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Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST)

Relatório das oficinas em Saúde do Trabalhador com a

Atenção Básica

Juazeiro-BA

2018
Sumário

1. INTRODUÇÃO....................................................3

2. OBJETIVOS.........................................................3

4. METODOLOGIA................................................3

4.1 Público-Alvo.......................................................3

4.2 Procedimento......................................................3

4.3 Avaliação geral...................................................4

5. RESULTADOS...................................................5

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................6

7. ANEXOS.............................................................7
3

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Portaria GM/MS 1.823/2012 que institui a Política Nacional de


Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, em seu artigo 14, aponta as atribuições do
CEREST, em que, resumidamente esse dispositivo, desempenha as funções de suporte
técnico, de educação permanente, de coordenação de projetos de promoção, vigilância e
assistência à saúde dos trabalhadores, fornece apoio matricial e atua como órgão
articulador das ações em Saúde do Trabalhador (ST).
Nesse sentido, o CEREST de Juazeiro-BA, reconhecendo a necessidade de
diálogo com a Rede de Atenção à Saúde (RAS), bem como, partindo da principal porta
de entrada dessa rede, que é a Atenção Básica (AB), criou oficinas a fim de promover
discussões sobre a ST e sensibilizar os profissionais de saúde para a importância dessa
demanda.

2. OBJETIVOS
- Sensibilizar as Equipes de Saúde da Família quanto a necessidade de atenção à Saúde
do Trabalhador em suas atividades;
- Fortalecer o fluxo de referência e contra referência Atenção Básica/CEREST;
- Fortalecer o processo de notificação dos Acidentes de trabalho e Doenças
Relacionadas ao trabalho - ADRT no SINAN.

4. METODOLOGIA
O CEREST/Juazeiro-BA promoveu oficinas com técnicos da Atenção Básica em
todo território da atenção básica do município. Os eventos aconteceram nos dias: 14, 19,
20, 21, 26, 28 de Junho e 04, 06 e 31 de Julho de 2018 (cronograma – ANEXO I).

4.1 Público-Alvo
Participaram das oficinas técnicos diretores, enfermeiros, médicos e agentes
comunitários de Saúde (ACS), representando suas Unidades Básicas de Saúde (UBS)
dos respectivos distritos I, II, III, IV, V, VI. As oficinas foram divididas em duas
modalidades: uma para técnicos das UBS mais ACS e outra somente para os médicos.
No total participaram 214 profissionais.

4.2 Procedimento
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A equipe do CEREST, mais especificamente, a enfermeira, assistente social,


médico, gerente facilitaram toda oficina e uma estagiária do serviço (UNIVASF) deu
apoio a essas formações (ANEXO II).
De forma geral, as oficinas ocorreram de acordo com este procedimento.
Inicialmente foi feito o acolhimento dos participantes, em que foi acordado, momento
de pausa da oficina e o término desta, de acordo com as necessidades de cada grupo. Em
seguida, foi proposto uma dinâmica de apresentação com uso de palitos de fósforo, em
que, cada pessoa deveria acender um palito de fósforo e apresentar-se até chama apagar.
Após isso, foi proposto que os profissionais de cada unidade ilustrassem em uma
cartolina o território onde sua UBS está instalada, apontando os locais de trabalho
daquele determinado território. Após esse mapeamento, foi levantado e discutido os
tipos de trabalhos existentes nesses locais e os possíveis riscos que os trabalhadores
estão suscetíveis.
Adiante, foi iniciada uma apresentação teórica em Power Point, sobre as
atribuições da AB com a saúde do trabalhador, o papel do CEREST, informações
relevantes sobre notificações de acidentes graves, os tipos de acidentes e doenças
relacionados ao trabalho. Nessa apresentação foi permitida e estimulada a participação
dos profissionais para levantar questionamentos e sanar dúvidas, normalmente, era feita
uma pausa até determinado ponto da discussão para descanso. Após esse momento, foi
realizado os estudos de casos (ANEXO III), em que, os participantes foram divididos
em pequenos grupos para resolver os casos, o objetivo era auxiliar a compreensão de
como fazer e o que fazer em possíveis situações reais de acidentes e doenças
relacionados ao trabalho. Logo após encerrou-se o momento da formação.

