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I
INTERVENÇÃO COM O ALUNO:
BASES CONCEPTUAIS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
Págin
a
Introdução geral 2
I – ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO EM ADOLESCENTES – MODELO P-LI-SS-IT 3
48
4.d) Identificação de erros de pensamento 49
4.e) Contrato comportamental 51
4.f) Debate de crenças disfuncionais e teste comportamental 53
4.g) Método de estudo SQ3R 58
4.h) Reforços e Punições 61
4.i) Extinção comportamental 66
4.j) Treino auto-instrucional 68
4.k) Role Playing e Role Taking 69
4.L) Lidar com a crítica (fogging) 72
4.M) Auto-controlo da ansiedade por relaxamento 75
Bibliografia 79
1
Cap. II Intervenção com a Família
2
3. Intervenção individual com os pais: Em Família ...................................................... 125
Objectivos das sessões iniciais com os pais ............................................................. 125
Sessões seguintes................................................................................................. 128
Processo de mudança e fases da intervenção com os pais .......................................... 129
Tarefas do profissional durante a intervenção .......................................................... 137
Finalização da intervenção individual com os pais ................................................... 138
Avaliação ........................................................................................................... 140
Introdução
1.1 – Conhecer o Território a Diferentes Níveis
2.1 – Como Observar o Território: procedimentos fundamentais
2.1.1. – Leitura de dados e metodologias a aplicar na fase de Diagnóstico
2.1.2 – Matriz SWOT
2.1.3 – Definição de Prioridades
2.2 – Plano de Intervenção
Bibliografia
O PAPEL DO PROFESSOR
Definição e estabelecimento de regras
Estilos de liderança
Para além do comportamento indisciplinado: os pensamentos e as emoções
ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO
Motivação: a roda da mudança
Contrato
O Reforço (positivo e negativo)
A punição (positiva e negativa)
A extinção operante
Fogging (Técnica de nevoeiro para gerir a crítica)
O FENÓMENO BULLYING
GESTÃO ESTRATÉGICA GLOBAL
EXEMPLOS DE CASOS
3
CAP I
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INTERVENÇÃO COM O ALUNO:
BASES CONCEPTUAIS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
INTRODUÇÃO
Este manual foi concebido com dois objectivos: [1] definir o modelo e as bases
teóricas subjacentes à intervenção do mediador EPIS com o aluno e [2] apresentar um
pacote de estratégias e técnicas de intervenção que possam ser úteis tendo em conta a
natureza das intervenções pretendidas e o grau de risco seleccionado para alvo da
intervenção.
O manual encontra-se dividido em quatro capítulos.
O capítulo I descreve o modelo PLISSIT, seleccionado como referencial para as
práticas do aconselhamento individual com o aluno. Este modelo requer o domínio de
competências básicas no atendimento psicológico que qualquer mediador EPIS deve
dominar com mestria. O capítulo II descreve diversos problemas associados quer ao
insucesso quer ao sucesso tangencial ou ainda a uma fraca ou má adesão à escola e às
tarefas implicadas nas aprendizagens escolares. Percorre vários problemas de natureza
individual que podem interferir com o rendimento do aluno. Alguns destes problemas
estão directamente relacionados com tarefas escolares enquanto outros interferem de
uma maneira mais geral na vida do sujeito, sendo o fraco rendimento escolar apenas um
dos aspectos que revela a existência de dificuldades por parte do indivíduo.
Constituindo-se como referencial teórico de toda a intervenção com o aluno, o texto
explora vários conceitos de natureza cognitiva e comportamental associados ao risco de
insucesso escolar, procurando defini-los com clareza e rigor, e fornecendo variados
exemplos de aplicação. O capítulo III sistematiza os procedimentos de avaliação para os
alunos que venham a ser intervencionados e fornece uma grelha de formulação de caso
que se constituirá como instrumento imprescindível na sistematização da informação
sobre cada indivíduo.
Por fim, o capítulo IV descreve um conjunto de estratégias e de técnicas de
intervenção que o mediador EPIS deve conhecer e saber manipular. Não dispensando o
recurso a outras alternativas não constantes deste inventário, o conjunto de estratégias e
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técnicas seleccionado permite uma intervenção teoricamente consistente na grande
maioria dos casos.
MODELO P-LI-SS-IT
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Assim, quando o aluno faz uma afirmação, emite um juízo de valor ou exibe um
comportamento que o mediador, do seu ponto de vista, possa achar desadequado, este
não deve tecer qualquer comentário nesta fase. Deve sim discutir com o adolescente o
episódio utilizando as questões abertas, fechadas, específicas e reflexivas (Permission).
Numa fase um pouco mais avançada da abordagem ao adolescente o mediador
pode fornecer informação limitada quando e só é questionado por aquele (LI - Limited
Information).
O objectivo da informação limitada é assegurar que o mediador não influencie a
abordagem que o adolescente faz do seu problema. Quando o mediador fornece
informação limitada, se o adolescente não colocar mais nenhuma questão é sinal de que
a informação é suficiente. No caso contrário, o adolescente continuará a colocar
questões a que o mediador responderá segundo este mesmo princípio. Um exemplo:
Aluno: Então quer dizer que a minha relação com a bebida é fatela?
Mediador: As consequências associadas à bebida são perda de controlo,
diminuição dos reflexos, risco de acidentes, habituação e por vezes perda de
consciência (…)
Aluno: Então uma bebedeira por semana faz mal?
Mediador: O que achas?
Nota: Uma vez que o mediador já tinha previamente fornecido informação
limitada, pode colocar uma questão aberta para que o aluno possa reflectir a partir da
informação já dada (Limited Information).
As duas fases anteriores permitem estabelecer uma relação de ajuda que
frequentemente conduz o adolescente a expor mais concretamente o seu problema e a
solicitar conselhos.
Posteriormente o mediador deve fornecer sugestões específicas (SS – Specific
Suggestions) de natureza técnica e procedimental. Não deve fazer apreciações genéricas
nem emitir opiniões pessoais.
Esta fase tanto serve para um contexto de avaliação estrita como para um
contexto mais alargado de aconselhamento e intervenção, como por exemplo:
- Aluno: Então quando saio com os meus amigos e todos bebem como é que
faço?
- Mediador: Por exemplo, podes beber uma cerveja por hora…
Nota – o mediador deve começar com a expressão “por exemplo” para
evidenciar a existência de alternativas igualmente válidas.
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Finalmente, quando o adolescente solicita ao mediador que o ajude à adoptar as
sugestões específicas e/ou quando se disponibiliza para discutir as problemas associadas
ao seu insucesso o mediador estará em condições de propor técnicas e práticas
intensivas que permitem solucionar os referidos problemas (IT - Intensive Treatment).
Estes procedimentos técnicos estão descritos no Inventário Descritivo de Estratégias
e Técnicas de Intervenção.
Na fase de tratamento intensivo o Mediador já poderá colocar questões sob a forma
interrogada ou fazer seguir uma afirmação por uma interrogação confirmatória, desde
que seja sobre aspectos anteriormente abordados pelo aluno com isenção do mediador.
P – Permission
LI - Limited Information
SS – Specific Suggestions
IT - Intensive Treatment
- Postura e Gestos
O mediador não deve adoptar posturas tensas tais como sentado muito direito,
braços cruzados ou inclinado para a frente, nem posturas demasiado relaxadas tais
como demasiado inclinado para trás, quase deitado. Todo o corpo deve ir mudando
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de posição em movimentos de pequena amplitude entre o inclinar-se para a frente ou
encostar-se à cadeira.
Os gestos devem ser congruentes com a informação transmitida e a emoção
associada, como por exemplo friccionar duas a três vezes os dedos polegar e
indicador quando se fala em dinheiro.
É fortemente desaconselhado o uso de gestos repetitivos ou a ausência de gestos.
- Modulação da Voz
O medidor não deve utilizar voz monocórdica. Deve modular o volume da voz em
congruência com a importância relativa da informação que quer transmitir. Esta
competência deve ser treinada entre pares em que o elemento treinador vai fazendo
gestos (com a mão) de subida e descida para treinar a modulação da voz do
mediador em treino.
- Escuta Activa
Escutar não é sinónimo de ouvir. A escuta activa significa que o mediador, ao longo
do diálogo deve ir colocando pequenas questões e fazer afirmações curtas que
indiquem ao aluno entrevistado a atenção que o mediador presta ao seu discurso,
como por exemplo, “hum hum”, “claro”, “compreendo”, etc..
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"obrigado!", "estou muito satisfeito por te ver!", "gostei do modo como fizeste...",
"espectacular!", "estou plenamente de acordo!", etc.
Relativamente às Expressões Não-Verbais de Aprovação, a seguir aos
comportamentos de colaboração podemos: sorrir para o aluno, rir com ele,
pressionar os lábios como sinal de aprovação, abrir acentuadamente os olhos para
exprimir entusiasmo, elevar o polegar, com a mão cerrada, para exprimir "O.K.!"
O reforço social contingente aumentará a probabilidade de comportamentos de
colaboração por parte do aluno.
- Extinção Operante
Sempre que o aluno emita comportamentos que dificultam ou impossibilitam o
diálogo, o mediador pode optar por usar o procedimento de extinção operante que
consiste em ignorar verbal e não verbalmente esses mesmos comportamentos
(mostrar pela postura, gestos e expressões faciais que não se deu conta da
ocorrência).
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para o estudo e para alcançar sucesso, bem como a manutenção do esforço perante as
dificuldades.
É evidente que a formação de crenças acerca da escola e do sucesso escolar resulta
de experiências de vida acumuladas por cada um de nós. Elas podem também ser
apreendidas a partir da visão que a família e o meio social do indivíduo possuem e
promovem sobre a escola. Outras vezes, crenças desta natureza são apenas crenças
associadas a uma visão de si como incapaz, pouco inteligente ou como não tendo que
submeter-se às regras e limites impostos por outrem. Neste último caso, funcionam
como auxiliares na medida em que legitimam, para o indivíduo, atitudes e
comportamentos directamente ligados a crenças disfuncionais constitutivas do auto-
conceito (visão de si pautada por temas tais como o fracasso/incapacidade, falta de
inteligência, inferioridade/menos valia, que será abordada no ponto 2.3).
Uma crença pode ser definida como uma “abstracção” do conhecimento que o
sujeito tem de si mesmo, dos outros ou do mundo que o rodeia, tornando-se uma
verdade tomada a priori como certa. Uma vez formada, passa a conduzir o
processamento da informação relevante para o seu conteúdo. Por outras palavras, uma
crença é uma “estrutura” cognitiva de atribuição de significado (Estímulo – Atribuição
de Significado – Resposta). O significado que atribuímos a determinado evento
(externo, de natureza relacional ou não, ou mesmo interno) depende, pois, das crenças
que possuímos acerca dessa categoria de eventos. Vai ser determinante na orientação da
atenção (selectividade da atenção), na codificação da informação (atribuição de
significado) a que prestámos atenção, no armazenamento (memória) e facilidade de
evocação (recordação) dessa mesma informação.
Diz-se que uma crença é disfuncional quando conduz a interpretações distorcidas
dos eventos (atribuição de significados disfuncionais). Uma vez que cognição, emoção e
comportamento estão correlacionados, o indivíduo reage e comporta-se perante
determinada situação em função da atribuição de significado que fez da mesma. Por este
motivo, o que pode estar errado nunca será a resposta emocional nem o comportamento.
No limite, nenhum comportamento é errado, como também não existem emoções
erradas. Cognição, emoção e comportamento podem ser mais ou menos funcionais,
mais ou menos adaptativos, mais ou menos viáveis, mas não podem ser errados (existirá
sempre algum contexto no qual um comportamento como agredir fisicamente alguém
pode ser adaptativo e funcional, na medida em ajuda o indivíduo a sobreviver ou a
evitar danos maiores).
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As crenças disfuncionais conduzem à atribuição de significados disfuncionais,
através de distorções no processamento da informação (por exemplo, atenção selectiva
para certos detalhes, ignorando outros igualmente relevantes ou retirar conclusões na
ausência de dados que as confirmem quando não mesmo perante dados que as
infirmam). Uma vez formadas, se rígidas, as crenças distorcem sistematicamente a
informação, privilegiando informação concordante com o conteúdo das mesmas e
ignorando ou distorcendo informação discordante. É este o motivo pelo qual os
indivíduos resistem tanto à mudança e têm muitas vezes dificuldades em aceitar uma
visão alternativa de determinado acontecimento (ainda que possa ser tão ou mais
provável e realista quanto aquela que defendem). É também este o motivo pelo qual o
trabalho focado nas crenças deve ser um target privilegiado na intervenção pelo técnico
EPIS, podendo socorrer-se de inúmeras estratégias descritas neste capítulo.
As crenças disfuncionais face à escola são, tipicamente, de dois tipos: ou
exageram o valor da escolaridade na determinação do sucesso e felicidade do indivíduo
ou menosprezam esse mesmo valor. Em ambos os caos, quando estão presentes, tendem
a estar associadas a alunos problemáticos, se bem que as primeiras podem ser comuns
em alunos com muito bom rendimento e as segundas tendem a existir em alunos com
dificuldades académicas, em risco de fracasso ou que já abandonaram mesmo a escola.
É preciso salientar que pais, educadores e técnicos tendem a identificar e conotar
como disfuncionais crenças que diminuem ou menosprezam a importância da escola e
da escolaridade e a identificar e conotar como realistas, desejáveis e saudáveis crenças
(também disfuncionais) que exageram o valor da escola e da escolaridade. Vejamos
alguns exemplos de crenças disfuncionais de ambos os tipos.
Crenças disfuncionais que menosprezam o valor da escola e da escolaridade:
― A escola não serve para nada
― O que se ensina na escola não serve para nada na vida das pessoas
― Os professores só existem para tramar a vida dos alunos
― Os professores estão ali para fazer um frete e não se interessam
pelos alunos
― Ganho mais em trabalhar do que em ir à escola.
Crenças disfuncionais que exageram o valor da escola e da escolaridade:
― A escola é a coisa mais importante da vida
― Só os melhores alunos terão sucesso na vida profissional
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― Ser muito bom aluno significa ser inteligente, feliz e realizado no
futuro
― Os alunos muito bons são pessoas com muito valor e muito
competentes nas várias áreas da vida
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Relativamente ao distúrbio de desafio oposição também se aplicam técnicas
comportamentais que não são auto-administradas.
No que diz respeito ao distúrbio de conduta, a intervenção é predominantemente
cognitiva na medida em que estes casos se devem a um estilo de atribuição hostil. Isto é,
o aluno atribui sistematicamente aos comportamentos dos outros intenções hostis.
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a) frequentemente não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por
descuido nas tarefas escolares;
b) frequentemente tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades;
c) frequentemente parece não ouvir quando se lhe dirigem directamente;
d) frequentemente não segue instruções e não termina os trabalhos escolares;
e) frequentemente tem dificuldades em organizar tarefas e actividades;
f) frequentemente evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas
que requeiram um esforço mental mantido;
g) frequentemente perde objectos necessários a tarefas ou actividades;
h) distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes;
i) esquece-se frequentemente das actividades quotidianas
Para a hiperactividade:
a) com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, movendo-se quando
está sentado;
b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que
esteja sentado;
c) com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado
fazê-lo (em adolescentes pode limitar-se a sentimento de impaciência);
d) com frequência tem dificuldades para jogar ou dedicar-se tranquilamente a
actividades de recreio;
e) com frequência age como se estivesse ligado á corrente;
f) com frequência fala em excesso.
Para a impulsividade:
g) com frequência precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
h) com frequência tem dificuldade em esperar pela sua vez;
i) com frequência interrompe ou interfere nas actividades dos outros.
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humor, deficiência mental, distúrbio de ansiedade, distúrbio da personalidade, abuso de
substâncias ou doença orgânica (por ex.: hipertiroidismo).
São características associadas a obstinação, teimosia, negativismo, instabilidade
emocional, baixa tolerância à frustração, baixa auto-estima e indisciplina. Uma das
questões que os autores amiúde colocam aos pais destes alunos é “se o aluno em causa
oscila rapidamente entre a extrema rebeldia/agressividade e a extrema meiguice”.
Entretanto, note-se que pode haver áreas de bom funcionamento.
Os tipos de evolução mais frequente, na ausência de intervenção são três:
- Persistir na idade adulta;
- Desaparecer na puberdade;
- Desaparecer na puberdade apenas a hiperactividade, mantendo-se o défice de
atenção.
A prevalência (número de casos por unidade populacional e por unidade de
tempo) é de cerca de 3% dos pré-púberes, havendo mais rapazes do que raparigas..
É importante o despiste destes casos até, o mais tardar, aos 8 anos de idade.
Depois desta idade torna-se mais difícil tratá-los. Alguns são casos muito graves que
exigem tratamento farmacológico (estimulantes do sistema nervoso central). Com
efeito, nestes casos há uma diminuição da “dominância cortico-basilar”, pelo que é
necessário aumentar o “tónus” cortical.
Distúrbio de Oposição
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Estes sintomas deverão causar um défice clinicamente significativo no
funcionamento social e escolar, o aluno não pode sofrer de distúrbio psicótico em
evolução ou distúrbio do humor, nem de distúrbio anti-social da personalidade no caso
de ter 18 anos ou mais.
São os casos mais difíceis, na medida em que frequentemente se recusam a
colaborar e desafiam a autoridade. A colaboração entre os pais e a escola é fundamental,
desde que seja para aumentar a autoridade da escola na determinação e aplicação de
regras de conduta e respectivas punições e respectivos prémios. Estratégias de pressão
de grupo e estilo de liderança autocrático são imprescindíveis nestes casos.
Distúrbio de conduta
Deve suspeitar-se de D.C. sempre que um aluno reúna os seguintes critérios:
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Violação grave das regras
(13)com frequência permanece fora de casa de noite apesar da proibição dos pais, iniciando este
comportamento antes dos 13 anos de idade;
(14)fuga de casa durante a noite, pelo menos duas vezes, enquanto vive em casa dos pais ou em
lugar substitutivo da casa paterna (ou só uma vez sem regresso durante tempo prolongado);
(15)faltas frequentes à escola, com início antes dos 13 anos
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função de outros factores. Por exemplo, o estado de humor tem um impacto no auto-
conceito que é forçosamente baixo nos indivíduos deprimidos mas que volta a elevar-se
após o episódio depressivo. Noutras patologias ele tende a apresentar-se excessivamente
elevado (por exemplo, na perturbação de personalidade narcísica), enquanto noutras
surge altamente instável (por exemplo, na perturbação da personalidade borderline).
Podemos então perguntar-nos – e devemos fazê-lo! – se o auto-conceito é um construto
estático ou traço (isto é, uma vez formado, tende a manter-se constante no tempo), ou
antes um construto variável, um estado.
Nos indivíduos que não sofrem de psicopatologia, a verdade é que o seu auto-
conceito pode variar em função de diversos acontecimentos e flutuações normais do
estado de humor, sendo que tal variação nunca ultrapassa determinados limites,
enquanto em indivíduos com algum grau de perturbação tendem a apresentar flutuações
para além desses limites: elevação, abaixamento ou instabilidade no auto-conceito.
Fazendo uma leitura com base no modelo cognitivo, diremos que tais flutuações (quer
as normais quer as patológicas) derivam do facto de que aquilo que definimos como
auto-conceito não ser mais que o conjunto das crenças acerca de nós mesmos que
formamos ao longo da vida. Se tais crenças forem disfuncionais, isto é, se o seu
conteúdo for irrealista e estiver associado a níveis consideráveis de sofrimento, então, o
indivíduo não possui um conceito de si funcional, que lhe permita sobreviver e levar
uma vida com qualidade.
Pelo contrário, muitas das situações que para a maioria dos indivíduos não
passam de desafios a superar podem tornar-se verdadeiras ameaças e gerar níveis
elevados de sofrimento. Por exemplo, um indivíduo que tem uma representação do seu
corpo como feio (“baixo” auto-conceito físico), pode sentir-se mal na praia ou evitar
expor-se nos balneários do ginásio, pode usar roupas largas para esconder a forma do
corpo. Mas também pode tornar-se um indivíduo consideravelmente obstinado em
trabalhar o corpo e passar muitas horas a fazer desporto, usando roupas que chamem a
atenção e fazer toda uma série de coisas com a intenção de modificar o corpo de forma a
poder sentir que os outros o vêem como atraente. Em casos mais graves, pode desleixar
de tal forma os cuidados com a higiene e a aparência que os outros acabam mesmo por
rejeitá-lo devido ao cheiro, às roupas sujas, etc. Nestes casos, geralmente a rejeição é
interpretada como prova incontornável de que é feio, em vez de ser vista como o
resultado da sua extrema negligência nos cuidados com o corpo e com o arranjo pessoal,
o que confirma a crença subjacente ao comportamento.
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Se o auto-conceito pode ser definido como um conjunto de crenças que contêm
abstracções sobre o Eu, então, quando o conteúdo desse conjunto de crenças pode ser
negativo e gerar sofrimento e desconforto em diversas situações (interpessoais ou de
desempenho), tornando-se compreensível que o indivíduo desenvolva um conjunto de
estratégias para evitar esse mesmo desconforto e sofrimento. Tais estratégias passam, na
maioria dos casos, por evitamento das situações activadoras das crenças disfuncionais
ou então pelo desenvolvimento de uma visão de si oposta aquela que está contida nas
crenças disfuncionais originais (tema a abordar aquando dos comportamentos de “acting
out” – ponto 2.8).
A crença disfuncional mais comummente associada a dificuldades escolares é a
crença de fracasso. Indivíduos com esta crença tendem a acreditar que são um fracasso,
que são burros ou que são menos inteligentes que os outros. Por vezes, nalguns
indivíduos, o conteúdo da crença é algo mais específico como “não tenho capacidades
de memória” ou “tenho um raciocínio mais lento que os outros”. Seja qual for o
conteúdo idiossincrático, quando existe uma crença com um conteúdo de fracasso, ela
tende a gerar dificuldades em muitas das situações de aprendizagem e de desempenho
escolares. Estas crenças são habitualmente formadas no início da escolaridade, através
da experiência relativamente precoce do fracasso, por dificuldades de aprendizagem nos
primeiros anos da escola, ou simplesmente porque a criança chegou à escolaridade
obrigatória com alguns défices no seu desenvolvimento, que não foram superados de
forma eficaz. Professores demasiado exigentes ou turmas constituídas por alunos muito
bons (regra geral já muito estimulados anteriormente) podem ser razão suficiente para
que alunos normais comecem a sentir-se menos capazes e a formar uma crença de
fracasso. Outra fonte comum para formar estas crenças são os pais perfeccionistas e
exigentes que nunca estão satisfeitos com o rendimento dos filhos e/ou que fazem
comparações constantes com irmãos ou outras crianças desfavoráveis para o indivíduo
em causa.
Perante um novo assunto ou perante um capítulo de mais difícil compreensão,
um adolescente com uma crença de fracasso rígida tende a antecipar o fracasso nessa
mesma aprendizagem. A sua expectativa é a de que não vai conseguir perceber a
matéria, vai ter que se esforçar muito e, mesmo assim, o sucesso é muito duvidoso. Ora,
se é esta a expectativa, naturalmente que a motivação se dirige no sentido de evitar a
tarefa, com o objectivo de evitar experimentar o fracasso que antecipa. Se o fizer muitas
vezes, efectivamente evitou o sofrimento e desconforto que o estudo e o teste lhe
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causariam mas, na realidade, perdeu também uma boa hipótese de desconfirmar a sua
crença de fracasso e incapacidade que, assim, sai reforçada – “ainda bem que faltei… se
tivesse feito o teste, teria sido uma vergonha!”.
Quando a crença é muito rígida, a verdade é que o indivíduo, mesmo tendo
estudado e realizado o teste, obtém geralmente uma classificação efectivamente inferior
à que obteria se não estivesse tão ansioso. Isto porque os indivíduos com esta crença
podem alcançar níveis de ansiedade de tal forma elevados que o desempenho fica
comprometido pelas dificuldades de concentração na tarefa, pelas dificuldades em
recordar conteúdos estudados e porque, durante a tarefa, estão sistematicamente a ser
perturbados por pensamentos automáticos resultantes do processamento de informação
pela crença de fracasso (por exemplo, nunca vou conseguir, vou reprovar, não sei nada
disto, vai ser uma vergonha). Em casos mais graves, são crenças desta natureza que
levam ao abandono mais ou menos precoce da escola e à recusa em prosseguir estudos.
Noutros casos, apenas se torna visível o pouco investimento no estudo (a lógica seria: se
eu reprovar não tendo estudado muito posso sempre atribuir o fracasso à falta de estudo,
enquanto se me esforçar e reprovar na mesma, teria que atribuir o fracasso à minha falta
de capacidades).
Se, às crenças de fracasso, se juntarem crenças disfuncionais acerca da escola,
também promovidas pela família e aceites pelo meio, então compreende-se porque é
que certos alunos estão tão afastados da escola e se recusam a investir no estudo.
Vimos o exemplo mais comum do funcionamento de sujeitos com crenças de
fracasso. No entanto, nos exemplos que vimos, os alunos lidam com a sua crença
através do evitamento da activação da mesma. Ou seja, fogem ou investem pouco nas
tarefas em que a crença seria posta à prova. No entanto, tal crença pode levar a que o
aluno desenvolva uma estratégia diferente para lidar com a mesma. Por exemplo, se o
indivíduo conseguir combater a sua crença disfuncional, pode sobre-investir de tal
forma no estudo e na leitura e conhecimento das matérias que se torna um aluno com
resultados muito bons. Por vezes, descobre que várias horas de estudo diário, acrescidas
da leitura de livros “sérios” ao fim de semana, procurando simultaneamente informação
complementar àquela exigida pelo professor, entre outras, funcionam como estratégias
que lhe permitem ter sucesso na escola e sentir-se realizado a esse nível.
No entanto, se tais esforços pela busca de conhecimento e pelo sucesso se
tornarem de tal forma exagerados que ocupam quase todo o tempo da vida do indivíduo,
podemos estar perante um exemplo de compensação. Ou seja, a sua crença de fracasso
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é de tal forma rígida que o sujeito gasta quase todo o seu tempo e energias a tentar
combatê-la. Ao ter sucesso e reconhecimento por parte de terceiros, mostra grande
satisfação. No entanto, se a compensação estiver a ocorrer, a crença não foi
desconfirmadsa (pela lógica: “só tenho boas notas porque estudo 10 vezes mais que os
outros… eles esforçam-se menos e têm resultados como os meus!”). Nestes casos, a
véspera de um teste ou o final do período são alturas de grande ansiedade, com
desregulação do sono, diminuição do apetite, medo de falhar acentuado, etc. De uma
forma geral, sintomas de ansiedade em situações de avaliação na escola (vulgo
ansiedade a exames) são sempre indicadores da existência de uma crença disfuncional
de fracasso.
Pelo que temos vindo a expor, fica claro que dois indivíduos com “fenótipos”
comportamentais e atitudinais face ao estudo e à escola – o aluno que desiste e o aluno
excessivamente aplicado –, podem ter o mesmo “genótipo” em termos de crenças.
É ainda preciso referir que as crenças disfuncionais não tendem a existir de
forma isolada e independentes umas das outras. Pelo contrário, tendem a apresentar-se
associadas, ainda que uma ou outra possam ser as mais nucleares, que geram maior
número de problemas, num maior número de situações e que desencadeiam níveis mais
elevados de afecto disruptivo. São estas que o indivíduo tende a evitar ou a compensar.
Frequentemente associadas às crenças de fracasso tendem a aparecer outras que
designaremos por crença de defeito/vergonha e de indesejabilidade social. No entanto,
como estas afectam grandemente a relação com os pares, falaremos delas no ponto
seguinte.
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de vestuário define claramente um status bem como os grupos de pertença e a forma de
estar na vida, torna-se clara a natureza do conflito pais-filhos na adolescência. Este não
se limita à questão dos gastos e da forma como os filhos adolescentes se vestem mas
tem nestes dois domínios um exemplo claro do que acontece em todas as áreas da vida
do indivíduo.
Adolescentes que sejam sujeitos a experiências de rejeição por pares podem ficar
marcados de forma indelével para o resto da sua vida social. Experiências de rejeição
deste tipo, ou porque muito marcantes ou porque surgem no seguimento de uma já
difícil integração em anos anteriores, podem contribuir para a formação de crenças de
indesejabilidade social.
Os indivíduos com crenças de indesejabilidade social tendem a acreditar que não
são desejados pelos outros, que não têm o que dizer quando em grupo, que são
desinteressantes e que, se tentarem aproximar-se e fazer-se aceitar, terminarão por ser
rejeitados e postos de parte. Devido ao processamento selectivo da informação, mesmo
quando experimentam situações de aceitação, tendem a dar mais atenção a alguém que
não foi particularmente simpático do que à maioria que manifestou claramente a sua
simpatia para com o indivíduo. Tipicamente, na situação de grupo, tendem a ser mais
reservados e a tentar passar despercebidos. Quando isto acontece, naturalmente que a
taxa de interacções sociais fica diminuída, justamente pelo comportamento manifesto de
desfiliação do indivíduo. O que ele processa como sinais inequívocos de rejeição é
muitas vezes a reacção dos outros ao seu fácies que é interpretado como severo e
arrogante. Ou seja, indivíduos muito ansiosos em situações sociais tendem a ficar mais
tensos e inibidos, o que pode ser interpretado por terceiros como arrogância e
insatisfação por estar com eles. Seja qual for o caso, a verdade é que quer o evitamento
quer os comportamentos de segurança são correlatos de um funcionamento social
diminuído que tende a gerar menor taxa de interacções e a manter válida a crença
disfuncional de indesejabilidade social.
Outra crença disfuncional que, existindo, afecta o funcionamento interpessoal
do indivíduo pode ser denominada de defeito/vergonha. Indivíduos com esta crença
acreditam que são inaceitáveis e que, se se dessem a conhecer como são na realidade,
ninguém gostaria deles nem os aceitaria. Este tipo de crença afecta claramente o
funcionamento do indivíduo em sociedade e em grupo mas o seu efeito é extensível às
relações intimas, sejam amizades sejam relações amorosas. A sua origem é
habitualmente precoce e anterior à adolescência. Estes indivíduos não foram
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suficientemente amados pelo que são, foi-lhes sempre exigido que fossem diferentes,
como se o que eles são não fosse suficiente. Nos casos mais graves, tornam-se
adolescentes e adultos com tendência para a disforia ou mesmo para humor deprimido e
podem tornar-se indivíduos muito solitários que não permitem que ninguém se
aproxime muito nas relações que com eles estabelece. Evitam, portanto, falar de si, dos
seus sentimentos, opiniões, etc. Noutros casos podem tornar-se muito populares e
conhecerem muita gente. Podem até desenvolver óptimas capacidades de liderança e
sentir-se bem com o reconhecimento e popularidade por muitos pares e adultos. No
entanto, continuam a evitar a intimidade e a proximidade relacional excessiva, em que
os seus “pontos fracos” ficariam expostos. Quando alguém tenta aproximar-se, a
emoção dominante é a vergonha.
Outros indivíduos com crenças de defeito/vergonha podem desenvolver um
estilo interpessoal grandioso e narcísico. Acham-se os maiores em tudo e gabam-se
sistematicamente dos seus talentos, sem que tenham tido realizações proporcionais.
Podem definir-se como os mais bonitos, os mais fortes, os mais inteligentes, os mais
ricos, os mais viajados, os que têm os pais mais importantes, etc. Precisam de se sentir
grandiosos como forma de bloquear o sofrimento associado à crença de defeito. Nestes
casos, quando os outros não lhes reconhecem a superioridade, sentem habitualmente
raiva, contra-atacam e desqualificam aqueles que não lhes reconhecem o estatuto de que
precisam. Como nunca se dão a conhecer como “na realidade” são, nunca se permitem
desconfirmar o conteúdo da crença disfuncional.
24
Muitos professores parecem confundir interesse genuíno pelo aluno e
proximidade relacional com o que é uma relação de amizade. A relação professor-aluno
é uma relação técnica, na qual o adulto, por inerência de funções e pela autoridade que a
sua idade e papel lhe conferem, tem obrigação de ser emocionalmente mais controlado e
de conseguir reagir de forma estratégica e pedagógica, mesmo quando o aluno o desafia,
intimida ou quando o seu comportamento é inadequado. É pela reacção pensada e
estrategicamente planeada que se mantém a autoridade. É também pela justiça e
coerência na forma de tratar os alunos que se ganha o respeito dos mesmos. Finalmente,
é pelo interesse genuíno pelo outro que este nos investe de poder para intervirmos
quando necessário. O uso da força, da coacção, dos jogos entre iguais ou do desafio para
ver quem é que fica com a última palavra são exemplos de estratégias de todo
desaconselháveis.
Tudo o que dissemos anteriormente acerca dos ciclos interpessoais disfuncionais
deve ser tido em conta na altura de tentar compreender dificuldades dos docentes face a
alunos cujo comportamento possa ser mais inadequado. Ajudar o professor a
compreender o funcionamento do aluno, a desenvolver novas formas de o abordar e de
reagir às suas intervenções e desafios pode ser uma estratégia altamente vantajosa na
medida em que se revela uma verdadeira estratégia de capacitação relacional do
professor cuja generalização a casos semelhantes é fácil uma vez dominados os
procedimentos.
25
Muitos indivíduos considerados tímidos por leigos apresentam na realidade
algum grau de fobia social. Um tipo específico de fobia social é a comummente
chamada ansiedade aos exames (fobia social específica a situações de avaliação em
contexto escolar). Alguns indivíduos com fobia social podem temer mais as situações de
grande grupo enquanto outros temem mais situações de interacção face-a-face numa
díade. Uns ficam mais ansiosos num teste escrito do que indo ao quadro resolver um
problema diante da turma. Outros preferem situações estruturadas (falar em público) a
situações informais (uma festa, por exemplo). Nos casos mais graves, o indivíduo evita
muitas das situações ansiógenas e os receios de ser avaliado negativamente estendem-se
à maioria dos contextos.
