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da artista e o leve consigo. Uma ação de destruição coletiva perante um corpo feminino
vulnerável e uma consequente memória deste ato simbolizada no tecido cortado.
Ação esta que naturalmente despoletou variadas reações do público que por vezes agia
educadamente e com alguma sensibilidade e outras vezes recorria à agressividade
rasgando o tecido de forma violenta expondo o corpo de Yoko Ono.
Aqui o espectador é parte da criação da obra, que pode ser vista como uma
experiência emancipadora para o público, como nos propõe Jacques Rancière (2012):
A emancipação, por sua vez, começa quando se questiona a oposição entre olhar
e agir, quando se compreende que as evidências que assim estruturam as relações
do dizer, do ver e do fazer pertencem à estrutura da dominação e da sujeição. (p.
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trocar a posição de espectador passivo pela de inquiridor ou experimentador
científico que observa os fenômenos e procura suas causas. (Rancière, 2012;
p.10)
À luz de Art as Experience, John Dewey (1980) remete-nos para a ideia de que a
experiência estética é uma interação entre o espectador e a obra de arte, com ênfase na
continuidade entre quotidiano e arte. O mesmo nos mostra Yoko Ono que tem por base
dos seus trabalhos o trazer para a sua arte tanto elementos do quotidiano como ações e
temas, como podemos observar com o objeto tesoura trazido para esta performance e a
ação de cortar tecido, ou menos natural (mas extremamente necessário) o ato de
violentar outro alguém, traduzido no ato de destruir as suas roupas, expondo-o à
vulnerabilidade.
A mensagem que Ono nos quer trazer só é possível existindo público e uma
troca diretamente física entre a artista e o espectador, uma relação, uma troca de energia
e significados. Para esta relação podemos ler a citação que se segue.
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sociedade. Seguindo o exemplo de Dewey, faremos a análise em sentido inverso,
analisamos os insucessos do passado para não os repetirmos no futuro.
But the live creature adopts its past; it can make friends with even its
stupidities, using them as warnings that increase present wariness. Instead of
trying to live upon whatever may have been achieved in the past, it uses past
successes to inform the present. Every living experience owes its richness to
what Santayana well calls “hushed reverberations. (Dewey, 1980; p.18)
Esta imagem criada por Cute Piece, de uma mulher com roupa rasgada, que
chega a permanecer nua em palco, alvo de violência de terceiros, desafia as expectativas
visuais, criando, através da instalação do desconforto, reflexões sobre a objetificação,
identidade e vulnerabilidade do corpo. John Berger, em Ways of Seeing (1972),
argumenta que a forma como vemos as imagens molda a nossa compreensão do mundo.
Sendo assim essencial o trabalho desenvolvido por Ono para que se possa observar
questões de extrema importância, chocar o público com as suas imagens e assim
progredir na evolução enquanto seres humanos em sociedade.
Berger explora a relação entre a imagem e o espectador, destacando como a
visão é influenciada por contextos culturais e sociais. Acrescenta ainda que “The
relation between what we see and what we know is never settled.” há então uma
necessidade em atribuirmos significados, vermos e revermos, sermos estimulados e
pensarmos em coletivo acerca das imagens que nos são apresentadas.
Sob a ótica de "Ways of Seeing" de John Berger, Cut Piece desafia as normas
estabelecidas da representação feminina na arte. A obra subverte as expectativas de
voyeurismo ao transformar o ato de cortar numa metáfora poderosa para a violação do
corpo feminino, convidando assim o espectador a confrontar as suas próprias atitudes
em relação à objetificação e controlo. Yoko Ono cria uma narrativa visual que ultrapassa
as fronteiras culturais, desafiando estruturas de poder enraizadas na sociedade.
Para concluir, é fundamental destacar a profundidade e complexidade da obra
Cut Piece, esta transcende as fronteiras convencionais da arte, desafiando não apenas as
noções tradicionais de autoria, mas também as expectativas sobre a participação do
espectador.