4.3 Avaliação Geral


A avaliação das oficinas foi realizada através de uma ficha entregue a todos os
participantes, onde constava os seguintes pontos: Eficácia dos recursos Audiovisuais;
instalações físicas do auditório; Tema proposto; Cumprimento do tempo; Atendimento
aos objetivos do encontro; Dinâmica da programação; Observações e Sugestões. Ao final
da oficina, as fichas eram entregues aos facilitadores.
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6. RESULTADOS

1- Quantidade de participantes que avaliaram:


14/07 (encontro com superintendência e diretores da AB) - 05 participantes.
19/06 (Distrito II) -30 participantes
20/06 (Distrito V) – 20 participantes
21/06 (Médicos Z. rural) – 29 participantes
26/06 (Distrito VI) – 22 participantes
28/06 (Distrito III) – 33 participantes
04/07 (Distrito I) – 16 participantes
05/05 (Médicos Z. urbana) -17 participantes
31/07 (Distrito IV). – 31 participantes

RESUMO DAS Ótimo Bom Regular Ruim


AVALIAÇÕES
Eficácia dos recursos 74 74 14 0
audiovisuais
Instalações físicas do 72 85 6 0
auditório
Tema proposto 92 59 5 0
Cumprimento do tempo 89 65 5 0
Atendimento aos objetivos 75 74 10 0
do encontro
Dinâmica da programação 73 78 11 1
6

Observações e sugestões Muito bom! Por mais encontros


como este; orientações sobre
auxílio previdenciário, faltou
lanche/almoço.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das fichas de avaliação respondidas pelos participantes foi possível


perceber que o evento foi considerado muito importante para a soma dos seus
conhecimentos em Saúde do Trabalhador, desde a organização, o tema abordado e a
metodologia utilizada.
Vale ressaltar que os pontos negativos, como, por exemplo, a falta de um lanche
e almoço, principalmente para as equipes da zona rural, foi algo bastante enfatizado,
também sugeriram que o encontro deveria ter sido realizado com toda a equipe da
Unidade. Houve sugestões como, por exemplo, que outros encontros desses aconteçam
com mais frequência e que os participantes tenham acesso ao material audiovisual
utilizado. No entanto, esse material será repassado para cada Unidade de Saúde.
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7. ANEXOS

(ANEXO I)

FORMAÇÃO ATENÇÃO BÁSICA

Programação:

Datas Horário Público Local CEREST


14.06.2018 14:30 às 16:30 Superintendente da Atenção Básica e Auditório do Sanitarista,
Diretores Técnicos e Administrativos Centro de Enfermeira,
Saúde III Assistente
Social e
Médico do
Trabalho.
19.06.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito 2 – Um profissional de nível Auditório do Sanitarista,
14:00 às 17:00 superior, e pelo menos 3 Agentes Centro de Enfermeira,
Comunitários de Saúde de cada Saúde III Assistente
equipe de Saúde da Família. Social.
20.06.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito 5 – Um profissional de nível Auditório do Sanitarista,
14:00 às 17:00 08:00 às superior, e pelo menos 3 Agentes Centro de Enfermeira,
12:00 e das 14:00 às Comunitários de Saúde de cada Saúde III Assistente
17:00 equipe de Saúde da Família. Social.
21.06.2018 9:30 às 11:30 Médicos da Saúde da Família Distrito Auditório do Sanitarista e
RURAL E NASF Centro de Médico do
Saúde III Trabalho.

21.06.2018 13:00 às 15:30 Médicos da Saúde da Família Distrito Auditório do Sanitarista e


URBANA Centro de Médico do
Saúde III Trabalho.