As perturbações do humor, sobretudo a Perturbação Depressiva Major podem
aparecer nesta fase do desenvolvimento, como reacção a perdas significativas para o
indivíduo, as quais, no caso dos adolescentes, nem sempre são percebidas pelo adulto
como relevantes. Um afastamento dos amigos, a ruptura num namoro ou conflitos
acentuados com os pais podem funcionar como factores precipitantes de uma reacção de
tipo depressivo. Quando tal acontece, a tristeza invade o estado de humor a maior parte
dos dias, o pensamento torna-se mais negativista e o choro mais fácil, há perda de
interesse e desmotivação pelas actividades dos quotidiano, perda de apetite e de peso,
dificuldades de sono, etc. Regra geral, ocorre uma diminuição no rendimento escolar,
devido às dificuldades de atenção/concentração e de memória (sintomas cognitivos da
depressão). Em casos mais graves pode estar presente ideação suicida, cuja intensidade
e frequência devem ser avaliadas tendo em conta o risco de o indivíduo cometer
suicídio.
Outro grupo de perturbações a que devemos estar particularmente atentos são as
Perturbações do Comportamento Alimentar, nomeadamente a anorexia nervosa, a
bulimia e os episódios de voracidade alimentar. Dietas rigorosas e excessivas (ainda que
legitimadas sob o manto da dieta vegetariana ou outra), perda de peso acentuada,
amenorreia, exercício físico exagerado ou a toma de laxantes, bem como o uso do
vómito e os episódios de consumo de grandes quantidades de alimentos em pouco
tempo devem ser tidos como sinais de alerta para um encaminhamento adequado do
caso. Existem consultas especializadas nestas patologias nalguns hospitais do país que
podem avaliar e tratar estes problemas. Não devemos iludir-nos com a ideia de que
umas sessões de educação alimentar ou um atendimento no clínico geral poderão
resolver uma perturbação tão complexa como são as deste grupo. Chama-se ainda a
26
atenção para o facto de a prevalência destas perturbações estar a aumentar nos
indivíduos do sexo masculino, bem como para o facto de uma grande maioria dos
indivíduos com estas perturbações serem alunos com elevado rendimento escolar.
27
Quando uma ou ambas as partes falham na prossecução destas tarefas
desenvolvimentais, surge então o risco: falemos de risco de fracasso escolar, falemos de
risco de problemas psicológicos e de saúde mental, falemos ainda, em casos mais
graves, de risco de exclusão social (associado, como se sabe, a comportamento anti-
social grave e padronizado, a consumo de substâncias, ou a marginalização).
Ora, é nesta fase particular do desenvolvimento que muitas vezes os indivíduos
são sinalizados como “em risco” e enviados para aconselhamento psicológico. A este
propósito, cabe salientar aqui que a maioria dos casos que os adultos pontuam como
problemáticos podem referir-se a adolescentes que emitem uma taxa considerável de
comportamentos indesejáveis (porque desajustados, pela gravidade intrínseca dos
mesmos ou ainda porque sinalizam possíveis desenvolvimentos patológicos). São
exemplos o consumo de drogas, as faltas à escola, o envolver-se em brigas, o
comportamento sexual promíscuo ou o ter cometido roubos. No entanto, quando a
família do adolescente não pontua como significativo determinado comportamento que
tem uma conotação social negativa ou que pode ser auto-destrutivo (por exemplo, vários
episódios de embriaguez), o próprio adolescente pode mostrar maior resistência em
compreender e aceitar a gravidade de tal comportamento. Nesses casos, porque da parte
da família não há o desejável estabelecimento de limites, a resistência à mudança pode
estar mais dificultada ainda e o reconhecimento da existência de um problema é negado.
Chamamos a atenção para outro tipo de dificuldades pelas quais muitos
adolescentes passam sem que ninguém se aperceba das mesmas ou sem que,
apercebendo-se, as considere e assinale como situações problemas a merecerem uma
atenção particular: problemas emocionais e dificuldades sociais ou na área do
desempenho que, não se manifestando por comportamento externalizado indesejável,
passam desapercebidos aos olhos dos técnicos, pais e educadores. Por exemplo, um
indivíduo que tem dificuldade em integrar-se nos grupos de pares, que se sente
indesejado e se isola e aliena socialmente nesta fase da vida em que o referencial grupo
é tão importante, pode estar em grande sofrimento, a passar por experiências que
deixarão sequelas para toda a vida no seu funcionamento social e no seu bem estar e, no
entanto, raramente é sinalizado como necessitando de algum tipo de acompanhamento
ou de ajuda. Também nestes casos, crenças e valores da família, bem como a negação
do problema por parte de todos (muitas vezes, com um sistema de atribuições causais
rígido já instaurado: “É tímido… Tem a quem sair… Eu sou pai dele e também sou
tímido.”), podem dificultar uma intervenção técnica eficaz.
28
Podemos sintetizar o que temos vindo a expor nas seguintes ideias:
- A adolescência, pela sua natureza, envolve forçosamente a experimentação de
alguns comportamentos identificados pelos adultos como problemáticos mas
necessários para alcançar sucesso nas tarefas desenvolvimentais próprias deste período;
- Nessa experimentação, não é fácil ao adolescente desistir de vários desses
comportamentos a pedido dos adultos, tendo em conta que precisa dos mesmos para a
construção do seu sentido de identidade;
- Se essa mesma construção se faz por um certo grau de oposição em relação a
tudo o que é conotado com valores e perspectivas dos adultos, qualquer sugestão ou
pedido que provenha dos mesmos encontra assim uma resistência e/ou rejeição natural
no adolescente;
- Muitas famílias não pontuam como comportamento de risco determinados
comportamentos mais ou menos graves (tendo em conta a sua frequência, duração e/ou
intensidade), devido ao sistema de valores e crenças dessas mesmas famílias (ou porque
tais comportamentos são vistos como normais ou mesmo desejáveis);
- A cultura dominante no meio social próximo da família do adolescente pode
também ajudar a conotar positivamente e a manter um estilo comportamental pouco
saudável;
- É necessário pontuar como comportamento de risco não só os comportamentos
indesejáveis que são emitidos numa taxa significativa (e.g., envolver-se em brigas), mas
também a ausência ou as baixas taxas de emissão de comportamentos desejáveis (e.g.,
fraca integração no grupo de pares);
- Para além da “natural” resistência do adolescente em reconhecer que tem um
problema, importa ainda ao técnico estar preparado para lidar com a possível resistência
ou até mesmo negação por parte da família do adolescente em reconhecer o mesmo.
Neste ponto, importa ainda referir que a vergonha é uma das emoções mais
predominantes e intensas nesta fase do desenvolvimento. Os adolescentes apresentam
muitas vezes vergonha pelo que fizeram (ou ainda não fizeram e acham que já deveriam
ter feito), têm vergonha de falar de si, das suas interrogações e receios, para já não falar
das questões de auto-imagem e, dentro desta, do auto-conceito físico que, como
sabemos, é um dos pólos que marca o discurso interno na adolescência. Por estes
motivos, é natural que estes indivíduos apresentem uma certa resistência a falar destes
temas, procurando assim evitar a experiência da vergonha e, em última análise, expor
29
perante terceiros aquilo que acham que é inaceitável em si mesmos (e que conduziria
forçosamente a rejeição se viesse a ser descoberto). Importa pois, ao técnico que
trabalha com esta faixa da população, ser capaz de fazer uma aproximação gradual ao
adolescente se pretende que se estabeleça uma aliança significativa que permita o
desenvolvimento de uma relação de ajuda segura. Nalguns casos, tal é conseguido numa
primeira sessão mas outros há em que várias sessões serão necessárias para que o jovem
se sinta seguro na relação e arrisque falar com sinceridade das suas vivências pessoais.
30
É muito importante sublinhar que, quando associados a alguma psicopatologia, os danos
no rendimento escolar não devem ser intervencionados de forma isolada, uma vez que
são parte integrante dessa mesma patologia. Qualquer intervenção nestes casos deve ser
estreitamente consertada com os responsáveis pela intervenção clínica do mesmo, sob
pena de produzir efeitos contrários aos desejáveis e de contribuir para um aumento da
negação ou da resistência à mudança.
31
comportamentos, na maioria dos adolescentes, não representa um risco significativo.
Mais do que o comportamento em si, deve ser dada atenção ao contexto em que surgiu,
à frequência do mesmo e, sobretudo, à função que parece ter para o indivíduo
(evidentemente sem excluir que um comportamento único, pela sua intensidade e
perigosidade possa ser grave).
Focar a atenção na função do comportamento é essencial para que o técnico
perceba que muitos dos comportamentos reprováveis com base num modelo implícito
de regulação do comportamento através da moral instituída (o que é certo e o que é
errado), possuem uma função particular para aquele indivíduo. Este, apesar de ter
consciência de que tem comportamentos que não deveria ter, necessita dos mesmos e
não desiste deles com facilidade. Tal facto deve-se a que, em muitos casos, tais
comportamentos possuem a função de garantir a estima pessoal e o sentimento de valor
do próprio sujeito. Por exemplo, é experiência comum que indivíduos adolescentes,
perante a experiência de sentimentos de inferioridade face aos demais, acrescidos da
experiência da rejeição por parte de grupos ditos normais, procurem ser aceites por
indivíduos que valorizem outros tipos de competências (tais como ser o mais forte, o
menos “medricas”, o mais capaz de “pisar o risco”).
Quando tal acontece de uma forma algo estruturada, o adolescente descobriu
uma estratégia para manter a auto-estima elevada, isto é, descobriu uma fonte de valor
pessoal! Ora, mesmo que tais comportamentos sejam recriminados pelos adultos e
educadores, mesmo que sejam rejeitados por pares mais normalizados, são aceites, bem
vistos e valorizados por uma certa faixa da população. Quando tal acontece, estão
lançadas as sementes para a formação de um grupo marginal (no sentido de “à margem
da maioria”). Este grupo torna-se então a fonte de reforço e de valorização do indivíduo,
do qual o mesmo não abdica. Cumulativamente, e para resolver os movimentos de
exclusão de que é alvo por parte do grupo mais normalizado e dominante, desvaloriza
sistematicamente os indivíduos e os valores do grupo dominante, engrandecendo e
sobrevalorizando os do seu grupo de pertença. Pedir-lhe que abdique de um estilo de
comportamento que é visto por muitos como indesejável, indisciplinado ou mesmo anti-
social seria o mesmo que pedir-lhe que deixasse de se sentir importante para passar a
sentir-se sem valor! Assim, é de esperar grande resistência à mudança perante tal
pedido.
Se entendermos a função que tais comportamentos possuem para o indivíduo,
percebemos então a dificuldade na mudança, mas também as estratégias que temos que
32
utilizar, bem como o nível e natureza da mudança que teremos que alcançar para que o
comportamento efectivamente mude. É neste sentido, em que comportamentos
indesejáveis, para além do comportamento em si, possuem uma função de manutenção
da estima e do valor pessoal, que falamos em comportamentos compensatórios.
Em suma, com excepção das alturas em que podemos estar deprimidos, de um
modo geral são inúmeras as coisas que fazemos com a função de manter o sentimento
de valor pessoal. Quando utilizamos o nosso sucesso, por exemplo nas actividades
escolares, desportivas ou na vida social, como fontes privilegiadas de valor pessoal,
esses esforços têm consequências positivas também em termos de aceitação e validação
por parte dos outros. Isto, por sua vez, contribui para o desenvolvimento de uma auto-
estima mais positiva e mais estável. Pelo contrário, quando o nosso sentimento de valor
social é baseado no sucesso em actividades ilícitas e que causam dano a terceiros ou ao
próprio, a aceitação social pelo grupo normalizado diminui mas a aceitação e validação
social por grupos marginais aumenta.
O reforço e a validação de comportamentos indesejáveis podem conduzir a
fenómenos de liderança e à definição de hierarquias sociais rígidas, num sistema social
alternativo ao dominante mas que possui uma ordem social bem definida à qual os
indivíduos obedecem. Estes grupos, mais ou menos estruturados e definidos, cumprem a
função essencial de qualquer grupo: fornecer aceitação, integração e protecção ao
indivíduo. Quando o fenómeno atinge um certo grau de estruturação, a resistência à
mudança é habitualmente elevada, não só porque o indivíduo teme perder a aceitação
por parte do grupo, como também porque este último, naturalmente, luta pela
sobrevivência e manutenção dos seus valores e princípios e ameaça o “traidor” com
retaliações.
Resta um último comentário neste ponto para sublinhar que, quando, numa
determinada organização ou sistema, como por exemplo uma escola ou um território
particular, um grupo assume o estatuto de grupo “marginal” aos olhos da cultura e
grupos dominantes, tal contribui ainda mais para o aumento da coesão dentro de ambos
os grupos. Estes fenómenos de exclusão mútua acentuam e tipificam ainda mais os
estilos de comportamento dos indivíduos de ambos os tipos de grupos, tornando o
fenómeno cada vez mais difícil de extinguir. Quando, em contexto escolar, um
indivíduo é identificado por todos como um aluno rebelde ou mal comportado, é preciso
ter em conta que o que o sistema dominante entende como sinal de reprovação é muitas
vezes lido pelo próprio indivíduo (e pelo seu grupo de pertença) como um reforço e
33
valorização da conduta que se pretende extinguir. Não esqueçamos que a popularidade
(reconhecimento pelos outros) é, por si só, um reforçador para a grande maioria das
pessoas. Mais do que aquilo pelo qual se é reconhecido, é importante sublinhar que o
número de pessoas que nos reconhecem e a importância que nos dão constitui per se um
reforço. Ora, tornar populares e comentados por todos os casos mais problemáticos
dentro de uma escola ou comunidade pode, mais do que ajudar a resolver o problema do
indivíduo, contribuir para a manutenção e agravamento do comportamento do mesmo.
34
confiança, mais rapidamente o indivíduo que é ajudado adere aos procedimentos e
estratégias a implementar e mais rapidamente acontece a mudança, sendo que o
contrário também é verdade. A qualidade da relação estabelecida teria assim a
capacidade de poder acelerar ou retardar o processo de mudança. De uma maneira geral,
e para a globalidade dos indivíduos, aceitaremos como verdadeira esta forma de
conceptualizar a relação de ajuda.
No entanto, existe outra forma de entender essa mesma relação que pode ser
muito útil, sobretudo em casos de alunos mais problemáticos. Nesta segunda
conceptualização, a relação é, por si só, um ingrediente activo do conjunto das
ferramentas de que o técnico dispõe para ajudar o adolescente a mudar. De acordo com
esta perspectiva sobre a relação de ajuda, o técnico pode, de muitas maneiras e modos,
contribuir para a manutenção dos problemas do adolescente ou para a
diminuição/extinção dos mesmos. Isto porque, como veremos à frente, subjacentes a
muitos dos problemas de fracasso escolar estão crenças disfuncionais constitutivas do
auto-conceito dos alunos. Ora, tais crenças foram desenvolvidas ao longo da vida e
estão baseadas nas memórias das experiências negativas com outros significativos (pais,
educadores, professores, irmãos, pares, etc.). São, portanto, crenças formadas a partir de
experiências interpessoais significativas associadas a graus consideráveis de afecto
negativo. Então, promover a mudança é, sobretudo, promover a experiência do novo
para a qual, na maioria das vezes, é fundamental um contexto interpessoal significativo
capaz de invalidar a visão disfuncional que o indivíduo tem de si mesmo e dos outros.
Vejamos um exemplo do que temos vindo a descrever. Um aluno que se acha
pouco inteligente e que, em consequência, foge do estudo e não cumpre com tarefas
escolares, tendo estes comportamentos a função de evitar o sofrimento que ele antecipa
vir a experimentar (expectativa) caso se confrontasse com as tarefas de aprendizagem,
precisa, antes de tudo o resto, que o técnico acredite nas suas capacidades e que o trate
como alguém tão capaz como os outros. Se o técnico se alia à visão que o aluno tem de
si mesmo (e que pode tentar ocultar por vergonha e defesa mas também pode deixar
transparecer na interacção como se fosse uma realidade mais que uma crença pessoal),
por exemplo, explicando várias vezes um determinado procedimento ou fazendo coisas
pelo aluno, está, na relação de ajuda, a confirmar a crença de incapacidade subjacente
aos comportamentos de desistência e de evitamento que pretende diminuir! Neste
exemplo anterior descrevemos o que entendemos por ciclo interpessoal disfuncional.
35
Outro, muito típico com indivíduos adolescentes que apresentam
comportamentos de oposição ou um grau considerável de comportamento anti-social,
consiste em ter uma visão dos outros como abusadores/agressores e interesseiros
(justificada por experiências reais de vida e, portanto, adequada para prever o
comportamento de terceiros no meio social de origem), desconfia sistematicamente das
boas intenções dos outros e tende a distorcer o significado daquilo que os outros lhe
fazem. Ora, no contexto de uma relação de ajuda, mostrar-se-á distante, desconfiado e
emitirá mensagens de alguma agressividade (latente ou explícita). Se o técnico reagir de
acordo com as tendências para a acção que o comportamento do interlocutor (aluno)
suscita em si, irritando-se e expressando essa irritação em maior ou menor grau na
tentativa de controlar o aluno, dizemos que está a responder de acordo com ciclo
interpessoal desencadeado pelo sujeito. Ao fazê-lo, reagiu de acordo com o que o
sujeito previra e confirmou as expectativas que este tinha (as quais são coerentes com e
derivam da visão dos outros como abusadores, agressivos e interesseiros). Como
consequência, é de esperar que a agressividade aumente ainda mais por parte do aluno,
com os esperados efeitos no técnico e assim por diante.
Ora, certamente que uma escalada simétrica de agressividade não é o que mais
convém ao desenvolvimento de uma relação de confiança estável. Mas, pior que este
efeito, contribuiu para manter a visão distorcida que o aluno já tem dos outros, em vez
de contribuir para infirmar essa mesma visão.
De tudo o que dissemos neste ponto, importa concluir o seguinte: o técnico deve
ser capaz de identificar em si próprio reacções emocionais e tendências para a acção
despoletadas pelo comportamento do aluno na interacção que estabelece com o mesmo
(auto-monitorização). Deve, em seguida, procurar não reagir de acordo com essas
mesmas reacções emocionais e tendências para a acção (auto-controlo). Ao fazê-lo, está
a tentar não entrar num possível ciclo interpessoal disfuncional típico do
comportamento interpessoal do aluno. Como consequência, este último deixa de
funcionar segundo o seu estilo interpessoal característico e automático, é obrigado a
repensar a visão apriorística que tem dos outros e pode estar a ser-lhe facultada uma
verdadeira experiência de mudança dessa mesma visão. Quando tal acontece, a relação
estabelecida sai claramente fortificada e os níveis de segurança interpessoal aumentam.
36
3. AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL
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3) Resistência à Intervenção
1. Expressa ressentimento pelos outros com frequência. 1. Tem dificuldade em entender ou seguir instruções.
2. Parece esperar que os outros tirem vantagens dele. 2. Tem dificuldade em aceitar algo que é óbvio para o
3. Tende a ser controlador e exigente em mediador.
relacionamentos íntimos. 3. Parece fechado a novas experiências.
4. Desconfia e suspeita dos motivos dos outros. 4. Responde a sugestões de maneira passivo-agressiva.
5. Expressa ressentimento por não ter as 5. Começa a atrasar-se ou a cancelar os encontros com o
vantagens/oportunidades dos outros. mediador.
6. Quebra as “regras” com frequência. 6. Expressa medo de que o mediador esteja a tentar tirar
7. Gosta de competição. vantagens dele.
8. Faz o oposto quando os outros tentam controlá-lo. 7. Começa a defender um ponto de vista de forma
9. Sente rancor de quem cria as regras obstinada e não pode ser demovida de uma posição
10. É mais feliz quando está no controle. assumida.
8. Guarda rancor.
9. Irrita-se explicitamente com o mediador.
4) Internalização/ Externaliação
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Características de indivíduos internalizadores e externalizadores
Os normalmente internalizadores Os normalmente externalizadores
Neste ponto deve-se questionar o aluno sobre actividades que realiza ou que
interrompeu e que lhe geram ou geravam prazer, realização e sentimento de eficácia.
O objectivo deste ponto é ajudar o aluno a compreender como as mudanças no estilo
de vida podem contribuir para as dificuldades actuais ou para as resolver ou superar.
Por exemplo, pode incentivar-se o aluno a fazer uma lista de actividades que lhe
dão/deram prazer e classificar cada actividade numa escala de prazer de 1 (pouco
prazer) a 5 (muito prazer).
39
Os antecedentes são pistas, acontecimentos ou situações que facilitam ou provocam
a ocorrência do comportamento problemático, como por exemplo um aluno que
tenha tido reacções emocionais negativas intensas com o professor de uma
determinada disciplina terá maior probabilidade de ter essas reacções na presença
desse professor do que na presença de outros.
Na análise do comportamento deve-se pedir ao aluno que descreva episódios
relacionando-os com as circunstâncias em que ocorrem e as consequências dos
mesmos. O mediador deve colocar questões que permitam também identificar
antecedentes internos ao indivíduo tais como pensamentos automáticos negativos
(exemplo: “vou falhar outra vez”), memórias de acontecimentos traumáticos ou
manifestações físicas associadas a reacções emocionais. O significado que o
problema assume para o aluno deve ser considerado neste ponto.
Ainda nesta secção pode ser importante identificar eventuais comportamentos
incompatíveis com o comportamento problema e que podem ser usados para
eliminar o problema (exemplo: se ao aluno gosta de cantar rap e o faz
frequentemente, deve fazê-lo sempre que tem um pensamento negativo automático
do tipo “não sei fazer nada”).
Como é muito frequente em alunos com problemas acreditarem que não conseguem
lidar com os mesmos, torna-se obrigatório colocar questões que permitam ao aluno
identificar episódios no passado longínquo e recente em que usou estratégias para
lidar eficazmente com os mesmos.
Há dois tipos de estratégias para lidar com os problemas (coping):
a. Coping centrado no problema que consiste em mudar comportamentos,
ambiente ou ciclos de interacção.
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b. Coping centrado na emoção que consiste em mudar o significado que é
atribuído ao problema, aos antecedentes e às consequências.
41
Na aplicação informática da EPIS, na secção ENTREVISTA AO ALUNO e na
subsecção Activos / Pontos de Desenvolvimento o Mediador descreverá as
Competências do aluno (isto é, o que ele sabe fazer que seja relevante para o plano
de intervenção), na subsecção Centro de Interesse/Hobbies descreverá outras
actividades que ele faz de moto próprio e que possam servir para plano de reforço
contingente (Princípio de Premack, reforço social contingente, etc.) e ao mesmo
tempo para avaliar o peso relativo que a escolaridade tem para o aluno, e na
subsecção Principais pontos de desenvolvimento a propor o mediador descreverá
os objectivos de intervenção. Na secção Reunião, em Observações do Aluno e em
Observações do MEPIS deverá escrever resumidamente o que de relevante
recolheu na entrevista segundo todo o modelo anteriormente apresentado e que
resultou nas folhas de registo dos Anexos 1 e 2.
Na subsecção Observações do Aluno escreverá respostas do aluno e em
Observações do MEPIS escreverá a interpretação que faz das respostas observadas
e registadas durante a entrevista segundo todo o modelo anteriormente apresentado.
Deve entender por resposta tanto as verbais como os comportamentos observados
durante a entrevista.
Na Secção ZOOMING, nos Factores determinantes no Aluno descreverá os
factores de risco (funções executivas, pró-socialidade, etc.) e de protecção
identificados durante a entrevista.
As Folhas de registo dos Anexos 1 e 2 deverão (ou poderão) estar guardadas num
dossier de caso do MEPIS, com acesso restrito e que seja identificado apenas com a
Referência na aplicação do Screening, a idade do aluno, o sexo do aluno, o
concelho, a escola e o nome do Mediador.
42
4) ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO
43
punições (quando aplicáveis estas últimas). É de salientar que não existem
reforços ou punições universais, logo, deve procurar-se escolhê-los de acordo
com os gostos e interesses do sujeito.
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4.A) PROBLEM SOLVING (RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS)
Pressupostos da técnica:
Na maior parte dos casos, o humano não segue um algoritmo eficiente para resolver
problemas. Com efeito, em vez de ter em conta explicitamente as emoções, sentimentos
e desejos no processo de tomada de decisão, é guiado tacitamente por estes factores.
Por este motivo, quando há problemas de vida importantes para resolver, é mais
adequado seguir um conjunto de procedimentos segundo determinada ordem a fim de
garantir a máxima eficiência.
Objectivos:
Setting:
Uma sala com acesso restrito, uma carteira ou secretária, cadeiras, folhas de papel A4,
lápis e borracha, esferográficas e uma pequena régua.
Procedimento:
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O indivíduo deve ser treinado no sentido de adoptar uma orientação positiva ou
adaptativa ao problema, o que envolve necessariamente os seguintes pontos:
1) A capacidade de reconhecer um problema correctamente no momento em que
ele ocorre;
2) A crença de que ter problemas é normal e faz parte da vida;
3) A capacidade para identificar correctamente a “causa” do problema;
4) A tendência para avaliar novos problemas como “desafios” em vez de os ver
como “catástrofes”;
5) A crença na capacidade individual de lidar efectivamente com proeblemas
stressantes;
6) O conhecimento de que os problemas complexos podem envolver muito tempo e
esforços subsaciais para serem resolvidos;
7) O desejo para resolver os problemas no momento oportuno;
8) A capacidade para inibir a tendência para ser impulsivo ao lidar com problemas
stressantes.
Um formato para o treino na resolução de problemas pode incluir ensinar o aluno a ser
mais capaz de reconhecer ou identificar problemas (“Qual é o problema?), a criar
alternativas (“Quais são afinal as minhas opções?”), a avaliar as consequências
emocionais e comportamentais (“O que é que aconteceria com esta opção? Como é que
eu me sentiria?”), seleccionar ou implementar uma opção ou solução (“Como posso eu
aplicar a melhor opção?”) e, finalmente, avaliar o sucesso da alternativa escolhida (“A
escolha resultou? Da próxima vez devo fazer uma opção diferente?”).
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demasiado ridícula para ser desconsiderada – princípio do brainstorming. Para
fazer uma lista de soluções devem seguir-se três regras de ouro: registar o maior
número possível de ideias (quantidade), não avaliar aprioristicamente as ideias
(adiamento do julgamento), ser criativo e sugerir ideias corajosas (variedade).
3) Classificar e decidir qual é a melhor ideia – Para cada vantagem e para cada
desvantagem, o aluno deverá quantificar o grau de importância que tem para ele,
numa escala de 1 (pouco importante) a 5 (extremamente importante). Depois
calcula a média dos pesos das vantagens e dos pesos das desvantagens. De
seguida calcula a diferença dentre as médias.
4) Elaborar um plano – para implementar a solução seleccionada que deverá ser
clara e específica: Quem é que vai fazer o quê, quando, onde e como?
Uma técnica útil que fornece uma estrutura para a resolução de problemas interpessoais
consiste em sessões executivas. As regras são as seguintes:
(1) O aluno que tem o problema pode aproximar-se do outro e pedir uma sessão.
(2) O segundo interveniente define a data e o lugar da sessão, que deve acontecer
assim que possível (ex. às 13 horas depois da última aula da manhã, na sala…)
(3) Depois do início da sessão devem ser concedidos 10 minutos ao primeiro para
expor o seu problema. Durante este período a segunda parte só ouve, não fala.
(4) Nos segundos 10 minutos da sessão dá-se o direito ao segundo de responder
devendo o primeiro escutar mas não responder.
(5) Os 10 minutos finais são ocupados a gerar soluções para o problema – linhas de
resolução que devem ser testadas. Se não tiverem sucesso pode posteriormente
ser pedida uma nova sessão.
O alto nível de estruturação deste método permite uma comunicação racional entre as
partes que normalmente não conseguem conversar sem discutir.
O Mediador poderá (ou deverá) treinar o aluno neste tipo de resolução de problemas
interpessoais actuando como árbitro nas primeiras sessões, sendo o mediador a marcar
as sessões.
Neste caso, durante a sessão e enquanto um dos interlocutores fala, cada vez que o outro
interrompe o mediador deverá colocar-se de pé entre ambos, de costas para o que estava
a falar e pede ao que interrompeu que aguarde pela sua vez e escute com atenção.
Podem ser fornecidos blocos de papel a cada um para que possam anotar tópicos
enquanto ouvem o que está a falar.
47
Para a solução de problemas estritamente pessoais (ex.: tomadas de decisão individual),
o princípio é o mesmo. Contudo, não há lugar a marcação de sessões.
O aluno deverá desenhar duas colunas numa folha de papel, uma para vantagens e outra
para desvantagens de uma dada decisão. Pode fazer uma folha para cada decisão
escolhida. A seguir seguirá os mesmos procedimentos acima descritos.
Materiais:
1º Passo: Definir o problema com precisão.
2º Passo: Listar todas as soluções possíveis (por mais disparatadas que pareçam):
Sub-total = Sub-total =
TOTAL =
48
4º Passo: Hierarquizar as soluções (desde a que tem o melhor total positivo até à que
tiver o maior valor negativo) e escolher a melhor solução (a que tiver o melhor total
positivo) ou combinar soluções:
Porém, estas técnicas servem apenas para decidir eficazmente, na medida em que se não
houver treino e/ou contracto comportamental, o aluno poderá decidir bem mas não
aplicar a decisão tomada.
Contra-indicações e recomendações:
Objectivos:
49
Setting:
Sala ou gabinete de acesso restrito, mesa, cadeiras, folhas de papel branco A4, borracha,
lápis, esferográficas e pequena régua.
Procedimento:
50
individual às suas realizações escolares ou outras áreas, estimulando assim a experiência
de controlo positivo e/ou de auto-eficácia.
Materiais:
Diário de N.A.T.’s
Data:
Hora/Minuto Emoção Situação N.A.T Acção Consequência Solução
Exemplo:
15h 30m Cólera Recreio na «A Matilde Dei-lhe um Fui ao Pedir
sala é sempre chapo na Conselho desculpa à
Polivalente uma cara Executivo e Matilde?
chunga» moveram
processo Perguntar-
disciplinar lhe porque
é que faz
comentários
sobre mim?
Contra-indicações e recomendações:
51
4. C) AUTO-MONITORIZAÇÃO DE REACÇÕES EMOCIONAIS
Pressupostos da técnica:
Grande parte dos problemas interpessoais devem-se ao facto de muitas pessoas não se
darem conta das reacções emocionais do próprio e do outro. Deve ser lembrado que em
situações de conflito é comum ouvir-se dizer: «o que me magoou não foi o que disseste,
mas o modo como o disseste».
Objectivos:
Setting:
Sala ou gabinete de acesso restrito, mesa, cadeiras, folhas de papel branco A4, borracha,
lápis, esferográficas e pequena régua.
Procedimento:
52
Materiais:
Contra-indicações e recomendações:
Objectivos:
53
Setting:
Sala ou gabinete de acesso restrito, mesa, cadeiras, folhas de papel branco A4, borracha,
lápis, esferográficas e pequena régua.
Procedimento:
54
Materiais:
Contra-indicações e recomendações:
4. E) CONTRATO COMPORTAMENTAL
Pressupostos da técnica:
A evidência empírica revela claramente que quando se estabelece uma boa relação de
ajuda, a probabilidade de o aluno aderir às prescrições do mediador aumenta
grandemente quando se estabelece um contrato entre ambos.
Objectivos:
55
Setting:
Procedimento:
Contrato Comportamental
• Defina o comportamento alvo de forma clara e concreta
• Providencie o reforço assim que o contrato for cumprido (ou à medida em que vai sendo cumprido)
Materiais:
56
Contra-indicações e recomendações:
Prefira o contrato escrito e assinado por ambos (ou mais agentes se for adequado e útil).
Cada um ficará com uma cópia.
Objectivos:
Setting:
Uma sala de acesso restrito com mesa e cadeiras. Eventualmente, folhas de papel A4,
borracha, lápis e esferográficas.
Procedimento:
57
PENSAMENTOS
-Se eu fizer algo vou fracassar;
-Os outros vão-me criticar e
decepcionar
-Não vale a pena tentar
-Tentar vai ser muito doloroso
ESQUEMAS
SITUAÇÃO ACTIVADORA
-Sou incapaz, Não mereço HUMOR
-Oportunidade de agira para nada de bom
-Deprimido
alcançar objectivos pessoais -Os outros não são de
confiança e são críticos
COMPORTAMENTO
-Passividade
-Isolamento
FRACASSO EM ALCAÇAR
OBJECTIVOS
-Insatisfação no trabalho
-Falta de relacionamentos
-Isolamento social
58
Aluno.: Yá, isso é f******
MEPIS: E então?
Aluno.: Posso fazer de cabeça.
MEPIS: Gostavas um dia de trabalhar?
Aluno.: Claro. Quero ter o meu graveto, o meu money.
MEPIS: E trabalhar em quê?
Aluno.: Sei lá, uma cena fixe em que pudesse ter malta bacana a trabalhar comigo.
MEPIS: Já pensaste em quê?
Aluno.: Gostava de trabalhar na cena de construir estradas. É fixe … aquelas máquinas.
MEPIS: E achas que vais conseguir?
Aluno.: Acho que não. É preciso conhecer maganos que mandam nas cenas.
MEPIS: Então e se tu souberes coisas que servem para essa profissão?
Aluno.: Yá … isso é preciso, mas sem maganões que mandam nessas cenas não tenho
mesmo hipóteses.
MEPIS: Então queres dizer que todos os trabalhadores das estradas entraram porque
tinham cunhas?
Aluno.: Todos não … mas …
MEPIS: Todos não?
Aluno.: Claro. Há malta que deve ter entrado para essa cena sem conhecerem ninguém,
mas a maioria dos gajos têm cunhas.
MEPIS: Então alguns não têm e entraram, não é?
Aluno.: F*****. Qual é o interesse desta conversa? Eu não vim cá para falarmos da
escola?
MEPIS: E para que serve a escola? Não serve para as pessoas se preparem para
trabalhar sem cunhas?