Através da lente deste, a obra rompe com a passividade comum associada à
experiência artística. Em Cut Piece, o espectador é convidado a desempenhar um papel
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ativo, tornando-se parte integrante ao decidir o ritmo e a extensão da intervenção, o que
reflete uma abordagem mais democrática e colaborativa para a produção de arte,
permitindo assim que a audiência influencie diretamente o significado e a forma da
obra, que vai mutando juntamente com a mudança dos espectadores.
Cut Piece oferece uma jornada única, a interação física e emocional entre o
performer e o espectador transcende a mera observação estética, transformando-se numa
vivência intensa e até desconfortável. A experiência sensorial desafia as convenções
tradicionais da apreciação artística ao convidar todos os participantes a refletir sobre a
obra, mas também sobre a sua própria relação com o corpo, a vulnerabilidade e o poder.
Em síntese, a obra não é apenas uma obra de arte, mas um convite à reflexão
profunda sobre a natureza da participação do espectador, a experiência artística e as
formas de ver. Yoko Ono desafia as convenções ao empoderar o público a envolver-se
ativamente na criação do significado, acabando por redefinir as fronteiras entre o artista,
a obra e o observador.
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Referências Bibliográficas
Bibliografia Secundária:
https://www.p55.art/blogs/p55-magazine/como-artista-yoko-ono-mudou-arte-
contemporanea
https://harpersbazaar.uol.com.br/cultura/bazaarart-entre-as-performances-
historicas-yoko-ono/
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Apresentação oral:
Opção 1:
Prezados colegas e professores, boa tarde.
É com grande entusiasmo que hoje vos apresento uma análise aprofundada da obra "Cut Piece"
de Yoko Ono, uma figura multifacetada e influente nas artes cénicas contemporâneas. Esta
performance, realizada pela primeira vez em 1964, não só desafia as convenções artísticas
estabelecidas, mas também propõe uma experiência única de interação entre a artista e o
público.
Yoko Ono destaca-se no cenário artístico internacional por seu papel proeminente no
conceptualismo, na performance, no cinema e na música experimental. Sua abordagem
inovadora transcende as fronteiras tradicionais da arte, desafiando a separação entre arte e
quotidiano. A sua postura notoriamente sócio-crítica a envolveu em várias causas sociais e
políticas, tornando-se uma figura influente no movimento feminista e na vanguarda artística e
cultural do século XX.
A obra "Cut Piece" é emblemática e reveladora das preocupações de Yoko Ono. Realizada em
1964, em meio à Guerra do Vietnã e aos movimentos feministas e pacifistas, a performance
propõe uma experiência única ao público. Sentada imóvel no palco, Ono convida os
espectadores a cortarem pedaços de sua roupa, desafiando a integridade física e privacidade do
corpo feminino. Essa ação coletiva provocou diversas reações, desde atos educados até
momentos de agressividade, expondo a vulnerabilidade do corpo de Ono.
A participação ativa do público em "Cut Piece" é crucial para a compreensão da obra. Yoko
Ono desafia a ideia do espectador passivo, propondo um poder de ação e produção de sentido. A
performance emancipa o público ao descentralizar a autoridade do artista, desafiando as
hierarquias estabelecidas entre artistas e espectadores.
Ao analisarmos a obra à luz das teorias de Jacques Rancière e John Dewey, percebemos a
importância da participação ativa na criação de significado. "Cut Piece" promove uma
experiência emancipadora, estimulando o espectador a questionar as estruturas de dominação e
sujeição presentes na sociedade.
A abordagem de Yoko Ono, que incorpora elementos do quotidiano e temas relevantes, destaca-
se também na análise de John Berger. A obra desafia as normas da representação feminina na
arte, convidando o espectador a refletir sobre questões como objetificação, identidade e
vulnerabilidade do corpo feminino.