26.06.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito 6 – Um profissional de nível Auditório


do Sanitarista,
14:00 às 17:00 superior, e pelo menos 3 Agentes Centro
de Enfermeira,
Comunitários de Saúde de cada Saúde III
Assistente
equipe de Saúde da Família. Social.
28.06.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito 3 – Um profissional de nível
Auditório da Sanitarista,
14:00 às 17:00 superior, e pelo menos 3 Agentes SEDUC Enfermeira,
Comunitários de Saúde de cada Assistente
equipe de Saúde da Família. Social.
04.07.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito I – Um profissional de nível
Auditório do Sanitarista,
14:00 às 17:00 superior, e pelo menos 3 Agentes Centro de Enfermeira,
Comunitários de Saúde de cada Saúde III Assistente
equipe de Saúde da Família. Social.
05.07.2018 13:30 às 15:30 Médicos da Saúde da Família Distrito
Auditório do Sanitarista e
URBANA Centro de Médico do
Saúde III Trabalho.
31.07.2018 08:00 às 12:00 e das Distrito IV – Um profissional de Auditório do Sanitarista e
14:00 às 17:00 nível superior, e pelo menos 3 Centro de Médico do
Agentes Comunitários de Saúde de Saúde III Trabalho.
cada equipe de Saúde da Família.
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(ANEXO II)

OFICINAS COM OS DISTRITOS:

Objetivo: Sensibilizar os profissionais da Atenção Básica para realizar ações na área de


Saúde do Trabalhador.

08:00 - Apresentação Geral dos (as) Participantes/Divisão por Equipes de Unidades de


Saúde;
08:30 - Levantamento das Ações em Saúde do Trabalhador realizadas na Atenção
Básica, em cada território (Unidade de Saúde - área adstrita);
09:30 - Apresentação das Atribuições do CEREST/ e da Atenção Básica na área de
Saúde do Trabalhador;
10:20 - Lanche
10:40 - Planejamento de Ações em Saúde do Trabalhador na Atenção Básica – Plano de
Ação.
11:30 - Socialização

Tarde: discussão de casos clínicos.

Proposta:
Criação do Grupo de Apoio em ST – Atenção Básico WhastApp;
Agenda de Matriciamento em lócus;

Encontro com Médicas e Médicos:


 Objetivo: Compreensão do referenciamento para o CEREST;
Proposta:
Atribuições do CEREST;
Fluxo de Atendimento em Caso de Acidentes e Doenças relacionadas ao Trabalho;
Ficha de Referenciamento – Contra- Referência;
Casos que devem ser encaminhados e Casos que não devem ser encaminhados ao
CEREST;
Códigos de referência em Saúde do Trabalhador.

Encontro com Coordenadores Técnicos e Administrativos


Proposta:
Atribuições do CEREST;
Fluxo de Atendimento em Caso de Acidentes e Doenças relacionadas ao Trabalho;
Ficha de Referenciamento – Contra- Referência;
Casos que devem ser encaminhados e Casos que não devem ser encaminhados ao
CEREST;
Códigos de referência em Saúde do Trabalhador.
Dúvidas
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ANEXO III

CASO 1

Um caminhoneiro e seu filho morreram em acidente de trânsito na BR-407, vítimas de