Aluno.: Yá … tou a topar a tua cena. Mas eu não consigo estudar.
MEPIS: …
59
Do mesmo modo como a aprendizagem vicariante pode ser mais eficaz se for associada
a estratégias operantes, por ex., reforçar as observações atentas e as reproduções
correctas, o recurso ao método socrático pode ser modelado ou reforçado. Neste
exemplo, seria uma coisa do género:
…
MEPIS: Então queres dizer que todos os trabalhadores das estradas entraram porque
tinham cunhas?
Aluno.: Todos não … mas …
MEPIS: Todos não?
Aluno.: Claro. Há malta que deve ter entrado para essa cena sem conhecerem ninguém,
mas a maioria dos gajos têm cunhas.
MEPIS: Fixe, boa conclusão. Tá-se bem, estás de parabéns. Conseguiste perceber
que afinal alguns não têm e entraram, não é?
…
Neste tipo de aprendizagem o indivíduo dá-se conta da sua ignorância, relativiza as suas
opiniões radicais (ironia) e descobre soluções através de uma reflexão dirigida por um
diálogo dominado por sucessivas questões (maiêutica).
60
Materiais:
Novos comportamentos
construtivos:
Para identificar crenças Para contestar, pergunta: Para pensar de forma mais As emoções negativas
irracionais procura: -Onde é que esta crença racional procura: saudáveis incluem:
Contra-indicações e recomendações:
61
4. G) MÉTODO DE ESTUDO SQ3R
Pressupostos da técnica:
Objectivos:
Setting:
Uma sala de acesso restrito com mesas e cadeiras. Para cada aluno 1 caderno, 1
borracha, 1 lápis de carvão, 1 lápis azul e 1 lápis vermelho, esferográficas e um livro de
texto, de preferência de História.
Procedimento:
Existem alguns aspectos que devem ser levados em consideração antes de iniciar o
estudo de uma matéria. Para a maior parte das pessoas, o rendimento intelectual da
manhã é superior ao da tarde e noite. Quando o estudante começa a sentir cansaço, é
conveniente fazer uma pausa ou mudar de assunto. Quanto à duração do trabalho, o
ideal poderá ser realizar “pequenas etapas”, com pequenos períodos de esforço intenso e
concentrado. É importante elaborar um horário semanal para o estudo. Este deverá ser
realista e flexível e ajustar-se às necessidades individuais. O cumprimento de um
horário favorece a aquisição de autodisciplina, sendo que esta é um trunfo fundamental
para o sucesso nos estudos e na vida.
Outro factor que afecta a falta de atenção e concentração no estudo é o ambiente de
trabalho. O ideal é que exista um local destinado apenas ao estudo, quando tal não é de
todo possível, deve partir-se das condições existentes, identificando, em conjunto com o
jovem, quais os estímulos do meio ambiente que podem contribuir para perturbar a sua
atenção e, em seguida, imaginar estratégias para os eliminar ou evitar.
62
Para recorrer a qualquer método de estudo é necessário começar por enumerar a
informação a memorizar e a sua urgência e aplicação. Assim, podemos estabelecer
como objectivo um teste de uma matéria que irá decorrer daqui a uma semana. A partir
daqui organizamos o tempo que temos disponível de forma a melhor o rentabilizar. As
matérias a estudar necessitam, à partida, de uma selecção do que é importante e
relevante, uma vez que não é necessário, nem possível, decorar toda a informação
disponível. O segredo do sucesso está na motivação (objectivos e expectativas
claramente definidas). Esta deverá ser forte, mas não excessiva (o que pode conduzir à
ansiedade e ao medo do fracasso, que prejudicam o rendimento). Sem motivação
aprende-se pouco e esquece-se depressa. Um estudante motivado concentra-se no
trabalho, não se dispersa nem interrompe o estudo. Além disso, tudo o que é
significativo e interessante para o sujeito permanece mais tempo na memória e pode ser
recordado com facilidade.
Assim, um dos métodos que melhor permite ter em conta estes pressupostos e que se
tem revelado eficiente é o método SQ3R que a seguir se descreve:
(S) Antes de ler Examina (Survey) o capítulo (título), cabeçalhos, e subtítulos, textos
explicativos sobre as imagens, diagramas, gráficos ou mapas, reveja o parágrafo de
abertura e conclusão do texto.
(R) Quando estiveres a começar a ler (Read), procura dar respostas às questões que
levantaste anteriormente; responde às perguntas do início ou do final de capítulos ou
estudos dirigidos, relê as informações sobre as figuras, gráficos, etc., atenta para todas
as palavras ou frases sublinhadas, em itálico e impressas em negrito, estuda os gráficos
de apoio, reduz a velocidade da leitura em passagens difíceis, pára e lê de novo partes
63
que não estejam muito claras. Lê apenas um capítulo ou sub capítulo de cada vez e
recita após a leitura.
(R) Recita depois de ler cada capítulo ou sub capítulo. Verbaliza para ti mesmo
perguntas sobre o que tiveres lido e/ou sumariza, com as tuas próprias palavras, o que
acabaste de ler, faz apontamentos do texto mas escreve as informações nas tuas próprias
palavras; sublinha/destaca pontos importantes que tenhas lido; usa o método de
recitação que melhor se adeqúe ao teu estilo particular de aprendizagem mas lembra-te,
quantos mais sentidos empregares, tanto mais te lembrarás do que leste.
(R) Faz a revisão do texto. No primeiro dia, assim que tenhas lido e recitados o
capítulo inteiro, escreve nas margens perguntas para os pontos que tenhas
destacado/sublinhado. Se o teu método de recitação inclui tomar notas na margem
esquerda escreve perguntas para as notas que tenhas tomado. No segundo Dia folheia as
páginas do teu texto e/ou caderno a fim de te familiarizares com os pontos importantes.
Cobre a parte escrita do teu texto/caderno e dirige a ti mesmo as perguntas da margem
esquerda. Responde em voz alta ou escreve as respostas de memória. Faz fichas para
aquelas questões que te causam dificuldade. Desenvolve dispositivos mnemónicos para
materiais que necessitam ser memorizados. No terceiro, quarto e quinto dias alterna as
tuas fichas e apontamentos e testa-te a ti próprio (oralmente e por escrito) em questões
que tenhas formulado. Elabora fichas adicionais se necessário. Faz um índice – lista
todos os tópicos e sub-tópicos que precisas conhecer do capítulo. Do índice, constrói
uma Folha de Estudos/Mapa Conceptual.
Materiais:
Contra-indicações e recomendações:
4. H) REFORÇOS E PUNIÇÕES
Objectivos:
Setting:
Procedimento:
65
Para a abordagem técnica dos reforços, é necessário ter uma noção exacta do que
se entende por relação de contingência de três termos.
Diz-se que há uma relação de contingência de três termos quando numa dada
situação S (1º termo) um indivíduo produz um determinado comportamento R (2º
termo) que tem uma determinada consequência C (3º termo): S – R → C.
As contingências podem ser de reforço ou de punição, consoante o efeito que
determinam na probabilidade do referido comportamento.
Relativamente a uma determinada contingência, se e só (sse) constatamos que a
probabilidade do comportamento aumenta, diremos que esse comportamento está a ser
reforçado. Diremos, também, que a contingência é reforçadora e que a consequência
C é um reforçador (ou reforço).
Por exemplo, se na sala de aula de Educação Musical (S), o aluno tece um
comentário desadequado (R) e consegue que a professora o deixe sair para fora da aula
(C), não podemos concluir que estamos na presença de uma situação de reforço, mesmo
que se saiba que é uma coisa que o aluno aprecia muito, na medida em que só esta
informação não basta. Efectivamente, só depois de verificarmos que com esta
contingência e ao longo do tempo o comportamento aumenta de probabilidade, isto
é, o aluno tece cada vez mais comentários desadequados nas aulas de inglês, é que
então poderemos dizer que há reforço.
66
Só quando soubermos que o comportamento de ingestão de bebidas
alcoólicas vai aumentando com esta contingência, ao longo do tempo, é que
podemos dizer que há reforço.
Admitamos que em ambos os casos há reforço (aumento da frequência,
intensidade ou duração do comportamento). Então, no que diz respeito à consequência,
no primeiro caso a consequência é um ganho (conseguir algo) e no segundo caso a
consequência é a eliminação ou remoção de uma situação aversiva prévia.
Convencionou-se que as contingências com o primeiro tipo de consequência são
contingências de reforço positivo, e que as contingências com o segundo tipo de
consequência são contingências de reforço negativo. As designações “positivo” e
“negativo” não assumem qualquer carácter moral, ético ou hedonista, são apenas rótulos
arbitrários. Poderiam chamar-se “reforço tipo A” e “reforço tipo B”.
Quanto à punição, só poderemos falar de contingência punitiva:
1º - Se há diminuição da frequência, intensidade ou duração do comportamento
(ou aumento do tempo de latência), e
2º - Se for devido ao facto de a consequência ser a obtenção/aplicação de algo
(punição positiva) ou a remoção de algo (punição negativa).
67
A punição só é efectiva quando a consequência, seja aplicação de algo, seja
remoção de algo:
a) - É aplicada imediatamente;
b) - Com intensidade que não provoque ansiedade;
c) - Consistentemente, isto é, não poderá haver vezes em que não se aplique;
d) - Dirigida ao comportamento e não ao indivíduo (ex.: não insultar o aluno).
Como efeitos colaterais que podem ocorrer na punição assumem relevância a
1 habituação, com evidente diminuição da eficácia, 2 distúrbios emocionais, 3
evitamento da pessoa que aplica a punição, 4 aprendizagem de comportamentos
punitivos por observação e 5 apatia, especialmente quando a punição é inescapável.
No que diz respeito aos reforços, compreender as tabelas de reforço é
fundamental para (ao nível dos alunos de risco médio) evitar que o mediador caia em
ciclos interactivos que sejam reforçadores de comportamentos indesejáveis sem que se
dê conta desse facto.
As tabelas de reforço consistem em programas que definem:
1 - Os agentes de reforço a aplicar (segundo a informação recolhida junto do
indivíduo ou próximos sobre o que, habitualmente, tem funcionado como reforçador
indicador do provável valor de reforço);
2 - As condições (frequência e tempos) de aplicação dos reforçadores.
As tabelas dividem-se em: tabelas de reforço contínuo e de reforço
intermitente.
Nas tabelas de reforço contínuo, o reforço aplica-se contingentemente a todas as
respostas. Por exemplo, sempre que o aluno inicie um pedido com a expressão "por
favor", receberá um elogio.
Nas tabelas de reforço intermitente, o reforço não se aplica a todas as respostas.
Neste caso, das várias vezes que o aluno iniciar um pedido com a expressão "por favor",
apenas em algumas delas receberá um elogio.
Por sua vez, as tabelas de reforço intermitente podem ser classificadas em tabelas
de taxas de resposta (ratio) ou de períodos de tempo (intervalo).
Numa tabela de taxa, o indivíduo recebe um reforço depois de um determinado
número de respostas. Numa tabela de intervalo, a resposta é reforçada unicamente
depois de ter decorrido um determinado intervalo de tempo, i.é., a primeira resposta
68
que ocorre depois de um certo tempo é reforçada (as que ocorrem antes desse intervalo
de tempo não são reforçadas).
Relativamente aos efeitos das tabelas de reforço no comportamento, os reforços
contínuos permitem uma aquisição de comportamentos muito rápida. Contudo, após a
remoção súbita e definitiva do reforço, a extinção é rápida.
Os comportamentos adquiridos por programas variáveis são mais resistentes à
extinção do que os adquiridos por programas fixos. As curvas de aquisição são mais
estáveis nos programas variáveis do que nos programas fixos. Este é um dos principais
motivos porque a inconsistência educativa (quer a doméstica quer a escolar) não
resolve os problemas de indisciplina, agravando-os na maioria dos casos.
Estes factos deverão ser tidos em conta pelos mediadores nos ciclos interactivos
que estabelecem com os alunos.
Por outro lado, são princípios técnicos que deverão ser usados na intervenção
com alunos de médio risco.
Dando primazia aos reforços, tecnicamente há seis tipos de reforçadores:
consumíveis, itens, informação retro-activa (feedback), comportamentos de alta
probabilidade, acontecimentos sociais e auto-reforços.
A informação retro-activa ou feedback deverá incluir dois componentes:
informação-avaliação e informação-incentivo. Isto é, deverá dizer-se: "Muito bem,
conseguiu acabar a tarefa que lhe foi prescrita! se continuar a fazer isto todos os dias,
conseguirá a aprovação no exame da próxima semana.". Este tipo de reforçadores usa-
se, sobretudo, nos casos em que se estabelecem objectivos ou expectativas de resultados
bem definidos: por exemplo, reduzir os cigarros de 25 por dia para 15 por dia, em duas
semanas. Neste caso, o feedback será a informação do número de cigarros consumidos
por dia durante as duas semanas.
Relativamente aos comportamentos de alta probabilidade, é necessário
distinguir probabilidade e frequência de resposta. Quando observamos e monitorizamos
(registamos) os comportamentos de alguém em determinada situação específica,
determinamos a frequência. Se observamos e monitorizamos os comportamentos de
alguém numa situação em que o indivíduo tem livre acesso a várias actividades,
determinamos o que será a frequência espontânea ou probabilidade.
Segundo Premack, se há um comportamento A de baixa probabilidade (estudar,
por exemplo) que queremos incrementar, e há um comportamento B de elevada
probabilidade (andar de bicicleta, por exemplo), se procedermos de modo que andar
69
de bicicleta seja contingente ao comportamento de estudo, a probabilidade deste
aumentará Princípio de Premack. Os insucessos no uso destes reforçadores são
devidos, frequentemente, à confusão entre probabilidade e frequência.
Os acontecimentos sociais são acontecimentos mediados por outros e têm as
vantagens de não distraírem e serem disponíveis. Os mais potentes são a atenção
prestada e a aprovação, que pode ser verbal ou não-verbal.
Expressões Verbais de Aprovação: "Sim!", "óptimo!", "muito bem!", " 'fixe'!",
"obrigado!", "estou muito satisfeito por te ver!", "gostei do modo como fizeste ...",
"espectacular!", "estou plenamente de acordo!", etc.
Expressões Não-Verbais de Aprovação: Olhar em direcção à pessoa, sorrir, rir
com ela, pressionar os lábios como sinal de aprovação, abrir acentuadamente os olhos
para exprimir entusiasmo, elevar o polegar, com a mão cerrada, para exprimir "O.K.!",
etc.. Também se podem usar cartões com expressões do tipo: "Conseguiste!",
"Excelente!", "Muito Bom!".
Materiais:
Não se aplica.
Contra-indicações e recomendações:
4. I) EXTINÇÃO COMPORTAMENTAL
Objectivos:
70
Setting:
Procedimento:
Materiais:
Não se aplica.
71
Contra-indicações e recomendações:
4. J) TREINO AUTO-INSTRUCIONAL
Objectivos:
Procedimento:
72
- Uma conta de dividir!
- O que é que eu tenho de fazer primeiro? (planeamento)
- Escrever o dividendo! Ora vamos lá!
- Estará correcto? Vamos comparar (monitorização). Enganei-me no último
algarismo. Não faz mal (auto-desculpabilização). Apago e escrevo outra vez.
- E agora?
- Agora vou fazer os traços da divisão ...
- Estará tudo correcto? Vamos comparar (monitorização). … Está. Muito bem,
consegui (auto-reforço).
A seguir, o aluno deverá praticar o que observou, ser incentivado a isso, sendo
instruído e reforçado ao longo da prática. Deve ser treinado a auto-reforçar-se.
Todos estes procedimentos são feitos em voz alta. Depois do aluno ser capaz de
realizar todos os procedimentos sem auxílio, passar-se-á para os treinos em voz baixa.
Quando for capaz de o fazer em voz baixa, fá-lo-á de forma inaudível (com gestos
congruentes com as instruções que dá a si próprio mentalmente).
Materiais:
Contra-indicações e recomendações:
Se não houver contrato comportamental (escrito ou verbal) poderá ser improvável que o
aluno o faça.
Objectivos:
73
2) Ensaiar e aperfeiçoar novas respostas e comportamentos;
3) Aumentar o insight e a capacidade de compreensão do outro;
Setting:
Procedimento:
74
regulação. O desenvolvimento da auto-regulação comportamental favorece a
emergência de autonomia e promove a responsabilização. É um aspecto de extrema
relevância, dado que há idades críticas além das quais se tornará difícil adquirir a
competência de auto-regulação.
Este método pode servir ainda para modelar formas de lidar com atribuições
hostis que estão frequentemente por trás de comportamentos “disruptivos” em sala de
aula – perturbação da conduta. Frequentemente, alunos agressivos atribuem
significações de hostilidade a comportamentos de colegas e agem em conformidade
com elas, como se se tivessem de defender (“o ataque é a melhor defesa”). A partir
disto, o mediador pode modelar um modo alternativo de “julgar” comportamentos
alheios.
Uma das formas práticas de o fazer consiste no role play: criam-se situações
simuladas geradoras das referidas atribuições hostis e um modelo, escolhido pelo aluno,
em voz alta faz atribuições alternativas e não geradoras de agressividade; a seguir, o
aluno faz o mesmo até perceber que atribuições deverá fazer e o resultado nas relações
interpessoais da utilização dessas novas atribuições. Para além destes treinos (na
presença do mediador), sugere-se ao aluno que em casa, à frente de um espelho, faça
este treino de atribuições alternativas, sempre da mesma maneira (treino do papel fixo).
O role play é utilizado no “treino de competências sociais” que consiste em
ensaiar comportamentos e atitudes em grupo. Simulam-se situações de grupo e treinam-
se competências para lidar com a crítica manipulativa e competências assertivas no
relacionamento inter-pessoal. Por detrás de muitos problemas inter-pessoais nas salas
de aula estão frequentemente défice ou inibição de competências sociais.
Podem ser treinadas competências de “início, manutenção e conclusão de uma
conversação”, pedir desculpa e auto-afirmação.
No que diz respeito ao role play, por vezes torna-se necessário e útil que o
mediador troque de papéis (role taking) com o aluno numa dada sessão a fim de que
este possa tomar consciência do seu papel no processo, na medida em que o role taking
é igualmente um processo de insight (ver dentro): descobrir subitamente uma nova
relação entre ideias durante a análise de uma situação-problema. As mudanças posturais
e gestuais (ex.: “contorcer a língua fora da boca enquanto se tenta descobrir como se
abre uma caixa”) e as deslocações no espaço contribuem para o aumento da eficácia do
método.
75
É uma técnica útil para lidar com determinados alunos com comportamentos
disruptivos. Pode-se, por exemplo, pedir ao aluno que dê uma aula sobre o que quiser e
o professor assumirá no (lugar do aluno) o comportamento do aluno. Em muitos casos,
este procedimento mostra-se ser útil. O aluno, subitamente, pode dar-se conta de
aspectos da situação de que não possuía consciência até aí.
Obviamente, nem sempre (como é próprio da dimensão técnica e porque se trata
de pessoas) este procedimento resulta. Para que resulte, torna-se necessário que não
haja distúrbios do comportamento que exijam avaliação e intervenção especializadas e
que a turma possa funcionar como grupo de pressão.
Materiais:
Não se aplica.
Contra-indicações e recomendações:
Pressupostos da Técnica:
Situação 1
O crítico pretende fazer-nos uma crítica construtiva:
76
1. O que espera e mais deseja o crítico?
a) que aceitemos a sua crítica, pelo menos como hipótese de discussão (de
facto, quando pretendemos criticar construtivamente alguém, mormente
receamos a sua atitude ou reacção, frequentemente de rejeição).
2. Se aceitarmos, o que fará (habitualmente) o crítico?
a) Uma vez tranquilo, escolherá um local privado, discreto, a sós, e dirigirá
a crítica aos comportamentos e ocorrências, nunca à personalidade.
b) E responderá a todas as nossas questões.
3. Então, qual será a melhor atitude a ter quando alguém nos critica deste modo?
a) Aceitar a crítica como hipótese e colocar todas as questões que
achemos pertinentes.
Situação 2
O crítico pretende fazer-nos uma crítica destrutiva:
1. O que espera e mais deseja o crítico?
a) Que não aceitemos a sua crítica, que fiquemos embaraçados,
encolerizados, etc. (“enfiar a carapuça”, dirá ele à audiência).
2. Como criticará?
a) Em público, com insinuações ou declarações explícitas a aspectos de
personalidade (ex: tu és desonesto).
3. Se aceitarmos a crítica, como hipótese, o que sentirá o crítico?
b) Ficará (muito provavelmente) surpreso, desorientado.
4. E se continuarmos a colocar perguntas no sentido de ele se justificar, o que fará
(habitualmente) o crítico?
a) No início poderá responder de modo fundamentado ou consistente, mas
rapidamente cairá em contradições e invenções.
5. Então, qual será a melhor atitude a ter quando alguém nos critica deste modo?
a) Aceitar a crítica como hipótese e colocar todas as questões que
achemos pertinentes.
Objectivos:
77
1) Proporcionar a possibilidade de discriminar entre uma crítica construtiva e
destrutiva;
2) Lidar com a crítica de modo a que a mesma seja produtiva (se for construtiva) ou
que não seja prejudicial ao que é criticado (se for destrutiva).
Setting:
Procedimento:
Qualquer que seja o objectivo do crítico, o procedimento deverá ser sempre o mesmo:
4º) Se o crítico coloca uma questão (casca de banana), responder com outra pergunta,
nem que seja «Porque colocaste esta questão?».
5º) Se encontrar contradições, não afirmar nada. Confrontar o crítico com questões que
o conduzam a repetir as contradições e termine questionando «Então o que me dizes a
isto? Bate certo?».
Materiais:
Não se aplica.
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Contra-indicações e recomendações:
Tal como se aprende a andar de bicicleta, deverá treinar fazendo, mesmo errando no
início. Não deve treinar apenas em casa ao espelho, à espera que assim se torne capaz
de o fazer com eficácia.
Não menospreze a destreza do crítico malévolo. Pode descobrir a sua técnica. Mas não
entre em pânico. Ela funcionará na mesma se seguir os procedimentos.
Pressupostos da Técnica:
O nosso sistema nervoso central (encéfalo e espinal medula) possui, ao nível do tronco
cerebral, um “emaranhado” de neurónios com axónios curtos, chamado “formação
reticular” (FR). Como o nome indica, é uma rede (retículo) de neurónios ligados uns
aos outros de tal modo que um pequeno impulso nervoso (electro-químico) é
amplificado. Desta FR saem feixes nervosos para todo o encéfalo, o que permite regular
o “tónus” cortical e sub-cortical. Por exemplo, quando uma mãe de um recém-nascido
adormece preocupada com o bebé, pode não acordar com um ruído intenso, mas
acordará com um pequeno gemido do bebé. Com efeito, ao adormecer manterá uma
pequena região do lobo temporal em vigília (waked point), selectiva para sons do bebé.
Bastará um pequeno ruído detectado e identificado para que a FR, por amplificação de
sinal, acorde todo o encéfalo.
Quanto mais impulsos (oriundos dos diversos órgãos dos sentidos e dos músculos)
entrarem na FR, maior é a actividade geral do sistema nervoso central (SNC) e
periférico (SNP) - arousal. Se se puder reduzir a entrada de estimulação na FR,
diminuiremos o arousal.
Como temos centenas de músculos, relaxando efectivamente os músculos
conseguiremos diminuir acentuadamente o arousal. Diminuindo-o, conseguiremos que
outra estrutura do cérebro, o hipotálamo (responsável pela regulação orgânica global,
sendo um kit de sobrevivência) se reorganize e, por arrasto, se reorganizem as diversas
actividades viscerais básicas que dele dependem: sono, fome, sede, libido, humor,
79
ritmos biológicos e sistema imunitário. Consegue-se um efeito cumulativo em termos de
controlo de ansiedade diária.
Se associarmos ao relaxamento muscular uma diminuição da estimulação sensorial
durante o treino, o efeito é potenciado.
Assim, o Relaxamento Neuro-Muscular Progressivo de Jacobson permite atingir estes
objectivos.
Setting:
Procedimento:
Para cada grupo muscular, contrai-se durante cerca de 5 segundos, relaxa-se durante
cerca de 10 a 15 segundos, contrai-se novamente por mais 5 segundos e relaxa-se.
Durante a contracção e o relaxamento, concentre-se no grupo muscular em exercício e
identifique e localize as sensações nesse grupo muscular, comparando-as e
distinguindo-as aquando da mudança de estado (contracção relaxamento
contracção …).
Sequência:
1º) Braço dominante: feche a mão, como se fosse para esmurrar algo, dobre o braço,
levando a mão fechada até perto do ombro e contraia todos os músculos. Depois de
passarem os 5 segundos, deixe de contrair e deixe que o braço repouse. Repita antes de
passar ao grupo seguinte. Concentre-se nas sensações, identificando-as e comparando.
NOTA: Não faça muita força (se causar dor, causará dano e não relaxará; bastará
contrair com firmeza).
80
2º) Braço não dominante: o mesmo que faz com o dominante.
3º) Rosto: contraia todos os músculos do rosto (testa, sobrancelhas, pálpebras, nariz,
“maçãs do rosto”, boca e queixo), como se fizesse fazer uma “careta”. Depois de
passarem os 5 segundos, deixe de contrair e deixe que o rosto repouse. Repita antes de
passar ao grupo seguinte. Concentre-se nas sensações, identificando-as e comparando.
4º) Ombros e pescoço: encolha os ombros, como se quisesse esconder a cabeça entre
eles. Depois de passarem os 5 segundos, deixe de contrair e deixe que o pescoço e
ombros repousem. Repita antes de passar ao grupo seguinte. Concentre-se nas
sensações, identificando-as e comparando.
5º) Tórax: encha o peito de ar, o máximo que puder e pelo nariz. Depois de passarem
os 5 segundos com o peito cheio de ar, deixe sair o ar de uma só vez e pela boca. Repita
antes de passar ao grupo seguinte. Concentre-se nas sensações, identificando-as e
comparando.
6º) Abdómen: contraia todos os músculos do abdómen, tal como faz para se defender
de um murro na barriga ou quando quer defecar. Depois de passarem os 5 segundos,
deixe de contrair e deixe que o abdómen repouse. Repita antes de passar ao grupo
seguinte. Concentre-se nas sensações, identificando-as e comparando.
7º) Nádegas: contraia todos os músculos das nádegas, como se quisesse “defender” de
um supositório. Depois de passarem os 5 segundos, deixe de contrair e deixe que as
nádegas repousem. Repita antes de passar ao grupo seguinte. Concentre-se nas
sensações, identificando-as e comparando.
81
9º) Perna não dominante: o mesmo que faz com a dominante.
Finalização:
Termine balbuciando a palavra “calma” cada vez que expira e deixe-se adormecer. Ao
fazê-lo, está a associar por condicionamento pavloviano a palavra ao estado de profundo
relaxamento, o que permitirá em situações de tensão relaxar-se rapidamente expirando
profundamente ao mesmo tempo que balbucia a palavra “calma”. Pode também associar
uma imagem mental tranquilizadora, sempre a mesma (leis do condicionamento
pavloviano) – slide de paz.
Materiais:
Contra-indicações e recomendações:
Treinar todos os dias durante 30 dias. Depois usar em S.O.S., desde que faça pelo
menos 2 vezes por semana. Contra-indicações: miastenia grave e doenças neuro-
musculares.
82
BIBLIOGRAFIA
Bandura, A., Ross, D. & Ross, S. (1961). Transmission of aggression through imitation
of aggressive models. Journal of Abnormal and Social Psychology, 63: 575-582.
Beane, A. (2006). A sala de aula sem bullying: mais de 100 sugestões e estratégias
para professores. Porto: Porto Editora. ISBN: 978-972-0-34613-1.
Bunge, S. & Zelazo, P. (2006). A brain-based account of the development of rule use in
childhood. Current Directions in Psychological Science, 15 (3): 118-121.
Fernandez, V., Domínguez, M., Garcia, A. & Bujedo, J. (2005). Procesos psicológicos
básicos: una análisis funcional. Madrid: Pearson, Prentice Hall. ISBN: 84-205-4370-5.
Kantowitz, B., Roediger III, H. & Elmes, D. (2001). Experimental psychology (7th
Edition). U.S.A.: Wadsworth. ISBN: 0-534-36426-8.
83
Moreira, M. & Medeiros, C. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento.
Porto Alegre: Artmed. ISBN: 85-363-0755-2.
Patrick, Ch. (Ed.) (2006).Handbook of psychopathy. New York: The Guilford Press.
ISBN-10: 1-59385-591-5.
Pozo, J. (1998). Teorias cognitivas da aprendizagem (3ª Edição). Porto Alegre: Artes
Médicas. ISBN: 85-7307-344-6.
Silva, C., Nossa, P., Silvério J. & Ferreira, A. (2008). Incidentes críticos na sala de aula:
análise comportamental aplicada (2ª Edição). Coimbra: Quarteto Editora. ISBN: 978-
989-558-097-2.
84
CAP.II
MODELO EPIS DE CAPACITAÇÃO
PARENTAL
LUÍSA BARROS
ANA ISABEL PEREIRA
RITA GOES
85
Capítulo 1- Introdução
Este manual destina-se ao uso exclusivo dos técnicos EPIS e pretende constituir-se
como um guia orientador das diferentes intervenções dirigidas à família, e mais
especificamente aos pais, no contexto do modelo EPIS mais alargado de intervenção
para a promoção do sucesso escolar. Deve ser entendido como uma continuação e
concretização do manual “Educar com Sucesso: Manual para técnicos e pais”, mantendo
a coerência teórica e metodológica com os seus objectivos e conteúdos.
Como foi referido, este manual aborda a intervenção com os pais e a família, mas
insere-se claramente e obrigatoriamente na estratégia de intervenção EPIS, que é
orientada para os vectores: jovem, família, escola e território. Tendo em conta o
objectivo orientador da intervenção, isto é, a promoção da integração e do sucesso
escolar, as intervenções com a família podem organizar-se desde um nível em que são
nulas ou mínimas porque são impossíveis ou muito limitadas, passando por níveis
intermédios em que há coordenação com outras intervenções dirigidas ao jovem e/ou à
escola, até a um nível máximo em que se constituem como o principal vector desta
intervenção. Torna-se assim crítico que o técnico EPIS nunca perca de vista esta
intervenção mais global e os seus objectivos, para que, em cada fase, possa avaliar a
pertinência de cada uma das intervenções, e as saiba coordenar de forma equilibrada.
86
Por fim uma última nota de clarificação. A intervenção dirigida à família que aqui se
apresenta tem como público-alvo essencialmente os pais ou os seus substitutos. Por pais
entendem-se todos os adultos que têm a função de encarregados de educação e que são
os principais responsáveis pela vida familiar e pela gestão das actividades e rotinas da
família, ou que são figuras de vinculação privilegiadas. Todos sabemos que nestas
situações o ideal é poder intervir e colaborar com todas as figuras parentais, isto é o pai
e a mãe ou os seus substitutos, podendo incluir, por exemplo, os cônjuges do pai e mãe
com quem o jovem vive ou convive regularmente. No entanto, esta participação
alargada nem sempre é possível. Pelo que o convite para participar deve ser dirigido às
figuras parentais ou seus substitutos, e depois continuada com aqueles (pai/mãe; avó,
padrasto, etc) que se mostrem disponíveis para aderir ao processo, sem prejuízo de
periodicamente se reavaliar a pertinência de envolver outras figuras parentais e de lhes
dirigir os respectivos convites pelos modos considerados mais apropriados.
Intervenção Universal
87
situações problemáticas das outras, de poderem ser mais motivadoras para o público
alvo e de potenciarem efeitos de modelagem social e aprendizagem em grupo. Mas têm
também efeitos menos intensos, mais diluídos, e podem implicar algumas dificuldades e
obstáculos que devem ser considerados, nomeadamente na sua organização e
funcionamento, e no facto dos seus efeitos serem necessariamente mais aleatórios e
portanto menos controláveis.
A intervenção universal aqui proposta organiza-se como uma acção mais descontinuada,
a “Escola com pais e professores”, ou de uma forma mais continuada e estruturada,
“Envolver os pais na escola”. Apesar de não ser de antecipar efeitos muito intensivos ou
rapidamente evidentes, estas acções têm o grande mérito de dar visibilidade a uma
estratégia global de acolhimento e envolvimento da família na escola, de motivação
para a reflexão e redefinição de algumas práticas parentais, e de facilitação do diálogo
entre a escola e os pais, pelo que não devem ser desvalorizadas. Caberá à coordenação e
aos mediadores de cada escola avaliar a situação, e estudar a probabilidade de adesão
das famílias para definir as modalidades mais adequadas para cada situação e contexto,
no conjunto da distribuição das suas tarefas, procurando a distribuição mais eficaz dos
recursos técnicos disponíveis.
Intervenção Selectiva
88
Na intervenção selectiva definimos dois níveis de intensidade e organização: a
intervenção selectiva grupal, “Entre pais”, e a intervenção individualizada ou indicada,
“Em família”. A opção por uma ou outra depende dos resultados obtidos no zooming e
da disponibilidade e motivação dos pais demonstrada na primeira abordagem à família1.
Os critérios serão apresentados no capítulo III. Como é evidente, a intervenção em
pequenos grupos tem grande valia, seja em termos de modelagem e apoio social, seja
em termos dos custos associados, pelo que a intervenção selectiva individualizada deve
ser reservada para as situações em que o risco é mais elevado, o contributo das atitudes
dos pais se apresenta como muito importante para a resolução dos problemas do jovem,
e os pais evidenciam desde o início um nível razoável de motivação para a adesão, uma
necessidade importante de espaço individualizado ou dificuldades de participação na
modalidade grupal.
