esta perspectiva se puede observar en todas
sus obras, pero especialmente en las siguientes:
J. Gafo, Diez palabras clave sobre Bioética (Verbo Divino, Estella 1994).
Dedica su último capítulo a la ecología.
Perspectiva histórica.
3. Principales respuestas “filosóficas” ante crisis ambiental: natura-
lista (lo natural es bueno, ecología ingenua, romántica), emotivista
(lo bueno es lo agradable, sentimientos de placer y dolor), utili-
tarista (Bentham), etc. Como bioeticista siempre tiene en cuenta
la filosofía moral.
4. Analiza las causas “éticas” de la crisis ecológica: la ciencia moderna
de Bacon (saber es poder), Descartes (animales son máquinas), la
industrialización, desencantamiento del mundo (Weber), etc. Pers-
pectiva histórico-cultural amplia.
5. Perspectiva existencial. Con Moltmann vincula crisis ecológica y
“crisis de sentido” (muerte bosques conlleva difusión neurosis, con-
taminación sentimiento nihilista, etc.). Por eso es necesario cambiar
las actitudes vitales y la forma de vivir.
6. Importancia de los “derechos humanos”. Aborda desde H. Jonas los
nuevos imperativos: actuar de forma compatible con la vida humana
auténtica sobre la tierra y las futuras generaciones. También tiene
en cuenta a Ronald Green: “Ponte a ti mismo en el lugar del otro,
de las futuras generaciones”.
7. Perspectiva religiosa. Analiza la “responsabilidad del cristianismo”
en la crisis ecológica por parte de algunos autores (White, Amery,
Meadows, Drewerman). Sitúa la cuestión bastante equilibradamente.
38
Señala que los relatos del Génesis tienen más de 3000 años (premo-
dernos). Estudia como las otras religiones (primitivas, hinduismo,
budismo, islam) valoran los seres vivos.
8. Cristianismo. Valor de la tradición de la ley natural y de ciertas
místicas (tradición monástica, benedictinos, cistercienses, Francisco
de Asís, Juan de la Cruz e Ignacio de Loyola).
9. Valora la perspectiva comunitaria del cristianismo y con Moltmann
recuerda que el Dios trinitario no es un solitario y dominador sino
relación, reciprocidad y comunidad.
10. La fe cristiana considera naturaleza creada como don, algo bueno,
regalo. La tierra desde la parábola del juicio final (Mt 25) puede
ser interpretada: lo que hicisteis a estos hermanos humildes y vul-
nerables a mí me lo hicisteis. Subraya como teólogo la clave esca-
tológica: el universo espera ser liberado.
15 Para conocer la obra de Javier Gafo se recomienda el libro de José Francisco Tomás, Javier Gafo: Bioética,
teología moral y diálogo, Universidad P. Comillas, Madrid 2014.
16 Leo Pessini y Christian de P. de Barchifontaine, Problemas actuais de Bioética, 10ª ed., Sâo Camilo y Loyola,
Sâo Paulo 2012.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 39
17 Gilberto Cely, Bioética Global, Pontificia Universidad Javeriana, Bogotá 2007. Otras obras del autor sobre este
tema son: Temas de Bioética ambiental; Ecología humana: una propuesta Bioética; Ethos vital y dignidad humana.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 41
Roque Junges
Este jesuita brasileño posee una obra amplia: Ecología ambiental18, Bioé-
tica sanitarista19 y Bioética20. En estas obras aborda las tres dimensiones de la
Bioética. La clave no es solucionar sólo problemas sino descubrir que vivimos
insertos en un nuevo paradigma de civilización. En su obra podemos descu-
brir claramente una Bioética integradora y amplia de diversas perspectivas:
En el ámbito brasileño se hace necesario citar la obra de Leonardo Boff. Este autor
integra espiritualidad-franciscanismo con liberación-justicia, paz y democra-
cia, la comunidad y las virtudes, los símbolos-narraciones locales-tradicionales
con una ética universal, el diálogo y los encuentros con el cuidado del otro,
Una razón del papa para elegir el nombre de Francisco es, como él mismo
afirmó, que el santo de Asís “enseña un profundo respeto por toda la creación”.
Un planteamiento claro desde los inicios de su pontificado y en su pro-
grama de pontificado se puede ver en Evangelium gaudium (EG). Allí plantea
dos cuestiones básicas: La relación entre fragilidad del débil y de la tierra. Es
necesario vincular degradación social y ambiental. El papa entra en cuestión
ecológica desde lo social. “No puede haber tierra, no puede haber techo, no
puede haber trabajo si no tenemos paz y si destruimos el planeta”. En Laudato
Si´ (LS) profundiza este aspecto de manera notable. Hay una íntima relación
entre los pobres y la fragilidad planeta (LS 16). Por eso existe una única crisis
socio-ambiental. El segundo elemento esencial es la validez de las religiones
en el debate secular sobre la ecología. Las religiones aportan motivaciones
espirituales o móviles interiores que dan sentido a la acción (LS 261), una
mirada contemplativa de la realidad que descubre relaciones entre problemá-
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ticas diversas y desvela posibilidades ocultas (LS 71). Las religiones com-
plementan la visión científica y vehiculan hábitos ascéticos. ¿Qué elementos
integra el papa en su visión de la ecología? LS quiere plantear un diálogo con
todos acerca de nuestra casa común (LS 3), pero reconoce imposible dialogar
en profundidad con todos. ¿Con quiénes claramente dialoga?22
22 Seguimos parcialmente el excelente trabajo de Jaime Tatay sj, Ecología integral. La recepción católica del
reto de la sostenibilidad, BAC, Madrid 2018.
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23 Alvaro Angelo Salles é formado em Medicina, Direito e Letras. Faz parte da Câmara Técnica de Bioética do
CRM-MG, da Comissão de Bioética da OAB-MG e é parecerista da Revista Bioética do CFM. Sequenciou
seus estudos nos níveis de especialização, mestrado e doutorado em Bioética, onde agora atua. Foi também
professor de Parasitologia Médica e Psiquiatria.
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metabólitos poluiriam os lençóis d’água. Atos tão antigos como abater animais
e consumir sua carne exatamente na medida da fome mudavam de feições
drasticamente e tornavam-se um fator de sério desequilíbrio do meio ambiente.
Lyons (2008) reporta, por exemplo, que alguns animais machos passaram a
chocar ovos, que outros mostram sinais de hermafroditismo e que pratica-
mente em todos (homens incluídos aqui) houve uma diminuição do número
de espermatozoides. E se natureza e animais estão em estado de desequilíbrio,
o ser humano não escapa à situação – também ficará doente.
11). O caso de Campo Grande (MS) merece destaque ainda: de acordo com
Costa, Feijó e Feijó, em pesquisa coordenada pela Embrapa – Empresa Bra-
sileira de Pesquisa Agropecuária, o consumo anual de carne bovina naquela
região já alcançara 140 quilos/habitante em 2007. Esses exemplos mostram
um contraste marcante com os hábitos das pessoas da Grécia Antiga e Roma,
onde as pessoas não consumiam mais do que um ou dois quilos de carne por
ano, conforme os estudos de Flandrin e Montanari (2015).
REFE RÊNCIAS
BORGES, T.; BRANDFORD, S. Desmatamento acelerado na Amazônia pode
levar à próxima epidemia. Mongabay Brasil – Notícias Ambientais para Infor-
mar e Transformar. 29 abr. 2020. Disponível em: https://brasil.mongabay.
com/2020/04/desmatamento-acelerado-na-amazonia-pode-levar-a-proxima-
-pandemia/.
JONES, K. E.; PATEL, N. G.; LEVY, M. A.; STOREYGARD, A.; BALK, D.;
GITTLEMAN, J. L.; DASZAK, P. Tendências globais em doenças infecciosas
emergentes. Nature, 21 fev. 2008. Disponível em: https://www.nature.com/
articles/nature06536.
Self e (des)enraizamentos:
da revolução Neolítica à revolução Moderna
levas, de 3.500 a.C. até 1.500 a.C., tendo como ícone final a tomada de Creta
(junto à Grécia), onde os hititas dominam e destroem os minoicos – civilização
notável e sofisticadamente sustentável. Tais invasões, acopladas ao modelo de
vida das cidades que se complexificam, trouxeram a necessidade de desenvol-
ver armas, muralhas, e o papel do masculino sobressalente. Um dos maiores
fatos do desenraizamento humano pode ser dito como a alteração do papel
do feminino na sociedade, com a perda da paridade-valor dos papéis sociais.
Vai-se, portanto, do “Cálice à Espada”, o cálice representando o feminino e o
modelo de sociedade mais pacífica e integrada com a natureza e as deidades
femininas, e a espada como o masculino dominador, o deus homem violento
e guerreiro, típico das tribos que buscavam se sobrepor/sobreviver, como
os hebreus relatados no Antigo Testamento, e a Era dos Impérios. Não pode
haver uma compreensão eficaz do desenraizamento sem a compreensão do
processo de ruptura do papel do feminino na sociedade, como um aspecto
fundamental de relação com a Natureza.
Para uma maior e mais concreta compreensão do que trazemos, deve-
mos perguntar: onde encontramos, ainda hoje, modelos de comunidades que
remontam a modelos vividos no Neolítico, de alto grau de enraizamento
na vida, com uma cultura altamente sustentável? Nas tradições indígenas,
Platão pregava algo assim para a organização social e política humana, ser
uma República livre e evoluída, com uma educação para a vida – Ver a obra
República, de Platão). O modelo de relação social era muito mais enraizado
nos tempos e espacialidades próprias da natureza e nos processos culturais
intuitivos do grupo, do sistema voltado para a manutenção e otimização da
vida – simples e direta. O modelo de liderança, mesmo que surgindo líde-
res naturais, não se compunha ainda como autoritário (como por exemplo
na Era dos Impérios), porém mais intuitivo, espraiado, partilhado. Até este
período, temos comunidades nômades, em que processos administrativos,
poder, comércio, dinheiro, política, como entendemos enquanto instituição,
eram desnecessários. Ou seja, reinava um tipo de comunismo natural.
Inferiu-se que, comunidades que viviam no que hoje é o continente
europeu, alimentavam-se com algo em torno de 300 a 400 ervas/plantas/raízes
diferentes, portanto, altamente saudáveis. Pela pesquisa arqueológica e seus
correlatos, como o uso da tecnologia de reconstituição de moléculas de ali-
mentos, corpos, ossos, ferramentas etc., constatou-se que estas comunidades
do período não conheciam doenças como a cárie; o que é um sinal notável em
termos de saúde coletiva. Seus corpos eram extremamente fortes, com período
de vida prolongado, diferentemente de períodos posteriores de declínio, com
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27 Os principais cultivos de grãos hoje são, na ordem: trigo (o mais problemático deles), milho, arroz, soja,
cevada, sorgo, algodão. Todos eles não possuem mais a qualidade genética das espécies selvagens, sendo
que grande parte dessa produção se tornou transgênica e atingida quimicamente, com riscos incalculáveis
para o meio ambiente e para a saúde humana. O excesso de carboidratos simples e portanto glicose/açúcar
é hoje um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. È por isto que uma das dietas mais potentes
e importantes para a saúde humana hoje é a Paleolítica (Dieta Paleo). Sobre isto, vide o trabalho brilhante
de Dr. Samuel Dalle Laste: https://clinicadallelaste.com.br.