um condutor imprudente, que realizou uma ultrapassagem irregular, na tarde desta
segunda-feira, próximo ao município de Juazeiro. Segundo informações da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), um carro utilitário estava indo em sentido contrário e tentou
ultrapassar uma fila de três caminhões. Em meio à ultrapassagem forçada, ele conseguiu
desviar e continuar seu percurso, enquanto que a carreta, que vinha em sentido oposto,
tombou violentamente em um desnível da pista, rompeu o “guardrail” de metal e
precipitou-se a uma queda de mais de 10 metros de altura, culminando com a morte do
motorista Rosalvo Vieira, de 38 anos e do passageiro Gladison Vieira de 13 anos. A
equipe de socorro foi acionada, tendo muita dificuldade para acessar o local do acidente,
ao chegar ao local constatou os óbitos. A remoção dos corpos pelo IML ocorreu,
aproximadamente, cinco horas após a ocorrência. A equipe de vigilância do municipal
realizou imediatamente contato telefônico com a viúva do caminhoneiro, a mesma
informou que seu marido fazia transporte por conta própria de materiais de construção e
que, frequentemente, era ajudado por seu filho, no turno da tarde, já que este estudava
na Escola Municipal Pedro Coutinho no turno da manhã. Referiu que o marido e seu
filho carregavam/ descarregavam o caminhão sozinhos e que isso era muito bom para o
menino, já que ele aprendia desde cedo a trabalhar e ajudar os pais.

Perguntas:

1. Como você avalia este caso, pode ser considerado um evento relacionado ao
trabalho? Justifique.

2. Que dados relacionados à pessoa, tempo e lugar são importantes para a investigação
desse caso? Que outros dados, informações e indicadores são importantes para a
investigação epidemiológica e conclusão do caso?

3. Que ações de vigilância epidemiológica, de prevenção e controle podem ser adotadas


a fim de evitar que outros acidentes dessa natureza venham a ocorrer no município? Que
áreas ou setores da rede SUS e de outras instituições devem ser acionados?

4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan


para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.
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CASO 2

Luciana Fraga, 37 anos de idade, há 10 anos formou-se em técnica de enfermagem,


celetista, trabalha em unidade de emergência em um hospital privado, em escala noturna
12h por 24h e durante o dia trabalha em uma USF, na sala de vacina. A mesma relata
que entrou em desespero no último plantão, porque furou o dedo ao retirar a agulha do
soro de um paciente HIV positivo. "Quando puxei, ele fez um movimento brusco e a
agulha entrou no meu dedo", conta. Seus dois primeiros exames foram negativos, mas
ainda permanece na chamada “janela imunológica”. Informa que, na unidade em que
ocorreu o acidente, a celeridade é cobrada no plantão inteiro pela supervisora de
enfermagem. No dia em que se acidentou foi orientada a retirar as luvas e lavar bem o
local com água e sabão; foi atendida pelo médico infectologista no Hospital Regional de
Juazeiro, que prescreveu quimioprofilaxia, vacinas e acompanhamento com Centro de
Referência. Logo retornou às atividades laborais, mas não está conseguindo se
concentrar no trabalho; chora todos os dias com medo de estar contaminada e fica mais
depressiva quando se aproxima a data de realizar novos testes. Está em uso de
ansiolíticos e antidepressivos prescritos pelo psiquiatra e fazendo acompanhamento com
psicóloga.

Perguntas:

1. Como você avalia este caso? Pode ser considerado um evento relacionado ao
trabalho? Justifique.

2. Que dados relacionados à pessoa, tempo e lugar são importantes para a investigação
desse caso? Que outros dados, informações e indicadores são importantes para a
investigação epidemiológica e conclusão do caso?

3. Que ações de vigilância epidemiológica, de prevenção e controle podem ser adotadas


a fim de evitar que outros acidentes dessa natureza venham a ocorrer? Que áreas ou
setores da rede SUS e de outras instituições devem ser acionados?

4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan


para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.
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CASO 3