Este tipo de acção não é uma forma de terapia e em nenhum caso deve ser como tal
considerado nem pelos jovens, nem pelas famílias, nem pelos próprios técnicos ou por
quaisquer outros profissionais envolvidos nesta intervenção. E tal acontece porque não
são esses os objectivos da EPIS, nem o contexto e o modo de sinalização é o apropriado
para processos terapêuticos (visto que embora tenha que haver uma adesão voluntária,
os casos são previamente seleccionados e não partem dum pedido de ajuda do jovem ou
da família), nem os técnicos envolvidos têm, necessariamente, formação terapêutica.
No entanto, nalguns casos identificados haverá uma necessidade real de terapia para o
jovem e/ou para a família. Assim, para que esta intervenção seja bem sucedida, ela
exige que o técnico se coordene com a rede dos serviços de saúde e sociais da
comunidade, de modo a sempre que necessário encaminhar o jovem e a família para os
apoios educacionais, terapêuticos, médicos ou sociais de que necessita. Também por
esta razão os casos de risco elevado são excluídos deste modelo de intervenção, cabendo
ao mediador EPIS este encaminhamento, ou mesmo um acompanhamento dos processos
sempre que tal não seja convenientemente feito por outro profissional da comunidade ou
da escola, mas em moldes diferentes dos aqui apresentados.
1
Ver manual de “Abordagem à família”.
89
Capítulo 2 - Intervenção Universal
1. “Escola com pais e professores”: Sessões ao fim de tarde, que abordam temas
relacionados com o desenvolvimento do jovem, ou os modos como a família pode
promover o sucesso escolar.
Descrição sumária
Seminários de fim de tarde que têm por finalidade fornecer a todos os pais informação
sobre o desenvolvimento, a aprendizagem e como a família pode promover o
desenvolvimento e a aprendizagem.
Objectivos
1. Aumentar o conhecimento dos pais acerca do desenvolvimento e de como a
família pode promover o desenvolvimento e o sucesso escolar
2. Promover uma relação mais próxima entre pais e escola e entre os diferentes
membros da comunidade educativa
3. Aumentar o conhecimento dos pais acerca do projecto EPIS na escola e captar
alguns pais para a intervenção “Entre Pais”
População Alvo
Famílias, professores e outros elementos da comunidade educativa.
90
Metodologias
Exposição oral e com base em audiovisuais, visionamento e análise de vídeos que
apresentem modelos de boas práticas ou de situações criticas a evitar e debates.
Recursos necessários
1. Anfiteatro ou ginásio da escola. Eventualmente, poderá recorrer-se à câmara ou
junta de freguesia e dirigir-se a mais do que uma escola.
2. Projector de data-show, tela, vídeo.
Procedimentos
É apresentado à escola um plano de seminários de fim de tarde ou noite, dirigido a pais,
alunos, professores, auxiliares de acção educativa e outros elementos da comunidade
educativa sobre variados temas.
Seminários:
91
2. Lá em casa mandamos nós? … Estratégias disciplinares- Anexo 2 -
APRESENTAÇÃO 2
Este seminário é dirigido a pais de todos os anos de escolaridade. Clarifica a noção
de autoridade parental durante a adolescência e esclarece quais as mudanças e
necessidades do adolescente. São dadas algumas pistas quanto às formas de apoiar,
dar estabilidade, monitorizar e estabelecer regras. Finalmente, são apresentadas
algumas estratégias específicas para promover a disciplina junto do adolescente:
reforço positivo, reforço negativo, extinção, custo da resposta, punição, contrato
comportamental.
Sugestões: cada estratégia ou orientação para o comportamento dos pais deve ser
devidamente ilustrada com exemplos concretos.
3. Entre a família e a escola: o que os pais podem fazer para promover o sucesso
escolar de filhos adolescentes – Anexo 3 – APRESENTAÇÃO 3
Este seminário é dirigido a pais de todos os anos de escolaridade. Numa primeira
parte, são apresentados aos pais os benefícios de um maior envolvimento parental
na escola. Seguidamente fornecem-se algumas pistas de como é que os pais se
podem envolver na educação e na escola dos filhos em cinco domínios da
tipologia de Joyce Epstein: promover as condições básicas para a aprendizagem,
comunicar com a escola, participar nas actividades desenvolvidas na escola,
promover actividades de aprendizagem em casa e participar activamente nas
decisões da escola.
Sugestões: convidar a Associação de Pais a apresentar o seu programa anual de
actividades ou pedir à escola que apresente as actividades do seu plano anual que
também estejam abertas a pais.
Avaliação
Em cada sessão serão contabilizados o número de pais e outros elementos que
assistiram à sessão, e cada um dos participantes preencherá duas fichas: uma de
92
caracterização dos pais (Ficha Demográfica – Anexo 4) e outra de satisfação
(Questionário de Satisfação Parental – Anexo 5).
Descrição sumária
Desenvolvimento de um projecto na escola que tem por objectivo implementar boas
práticas de promoção de envolvimento parental na escola. Esse projecto será
desenvolvido por uma equipa que integrará diferentes elementos da comunidade
educativa.
Objectivos
1. Promover uma parceria escola-família mais eficaz (i.e. com melhores
resultados), e mais inclusiva (i.e. ao alcance de mais famílias) nos domínios de
parceria considerados mais relevantes para a adaptação e sucesso escolar dos
alunos.
2. Avaliar as práticas de envolvimento parental existentes na escola e a sua
eficácia.
3. Desenvolver e implementar um plano de boas práticas de envolvimento parental
na escola em três domínios: comunicação-escola família, aprendizagem em casa
e participação dos pais em actividades no espaço escolar.
População Alvo
Toda a comunidade educativa.
Metodologias
Trabalho de projecto.
Recursos necessários
Equipa do projecto e recursos a designar no decorrer do projecto.
2
Os procedimentos e metodologias desenvolvidas incluídas nesta parte têm como referência
principal o trabalho desenvolvido pelo Centro de Parceria entre Escola, Família e Comunidade
da Johns Hopkins University e no trabalho de investigação-acção de Joyce Epstein.
93
Procedimentos
O trabalho irá desenvolver-se numa sequência de diferentes passos. Um primeiro passo
consiste no estabelecimento de um contrato com a direcção da escola e na constituição
da equipa que será a responsável pela gestão do projecto. O projecto desenrolar-se-á em
diferentes etapas: fundamentação do projecto, estabelecimento de objectivos,
desenvolvimento de um plano de acção, e avaliação (Figura 1).
94
b) Constituição de grupo de trabalho: Numa fase inicial, deverá ser constituído um
grupo de trabalho na escola para liderar este processo. Esse grupo de trabalho
será designado pelo conselho executivo da escola e dele farão parte: o mediador,
o coordenador dos directores de turma, directores de turma dos diferentes níveis
de ensino3, outros técnicos da escola (por exemplo, técnicos do SPO, dos Apoio
Educativos) e eventualmente representantes de pais e dos alunos dos diferentes
níveis de ensino. Este grupo será responsável pelo desenvolvimento e
implementação de todas as fases do projecto descritas seguidamente. Deverá
existir um elemento no conselho executivo que fará a articulação com a equipa
do projecto.
3
A formação deverá ser creditada pelos Centros de Formação nas escolas.
95
domínios, tendo em conta a visão, a experiência e o desejo de professores, pais e
alunos e tendo também em consideração o projecto educativo da escola.
O projecto deve focar o desenvolvimento das diferentes modalidades de relação
escola-família. A importância da diversificação das modalidades de
envolvimento prende-se com o facto destas modalidades terem finalidades
distintas e por isso um impacto diferencial nos diferentes domínios. Umas visam
influenciar mais directamente os resultados escolares do aluno, enquanto outras
procuram sobretudo uma mudança de atitudes e comportamento.
A grelha de avaliação dos tipos de envolvimento é um importante instrumento
no planeamento de um programa de parceria escola-família, permitindo uma
visão mais holística daquilo que é a situação actual da escola e das suas
necessidades e o desenvolvimento de um plano de acção compreensivo e
equilibrado que responde à situação específica de cada escola.
No final desta etapa devem estar identificadas as forças actuais da escola no que
diz respeito à parceria escola-família e as mudanças que são necessárias efectuar
para uma parceria mais eficaz e ao alcance de todas as famílias.
d) Elaboração de objectivos
Depois de efectuar a avaliação, o passo que se segue é a elaboração de
objectivos para um plano temporal de três anos,4 e depois objectivos detalhados
para o próximo ano.
Os objectivos têm uma função orientadora porque funcionam como “farol” da
acção (para onde vamos?), como referência na escolha de métodos, meios e
estratégias (como vamos conseguir?), como critério de avaliação (a finalidade é
alcançada?) e como instrumento de reflexão para melhorar a acção (o que está
bem, o que está mal e o que deve ser mudado?).
Esses objectivos devem ser:
Fundamentados na avaliação realizada – os objectivos estabelecem-se a partir
do que é a situação actual da escola no que toca às práticas de envolvimento
parental, do que é desejável, e do que é viável atingir no próximo ano face: a)
4
Três anos é o limite temporal que normalmente é referido como o tempo mínimo necessário
para que o projecto se consolide e tenha resultados mais significativos (Epstein et al., 2002).
96
ao ponto de partida e b) aos recursos humanos, materiais e financeiros, e ao
que é possível atingir?
Operacionalizáveis e mensuráveis – os objectivos específicos têm que estar
bem operacionalizados, de forma a que a avaliação da sua concretização seja
facilmente realizada. Quando possível, é importante incluir critérios e níveis
em que se deve situar o objectivo, para considerar que a finalidade foi atingida
(por exemplo, queremos aumentar em 15% a assiduidade às reuniões de pais).
Equilibrados -devem contemplar os três domínios avaliados: comunicação-
escola família, aprendizagem em casa e participação dos pais em actividades
no espaço escolar.
97
Figura 2 – Exemplo dos passos e elementos que devem ser incluídos num plano de acção.
98
Avaliação
Será realizada uma avaliação pré e pós intervenção a uma amostra de pais e de
professores acerca das práticas de envolvimento parental na escola (Anexos 6 e 7).
99
Capítulo 3- Intervenção Selectiva
5
Ver manual da “Abordagem à família”
100
③ Nos casos em que o jovem e a família aderem ao processo de intervenção
EPIS, segue-se o zooming. Em seguida, e tendo em conta a síntese de toda a
informação recolhida, o técnico decide se é ou não pertinente propor à família um
envolvimento no processo de intervenção, quer como modalidade complementar a
outras dirigidas ao jovem e à escola/território, quer como modalidade única.
No final desta entrevista, o técnico terá mais informação que permitirá avaliar o
interesse e a disponibilidade dos pais para este processo e decidir o
encaminhamento dos pais para uma ou outra modalidade de intervenção, entre
pais ou em família, segundo os critérios que serão descritos mais à frente
(árvore de decisão). Se os pais não revelarem disponibilidade ou interesse para
participarem no processo, poderá ser sempre estabelecido uma modalidade de
intervenção mínima.
101
1.2. Entrevista introdutória à intervenção selectiva com a família
4. Esboço inicial de objectivos: Desta conversa inicial procurar chegar com a família e
com o jovem a uma definição de dois ou três objectivos prioritários i de intervenção. Por
exemplo: “De tudo aquilo que estivemos a falar quais são os aspectos mais importantes
a serem melhorados para que o vosso filho/tu tenha(s) mais sucesso na escola?”.
Os objectivos devem ser concretizáveis e possíveis de observar ou avaliar. Pode ser
perguntado, por exemplo, à família e ao jovem: “Qual seria um primeiro sinal que
indicaria uma evolução positiva da situação?”
Estes são apenas objectivos genéricos da intervenção, porque os objectivos mais
detalhados (e intermédios) serão estabelecidos sessão a sessão.
102
próxima sessão); sobre quem será envolvido (o aluno, os pais, os professores e a
escola….) que tipo de intervenção (formato individual ou em grupo), frequência do
acompanhamento e duração provável do acompanhamento.
No final deverá ser estabelecido um contrato (Anexo 8) que estabelece deveres e
direitos de cada um e os objectivos genéricos da intervenção.
Duração prevista: A primeira sessão com todos os participantes deve prever um tempo
mais longo, cerca de 1h30- 2h00.
103
a. Árvore de decisão
104
2.Intervenção em pequenos grupos: Entre Pais
Descrição sumária
Intervenção dirigida a grupos de pais de pequena dimensão, que se desenvolve em oito
sessões, e que tem por objectivos promover nos pais ideias, atitudes e competências
potenciadoras de desenvolvimento e de sucesso escolar.
Objectivos
1. Aumentar o conhecimento de todos os pais sobre o desenvolvimento, a
aprendizagem e o modo como a família pode promover o desenvolvimento e o
sucesso escolar.
2. Promover nos pais ideias, atitudes e competências potenciadoras de
desenvolvimento e de sucesso escolar.
3. Promover o sentido de eficácia dos pais enquanto agentes educativos
4. Promover nos pais a auto-regulação e auto-suficiência para que estes sejam
capazes de: a) escolher objectivos educacionais adequados às características e
nível de desenvolvimento do filho, b) observar e monitorizar o seu
comportamento e o do filho, c) escolher as estratégias adequadas a cada
problema, implementar e avaliar a sua eficácia, e d) identificar forças e
limitações no seu desempenho e estabelecer objectivos futuros de acção.
5. Promover relações de apoio entre os pais de forma a fomentar sistemas de
suporte que apoiem os pais nos seus papéis parentais.
População alvo
Pais ou outros familiares envolvidos na educação do adolescente captados através da
intervenção universal e pais encaminhados pelo processo de sinalização EPIS.
Metodologias
psico-educativas ou didácticas (fornecimento de informação através de breves
exposições do mediador, da passagem de filmes),
comportamentais (ex: treino de competências através de role playing na sessão;
ensaio de estratégias discutidas na sessão);
cognitivo-construtivistas (monitorização e auto-avaliação, questionamento,…)
105
Recursos necessários
1. Um ou dois dinamizadores e ainda um ou dois animadores para orientar grupos
de crianças e de jovens filhos dos pais que participam na formação.
2. Para o grupo de pais: sala com cadeiras, computador e power-point, televisão,
vídeo, câmara, “barómetro”, crachás entre pais para colocar nome, capa com
materiais para os pais (fichas –lembrete, fichas –registo);
3. Outra sala para os filhos dos pais que participam no grupo (onde podem estar a
realizar actividades orientadas ou livres – jogos, artes plásticas, leitura, …)
4. Outros recursos necessários: transporte, alimentação
Procedimentos
O programa entre pais desenrola-se em oito sessões, realizadas com uma frequência
quinzenal, cada uma delas com uma duração aproximada de 2 horas. O número de pais
de cada grupo deverá variar entre 6 a 12 pais.
Cada uma das sessões é temática, sendo inicialmente abordadas questões mais
relacionadas com a gestão educacional, sendo as últimas sessões dedicadas ao papel dos
pais na aprendizagem e sucesso escolar.
106
Os conteúdos básicos necessários para a dinamização das diferentes sessões encontram-
se no manual “Educar com Sucesso: Manual para Técnicos e Pais”.
A meio da sessão deverá fazer-se um intervalo de 10 a 15 minutos (se possível com direito a café e/ou
água).
107
No final da sessão os dois mediadores reúnem-se e fazem uma reflexão da sessão, bem como o registo das
principais ocorrências, e dos objectivos e tarefas que cada um dos pais seleccionou para si.
Entre sessões poderá ser estabelecido um contacto telefónico com família com o objectivo de pedir
informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas.
Estou a consegui atingir objectivos? Em que situações é que atingi os meus objectivos? Houve alguma
situação em que não conseguisse atingir os objectivos? O que contribuiu para isso? Como posso alterar a
situação?
108
1ª Sessão
O início…
Objectivos:
1. Apresentar os dinamizadores e os pais.
2. Conhecer os diferentes membros do grupo e promover uma relação de maior confiança entre
todos.
3. Conhecer os objectivos do programa, a sua estrutura e calendarização.
4. Conhecer o funcionamento de cada uma das sessões e definir as regras mais importantes.
Actividades propostas:
(Objectivo 1 e 2)
Os dinamizadores dão as boas vindas e apresentam-se (referir a formação e outros elementos pessoais,
que consideram relevantes, por ex. se são pais).
Cada pessoa recebe um crachá “Entre pais” com um nome.
É pedido a cada um dos participantes que se apresente a outro participante (nome pelo qual gosta de ser
tratado, relação de parentesco com o jovem, principais motivações e objectivos para a sua participação no
grupo e elementos que ajudem o outro a conhecê-lo melhor: por exemplo, “prato de comida” favorito).
Depois apresentação do outro ao grupo (os objectivos de cada um dos pais são registados pelo
dinamizador). Pede-se sempre ao próprio se quer acrescentar algo.
(Objectivo 2)
O dinamizador apresenta os objectivos, estrutura e calendarização do programa.
(Objectivo 3)
O dinamizador explica como irá funcionar cada uma das sessões, enfatiza o carácter colaborativo e
participativo dos grupos.
O dinamizador, em colaboração com o grupo, define as regras de funcionamento, sendo importante
incluir os seguintes aspectos:
* Pontualidade – o grupo começa sempre a horas, independentemente de ainda não terem chegado todos
os pais. Será também importante cumprir a hora de intervalo e a hora de finalizar a sessão.
* Princípio da participação equilibrada - todos os pais devem participar e o dinamizador deve ser
responsável por distribuir o tempo para que todos os pais tenham oportunidade de participar.
* Princípio da abordagem positiva com partilha– durante o grupo os pais terão oportunidade de fazer
comentários acerca do comportamento e de questões levantadas por outros pais, mas estes comentários
não devem ter a forma de julgamentos, devem sim remeter para experiências pessoais com situações
semelhantes ou conter algum juízo positivo sobre o comportamento desse pai (por exemplo, valorizando o
esforço e empenho dos outros pais) e salientando o que se aprendeu de novo.
109
* Princípio da colaboração – o dinamizador explica a importância das actividades realizadas entre sessões
como forma de generalizar e consolidar os conceitos e estratégias aprendidas durante a sessão. Os pais
procurarão cumprir as tarefas/actividades que são acordadas na sessão.
* Confidencialidade- Referir que, entre as sessões, ao falar sobre a experiência no grupo com outros
familiares ou pessoas não devem associar os nomes das pessoas às experiências que são partilhadas no
grupo.
(Objectivo 4)
Exercício colectivo:
Uma bola passa de um pai para o outro. Quando o pai atira a bola ao outro, tem que dizer o nome do pai
para quem passa o novelo. Quando o pai recebe a bola tem que apontar uma característica que admira no
filho.
No final os pais comentam o jogo, dizendo se tiveram dificuldade em apontar as características que
admiram no filho, reflectindo se no dia a dia estão mais atentos aos comportamento negativos do que aos
comportamentos positivos.
110
2ª Sessão
Adolescer com os filhos (mudanças na adolescência) e o apoio na relação entre pais e filhos
adolescentes
Objectivos:
1. Identificar as principais mudanças e aquisições na adolescência
2. Promover a reflexão sobre como é que o apoio está presente na relação quotidiana de cada pai/mãe com
o seu filho adolescente.
3. Identificar e treinar competências de comunicação e de escuta activa.
Actividades propostas:
(Introdução)
Resumo da sessão anterior.
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior.
Consegui atingir objectivos? Foi fácil para mim estar atento às qualidades do meu filho ou reparei que
costumo estar mais atento aos seus comportamentos negativos, defeitos, e dificuldades?
(Objectivo 1)
O dinamizador introduz o tema da sessão. Fala da adolescência e de aquisições importantes (não
apresentar uma visão patologizante deste período): desenvolvimento físico, cognitivo, sócio-emocional
(seguir manual do bloco 1).
Pode introduzir partes de filmes, excertos de livros relacionados com o tema.
A seguir propõe algumas questões de auto-observação e de reflexão para facilitar a empatia e a
compreensão dos pais acerca do seu filho adolescente:
* Quando era adolescente o que gostava de fazer, quais eram os meus interesses (actividades de tempos
livres, música, cinema,…)?
* Indicar um desejo/ambição que tinha quando era adolescente.
(Objectivo 2)
Uma dimensão essencial da relação entre pais e filhos é a forma como apoiamos, estamos atentos às
necessidades e respondemos às necessidades dos filhos.
O dinamizador propõe questões de auto-observação e de reflexão sobre como é que o apoio está
presente na relação quotidiana de cada pai/mãe com o seu filho adolescente.
Durante a semana tenho algum tempo em que posso estar com o meu filho a conversar ou a
realizar algum tipo de actividades que ambos gostemos (ou sinto que só falo com o meu filho
quando surge algum problema ou para vigiar controlar o que ele anda a fazer)?
Estou satisfeito com o tempo que dedicamos às actividades em conjunto e a forma como
passamos o nosso tempo e comunicamos uns com os outros?
111
Se estou insatisfeito, consigo identificar os factores que me impedem de comunicar mais ou
passar melhor o tempo com o meu filho? Desses factores, quais posso modificar?
Quando o meu filho está preocupado, triste, desanimado consigo ajudá-lo a sentir-se melhor ou
contribuir para resolver as suas preocupações? Com que frequência isso acontece? Consigo
recordar a última vez em que tal aconteceu?
Se não estou satisfeito, o que gostaria de ver modificado? O que é que eu posso fazer para mudar
esse aspecto da nossa relação?
(Objectivo 3)
O dinamizador fala da importância da comunicação e sugere o ensaio na sessão de algumas competências
comunicacionais: contacto visual, paráfrase, reflexão de sentimentos.
Role-play – dois a dois. Primeiro um dos interlocutores fala enquanto o outro desvia o olhar ou está
distraído a fazer outra coisa. Depois os pais utilizam as estratégias sugeridas pelo dinamizador (contacto
visual, paráfrase, reflexão de sentimentos). Depois comentam em grupo o que sentiram numa e noutra
situação.
112
3ª SESSÃO
Objectivos:
1. Partilhar entre os pais das principais preocupações a respeito dos seus filhos adolescentes
2. Aprender e ensaiar a estratégia de resolução de problemas aplicada a várias situações.
3. Conhecer a importância da monitorização para a prevenção de riscos
Actividades propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior.
Consegui atingir objectivos? Em que situações é que atingi os meus objectivos? Houve alguma situação
em que não consegui atingir os objectivos? O que contribuiu para isso? Como posso alterar a situação?
(Objectivo 1)
O dinamizador fala das principais áreas de preocupação sobre o desenvolvimento na adolescência.
(Objectivo 2)
Role-play ou introduzir partes de filmes/novelas, excertos de livros relacionados com preocupações mais
comuns (autonomia, amigos, escola):
* Jovem falta às aulas para ficar com os amigos
* Jovem passa o tempo ao telefone/telemóvel com os amigos
* Jovem diz que não quer estudar para uma disciplina, porque não gosta do professor
* Jovem sai à noite e chega tarde a casa
* Jovem que passa o tempo no quarto e não fala com os pais
* Jovem quer passar o fim-de-semana com amigos
* Jovem discute com os pais porque estes não gostam da sua roupa/ouve música alto,…
* Jovem quer sair com namorado
Exercício colectivo – “Barómetro social”. No final de visionarem cada situação os pais têm que se
posicionar no barómetro de este problema causa-me muita preocupação a nenhuma preocupação.
O dinamizador propõe algumas questões de auto-observação e reflexão aos pais para identificar ideias
associadas a essas problemáticas (objectivos, necessidades, avaliação do controlo) e reacção
emocional/comportamental aos problemas. Começar pela situação que provocou uma maior preocupação
para a maioria dos pais e ensaiar estratégia de resolução de problemas:
113
O que é que me preocupa mais nesta situação? Em que medida isto constitui um problema para o
pai/mãe e para o filho? Quais são os objectivos/necessidades do pai/mãe e os
objectivos/necessidades filho? (Definir o problema)
Há alguma coisa que os pais possam fazer nesta situação? (avaliação do controlo), O quê? Que
soluções? (“tempestade de ideias”)
Pensar na eficácia e viabilidade de cada solução pensada pelo grupo (avaliação da solução).
Quando isto me aconteceu/me acontecer o que fiz/farei? (avaliação de soluções anteriores) O que
é que pode correr mal? (avaliação de possíveis obstáculos à implementação das soluções).
Organizar as respostas dos pais de forma a explicitar as diferentes etapas do processo da resolução de
problemas num quadro.
(Objectivo 3)
Falar da importância da monitorização (Onde? Com quem? e O quê?) como forma de prevenir riscos.
114
4ª Sessão
Objectivos:
1. Perceber o conflito entre pais e filhos adolescentes como um fenómeno normativo nesta etapa de
desenvolvimento.
2. Identificar temas e circunstâncias mais comuns de conflito.
3. Identificar formas de “não resolução do conflito” e as suas consequências.
4. Ensaiar estratégias de resolução de problemas no contexto da resolução de conflitos.
Actividades propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior:
“Quais são as minhas três principais preocupações com o comportamento do meu filho?”– o dinamizador
anota as principais preocupações de cada um dos pais.
(Objectivo 1)
Introduzir o tema do conflito nas relações familiares como algo normativo, ainda mais numa altura de
autonomização do jovem. Salientar que por esse motivo é também muito importante a aprendizagem de
estratégias importantes para a resolução do conflito. Crise= oportunidade de mudança para todos.
(Objectivo 2)
O dinamizador propõe algumas questões de auto-observação e de reflexão:
Sobre o que costumam ser as discussões?
Existem algumas circunstâncias que promovam mais o conflito? Em que assuntos, pessoas, lugares ou
alturas do dia é mais frequente o conflito aparecer entre vós?
Exercício colectivo – brainstorming: identificar as “zonas de perigo” (ir anotando num cartaz as áreas de
maior conflito)
(Objectivo 3)
Role-play de situações ou visionamento de alguns excertos de filmes em que os conflitos não se resolvem
e se agravam: os ciclos de coacção, o evitamento, o silêncio…
O dinamizador propõe algumas questões auto-observação e de reflexão:
Quais as consequências da não resolução das vossas discussões para cada um, para a vossa relação e para
as outras pessoas da família?
O que é que acha que o filho está aprender quando vê que não conseguem chegar a um acordo? Como é
que gostaria que ele o visse?
115
(Objectivo 4)
O dinamizador fala sobre estratégias de resolução de conflitos.
Role-play - Volta a fazer-se a dramatização, mas ensaiando as estratégias de resolução de problemas e de
resolução de conflitos e.
Identificar a natureza do conflito e definir o problema: expor de forma clara e concreta a sua
percepção do problema e os seus objectivos e ouvir o outro. Reconhecer e explicitar diferenças
nos interesses, necessidades e objectivos de ambos, procurando chegar a um compromisso no
entendimento do problema.
Tempestade de ideias: Há alguma coisa que os pais possam fazer nesta situação? (avaliação do
controlo), O quê? Que soluções?
Avaliação da solução: Pensar na eficácia e viabilidade de cada solução pensada pelo grupo.
Avaliação de possíveis obstáculos à implementação das soluções e compromisso de mudança (o
quê, onde, como, com quem,…).
116
5ª Sessão
A relação entre pais e filhos adolescentes: Disciplina
Objectivos:
1. Identificar as ideias relativamente à disciplina e autoridade parental
2. Identificar padrões de comportamento disciplinares eficazes e ineficazes
3. Identificar estratégias disciplinares alternativas
Actividades propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior.
Consegui atingir objectivos? Em que situações é que atingi os meus objectivos? Houve alguma situação
em que não consegui atingir os objectivos? O que contribuiu para isso? Como posso alterar a situação?
(Objectivo 1)
Fazer uma introdução ao tema disciplina. Voltar a abordar pontos comuns de conflito entre pais e jovens,
no que diz respeito às exigências parentais. Dar exemplo de alguns tópicos: arrumação do quarto, tarefas
domésticas (pôr e tirar mesa, compras, limpar casa, fazer comida), fazer os trabalhos para casa e estudar
sozinho, comportamento e rendimento na escola, tomar conta de irmãos mais novos, horário para ver
televisão, tempo passado no computador, participação nas rotinas familiares (refeições, passeios de fim-
de semana, festas familiares).
Exercício individual - Cada pai faz uma lista de aspectos que os pais consideram essenciais que os
jovens cumpram na adolescência (“Lista de obrigações do jovem”), no final todos mostram a sua lista e
comparam diferenças em termos de exigências entre os diferentes pais.
(Objectivo 2)
Role-play - Ensaiar diferentes situações com diferentes comportamentos parentais disciplinares.
Primeiro dinamizador dá instruções para os pais se comportarem de forma desadequada face ao
desafio/desobediência do filho:
117
* pai discute com o filho e faz ameaças desproporcionadas,
* pai conversa com o filho dando-lhe algumas orientações, mas não punindo nem exigindo a alteração do
comportamento,
* mãe diz ao filho “o teu pai é que sabe”
* pai evita fazer exigências ao filho para não ter aborrecimentos
(Objectivo 3)
O dinamizador fala com os pais sobre técnicas disciplinares alternativas (reforço positivo de
comportamentos alternativos, retirar atenção de forma intencional a comportamento inadequado, custo de
resposta).
Faz-se nova dramatização da mesma situação e desta vez os pais praticam técnicas alternativas discutidas
no grupo.
118
6ª Sessão
Pais promotores de aprendizagem e sucesso escolar - Crenças acerca da aprendizagem e da escola
Objectivos:
1. Identificar as ideias parentais relativamente à escola/aprendizagem.
2. Identificar ideias que não sejam favoráveis à aprendizagem dos filhos
3. Identificar ideias mais favoráveis à aprendizagem.
Actividades propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior.
Consegui atingir objectivos? Em que situações é que atingi os meus objectivos? Houve alguma situação
em que não conseguisse atingir os objectivos? O que contribuiu para isso? Como posso alterar a situação?
(Objectivo 1)
Introdução ao tema do papel dos pais na aprendizagem.
Exercício individual: Cada um procura identificar uma maneira pela qual os pais influenciaram a sua
relação com a aprendizagem e com a escola.
Fazer uma listagem no quadro com base nas resposta: Como é que os pais podem influenciar a
aprendizagem dos filhos (completar com outras possibilidades não abordadas no grupo).
(Objectivo 2 e 3)
Exercício colectivo – “Barómetro social”. Para cada item apresentado, participantes têm que se dividir
por três zonas de uma barra no chão – num extremo está uma afirmação e no outro está o seu oposto.
Escola/aprendizagem
“ter sucesso na escola não tem nenhum interesse para o sucesso na vida” – “só os melhores alunos é que
conseguem ter sucesso na vida”
“o que se aprende na escola não tem nenhum interesse para a vida” – “tudo o que se aprende na escola
tem interesse para a vida”
“só arranja um bom trabalho quem tem o ensino superior” – “andar na escola não tem nenhuma utilidade
para arranjar um bom trabalho”
“os bons alunos não estudam, absorvem conhecimentos como a esponja absorve água” – “os bons alunos
necessitam de dedicar todo o seu tempo ao estudo”.
“para se ser um bom aluno basta estar atento nas aulas” – “só quem está atento nas aulas e passa todo o
seu tempo livre a estudar é que pode ser bom aluno”.
Em relação a cada crença e depois de cada pai se ter posicionado no barómetro social, deve ser gerada
uma discussão, em que cada pai explica a sua posição. O importante é promover questões de auto-
observação e reflexão aos pais sobre as consequências de assumir um ou outro extremo (que
119
consequências é que tem para mim ou para o meu filho esta minha ideia?), experiências desconfirmatórias
dos extremos (por exemplo, em algum momento isto passou-se de uma forma diferente para o meu filho?
Conheço algum caso em que as coisas se tenham passado de forma diferente?) e ideias alternativas (que
ideia poderá apoiar melhor a aprendizagem do meu filho).
Exercício colectivo – “Barómetro social” - No final utiliza-se de novo o barómetro social para que cada
pai se possa situar no barómetro relativamente à importância que dá à escola (nada importante a muito
importante).
Depois cada um dos pais refere o que faz no dia a dia para transmitir ao filho a importância/aprendizagem
que a escola tem.
120
7ª Sessão
Pais promotores de aprendizagem e sucesso escolar - Formas de envolvimento na aprendizagem e
de participar na escola
Objectivos:
1. Conhecer a importância dos pais na aprendizagem.
2. Identificar as ideias parentais relativamente ao filho enquanto aprendiz e ao papel dos pais na
aprendizagem.
3. Conhecer algumas estratégias facilitadoras da aprendizagem.
Actividades Propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação de tarefas entre sessões combinadas na sessão anterior.
Partilha entre pais dos três principais objectivos relativamente ao percurso escolar do filho e observar a
adequação de tais expectativas (debater crenças relativamente a expectativas demasiado irrealistas ou pelo
contrário deixar de acreditar na possibilidade do filho fazer progressos).
(Objectivo 1)
Exercício colectivo – “Barómetro social” (para cada item apresentado, participantes têm que se dividir
por três zonas de uma barra no chão – num extremo está concordo muito e no outro está concordo pouco)
Em relação a cada crença e depois de cada pai se ter posicionado no barómetro social, deve ser gerada
uma discussão, em que cada pai explica a sua posição. O importante é promover questões de auto-
observação e reflexão aos pais sobre as consequências de assumir no estremo cada uma das ideias
apresentadas (que consequências é que tem para mim ou para o meu filho esta minha ideia?), experiências
desconfirmatórias dos extremos (por exemplo, em algum momento isto passou-se de uma forma diferente
para o meu filho? Conheço algum caso em que as coisas se tenham passado de forma diferente?) e ideias
alternativas (que ideia poderá apoiar melhor a aprendizagem do meu filho).
Fazer uma síntese da discussão enfatizando a importância dos pais na aprendizagem e a importância de
um maior envolvimento parental na escola para o sucesso escolar do aluno.
É importante dar a conhecer aos pais os seus deveres e direitos enquanto encarregado de educação.
121
Sugerir estratégias simples que podem ajudar a aprendizagem escolar do filho, em quatro partes:
Estimular o estudo/aprendizagem diários (FICHAS 16, 17, 18, 19, 20, 21)
Organizar cadernos diários
Organizar calendário de trabalhos de casa
Organizar horário e local de estudo
Organizar o tempo de estudo diário (discutir a pertinência do treino em auto-instrução)
Identificar métodos de estudo eficazes
122
FICHAS 24 - Lembrete: O que os pais podem fazer para promover a aprendizagem dos filhos.