28 Hoje os mecanismos de justiça mais avançados, chamados de justiça ou práticas restaurativas, recu-
peram nada menos que modelos antigos indígenas circulares, de responsabilização, reparação e
empoderamento comunitário.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 67
29 Ver “Faces do humano: mascarados, sofredores, consumidores”. PELIZZOLI, 2010. In: SAYÃO, S. Faces
do Humano. EDUFPE: Recife, 2010.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 69
31 Sobre isto leia especialmente a obra de M. Odent (1981) e W. Reich (2003), bem como o filme Renascimento
do Parto I e II.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 71
melhor, reequilibra suas emoções para ter saúde; resgata a natureza e o cui-
dado com seu corpo, e assim por diante32. As técnicas das medicinas naturais
e integrativas são na sua quase totalidade resgate de dimensões alimentares,
emocionais e energéticas, ou, seja, ambientais, que um ser humano no exer-
cer de seu prazer, ambiência, relações, sexualidade, movimentos, nutrição e
respiração têm automaticamente. Mas a vida tornou-se objeto da biomedicina
cartesiana, a ser dominada e artificializada. A perda do humanus (humus,
ground, enraizamento) reflete-se agora na medicalização e no fato de atacarmos
fracassadamente o que se chama de doenças. Remedia-se uma doença, mas
a doença do desenraizamento avassala corpo, emoções, alma, surgindo das
mais variadas formas. A doença do corpo é a doença da relação ao ambiente
e vice-versa. Sem esta percepção, segue fracassando a biomedicina ocidental.
Acrescente-se que os sujeitos acostumam-se com a normose (aceitação doentia
da falsa normalidade, costume, maioria...), e não pedem mais mudanças, revi-
talização, reorganização, mas uma droga (pílula) que os alivie ou “conserte”
aquele problema pessoal, desvinculado de suas raízes, sistema e ambiente.
5. Aumento alarmante de transtornos mentais. O manual DSM é
imenso, e cresce, não apenas devido à insana medicalização e objetificação
dos corpos e da psique humana, mas porque o nível de aumento de transtornos
é alarmante. É raro encontrar hoje quem não tenha feito uso de psicotrópicos,
influenciado) pelo modo e qualidade do que ingerimos. Beber água pura e com
PH equilibrado é muito diferente de beber refrigerantes, os quais excitam as
mucosas, sobrecarregam fígado, rins, aumentam o nível de açucares e acidez
no organismo; grande parte de nossa alimentação é excitante, ou pesada, ou
irritante de mucosas, de difícil digestão, empobrecida em termos de nutracêu-
ticos (fibras, vitaminas, minerais etc.), e isto reverbera na ordem emocional de
um indivíduo, notadamente nas crianças. Grande parte de nossa alimentação,
em especial as bebidas, é viciante, como o trigo, açucares, cafés, chocolates,
gorduras vegetais, todos muito danosos para a saúde humana. Uma criança
com distúrbios, muitas vezes pode tê-lo devido ao modelo nutricional adotado,
que compromete sua estabilidade metabólica, corporal e, portanto, psíquica.
10. Higienismo purificacionista, com a perda dos elementos “roots” da
vida. Muitas pessoas, em especial de classe social média ou alta, interagem
não mais com os elementos da natureza e do corpo em sua amplitude; restrin-
gem seu corpo a uma moradia e urbanidade toda regrada e compactada, sem
o que se chama de terra, sujeira (nossa cultura considera muitas vezes sujeira
a natureza, mas não considera a maior sujeira como sendo os elementos quí-
micos que invadem nossa vida pelo ar, alimentos, água, ambiente, produtos
de “limpeza”). Inseticidas e aditivos químicos são usados amplamente e não
Daí o mito grego de Sísifo, a sociedade de consumo oferece sempre algo novo,
ou oferece no objeto específico algo que ele não pode dar, como a satisfação,
portanto, estaremos sempre insatisfeitos e girando a roda da busca sem fim.
A base do modelo urbano e ecológico e suas degradações passa sempre pelo
modelo de consumo. Adotar um consumo sustentável e mais naturalizado é
uma questão não apenas de salvar as cidades, águas, terras e o planeta, como
se sabe, mas de conseguir resgatar os valores e modos de vida mais feliz do
ser humano. Aprender a imunizar-se contra a ansiedade e neurose do consumo
voraz, é igualmente uma questão de saúde psíquica de primeira ordem.
12. Perda da qualidade de vida/expressões da vitalidade. O lazer é algo
fundamental na vida humana. A grande parte do (pouco) lazer que se tem hoje
é voltado para televisão, shoppings, lugares com barulhos estressantes, cine-
mas e comedorias. Ou seja, a fabricação de sujeitos robotizados, aprisionados,
em que muitas vezes o próprio lazer é estressante, amorfo, desvitalizado.
Numa sociedade assim, o descanso em geral é uma pausa na inquietação e
estresse, em que sujeitos não conseguem dormir de fato (sono superficial,
sem qualidade, com pesadelos, preocupações, barulhos...), ou as horas de
sono são deficientes. Muitas pessoas “descansam” na frente de telas, ou então
trocam a noite pelo dia, ou dormem tarde, ou acordam tarde, contrariando
o ciclo circadiano humano. O tempo e encontro da refeição, numa condição
desta, é quase ausente, o que faz aumentar o estresse, problemas digestivos,
uso de fast food (quase tudo é fast: rápido e superficial). Sem este tempo, há
76
Por fim
REFERÊNCIAS
CAPRA, F. O ponto de mutação. SP: Cultrix, 1982.
MACY, J.; MOLLY, T. Nossa vida como Gaia. SP: Gaia, 2005.
analysis, this paper explores the ethical implication of privacy invasion by data
science. The paper concludes that stakeholders in the business of data science
adhere to privacy ethics for the transformation of the business, into actionable
insights and the protection of data for the common good of society.
Data science is one of the scientific advancements in the last 30 years.
The term data science was coined to substitute “computer science” in 1960.
Approximately 15 years later, the term becomes a survey for data processing
method in different applications or fields (BANTON, 2019). Data science is an
interdisciplinary study that mixes experience, programming skills, arithmetic
and statistics for business insights. Data science can be define as follow (a)
“Business intelligence, which is essentially about taking data that the com-
pany has and getting it in front of the right people in the form of dashboards,
reports, and emails”. Decision science is the act of taking or using data to
help companies make decisions (SINGH, 2019).
Knowledge science like Hadoop provides substantial cost advantages
for business organization. Although the traditional data analytics system (data
warehouses and marts) is hard because of differences in functionality, “a price
comparison alone can suggest order-of-magnitude improvements. Rather than
processing and storing vast quantities of new data in a data warehouse, for
36 Rev. Fr, Stephen, C Chukwuma Esq2. Department of Arts and Humanities, Delta State Polytechnic Ogwashi-
Uku PmB 1030, Nigeria. E-mail: osebordarry@yahoo.com or osebormonday1@gmail.com
82
example, companies are using Hadoop clusters for that purpose, and moving
data to enterprise warehouses as needed for production analytical applications”
(BALACHANDRAN; SHIVIKA, 2017).
Data science is a behavioral analytics, which make sense big data, uncover
solution hidden in the data environment, and translate them into tangible busi-
ness worth. The behavioral analytics helps in the advancement of information
and communications technology. However, big data analysis requires a huge
amount of computing resources making adoption costs. Big data technology
is not affordable for many small to medium enterprises (BALACHANDRAN;
SHIVIKA, 2017). Behavioral analytics also challenged with difficulties in data
classification, which could help in problem-solving systems, through machine
learning (LONGBING, 2017). Machine learning uses computer programs that
are able to learn and adapt with no human control, by using algorithms and
arithmetical models to analyze and draw inferences from patterns in data. It
personalizes products data for better understanding of businesses, customers,
and to make better decisions (SINGH, 2019). It also help entrepreneurs to
monitor the buying patterns or behavior of customers and make predictions
based on the information gathered.
However, there are many challenges of data science; it includes the
Privacy ethics
the distinctions between private and public life. The debates about human privacy
receive a boost due to technological innovations. “Past technologies relied on
intuitive, heuristic understandings of privacy that have since been shown not to
satisfy expectations for privacy protection” (NISSIN; WOOD, 2018). Privacy
ethics involves moral questions of responsibility. Privacy affirms data processes
or scientists work for the common good of the society.
The framework of privacy ethics is to shape professional codes of
conduct, which help data analytics to fostering progress in data genera-
tion, protection and the rights or privacy of individuals or groups (FLO-
RIDI; TADDEO, 2016). Private data concerns collection, storage and use
of personal information. Misuse or disclosure of data without consent can
“adversely affect an individual’s relationships, reputation, employability,
insurability or financial status, or even lead to civil liability, criminal pen-
alties or bodily harm” (NISSIN; WOOD, 2018). These raise ethical ques-
tions of trust and data governance. The trust and governance of data is the
preservation and security of data against unhealthy usage. It is morally
unjustified to violate the privacy of other or the entirety of fact. The right
to privacy informs individual to control one’s personal information. The
moral question, Is privacy just a privilege that can be revoked any time
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through surveillance of private data? Who has the right to infringe upon
our privacy without consent? How does data science undermine human
privacy? We maintain that identity theft constitutes a risk, thus, a threat
to security and peace co-existence of humankind (LEE; WOLFGANG;
HENRY, 2016). Privacy ethics is a moral responsibility not a binary value
or the monetization of data externally, which is different from the purpose
the data was initially collected (URIA-RECIO, 2020).
The importance of data protection is the “fact that privacy has a very
close connection with human dignity, freedom and independence of the indi-
vidual and it is more and more challenged in the age of the rapid technological
development of the information society” (LUKÁS, s/d). Privacy ethics is not
secrecy, but data obtained from a person or persons should not be exposed
without consent of data owner.
Some may argue that right of privacy does not exist but privacy ethics
frowns at unauthorized access to private data. The right to privacy is the right
to be left alone and to control one’s personal information. We argue that the
right of privacy is built on rights such as self-protection and autonomy. “With
computations ubiquitously integrated in almost every aspect of our lives, it
is increasingly important to ensure that privacy technologies provide protec-
tion that is in line with relevant social norms and normative expectations”
(NISSIN; WOOD, 2018). However, privacy ethics negate common good and
84
Conclusion
BIBLIOGRAPHY
BALACHANDRAN, B. M.; SHIVIKA, P. Challenges and Benefits of Deploy-
ing Big Data Analytics in the Cloud for Business Intelligence. Procedia Com-
puter Science, v. 112, p. 1112-1122, 2017.
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SINGH, A. Data Scientist’s Role & Ethical Challenge. 02 March 2019. Available
at: https://datascience.foundation/datatalk/data-scientist-s-role-ethical-challenge.
Contextualização
37 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre e
Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFRN e Pós-Doutor pelo Programa de Pós-
-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).
38 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e em Ciências Sociais pela
Universidade Luterana do Brasil, com Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
39 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande (UFRN). Mestre e Doutor em
Bioquímica pelo Programa de Pós-Graduação em Bioquímica do Centro de Biociências da UFRN. Pós-
-Doutorado em Educação pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (ULisboa).
88
Até o final dos anos 1990, o termo Bioética foi amplamente associado
a Van Rensselaer Potter, principalmente devido ao impacto de duas de suas
obras produzidas na década de 1970, como o artigo Bioethics, science of
survival e o livro Bioethics: bridge to the future. Potter revelava sua preocu-
pação com a produção de uma ciência desumanizada e a necessidade de um
restabelecimento do equilíbrio ecológico e proteção dos recursos naturais, e
tentava estabelecer uma ponte entre as ciências biológicas e a ética (POT-
TER, 1971). Apesar da divulgação do termo Bioética ter se tornado popular
com Potter, o neologismo do termo foi justamente atribuído nos anos 2000
ao professor alemão Paul Max Fritz Jahr, uma vez que, em 1927, fora citado
em seu artigo “Bioética: uma revisão do relacionamento ético dos humanos
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Percurso metodológico
Características
Referência Instituição Área de interesse ético
éticas
Centro Universitário Newton
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Paiva (Belo Horizonte/MG);
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Centro Universitário Curitiba Pesquisa durante surtos Bioética da
científica nas pesquisas clínicas
(Curitiba/PR); Universidade de doenças infecciosas proteção
sobre covid-19. Revista Bioética,
Federal de Minas Gerais
v. 28, n. 3, p. 418-425, 2020.
