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Introdução à

Teologia
Continuação
4. As áreas da Teologia
Há grande diversidade de abordagem nesse
campo, sendo por isso, interessante a separação
em áreas.
4.1. Teologia fundamental
Lança as bases do conhecimento teológico e
reflete sobre o fato constituinte da realidade
cristã: Deus se automanifestou, e a plenitude de
seu projeto salvífico se cumpriu em Cristo.
Explicita o ato de crer em suas diversas
dimensões:
• de razoabilidade e mistério;
• de liberdade e necessidade;
•de conhecimento e compromisso etc.
É a área da teologia mais próxima ao diálogo com
as ciências e outras formas de saber humano, em
compreender os elementos que forjam a
mentalidade contemporânea.
Engloba também as grandes questões da fé,
estabelecendo conexão com o conteúdo cristão.
Privilegia fortemente a experiência existencial e
religiosa, buscando inserir a fé.
Parte da Revelação, que encontra na carne e na
linguagem de Jesus sua plenitude, seguindo para
os elementos constitutivos da fé e seus graus de
explicitação.
Sua reflexão também focaliza sobre as condições
da experiência de fé em determinado contexto
sócio-histórico e cultural. Cabe ainda e essa área
descortinar como se faz o processo de
interpretação do evento cristão, na relação viva
entre Revelação, Fé, Escritura, Tradição e Sinais
dos Tempos.
4.2. Teologia Bíblica
Joseph Fitzmyer diz que as escrituras são a alma
da Teologia. Nesse sentido, essa vertente dos
estudos teológicos se preocupará de examinar a
Bíblia. Várias disciplinas se relacionam com essa
tarefa, tais como:
▪Introdução geral
▪Línguas bíblicas (Hebraico, Aramaico e Grego)
▪Arqueologia
▪ Literaturas antigas
▪ Exegese: Esta inclui crítica textual, análise
literária (por meio das tradições, história das
formas e história da redação) e crítica histórica.
A exegese, por si só, não se constitui
propriamente teologia, pois não trata
diretamente do sentido da fé.
A teologia bíblica, por sua vez, resgata não
somente o ambiente cultural que cerca a Bíblia,
por meio da filologia, história das mentalidades e
dos mitos, mas também o ambiente vital da
comunidade crente, os traços da experiência de
Deus e o significado da Palavra de Deus para o
fiel.
4.2.1. Perspectivas da teologia bíblica
a) Leitura sociológica.
Compreende o texto a partir do contexto
sociopolítico e econômico. Busca as estruturas
sociais, destacando as ideologias em conflito,
tanto na sociedade como no texto bíblico. Ajuda a
libertar a teologia bíblica de interpretações
idealistas e espiritualistas. Porém, corre o risco de
deixar de ser teologia.
b) Leitura sob a ótica da "história das
mentalidades".
Está ligada a uma tendência pertencente a uma
área chamada de Historiografia, ao acentuar o
influxo da cultura, da compreensão dos fatos,
especialmente na vida: cotidiana, sobre os textos.
Ainda desenvolveu-se pouco nos estudos bíblicos.
c) Análise de estrutura:
Parte do texto, tal como está, procurando
perceber-lhe a estrutura superficial e profunda.
Método propício para estudo orientado, realiza-se
em grupos ou pessoalmente. Ao contrário do
corte sincrônico da história da redação, que
busca,às vezes em vão, distinguir minuciosamente
camadas de textos,ela adota procedimento
sincrônico.
Considera o texto como unidade,conjunto
estruturado em ordem a transmitir uma
mensagem.Quando tomado de forma absoluta,
por meio da análise estrutural, prescinde da
história do texto e sua gênese.
Alguns que se servem deste método limitam a
interpretação do texto à tarefade identificar a
estrutura literária do texto e sua lógica de
oposição.
d) Estudo dos temas centrais: selecionam-se os
principais temas e assuntos dos livros em
questão, enfocando-os sob esta chave. O estudo
temático intenta compreender o texto com
algumas categorias globalizantes e unificadoras.
e) Análise setorizada:
Consiste no procedimento de analisar um tema
ou um relato do livro bíblico em questão,
servindo-se da exegese e de outros instrumentais
das ciências bíblicas. Tem a vantagem de mostrar
a originalidade de uma perícope ou capítulo,
apresenta a desvantagem de se tomar enfadonha
para os alunos do bacharelado.Aprofunda um
aspecto, à custa da perda da visão geral.
A exegese bíblica, em âmbito internacional,
parece ser o setor em que mais se investiga com
liberdade de opinião. Entretanto, os resultados
das pesquisas são, muitas vezes, vistos com
suspeita. Não falta quem acuse os biblistas de
responsáveis pelo desabamento da fé do povo,
devido à leitura crítica e desmitologizante dos
textos. Na América Latina, com exceções,
realiza-se pouco na área da pesquisa bíblica de
natureza acadêmica.
Engendrou-se um movimento de leitura da Bíblia
na ótica dos pobres, ramificado em todo o
Continente.
Carlos Mesters explicitou uma postura
metodológico-hermenêutica que, de forma
simples, integra os recursos oferecidos pela
ciência bíblica atual com a premente necessidade
de uma leitura pastoral da Escritura.
•Considera que o texto bíblico recupera seu
sentido a partir do contexto da vivência de fé da
comunidade eclesial, inserida no pré-texto das
perguntas suscitadas pela realidade social.
•A teologia bíblica, em especial, é chamada a
vincular-se à espiritualidade.Mantendo o
necessário rigor teórico, o estudo da Escritura
serve para alimentar a vida de fé do estudante.
•A Bíblia, dentre as áreas de estudo, pode ser
ponta de lança da recuperação da função
anagógica e mistagógica (entrada no mistério
divino) da teologia.
•Estimula-se o aluno a reler e meditar o texto
bíblico estudado, comoutro olhar, o
místico-contemplativo.

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