No dia 11/01/2018, o Sr. Jerônimo Carvalho da Silva, 51 anos, mecânico, deu entrada
na emergência do Hospital Regional de Juazeiro, com quadro de dor intensa na perna
direita (entre a panturrilha e canela); ao exame apresentava sudorese, pele fria, ptose
palpebral e pressão alta. Durante o atendimento, o paciente relatou que foi atender a um
chamado na localidade de Massaroca, que fica a aproximadamente 55 km da cidade, a
fim de realizar manutenção em um trator que apresentava problemas. Ao retornar para
casa, precisou parar na beira da estrada para conferir se os pneus do carro estavam
vazios; ao abaixar-se para verificar os pneus, sentiu uma dor intensa na perna e
desmaiou, ficando desacordado por alguns instantes. Quando recobrou a consciência,
achou que, pela intensidade da dor, poderia ter sido picado por uma cobra. Com
dificuldades de visão e deambulação, entrou no veículo e foi para casa tomar banho,
pois estava sujo de óleo, seguindo, então, para a casa de sua mãe. Lá chegando e sem
conseguir equilibrar-se, foi socorrido por familiares e levado ao hospital. Foi atendido
na emergência e medicado sintomaticamente; porém, evoluiu para insuficiência renal,
sendo transferido para hospital de referência, onde permaneceu hospitalizado em UTI e
em tratamento de hemodiálise. Recebeu alta após alguns dias, com orientação para a
realização de sessões semanais de hemodiálise. No dia 01/02/2018 apresentou forte dor
lombar, dirigindo-se ao hospital do município. Foi atendido pelo plantonista, medicado
e liberado para casa, após um período em observação. No dia seguinte, ao apresentar os
mesmos sintomas associados a uma síncope, foi levado para o hospital onde, após várias
tentativas fracassadas de reanimação, veio a falecer.

Perguntas:

1: A situação descrita pode ser considerada como acidente de trabalho? Justifique.


Como você avalia a condução deste caso pelos serviços de saúde?

2: Que dados relacionados à pessoa, tempo e lugar são importantes para a investigação
desse caso? Quais variáveis e indicadores são importantes para a investigação
epidemiológica e conclusão do caso?

3: Que ações e medidas de controle, prevenção e monitoramento podem ser adotadas a


fim de evitar que outros acidentes dessa natureza venham a ocorrer no município? Que
áreas ou setores da rede SUS e de outras instituições devem ser acionados?

4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan


para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.
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CASO 4

Manoel Simões, 23 anos, sexo masculino, vítima de acidente envolvendo motocicleta


no dia 10 de março às 9h30. O mesmo encontra-se internado em estado grave na UTI do
HU, em Petrolina, com politraumatismo, lesão de T5, fratura exposta em MIE, edema
cerebral. O acidente aconteceu quando Manoel foi chamado para realizar uma corrida
de mototáxi; ao tentar ultrapassar um veículo na pista que leva para área afastada da
cidade, perdeu a direção da moto chocando-se contra uma árvore. Manoel é vigilante da
empresa RB Construções, porém, já havia deixado seu plantão de 12 horas de trabalho,
às 7h da manhã do dia 15 de março. Segundo relatos, além de vigilante noturno, durante
o dia, Manoel trabalha informalmente como moto taxista para a empresa Rápido Moto,
para complementar a renda. Os colegas da Rápido Moto informaram que ele havia
chegado para trabalhar às 8h30 e aquela era a sua segunda corrida naquele dia.

Perguntas:

1. A situação descrita pode ser considerada como acidente de trabalho? Justifique

2. Que informações relacionadas à pessoa, tempo e lugar são importantes para a


investigação desse caso? Que outras informações, elementos e indicadores
epidemiológicos podem auxiliar nessa investigação?

3. Que medidas de controle, prevenção e monitoramento podem ser adotadas para evitar
a ocorrência de novos casos? No processo de investigação e manejo do caso, que áreas
ou setores da rede SUS e de outras instituições devem ser acionados?