(Belo Horizonte/MG);
continuação
Características
Referência Instituição Área de interesse ético
éticas
GIUSTINA, T. B. de A. D.;
Uso emergencial
GALLO, J. H. da S.; NUNES, R.
Conselho Federal de de intervenções
Bioética: ponte para um futuro Não identificado
Medicina (Brasília/DF) não comprovadas
pós-pandemia. Revista Bioética,
cientificamente
v. 28, n. 4, p. 583-584, 2020.
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Universidade Federal do
SIMÃO-SILVA, D. P. Desafios Ética da
Paraná (Curitiba/PR); Genitore Obrigações dos governos
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covid-19: contexto da saúde Bioética global
PR); Instituto de Pesquisa do internacional
global. Revista Bioética, v. (Potter)
Câncer (Guarapuava/PR)
28, n. 4, p. 585-594, 2020.
CASTRO-SILVA, I. I.; MACIEL, J. Resoluções
A. C. Panorama de pesquisas com normativas
Universidade Federal do Pesquisa durante surtos
seres humanos sobre covid-19 do Conselho
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no Brasil. Revista Bioética, v. Nacional de
28, n. 4, p. 655-663, 2020. Saúde
Obrigações dos governos
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e da comunidade Principialismo;
Perspectivas bioéticas sobre Católica do Paraná
internacional; direitos Bioética social;
tomada de decisão em tempos (Curitiba/PR); Pontifícia
e obrigações dos utilitarismo;
de pandemia. Revista Bioética, Universidade Católica do
trabalhadores de resposta personalismo
v. 28, n. 3, p. 410-417, 2020. Paraná (Londrina/PR)
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de linha de frente
HARAYAMA, R. M. Reflexões
sobre o uso do big data em
modelos preditivos de vigilância Universidade Federal do Oeste Vigilância de Bioética da
epidemiológica no Brasil. Cad. do Pará (Santarém/PA) saúde pública proteção
Ibero Am. Direito Sanit. (Impr.),
v. 9, n. 3, p. 153-165, 2020.
SOROKIN, P. et al. Datos en Pesquisa durante surtos
tiempos de pandemia: la urgencia de doenças infecciosas; Declaração
de un nuevo pacto. Reflexiones Universidade Federal do vigilância de saúde universal de
desde América Latina y el Caribe. Paraná (Curitiba/PR) pública; obrigações Bioética e direitos
Revista de Bioética y Derecho, dos governos e da humanos
n. 50, p. 221-237, 2020. comunidade internacional
NEVES, N. M. B. C.; BITENCOURT,
F. B. C. S. N.; BITENCOURT, Universidade Salvador
A. G. V. Ethical dilemmas in (Salvador/BA); Fleury
Alocação de recursos Principialismo;
COVID-19 times: how to decide Medicina e Saúde (São Paulo/
escassos utilitarismo
who lives and who dies? Revista SP); Hospital A.C.Camargo
da Associação Médica Brasileira, Cancer Center (São Paulo/SP)
v. 66, p. 106-111, 2020.
NACUL, M. P.; AZEVEDO, M. A. The
difficult crossroads of decisions at
COVID-19: how can the deontology Universidade do Vale dos
implicit in Evidence-Based Medicine Sinos (São Leopoldo/ Alocação de recursos Principialismo;
help us to understand the different RS); Hospital de Pronto escassos deontologismo
attitudes of doctors at this time? Socorro (Porto Alegre/RS)
Revista do Colégio Brasileiro
de Cirurgiões, v. 47, 2020.
continua...
94
continuação
Características
Referência Instituição Área de interesse ético
éticas
NORA, C. R. D. Conflitos bioéticos
Universidade Federal
sobre distanciamento social em Restrição de liberdade Principialismo;
do Rio Grande do Sul
tempos de pandemia. Revista de movimento Bioética social;
(Porto Alegre/RS)
Bioética, v. 29, n. 1, 5 abr. 2021.
SCHVEITZER, M. C.; THOME,
B. C. Research ethics and
Universidade Federal de Alocação de recursos
resource allocation in times of Principialismo
São Paulo (São Paulo/SP) escassos
covid-19. Revista Bioética,
v. 29, n. 1, 5 abr. 2021.
FREITAS, C. A. et al. Medical
Universidade Federal de Declaração
students in the COVID-19 pandemic Direitos e obrigações dos
Pernambuco (Caruaru/PE); universal de
response in Brazil: ethical trabalhadores de resposta
Universidade Federal de Bioética e direitos
reflections. Revista Brasileira de de linha de frente
Pernambuco (Recife/PE) humanos;
Educação Médica, v. 45, n. 1, 2021.
A2 e A3). Visto que a grande maioria dos artigos selecionados (10) foram
publicados em revistas classificadas como com Qualis A, especificamente na
Revista de Bioética e na Revista de Bioética y Derecho, podemos inferir que o
conhecimento produzido em nessas instituições brasileiras vem contribuindo
com a inserção da pesquisa local no debate científico global.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
BARRETO-FILHO, J. A. S.; VEIGA, A.; CORREIA, L. C. COVID-19 e
incertezas: lições do frontline para a promoção da decisão compartilhada.
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PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. de. Saúde coletiva: uma “nova saúde
pública” ou campo aberto a novos paradigmas? Revista de Saúde Pública, v.
32, n. 4, p. 299-316, ago. 1998.
CONFLITOS
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A FRACA DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA POTÁVEL:
uma análise em torno das
cidades Moçambicanas
Trindade Filipe Chapare40
Ricardo de Amorim Cini41
Marta Luciane Fischer42
de 8 horas por dia para procurar este importante recurso. Diariamente, se extrai
dos lagos, dos poços e dos rios obstruídos por diques mais de 7 mil milhões de
litros de água doce, repartida por três principais destinos: indústria, agricultura
e uso doméstico. O restante é armazenado em barragens para futura utilização.
Entretanto, nem todas as regiões do mundo dispõem da mesma quan-
tidade e qualidade de água (MOTA; VERÍSSIMO, 1995, p. 260). Com o
aumento populacional, o desenvolvimento urbanístico, a expansão industrial,
associado a alterações climáticas no globo, fazem com que este recurso se
torne cada vez mais escasso no mundo. Nesse sentido, o êxito da execução de
uma política de água que atende aos interesses de uma colectividade pressupõe
a existência de organização (CUNHA, 1990, p. 60).
A maioria das comunidades e aldeias não tem acesso a fontes de água
melhorada, sendo que alugumas se encontram a grandes distâncias da fonte mais
próxima (aquela que é adequada para o consumo e que normalmente obtêm-
-se das torneirs, fontanários e poços protegidos). Em Moçambique, 92% dos
habitantes não tem água potável. Comparando a situação entre as zonas rurais e
urbanas, vê-se que menos de 1% das famílias das zonas rurais têm água potável,
enquanto nas zonas urbanas, 32% das famílias dispõe deste líquido (MAE, 2005).
No entender de Afonso (1998, p. 67), a presença de certas substâncias na
água, em teores excessivos, pode ter consequências nocivas para a saúde das
comunidades. Apesar das reservas subterrâneas oferecerem água de qualidade,
boa para o consumo, esta encontra-se em quantidades limitadas. Se a água vem
110
REPRESA
CAL
CLORO
CLOOR
FLÚOR
CAL
RESERV.
ÁGUA
TRATADA
FLOCULAÇÃO DECANTAÇÃO RESERVATÓRIO
FILTRAÇÃO DOS BAIRROS
CARVÃO ANTRACITO
AREIA
CASCALHO CANAL ÁGUA FILTRADA
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 111
Reservatório
Cloro
Flúor
Filtro de
areia grossa
Adição
de cloro
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Tanque de Filtro de
sedimentação areia fina
Figura 5 – Tubagens danificadas e torneiras próximas dos locais das águas negras
tica de proteção ao creditar ao Estado pelo menos duas vias de trabalho para
resolução dos problemas de acesso à água potável. O primeiro seria de cunho
distributivo, ressaltando a importância de garantia universal através da gestão
pública; e o segundo se preocuparia em compensar as desigualdades através
do maior investimento nas regiões mais vulneráveis.
A legislação de Moçambique estabelece que o direito de uso das águas do
domínio público será reconhecido em regime de uso livre, em determinados
casos, e por meio de autorizações de uso ou de concessões de aproveitamento,
em casos especialmente regulados (Lei n˚16/91, de 3 de Agosto). A Polí-
tica Nacional de Recursos Hídricos, através da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro
de 1997, tem em um de seus objetivos assegurar à atual e às futuras gerações
a necessária disponibilidade de águas, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos. É nesse sentido que a Bioética levanta a necessidade
de proteger as futuras gerações, lançando mão da sua Declaração Universal
sobre Bioética e Direitos Humanos (DUBDH, 2005).
É também nessa perspectiva que adotar a sobrevivência da vida como
parâmetro balizador é aproximar-se da noção dos Direitos Humanos e também
dos direitos das futuras gerações (CINI et al., 2019). Dentro da DUBDH o
acesso à água de boa qualidade está descrito no artigo sobre Responsabili-
dade Social e Saúde, considerando que o desenvolvimento social é objetivo
central dos governos (DUBDH, 2005). Ainda, dentro da Bioética, pensa-se
a plena realização do direito à água desde a disponibilidade individual, que
não tragam doenças ou impeçam o desenvolvimento pessoal, além da gestão
116
Considerações finais
REFERÊNCIAS
AFONSO, A. B. S. Manual de Ambiente e Saneamento básico: tecnologias
apropriadas para aglomerados, Colecção PALOP, Coimbra – Portugal, 1998.
CINI, R. A. et al. Água bem vital: ajustando as agendas ODS e Bioética. In:
FISCHER, M. L.; MARTINS, G. Z. (org.). O Caminho do diálogo 2: pro-
movendo a sinergia entre a Bioética, os Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável e os Estudantes do Ensino Médio. Brasília: CFM, 2019. p. 217-223.
FAO. The state of food and agriculture. Food and Agriculture Organization
of the United Nations. Roma, 1974.
em nível comunitário. Estes dados revelam que 50,6% das crianças morreram
de malária, 11,8% de HIV/AIDS e 9,4% de diarreia ou infecções respiratórias
agudas. A busca por ajuda comunitária é tardia e em 35,3% o cuidador só per-
cebeu que a criança estava doente quando surgiram os sintomas da doença já
muito grave, quanto menor o capital social da família menores são as chances
de buscar atendimento. Os principais atrasos na procura de cuidados ocorreram
em casa, em grande parte devido à falta de reconhecimento precoce da doença e
à tomada de decisão tardia. Uma em cada quatro crianças nunca foi levada para
fora de casa antes de morrer. As condições socioeconômicas e a distância aos
centros de referências para buscar ajuda provavelmente contribuem para essas
mortes infantis. O tempo médio de viagem foi detectado como em média 2
horas e 50 minutos, mostrando a fragilidade educacional e geográfica que ferem
os direitos fundamentais da proteção da vida na infância. Observando que
existem fatores como o baixo nível de educação, a nutrição deficiente, o meio
ambiente desfavorável no que tange o acesso a água potável, a concentração
da população em espaços específicos de Moçambique, e o próprio consumo
de cuidados a saúde que não necessariamente acontece preventivamente são
as principais violações, segundo Patrão e Vasconcelos-Raposo (2011).