Em síntese, "Cut Piece" não é apenas uma obra de arte, mas um convite à reflexão profunda
sobre a natureza da participação do espectador. A interação física e emocional entre a artista e o
público transcende a mera observação estética, transformando-se numa vivência intensa e
desconfortável. Yoko Ono redefine as fronteiras entre o artista, a obra e o observador,
proporcionando uma experiência única e provocativa que desafia as normas estabelecidas na
apreciação artística contemporânea.
Muito obrigada pela vossa atenção. Estou disponível para responder a eventuais questões e
discutir este fascinante trabalho de Yoko Ono.
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Senhoras e senhores, distinguidos membros do corpo docente e colegas estudantes,
É uma honra apresentar-vos uma análise da figura influente e complexa no campo da arte
contemporânea, Yoko Ono. Yoko Ono transcende várias disciplinas artísticas, desempenhando
um papel proeminente no conceptualismo, na performance, no cinema experimental e na música
a nível internacional. As suas contribuições tiveram um impacto significativo na arte
performativa feminista e influenciaram a vanguarda artística e cultural do século XX.
Yoko Ono, conhecida pela sua postura sócio-crítica, envolveu-se ativamente em várias causas
sociais e políticas, incluindo protestos anti-guerra, movimentos feministas e defesa dos direitos
humanos. A sua visão desafia os modelos sociais tradicionais e critica fortemente os valores
patriarcais, trazendo vida para a arte e borrando as fronteiras entre a expressão artística e a vida
quotidiana. Através da sua abordagem inovadora, experimental e provocativa, Ono ultrapassa
limites, sugerindo que a arte não está confinada a espaços institucionais, mas pode tornar-se
parte integrante da nossa experiência diária.
Uma das suas obras inovadoras é "Cut Piece" (1964), uma performance que tem grande
significado na história da arte contemporânea e cultural. Esta obra não apenas quebra as
convenções artísticas estabelecidas, mas encapsula as transformações sociais e culturais da
década de 1960, marcada pela Guerra do Vietname, pelos movimentos pelos direitos civis,
globalização da arte, protestos e movimentos feministas.
Em "Cut Piece", Yoko Ono convida ativamente o público a participar na criação da obra,
desafiando as noções tradicionais de espectador passivo. Inspirada por Jacques Rancière, a
audiência torna-se uma parte integral da experiência, com o poder de agir e produzir
significado. A performance visa emancipar o espetador, questionando as hierarquias
estabelecidas entre artistas e público.
A inversão de papéis por parte de Ono, ao assumir uma posição aparentemente passiva no palco
enquanto a audiência se torna o ator, desafia a ideia do espetador passivo. A audiência não está
apenas a observar; está ativamente envolvida, intelectual e fisicamente. A intenção de Ono é
sensibilizar para questões urgentes como feminismo, objetificação do corpo feminino, violência
e humilhação contra as mulheres.
À luz de "A Arte como Experiência" de John Dewey, Ono destaca a interação entre o espetador
e a obra de arte, unindo o quotidiano à arte. "Cut Piece" incorpora elementos do quotidiano,
como tesouras, e aborda temas que são tanto naturais como desconfortáveis, refletindo a
essência das ideias de Dewey sobre a experiência estética.
O trabalho de Yoko Ono desafia os espetadores a refletir sobre atos passados de violência contra
as mulheres e incentiva uma contemplação coletiva. Ao analisar os insucessos passados,
conforme sugerido por Dewey, podemos evitá-los no futuro. "Cut Piece" cria uma imagem
poderosa de uma mulher, suas roupas rasgadas, exposta à violência, desafiando expectativas
visuais e provocando reflexões sobre a objetificação, identidade e vulnerabilidade do corpo
feminino.