123
8ª Sessão:
Conclusão e despedida
Objectivos:
1. Fazer o balanço do programa – rever a concretização dos objectivos que cada participante definiu no
início do programa.
2. Reforçar o sentido de competência de cada um dos pais.
3. Incentivar a continuidade dos encontros entre os elementos do grupo.
4. Marcar sessões de acompanhamento com o grupo durante o próximo ano.
5. Realizar avaliação escrita do programa (neste momento ou passado um mês ou dois meses?).
Actividades Propostas:
(Introdução)
É pedido informação aos pais sobre a aplicação do plano estabelecido no período entre sessões.
Consegui atingir objectivos? Em que situações é que atingi os meus objectivos? Houve alguma situação
em que não consegui atingir os objectivos? O que contribuiu para isso? Como posso alterar a situação?
(Objectivo 1)
São mostrados aos pais os objectivos que cada um definiu no início da sessão. Cada pai tem de avaliar o
grau de concretização do objectivo. Cada um fala do que foi mais importante nas sessões e das
dificuldades que sentiram.
(Objectivo 2)
Repete-se o exercício da primeira sessão em que cada um dos pais apresenta o outro sublinhando três
características positivas que descobriu durante as sessões.
(Objectivo 3)
O dinamizador encoraja os diferentes elementos do grupo a continuarem a encontrar-se de forma
autónoma. Marca-se uma reunião de follow-up, no início do próximo ano lectivo.
(Objectivo 4)
Calendariza-se uma reunião de follow-up no próximo ano.
No final é dado a cada um dos elementos do grupo um diploma de participação.
124
Avaliação das sessões:
Em cada sessão será: registada a assiduidade dos pais e realizada a avaliação semanal do programa
(Anexo 34).
No final do programa também serão aplicados: a grelha de avaliação do mediador (Anexo 35) e o
Questionário de Satisfação Parental (Anexo 36).
O técnico deve introduzir este instrumento clarificando o seu papel na melhoria do trabalho proposto às
famílias em geral. Por outro lado, deve ser salientada a natureza confidencial das respostas e pedido aos
pais que não identifiquem o questionário. O técnico deve fornecer aos pais um envelope em que deverão
colocar o questionário depois de preenchido e que deverão fechar. Deve ser esclarecido que as
informações contidas no questionário serão tratadas pelo coordenador da equipa de mediadores, que não
terá conhecimento de qual a proveniência do questionário. Finalmente, o técnico deve assegurar-se de que
os pais compreendem os itens e fazer as clarificações necessárias para o seu preenchimento.
Com o objectivo de avaliar os resultados do programa será realizada uma avaliação pré e pós intervenção,
que incluirá os seguintes elementos: questionário de estilos parentais educativos- EMBU (Anexos 37 ),
Questionário de Envolvimento Parental na Escola (Anexo 6)
125
Depois de obtido um acordo inicial (em casos de pouca adesão inicial, pedir o benefício
da dúvida6) concretizar a necessidade de partilhar objectivos:
1) Partir do enunciado/resumo dos objectivos definidos a partir do zooming:
Exemplos: melhorar o comportamento nas aulas, aumentar a participação nas aulas,
diminuir o absentismo, melhorar o cumprimento das tarefas escolares, melhorar as
notas, modificar os projectos de futuro, decidir a o percurso escolar, etc.
6
O pedido de benefício da dúvida consiste em motivar para (desafiar), e depois contratualizar
apenas uma ou duas sessões em que os pais aceitam participar para posteriormente
reavaliarem o seu interesse em continuar o processo. É solicitado aos pais que não tomem
uma decisão definitiva no sentido de não participar, e que aceitem ouvir e testar o interesse do
processo nessa(s) sessão(ões) iniciais. Nestas, o técnico tem de usar todos os seus recursos
para demonstrar que compreende a perspectiva dos pais e que tem competência para propor
soluções viáveis e eficazes.
126
conjunto, pelo técnico e com o input do ou dos progenitores que participem na
sessão. De qualquer forma o técnico deve assegurar-se que os pais
compreenderam o objectivo, nomeadamente o que se pretende com a avaliação
do controlo. Quando os dois progenitores participam, deve clarificar a
normalidade das diferenças de perspectivas.
Para cada área problemática: avaliação das estratégias que já estão a usar/já
usaram e abandonaram (porquê?)/ gostaríamos de usar para controlar/melhorar
estes problemas. Relacionar as estratégias usadas para resolver estes problemas
com estratégias usadas para outras situações potencialmente problemáticas e que
se revelaram eficazes. Solicitar aos pais que identifiquem áreas “saudáveis” ou
“forças” no funcionamento familiar relacionado com a disciplina, estimulação,
escolaridade, etc. Deve ser tomado particular cuidado para que a sessão não
incida apenas sobre aspectos (do jovem do funcionamento familiar) negativos,
balanceando a discussão destes coma identificação e valorização dos positivos.
Sessões seguintes
Nas sessões seguintes existem essencialmente 3 tarefas consecutivas:
128
maduros e responsáveis? Será que é só esperar que o tempo passa, ou que os pais podem
fazer alguma coisa para que essa maturidade chegue mais depressa?”)
129
A Exemplos de comportamento/verbalizações parentais
IDENTIFICAÇÃO/ACEITAÇÃO DOS
PROBLEMA(S)
0. Não identifica nem aceita a sugestão do Não apresentam “queixas”, não identificam áreas problemáticas
técnico. “modificáveis”.As características do filho ou aspectos da vida
familiar avaliados negativamente negativos são fixos e imutáveis,
ou culpa de terceiros, externos à família.
“Sim, ele sempre foi nervoso. Mas o problema foi aquele professor
da 3ª classe…”
1. Não identifica mas aceita. Proposta do Apesar de não identificarem espontaneamente problemas passíveis
técnico de forma passiva. de modificação, aceitam de forma mais ou menos passiva, ou
impulsiva, as definições de problema apresentadas pelo técnico.
“Sim,; nunca tinha pensado nisso, mas realmente ele nunca acaba
uma tarefa…”
2. Identifica de forma global, pouco Sugerem e contribuem activamente para a definição dos
diferenciada ou operacionalizada; problemas, embora de forma pouco coordenada, estruturada ou
Ou exagera e dramatiza. sistematizada. Baseiam-se numa leitura algo impulsiva ou
intuitiva, pouco reflectida.
“Eu acho que ele não gosta de estudar, nunca conseguiu achar
interesse, diz que não serve para nada….ele até se esforça, mas
falta-lhe método de estudo…”
3.Identifica problemas específicos, em Identificam de forma clara e organizada os principais problemas.
sequência. “Ele sabe estudar e até consegue perceber a matéria…mas fica
tão nervosos que não é capaz de falar na aula; nos testes também
fica nervoso, parece que bloqueia; é ansiedade, embora fique
mais ansioso em relação a certas matérias, ou com certos
professores”
4. Identifica problemas, operacionaliza e Para além de identificar claramente os problemas do filho,
hierarquiza ou define prioridades. conseguem diferenciar os mais importantes do acessórios e
estabelecer relações entre problemas.
“Ele foi uma criança que recebeu muita atenção dos adultos, mas
teve pouco convívio com crianças. Quando foi para o Ciclo isso
mudou, começou a dar-se mais com outros miúdos, mas isso não
foi muito fácil…agora que mudou de escola e que está a ser difícil
para ele adaptar-se aos colegas, são novos hábitos, têm um estilo
de vida diferente daquilo a que ele está habituado, acho que ele se
sente um pouco inseguro, mas também não fala muito disso,
provavelmente porque acha que tem de resolver os assuntos
sozinho…”
130
B Exemplos de comportamento/verbalizações parentais
ATRIBUIÇÃO/ ACEITAÇÃO DE CONTROLO
PARCIAL SOBRE PROBLEMA(S)
AUTO-AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA
PARENTAL
0: Não reconhecimento da possibilidade de controlo. (Ver grelha A ).
Auto-avaliação de competência parental muito “Sim, os pais têm importância, mas o que podemos nó
baixa. fazer? Os jovens hoje não querem ouvir ninguém…Como
posso eu ajudá-lo se não estudei?”
1. Atribuição completamente externa; ou atribuição “”A escola não tem condições nenhumas…os professores
interna completa e globalizante. Auto-avaliação estão sempre a mudar...”; “ela conseguiu enquanto teve
pouco sistemática e incoerente (muito baixa/muito aquela professora tão interessada, tão amiga dela”
alta) “Sim, cabe aos pais impor respeito, eu bem vejo a minha
cunhada tem os filhos bem na ordem…mas eu nunca
consegui, dá-me pena o miúdo…”
2. Aceita controlo parcial do problema, mas tende a “Sim, nós temos responsabilidade, damos-lhe tudo o que
dicotomizar (escola-família; jovem-pais), sem ele precisa, nunca lhe faltou amor, acho que fizemos dele
coordenação. Auto-avaliação baixa ou média, mas um bom menino…mas as notas, a vontade de estudar,
globalizante. como podemos nós influenciar, ele está o dia todo na
escola, os professores é que sabem…ou deviam saber”
3. Aceita controlo do problema, mas não deduz “Concordo consigo, nós estamos disponíveis para ajudar,
necessidade de mudança clara das suas práticas. comprar os livros que for preciso, dar mais atenção, o que
Auto-avaliação média e discriminando situações ou for preciso”
tarefas. “Nós estamos a fazer um esforço para lhe mostrar que
tem de estudar, ter melhor notas, ela já percebeu que tem
de se empenhar…
Mas quando a vejo triste, desanimada, também em vou
abaixo, fico sem saber como dar a volta”
4. Aceita controlo parcial do problema e interioriza “Aquilo que diz faz sentido, nós sabemos que temos de
necessidade de mudança. Auto-avaliação média e mudar algumas coisas. Já definimos algumas regras
discriminando situações ou tarefas. novas; também pensei que seria bom conversar com ela
sobre o meu trabalho, sobre a importância dos estudos…e
talvez ela precise de falar com pessoas que estão em
profissões diferentes, ir vendo outras possibilidades de
futuro…”
“ O que não sei é como lidar com ela quando lhe dão
aquelas fúrias, percebo que está frustrada, mas também é
má educação…”
C Exemplos de comportamento/verbalizações parentais
CONHECIMENTO/ELABORAÇÃO/ACEITAÇÃO
DE
ESTRATÉGIAS DE REMEDIAÇÃO
131
0. Total desinteresse ou desconfiança, não há (Auto-explicativo).
comprometimento nem tentativa de colaboração. A falta de colaboração pode concretizar-se em ausência às
reuniões, agressividade ou passividade face às soluções
propostas.
1. Tem dificuldade em concordar com estratégias e “Sim, nós já tentámos; estamos sempre a dizer-lhe isso…”
mostra algum descrédito ou ”A professora também já disse para fazer isso, mas eu é
desconfiança/hostilidade. que sei como é a minha vida”
“Uhm…não acredito, ela é muito rebelde…” “A senhora
Drª não tem filhos, pois não?
“Aos fins-de-semana não pode ser, tenho de ir às compras
e limpar a casa, quando acaba estou muito cansada…”
2.Aceita e compromete-se a usar estratégias Apesar de aceitar e se comprometer com as sugestões
recomendadas, mas de forma passiva ou limitada. apresentadas, a passividade ou dificuldade de adaptação
pode criar problemas na implementação do programa.
Necessita de regras muito concretas, ensaio de
comportamentos.
“Fizemos aquele jogo que vimos na última sessão, mas
acho que não correu muito bem” “Por duas vezes que
tentei ignorar o que ele estava a fazer, mas ele fez
tamanho estrilho que tive que me zangar!”
3. Aceita e participa na definição de estratégias “Sim, isso é capaz de resultar bem…vai ser difícil é
acrescentando detalhes ou condições e específicas. conseguir que o pai participe…e se isso envolvesse uma
ida ao futebol?”
“Podemos fazer um horário de trabalho, e acrescentar um
tempo para ler; no sábado vamos á biblioteca e deixamo-
la escolher sozinha um ou dois livros que a interessem”.
4. É capaz de estruturar condições concretas de São mais autónomos que no nível anterior, o que pode
aplicação da estratégia a partir das regras gerais; Já implicar modificar ou adaptar algumas das regras ou
conhece e valoriza as estratégias, podendo princípios trabalhados nas sessões.
identificar problemas de aplicação. “Só com o reforço talvez não seja suficiente, podemos
fazer um contrato em que eu também me comprometa a
mudar alguns hábitos meus de que ele não gosta nada, e
até tem razão…” “O que é preciso é que ele trabalhe mais
o raciocínio, não basta estudar mais horas…precisa que o
ajudemos a pensar, a encontrar as soluções!”
132
D Exemplos de comportamento/verbalizações parentais
APLICA CORRECTA E ADEQUADAMENTE AS
ESTRATÉGIAS/ SABE FAZER ADAPTAÇÕES
0. Não-adesão quase total ou total, sem justificação credível, (Auto-explicativo).
ou com hostilidade. Ver C
1. Mostra-se pouco motivado para aplicar as estratégias, “sim, fizemos isso, mas não me parece…”
apresenta muitas dificuldades e obstáculos, ou aplica de “Não vale a pensa por mais que eu tente, ele nem me liga”
forma muito deturpada, enviesada, ou para demonstrar que “Eu já disse que ela é muito nervosa, muito tímida…”
não é eficaz. “Olhe eu tentei, mas como já lhe tinha dito, não mudou anda,
esta juventude agora é mesmo assim..
“Já marquei consulta com o médico de família a ver se ele lhe
dá qualquer coisa para abrir a cabeça…”
2. Esforça-se por concretizar o acordado, mas tem “Quando eu estou em casa, eu consigo fazer tudo certinho
dificuldades materiais e existenciais para aplicar as como combinamos, e ela até anda na ordem, mas eu chego tão
estratégias. Ou aplica de forma pouco consistente ou tarde..”
sustentada. ”Eu bem expliquei á avó que não podia fazer-lhe as vontades
todas, mas ela diz que ela é que sabe”
“O pai afinal não conseguiu vir, teve de trabalhar até mais
tarde” “Quando pode ele até ajuda”
3. Envolve-se activamente, mostra confiança, mas tem falta “Eu tinha prometido a mim mesma que não ia ceder, mas
de competências para aplicar as estratégias. Ou aplica de quando a vejo a chorar, parte-se-me o coração”
forma muito rígida, com dificuldades em adaptar a “Fui falar com o director de turma como combinámos, mas
situações específicas. acho que ele não percebeu o que eu pretendia, fartou-se de
acusar a miúda”
4. Aplica as estratégias propostas, adaptando-as às “SIM, temos conseguido cumprir, está a ver aqui no registo?..
situações, de forma persistente e continuada. ainda não noto muita diferença, mas acredito que vai
devagarinho!
“Esta semana foi complicado porque ela esteve doente, mas
eu mudei estas actividades para a semana que vem, e fizemos
um acordo para ela compensar as aulas que perdeu”
E Exemplos de comportamento/verbalizações parentais
AVALIA MUDANÇAS E REFORMULA OBJECTIVOS
0. Não identifica quaisquer mudanças ou progressos, no “Não, continua tudo na mesma, não vejo jeito de melhorar”;
jovem ou na situação familiar. “Já pedi ao padrinho que lhe arranjasse um emprego “
“Só se for com a idade é que ela ganha juízo”
1 Não valoriza os ganhos, ou identifica sucessivamente “Sim, vai menos ao café, fica em casa a estudar, ou a fingir,
novos problemas, ou exagera ganhos não comprováveis. mas na verdade continua a tirar as mesmas notas.”
“Desde que anda aqui parece outro, até come e dorme
melhor, ele adora falar consigo!”
2. Reconhece os ganhos, mas atribui a agentes ou processos “ Desde que tem esta nova directora de turma ela está bem
exteriores. Ou atribui ao profissional a competência total melhor, já teve tudo positivas”
133
para identificar ganhos. “Não seria altura de repetir os testes, para ver se ele
melhorou?”
3. Reconhece ganhos concretos, mas sem fazer generalização “Noto que desde que eu aprendi a usar estas técnicas ele
das aprendizagens a outras situações ou problemas novos. controla-se mais, já não me faz aquelas cenas horríveis! Mas
de resto contínua desinteressado, passa tantas horas em frente
á TV, o que é que eu posso fazer?”
4. Faz generalização de aprendizagens e demonstra “Ela está mais organizada, mais motivada, já fala em ir para
autonomia para outras resoluções. a faculdade…agora ainda há muito trabalho a fazer, pois ela
ainda tem muitas dificuldades na matemática que vêm de
trás…acho que temos que a ajudar a ver outras alternativas,
outras perspectivas de estudos que não obriguem á
matemática”
134
aboração/Aceitaç 1. Tem dificuldade em concordar com estratégias e mostra algum valorizados pelos pais, ou
ão de Estratégias descrédito ou desconfiança/hostilidade. procura de novos modelos
de Remediação 2.Aceita e compromete-se a usar estratégias recomendadas, mas de forma
passiva ou limitada. b) Utilização de
3. Aceita e participa na definição de estratégias acrescentando detalhes ou instrumentos de registo
condições e específicas.
4. É capaz de estruturar condições concretas de aplicação da estratégia a
partir das regras gerais; Já conhece e valoriza as estratégias, podendo c) Identificação de
identificar problemas de aplicação. estratégias eficazes já
utilizadas noutros
contextos ou situações
c) Estratégias didácticas e
de modelagem ou ensaio
comportamental para
definição das estratégias
educacionais
D 0. Não-adesão quase total ou total, sem justificação credível, ou com
Aplica correcta e hostilidade
adequadamente 1. Mostra-se pouco motivado para aplicar as estratégias, apresenta muitas
as estratégias/ dificuldades e obstáculos, ou aplica de forma muito deturpada, enviesada,
sabe fazer ou para demonstrar que não é eficaz.
adaptações 2. Esforça-se por concretizar o acordado, mas tem dificuldades materiais e
existenciais para aplicar as estratégias. Ou aplica de forma pouco Ensino, modelagem e
consistente ou sustentada. ensaio de estratégias
3. Envolve-se activamente, mostra confiança, mas tem falta de comportamentais e
competências para aplicar as estratégias. Ou aplica de forma muito rígida, comportamentais-
com dificuldades em adaptar a situações específicas. cognitivas: instrução,
4: Aplica as estratégias propostas, adaptando-as às situações, de forma modelagem, programação
persistente e continuada. de actividades, ensaio
comportamental.
135
Para além das fases e tarefas assinaladas nesta grelha, existem outros elementos
determinantes do processo de intervenção que devem ser cuidadosamente
identificados, para a devida integração nas sugestões e metodologias propostas:
136
valor e as qualidades do filho, fazem uma análise global excessivamente
positiva ou crítica, expressam emoções positivas, ou expressam
predominantemente agressividade, hostilidade, e desilusão, são capazes de
reconhecer potencial de mudança e desenvolvimento. É de particular
importância ajudar os pais a tomar consciência de emoções mais negativas em
relação ao filho e organizar experiências que possam modificá-las. A proposta
de intervenções de cariz mais disciplinar e regulador num clima emocional de
tensão, hostilidade e rejeição pode ter feitos muito prejudiciais para o percurso
de desenvolvimento e adaptação do jovem.
Tarefas do profissional durante a intervenção
No quadro seguinte apresentam-se as principais tarefas do profissional durante a
intervenção.
137
Sugerir significações alternativas, Propor uma interpretação diferente e alternativa, em forma de sugestão,
mais positivas, mas abrangentes e perguntando ou pedindo para equacionar outra ideia, etc
mais flexíveis
Apresentar modelos alternativos Apresentar modelos de significações e comportamentos alternativos; recorrer
a narrativas orais ou escritas, ou filmes. Trata-se de persuadir, mas também
de demonstrar a eficácia
Facilitar a expressão de emoções Usar questões, clarificações e técnicas de expressão emocional para ajudar os
pais a expressar emoções negativas ou confusas num contexto protegido
Normalizar a situação Considerar comportamentos, sentimentos ou acções como normais numa
situação oferece segurança e ajuda a quebrar significações de isolamento,
incompreensão ou culpabilidade
Sinalizar e Demonstrar a Considerar como grave, e explicitar as consequências negativas para o filho
gravidade de padrões de ou para os pais, ajudar a diferenciar as situações limite que não devem
comportamento e de interacção banalizar-se nem repetir-se; é necessário ser claro na categorização do
comportamento, mas oferecer orientação para a mudança. O juízo deve ser
relativo a comportamentos e não a pessoas, e apresentar fundamentos.
Quando os argumentos afectivos e racionais não são suficientes, reforçar o
enquadramento legal (e.g., violência, castigos físicos)
Clarificar expectativa, redefinir Ajudar a estabelecer expectativas positivas, mas realistas e concretas; definir
objectivos objectivos graduais numa progressão sequenciada
Enfatizar autonomia As sugestões de atitudes e actividades ou rotinas devem ser apresentadas
comportamental ou conceptual como sugestões e sempre que possível oferecendo alternativas e estimulando
dos pais a escolha e o espírito critico por antecipação, ou o exame prático pelo ensaio
e avaliação dos resultados
Programar actividades Organizar em conjunto com os pais e de forma estruturada e detalhada,
comportamentos, rotinas, tarefas propostas de actividades ou de rotinas e rituais a implementar em família
Analisar com a família os Com base em registos, em representações gráficas ou retomando o contrato
progressos realizados inicial, ajudar os pais a tomar consciência e valorizar os pequenos progressos
e indicadores de mudança
Atribuir controlo e valor aos Relacionar esforços concretos de mudança com indicadores de resultados,
esforços de mudança valorizando o papel dos pais e ou do jovem
Preparar a generalização da Sistematizar as atitudes e significações que foram mais relevantes para as
mudança mudanças observadas; ajudar a antecipar novos problemas e reflectir sobre
eventuais soluções; sistematizar aprendizagens dando exemplos de outras
aplicações possíveis.
138
um lado, na resolução dos problemas previamente identificados (ex: o jovem já é capaz
de estudar sozinho; a família já realiza actividades em conjunto regularmente); mas
também numa avaliação do nível de autonomia dos pais para resolver novos problemas
(ver grelha de identificação dos objectivos de mudança e das fases de intervenção). Por
outro lado, o técnico deve ter em conta a disponibilidade e a motivação da família para a
intervenção, sendo que esta deve, desde o início, definir o nível de intervenção e
portanto também a sua duração.
Em todos os casos o fim da intervenção deve ser planeado e anunciado com
antecedência (ex: até aqui já conseguimos isto…agora vamos marcar mais duas
reuniões para tratar disto e daquilo e depois poderemos encerar este trabalho). A(s)
última(s) sessão (s) deve(m) incidir sobre uma revisão dos progressos, centrada tanto
nas mudanças no jovem e como nas mudanças nos pais e nas interacções familiares.
Também pode ser adequado fazer uma sessão de antecipação e preparação de novos
problemas (Ex: Vamos pensar o que fariam se acontecesse isto…? O que aprenderam
durante este tempo que vos pudesse ajudar a resolver esse novo problema?).
Nalguns casos, especialmente com pais mais dependentes (ver grelha), a aproximação
do fim da intervenção é sentida como problemática e cria ansiedade. Por vezes, é
acompanhada da identificação de novos problemas, ou da avaliação de agravamento de
anteriores. Tal pode ser sinal que foi criada uma situação de dependência, ou porque os
pais não se atribuem a si mesmos os progressos realizados e a capacidade para resolver
novos problemas, ou porque, de facto, não foi possível aumentar os níveis de autonomia
desses pais. Assim, as últimas sessões devem ser ocupadas em valorizar as mudanças
nas atitudes dos pais, e em relacioná-las com os progressos e mudanças, devendo o
técnico assumir cada vez um papel menos directivo e activo. Quando não se conseguir
conduzir os pais a níveis de maior autonomia, este fim pode ser concretizado por um
espaçamento das reuniões (de semanal passar a quinzenal e depois mensal) de modo a
manter alguma monitorização sem estimular uma visão muito passiva e dependente por
parte dos pais.
Finalmente, uma última palavra para os processos que terminam de forma não planeada,
geralmente referidos como “desistência” dos pais. Nestes casos o técnico deve tentar
contactar os pais, para tentar averiguar o motivo da interrupção e eventualmente
mostrando-se disponível para um novo contacto numa fase mais apropriada e de maior
disponibilidade. Embora na maior parte dos casos esta desistência tenha sobretudo a ver
com razões intrínsecas à família, importa que o técnico reveja o processo com o
139
supervisor para tentar construir uma hipótese de explicação e, sobretudo, identificar
estratégias antecipatórias para casos semelhantes no futuro.
Avaliação
Para além da avaliação de progressos feita de forma individualizada com cada família, a
intervenção individual deverá ser sujeita também a um processo mais estandardizado de
avaliação, que deverá contemplar os seguintes aspectos:
* Percepção da família acerca dos problemas e possibilidade de controlo no início e
final da intervenção (Anexo 9);
* Perspectiva do mediador acerca do processo de intervenção e do envolvimento da
família (Grelha de Avaliação do Mediador – Anexo 40);
* Satisfação da família com o processo de intervenção (Questionário de Satisfação
Parental – Anexo 41).
O técnico deve introduzir este instrumento clarificando o seu papel na melhoria do
trabalho proposto às famílias em geral. Por outro lado, deve ser salientada a natureza
confidencial das respostas. Neste sentido, o técnico deve fornecer aos pais um envelope
em que deverão colocar o questionário depois de preenchido e que deverão fechar. Deve
ser esclarecido que as informações contidas no questionário serão tratadas pelo
coordenador da equipa de mediadores, que não terá conhecimento de qual a
proveniência do questionário. Finalmente, o técnico deve assegurar-se de que a família
compreende os itens e fazer as clarificações necessárias para o seu preenchimento.
140
CAP III
INTERVENÇÃO ESCOLA/TERRITÓRIO
PAULO NOSSA
141
1– Introdução
No caso português, importa ter presente que o território nacional comporta diversas
heterogeneidades, quer ao nível da distribuição da população, quer ao nível do
desenvolvimento humano e social.
A distribuição da população pelos 278 municípios do continente evidencia uma
dicotomia litoral-interior, marcada por uma concentração intensa na faixa litoral Oeste e
ao longo do litoral Algarvio. De acordo com o Relatório Territorial de Portugal 2006,
produzido pelo INE (2007: 26), entre 2000 e 2005 assistimos a um reforço da
litoralização da população residente, com particular destaque para o aumento de
concentração nas áreas metropolitanos de Lisboa (Odivelas, Seixal, Sintra, Oeiras e
Cascais) e do Porto (Maia, Valongo e Vila Nova de Gaia), ao mesmo tempo que os
centros polarizadores propriamente ditos – Lisboa e Porto, atenuam a sua densidade
pela perda de efectivos, apresentando áreas interiores envelhecidas.
Cabe aqui recordar que estas duas áreas metropolitanas, concentram 38% da população
residente no país exibindo, no caso da Área Metropolitana do Porto, uma densidade
142
populacional que é quase o dobro da verificada na Área Metropolitana de Lisboa (898,5
hab/km2) e 14 vezes superior à nacional, cujo crescimento é fortemente marcado por um
processo de suburbanização, alimentado pela crescente mobilidade da população
(migrações pendulares) em função do dilatar das bacias de empregabilidade nestas
áreas, e pela criação de complementaridades funcionais favoráveis a um maior
policentrismo (PNPOT, 2006).
A este reforço de litoralização não têm sido estranhos processos migratórios externos e
internos dos quais se destaca a consolidação do êxodo rural e agrícola, determinado por
forças de atracção e repulsão geradas, maioritariamente, por factores e motivações de
carácter económico dos quais o Programa Nacional da Política de Ordenamento do
Território destaca:
Dinamismo muito diferenciado do crescimento do produto e da criação
(destruição) de emprego nos diferentes sectores e regiões;
143
Aumento continuado e generalizado das expectativas sociais nos domínios das
condições de trabalho;
Remunerações;
Níveis de vida e bem-estar material.
7
Deve notar-se que, pela primeira vez, em 1963 o valor da produção industrial supera o da produção
agrícola e a Europa Ocidental vê nascer em Portugal a sua última nação industrial (P. Laíns, 1994).
8
Para além da dimensão algo modesta dos aglomerados populacionais nacionais quando
comparados com outros europeus, a sua dimensão pode ainda ser comparativamente mais
moderada se a aferição não se reduzir à dimensão populacional, definindo-se de forma
multidimensional, tendo em conta todos os elementos que conferem visibilidade e
competitividade (Prospectiva e Planeamento, n.º 13; 2006).
144
Hoje, os modelos de desenvolvimento humano estão fortemente orientados para a
capacitação e qualificação das suas populações com o intuito de criarem condições
favoráveis à ampliação dos níveis competitividade à escala nacional e internacional.
145
Este cenário permanece preocupante uma vez que o aproveitamento escolar medido pela
taxa de transição/conclusão continua a revelar-se desadequado face às crescentes
necessidades de qualificação de capital humano. Em Portugal continental, no ano
lectivo 2004/2005, 68,1% dos alunos matriculados obtiveram aproveitamento, tendo o
valor médio nacional sido apenas superado no Norte (70%). Lisboa, Alentejo e o Centro
apresentaram valores próximos dos 67% e o Algarve obteve uma taxa de
transição/conclusão de 64,7%.
Dos 243 municípios com alunos matriculados no ensino secundário, apenas oito
ultrapassaram o limiar dos 80% de aproveitamento, tendo 35 municípios alcançados
valores inferiores a 60% (Retrato Territorial de Portugal - 2005).
Figura 1.1 – Taxa de retenção e desistência no ensino básico regular segundo os níveis
de ensino ministrados – Continente e NUTS II, 2004/2005
146
Fonte: Retrato Territorial de Portugal 2005; INE 2007
No que se refere às condições de coesão territorial, o potencial das mesmas, tal como já
foi dito, decorre fundamentalmente das condições de acesso dos indivíduos a um
conjunto de bens e equipamentos instalados com o objectivo de assegurarem bem-estar:
147
Redes de Equipamentos Sociais [Acção social, Cultura e lazer, Educação e
Saúde];
Redes de Transporte [Proximidade à rede viária principal];
Redes de Ambiente [Cobertura básica de saneamento];
O que acabou de ser exposto tipifica o que se pode designar por territórios de exclusão
que, em sentido lato, correspondem a áreas onde não são só as pessoas e as famílias que
são excluídas, mas também o próprio território onde vivem. Tal como sinaliza Bruto da
Costa (1998), a estas áreas podem corresponder bairros degradados, periféricos ou
centros históricos, que são ocupados maioritariamente por população carenciada
(desempregada e/ou detentora de baixas qualificações profissionais e escolares, com
elevada prevalência de patologias crónicas e/ou comportamentos aditivos), ou ainda
podem ser compostos por zonas rurais ou industriais tecnologicamente envelhecidas,
que não participaram ou não participam do progresso que se pode estar a verificar no
resto do país, por via de um forte desinvestimento do Estado e dos de mais actores.
148
Estes territórios potenciam e tendem a reproduzir vulnerabilidades diversas que
comprometem a satisfação material das necessidades dos indivíduos que neles habitam
e o seu desenvolvimento pessoal, por via das fragilidades que estão localmente
incrustadas no sistema produtivo, no sistema educativo e de formação, na distribuição
do rendimento entre outras, e que têm tradução ao nível de indicadores concelhios que
permitem definir e tipificar perfis de inclusão/exclusão social.
Neste ponto, parece-nos importante citar um estudo apresentado por Isabel André
(2005) no domínio da inclusão/exclusão social tendo como referência o tecido concelhio
de Portugal continental, suportado por conjunto de indicadores que foram objecto de
tratamento estatístico com o objectivo definir perfis-tipo de concelhos onde se
sobrepõem processos de inclusão ou de exclusão no território.
A autora utilizou 6 dimensões de análise [Integração Familiar; Integração Social;
Integração Escolar; Integração no Mercado de Trabalho; Condições de Alojamento;
Rendimentos], suportada por 18 indicadores, maioritariamente construídos a partir dos
Censos 2001 e que passamos a apresentar e justificar pontualmente9.
9
Para uma compreensão detalhada do processo metodológico que serviu de base a este
estudo, incluindo a selecção de indicadores ver também: Tipificação das Situações de
Exclusão em Portugal Continental(2004). Instituto da Segurança Social.
149
avós e netos famílias recenseadas
150
escolaridade residente com 14 e mais anos *100
obrigatória
3 – Integração Taxa de analfabetismo População analfabeta/população
Escolar residente (%)
Total de indivíduos com 18-24 anos
Taxa de saída que não concluíram o 3.º ciclo e não se
antecipada do sistema encontram a frequentar a escola por
escolar (%) cada 100 indivíduos do mesmo grupo
etário
Total de indivíduos com 10-15 anos
Taxa de abandono que não concluíram o 3.º ciclo e não se
escolar precoce encontram a frequentar a escola por
cada 100 indivíduos do mesmo grupo
etário
151
improvisado ou noutro local)/
Alojamentos *100
Alojamentos sobrelotados10
% de alojamentos (com uma divisão em falta ou
sobrelotados com duas divisões em falta ou
com três ou mais divisões em
falta) / Alojamentos familiares
de residência habitual *100
Dimensão de Indicador
análise
Imposto sobre rendimentos
das pessoas singulares per
6 – Rendimentos capita (euros)
Índice do poder de compra
% de população beneficiária
do Rendimento Mínimo
Garantido
Tipo 1
10
Condições de Alojamento: indicador de número de divisões a mais ou a menos em relação
ao número de residentes no alojamento. Os cálculos são feitos com base nos seguintes
parâmetros considerados normais: 1 Divisão-sala de estar; 1 Divisão - para casal; 1 Divisão -
para outra pessoa não solteira; 1 Divisão - para pessoa solteira com mais de 18 anos; 1
Divisão - para duas pessoas solteiras do mesmo sexo com idade entre os 7 e 18 anos; 1
Divisão - para cada pessoa solteira de sexo diferente com idade entre os 7 e 18 anos ; 1
Divisão - para duas pessoas com menos de 7 anos. É através deste índice que se determina
se um alojamento familiar clássico está sublotado ou sobrelotado.