4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan


para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.
14

CASO 5

O Sr. Januário Alves, 60 anos, industriário/aposentado, natural e procedente de


Camaçari, trabalhava em sua roça cultivando alguns produtos agrícolas para consumo
próprio, vinha apresentando quadro de tosse e falta de ar aos grandes esforços, estimada
em mais de cinco anos; como os sintomas não o limitavam na realização de suas
atividades habituais, ele resistia a procurar uma unidade de saúde. Evoluiu com piora do
quadro de tosse e falta de ar, já aos esforços moderados. Sua esposa, preocupada com
esta situação, agendou uma consulta para a unidade de saúde da família (USF) mais
próxima de seu domicilio. Após avaliação, o médico da USF suspeitou de enfisema
pulmonar, visto que foi tabagista por longo período (20 anos, usando em média 10
cigarros por dia). Ao exame físico apresentava alterações na ausculta respiratória em
bases dos pulmões e dedos em baqueta de tambor. Após medicado, retornou à USF com
piora da dispneia, sendo solicitado raio X de tórax, que revelou infiltrado reticular em
bases pulmonares e espessamento pleural bilateral. Foi encaminhado para avaliação
com pneumologista; nesta consulta negou febre, perda de peso, escarro com sangue, ou
dor torácica. Ao retornar com exames, o pneumologista verificou que a tomografia
computadorizada de alta resolução mostrou alterações compatíveis com pneumoconiose
e a espirometria evidenciou distúrbio ventilatório obstrutivo. Ao perguntar por suas
exposições e história laboral pregressa, o Sr. Januário informou ter trabalhado, por 20
anos, como moldador de telhas em uma fábrica de fibrocimento (amianto). Com isso, o
médico concluiu pelo diagnóstico de Asbestose pulmonar com placas pleurais, instituiu
e orientou o tratamento, solicitando, na ficha de contrarreferência, que a USF
procedesse a notificação do caso.

Perguntas:

1. Como você avalia este caso? Que tipo de agravo se trata? Pode ou não ser
considerado relacionado ao trabalho?

2. Que dados relacionados à pessoa, tempo e lugar são importantes para a investigação
desse caso? Que outros dados, informações ou indicadores podem ser levantados para a
investigação epidemiológica e conclusão do caso?

3. Que medidas de vigilância epidemiológica, prevenção e controle podem ser adotadas


para evitar a ocorrência de novos casos? No processo de investigação e manejo do caso,
que áreas ou setores da rede SUS e de outras instituições devem ser acionados?

4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan


para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.
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CASO 6

Eduardo, 42 anos, é gerente da agência bancária de sua cidade há 10 anos. Na década de


90 ele ingressou no banco como contínuo, enquanto cursava ciências contábeis em uma
universidade da cidade vizinha. Aos poucos Eduardo foi ganhando a confiança dos
dirigentes do banco passando a exercer outras atividades administrativas, até chegar à
função de caixa. Apesar da responsabilidade, Eduardo sentia-se feliz, pois passou a
ganhar mais e poderia, finalmente, casar-se com Mariana, sua namorada e amiga de
infância. Já casado e após três anos como caixa, Eduardo concluiu o curso de Ciências
Contábeis e com a aposentadoria do Sr. Francisco, gerente à época, Eduardo foi
convidado a assumir o cargo. Ultimamente com o aumento da violência, inclusive nas
cidades do interior, a agência em que Eduardo trabalha foi assaltada quatro vezes. Nas
três primeiras vezes, a agência estava em seu horário de expediente ao público. Os
bandidos chegaram armados, renderam os vigilantes, saquearam os clientes e levaram o
dinheiro existente nos caixas. Da última vez, Eduardo foi surpreendido em sua própria
casa. Era pouco mais das 6 horas da manhã, tomava café com sua esposa e seus dois
filhos quando 4 bandidos armados invadiram a casa fazendo toda a família refém. A
esposa e os dois filhos foram trancados no banheiro, ficando um dos meliantes
responsável pela guarda da família. Enquanto isso, os outros três obrigaram Eduardo a
acompanhá-los até a agência bancária e, sob forte ameaça, Eduardo abriu o cofre e
entregou aos bandidos todo o dinheiro ali existente. Ao final, Eduardo foi deixado em
um vilarejo fora da cidade, enquanto os bandidos evadiam. A essa altura o assaltante
que havia permanecido com a família de Eduardo já aguardava os comparsas em um
esconderijo. Ao ser libertado pelos assaltantes, Eduardo buscou socorro no vilarejo,
retornando para sua cidade. Três meses depois desse episódio, Eduardo passou a ter
pesadelos e, frequentemente, recorda-se dos bandidos invadindo a sua casa rendendo ele
e a família. Vive nervoso, sem apetite e passou a fazer uso de medicamentos para
dormir. Seu rendimento no banco já não é o mesmo. Por conta disso, Eduardo teme
perder o emprego e sente que seu estado tem piorado a cada dia.