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Através da ótica de "Formas de Ver" de John Berger, a obra desafia as normas estabelecidas da
representação feminina na arte, subvertendo as expectativas voyeurísticas. A narrativa visual de
Ono atravessa fronteiras culturais, desafiando estruturas de poder enraizadas na sociedade.
Em conclusão, "Cut Piece" é uma obra profunda e complexa que vai além das fronteiras
artísticas convencionais. Desafia não apenas as noções tradicionais de autoria, mas também as
expectativas em relação à participação do espetador. A audiência não é apenas um observador
passivo; desempenha um papel ativo na construção do significado e da forma da obra. Yoko
Ono redefine as fronteiras entre o artista, a obra e o observador, oferecendo uma jornada única e
intensa que convida à reflexão profunda sobre a participação do espetador, a experiência
artística e as formas de ver.
É com grande entusiasmo que apresento uma análise sobre a figura complexa e influente no
mundo das artes cénicas, Yoko Ono. Com um papel proeminente no conceptualismo, na
performance, no cinema e na música experimental a nível internacional, Yoko Ono destaca-se
como uma artista multifacetada que deixou um impacto significativo no trabalho artístico
performativo feminista e na vanguarda artística e cultural do século XX.
A estética única do trabalho de Ono destaca-se pela ênfase na participação do público nas suas
performances e instalações, bem como no desafio às expectativas relacionadas com a
integridade física e a privacidade do corpo humano. Esta abordagem desconstrói a visão
tradicional da arte, enquanto também aborda questões feministas, desafiando representações
convencionais da mulher nas artes e na sociedade. Yoko Ono, por si mesma, torna-se um
símbolo forte e influente na cena artística.
Com uma abordagem inovadora, experimental e provocativa, Yoko Ono ultrapassa limites,
desafiando normas estabelecidas e explorando novas formas de expressão artística e social. Um
exemplo marcante do seu trabalho é "Cut Piece" (1964), uma performance que não só rompe
com as convenções artísticas, mas encapsula as transformações sociais e culturais da década de
1960.
"Cut Piece" é uma obra de grande significado na história da arte contemporânea, destacando-se
pelo impacto visual e pela abordagem inovadora em relação à participação do público.
Realizada pela primeira vez a 20 de julho de 1964, no Yamaichi Concert Hall em Quioto, Japão,
a performance envolve Yoko Ono sentada e imóvel, com um par de tesouras à sua frente. O
público é convidado a subir ao palco, cortar um pedaço da roupa da artista e levar consigo,
resultando numa ação de destruição coletiva perante um corpo feminino vulnerável, simbolizada
nos tecidos cortados.
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deixa que o público busque o conhecimento e encurte a ignorância, promovendo uma
experiência emancipadora que desafia as hierarquias entre artistas e espetadores.
Seguindo a filosofia de Rancière, Ono inverte os papéis tradicionais, tornando-se uma figura
aparentemente passiva no palco, habitando o local do espectador, enquanto o público se torna o
ator. O espectador é chamado a abandonar a passividade e tornar-se um inquiridor ativo,
questionando as normas estabelecidas.
A performance também é uma chamada de atenção para questões urgentes, como o feminismo,
a objetificação do corpo feminino, a violência e a humilhação. Através de "Cut Piece", Yoko
Ono pretende "produzir uma forma de consciência, uma intensidade de sentimento, uma energia
para a ação," conforme sugerido por Rancière, contribuindo assim para a aproximação da
igualdade de géneros.
Em síntese, "Cut Piece" não é apenas uma obra de arte, mas um convite à reflexão profunda
sobre a natureza da participação do espetador, a experiência artística e as formas de ver. Yoko
Ono desafia as convenções ao empoderar o público a envolver-se ativamente na criação de
significado, redefinindo as fronteiras entre artista, obra e observador. A obra oferece uma
jornada única, intensa e desconfortável, desafiando as convenções tradicionais da apreciação
artística e convidando todos os participantes a refletir sobre o corpo, a vulnerabilidade e o
poder.
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