152
Neste grupo podemos encontrar maiores níveis de inclusão que se expressam
fundamentalmente através da dimensão integração escolar. Tal com o refere a autora, o
único traço de vulnerabilidade em termos de desenvolvimento humano advém de
valores de criminalidade relativamente elevados que se podem encontrar. Segundo
Isabel André, deste grupo fazem parte a maioria das cidades médias do interior e um
grande número de concelhos algarvios e da faixa litoral compreendida entre a área
Metropolitana do Porto e Sines.
153
Fonte: Isabel André, 2005
154
Tipo 4
Este grupo é marcado por um dinamismo demográfico intenso, evidenciando entre a sua
população mais jovem uma integração escolar precária, caracterizada por elevadas taxas de
abandono escolar precoce, mais de 4/5 da população não possuiu escolaridade obrigatória.
Segundo Isabel André, esta situação é típica dos concelhos do Norte Litoral.
Tipo 5
De todos, este é o perfil mais marcado pela exclusão, conjugando défices de integração escolar e
de inserção no mercado de trabalho com níveis de rendimento muito baixos, tendo como aspecto
positivo a baixa incidência de criminalidade.
Cabem nesta tipologia largo número de concelhos de Trás-os-Montes, Baixo Alentejo e da região
de Dão –Lafões.
Para alcançar um conhecimento adequado do território onde cada técnico actua, recomenda-se que
o mesmo proceda à recolha de um conjunto de informações já produzidas por diferentes
organismos, cuja análise deverá permitir alcançar uma caracterização sumária das necessidades e
recursos existentes à escala do concelho e/ou da freguesia, nomeadamente nas vertentes:
demográfica e socioeducativa.
Partindo deste patamar exploratório, focalizado na escala do concelho e da freguesia, os técnicos
devem capitalizar um conjunto suficiente de informações que se traduzem numa importante mais
valia para fases posteriores do projecto, nomeadamente quando do estabelecimento de estratégias
universais de actuação (Plano de Intervenção), orientadas para a potenciação de factores de
competição e de coesão territorial que, tal como foi demonstrado, dependem em larga escala do
modo como as populações acedem aos equipamentos, repartem a riqueza produzida e,
fundamentalmente, o modo como qualificam o capital humano através do sistema de ensino e de
qualificação profissional instalada.
Nesta fase, que podemos designar por pré-diagnóstico, não é expectável que os técnicos procedam
à recolha de dados estatísticos de base e que se ocupem da elaboração de indicadores, uma vez que
o conjunto de procedimentos envolvidos está para além dos seus objectivos de desempenho.
155
Antes, recomenda-se a consulta e observação periódica de relatórios de síntese regionais ou locais,
onde a problemática do desenvolvimento territorial é debatida.
www.ine.pt
www.dpp.pt
www.qren.pt
Exemplo:
Capítulo Y – Áreas de Intervenção
1 Demografia;
2 Família;
3 Educação;
156
4 Emprego e formação profissional;
5 Saúde e segurança social
6 Demografia;
7 Família;
8 Educação;
9 Emprego e formação profissional;
10 Saúde e segurança social
No caso dos técnicos EPIS, grande parte da informação a utilizar na elaboração do Diagnóstico é
fornecida pelo conjunto de dados coligidos e tratados a partir do screening aplicado junto do seu
público-alvo após consentimento informado, constituindo-se em informação específica que deve
157
ser devidamente observada e analisada a diferentes escalas: à escala da escola e, posteriormente,
à escola do concelho.
Os resultados oriundos do screening serão, naturalmente, objecto de uma análise exploratória, à
escala do indivíduo e do grupo (turma), identificando áreas de sinalização que devem ser objecto
de aprofundamento por parte do técnico, nomeadamente com recurso ao zooming (sempre que tal
seja recomendado), ao mesmo tempo que, através de análises quantitativas e qualitativas, devem-
se procurar identificar padrões de problemas que comprometem o desempenho escolar. A
aplicação do Zooming a cada um dos indivíduos sinalizados também nos permite recolher
informações mais detalhadas referentes a diferentes características do território, agora observado
à escala do lugar pelo indivíduo (aluno):
Devemos ter sempre presente que este produto tende a exprimir as características dos lugares e
dos percursos quotidianos à luz de experiências subjectivas vividas pelos sujeitos. Assim, o
resultado global do zooming permite-nos coligir informação sobre um conjunto de domínios que
compõe e estruturam o significado dos lugares (simbólico e identitário).
158
DOMÍNIOS
Segurança
Qualidade dos espaços circundantes
Qualidade dos equipamentos sociais
Existência e qualidade de acesso
Qualidade o relacionamento com vizinhança
Depois de concluído este patamar de actuação e face à dimensão dos domínios sinalizados, a sua
gravidade e extensão (individual e colectiva), devem ser elencadas prioridades de actuação e
seleccionados métodos de intervenção com vista à resolução dos mesmos.
159
tratamento de informação e que tendem a actuar, simultaneamente, como estratégias facilitadoras
da participação de parceiros:
Nesta fase, quer se opte pela aplicação singular ou conjugada de qualquer uma das metodologias
acima sugeridas, adequadas em função do tempo e da disponibilidade dos interlocutores, é
absolutamente vital seguir um conjunto de procedimentos prévios que potenciem o esforço
dispendido:
11
O Workshop deve ocorrer sob a forma de reunião de trabalho onde um grupo de técnicos se reúne para
debater uma temática previamente informada. Deve ser tido em conta que o sucesso e produtividade
deste tipo de sessões depende do número de pessoas envolvidas, que é relativamente reduzido,
permitindo a aplicação de técnicas participativas, não raro com recurso à presença de um Facilitador que,
desejavelmente, deve ser um elemento externo às organizações representadas na sessão de trabalho,
garantindo também por esta via, o seu desempenho de moderação e mediação.
12
Nuvem de Problemas: metodologia de análise de problemas que envolve o agrupamento de
dificuldades/fragilidades encontradas de acordo com a identificação de características comuns. A
formação de “nuvens” ou núcleos de dificuldades, adversidades e obstáculos deverá ser objecto de
disposição e registo visual mediante participação conjunta dos presentes, conduzindo à constituição de
árvores/constelações de problemas.
160
Os problemas/tendências/fragilidades encontradas devem ser claramente identificados,
sempre que possível esboçando nexos relacionais causa/efeito agrupados em
problemáticas;
As problemáticas definidas, se bem que oriundas dos resultados do Screening e do
Zooming, devem ser complementadas, tanto quanto possível, por uma visão integrada da
realidade local/concelhia, identificando a sua dimensão.
161
Recomenda-se pois que o preenchimento da matriz seja iniciada pelo quadrante Fraquezas, onde
devem ser elencados os principais problemas estruturadores de uma determinada problemática.
Nos restantes quadrantes devem ser inscritas um conjunto de correspondências que nessa
problemática possam constituir respectivamente uma Força, uma Oportunidade e uma Ameaça.
Adicionalmente poderemos ainda complementar a informação sistematizada na Matriz SWOT
com um quadro resumo de Causas e Consequências, fornecendo uma leitura fácil e orientada dos
principais elementos que globalmente caracterizam determinado problema.
De modo a exemplificar adequadamente a aplicação deste procedimento, tomamos o exemplo da
problematização produzida em workshop pelo Conselho Local de Acção Social de Paredes no
âmbito da problemática – Baixos Níveis de Escolaridade, publicado no Diagnóstico Social do
Conselho em 2007.
Fonte:
Diagnóstico Social do Concelho de Paredes (2007)
162
Como facilmente se reconhece de uma leitura simples mas atenta, a Problemática aqui avaliada
diz respeito aos baixos níveis de escolaridade identificados no concelho, elencadas por sete
componentes (fraquezas principias), às quais se fazem corresponder, respectivamente: Forças,
Oportunidades e Ameaças específicas para o domínio em discussão.
Prioridade II Prioridade I
+
(+ importância (+ importância
- urgência) + urgência)
Importância
-
-
Urgência
+
Fonte: Adpt. Guião Prático para Implementação da Rede Social (2004)
Após a introdução do problema consensualizado como mais importante e mais urgente (prioridade
I), os problemas também importantes mas menos urgentes devem ser colocados no quadrante
superior esquerdo – prioridade II, colocando no quadrante inferior direito os problemas
163
reconhecidos como urgentes mas com menor importância relativa. Todavia, são diversos os
autores que chamam a nossa atenção para a necessidade de se ter um postura flexível entre a
denominação das prioridades (II, III) e a sua solução. «Se existirem recursos disponíveis para
solucionar determinado problema– que não estejam afectos a uma prioridade de nível superior,
não devemos ignorá-los apenas por este problema não se encontrar no topo das prioridades»
(Guião Prático para Implementação da rede Social, 2004:20).
Finalmente, os problemas colocados no quadrante – Negligenciar, por não serem considerados
prioritários, podem ser dispensados da formulação imediata de objectivos estratégicos ou de
impacto.
Quando da utilização desta ferramenta, e caso os técnicos se depararem com problemas aos quais
são atribuídos igual grau de gravidade, devem ser colocados como prioritários aqueles que
evidenciem menor dificuldade de resolução.
164
tem vantagem em ser sancionado ao mais alto nível pois aumenta o nível de
comprometimento com projecto.
Neste e noutros domínios não devemos esquecer que não é suficiente conceber um produto
tecnicamente bem feito; é preciso desencadear um processo participativo que envolva diferentes
executores observando-os como parceiros de facto na definição de estratégias (António Ferreira,
2007).
13
Podemos encontrar na literatura a este nível distinção entre Objectivos Estratégicos e Objectivos
Específicos.
Objectivos Estratégicos - estão enquadrados num determinado eixo, para a qual a intervenção contribui de
forma generalizada mas que por se só não pode garantir. Muitas vezes descreve a situação futura após a
resolução do problema (Ex.: Redução do abandono escolar 10% ao ano até 2009 e aumento do sucesso
escolar em 15% por cada ano de intervenção)
Objectivo Específico – objectivos que devem ser alcançados com a intervenção e que contribuem para
que o Objectivo Estratégico seja alcançado.
A diferença entre Objectivos Estratégicos e Específicos prende-se com a dimensão dos mesmos. Um
Objectivo Específico contribui para a concretização de um Objectivo Estratégico, sendo que a intervenção
contribui o cumprimento do primeiro e a concretização do segundo (Ex.: Promover por período 1 acção de
sensibilização sobre métodos de estudo para a população que acumule> 2 negativas no final de cada
etapa de avaliação). Adaptado: Guia Prático para a Implementação da Rede Social (2004).
165
Actividades/estratégias a implementar, os Indicadores; Identificar Recursos (Humanos,
Financeiros e Materiais) bem como Calendário de Realização.
Salvo indiciação contrária, a activação de recursos (parcerias) locais deve ser sempre privilegiada
uma vez que proporciona significativas economias em termos de custo e tempo aos seus
utilizadores para além de, regra geral, já deter um conjunto de estratégias adaptadas às
necessidades mais prementes no território. Todavia, outras alternativas podem ser consideradas,
sobretudo quando está em causa o nível de diferenciação dos cuidados exigidos a par de um
comprovado historial de insucesso ou de não adesão.
166
A rentabilização dos recursos existentes nas comunidades é uma forma igualmente adequada de
valorização do tecido social local que, regra geral, produz um conjunto de respostas já adaptadas
às necessidades sociais e culturais dos utilizadores, ao mesmo tempo que potencia o reforço dos
níveis de coesão e de solidariedade entre os serviços oferecidos e quem os procura.
Por último, o princípio da subsidiariedade permite que as diversas necessidades identificadas
sejam satisfeitas através da afectação complementar de recursos, maioritariamente com vantagens
custo/efectivos, ao mesmo tempo que permite que cada um deles alcance níveis de especialização
adequados, evitando ofertas demasiado generalistas onde os níveis de eficácia podem ser
comprometidos.
Para este fim recomenda-se a elaboração de uma Ficha Síntese de Equipamentos/Serviços
existentes no território (escala freguesia) onde, de uma forma clara, possam ser identificados e
localizados os recursos potencialmente alocáveis e que facilmente pode ser completada a partir do
inventário existente nos documentos que compõem o dossier – Rede Social (ver Anexo)
167
Por último, cabe ainda referir que para a concretização de determinados Objectivos Estratégicos
presentes no Plano de Intervenção poderemos ter necessidade coadjuvar a nossa actuação com a
formulação e execução de acções complementares, paralelas ao Plano de Intervenção que, pelo
envolvimento e notoriedade que induzem constituem adequadas ferramentas de promoção e
reforço da mudança desejada:
168
Pré
Pré-diagnó
diagnóstico Diagnó
Diagnóstico
Procedimentos Fundamentais
Procedimentos Fundamentais Cruzamento dos padrões/tendências identificadas no pré-
Recolha de um conjunto de diagnóstico com um conjunto de resultados coligidos e
informações já produzidas por tratados partindo do Screening e/ou do Zooming
diferentes organismos (dados Aplicação de técnicas participativas de visualização de
estatísticos, informação problemas e definição de prioridades
socioeconómica e diagnóstico Objectivo
social) Comparar um conjunto de necessidades/fragilidades
Objectivo identificadas no pré-diagnóstico com os principais
Identificar sumariamente um padrões/tendências reportados pelo Screening e /ou
conjunto de necessidades e recursos Zooming.
à escala do concelho e/ou freguesia Definir e hierarquizar problemáticas esboçando nexos
Materiais relacionais de causa e efeito
Informação socioeconómica, Ferramentas
estatísticas Territoriais e Matrizes de SWOT, Definição de prioridades ( Modelo
Diagnóstico Social Concelhio… Eisenhower e /ou Grelha de Análise de Prioridades)
Materiais
Padrões e Tendências elaboradas a partir do Screening e
do Zooming
Plano de Intervenç
Intervenção
Procedimentos Fundamentais
Estruturação de um plano de intervenção que
responda às debilidades encontradas (no plano da
comunidade).
Objectivos
Estabelecer objectivos estratégicos e específicos para
as diferentes problemáticas diagnosticadas e
priorizadas.
Desenvolver um conjunto de actividades e avaliar
recursos necessários à minimização/resolução das
problemáticas identificadas.
Activação de recursos locais .
Rentabilização de recursos existentes na comunidade.
Observar o princípio da subsidiariedade através das
parcerias.
169
Bibliografia:
Câmara Municipal do Porto (2005) - Plano Pormenor Parque Oriental; GEP. Porto. www.cm-
porto.pt
Instituto de Segurança Social (2004) Guião Prático para a Implementação da Rede Social.
Lisboa. www.seg-social.pt
170
Instituto de Segurança Social (2004) Tipificação das Situações de Exclusão em Portugal
Continental. www.portaldocidadao.pt/PORTAL/entidades/
171
CAP IV
GESTÃO COMPORTAMENTAL NA
ESCOLA
172
Introdução
Este manual foi pensado para facilitar a vida do leitor. Organizado por temas e tópicos,
obedece a um formato de pergunta-resposta, do qual foram excluídas a linguagem mais
técnica e científica, bem como as referências bibliográficas habituais em obras do
género, tendo os autores optado por um estilo de escrita que o torne acessível ao maior
número de pessoas possível, sem correrem riscos no que toca a ceder ao rigor ou à
clareza do discurso. Os conceitos, as técnicas e as estratégias apresentadas estão
explicados de forma precisa mas acessível, com recurso a exemplos típicos do dia-a-dia
escolar, de forma a poderem ser compreendidos e aplicados por todos os interessados.
Resta salientar que o sentido deste livro ou manual reside na possibilidade de conseguir
fazer reflectir os educadores acerca das suas práticas de gestão comportamental na
sala de aula e fora desta. Esperamos que possa ajudar a repensá-las, a ensaiar
estratégias mais adequadas se for o caso e, por fim, a promover a mudança para
atitudes e estratégias de resolução de problemas que se venham a revelar mais
eficazes. Não foi escrito para ser lido uma única vez mas antes para ser lido e
173
consultado sempre que necessário, de modo a que as aprendizagens se automatizem e
passem a integrar a caixa de ferramentas pedagógicas de que dispõe cada docente e
educador.
Os Autores
174
O PAPEL DO PROFESSOR
175
conta que as regras devem ser frequentemente enunciadas (porque não quase todos os
dias?).
176
Estilos de Liderança
Mas liderar, como vimos, implica um líder. Que características devem os professores
treinar para se assegurarem que são líderes?
Um líder pode ser formal ou informal. O líder formal é quase sempre votado ao
insucesso, mais tarde ou mais cedo. O líder informal é o que é escolhido tácita ou
explicitamente pelos outros (neste caso, alunos). Qual é o perfil que garante a escolha
ou aceitação como líder? À laia dos 10 mandamentos do líder:
(1) Usa um discurso directo, predominantemente denotativo.
(2) Define objectivos sem ambiguidades.
(3) Escuta activamente.
(4) Modula a voz de acordo com a carga emocional imprimida no que diz.
(5) Usa gestos congruentes com o que diz.
(6) Quando fala “para a turma”, olha “frontalmente” para todos, mas fixando um rosto
diferente de cada vez e de 5 em 5 segundos (aproximadamente).
(7) Não se defende quando é criticado; coloca questões segundo o método de
nevoeiro (cf. tópico sobre fogging) para gerir a crítica. Em situações de conflito,
apela ao grupo para participar na discussão sobre o problema surgido mas é ele
que decide no final, legitimando-se no que foi discutido e em normativos
claramente evocados.
(8) Discrimina os momentos em que deve mudar de estilo de liderança.
9) Quando critica, não se dirige a características pessoais mas tão somente a
comportamentos, sugerindo as mudanças necessárias.
10) Elogia e incentiva comportamentos adequados.
179
Nem todos. Ao analisarmos um comportamento indisciplinado, seja em contexto escolar
ou não, devemos entrar em linha de conta com três parâmetros para caracterizar esse
comportamento e definir estratégias de actuação face ao mesmo: a frequência com que
ocorre, a duração e a intensidade do mesmo. Por exemplo, mesmo que se trate de uma
única ocorrência, é grave se um aluno espancou outro causando graves danos físicos ao
último. No entanto, proferir uma palavra insultuosa a um adulto, ainda que não seja
desejável e deva ser remediado, é menos grave se for raro (muito pouco frequente). Por
outro lado, comportamentos menos intensos tais como atitudes de resistência ao
cumprimento de ordens, se forem muito frequentes e duradoiros (por exemplo, existirem
em relação à maioria ou totalidade dos professores), podem sinalizar um padrão de
comportamento de oposição e de desafio à autoridade que deve ser alvo de maior
atenção por parte da comunidade escolar e dos pais.
Porque são os alunos indisciplinados? Porque é que certos alunos possuem padrões de
comportamento agressivo?
São diversas as causas da indisciplina ou do comportamento agressivo. Diversos
estudos têm apontado factores de risco e factores causais ao longo das fases do
desenvolvimento do sujeito. No entanto, mais do que procurar entender as causas
remotas, importa identificar os factores que contribuem para manter e agravar o
comportamento indisciplinado, sobretudo aquele que é frequente e duradoiro. Uma vez
que não existem comportamentos errados, importa saber que o comportamento de
qualquer pessoa é sempre coerente com a sua visão pessoal da situação na qual o
180
mesmo ocorre. Por outras palavras, os humanos não reagem às situações em si mas à
visão que têm das mesmas. Assim, quando um aluno apresenta um comportamento
agressivo, a primeira coisa que o professor deve perguntar-se é se esse comportamento
faz sentido ou não perante a situação ou contexto em que ocorreu. Ou seja, se existe ou
não uma causa provável para tal reacção por parte do aluno (por ex., o comportamento
ocorreu como resposta a uma admoestação do professor que foi um pouco insultuosa
para com o aluno). Neste caso, mesmo podendo ter reagido de outra forma, é mais
aceitável e compreensiva a reacção por parte do aluno. Se não houver nada no contexto
que justifique (pelo menos parcialmente) a reacção comportamental do aluno, então
devemos perguntar-nos qual o sentido que o aluno deu à situação, que o fez sentir-se e
comportar-se daquela maneira. Mesmo sem ter sido de facto “atacado”, o aluno pode ter
percepcionado (atribuição de significado) a situação como um ataque, uma crítica ou
uma ameaça e ter reagido em função da sua leitura dos factos.
De que modo o comportamento do aluno informa o professor sobre o que o aluno pensa
e sente?
O comportamento de qualquer humano é sempre coerente com a leitura pessoal das
situações e contextos em que ocorre (ver questão anterior). É também coerente com as
emoções despoletadas pela interpretação individual dos factos. Por isso, diferentes
pessoas reagem emocional e comportamentalmente de forma diferente perante as
mesmas situações e a mesma pessoa pode também ter reacções diferentes em dias
diferentes. Perante um comportamento ou reacção menos adequada por parte do aluno,
o que o professor deve tentar perceber ou inferir é qual a interpretação que o aluno fez
dessa situação. Se conseguir ter acesso (ou se chegar a boas hipóteses) à interpretação
que o aluno fez dos factos, pode depois debater os acontecimentos com o aluno e levá-
lo a interpretar os acontecimentos de uma forma mais realista e adaptada (ou, pelo
menos, a considerar outras possibilidades de leitura dos acontecimentos). Se a
discussão com o aluno se basear na tentativa de reconhecer o erro, arrepender-se e
prometer emendar-se, provavelmente a sua maneira de interpretar os factos manter-se-á
intacta e novos comportamentos desadequados voltarão a ocorrer.
Emoções Significado
Ansiedade Surge sempre que uma situação é interpretada como perigosa (mesmo
perante um desafio, o risco de fracasso constitui um perigo).
Habitualmente leva a fuga e evitamento da situação. Quando tal não é
possível, o medo apodera-se do sujeito e emergem sentimentos de
insegurança e bloqueio mental (por ex., um aluno com medo de fracassar
num teste pode duvidar das suas capacidades e ter dificuldades de
concentração que não lhe permitem recordar os conteúdos aprendidos,
vindo a ter um desempenho inferior aos seus reais conhecimentos).
Raiva/Cólera Surge sempre que uma situação é interpretada como um ataque (à nossa
segurança física ou ao nosso estatuto e integridade psicológica e social).
Habitualmente leva a “contra-ataque”, isto é, a comportamento verbal e/ou
fisicamente agressivo. Pela sua natureza defensiva, a raiva conduz a uma
visão afunilada dos factos, a um processamento preferencial dos sinais de
ataque e a uma resposta comportamental agressiva e intensa. Para que
esta surja, o indivíduo tem necessariamente que percepcionar a situação
como abusiva ou humilhante. Habitualmente, sente que o outro o está a
atacar e tem a intenção de o magoar de alguma forma.
Tristeza Surge sempre que ocorre (ou que uma situação é interpretada como) uma
perda relevante para o indivíduo. A tristeza permite elaborar e resolver as
perdas, integrar perdas significativas e inesperadas no nosso projecto de
vida e continuar a investir nas diversas áreas da vida. O exemplo
paradigmático é a tristeza perante a perda de um familiar ou amigo íntimo
(por morte ou afastamento). Durante o período de maior tristeza, o indivíduo
perde motivação para as tarefas do dia-a-dia em que encontrava envolvido,
diminui as suas capacidades de concentração e de memória e pode
182
instalar-se um estado depressivo. Resolvida a perda, são recuperadas
todas as capacidades do sujeito.
Alegria Surge sempre que ocorre (ou que uma situação é interpretada como) um
ganho relevante para o indivíduo. Permite integrar ganhos significativos e
contribui para um aumento da “energia”, disposição e motivação geral.
Vergonha Surge sempre que o indivíduo percepciona que uma parte inaceitável de si
está exposta a escrutínio por parte dos outros. Tem como função ajudar o
indivíduo a evitar expor características ou informação pessoal que julgue
inaceitável aos olhos dos outros, sendo que, se esta for revelada, será alvo
de crítica, humilhação e rejeição por parte do grupo. Leva a
comportamentos de inibição social e a fuga ou evitamento das situações em
que se sente exposto nos casos mais graves. Por ex., um aluno pode
recusar-se a resolver um exercício no quadro, a ler em voz alta ou a tomar
banho nos balneários da escola por acreditar que ficarão expostas
limitações, incapacidades ou defeitos seus. Se for obrigado a fazê-lo, sentir-
se-á envergonhado e embaraçado e as suas capacidades ficam diminuídas
durante a realização da tarefa.
Culpa Surge sempre que percepcionamos que fizemos ou dissemos algo que
possa ter magoado terceiros. Serve para que desenvolvamos a capacidade
de inibirmos atitudes e comportamentos agressivos que, vindo a provocar
danos a terceiros, levarão posteriormente a que os outros se afastem de
nós e, em consequência, sejamos excluídos do grupo. É incompatível com
a experiência de raiva uma vez que são emoções mutuamente inibidoras.
Dificuldades em sentir culpa, em colocar-se no lugar do outro e
compreender os danos causados fazem com que o indivíduo não utilize
esta emoção de forma eficaz para regular o seu comportamento no futuro.
183
parcialmente determinado por aquilo que eles são e fazem mas também pelos nossos
valores e crenças acerca do que é correcto e errado, bem como pelo conhecimento
prévio que temos (ou julgamos ter) do outro. Rotular e classificar em categorias globais
as pessoas faz parte do nosso modo habitual de raciocinarmos mas deve ser evitado
quando estamos no desempenho das nossas funções profissionais.
Qualquer esforço para ajudar o outro a melhorar o seu comportamento e a sua vida
exige que aceitemos a pessoa e nos coloquemos ao lado dela contra as suas
dificuldades (de aprendizagem, comportamentais ou outras). Devemos ter sempre
presente que quando estamos a reagir emocionalmente, provavelmente estamos a
sobrevalorizar parte dos dados, negligenciando informação igualmente importante.
Acabaremos sempre por atentar apenas nos dados que confirmam a nossa visão dos
acontecimentos e da pessoa, negligenciando ou desvalorizando toda a informação
contrária igualmente disponível. É fundamental que todos os que temos
responsabilidades na educação nos habituemos a pensar também sobre a forma como
pensamos.
184
Processo Cíclico das expectativas do professor
(Modelo desenvolvido por Good e Brophy em 1987)
185
incapacidade – “só tive boa nota porque estudei mais que os outros… se não fosse tão
limitado não tinha que ter estudado tanto”.
Um professor que possua uma visão dos alunos como agressivos e mal intencionados
(crença de desconfiança em relação a terceiros), tenderá a interpretar comportamentos
habituais numa turma de adolescentes como ataques ao seu carácter e reputação, aos
quais reage de forma agressiva (por ex., no que diz mas também na forma como se
dirige aos alunos). Tais reacções tendem a suscitar respostas complementares nos
alunos que, agora sim, estão irritados e desafiam o professor. Este mecanismo tácito
originou um ciclo de interacção professor-aluno que acaba por confirmar a crença do
professor de que os alunos são mal intencionados e que estão prontos a humilhar os
professores a qualquer momento. Quando este processo ocorre, estamos perante uma
profecia que se auto-realiza!
Crença de Desconfiança
“Os alunos estão sempre prontos a atacar”
Enviesamentos na percepção
“Está a bocejar de propósito para gozar comigo”
186
Como ser mais justo e controlado nas minhas reacções ao comportamento agressivo
dos alunos?
Para além do uso dos critérios de frequência, duração e intensidade no momento de
determinar a gravidade de um qualquer comportamento de indisciplina, é necessário
manter o mais possível um raciocínio lógico e razoável antes de reagir espontaneamente
aos comportamentos dos alunos. Todos desenvolvemos expectativas acerca dos
comportamentos dos outros, as quais nos permitem antecipar as reacções destes e
estar preparados de antemão. No entanto, tais reacções são habitualmente automáticas
e contribuem para manter padrões de interacção disfuncionais. O professor (adulto e
autoridade na relação pedagógica), deve estar consciente disto e deve procurar pensar
sempre muito bem antes de reagir aos alunos. Ou seja, reagir com base numa estratégia
(preventiva, remediativa ou conciliadora) e não com base em disposições automáticas
para a acção (as quais os alunos com problemas mais graves de comportamento
controlam muito bem). Desta forma, não só consegue surpreender o aluno (quebrando a
expectativa deste em relação a si), como diminui o nível de agressão na relação e
melhora a qualidade da mesma.
Devemos estar todos conscientes da nossa tendência para identificar com facilidade
todo e qualquer comportamento desadequado num aluno conhecido como “difícil”, ao
mesmo tempo que tendemos a desculpar actos da mesma gravidade num aluno
conhecido na escola como “aplicado e bem comportado”. Basear os nossos juízos em
taxas reais de ocorrência de comportamentos de indisciplina e não na suposta intenção
do aluno (a qual temos frequentemente a pretensão de conhecer!), é um bom princípio
quando queremos ajudar o aluno a diminuir a taxa de emissão de comportamentos
indesejados. Evitar boatos e dramas em torno de acontecimentos que se resolvem
dentro da sala de aula ou entre as partes envolvidas é outro princípio igualmente
importante que deve ser respeitado. Resta sublinhar que o que podemos rejeitar são
comportamentos, nunca a pessoa.
187
ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO
O que é a motivação?
Motivação é um construto da psicologia para descrever e explicar o quanto um indivíduo
se põe em marcha para alcançar determinada tarefa, o interesse que revela ter na
mesma e o investimento que faz para a realizar com sucesso. Dizemos que um indivíduo
está motivado para estudar se se verifica que este frequenta aulas, lê textos, discute
ideias e dúvidas e, na devida altura, presta provas dos seus conhecimentos ou
competências e obtém um bom resultado. Dizemos que um indivíduo não está motivado
para estudar quando não apresenta interesse nas tarefas escolares, não investe no
estudo ou na leitura e parece pouco interessado em ter um bom aproveitamento. A
motivação é, portanto, um construto, que serve para descrever numa palavra um
conjunto complexo de comportamentos, atitudes e interesses do sujeito em relação a
determinada área ou tarefa. Não é algo que se tenha ou não tenha à partida. É antes
algo que depende das experiências anteriores do sujeito nessa área da vida, bem como
das expectativas de resultados que acredita poder ou não alcançar (as quais também
foram maioritariamente desenvolvidas a partir da experiência prévia). Assim, é de
esperar que alunos que obtiveram sucesso prévio na escola, que desenvolveram
crenças de capacidade e que possuam uma visão da escola como relevante para a sua
vida futura se encontrem mais facilmente motivados para investir nas actividades
escolares. Da mesma forma, alunos com experiência prévia de fracasso, dificuldades ou
humilhação na escola, que desenvolveram crenças de incapacidade e que possuem
expectativas de fracasso congruentes com essas mesmas crenças possuam uma visão
desvalorizadora da escola e se encontrem altamente motivados para “fugir” da mesma.
Curiosamente nunca dizemos que um indivíduo pode estar motivado para não estudar,
isto é, para evitar as tarefas escolares a todo o custo!? Dizemos é que está
desmotivado, o que só é verdade quando esse indivíduo está a fazer uma reacção
depressiva, o que não é o caso da maioria dos alunos com insucesso.
188
Porque é que é tão difícil conseguir motivar os alunos para o sucesso?
Todas as pessoas resistem, de alguma forma, à mudança. Aquilo que somos, aquilo em
que acreditamos e as nossas escolhas ao longo da vida derivam de aprendizagens
realizadas desde fases muito precoces do nosso desenvolvimento. Não é difícil mudar
comportamentos e atitudes numa criança de 6 ou 7 anos. Nestas idades, o
comportamento da criança é maioritariamente regulado pelas contingências externas
administradas pelos adultos. No entanto, um aluno de 13, 14 ou mais anos já
desenvolveu crenças e expectativas acerca de si próprio, dos outros e da escola. Já tem
um estilo de pensamento que pode ser rígido e lutará para manter intacta a sua visão do
mundo e da vida. Isto é tanto mais verdade, quanto mais rígidas e disfuncionais forem as
referidas crenças. Por isso, não basta querer que um aluno resistente veja aquilo que
para nós é óbvio (a relevância/importância da escola, as vantagens de obter aprovação,
de ser qualificado e diferenciado…). É preciso que ele acredite nessas vantagens e que,
simultaneamente, acredite que tem capacidades para atingir o sucesso. Caso contrário,
o aluno valorizará apenas as vantagens de não ir à escola, de não estudar e de não
obedecer às normas a que os colegas se sujeitam. Um aluno que não investe na escola
pode ter vantagens do tipo: mais tempo livre, sentimento de superioridade porque não
tem que se sujeitar aos horários e regras a que a maioria dos colegas se sujeita,
liberdade para fazer coisas que os outros colegas não fazem… Pode ainda adquirir um
estatuto privilegiado na escola, assumindo uma certa liderança entre pares, por ser
aquele que os professores e auxiliares temem ou por ser o centro das atenções (ainda
que não pelos melhores motivos aos olhos dos adultos).
Recaída Contemplação
Manutenção Preparação
189
Saída Acção
Os alunos em fase de pré-contemplação são os mais resistentes à mudança. Não
reconhecem que têm um problema e, por isso, não faz sentido encetar qualquer esforço
de mudança. O professor deve ter em atenção que, perante alunos nesta fase, qualquer
tentativa de provocar mudanças forçadas aumentará a resistência do aluno e obetrá um
efeito contrário ao desejado. As intervenções eficazes são aquelas que levam o aluno a
tomar consciência das vantagens e desvantagens de não mudar, comparando-as com
as vantagens e desvantagens de mudar. Por exemplo, não mudar pode ser vantajoso
porque o indivíduo não tem que se esforçar para nada nem tem que se confrontar com
novas tarefas e exigências; é desvantajoso porque está a ser posto de parte por
colegas, a ficar em turmas com miúdos mais novos, a ter vergonha de revelar o ano
escolar que frequenta. Mudar pode ter desvantagens na medida em que exigirá um
esforço muito maior do que aquele a que está habituado ao nível das tarefas escolares,
implica perder o estatuto que tem perante colegas que o valorizam por “ir contra” pais e
professores; mas pode também ter vantagens que ele desconhece porque as não
experimentou ainda: por exemplo, ser valorizado pelos bons resultados, melhorar a
relação com pais e professores, sentir-se aceite por colegas que anteriormente o
rejeitavam…
A tabela de decisão que se apresenta a seguir pode ser um auxiliar na altura de fazer o
balanço entre as vantagens e as desvantagens da mudança ou da não mudança.