Yao e Agadjanian (2018) dimensionam que as unidades de saúde são
normalmente instaladas onde podem atender com eficiência a população-alvo
próxima. Porém, há desvio da rota de busca do local de ajuda mais próximo,
por vezes questionando a qualidade do serviço. Isto interfere diretamente na
124
do melhor estado de saúde que for capaz de atingir” e reforça que os “Estados
membros da presente carta se comprometem a tomar as medidas necessárias
para proteger a saúde das suas populações e para lhes assegurar assistência
médica em caso de adoecimento”. Existe uma missão muito importante de
qualquer Estado, esta Carta deixa implícita a missão de garantia da saúde de
sua população, e liberdade individual de usufruir o melhor estado de saúde que
for capaz de obter. Mas ainda, Moçambique ainda encontra grandes desafios
para a respeito do direito à saúde, não apenas sobre a melhoria dos serviços
de saúde, mas também a prestação de serviços e ações efetivas sociais. Como
por exemplo, ações sobre insegurança alimentar, segurança pública, abasteci-
mento e acesso à água potável, medidas sanitárias em ambientes privados e
públicos, acesso à educação básica e superior, saneamento ambiental, políticas
de redução da pobreza, consumo de álcool, drogas e tabaco, entre outros, que
dizem respeito a cobertura universal de serviços voltados a saúde (GOVERNO
DE MOÇAMBIQUE, 2020, CARTA AFRICANA, 1981). Além da prestação
de serviços, pontua-se a qualidade que estes são ofertados e prestados à popu-
lação, seja o equipamento ou mesmo o recurso humano. Ainda é um grande
desafio o custo de serviços de saúde em Moçambique, pois este é um país que
a maioria das pessoas realiza trabalhos informais sem uma “segurança” de
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emprego fixo, além da parte da população que não tem emprego, e necessita
de acesso a medicamentos, tratamentos e acesso a profissionais da saúde, aos
que moram em zonas rurais (MULLIN et al., 2013; GILIO; FREITAS, 2008).
Percebe-se que o direito à saúde tem se constituído com uma aplica-
ção progressiva. É necessário, desde já, um trabalho de empoderamento que
envolva o acesso universal à educação, saúde, emprego, promoção de igual-
dade de gênero e grupos étnicos. As bases comunitárias, possuem um papel
fundamental no cuidado e intervenção nos centros e ainda mais nas zonas
rurais, essa intervenção busca garantir o acesso variado de serviços de saúde,
preventiva e de reabilitação (MULLIN et al., 2013; GILIO; FREITAS, 2008).
Atualmente, Moçambique gasta aproximadamente, 39 dólares per capita
em saúde. Esse valor é baixo comparativamente à média regional. Muito
embora o Produto Interno Bruto (PIB) esteja crescendo nos últimos anos, em
torno de 7% ao ano, o orçamento do Estado alocado ao sistema público de
saúde é de 6,6%, abaixo do recomentado em outras regiões da África, de 15%
(MULLIN et al., 2013; ONU, 2020).
É inevitável falar sobre política e gestão, quando quer se falar sobre
saúde e direitos. Percebe-se que está crescendo uma busca por serviços de
saúde, e também cresce a busca por profissionais, qualificação, tecnologia
médica, prática de saúde no campo e controle social. As práticas da medicina
tradicional estão se ampliando no território Moçambicano, mas é necessária
uma justa medida entre a ciência e estabelecer vínculo com a população para
128
como Parkins (2004) e Matsine (2011), alertam para a dependências das pró-
ximas gerações nas violações dos direitos fundamentais que esses acordos
financeiros internacionais trarão de consequências como prisioneiros de uma
dívida, sem acesso a melhorias do país e vulnerabilidade imposta a população.
O domínio do poder econômico sobre o poder político nos torna reféns
e faz com que os ganhos não sejam compartilhados em benefícios de todos, o
que institui ao poder político uma distância do bem comum, onde as barreiras
culturais e morais de uma herança colonizadora dificulta uma inversão de
valores, com uma economia não submetida à política, e esta, orientada por
uma ética que promova a solidariedade, a compaixão, a justiça e a dignidade.
O modelo econômico está pronto para olhar em favor da vida humana e
do planeta? Ou apenas da vida do mercado capital? E deste mercado capital
que podemos visualizar todas as formas violações de ordem política, moral,
ética, ideológica, rural, urbana, humana, não humana e planetária (ROSA-
NELI, 2020).
REFERÊNCIAS
AGADJANIAN, V.; JING, Y.; HAYFORD, S. R. Place, Time and Experience:
Barriers to Universalization of Institutional Child Delivery in Rural Mozambi-
que. International Perspectives on Sexual and Reproductive Health, v. 42, n. 1,
p. 21-31, 2016. DOI: 10.1363/42E0116.
doi.org/10.4000/cea. 227.
e uma análise dos instrumentos legais que subsidiam essa conduta, para então,
finalizar com a perspectiva da Bioética ambiental.
feito por Tinoco e Correia (2014) diante da controvérsia de recai sobre a precisão
de dados da edição da DUDA. Ainda assim, é certo que tal Declaração pode ser
compreendida como uma “carta de intenções” que propõe uma transformação
na forma como os animais não humanos são vistos e tratados pelos homens.
51 De acordo com a Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Animais Humanos e Não Humanos (2012)
– documento que fora confeccionado por neurocientistas, neurofarmacologistas, neurofisiologistas, neuroanato-
mistas e neurocientistas computacionais cognitivos reunidos na Universidade de Cambridge: “A ausência de um
neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam
que os animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de estados
de consciência juntamente como a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o
peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a
consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e as aves, e muitas outras criaturas, incluindo
polvos, também possuem esses substratos neurológicos.” Conferir o texto original, em inglês, disponível em:
http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 143
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais sil-
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Transconstitucionalismo
REFERÊNCIAS
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TOES_RELACIONADAS_REVISAO. Acesso em: 27 fev. 2021.
RIO GRANDE DO SUL. Art. 34-A, acrescido pela Lei Estadual 17.485/2018,
com grifo; a Lei 17.526/2018 suprimiu os cavalos desse dispositivo, violando
o princípio da vedação ao retrocesso em matéria de direitos fundamentais.
Os limites naturais
Jonas, apoiado nos dados fornecidos pela ciência de seu tempo, ana-
lisa quatro desses limites: [1] o problema da alimentação: segundo ele as
tecnologias agrícolas baseadas na mecanização, no emprego extensivo de
fertilizantes e, hoje, na transgenia, tem levado ao esgotamento dos solos e
à poluição das águas, ao desmatamento e ao consequente aumento da tem-
peratura do planeta; [2] o problema das matérias-primas: esgotamento das
reservas naturais e, inclusive, consumo dos reservatórios mais profundos, a
imensos dispêndios de energia para acessar novas energias, numa corrente
cada vez mais autofágica; [3] o problema energético: fontes não-renováveis
como os combustíveis fósseis, contribuem para a poluição dos ares e agravam
o aquecimento climático; e as renováveis, por sua vez, como a energia solar
e a hidrelétrica, além de insuficientes para o progresso, são sempre soluções
parciais; enquanto a energia nuclear, além de arriscada, também está limitada
fisicamente; e [4] o problema térmico: o efeito estufa seria agravado pelo
consumo ilimitado e pela extração de matérias primas a níveis tão altos do
ponto de vista termodinâmico. Para Jonas, o desenvolvimentismo precisa
lidar com esse balanço energético negativo, no qual o processo produtivo
consome muito mais energia do que aquela gerada pelo produto, levando
ao insustentável divórcio entre o cálculo monetário e o material-energético.
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Os limites éticos
Junto com o temor, Jonas elenca outros valores como essenciais para que
a ética consiga impor “freios voluntários” à técnica. Em seu texto No limiar do
futuro: valores de ontem e valores para amanhã, publicado em 1983 e acrescen-
tado como o terceiro capítulo de sua obra de 1985, Técnica, medicina e ética,
Jonas lista uma série de valores que seriam característicos dessa nova atitude
ética, necessária para os tempos do poder desmedido, da “vontade de ilimitado
poder” (JONAS, 2013, p. 34) que marca a civilização tecnológica: modéstia,
precaução previsora, frugalidade, continência, temperança, parcimônia, comedi-
mento e autonegação (JONAS, 2013, p. 76-77). O filósofo, contudo, reconhece a
dificuldade da sociedade contemporânea diante dessas virtudes, pois a tecnologia
e o sistema socioeconômico que a apoia e financia dão constante preferência
e valorizam comportamentos contrários, precisamente aqueles que têm a ver
com o que Jonas identifica como a “gula”. Para ele, recusa-se hoje qualquer
tipo de ideal ascético em nome de uma vida superior, agora associada à capaci-
dade consumo. Tal atitude é “favorecida por uma riqueza de bens exuberantes
e acessíveis a todos”, algo que “a converteu em uma colaboradora necessária
e meritória na marcha da moderna sociedade industrial, que proporciona, ao
mesmo tempo, a seus membros os ingressos para desfrutá-la”, tudo segundo o
modelo da produção e do consumo que é incitado constantemente pela publi-
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cidade. A gula, assim, de vício (como ocorria nas éticas tradicionais) tornou-se
uma virtude da civilização tecnológica, carregada de “coações e estímulos”
que criam um “clima de indulgência geral” amparada em inúmeras possibili-
dades materiais que fecham os olhos precisamente àquela lógica do limite e
da escassez apontadas anteriormente. Nesse contexto, a ética terá de lançar o
apelo para um valor que é tão antigo quanto novo: a frugalidade nos modos
de consumo, para o qual Jonas vê dois caminhos, ou o “consenso voluntário”
ou, já na emergência e na catástrofe, “a coação legal”. Obviamente, a ética
deveria nos salvar do pior também nesse campo, para que não seja necessário
que abramos mão da liberdade em benefício das garantias de continuidade da
vida. À consciência coletiva cabe assumir a tarefa de renunciar aos poderes e
às posses cujo resultado têm ultrapassado o limite do tolerável.
Esse apelo à “consciência voluntária” é a urgência de nosso tempo e para
ele devem se dirigir todas as energias éticas: “para deter o saque, o empo-
brecimento das espécies e a contaminação do planeta que estão avançando a
olhos vistos, para prevenir um esgotamento de suas reservas, inclusive uma
mudança insana no clima mundial causada pelo homem” (JONAS, 2013,
p. 77). É dessa consciência coletiva, portanto, que precisamos e, caso ela se
atrase, serão cada vez mais necessárias formas variadas (e indesejáveis) de
coações legais, que podem, inclusive, incluir certas atitudes associadas por
Jonas a uma tirania ecológica, que nos abrigarão a fazer aquilo que não fomos
capazes de fazer de livre e espontânea vontade. Para Jonas, a democracia
166
oferece poucas expectativas quanto às respostas cada vez mais urgentes nesse
campo, “de modo que a necessária legislação teria que se produzir de forma
autoritária, como parte de uma ordem política alternativa, o que em nome da
liberdade seria de se lamentar” (JONAS, 2013, p. 79).
Ora, esse é um cenário indesejado e o melhor caminho a tomar seria aquele
indicado pela ética da responsabilidade, pela qual a civilização tecnológica
assumisse voluntariamente a tarefa de identificar e respeitar os limites, seja
individual, seja social e politicamente. Isso incluiria abrir mão das “grandes
realizações” sonhadas pelos últimos séculos de desenvolvimento tecnológico,
algo que ninguém parece disposto a fazer, entre as quais Jonas aponta o prolon-
gamento da vida, a alteração genética, o controle psicológico do comportamento,
a produção industrial e agrária, a exploração dos recursos minerais, o incre-
mento de toda eficiência técnica. O freio do consumo, que está ligado ao freio
de produção e, em última instância, ao freio do poder torna essa uma exigência
cuja urgência está ligada à vida da humanidade no futuro: “pôr limites e saber
mantê-los, inclusive naquilo que com razão estamos mais orgulhosos pode ser
um valor completamente novo no mundo de amanhã” (JONAS, 2013, p. 80).