Perguntas:

1: O que aconteceu com Eduardo pode ser caracterizado como relacionado ao trabalho?
Justifique.

2: Que dados relacionados à pessoa, tempo e lugar são importantes para a investigação
desse caso? Quais outras informações são importantes para a investigação
epidemiológica e conclusão do caso?
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3. Que medidas de vigilância epidemiológica, prevenção e controle podem ser adotadas


em relação a esse caso?
4. Exercício de preenchimento, em grupo, da ficha de notificação/investigação do Sinan
para o agravo em discussão, registrar as dificuldades para o preenchimento e lacunas de
informações a serem obtidas na investigação.

Após revisão:

Estudo de Caso 1

João de Deus, 14 anos, deu entrada na unidade de Unidade de Pronto Atendimento


apresentando queimaduras de primeiro e segundo graus. O jovem ajudava seu pai na
oficina mecânica da família, a qual situa-se em sua residência e foi vitimado por líquido
quente do radiador do veículo que acabara de chegar à oficina. Após o atendimento, o
jovem foi liberado para acompanhamento ambulatorial.

A UPA contatou o serviço de vigilância epidemiológica do município que, por sua vez,
fez articulação com a equipe de saúde da família (ESF) responsável pelo território de
residência do menor, para que esta conduzisse a investigação do acidente.

Considerando o relato acima responda:

1- Esta situação acima se refere a um Acidente de Trabalho? Justifique.

2- A ESF tem condições de investigar o caso? Se sim, quais procedimentos devem


ser adotados. Se não, quais articulações serão necessárias?

Estudo de Caso 2

Ivete dos Santos, 66 anos, procurou atendimento na Unidade de Saúde da Família


Itaberaba com queixa de dispneia, tosse, prurido em mucosas e na pele. A paciente
iniciou os sintomas de forma insidiosa em seu domicílio no período da manhã, sendo
orientada pelo ACS a buscar atendimento médico.

O médico assistente detectou na anamnese que a paciente tem contato frequente com
substâncias químicas (colas e solventes) decorrentes do trabalho que realiza junto a seu
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filho e nora, em seu domicílio. A família confecciona peças de couro para a Indústria de
Calçados instalada no município e fazem uso de produtos químicos quase que
diariamente.

A paciente relatou ter feito uso de solventes durante toda a noite, para entregar um
pedido à indústria na manhã seguinte.

Considerando o caso acima, responda:

1- Quais as informações descritas podem explicar a suspeita levantada pelos


profissionais sobre a relação com o trabalho?

2- Quais as condutas devem ser adotadas pela equipe multidisciplinar para a


condução do caso?

Estudo de caso 3

Marcelo dos Anjos, 55 anos, vem cursando com tosse, febre, fraqueza e tontura. Buscou
atendimento na Unidade de Saúde da Família de Barro Branco no município de Bom
Rebanho que é uma área de intensa atividade de mineração. A equipe de saúde da
família o diagnosticou com suspeita de Tuberculose pulmonar. O paciente realizou
baciloscopia (BAAR) e iniciou o esquema de tratamento. Passado 15 dias de iniciado o
tratamento não houve melhora do quadro. Os dois resultados de BAAR deram
negativos, apesar da imagem no exame radiológico ser altamente suspeita. A equipe
considerou ser um possível caso de multirresistência e encaminhou o paciente para a
capital para atendimento em serviço de alta complexidade. Nesse serviço, foi descartado
o diagnóstico de tuberculose e confirmado como um caso de silicose.