MUDAR
VANTAGENS DESVANTAGENS
190
Se o professor conseguir que um aluno diminua a sua resistência inicial face à mudança,
aumentando a ambivalência deste em relação à escola (isto é, já não está tão seguro de
que não vale mesmo a pena estudar), então conseguiu que o aluno passe à fase de
contemplação da mudança.
191
Contrato
192
6) O contrato deve ser positivo: o comportamento reforçado deve ser o sucesso na
tarefa e devem ser preferencialmente utilizados reforços positivos (na relação de
contingência a consequência é um ganho).
7) Devem ser indicados com clareza os custos de resposta ou “castigos”
contingentes ao não cumprimento do contracto.
8) Deve ser claramente definido o tempo de duração do contrato, isto é, o tempo de
vigência do mesmo.
9) O contrato deve ser assinado em conjunto com o aluno.
10) Sempre que se revele necessário, o contrato pode e deve ser reformulado.
193
O Reforço (positivo e negativo)
194
Porquê “se e só se”?
Imagine que o Joãozinho começa a dizer palavrões com uma frequência cada vez maior.
Será reforço? Se, em vezes anteriores foi elogiado por dizer palavrões é reforço.
Contudo, se for devido a um tumor cerebral em crescimento, não é reforço.
195
Já se definiu “reforço” como aumento da probabilidade de uma determinada acção. Diz-
se que é positivo se, na relação de contingência, a consequência é um ganho/aplicação.
Vejamos um exemplo. O Diogo está na sala de aula da unidade curricular Inglês (termo
“S”). Está atento aos exercícios que a professora exemplifica no quadro (termo “R”). A
professora elogia o Diogo (termo “C”). É um reforço? Não, dado que se trata de uma
mera descrição da relação de contingência de 3-termos (S-R·C). Contudo, se esta
contingência se repetir, pode acontecer que a probabilidade “p” de o comportamento
“estar atento” aumente e, nesse caso, será reforço “r”. Mas que tipo de consequência
está a reforçar o comportamento “estar atento”? O elogio que o Diogo recebe (ganho) ou
que a professora dá (aplicação). Ser ganho ou aplicação depende da perspectiva do
sujeito: aprendente ou docente.
196
Qual dos dois tipos de reforço é mais eficaz?
Experimentalmente, sabe-se que o reforço negativo instala comportamentos mais
difíceis de eliminar, provavelmente porque consistem em remover situações
frequentemente desagradáveis. O humano procura mais intensivamente fugir da dor do
que procurar o prazer: um sapato confortável deixa de prender a nossa atenção,
contudo, um sapato apertado continuará a ocupar a nossa “mente” até que possamos
remover o incómodo. Os comportamentos de consumo de substâncias (álcool e outras
drogas lícitas e ilícitas) são de difícil eliminação porque são sobretudo mantidos por
reforço negativo.
0____________5m-----------0____________5m------------0____________5m
-------R1------R2---------R3 → r+ ----R4-------R5----------R6 → r+ --------R7----R8---
199
[5] Comportamento de alta probabilidade (princípio de Premack). Por exemplo, se
souber que um aluno prefere jogar playstation (comportamento de alta probabilidade) a
fazer outra coisa qualquer e se não gosta de estudar (comportamento de baixa
probabilidade), querendo aumentar a probabilidade do comportamento de “estudar”,
poderemos fazê-lo do seguinte modo: o aluno estuda primeiro (“R”) e só depois joga
playstation (r+). Mais: o tempo disponibilizado para jogar pode ficar dependente do
tempo dedicado previamente ao estudo.
200
A punição (positiva e negativa)
201
perdia a companhia da colega de que mais gosta (perda) ou, o que é o mesmo, o
professor retirava-a da proximidade da colega de que mais gosta (remoção).
Então o reforço e a punição, apesar de opostos quanto aos conteúdos, são formalmente
semelhantes!
Sim. A tabela de dupla entrada a seguir demonstra isso mesmo:
203
[3] algo que se faz habitualmente (ex.: jogar playstation) ou [4] algo que se ganhou
previamente (ex.: devolver parte da semanada recebida há dois dias).
A extinção operante
Um exemplo comparativo…
[1] A Susana, na sala de aula de Matemática (situação) atira aviões de papel pelo ar
(resposta ou comportamento) e os colegas riem-se e acham-na a maior (consequência
C1). A partir de um dado momento “t”, passa a receber um raspanete do professor
(consequência C2). Se, a partir do momento “t” o comportamento da Susana de atirar
aviões pelo ar começar a diminuir e desaparecer em função da relação de contingência
de 3-termos “aula de matemática – Susana atira aviões de papel pelo ar → recebe um
raspanete da professora”, então o comportamento foi eliminado por punição positiva
(eliminação por ganho).
[2] A Susana, na sala de aula de Matemática (situação) atira aviões de papel pelo ar
(resposta ou comportamento) e os colegas riem-se e acham-na a maior (consequência
C1). A partir de um dado momento “t”, o professor passa a retirá-la de perto da colega
que ela mais gosta (consequência C3). Se, a partir desse momento “t” o comportamento
da Susana de atirar aviões pelo ar começar a diminuir e desaparecer em função da
relação de contingência de 3-termos “aula de matemática – Susana atira aviões de papel
pelo ar → perde a companhia da colega de que mais gosta”, então o comportamento foi
eliminado por punição negativa (eliminação por perda).
205
[3] A Susana, na sala de aula de Matemática (situação) atira aviões de papel pelo ar
(resposta ou comportamento) e os colegas riam-se e acham-na a maior! (consequência
C1). A partir de um determinado momento “t”, o professor pede aos colegas que não se
riam mais, nem olhem sequer para ela quando ela atira aviões pelo ar (ausência de C1).
Se o comportamento da Susana de atirar aviões pelo ar desaparecer em virtude de, na
situação “aula de matemática” em que a Susana atira aviões de papel pelo ar (resposta)
deixar de ter a consequência reforçadora que tinha até aí, então o comportamento foi
eliminado por extinção operante (eliminação por interrupção da contingência de 3-termos
reforçadora).
A aprendizagem social
Pode dizer-se que esta forma de aprendizagem tem a ver com a avaliação das intenções
dos outros?
Claramente. Dizemos que entendemos as intenções de alguém quando as nossas
discriminações de várias propriedades do comportamento passado e actual dessa
pessoa nos permitem agir de modo adequado ao que essa pessoa virá a fazer no futuro
(antecipação).
Vejamos um exemplo. Imagine que a Sara, em situações anteriores, se cala (R1 da
Sara) quando é confrontada pelo Marco (S1) mas depois, na ausência do Marco (S2), a
Sara critica o Marco (R2 da Sara). Suponha que, noutras situações semelhantes, a Sara
segue o mesmo padrão descrito atrás e que o leitor esteve presente em diversas
ocorrências deste tipo. Então, imagine que neste momento o leitor está a confrontar a
Sara (S1) e ela se cala (R1). Por aprendizagem social sobre os outros, ao ausentar-se
(S2), o leitor pode avisar os colegas de equipa (comportamento do leitor) de que a Sara
o irá criticar na sua ausência (R2 da Sara mais provável). No momento em que o leitor
actua, avisando os colegas da equipa, pode traduzir a sua acção verbalmente dizendo
que avaliou a intenção da Sara para o criticar “nas suas costas”.
E as intenções do próprio?
Óbvio. Se uma pessoa puder discriminar os seus próprios comportamentos, faz um
julgamento das suas próprias intenções. E se puder comparar as suas intenções com as
dos outros, diz-se que é empático. Empatia não é sinónima de simpatia. Enquanto na
simpatia (do grego “syn = em simultâneo” + “pathos = sentir”) se sente o mesmo que o
outro sente, na empatia imagina-se ou compreende-se o que o outro sente. Por
exemplo, na empatia compreende-se o quanto sofre alguém que chora (julgamento
207
social), ao passo que na simpatia chora-se quando o outro chora (cf. facilitação social,
mais adiante neste tópico).
208
alcançar um pedaço de alimento. Depois de observarem os seus progenitores a
reagirem com medo perante a dita gaiola, passarão também a ter reacções de medo.
209
Então a imitação não é útil?
Claro que é. Pode facilitar novas aprendizagens. Por exemplo, imagine que tem um
pombo que come milho na sua mão e que o quer treinar a bicar num disco (numa caixa
de Skinner) para receber comida. Pode fazê-lo reforçando o comportamento de bicar no
disco (dado que bicar acciona um mecanismo dispensador de comida) e não reforçando
quando o pombo bica noutros locais da caixa de treino (caixa de Skinner). Contudo, este
treino demora algum tempo, isto é, segue uma curva de aprendizagem com incrementos
iniciais pequenos:
60
50
40
30 N
20
10
0
0 20 40 60 80 100
Se, em vez deste treino, o leitor tocar no disco da caixa de Skinner com o dedo indicador
da mão que habitualmente usa para dar milho ao pombo, verificará que o pombo seguirá
a sua mão e aprenderá mais rapidamente a bicar no disco para obter alimento:
210
N
60
50
40
30 N
20
10
0
0 20 40 60 80 100
Os jovens aprendem amiúde deste modo com os seus pares. Mas, as contingências
experimentadas a seguir determinarão se o comportamento adquirido se mantém ou
não.
211
de se baixar automaticamente antes de passar por uma porta mais baixa que o seu
tamanho corporal.
Estes dados são importantes para compreender o aprender a auto-regular-se.
214
a sua técnica. Mas não entre em pânico. Ela funcionará na mesma se seguir estes
procedimentos.
O FENÓMENO BULLYING
É um fenómeno moderno?
O bullying sempre ocorreu, mas actualmente é considerado um sinal de alarme do
comportamento agressivo e destrutivo dos jovens nas escolas. Assim, estudos mostram
que pelo menos 10% das crianças, em qualquer escola, estão envolvidas em situações
de bullying como agressores ou como vítimas.
215
Há características típicas de uma vítima ou autor de bullying?
Embora possam ocorrer noutras situações, as características mais frequentemente
associadas à vítima ou ao autor de bullying são as que se apresentam no quadro que se
segue:
Vítimas Agressores
Fraca força física, incapaz de Fortes, robustos, confiantes a
retaliar. atacarem.
216
positiva com os adultos
217
crianças, sem excepção, são afectadas negativamente, passando a experimentar
sentimentos de ansiedade e medo.
218
A que sinais da vítima deve estar o professor atento?
• Muitas vezes, durante o recreio, o aluno está isolado e separado do grupo, ou procura
ficar próximo do professor ou de algum adulto;
• Na sala de aula, mostra-se inseguro ou ansioso e tem dificuldade em falar diante dos
demais,
• Nos jogos em equipa, é o último a ser escolhido;
• Apresenta-se comummente com aspecto contrariado, triste, deprimido ou aflito;
• Revela desleixo gradual nas tarefas escolares;
• Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada de
forma não natural;
• Falta às aulas com certa frequência;
• “Perde” constantemente os seus pertences.
221
Como é que se consegue o autocontrolo emocional?
Em ambiente de tensão interpessoal, pode ser extremamente difícil controlar as nossas
reacções emocionais. O controlo emocional exige muitas vezes treino estruturado com o
apoio de um técnico especializado (Psicólogo). Contudo, há um pequeno número de
procedimentos que se podem adoptar no momento da ocorrência de um incidente
crítico, como por exemplo: subtrair sucessivamente o número 7 a partir de um número
sempre superior a 100 (Nota: subtrair sucessivamente o número “7” é um cálculo mental
tão difícil que exige uma elevada concentração de recursos atencionais – por esse
motivo é eficaz para desviar a atenção da emoção em curso).
1. Entende-se por Espaço Íntimo (até cerca de 40cm) aquele que só é tolerado em
relação às pessoas com quem se mantêm relações de intimidade, sendo que a
sua transgressão dita duas situações paradoxais que vão desde a aproximação
ao afastamento.
2. Por Espaço Interpessoal define-se um espaço confortável que vai entre 40 cm e
1m e que constitui o espaço adequado para a troca de impressões ou conversa
amigável num ambiente de proximidade, sem que todavia se torne íntimo.
3. Já o Espaço Social, embora variando com as culturas, tem como distância
adequada 2 a 3 m, constituindo-se como a distância ideal socialmente definida e
estando presente em relacionamentos que impliquem diferenças de poder entre
interlocutores.
4. Por último, o Espaço Público tem-se como adequado quando superior a 4 m e é
vulgarmente utilizado em situações de conferência ou comunicação para
Auditórios.
Maioritariamente, a gestão do espaço professor/aluno situar-se-á entre o espaço
interpessoal e o espaço social, raramente transgredindo para o domínio do espaço
íntimo, salvo quando a situação o torna adequado e sem que por aí advenha
desconforto para qualquer das partes.
225
1) Identificar o contexto em que os comportamentos ocorrem;
2) Categorizar o tipo de incidente (comportamento de oposição, desafio da figura de
autoridade, absentismo e passividade, entre outros);
3) Questionar se existem no seu desempenho ou estilo de liderança factores que
potenciam a probabilidade de emergência do comportamento desadequado por
parte do aluno;
4) Adoptar um conjunto de estratégias centradas em si próprio que, de uma forma
coerente, conduzam à mudança.
226
GESTÃO DE CONFLITOS
227
Um conflito e/ou uma negociação colocam os litigantes à prova porque a informação que
se troca é incompleta ou incerta. Ora, há evidência de que uma estratégia comummente
usada pelas pessoas para reduzir a incerteza, para completar e/ou para gerir a
complexidade da informação, é agir como realista naïf, isto é, a pessoa assumir que o
mundo é como ela o percebe e que as outras partes no conflito também o perceberão do
mesmo modo. Se, porventura, as outras partes no conflito não o percebem assim,
concluem que é porque lhes falta informação, inteligência ou outros motivos suspeitos. O
realismo naïf reflecte, deste modo, o «pressuposto do bolo fixo»: o valor total é fixo e a
negociação centra-se, por isso mesmo, na distribuição desse valor e não na criação de
um valor adicional.
Como?
No que diz respeito ao equilíbrio de poder (estratégia P), embora um litigante num
conflito possa ter algum controlo sobre o(s) outro(s), às vezes uma das partes tem mais
alternativas favoráveis do que um acordo negociado ou tem mais capacidade de
ameaça. Esta disparidade de poder pode prevenir uma luta de poder e, ao mesmo
228
tempo, aumentar o impacto do realismo naïf na negociação. Os detentores de poder
facilmente são traídos pelos seus próprios pressupostos acerca do conflito e acerca da
relativa falta de poder da parte contrária, acabando por fazer uma análise trivial que
confirma os seus pontos de vista (ciclo vicioso). Há evidência de que os detentores de
poder tendem a agir como realistas naïf, acreditando que a parte contrária tem menos
poder no conflito. Assim, equilibrar o poder (estratégia P do modelo PACT) permitirá
ultrapassar este modo de abordar o conflito na negociação.
230
Heurísticas? Inadequadas?
Heurística é um modo padronizado (um algoritmo) de procura e organização de
informação para resolução de problemas. Um tipo de heurística que pode ser
inadequada é a heurística da disponibilidade: organizar apenas a informação disponível,
sem procura activa de informação para resolver um problema.
As estratégias P (equilíbrio de poder), A (contributos para o processo) e T (tempo),
permitem diminuir a tendência para o realismo naïf e a estratégia C (motivação para a
cooperação) permite diminuir a tendência para a autodefesa.
As estratégias «equilíbrio de poder», «contributos para o processo» e «pressão
moderada do tempo» conduzem a uma elevada motivação epistémica, isto é, ao desejo
de um entendimento rico e preciso do conflito e dos envolvidos . A motivação epistémica
tende a ser mais forte nas pessoas com pouco poder, que procuram identificar os
passos da negociação tomados por ambas as partes no conflito e que o fazem com uma
pressão de tempo moderada.
Pensador Pensador
Alto
Pró-individual Pró-social
Básico Básico
Baixo Pró-individual Pró-social
Baixo Alto
Motivação para
a cooperação
231
nada ou muito pouco preocupado em conhecer com precisão os passos da negociação
e os juízos efectuados.
Por outro lado, a uma elevada motivação para a cooperação corresponde um perfil pró-
social, ao passo que a uma baixa motivação para a cooperação corresponde um perfil
pró-individual.
Assim, associando as duas variáveis dimensionais (motivação epistémica e motivação
para a cooperação), há 4 perfis de negociação: pensador pró-social (com elevada
motivação epistémica e elevada motivação para a cooperação), pensador pró-individual
(com elevada motivação epistémica e baixa motivação para a cooperação), básico pró-
social (com baixa motivação epistémica e elevada motivação para a cooperação) e
básico pró-individual (com baixa motivação epistémica e baixa motivação para a
cooperação).
E o básico pró-social?
Um indivíduo que aborde um conflito no modo básico pró-social escolhe heurísticas
cooperativas tais como «partilhar equitativamente» e «o outro merece o benefício da
dúvida».
E o pensador pró-social?
Um indivíduo que negoceia um conflito de um modo pensador pró-social procura obter
estrategicamente (não por heurísticas) informação precisa acerca da possível fiabilidade
do interlocutor, bem como em que medida a tomada de decisões e concessões
recíprocas podem ser atitudes inteligentes para encontrar um acordo com
enriquecimento mútuo.
E o pensador pró-individual?
No modo pensador pró-individual, a pessoa tende a ignorar ou subestimar informação
sugestiva de que o interlocutor pode ser fiável, ou procura saber em que medida as
tomadas de decisão e concessões recíprocas podem assegurar um acordo
232
pessoalmente benéfico. Apesar de usar o modo do «pensador» (recorrendo a
estratégias cognitivas activas), o pró-individual procura informação que lhe permita
desenhar novos modos de derrotar o seu interlocutor, ao contrário do pró-social que
considera estas informações e estratégias como imorais e não éticas.
233
EXEMPLOS DE CASOS
234
Que tipo de processo de aprendizagem explica esta disseminação de comportamentos
de indisciplina?
Durante cada aula, diversos elementos degradavam o material escolar com x-actos e
navalhas, pintando paredes com marcadores, chegando mesmo a arrancar uma cortina
de ensombramento.
No final do período, o absentismo acumulado e os maus resultados levaram a que dois
docentes, incluindo o DT, reunissem com o CE propondo um conjunto de regras e
medidas punitivas que teriam de ser aplicadas, sob pena de tais incidentes subirem em
escalada e de comprometerem o aproveitamento do período que se iniciava.
As desordens repetiram-se e as situações de degradação do material em sala de aula
ampliaram-se pelo que, e face a uma situação concreta, o Conselho de Turma decidiu
suspender dois dos líderes.
O que faltou nesta estratégia?
O irmão também a ensinou a defender-se numa lógica de “olho por olho, dente por
dente”. A partir dessa altura, começou a agredir quem a provocava, rapazes e raparigas.
236
Que processo ocorreu aqui?
Esta situação manteve-se até que a professora de educação física, numa das lutas
ocorridas no final da aula, decidiu falar a sós com a Ana e inquirir os motivos daquele
comportamento que se tornava agora habitual. A Ana não deu grandes justificações,
trocando o seu complexo com a gordura (verdadeira causa das agressões) por uma
história inventada na hora que envolvia um hipotético roubo ocorrido no balneário.
Vencida mas não convencida, a professora passou a estar mais atenta à Ana, não só na
aula mas também nos intervalos, reparando na sua fraca socialidade e em situações de
choro em que a encontrou pelo menos 3 vezes. Como o desempenho escolar já não era
brilhante, decidiu chamar a mãe à escola, dando-lhe conta destas situações que a mãe
desconhecia em absoluto.
Que princípios e/ou técnicas foram aqui aplicados?
Após alguma insistência da mãe que envolveu também o irmão, este acabou por
mencionar que era frequente os colegas da Ana chamarem-lhe “gorda” e “badocha”,
socorrendo-se ela muitas vezes da sua intervenção para intimidar os agressores.
Num novo encontro entre a mãe e a professora, as duas decidem adoptar uma
estratégia comum. A professora trataria o problema do Bullying na aula, incentivando
também a mãe a aprofundar o diálogo com a filha, ao mesmo tempo que recorreriam a
um técnico em nutrição.
A professora planificou uma sessão de esclarecimento acerca do fenómeno do Bullying,
recorrendo a exemplos de consequências do mesmo para vítimas e agressores e dando
especial relevo aos sinais alerta que os pares devem identificar.
Que princípios e/ou técnicas foram aqui aplicados?
A Ana ainda hoje recorda: “A professora foi uma querida. A partir desse dia, em muitos
jogos colectivos passei a ser a capitã de equipa como reconhecimento pelo meu
esforço”
Os desempenhos da Ana melhoraram de forma significativa na sequência destas
intervenções, embora o problema não ficasse completamente resolvido. No ano
seguinte, aproveitando uma transição de ciclo, a Ana solicitou à mãe que a mudasse de
escola.
237
Caso 3: O telemóvel como arma de guerra
Apesar de ter sido definido no início do ano lectivo que não seria permitido manter os
telemóveis ligados na sala de aula (nem mesmo quando em modo de silêncio), a Luísa
costumava desobedecer a esta regra nalguns dias, sobretudo quando estava à espera
de mensagens do namorado. Não o fazia todos os dias nem em todas as aulas, mas
apenas quando andava com “problemas com o namorado” e naquelas aulas em que não
gostava tanto nem da matéria nem do professor.
Curiosamente, alguns dos professores dizem nunca ter tido qualquer espécie de
problema com a Luísa, enquanto outros se queixam abertamente na sala de professores
dos problemas disciplinares que esta aluna lhes levanta.
Porquê? Está relacionado com a discriminação de estímulo?
A Luísa cerrou os dentes, olhou para a professora com um olhar denotando raiva e
retorquiu: “Desligo se eu quiser desligar! Quem é que a stôra pensa que é? Nem a
minha mãe fala assim comigo, quanto mais a stôra!?”
A professora, dando-se conta da sua anterior reacção impulsiva e pouco pensada,
tentou recuperar a compostura e retorquiu num tom de voz firme mas calmo e
compassado: “Luísa, penso que sou a tua professora de Física, nada mais. Desliga o
telemóvel pois, como sabes, não é permitido ter o telemóvel ligado durante as aulas,
nem mesmo para receber mensagens”.
A professora agiu correctamente? Porquê?
A Luísa, ainda que mantendo uma expressão facial denotadora de irritação, desligou
imediatamente o telemóvel de forma visível para todos. A professora olhou para ela
esboçando um leve sorriso de aprovação e disse apenas “Muito bem…” Depois, virando-
238
se para os alunos em geral, acrescentou. “Vamos então prosseguir a aula. Prestem
atenção ao que escrevi no quadro…”
Que princípios e/ou técnicas foram aqui aplicados?
No resto do tempo da aula, a Luísa manteve o telemóvel desligado e, mesmo que a sua
postura e gestos denotassem algum desconforto, foi adoptando uma atitude de maior
cooperação à medida que a aula decorria. Nos últimos minutos, chegou mesmo a
participar oralmente na resolução de um problema, tendo sido valorizada pela professora
pelas sugestões que deu ao colega que estava no quadro. Quando terminou a aula, foi
das últimas alunas a sair da sala e despediu-se da professora num tom de voz amigável
dizendo “Até amanhã, stôra!”. A professora reagiu olhando directamente a Luísa nos
olhos e acrescentando “Até amanhã, Luísa”. Optou por não emitir qualquer comentário
em relação ao episódio ocorrido com o telemóvel, por considerar que tinha resolvido
bem a questão e que o resto da aula tinha decorrido com normalidade.
Que princípios e/ou técnicas foram aqui aplicados?
Durante o intervalo, no bar e junto dos outros professores, a professora de Física decidiu
não comentar o sucedido na sala de aula por considerar que a situação teria sido
eficazmente resolvida e ultrapassada com sucesso. No entanto, nessa mesma tarde, e
na reunião dos professores da turma da Luísa, ouviu diversas queixas quanto à questão
dos telemóveis que tocam durante as aulas. Alguns professores queixaram-se sobretudo
da aluna Luísa, de como ela responde mal e com agressividade quando a mandam
desligar o telemóvel e de como, mesmo ameaçando levá-la ao CE, continua a desafiar a
autoridade dos professores e a recusar-se a manter o telemóvel desligado.
O que poderá falhar nas estratégias destes professores?
Na aula de Física, nunca mais se ouviu o telemóvel da Luísa nem pareceu que esta o
mantivesse ligado, mesmo se em silêncio. Ao longo do ano lectivo, a Luísa não teve
problemas de comportamento com a professora de Física, apesar desta ser uma das
disciplinas em que os seus resultados escolares, ainda que positivos, foram baixos. No
entanto, continuaram os problemas de telemóvel nas aulas de Português e de
Matemática, apesar das inúmeras idas ao CE e de ter sido várias vezes expulsa “à
força” da sala de aula por estar a usar o telemóvel.
Porque continuou a acontecer nas aulas de Português e de matemática?
239
ANEXOS
CAP.I
240
ANEXO 1
PROBLEMA ACTUAL
ANÁLISE FUNCIONAL
HISTÓRIA DO PROBLEMA
241
IDENTIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS
EFEITO DA MUDANÇA
242
ANEXO 2
Diagnóstico
Eixo I: ___________________________________________________________________
Eixo II: __________________________________________________________________
Eixo III: __________________________________________________________________
Eixo IV: __________________________________________________________________
Eixo V: ___________________________________________________________________
Hipótese de Trabalho
Esquemas:
(Self)_______________________________________________ (Outro) ______________________________________________
(Mundo)______________________________________________________(Futuro)_____________________________________
Situações precipitantes activadoras: ____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________
Origens: __________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________
Sumário da Hipótese de Trabalho:
Plano de Tratamento:
Objectivos (medidas)
1)
2)
3)
Modalidade________________________________________ Frequência: _________________________________________
Intervenções:
Terapias auxiliares:
Obstáculos:
243
ANEXOS
CAP.II
244
ANEXOS INTERVENÇÃO UNIVERSAL
245
FICHA DEMOGRÁFICA
246
QUESTIONÁRIO DE SATISFAÇÃO DOS PAIS
Instruções
Os seminários que estamos a promover pretendem orientá-lo na difícil tarefa que é ser pai bem
como envolvê-lo na escola do seu filho. Para que possamos ajustar os nossos esforços daquilo que
lhe faz mais falta, a sua opinião é fundamental. Por isso, agradecemos que nos ajude, preenchendo
o questionário que aqui se apresenta. Em cada secção, pedimos-lhe que leia cada uma das
afirmações e assinale com um círculo a resposta que expressa melhor a forma como se sente em
relação ao seminário a que assistiu. Pedimos-lhe ainda que nos deixe as suas sugestões.
Classifique o seminário a que assistiu quanto à utilidade dos temas tratados para a relação com o
seu filho:
Totalmente inúteis Inúteis Indiferente Úteis Muito úteis
Classifique o seminário a que assistiu quanto à clareza com que os assuntos foram abordados:
Muito pouco claros Pouco claros Indiferente Claros Muito claros
Até que ponto pensa vir a aplicar no dia-a-dia os aspectos abordados no seminário?
Nunca Raramente Algumas vezes Muitas vezes Sempre
247
ENVOLVER OS PAIS NA ESCOLA: INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Verdade
Nada
Verdade
Pouco
Verdade
Verdade
Muito
1. Dou ideias para organizar actividades na escola (ex. festas, actividades desportivas,
jogos)............................................................................................................................................................... 1 2 3 4
2. Procuro saber o que é que o meu filho necessita de aprender, para o poder ajudar em
casa................................................................................................................................................................. 1 2 3 4
4. Procuro que o meu filho realize actividades que o ajudam na aprendizagem (ex. encorajo o meu filho a
ler)........................................................................................................................................................ 1 2 3 4
6. Procuro participar na resolução de problemas da escola (ex. dando ideias para resolver problemas de indisciplina e
violência)........................................................................................................................ 1 2 3 4
8. Se o professor me convidar, estou disposto(a) a participar em actividades na sala de aula (ex. ler histórias às crianças,
falar-lhes sobre a minha profissão, ajudar o professor a preparar
materiais)....................................................................................................................................................... 1 2 3 4
9. Procuro fazer com o meu filho actividades que não são pedidas pelo professor, mas que sei que o ajudam nas
aprendizagens (ex. leio-lhe histórias, vou com ele a uma
biblioteca).................................................................................................................................................... 1 2 3 4
10. Quando sei que se vão realizar certas actividades na turma (ex. visitas de estudo, festas, jogos), ofereço
ajuda................................................................................................................................................. 1 2 3 4
248
Verdade
Nada
Verdade
Pouco
Verdade
Verdade
Muito
12. Gostaria de trabalhar voluntariamente (ou trabalho) em actividades na escola (ex. pintar a escola, arranjar o recreio e o
jardim, vigiar os recreios).......................................................................................... 1 2 3 4
13. Dou ideias para organizar actividades na turma (ex. visitas de estudo, festas, jogos)……………….. 1 2 3 4
18. Tenho por hábito procurar informações do professor na caderneta do meu filho............................. 1 2 3 4
19. Tenho por hábito verificar se o meu filho fez os trabalhos para casa................................................... 1 2 3 4
21. Tento ensinar o meu filho a planear e a organizar melhor o seu tempo.............................................. 1 2 3 4
22. Quando há qualquer problema na escola com outros colegas, procuro informar o
professor.......................................................................................................................................................... 1 2 3 4
23. Quando sei que se vão realizar certas actividades na escola (ex. festas, actividades desportivas, jogos), ofereço
ajuda.................................................................................................................................... 1 2 3 4
24. Procuro informar-me acerca das datas dos testes de avaliação, para poder ajudar o meu filho a
estudar........................................................................................................................................................... 1 2 3 4
249
PARTE II
1.1. Identifique com uma cruz os temas destas conversas com o director de turma:
f) outros
Sim Não
Sim Não
Sim Não
6.Qual o grau de satisfação relativamente à comunicação com o director de turma e com a escola do meu filho?
250
6.1. Que mudanças gostaria de sugerir para melhorar a sua comunicação com o director de turma e com a
escola do seu filho?
7. Durante a semana com que frequência verificou se o seu filho fez os trabalhos para casa?
8. Durante a semana com que frequência verificou se o seu filho estudou em casa?
c) Actividades específicas para ajudar o seu filho a melhorar o seu desempenho académico.
d) Trabalhos para casa ou actividades em que os professores pedem a colaboração dos pais.
g) Pediu-lhe ideias e sugestões para melhorar o aproveitamento escolar dos seus filhos.
10. Qual o grau de satisfação relativamente à ajuda que dá ao seu filho no estudo e na aprendizagem em
casa?
251
satisfeito satisfeito satisfeito
10.1. Como gostaria que a escola contribuísse para o ajudar a acompanhar o estudo e a aprendizagem do
seu filho?
g) Falar numa aula sobre determinados temas (ex. sobre a sua profissão) ou ensinar determinadas
competências
13.Qual o grau de satisfação relativamente à sua participação nas actividades e festas para pais
realizadas na escola?
252
13.1. Que mudanças gostaria de sugerir para melhorar a sua participação nas actividades e festas para pais
realizadas na escola?
253
B. INSTRUMENTOS PARA OS GRUPOS DE REFLEXÃO-ACÇÃO PROFESSORES
Avaliação:
* Forças actuais: quais são as práticas de envolvimento parental promovidas pela escola que neste
momento estão implementadas com resultados positivos?
* Mudanças necessárias: Que práticas devem permanecer, ser modificadas ou desenvolvidas de novo,
tendo em conta as expectativas, necessidades e objectivos dos diferentes elementos da comunidade
escolar?
* Alcance da parceira: Que famílias estão ao alcance das práticas correntes? Quais são as famílias
difíceis de alcançar? Que obstáculos é que impedem estas famílias de participar? Que estratégias
podemos delinear enquanto escola para contornar os obstáculos e aproximar estas famílias da escola?
254
1. COMUNICAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA
1. MODALIDADES DE COMUNICAÇÃO
255
Os professores contactam as famílias de diferentes formas. Por favor faça uma estimativa acerca da
percentagem de famílias de alunos que contactou das seguintes maneiras:
N 0 2 5 7
A - 6 1 6
* 2 - - -
5 5 7 1
% 0 5 0
% % 0
%
Carta
Cader
neta
Telefo
ne
Atendi
mento
individ
ual à
família
Reuniã
o
colecti
va de
pais
Visita
domici
liária à
família
Encont
ros em
aconte
ciment
os na
escola
256
Encont
ros na
comun
idade
*NA - Não aplicável
Que temas são abordados? A escola preocupa-se em transmitir de forma clara o projecto educativo e o
regulamento interno a todas as famílias?
O que é que pode estar a contribuir para que algumas famílias não venham a estas reuniões?
Que obstáculos sente na realização destas reuniões (dia e horário, reunião não é avisada atempadamente, as
convocatórias são pouco apelativas,…)?
Conheço as famílias de todos os alunos da minha direcção de turma? Com quantos encarregados
de educação contactou pessoalmente?
Procuro reunir-me com todas as famílias individualmente pelo menos uma vez por ano?
Procuro reunir-me com todas as famílias individualmente para falar sobre progressos do aluno e
formas da família ajudar o aluno a progredir na aprendizagem? Ou sinto apenas que devo
procurar as famílias quando existem problemas de aprendizagem ou de comportamento?
257
Que razões levam a que os pais dos meus alunos não recorreram mais ao atendimento individual do
director de turma?
Qual o grau de satisfação relativamente à forma como a escola e eu comunicamos com as famílias
dos meus alunos?