Essa, contudo, é uma exigência que pouco tem a ver com o ritmo do
atual progresso, “porque em toda parte se alcançam pontos nos quais a posse
Considerações finais
REFERÊNCIAS
JONAS, H. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civiliza-
ção tecnológica. Trad. Marijane Lisboa, Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro:
Contraponto: Ed. PUCRio, 2006.
cada vez maiores, com impactos significativos no meio ambiente com particular
realce para a degradação dos solos, alteração do micro clima, perda da biodiver-
sidade devido aos efeitos devastadores na derrubada das florestas agredindo todo
o ecossistema. O plantio de árvores (reflorestamento), a realização de palestras
de sensibilização, a fortificação da fiscalização, o combate a corrupção, para
além da garantia do uso sustentável dos recursos naturais, são apresentados
como algumas estratégias para mitigar esta problemática.
Contextualização
lenha e carvão consumido no meio rural não passam pelos mercados, nem
transita pelos postos de fiscalização utilizados para o efeito. Ao mesmo tempo,
uma parte do consumo urbano não entra nas estatísticas oficiais, por um lado
devido à fuga ao fisco de operadores, muitos deles informais.
todos os distritos do país onde a exploração de madeira tem lugar, a lei não
é observada na sua íntegra, uma vez que a fiscalização é deficiente, aliado a
alegação casos de corrupção. Percebe-se que a fiscalização por parte do pessoal
da agricultura é deficiente, uma vez que os mesmos não dispõem de recursos,
como meios circulantes e efetivos para deslocar-se com certa regularidade
para os acampamentos dos extratores de madeira. Assim, cria-se um ambiente
fértil para a devastação das florestas e propícia a exploração ilegal da madeira.
Conclusão
REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. M. Análise dos factores determinantes do desflorestamento
na Amazônia. Ese. COPPE, 2000.
ros arriscam não ter espólio para usufruir e, talvez, no futuro, nem mesmo eles
existam. E se existirem, correm o risco de serem “despejados” por uso predatório
de nossa “casa comum”. Neste sentido, os últimos 300 anos, desde o ilumi-
nismo, foram determinantes para a atualidade e suplantaram todos os demais
sete milhões de anos de evolução de nossa espécie. E, para além desses, talvez
o restrito espaço de tempo que nos resta neste século seja o ponto de ruptura
definitivo entre a mater natureza e a progênie homo sapiens sapiens, no qual
reste, ao olhar indiferente do kósmos, de um lado o planeta e do outo, o nada
(FISCHER et al., 2017; JONAS, 2006; KESSELRING, 2000; POTTER, 2018).
Os diversos estudos cuidadosamente coletados e consolidados pela comu-
nidade científica, sobretudo nas últimas décadas, e amplamente divulgados
acerca das agressões ao meio ambiente, denunciam o escândalo da maneira
como nossa sociedade tem se servido inapropriadamente do planeta. Justifi-
cado pela inevitabilidade emanada do “progresso” e sublimado pela crença
de recuperação da natureza por si mesma, e que naquilo que ela não tiver
capacidade de se refazer, será remediado pela tecnologia, particularmente pelas
biotecnologias (JONAS, 2006). Se de um lado, degradamos o meio ambiente
do qual dependemos para a sobrevivência da vida no planeta e ao que parece,
57 Filósofo e Mestre em Bioética.
58 Pedagogo e Doutor em Teologia.
59 Bióloga, Geneticista e Pós-Doutora em Bioética. Pesquisadora no Instituto para Pesquisa do Câncer – IPEC
– Guarapuava.
188
A promessa tecnológica
60 Até final 2014 ou início de 2015, constavam mais de dez novas patentes baseadas na técnica e uma
centena de novos pedidos que reivindicavam autoria ou descreviam aplicações baseadas em CRISPR.
(SHERKOW, 2015).
190
61 Em decorrência dos problemas intrínsecos à técnica, tais como os cortes off-target, as lesões genômicas
extensas, de longo alcance e distantes do ponto de clivagem e o mosaicismo, entre outros, bem como em
relação a sua aplicação em linhagem germinativa, cujos efeitos transgeracional não apenas são de difícil
detecção e compreensão, como de reversão praticamente impossível, bem como a ocorrência eventos
adversos em ensaios clínicos de terapia gênica que incluem óbitos por reação imunológica exacerbada e
possível evento carcinogênico decorrente de sítio de integração proviral.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 191
Camundongo ✓ ✓sim ✓ ✓
Macaco ✓sim ✓
Porco ✓ ✓sim ✓
Coelho ✓ ✓
Rato ✓ ✓sim ✓ ✓
Tilápia ✓sim ✓
Zebrafish ✓sim ✓ ✓
Pulga de água doce ✓sim ✓
Invertebrados
Milho ✓
Hepáticas
✓sim ✓
(Marchantiophyta)
Arroz ✓sim ✓
Plantas
Sorgo ✓ ✓
Laranja doce ✓ ✓
Agrião thale ✓sim ✓ ✓
Tabaco ✓sim ✓ ✓
Trigo ✓ ✓
A primeira diferença diz respeito aos valores atribuídos a cada vida e a cada
espécie. Em geral, nosso “antropocentrismo”, que atribui valor em si mesmo
para nossa espécie, o faz de modo relativo, utilitarista, às demais espécies. O que
permite, por exemplo, que a intensidade dos debates em curso sobre CRISPR,
que incluem propostas de moratórias, adotar uma lógica assimétrica, cujos pressu-
postos incluem: 1º que as implicações éticas no uso da técnica na espécie humana
não são elegíveis para as demais espécies; 2º que as barreiras levantadas no que
se refere à linhagem germinativa humana não são aplicáveis para as demais, isto
fica claro na Tabela 1; 3º persiste em boa parte a visão de que a natureza detém
uma capacidade de resiliência, resistência e de autorremediação que não é real, e
não leva em conta a escala e intensidade das interferências que a edição de genes
pode ocasionar ao longo de gerações. Mesmo porque o conhecimento acumulado
até o momento não é capaz de compreender e, menos ainda, de dimensionar a
extensão dessa ação sobre a imprevisível complexidade da dinâmica da vida
nos ecossistemas, num prazo de tempo evolutivamente adequado; e, 4º a visão
mecanicista, base e gênese do desenvolvimento das ciências, que robustamente
persiste no campo da genética, não raras vezes, determina análises minimalistas
dos riscos que tal progresso humano pode impingir ao meio ambiente.
Embora sejam passíveis de críticas as discussões que sinalizam a neces-
Uma das consequências desse tipo de estudo, aos quais devem ser acres-
cidos aqueles que tratam de epigenética evolutiva, é que podem impactar de
maneira substantiva não apenas a compreensão que possuímos sobre a evolu-
ção das espécies, mas também sobre a pesquisa gênica, e como consequência,
sobre as questões de biossegurança envolvidas. Sobretudo se considerarmos os
possíveis eventos adversos e impactos de difícil previsibilidade, decorrentes da
introdução de organismos editados no meio ambiente e que podem afetar o equi-
líbrio de ecossistemas inteiros (COSTA; PACHECO, 2012; ENCODE PRO-
JECT CONSORTIUM, 2012; EZKURDIA et al., 2014; FANTAPPIE, 2013;
GENETIC SCIENCE LEARNING CENTER, 2013; HEBMÜLLER, 2016;
JABLONKA; MAXMEN, 2018; YOUNGSON; WHITELAW, 2008).
Além da imprevisibilidade da evolução do sistema CRISPR-Cas, várias
62 Genomas grandes, como o humano, geralmente são compostos de múltiplas sequências de DNA que
são idênticas ou altamente homólogas às sequências de DNA alvo mediado por CRISPR-Cas9. Este fato
favorece a clivagem indesejada também nestas regiões (ZHANG; WEN; GUO, 2014).
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 195
63 Embora o mecanismo de transmissão principal se dê entre roedor e humano através da picada de pulgas
infectadas, também pode ocorrer transmissão pela exposição direta (através da mucosa ou escoriações
cutâneas) a fluidos contaminados ou inalação de aerossóis contendo o bacilo (BARROS, 2012).
196
65 Relatório da ONU Meio Ambiente de 2017 reforça este entendimento: “ao serem consumidos, até 80% dos
antibióticos são excretados sem ser metabolizados, junto com bactérias resistentes. Apenas no século XXI, o
consumo humano desses remédios cresceu 36%. Até 2030, o uso de antibióticos na pecuária deverá aumentar
em 67% [...]. Além disso, até 75% dos antibióticos utilizados em aquiculturas se disseminam no ambiente ao
redor das criações de seres aquáticos” (ONU MEIO AMBIENTE, 2017; UN ENVIRONMENT, 2017).
66 Ainda que os resultados sejam muito iniciais, é apropriado registrar que seguem em curso diversas iniciativas
no sentido de conhecer e entender se e que papel desempenham os 97% não codificante do DNA humano.
Apenas a título de exemplo, o The ENCODE Project Consortium publicou em 2012, na revista Nature, inte-
ressante artigo intitulado “An integrated encyclopedia of DNA elements in the human genome”, no qual se
registram alguns resultados promissores que apontam para o papel regulador de expressão gênica dessa
imensa região ainda desconhecida (CHI, 2016; ENCODE PROJECT CONSORTIUM, 2012).
67 O termo “lixo genético” (utilizado em ingles como “dark matter” ou “junk DNA”), é atribuído a Susumi Ohno,
que empregou o termo em artigo publicado em 1972, no Simpósio Brookhaven sobre Biologia em 1972, que
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 199
o utilizou para se referir à parte do DNA que mais tarde, no PGH havia sido inicialmente identificada como
não codificante e para a qual, naquele momento se supôs não desempenhava função alguma no contexto
genômico (OHNO, 2012).
68 A microbiota humana é composta por menos de 10 filos (principalmente 6) dos mais de 50 conhecidos.
Para explicar a razão evolutiva de tal restrição de diversidade a tão poucos filos, Cho e Blaser (2012)
consideram a possibilidade da existência de uma grande variedade de organismos de contingência e
genes de contingência que possam se conformar dentro dos limites permitidos pelo genoma humano, o
que talvez possa indicar algum nível de compatibilidade ou afinidade genética. Saber se esta afinidade
200
Considerações finais
ocorre também em outras espécies e que importância tem para a edição de genes, constitui mais um
grande desafio às pesquisas atuais.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 201
REFERÊNCIAS
ABBOTT, A. Project set to map marks on genome. Nature, [S. l.], v. 463,
n. 7281, p. 596, 2010. DOI: 10.1038/463596b. Disponível em: http://www.
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ESCOLHAS
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O CORONAVÍRUS E AS POPULAÇÕES
INDÍGENAS BRASILEIRAS:
a Bioética como forma de resistência
Fernanda Ollé Xavier69
César Augusto Costa70
antropólogo Gersem Luciano (2006), membro da etnia Baniwa, explica que este
se refere à condição para a vida dos povos indígenas, não somente no sentido de
um bem material ou fator de produção, mas como o ambiente em que se desenvol-
vem todas as formas de vida. Território indígena, portanto, é o conjunto de seres,
espíritos, bens, valores, conhecimentos, tradições que garantem a possibilidade e
o sentido da vida individual e coletiva, de onde tais comunidades extraem todos
os elementos necessários à firmação de suas identidades, enquanto grupo étnico
dotado de idiossincrasias e modos de vida determinados.
Ora, conforme consta do art. 231 da Constituição Federal de 1988
(CF/88)71, para que os direitos dos indígenas sejam garantidos demanda-se o
reconhecimento e a garantia desta definição de território!
Considerando a dimensão territorial do Brasil, que foi divulgada pelo
IBGE, e publicada no DOU nº 94 de 19/05/2020, conforme Portaria nº 177,
de 15 de maio de 2020, o país possui uma superfície calculada em 8.510.295,914
km2 72. No entanto, em que pese os indígenas constituírem os povos originários
deste país de grandeza continental, – e por isso mesmo, deveriam ser conside-
rados donos inequívocos destas terras –, atualmente, as terras indígenas (TI),
devidamente regularizadas, ocupam uma irrisória proporção do solo brasileiro.
Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão oficial executor
71 CF/88, Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,
e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
72 Fonte: IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura-territo-
rial/15761-areas-dos-municipios.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 20 maio 2020.
73 Fonte: FUNAI. Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-indigenas. Acesso
em: 20 maio 2020.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 217
direitos destas minorias identitárias, uma vez que a ministra desta pasta, Tereza
Cristina, foi líder da bancada ruralista no Congresso Nacional.
No entanto, em face de um “resquício de luz” do governo, estas reformas
administrativas não chegaram ao fim e ao cabo. Ainda na lista dos exemplos
de desmonte, merecem destaque as discussões levantadas no atual governo
sobre a exploração de recursos minerais em terras indígenas, no qual impera
a defesa de atividades econômicas de larga escala, o que inclui o plantio de
soja transgênica, exploração de madeira e mineração.
A partir destes lamentáveis eventos de matriz ambiental que se opõem à
luta dos povos indígenas pela conquista de territórios e consequente demarca-
ção e regularização de TIs, é que se argumenta no texto que estes sujeitos já
enfrentam historicamente batalhas em busca de direitos e exercício da cidadania.
Somando-se a estes, releva-se o atual enfrentamento pelo qual passam
todos os brasileiros perante um novo embate: a pandemia mundial, ocasionada
pela disseminação do coronavírus, que está dizimando a população através
da SARS-COV2, ou COVID-19. Esta doença atinge a todos indistintamente,
mas principalmente as pessoas que se encontram em estado de vulnerabilidade
social, econômica e sanitária, pois mais expostas aos fatores que influenciam
o contágio, como densidade populacional, uso e ocupação do solo, índice de
A Ética da Libertação não pretende ser uma Filosofia crítica para minorias,
nem para épocas excepcionais de conflito ou revolução. Trata-se de uma
ética cotidiana, desde e em favor das imensas maiorias da humanidade
excluídas da globalização, na presente “normalidade” histórica vigente
(DUSSEL, 2012, p. 15).
Isto significa dizer que, assumindo uma posição de politização dos con-
flitos morais, a Bioética de intervenção defende que o horizonte bioético
dos países periféricos onde impera relações de um “capitalismo dependente”
(FERNANDES, 1975), seja o enfrentamento dos dilemas sociais, econômicos
e políticos. Por tal razão, faz sua opção pelas populações vulnerabilizadas e
excluídas da sociedade e se propõe a lutar contra todas as formas de opressão
e pela promoção da justiça balizadas pelo capitalismo.
74 Fonte: Ministério da Saúde. Disponível em: https://saudeindigena.saude.gov.br/. Acesso em: 21 maio 2020.
220
REFERÊNCIAS
ALCKMIN, F. A autonomia indígena em defesa da Amazônia (Parte I). Dis-
ponível em: https://diplomatique.org.br/a-autonomia-indigena-em-defesa-da-
-amazonia-parte-i/. Acesso em: 21 maio 2020.
78 Pós-Doutorado, Doutor, Mestre e Especialista em Saúde Coletiva pela PUCPR. Especialista em Gestão
de Políticas de Saúde Informadas por Evidências pelo Instituto Sírio-Libanês. Especialista em Educação
Ambiental pelo IBPEX. Bacharel em Odontologia pela UFPR. Licenciado em Biologia pela UNERJ. Professor
dos Programas de Pós-Graduação: Políticas Públicas; Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais;
Desenvolvimento Territorial Sustentável – UFPR. Professor do Bacharelado em Saúde Coletiva do Setor
Litoral da UFPR. Pesquisador dos grupos de pesquisas: Promoção da Saúde e Políticas Públicas da Facul-
dade de Saúde Pública da USP; Política, Avaliação e Gestão em Saúde da UFPR.
228
Desenvolvimento
Humano
Balanço
de
Poder
Governança Equidade
Promoção
da Saúde
Processo
Políticas de Inclusivo/
Governo/ Resultados
Estado Impactantes
Considerações finais
REFERÊNCIAS
BRASIL. As cartas de promoção à saúde. Ministério da Saúde; Brasília, 2002.
empresa opta por vender apenas um tipo de produto, ficando sujeita a diversos
riscos atrelados a ele. A falta de variedades dos mesmos acarreta ainda mais
diminuição de clientes [...].”
A grande ameaça quando se trata de tecnologia é a energia disponibilizada
na região, pois apresenta grandes oscilações e quedas frequentes, afetando a
produção e comumente perdendo parte dos produtos.
Quando analisado as questões Ecológicas, encontra-se as seguintes for-
talezas: seguem as normas exigidas pelo PROVE, inclusive com a placa de
identificação conforme as especificações; sempre usam vestes, calçados brancos
adequados, toucas, máscaras e luvas; o soro resultante do processo de produção
é reaproveitado, como matéria prima para bebida lácteas e o excedente como
alimento para os bovinos e suínos da propriedade e dos parceiros, que são os
fornecedores de matéria prima; os outros dejetos líquidos são descartados nas
fossas sépticas, totalmente canalizadas e vedadas. Situação semelhante encon-
trado no estado do Pará, por Sena, Santos e Santos (2012, p. 68): “No caso do
soro, uma parte dos laticínios o devolvia aos produtores e a outra parte fazia
doação para uso na criação de animais. Quanto aos demais resíduos, algumas
empresas possuíam tanque de decantação e outras fossas sépticas”.
A água é controlada e analisada pela vigilância sanitária de acordo com
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Conclusão
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São
Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ANPOCS; Campinas: Editora da UNI-
CAMP, 1992.
ambiente. Essa relação, é esclarecida por Peet (1991), a partir da tese do deter-
minismo geográfico, que tem sua origem no campo da geografia econômica
e parte do pressuposto que a ação humana é influenciada pelo meio natural.
No Brasil, desde a década de 1970, não se pode afirmar que sempre existe
relação entre o crescimento do PIB e consequentemente, o bem-estar da popu-
lação, sendo, portanto, processos distintos (LANG, 2016; FURTADO, 2005).
Neste sentido, o processo histórico de migração populacional na Amazônia,
definiu o modo de produção do espaço regional e o sistema de povoamento
urbano (KAMPEL; CÂMARA; MONTEIRO, 2001).
No início da década de 1970 o governo brasileiro adotou uma política
de ocupação e colonização, que não tinha por finalidade apenas integrar a
região, mas também expandir a fronteira agrícola e pecuária do país por meio
da concentração populacional em territórios geograficamente reorganizados,
principalmente em estados como o Pará, Amazonas, Acre e Rondônia (TEI-
XEIRA; FONSECA, 2001; MELLO, 2006; COSTA SILVA, 2014; COSTA
SILVA; CONCEIÇÃO, 2017).
Particularmente em Rondônia, os projetos de colonização foram implan-
tados nas décadas de 1970 e 1980 por meio da substituição de grandes áreas
de seringais nativos para um contexto fundiário, alterando a estrutura de posse
e uso da terra, inserindo Rondônia, dentro do sistema produtivo nacional com
grande incentivo para a criação de pecuária (OLIVEIRA, 2012).
Surgiram as obras de infraestrutura, como a pavimentação da BR 364
no trecho Cuiabá-Porto Velho, financiadas por recursos do Banco Mundial
256
85 Conceito derivado da economia, relacionado à desindustrialização. Isto é, maior valorização dos produtos
primários, minerais e agrícolas.
258
econômico previsto até 2022, até 80% poderá ser referente à produção de
carne. A tendência de maior crescimento deverá ser na China e na Índia,
devido à crescente demanda populacional.
O setor de produção de carne está concentrado em organizações empre-
sariais que estão se expandindo para além das fronteiras e diversificando as
espécies de animais para o abate. A empresa brasileira JBS86 possui capaci-
dade de abate de 85 mil cabeças de gado bovino, 70 mil porcos e 12 milhões
de aves diariamente, e fez com que o Brasil liderasse o mercado mundial de
carnes (HEINRICH BÖLL FOUNDATION, 2016).
Estimulado por políticas nacionais e internacionais de produção de carne,
o estado de Rondônia tornou-se uma das principais fronteiras agrícolas do
país e uma das regiões mais produtivas do norte brasileiro. Economicamente
Rondônia destaca-se pela produção da pecuária, seguindo pelo cultivo de grãos
em uma região com extensão territorial menor que os estados do Amazonas
e Pará (INPE, 2015, IBGE, 2019).
86 A JBS S.A. é uma empresa brasileira fundada em 1953. É o maior frigorífico do setor de carne bovina do
mundo. A companhia opera no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango e no processa-
mento de couros.
260
humana do estado. Pela análise é possível destacar que das oito microrregiões
do estado, cinco possuem o índice de concentração per capita de bovinos acima
do percentual populacional: 1º) São Francisco (18,27%), 2º) Jaru (14,15%), 3º)
Ariquemes (13,86%), 4º) Rolim de Moura (11,71%) e 5º) Vilhena (10,06%).
A regional de São Francisco é a menor região populacional de Rondônia, com
isso, a proporção de produção bovina acentua-se superior a quatro vezes em
relação a população local.
87 Esse setor compreende apenas as atividades relacionadas a criação animal, produção agrícola e
produção extrativa.
262
88 Compreende a criação de bovinos, ovinos, caprinos, bufalinos para corte e leite, e a criação de equinos e suínos.
89 Compreende o abate em matadouros e frigoríficos. A produção de carne verde, congelada e frigorificada
de bovinos, ovinos, caprinos, bufalinos e equídeos, em carcaças ou em peças. A preparação de produtos
de carne e de conservas de carne e de subprodutos quando integrada ao abate. A obtenção e tratamento
de subprodutos do abate como: couros e peles sem curtir, lãs de matadouro, dentes, ossos, produção de
óleos e gorduras comestíveis de origem animal, produção de couros e peles.
90 Divisão de microrregiões em Rondônia feita pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/ME).
91 Nova Brasilândia D’Oeste, São Miguel do Guaporé, Alvorada D’Oeste, Seringueiras;
92 Ariquemes, Machadinho D’Oeste, Rio Crespo, Alto Paraiso, Cacaulândia, Monte Negro, Vale do Anari;
93 Alta Floresta D’Oeste, Cacoal, Espigão D’Oeste, Rolim de Moura, Santa Luzia D’Oeste, Alto Alegre dos
Parecis, Novo Horizonte D’Oeste;
94 Cabixi, Cerejeiras, Colorado D’Oeste, Corumbiara, Pimenteiras D’Oeste;
95 Costa Marques, Guajará-mirim, São Francisco do Guaporé;
96 Jaru, Ji-Paraná, Ouro Preto D’Oeste, Presidente Médici, Governador Jorge Teixeira, Mirante da Serra, Nova
União, Teixeirópolis, Theobroma, Urupá, Vale do Paraiso;
97 Porto Velho, Nova Mamoré, Buritis, Campo Novo de Rondônia, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã D’Oeste;
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 263
continuação
Microrregiões90 Vínculos de emprego Total de Participação dos Média salarial
de Rondônia pelos setores empregos setores pecuária e paga pelos setores
pecuária e abate gerados abate nos vínculos pecuária e abate
totais de emprego
Vilhena98 5.550 33.671 16,48% 1.774,73
Rondônia 21.894 345.135 6,34% 1.663,73
Brasil 1.003.390 46.631.115 2,15% 1.709,37
98 Pimenta Bueno, Vilhena, Chupinguaia, Parecis, Primavera de Rondônia, São Felipe D’Oeste.
264
99 Campo de reflexão sobre os fundamentos éticos das nossas ações em relação à natureza e aos seres não
humanos. É a especialidade da ética que atende a questões como: justifica-se uma atividade que criará
empregos, mas provocará a extinção de espécies ou provoca a morte de animais? (FLORIT, 2016.)