Considerando a situação acima responda:

1- Quais as falhas na condução do caso pela equipe de saúde da família?

2- Quais as prováveis consequências para o paciente no caso de uma má condução?

3- Que articulações intra e intersetoriais serão necessárias?


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Estudo de Caso 4
Mário Lisboa, agente comunitário da microárea 10, onde reside Joana Soares, 48 anos,
procurou a sua supervisora para informar sobre as condições de trabalho da paciente. A
mesma realiza atividade intradomiciliar de fabricação de tapioca (beiju).
No ambiente, verifica-se a presença de altas temperaturas em função do uso de forno à
lenha, fumaça, desorganização dos utensílios e matéria prima, higiene precária. Além
disso, Joana trabalha cerca de 10 horas por dia, na postura em pé mantida, adotando
movimentos de flexão e rotação de tronco e movimentos repetitivos de membros
superiores. Chamou atenção de Mário o fato de Joana não utilizar nenhuma proteção,
como calçado fechado e luvas térmicas, apesar de colocar as mãos o tempo todo sobre a
superfície aquecida do forno.

Considerando a situação acima responda:


1- Que dados levou o ACS suspeitar de um ambiente de trabalho que oferecesse
risco a saúde da trabalhadora?
2- Como a ESF pode intervir nesta situação?

Estudo de Caso 5

Em visita domiciliar para cadastramento da família de Dona Margarida, Ronaldo


identificou que ela fazia salgados em casa com a ajuda dos filhos de 10 e 14 anos. A
trabalhadora queixou-se de dores nos braços, nas pernas e principalmente no ombro e
informou ser hipertensa. O ACS registrou todas essas informações.
Em outras visitas para acompanhamento da família, o ACS começou a observar com
atenção o trabalho de dona Margarida. Percebeu que ela fazia um grande esforço com o
braço para transferir o recheio dos salgados para as panelas, que eram grandes e
pesadas, além de fazer esforços repetitivos para “mexer” o recheio nas panelas. O ACS
percebeu que, ao mesmo tempo em que dona Margarida trabalhava, comia com
frequência, ora recheio, ora o próprio salgado. Também chamou a atenção do ACS o
quanto o chão era escorregadio, por causa da gordura que respingava no chão durante a
fritura.

Responda:
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1- Quais situações perigosas foram observadas pelo ACS?


2- O que a ESF pode fazer para intervir nesta situação?

Estudo de caso 6

Em uma visita domiciliar, o ACS Pedro observa que o marido de dona Maria está em
casa, o que não ocorre habitualmente, pois o mesmo trabalha para o sustento da família
em uma construtora conhecida na cidade. Dona Maria relata que o mesmo se acidentou
caindo de um andaime fraturando a perna. No momento encontra-se afastado do
trabalho, inicialmente por 90 dias, devido à imobilização do membro afetado, e que
depois iniciará tratamento fisioterápico.

Responda:
1- Quais informações relevantes deverão ser colhidas pelo ACS nesta situação e o
que deverá fazer após a visita domiciliar?
2- Como a ESF conduzirá o caso?

Estudo de caso 7

O ACS Francisco, ao realizar uma visita domiciliar, encontra um trabalhador que


desenvolve atividade de reciclagem em seu quintal. Ao observar o ambiente em que o
usuário trabalha, o ACS identifica riscos para a saúde como, por exemplo, a presença de
objetos cortantes espalhados pelo chão (pedaços de madeira, vidros, latinhas, entre
outros). O ACS observa também que o trabalhador não se protege de acidentes com
material perfuro cortante podendo se ferir ao manipular objetos e andar descalço pelo
quintal onde estão espalhados.

Responda:
1- Quais informações chamam atenção com relação a saúde do trabalhador?
2- Que ações de promoção e prevenção a ESF pode oferecer a este trabalhador?
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