258
1.2. Questões orientadoras para reflexão no grupo:
Esta secção do questionário identifica as práticas da escola para comunicar com as famílias. Utilize os
dados para discutir os seguintes tópicos:
Os professores e os pais conhecem os benefícios do envolvimento dos pais nas actividades de uma
comunicação eficaz entre família e escola?
Possíveis planos de acção (o que pode ser feito para melhorar a comunicação escola-família e
família-escola?):
259
2. PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM EM CASA
Os professores optam por determinadas actividades para dar apoio aos alunos e às suas famílias.
Coloque um círculo na opção que melhor descreve a importância destas actividades para si e o nível em
que estas práticas estão a ser desenvolvidas actualmente na sua escola:
NI Não é importante Significa que não existe actualmente na escola e não devia existir.
IMPL Deve ser Significa que não existe actualmente na escola, mas devia existir.
implementado
MELH Deve ser melhorado Significa que existe actualmente na escola, mas necessita de ser melhorada.
BOM Nível bom Significa que esta prática está a ser desenvolvida com os resultados pretendidos.
Tipo de Prática
b) Fornecer antecipadamente aos pais e aos alunos um calendário das NI IMPL MELH BOM
c) Fornecer actividades específicas para os jovens e pais de forma a NI IMPL MELH BOM
d) Dar trabalhos para casa que requeiram alguma participação dos NI IMPL MELH BOM
pais.
e) Sugerir formas concretas de como os pais podem ajudar os jovens NI IMPL MELH BOM
no estudo/aprendizagem.
f) Sugerir formas concretas de como os pais podem ajudar os jovens a NI IMPL MELH BOM
preparar um teste.
g) Aceitar ideias e sugestões dos pais para melhorar o aproveitamento NI IMPL MELH BOM
Qual o grau de satisfação relativamente à forma como as famílias dos meus alunos são envolvidas nas
actividades de aprendizagem em casa?
260
2.2. Questões orientadoras para reflexão no grupo:
Esta secção do questionário identifica as práticas da escola para promover as actividades de aprendizagem em
casa. Utilize os dados para discutir os seguintes tópicos:
As práticas que são consideradas importantes estão a realizar-se com a frequência desejada? Se não,
quais as razões?
Existe uma preocupação em desenvolver estas práticas junto de todas as famílias, especialmente
aquelas com menos escolaridade e que se sentem menos competentes para ajudar os filhos em casa?
Que práticas necessitam de ser desenvolvidas para ajudar os professores a envolver as famílias nas
actividades de aprendizagem em casa?
Possíveis planos de acção (o que pode ser feito para melhorar a o envolvimento da família nas
actividades de aprendizagem em casa, incluindo t.p.c., trabalhos para as aulas, outras actividades de
aprendizagem....):
261
3. ACTIVIDADES NA ESCOLA
a) Falar numa aula sobre determinados temas (ex. sobre a sua profissão) ou ensinar determinadas
competências
Outras actividades:______________________________________________
Qual o grau de satisfação relativamente à forma como as famílias dos meus alunos são envolvidas nas
actividades realizadas no espaço escolar?
262
Esta secção do questionário identifica as práticas de envolvimento parental em actividades na escola e na sala de
aula. Utilize os dados para discutir os seguintes tópicos:
Os professores e os pais conhecem os benefícios do envolvimento dos pais em actividades desenvolvidas no
espaço escolar?
A escola tem meios de identificar no princípio do ano os talentos, competências e disponibilidades dos pais
para que estes possam contribuir para os objectivos da escola?
A escola preocupa-se em ouvir os pais quanto às ideias que estes têm acerca da escola e da sua participação
na escola?
A escola preocupa-se em calendarizar estas actividades de acordo com as necessidades das famílias?
Relativamente às práticas que são desenvolvidas, encontramos um bom nível de adesão/participação das famílias? Se
existe uma baixa adesão/participação, quais as razões?
Que tipo de obstáculos existem nesta escola para o envolvimento dos pais neste tipo de actividades?
Existe uma preocupação em trazer todas as famílias à escola, especialmente aquelas que por norma vêm
menos à escola e estão mais afastadas da escola?
Que práticas consideramos importantes e destas quais necessitam de ser desenvolvidas para trazer um maior
número de famílias à escola?
Possíveis planos de acção (o que pode ser feito para melhorar a organização, a programação e a adesão dos
pais a acontecimentos na escola):
263
2. ANEXOS INTERVENÇÃO SELECTIVA
2.2. Entre pais: lembretes e registos – ficha 1 (Anexo 10), ficha 2 (Anexo 11),
ficha 3 (Anexo 12), ficha 4 (Anexo 13), ficha 5 , (Anexo 14) ficha 6 (Anexo 15),
ficha 7 (Anexo 16), ficha 8 (Anexo 17), ficha 9 (Anexo 18), ficha 10 (Anexo 19),
ficha 11 (Anexo 20), ficha 12 , (Anexo 21) ficha 13 (Anexo 22), ficha 14 (Anexo
23), ficha 15 (Anexo 24), ficha 16 (Anexo 25), ficha 17 (Anexo 26), ficha 18
(Anexo 27), ficha 19 (Anexo 28), ficha 20 (Anexo 29), ficha 21(Anexo 30) , ficha
22 (Anexo 31), ficha 23 (Anexo 32), ficha 24 (Anexo 33) ; Avaliação do
programa – avaliação semanal (Anexo 34), grelha de avaliação do mediador
(Anexo 35), questionário de satisfação parental (Anexo 36), EMBU versão para
pais (Anexo 37), Check-list de competências do técnico (Anexo 38).
264
MODELO DE CONTRATO (RISCO MÉDIO ALUNO E/OU FAMÍLIA)
O mediador,____________________________________________________________________,
a família do aluno (nomes do pai, mãe e/ou encarregado de educação)________________________,
e o aluno,__________________________________________________________________________________
Desenvolva um plano de intervenção em conjunto com a família, com base na avaliação realizada.
Marque com pelo menos uma semana de antecedência as sessões de intervenção e avise o aluno/família no caso de existir
alguma alteração, fornecendo uma data alternativa.
Garanta a defesa da privacidade e da confidencialidade da informação partilhada pelo aluno e pela família.
Esta check-list destina-se a ser usada pelo técnico, na entrevista com os pais, para
organizar a identificação dos problemas. Permite que cada um dos pais defina as suas
14
Os objectivos do contrato inicial devem ser centrados nos alunos. São os objectivos finais relacionados
com a promoção do sucesso escolar. É claro, que para atingir estes objectivos, a intervenção passa por
objectivos intermédios, que podem ser mais dirigidos à família e à relação pais-filhos (por exemplo,
estabelecer regras e rotinas familiares adequadas ao nível desenvolvimento do jovem).
265
preocupações concretas, e que atribua um nível de preocupação a cada uma. A vantagem é
permitir identificar, de forma organizada, áreas problemáticas, mas também diferenciar de
entre vários problemas aqueles que são mais ou menos valorizados por cada um dos pais.
Também permite identificar problemas mais relacionados com o papel ou as acções dos
pais, e não só com o comportamento ou desenvolvimento dos filhos, reforçando a ideia de
que a mudança deve envolver toda a família.
Numa segunda fase, e depois de identificado cada problema e o nível de preocupação
relacionado com uma determinada área, deve pedir-se aos pais que definam até que ponto
podem ter controlo, influenciar, modificar, contribuir para a solução daqueles problemas,
ou se consideram que a solução desses problemas não depende de modo nenhum deles e
está mais relacionada com influências exteriores, com o acaso ou destino, ou mesmo que
não pode ser modificada ou controlada.
Com pais mais autónomos e com mais facilidade a usar material escrito esta check-list
pode ser usada como “trabalho de cada” que é depois discutido na sessão. Para tal
demonstre como se usa, começando a preencher uma das categorias em conjunto.
O uso desta check-list deve ocorrer periodicamente ao longo da intervenção, ou em fase de
follow-up.
A repetição do uso da check-list tem essencialmente dois objectivos: por um lado permite
monitorizar e registar um processo de mudança e dar coerência à intervenção. Assim é
possível ir avaliando a evolução das preocupações e da autoavaliação do controlo, o que
pode funcionar como um critério para avaliar os progressos e a eficácia das estratégias
usadas. O técnico pode sintetizar esse processo e dar-lhe visibilidade organizando um
gráfico, em que demonstra aos pais como o seu envolvimento está a ter resultados.
Mas a repetição tem também o objectivo de capitalizar a reactividade associada a estes
instrumentos de autoavaliação subjectiva, e aqui maximizada pelo uso combinado duma
medida de preocupação e uma medida de controlo. Estas duas dimensões não são, de modo
algum, independentes, antes tendem a covariar. Isto é, à medida que aumenta a avaliação
de controlo pode diminuir a de preocupação. Em contrapartida, quando diminui a avaliação
de controlo tende a aumentar a preocupação, excepto quando atinge valores demasiado
elevados em que a pessoa pode desistir de se preocupar, por não acreditar na possibilidade
de mudança, num processo próximo do que se passa na “desesperança aprendida” (learned
helplessness”).
A: SAÚDE FÍSICA
(Alimentação; Sono; Desenvolvimento físico; Sintomas físicos ou doenças; Nível geral de
actividade, e envolvimento em actividades físicas, desporto, etc., hábitos e consumos
inadequados)
Preocupo-me com a SAÚDE FÍSICA do meu/minha Grau de preocupação
filho/filha:
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
267
B: COMPORTAMENTO EM CASA
(Cumprir regras, disciplina geral, comunicação e relação com os outros membros da família,
autonomia, participação nas tarefas e na vida familiar, controlo emocional, isolamento)
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
268
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
269
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
270
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Até que ponto sinto que tenho controlo sobre estes Grau de controlo
problemas
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
271
ENTRE PAIS: LEMBRETES E REGISTO
272
FICHA 1 – ESTAR ATENTO ÀS QUALIDADES DO MEU FILHO
OLHAR: Estar atento às qualidades do meu filho e procurar nos dia a dia
identificar os comportamentos positivos do meu filho.
REFORÇAR: Elogiar comportamentos positivos ou comportamentos que se
aproximem mais do comportamento desejado.
TIRAR PARTIDO: Procurar fazer algum tipo de actividade com o meu
filho que nos interesse e seja agradável para ambos.
É importante que os pais comuniquem o seu amor pelo jovem e que transmitam que ele é aceite e
aprovado como pessoa, mesmo com algumas características que os pais não aprovam ou gostariam
que fossem diferentes.
Quando os pais estão muito preocupados ou zangados com determinados comportamentos dos
jovens, prestam muito mais atenção a estes comportamentos desadequados do que aos
comportamentos positivos. É importante fazer um esforço para tentar contrariar esta tendência que
acontece naturalmente e observar e reforçar mais frequentemente os comportamentos que
consideramos positivos ou que se aproximam aos comportamentos desejáveis.
273
FICHA 2 – O QUE O MEU FILHO FEZ HOJE DE POSITIVO
TAREFA: procurar registar um comportamento ou característica positiva do filho por dia. Se num
dos dias tiver mais dificuldade em fazer o registo (porque esteve pouco tempo com o filho, porque
não esteve atenta, porque não identificou nada positivo) procure lembrar-se de uma memória
positiva que tenha do seu filho.
SEGUNDA:
TERÇA:
QUARTA:
QUINTA:
SEXTA:
SÁBADO:
DOMINGO:
274
FICHA 3 – COMUNICAR EFICAZMENTE COM O MEU FILHO
FAZER ACONTECER, OUVIR, FALAR
275
FICHA 4 – O QUE POSSO MELHORAR NA COMUNIÇÃO COM
O MEU FILHO
TAREFA: procurar identificar pelo menos um objectivo a partir da áreas de maior insatisfação e
que achou que podiam ser melhoradas. Por exemplo, aumentar as ocasiões em que podem falar do
vosso dia a dia, conseguir realizar uma actividade em conjunto com o seu filho que interesse a
ambos, procurar estar mais atento ao que o filho diz utilizando as estratégias que aprendeu,….
1.
2.
3.
4.
Segunda
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Terça
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Quarta
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Quinta
Consegui cumprir os meus objectivos?
276
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Sexta
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Sábado
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Domingo
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
277
FICHA 5 – RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
278
FICHA 6 – MONITORIZAR
Manter-se atento e acompanhar o que o filho faz continua é uma tarefa importante para
pais de adolescentes. Na sociedade actual os jovens são expostos a riscos muito complexos,
para os quais não têm a necessária preparação ou capacidade de protecção. Sabemos que uma
vigilância adequada reduz a exposição a um conjunto de ameaças e ajuda a prevenir que o
jovem se desvie para percursos de risco.
Na adolescência, a monitorização deve ser equilibrada com o encorajamento à autonomia e
o respeito pelas opções do jovem. Neste período, os pais não devem assumir um papel tão
activo na gestão do quotidiano do jovem (por exemplo, não podem decidir o que o jovem ouve
ou vê, nem decidir quem são os amigos do jovem), mas é importante que se mantenham a par
do dia-a-dia e das actividades do seu filho, sem que isto signifique necessariamente a
proximidade física e a restrição excessiva. Trata-se de equilibrar as necessidades de protecção
e segurança do seu filho com as necessidades de autonomia e exploração do jovem. Os pais
devem ter conhecimento das rotinas diárias do jovem, sabendo onde é que o jovem está, com
quem o jovem está e o que está a fazer. No geral, os pais devem poder responder sempre à
questão “Onde está o meu filho agora?”
279
FICHA 7 – PREOCUPAÇÕES
TAREFA: pensar em três aspectos que actualmente mais o preocupam no comportamento do seu
filho. Escreva os problemas por ordem de importância, colocando em primeiro lugar aquele que
mais o preocupa.
Preocupações:
1.
2.
3.
280
FICHA 8 – O QUE POSSO FAZER PARA ME ACALMAR
É necessário reconhecer que uma parte significativa do comportamento dos pais é pouco
reflectida. Entre as múltiplas tarefas, necessidades e obrigações quotidianas, os pais têm que
arranjar tempo, energia e disponibilidade para a educação dos filhos.
Quando os pais observam ou são confrontados com algum comportamento dos filhos que os
desagrada, reagem frequentemente de forma impulsiva, sem se darem conta daquilo que estão, de
facto, a fazer, e das consequências prováveis das suas atitudes ou do impacto que estas podem ter
nos filhos.
Embora tal modo de funcionamento seja habitual, não dá a oportunidade aos pais de
pararem para reflectirem e procurarem alternativas mais adequadas. Nestas situações, na realidade,
os pais são “apanhados” pelos seus sentimentos de zanga e de irritabilidade e acabam por não
poder optar por aquela atitude e comportamento que num momento de maior calma acabariam por
ter.
Assim, é importante aumentar o tempo entre a ocorrência do comportamento perturbador
do filho e a sua resposta a esse comportamento. Esse tempo, que pode ser 30 segundo, 5 minutos,
1 dia ou 1 semana, deve ser suficiente para que os pais se apercebam do seu estado interno, o
possam alterar, para depois procurarem a melhor solução. Nesse sentido, as estratégias que foram
aprendidas – afastar-se da situação perturbadora, respirar e relaxar e alterar diálogo interno,
poderão dar uma ajuda.
281
FICHA 9 – O QUE FAZER PARA ACALMAR O MEU FILHO
EM SITUAÇÕES MUITO EMOTIVAS
Quando o seu filho está zangado, quer ser compreendido. Ao demonstrar a sua intenção
de parar quaisquer julgamentos e de compreender a sua posição, sem estar também
enfurecido, pode ajudá-lo a difundir a raiva. O objectivo é colocar por momentos as suas
necessidades de parte para atender às do seu filho.
ACALMAR-SE
Suspenda todos os juízos.
Comprometa-se a acalmar o seu filho.
Relembre que a solução não é possível enquanto a fúria persistir.
Relaxe tanto quanto possível.
Adopte uma linguagem corporal aberta (por exemplo: braços soltos, pernas descruzadas,
expressões faciais positivas).
OUÇA ACTIVAMENTE
Deixe o seu filho expressar sentimentos.
Ouça a informação que está a partilhar.
Não interrompa.
TAREFA: anotar o que aconteceu em três situações em que me tenha irritado ou aborrecido com
o comportamento do meu filho e registar como é que acha que conseguiu lidar com a situação,
procurando aplicar as estratégias aprendidas.
Situação 1
O que aconteceu?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________
Como é que lidei com a situação?
Muito bem Mais ou menos Muito mal
Situação 2
O que aconteceu?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________
Como é que lidei com a situação?
Muito bem Mais ou menos Muito mal
Situação 3
O que aconteceu?
283
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________
Como é que lidei com a situação?
Muito bem Mais ou menos Muito mal
284
FICHA 12 – LIDAR COM DESOBEDIÊNCIA E DESAFIO-
ALTERNATIVAS
Custo de resposta: retirar bens (ex. mesada) ou proibir actividades (ex. sair com
amigos) ou regalias (ex,. ficar acordado até mais tarde) valorizadas pelo jovem
como consequência de um comportamento indesejável e negativo do jovem. Estas
consequências são combinadas e negociadas antecipadamente com o jovem.
285
FICHA 13 – LIDAR COM DESOBEDIÊNCIA E DESAFIO
TAREFA: procurar identificar pelo menos um objectivo a partir da áreas de maior insatisfação
relativamente à forma como lida com a desobediência do seu filho e que achou que podiam ser
melhoradas.
1.
2.
3.
4.
Segunda
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Terça
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Quarta
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Quinta
Consegui cumprir os meus objectivos?
286
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Sexta
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Sábado
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
Domingo
Consegui cumprir os meus objectivos?
Totalmente Parcialmente Não consegui
Se não, o que correu mal? ___________________________________________
287
FICHA 14 – GESTOS SIMPLES PARA TRANSMITIR O VALOR
DA ESCOLA
288
FICHA 15 - TRÊS DESEJOS RELATIVAMENTE AO PERCURSO
ESCOLAR DO MEU FILHO.
TAREFA: pensar em três objectivos que tem relativamente ao percurso escolar do seu filho
durante este ano. Escreva-os por ordem de importância, colocando em primeiro lugar o mais
importante.
1.
2.
3.
TAREFA: pensar em três desejos que tem relativamente ao percurso escolar do seu filho a longo
prazo. Escreva-os por ordem de importância, colocando em primeiro lugar o mais importante.
1.
2.
3.
289
FICHA- 16 - APONTAMENTOS E ORGANIZAÇÃO DOS
CADERNOS
290
FICHA 17 - O HORÁRIO
1. Fazer uma descrição de como O TEMPO É GERIDO : dormir, comer, aulas, actividades recreativas,
deslocações, estudo, etc. O dia só tem 24h e necessitamos aproveitá-las bem!
Tentar identificar qual é o período do dia em que o rendimento é mais elevado (por exemplo,
evitar estudar logo a seguir a um longo período de aulas).
Certificar-se que neste período não existem outras actividades mais apetecíveis que façam desviar-
se dos objectivos de estudo (por exemplo, hora do programa de televisão preferido, hora do
lanche, etc.).
HORÁRIO SEMANAL
SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO
8:30
9:30
10:30
11:30
12:30
13:30
14:30
15:30
16:30
17:30
18:30
19:30
20:30
21:30
22:30
291
FICHA 18 - O LOCAL DE ESTUDO
Deve:
___ Ser tranquilo
Escolher um sítio de estudo que não seja local de passagem! Para evitar
interrupções pode-se sempre colocar um aviso na porta.
___ Não ser ruidoso
Quanto maior o ruído, maior o cansaço.
___ Não ter distracções
Perguntar ao jovem quais os objectos que te costumam distrair com mais
frequência. A televisão, as revistas, e os jogos no computador no local de estudo
não são aconselhavéis.
___ Ser familiar
Estamos mais à vontade!
___ Ser bem iluminado
A falta de luz, aumenta o cansaço e os problemas de visão.
___ Ter temperatura agradável
Nem demasiadamente quente, nem demasiadamente frio!
___ Ter mobiliário adequado
Mesa suficientemente grande para permitir estudar com diferentes materiais ao
mesmo tempo.
A Cadeira deve permitir manter as costas direitas e mudar a posição do corpo. Deve
também estar adequada à altura da mesa (para evitar problemas de costas e de
visão).
Organizar com o filho o que é necessário fazer para que o seu estudo se torne mais
agradável.
292
FICHA 19 - ORGANIZAÇÃO DO TEMPO DE ESTUDO
a) Preparar o estudo.
Os primeiros minutos devem ser reservados à preparação do material necessário ao estudo
(livros, fichas, apontamentos, caneta, borracha, lápis, afia, dicionário, etc.)
b) Estabelecer objectivos.
O que não posso deixar de fazer hoje? (por exemplo, t.p.c., preparar testes ou chamadas,
fazer exercícios)
Que disciplinas vou estudar? (estudar as lições o mais cedo possível após a aula)
Estabelecer objectivos realistas e concretos (número de páginas ou capítulos que vou ler,
quantas lições vou rever, quantos exercícios vou resolver, etc.).
d) Fazer pausas.
Quando começamos a ficar cansados, deixamos de ter capacidade de concentração. Quando
isso acontece, é melhor fazer um curto intervalo ou mudar de actividade para podermos
retomar o estudo.
293
FICHA 20 - O MEU PLANO DE ESTUDOS PARA ESTA SEMANA
294
Hoje __/__/__ vou estudar:
Das ____ às ____
__________________________________________________________________
Das ____ às ____
__________________________________________________________________
Das ____ às ____
__________________________________________________________________
Das ____ às ____
__________________________________________________________________
Das ____ às ____
__________________________________________________________________
Consegui cumprir o meu plano?
295
FICHA 21 - TÉCNICAS DE ESTUDO
MÉTODO RASERO:
296
Resumo do tema
Utilizar as próprias palavras para elaborar um resumo, utilizando um caderno de
apontamentos ou fichas. Deve seguir a ordem das diferentes partes que compõem o
tema, ser completo (depois de o escrever confirmar que tem toda a informação
necessária), sintético (deve ter uma menor dimensão do que o texto original e
condensar a informação) e ter significado próprio (deve ter sentido e compreendido
por quem o escreve).
Operatividade
O objectivo final deste método é memorizar, assimilar e compreender os temas de
estudo.
297
FICHA 22 - PREPARAR E REALIZAR AVALIAÇÕES
PREPARAÇÃO…
Anotar as datas dos testes
Conferir a matéria que sai.
Dividir a matéria que sai por unidades e planear as sessões de estudo (estabelecer
objectivos concretos: quantas páginas, quantos exercícios,…, pelos dias disponíveis).
Na altura de testes é necessário reorganizar o tempo de estudo.
Organizar e verificar se tem todo o material necessário para o estudo (caderno da
disciplina, apontamentos, livro de apoio, textos de apoio, outros testes realizados…)
Decidir estratégias de estudo: leitura e elaboração de resumos, elaboração de
esquemas da matéria, memorizar a informação por repetição, identificar algumas
mnemónicas, realizar exercícios.
Elaborar questões ou problemas que possam sair no teste e resolvê-los.
DURANTE A AVALIAÇÃO:
Ler com atenção as questões antes de responder.
Distribuir o tempo disponível pelas questões (ter em conta dificuldade das questões,
valor de cada questão,…) e controlar o tempo.
Deixar as questões mais difíceis para o final.
Pensar o que é pedido com cada questão.
Pensar e planear a resposta a cada questão antes de escrevê-la.
Rever as respostas antes de entregar, tendo atenção: clareza da exposição, erros,
construção gramatical.
* não respondi:
não sabia,
porque me esqueci,
porque não tive tempo
299
FICHA 23 - CONTRATO
Caso não consiga cumprir estas regras não poderei realizar o mencionado atrás.
Assinaturas: ______________________________________________
300
FICHAS 24 - Lembrete: O que fazer para promover a
aprendizagem do meu filho.
Ajudar a organizar horário e local de estudo. Tem um horário de estudo semanal e um espaço
Ajudar a organizar o tempo de estudo diário. Estabelece e consegue cumprir os seus objectivos
diários de estudo?
Saber se o filho tem métodos de estudo eficazes. O que é que faz para estudar? Costuma ter bons
resultados?
actualizado?
Saber se o filho consegue organizar o estudo com antecedência para as avaliações. Estuda com
Conhecer como o filho reage às avaliações e identificar sinais de ansiedade aos testes.
Saber se o filho utiliza estratégias que o ajudem a ter um melhor desempenho durante os testes.
301
Acompanhar e reforçar evoluções
Falar sobre o que o filho está a aprender na escola. Estou a par do que o meu filho está a prender na
escola?
Acompanhar os resultados escolares. Conheço e mantenho-me a par dos seus resultados escolares?
Reforçar o esforço e as evoluções. Elogio ou dou algum reforço ao meu filho quando sinto que se
esforça e se empenha nos estudos, quando consegue atingir os seus objectivos de estudo ou quando tem
bons resultados escolares?
Procurar ajuda quando necessário. Sei quando e a quem pedir ajuda se necessário?
Conhecer as diferentes formas de comunicar o Director de turma e com os professores. Sei como
Ser assíduo às reuniões colectivas de pais. Costumo ser assíduo às reuniões de pais? Sei com
Reunir pelo menos uma vez por trimestre individualmente com o director de turma. Nestas reuniões
costumo pedir informações acerca dos progressos e dificuldades do meu filho? Partilho com o director de
turma preocupações que considero importantes?
Participar nas actividades para pais organizadas pela escola. Costumo participar nas actividades que a
escola promove para pais?
Manter uma atitude de respeito pela escola e pelos professores. Mantenho e exijo que o meu filho
mantenha, uma atitude de respeito pela escola e pelos profissionais que a integram?
302
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA “ENTRE PAIS”
AVALIAÇÃO SEMANAL
303
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA “ENTRE PAIS”
GRELHA DE AVALIAÇÃO DO MEDIADOR
I. Auto-avaliação do mediador
304
discordo
c) Metodologias
1. Explora as significações parentais
Não concordo nem
Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente
discordo
305
9. Oferece-se como modelo comportamental
Não concordo nem
Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente
discordo
d) Competências gerais
1. Demonstra conhecimentos acerca dos conteúdos abordados nas sessões
Não concordo nem
Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente
discordo
306
discordo
307
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA “ENTRE PAIS”
QUESTIONÁRIO DE SATISFAÇÃO PARENTAL
Instruções
A dinamização do programa “Entre Pais” pretende contribuir para o sucesso escolar do
seu filho. Para que possamos ajustar os nossos esforços àquilo que lhe faz mais falta, a
sua opinião é fundamental. Por isso, agradecemos que nos ajude, preenchendo o
questionário que aqui se apresenta. Em cada secção, leia as afirmações e assinale com
um círculo a resposta que expressa melhor a forma como se sente em relação ao
programa. No final, deixe-nos as suas sugestões.
2. Os problemas do meu filho que tenho tentado resolver com as estratégias aprendidas
no programa neste momento estão:
Muito pior Pior Na mesma Melhor Muito melhor
3. Os problemas do meu filho que não tenho tentado resolver com as estratégias
aprendidas no programa neste momento estão:
Muito pior Pior Na mesma Melhor Muito melhor
5. As estratégias propostas no programa para lidar com os problemas do meu filho são:
Muito desadequadas Desadequadas Indiferentes Adequadas Muito adequadas
7. Até que ponto se sente competente para lidar com os problemas do seu filho em casa?
308
Muito incompetente Incompetente Indiferente Competente Muito competente
8. Até que ponto se sente competente para lidar com futuros problemas do seu filho?
Muito incompetente Incompetente Indiferente Competente Muito competente
309
b) Resolução de problemas
Totalmente inúteis Inúteis Indiferentes Algo úteis Muito úteis
c) Apoio e monitorização
Totalmente inúteis Inúteis Indiferentes Algo úteis Muito úteis
f) Valorização da escola
Totalmente inúteis Inúteis Indiferentes Algo úteis Muito úteis
3. Até que ponto pensa vir a aplicar os seguintes aspectos abordados nas sessões:
a) Comunicação
Nunca Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes Sempre
b) Resolução de problemas
Nunca Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes Sempre
c) Apoio e monitorização
Nunca Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes Sempre
f) Valorização da escola
Nunca Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes Sempre
310
g) Estratégias para apoiar o trabalho escolar em casa
Nunca Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes Sempre
311
V. Opinião geral acerca do programa
1. Como poderia o programa ser melhorado para o ajudar mais?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________
2. Neste momento, sente necessidade de mais apoio no seu papel parental? Se sim, por
favor indique de que tipo e para quê.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________
312
Anexos
313
Quadro X – Indicadores relativos ao Potencial de Condições de Competitividade
Potencial
Dimensão Indicador Domínio
Capital Humano Qualidade do Capital Humano: Condições Sociais
População empregada com ensino Recursos Humanos
superior em % do total
Juventude Índice de Juventude: Condições Sociais
N.º de Jovens por Idoso, População Demografia
0-15 anos/População +64 * 100
SOCIAIS
0
Pólos ao Mercado ao Mercado Doméstico: Infraestruturais
Doméstico Índice Sintético de Fluxos e Transportes
infraestruturas de transporte
rodoviário, marítimo e aéreo
População empregada com ensino
superior em % do total
Fonte: QREN, Competitividade Territorial e Coesão Económica e Social, 2005
1
Centros
Autarquias
Serviços
ATL
Ass.
D
P lriaaén-gPais
Autarquias,onósdetdice
ISaúde
od niatAssoc.
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o Pais,
PCentros rocedim dee
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n oscedime Ficha Síntese de Equipamentos /Serviços (Concelho/Freguesia)
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F nsdamen
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Domínio Equipamento Capacidade Valências
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Social
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…
identificada
dências
s.
reportados
Activação
pelo
de recursose
Screening
locais .
/ou
2
Rentabiliza
Zooming.
ção de e
Definir
recursos
hierarquiza
rexistentes
FICHA DE REGISTO DE ACOMPANHAMENTO DAS SESSÕES COM
A FAMÍLIA
1) Identificação da Família
Data
Local
Participantes
2) Antes da reunião:
Objectivos
Metodologias principais de avaliação
Metodologias principais de intervenção
3) Depois da reunião:
Foi possível concretizar os objectivos? Se não, Porquê?
Informação nova relevante:
Metodologias mais importantes
Principais indicadores de progresso
Principais indicadores de dificuldades ou problemas
Observação geral da reunião
3
AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO INDIVIDUAL –
GRELHA DE AVALIAÇÃO DO MEDIADOR
I. Auto-avaliação do mediador
4
12. Fornece informação de acordo com as necessidades da família.
Discordo Não concordo Concordo
Discordo Concordo
totalmente nem discordo totalmente
5
Discordo Não concordo Concordo
Discordo Concordo
totalmente nem discordo totalmente
6
AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO INDIVIDUAL
QUESTIONÁRIO DE SATISFAÇÃO DOS PAIS
O trabalho que está a ser levado a cabo com a sua família pretende
contribuir para o sucesso escolar e integração social do seu filho. Para
melhorarmos o trabalho que está a ser desenvolvido com as famílias, a
sua opinião é essencial. Por isso, agradecemos que nos ajude,
preenchendo o questionário que aqui se apresenta. As suas respostas
são confidenciais.
Em cada secção, pedimos-lhe que leia cada uma das afirmações e
assinale com um círculo a resposta que expressa melhor a forma como
se sente em relação ao programa. Pedimos-lhe ainda que nos deixe as
suas sugestões.
8. Até que ponto se sente competente para lidar com futuros problemas
do seu filho?
Muito Muito
Incompetente Indiferente Competente
incompetente competente
7
9. A minha opinião global acerca da intervenção é:
Muito negativa Negativa Indiferente Positiva Muito Positiva
8
CHECK-LIST DE COMPETÊNCIAS DO TÉCNICO
Em seguida apresenta-se uma lista de competências e atitudes que os técnicos se devem
esforçar por desenvolver e aplicar. O seu uso é individual e/ou partilhado com o
coordenador. Não se pretende uma quantificação, mas apenas que, periodicamente, o
técnico procure avaliar-se face a cada uma destas dimensões e identificar formas de
aplicar mais frequentemente algumas destas dimensões ou desenvolver algumas destas
competências. Este check-list também pode ser usado pelo coordenador para identificar
necessidades de formação e programar acções individuais ou grupais dirigidas à
mudança dos técnicos.
9
Reconhecimento e defesa da importância de optar pela melhor intervenção com o menor
custo, atendendo à relação custo-eficácia, de modo a permitir o máximo benefício a
partir dos recursos disponíveis.
Competências de analise
Capacidade para identificar os aspectos mais positivos e mais problemáticos das
famílias
Capacidade para identificar os aspectos do funcionamento parental e familiar que
influenciam o sucesso e integração escolar do jovem
Capacidade para identificar os factores que influenciam a dinâmica e o stress familiar
Capacidade para identificar as significações parentais mais e menos adaptadas
relevantes para o processo
Capacidade para reconhecer indicadores de adaptação e de dificuldades
10
ANEXOS
CAP.III
11
Quadro X – Indicadores relativos ao Potencial de Condições de Competitividade
Potencial
Dimensão Indicador Domínio
Capital Humano Qualidade do Capital Humano: Condições Sociais
População empregada com ensino Recursos Humanos
SOCIAIS
superior em % do total
Juventude Índice de Juventude: Condições Sociais
N.º de Jovens por Idoso, População Demografia
0-15 anos/População +64 * 100
Densidade Densidade Populacional: Condições Sociais
Habitantes por Km2 Demografia
Nível tecnológico Nível Tecnológico: Condições Económicas
VAB gerado nos sectores Tecnologia
intensivos em conhecimento e alta
tecnologia (%)
Utilização das Grau de Utilização das TIC: Condições Económicas
Emprego nas Tecnologias de Tecnologia
TIC
Informação e Comunicação (%)
ECONÓMICAS
12
Ficha Síntese de Equipamentos /Serviços (Concelho/Freguesia)
Educação
Apoio Social
Saúde
Lazer, Desporto,
Cultura
Tecido
Associativo
Segurança
13