100 A senciência, ou a capacidade para sentir, é o potencial de receber e reagir a um estímulo de forma cons-
ciente, experimentando-o a partir de dentro. Isto é, ter a capacidade de responder a sensação de emoção,
dores etc. Para vários autores, é uma característica definidora das categorias de seres com os quais teríamos
responsabilidade moral.
101 Richard Hood Jack Dudley Ryder, é um psicólogo britânico, que despertou a atenção ao se posicionar contra
os testes com animais. Após desenvolver estudos com pesquisa animal, se tornou um dos pioneiros no
movimento de libertação animal.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 265
“linhas de desmontagem animal”, que no caso dos bovinos, inicia após o abate
(GRAVA 2013; SILVEIRA, 1999).
Em termos proporcionais, em muitas regiões brasileiras, a quantidade de
bovinos abatidos pode ser equiparada ou superada à quantidade populacional
daquela região, fato que foi estudado e denominado por Florit e Grava (2016)
em um estudo realizado em Santa Catarina, de Índice de abate per capita.
Para os autores, o índice de abate per capita aponta a densidade de animais
abatidos em um território, e os compara em relação ao tamanho populacional
da mesma região. Esse índice se diferencia dos cálculos que expressam o peso
total das carcaças, o que não revela a quantidade dos abates. Assim, o índice
de abate per capita de um território pode ser considerado como um indicador
de especismo do padrão de desenvolvimento predominante naquele território.
A partir desta premissa, foi levantado em Rondônia e nos demais estados
da região Norte este indicador, com base nas informações do Sistema IBGE
de Recuperação Automática (SIDRA) no ano de 2019.
continuação
Animais abatidos Total da % Populacional Abate
em 2019 população per capita
Acre 416.498 733.559 0,38% 0,57
Amapá -- 669.526 0,35% --
Amazonas 247.259 3.483.985 1,83% 0,07
Pará 2.407.912 7.581.051 3,97% 0,32
Roraima 82.553 450.479 0,24% 0,18
Rondônia 2.392.309 1.562.409 0,82% 1,53
Tocantins 1.032.557 1.383.445 0,73% 0,75
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ACOSTA, A. Extrativismo e Neoextrativismo: duas faces da mesma mal-
dição. In: Descolonizar o imaginário: debates sobre pós-extrativismo
e alternativas ao desenvolvimento. São Paulo: Fundação Rosa Luxem-
burgo, 2016. 475, p.
www.researchgate.net/publication/228055693_Eco-dependency_in_Latin_
America. Acesso em: 10 jun. 2018.
102 Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus prof. Francisco Gonçalves Quiles, Cacoal.
103 Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus prof. Francisco Gonçalves Quiles, Cacoal.
104 Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus prof. Francisco Gonçalves Quiles, Cacoal.
105 Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus prof. Francisco Gonçalves Quiles, Cacoal.
276
1) Artesanato:
2) Gastronomia:
3) Moda:
4) Educação:
organização, tem-se além das próprias motivações das mulheres (busca por
igualdade, representatividade, melhores condições de vida), o apoio e incen-
tivo de instituições internacionais, com por exemplo acontece com algumas
organizações indígenas no Brasil.
Nesse contexto, a adesão das mulheres indígenas em organizações e
movimentos pode ser pensada como um rito de passagem do mundo privado
para o mundo público, colocando o sujeito frente a novas relações de poder
e, consequentemente, de tensão no interior da família, do local de trabalho,
nas relações de afeto e vizinhança.
de ser membro de uma minoria, nos referindo aos povos indígenas, e ainda
mulher, onde as lutas de gênero estão presentes em praticamente todas as
organizações sociais, seus desafios se mostraram intensos.
Mindlin (1985), definiu o cotidiano das mulheres Suruí, em relação ao
artesanato, no início da década de 1980: “mesmo sem cozinhar as mulheres
Suruí estão sempre ocupadas. Talvez por isso só elas usem o “Akapê”, a esteira
pequena onde se sentam na casa, no metare ou no pátio; os homens se sentam
nas redes ou nos troncos. A qualquer hora do dia ou da noite fazem colares.
Estes podem ser só de contas de tucumã, de contas de dentes de macaco e
casco de tatu, de pelos de ouriço-cacheiro, de favas do mato.”
Gostam de produzir peças com penas, mas agora é uma produção limitada,
em virtude de problemas na comercialização.
Muitas famílias não têm renda fixa; sobrevivem da venda de produtos da
roça e coleta de frutos. Para algumas mulheres (maioria das entrevistadas), a
renda obtida com o artesanato, apesar de não ser um valor expressivo, “con-
tribui bastante” para a compra de gêneros alimentícios, produtos de higiene
e beleza e vestuário, como as mulheres da aldeia Amaral. Algumas ajudam
os filhos na faculdade, como algumas da aldeia Lapetanha.
A pesquisa evidenciou que, antes da abertura da loja de arte Paiter, as
artesãs ofereciam seus produtos para os turistas e visitante que iam nas aldeias.
Algumas artesãs saem das aldeias para participar de feiras e eventos, mas não é
costume que elas assim o façam. Devido as ações do projeto, durante a pesquisa
foi possível encontrar mulheres que já viajaram ao exterior expondo suas peças,
visitando a Europa e a América. Com o funcionamento da loja, as mulheres dei-
xam as peças em consignação, recebendo o pagamento tão logo sejam vendidas.
A procura por artesanato nas aldeias, de acordo com a opinião das entre-
vistadas, é boa; algumas mulheres já têm uma clientela fiel, que as procura
em busca de peças únicas. Elas gostam desse comércio, pois por meio dele
conhecem e convivem com pessoas diferentes do seu meio, além da satisfação
de ver seus produtos sendo elogiados e levados para os mais diversos locais
do Brasil e do mundo.
Apesar do orgulho de fabricar peças autênticas, cujo valor reside nas pro-
priedades culturais e intelectuais, e que não podem ser reproduzidas em escala, as
286
mulheres indígenas não assumem nenhum papel de liderança dentro das aldeias.
Culturalmente, as mulheres Suruí não são iguais aos homens, não estão em
nenhuma chefia institucionalizada, não participam das decisões (MIDLIN, 1985).
Para a sociedade não indígena, a forma de organização dos Paiter Suruí
pode parecer machista. Mas ambos, homens e mulheres Paiter Suruí, têm
suas responsabilidades. As mulheres são empoderadas, na medida em que
são as grandes mantenedoras de suas tradições, são quem estão presentes no
dia a dia da aldeia, são quem estão na frente ensinando os filhos e garantido
a sobrevivência de toda essa cultura (JESUS, 2017). Dessa forma, agindo nos
bastidores, vão sendo interlocutoras entre a comunidade e as lideranças, sem
precisar exercer nenhum papel de destaque. Há aquelas que almejam mais,
aquelas que são mais politizadas. De acordo com as entrevistadas, os homens
estão aprendendo a respeitar suas vontades, apoiam nas decisões de viajar
para participar de capacitações e se sentem satisfeitos ao vê-las produzindo
e vendendo suas peças artesanais.
Com a efetiva execução do projeto, as mulheres indígenas participaram
de capacitações e receberam os kits de ferramentas para auxiliar na fabricação
de suas peças. Isso proporcionou um incremento na produção de suas peças,
com uma maior qualidade e com mais facilidade, proporcionada pelo uso de
Considerações finais
Verificou-se que as mulheres indígenas Paiter Suruí estão cada vez mais
participando de encontros e oficinas, interessadas em crescer. Há casos de
mulheres que viajaram para o exterior e levaram peças para vender. Algumas
preferem a forma tradicional de viver, quietas em suas casas, fazendo seu
artesanato e vendendo para visitantes. Outras, aproveitam a oportunidade de
sair, de vir na cidade, para divulgar seus produtos. Algumas utilizam a inter-
net e outras já têm uma clientela fiel, que as procura quando quer adquirir as
peças. Além de todos esses recursos, ainda podem contar com a consignação
da loja de artes, que logo estará funcionando normalmente.
A organização dessas mulheres, visando sua autonomia e visibilidade,
necessita de um apoio maior por parte do poder público, talvez com ações
dos Conselhos de Mulheres e de órgãos como o SEBRAE, através de outras
capacitações, estudos de mercado e orientações sobre a loja e comercialização.
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290
REFERÊNCIAS
BSORATTO, R. B.; TRIERWEILLER, A. C.; ANGELON, M. P.; VELOSO,
G. C. Economia Criativa: levantamento sistemático da produção científica na
área do design de moda. In: Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial
e Meio Ambiente. 2016.
“no lugar do homem como sujeito universal, uma visão crítica de DHAA
deve reconhecer a centralidade dos sujeitos coletivos como elementos fun-
damentais dentro dessa dinâmica conflituosa das demandas relacionadas
ao direito à alimentação. Daí a relevância de reconhecer a legitimidade –
discursiva e jurídica – da pluralidade das diferentes formas de produção,
circulação e produção de alimentos, ainda que externas à lógica neoliberal
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108 O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA foi criado pela Lei nº 10.686 de
28 de maio de 2003 e foi regulamentado pela Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, conhecida como
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN, que também criou o Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN e a governança para a gestão das políticas públicas.
298
109 Art. 3o A PNSAN tem como base as seguintes diretrizes, que orientarão a elaboração do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional: [...] II – promoção do abastecimento e estruturação de sistemas sustentáveis
e descentralizados, de base agroecológica, de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos.
110 Art. 4o Constituem objetivos específicos da PNSAN: [...] III – promover sistemas sustentáveis de base
agroecológica, de produção e distribuição de alimentos que respeitem a biodiversidade e fortaleçam a
agricultura familiar, os povos indígenas e as comunidades tradicionais e que assegurem o consumo e o
acesso à alimentação adequada e saudável, respeitada a diversidade da cultura alimentar nacional.
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 299
REFERÊNCIAS
ABRANDH. O direito humano à alimentação adequada e o sistema nacional
de segurança alimentar e nutricional. In: LEÃO, M. Brasília: 2013. 263 p.
Alocação de recursos 88, 90, 92, 93, 94, 97, 98, 100, 102
Ambiente 3, 4, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 25, 26, 28, 31, 50, 51,
52, 54, 55, 58, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 70, 71, 73, 74, 76, 77, 78, 101, 108, 113,
118, 119, 120, 123, 128, 137, 145, 155, 157, 159, 171, 175, 178, 179, 181,
183, 184, 185, 186, 187, 189, 190, 191, 192, 194, 195, 197, 198, 199, 200,
208, 215, 216, 217, 224, 227, 229, 230, 231, 232, 234, 241, 244, 247, 255,
270, 277, 280, 291, 297, 300, 302, 303
Animais 11, 15, 18, 19, 20, 26, 29, 31, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58,
66, 67, 72, 74, 75, 89, 135, 136, 137, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 146,
147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 156, 157, 158, 159, 173, 190, 197,
199, 221, 247, 259, 260, 264, 265, 266, 267, 269, 271
B
Bioética 3, 4, 7, 8, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 27, 29, 30, 31,
33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 46, 47, 49, 51, 52, 63, 78, 87, 88, 89,
90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 102, 103, 107, 115, 116, 118, 119,
120, 128, 135, 137, 149, 150, 151, 153, 171, 179, 180, 181, 182, 184, 186,
187, 188, 204, 205, 207, 208, 209, 215, 216, 217, 218, 219, 221, 222, 223,
224, 225, 297, 308
Bioética ambiental 4, 7, 8, 11, 12, 15, 21, 22, 23, 27, 29, 30, 31, 40, 51, 118,
135, 137, 149, 150, 151, 182, 184, 186, 204
310
Brasil 3, 7, 19, 20, 21, 31, 46, 54, 55, 57, 59, 60, 65, 73, 87, 88, 89, 90, 91,
92, 93, 95, 96, 97, 98, 100, 103, 118, 131, 136, 139, 140, 142, 143, 145, 150,
152, 153, 154, 157, 159, 171, 174, 209, 211, 215, 216, 217, 218, 219, 220,
221, 222, 224, 225, 227, 228, 229, 231, 232, 234, 243, 245, 250, 254, 255,
257, 258, 259, 261, 262, 263, 265, 266, 267, 268, 269, 270, 272, 273, 275,
276, 278, 279, 281, 282, 285, 287, 290, 291, 296, 297, 298, 299, 301, 305,
306, 307
Brasileira 29, 58, 89, 93, 94, 96, 97, 102, 118, 149, 152, 153, 154, 155, 156,
184, 185, 215, 219, 224, 251, 254, 257, 259, 263, 266, 267, 268, 269, 270,
272, 273, 275, 280, 285, 288, 299
C
Clima 59, 64, 67, 119, 160, 165, 171
Comunidades 45, 46, 55, 64, 65, 67, 68, 73, 77, 87, 108, 109, 117, 121, 123,
124, 129, 139, 159, 172, 177, 179, 181, 215, 216, 217, 223, 272, 282, 285,
298, 304
Consequências 20, 22, 27, 49, 53, 54, 57, 73, 87, 88, 109, 117, 128, 130,
D
Decisão 50, 51, 88, 92, 93, 95, 97, 99, 100, 102, 103, 123, 124, 125, 142,
162, 181, 242, 283
Desenvolvimento 8, 12, 16, 17, 18, 22, 23, 24, 26, 27, 52, 56, 63, 66, 100,
101, 107, 108, 109, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 121, 122, 128, 129, 132,
136, 149, 157, 159, 160, 166, 171, 173, 179, 180, 184, 185, 186, 188, 190,
191, 192, 194, 218, 220, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 238, 239,
240, 243, 251, 253, 254, 255, 256, 257, 261, 263, 264, 265, 266, 267, 268,
269, 270, 272, 273, 275, 277, 278, 279, 281, 284, 285, 290, 293, 297, 299,
300, 303, 304, 306, 307
Desenvolvimento humano sustentável 227, 229, 230, 232, 233
Desenvolvimento sustentável 12, 16, 18, 22, 118, 179, 180, 228, 229, 230,
231, 232, 233, 234, 240, 279, 284, 290, 299, 300, 303, 307
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 311
Desmatamento 8, 12, 50, 53, 54, 55, 57, 59, 101, 161, 171, 172, 174, 175,
176, 179, 181, 182, 220, 221, 267
Diálogo 17, 20, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 63, 76,
79, 118, 119, 129, 181, 182, 186, 281, 297, 306
Direito 9, 12, 15, 17, 19, 22, 31, 49, 66, 88, 93, 96, 97, 114, 115, 116, 118, 126,
127, 128, 129, 135, 141, 144, 145, 149, 152, 154, 155, 156, 162, 169, 178, 185,
215, 222, 268, 293, 294, 295, 296, 297, 298, 300, 304, 306, 307, 308
Direito humano à alimentação adequada 293, 294, 295, 297, 298, 306, 307
Direitos humanos 7, 20, 22, 29, 31, 51, 93, 94, 99, 100, 115, 118, 119, 121,
126, 130, 133, 184, 215, 217, 222, 232, 294, 295, 297, 304, 306, 307, 308
Diretrizes 19, 20, 98, 297, 298, 299, 303, 305, 308
E
Ecologia integral 4, 12, 18
Economia 9, 15, 27, 52, 55, 58, 76, 88, 130, 160, 182, 232, 239, 243, 250,
251, 253, 254, 257, 262, 269, 271, 275, 276, 277, 278, 279, 280, 281, 282,
283, 285, 287, 288, 290
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Economia criativa 9, 275, 276, 277, 278, 279, 280, 281, 283, 285, 287,
288, 290
Edição genética 8, 187, 188, 189, 195, 197, 200, 209
Ética 8, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 27, 29, 30, 31, 33, 34, 35, 36,
38, 39, 40, 41, 42, 44, 45, 46, 47, 50, 51, 52, 58, 78, 88, 89, 91, 92, 93, 95,
97, 98, 99, 100, 108, 114, 117, 118, 119, 130, 136, 145, 154, 157, 159, 160,
161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 181, 182, 183, 184, 185, 188,
204, 206, 207, 219, 224, 232, 264, 270
Ética da responsabilidade 93, 98, 99, 100, 163, 164, 166, 167, 169
Exploração 26, 52, 99, 100, 157, 158, 166, 171, 172, 173, 174, 178, 180,
182, 218, 223, 240, 253, 256, 257, 264, 265, 268
F
Família 73, 76, 123, 124, 136, 195, 217, 237, 246, 249, 282, 283, 288, 302
Força 55, 70, 116, 163, 197, 218, 221, 241, 275, 303
H
Humanidade 16, 17, 18, 19, 49, 77, 100, 149, 150, 157, 158, 159, 160, 161,
163, 164, 166, 167, 168, 169, 170, 188, 219, 221, 222, 276, 277
312
I
Ilegal 137, 158, 174, 175, 177, 178
Indígenas 8, 12, 39, 45, 46, 52, 64, 65, 66, 67, 159, 173, 215, 216, 217, 218,
219, 220, 221, 222, 223, 225, 275, 276, 281, 282, 283, 284, 285, 286, 287,
288, 289, 290, 291, 295, 298
Inserção social 9, 275, 276, 287
L
Legislação 115, 137, 139, 140, 141, 144, 145, 146, 147, 148, 150, 166, 178,
238, 239, 242, 246, 247, 248, 249, 297, 306
Luta 18, 27, 67, 113, 122, 215, 218, 283, 291, 295
M
Meio ambiente 3, 4, 15, 16, 17, 21, 22, 50, 51, 52, 55, 58, 66, 78, 101, 108,
118, 119, 123, 159, 171, 175, 179, 181, 183, 184, 185, 186, 187, 189, 190,
191, 192, 194, 195, 197, 198, 199, 200, 208, 215, 217, 224, 227, 229, 230,
231, 232, 234, 247, 255, 277, 291, 297, 300, 302, 303
N
Natureza 4, 7, 11, 12, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 25, 26, 28, 31, 49, 50, 51,
52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 64, 65, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 77, 108, 110,
113, 151, 157, 158, 159, 160, 162, 163, 164, 168, 169, 170, 171, 180, 181,
187, 188, 192, 195, 196, 199, 206, 215, 243, 257, 258, 264, 281, 284
Necessidade 22, 27, 51, 64, 68, 72, 89, 95, 99, 113, 115, 124, 129, 136, 145,
158, 168, 180, 182, 189, 192, 198, 200, 219, 220, 232, 233, 241, 248, 264,
277, 286, 300, 301, 303
Neoextrativismo 8, 12, 253, 254, 256, 257, 267, 268, 269, 272
P
Pandemia 8, 11, 39, 54, 55, 56, 59, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 98,
99, 100, 101, 102, 103, 131, 157, 158, 159, 169, 217, 218, 219, 220, 223,
225, 232, 233, 301, 302, 307
BIOÉTICA, SAÚDE GLOBAL E MEIO AMBIENTE 313
Perspectiva 7, 11, 12, 15, 16, 18, 21, 24, 25, 27, 28, 30, 33, 35, 36, 37, 38,
39, 42, 45, 50, 66, 88, 89, 96, 97, 110, 115, 116, 137, 145, 153, 163, 171, 172,
179, 182, 216, 217, 219, 221, 222, 225, 234, 245, 293, 295, 298, 306, 308
Política 11, 16, 17, 20, 23, 27, 34, 37, 39, 40, 47, 65, 70, 76, 109, 115, 117,
122, 125, 127, 129, 130, 142, 146, 166, 167, 169, 173, 178, 179, 181, 193,
215, 216, 217, 219, 221, 222, 223, 227, 232, 233, 234, 242, 245, 248, 255,
270, 275, 276, 281, 282, 287, 293, 295, 298, 299, 302, 305, 306
Políticas públicas 8, 101, 107, 124, 146, 147, 148, 173, 227, 228, 229, 230,
231, 232, 233, 243, 245, 248, 251, 268, 277, 281, 295, 297, 298, 300, 301
População 7, 12, 19, 22, 54, 107, 108, 113, 117, 118, 121, 122, 123, 124,
125, 126, 127, 128, 129, 130, 132, 133, 154, 172, 173, 174, 176, 177, 181,
182, 192, 215, 217, 218, 221, 237, 246, 255, 257, 260, 261, 265, 266, 267,
268, 279, 281, 283, 289, 296, 299, 300, 301, 302, 304
Populações indígenas 215, 216, 219, 220, 222, 223
Precaução 22, 128, 165
Promoção da saúde 8, 12, 30, 121, 125, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233,
234, 235, 298, 300, 306, 308
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Proteção 12, 15, 21, 52, 54, 89, 92, 93, 99, 100, 115, 116, 120, 123, 128,
140, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 153, 158, 171, 173, 174,
178, 180, 184, 222, 284, 300, 301, 303
Prudência 128, 163
Q
Qualidade de vida 12, 20, 22, 23, 75, 76, 121, 126, 139, 178, 179, 218, 227,
230, 232, 234, 239, 275, 280, 282, 285, 297, 299, 304
Queimadas 53, 54, 55, 58, 171, 172, 173, 174, 175, 181, 183, 184, 185, 186
R
Recursos naturais 21, 22, 26, 52, 57, 89, 159, 169, 171, 179, 180, 182, 184,
186, 199, 217, 240, 253, 256, 257, 268, 277, 284, 297, 299
Responsabilidade 4, 7, 19, 22, 28, 49, 50, 51, 52, 53, 58, 68, 93, 98, 99, 100,
115, 118, 124, 136, 139, 140, 145, 149, 150, 151, 159, 160, 162, 163, 164,
166, 167, 168, 169, 170, 181, 184, 200, 206, 221, 230, 243, 264, 285, 297
S
Saúde 3, 4, 7, 8, 11, 12, 15, 19, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 42, 52,
53, 54, 55, 56, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 78, 87, 88, 89,
314
90, 92, 93, 95, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 107, 108, 109, 111, 112, 113,
114, 115, 116, 117, 118, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129,
131, 132, 133, 135, 136, 137, 145, 148, 150, 157, 182, 184, 203, 219, 220,
223, 224, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 239, 241, 247, 294,
295, 296, 297, 298, 300, 301, 302, 304, 306, 307, 308
Saúde global 3, 4, 7, 11, 12, 15, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 88, 89, 93, 100,
102, 108, 114, 116, 117, 124, 126
Segurança 17, 27, 55, 108, 112, 113, 114, 117, 127, 150, 190, 193, 229, 232,
240, 249, 293, 294, 295, 296, 297, 298, 299, 300, 301, 303, 304, 305, 306,
307, 308
Segurança alimentar 17, 229, 293, 294, 295, 296, 297, 298, 299, 300, 301,
303, 304, 305, 306, 307, 308
Serviços de saúde 12, 101, 122, 125, 127, 128, 129, 133, 300
Social 9, 15, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 30, 33, 39, 40, 43, 52,
57, 59, 63, 65, 66, 67, 69, 70, 72, 74, 76, 77, 83, 85, 88, 89, 93, 94, 99, 100,
101, 102, 113, 115, 116, 117, 121, 123, 124, 125, 127, 128, 129, 131, 135,
137, 159, 160, 166, 179, 182, 183, 215, 216, 218, 221, 222, 223, 229, 230,
W
World Health Organization 87, 91, 95, 103, 230, 231, 232, 235
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SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 11,5/12/16/18
Arial 7,5/8/9
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)