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Capela Nossa Senhora da

Conceição

O monumento é, hoje, conhecido como Capela de


Santo António, pertence e está localizado na
Quinta de Lourosa, em Sousela, que confronta
com a Casa de Santo António, ou Casa de Lourosa,
que a seu tempo 7 de Janeiro de 1612 (século
XVII), também foi “Casal de Lourosa”, foreiro ao
Bailio do Mosteiro de Leça

ESTA CAPELA / MANDOU FA/ZER D(oming)OS NT(oni)O NO/VO NO ANO DE


1[6]75

Primeiros Proprietários
Capela Nossa Senhora da
Conceição

Pela inscrição no entablamento da porta de


entrada, identifica-se o fundador da Capela
existente na Quinta de Lourosa, Domingos António
que terá nascido na primeira metade do século
XVII, casou com Catarina Coelho, de quem teve
descendência, e faleceu em Sousela, a 6 de Abril
de 1701. A sua esposa viria a falecer na mesma
freguesia, no dia seguinte, a 7 de Abril de 1701.

Em 1645 a representação do prazo de Lourosa,


foreiro ao Mosteiro de Leça, durante a realização
do tombo desta instituição monástica foi assumida
por Domingos António (faleceu em Sousela a 19 de
Março de 1689) e Ângela Ferreira (na mesma
freguesia, a 6 de Outubro de 1676), pais de
Domingos António e sogros de Catarina Coelho.
Além deste filho, havia o João, nascido a 8 de
Setembro de 1639, e o Pedro, que lhes fez o bem
de alma.

Domingos António (pai) era filho de António Pedro


e de Maria da Silva, que foram os primeiros
titulares do prazo de Lourosa desde 7 de Janeiro
de 1612.

A capela foi mandada construir por devoção.


Construída em 1675, somente entrou em
funcionamento no ano de 1676, depois de
Capela Nossa Senhora da
Conceição

Domingos António (filho) e Catarina Coelha terem


afetado/doado à Capela os bens de rendimento
essenciais ou necessários para o seu
funcionamento. Nessa altura já estava tudo
pronto, exceto o retábulo e a imagem para esse
retábulo a fim de nela se poder dizer missa, posto
que fosse emitida a competente licença – “… se
passe Licença para o que se pede & com isso dava
a Licença que se pedia…1”

Por morte do casal, sucedem-lhe o genro João


Martins, e a filha Maria Coelho.

Em Abril de 1710, no Arcebispado de Braga, João


Martins surge já como Administrador da fábrica e
proprietário da Capela, numa compra e venda de
trigo e centeio a Pedro Gonçalves e Maria Araújo
do lugar de Eira Vedra.2

O casal teve três filhos legítimos: Maria Coelho


Martins, José Martins Coelho e Ângela Coelho
Martins.

1
Arquivo Distrital de Braga – Universidade do Minho –
“Obrigação a fabrica da cappela de Nossa Senhora da
Conceição…” Arquivo Geral
2
Arquivo Distrital de Braga – Universidade do Minho –
Arquivo Geral
Capela Nossa Senhora da
Conceição

João Martins viria a falecer viúvo, a 10 de Janeiro


de 1744. A esposa, Maria Coelho, falecera em
1708, aos 12 dias do mês de Novembro. Ambos
foram sepultados dentro da Igreja Paroquial de
Sousela.

De acordo com a sua vontade testamentária, João


Martins legou a Casa onde vivia, e com ela a
Capela, à filha Maria Coelho Martins, já casada
desde 10 de Outubro de 1733 com Manuel
Nogueira Meireles, natural de Santa Eulália da
Ordem.

O filho Manuel era viúvo nessa altura e vivia em


São Pedro da Raimonda; José Martins Coelho vivia
algures no Brasil; Ângela Coelho Martins estava
casada com Custódio Neto, eram moradores no
lugar das Figueiras, em Sousela.

Nos últimos anos de vida, esta Ângela e seu pai


deixaram bem registada a influência social que
tinham na aldeia, pois são inúmeros os batizados
onde ambos aparecem como padrinhos das
crianças.

Havia, ainda, pelo menos, um neto, o Padre José


Martins Coelho, cuja literatura deixa entender
Capela Nossa Senhora da
Conceição

bem o elevado apreço que o avô nutria por esse


descendente.

Manuel Nogueira Meireles e Maria Coelho Martins


tiveram ainda mais dois filhos: Escolástica Coelho,
casada com Manuel Ferreira Borges, viveram em
Santa Eulália da Ordem; e Manuel José Nogueira,
casado com Custódia Maria de Sousa, viveram em
Silvares.
Capela Nossa Senhora da
Conceição

Primeiras alterações na Capela – colocação de um


confessionário

Em Maio de 1777, Manuel Nogueira Meireles e


seu genro, Custódio Nunes Teles, casado com
Maria Coelho Meireles, foram autorizados a
colocar um confessionário3 na capela “juncto à sua
casa e quinta emq residem, chamada de Louzada
se acha situada huma capª com a invocação de
N.Sra. da Conceição erecta por seus antepassados,
que sempre fabricarão, e presentemente os
mesmos suplicantes a fabricão, a qual…” A
distância à igreja matriz, a vontade de facilitar o
serviço religioso ao maior número de cristãos,
sobretudo idosos e doentes, e o mau estado dos
caminhos foram os principais motivos que levaram
a pedir autorização para construir o monumento
religioso.

3
Ibid.ADB
Capela Nossa Senhora da
Conceição

Outras alterações – sepultar na capela

Foi obtida autorização superior para se sepultar


nesta capela. Entre outros indivíduos, ali foram
sepultados os seguintes: (i) Manuel Nogueira
Meireles (18-1-1784); (ii) Frei Ângelo de Nossa
Senhora da Expectação, familiar [repentinamente
egresso franciscano, segundo o registo do óbito
datado de 20 de Fevereiro de 1875]; (iii) Manuel
Joaquim Teles de Meneses (30-1-1876).

Orago(s) Nossa Senhora da Conceição e Santo


António

A Capela de Nossa Senhora da Conceição foi


benzida e assim reconhecida pelas hierarquias
eclesiásticas, em 1777.

A Casa de
Lourosa tem um
pequeno nicho
com a imagem de
Santo António na
sua fachada
principal
Capela Nossa Senhora da
Conceição

É verosímil que tenha ocorrido uma mudança


posterior a essa data, se tivermos em conta as
palavras do Padre Peixoto4 quando escreveu “ (…)
a esquecida capelinha de Santo António (…);
dentro desta tosca e viúva ermida após o
falecimento do doutor-padre (Reverendo Porfírio
de Sousa Coelho Leal, Teólogo, falecido em 1914),
que pensarás tu, Santo António?”. A primeira vez
que se fala em “Santo António” é num registo de
óbito, de 1876, porém com referência apenas à
“Casa de Sancto António”, no lugar de Lourosa. Ou
o senso comum “tomou a parte pelo todo”?

4
Jornal de Lousada, 25-7-1915
5
Arquivo Distrital do Porto
Capela Nossa Senhora da
Conceição

Arquitetura

A técnica de construção da Capela foi a silharia.


Tem um formato retangular e paredes em granito.

A sacristia está localizada no lado sul, anexa à


parede lateral.

Está abandonada, e já destelhada. Ainda assim é


possível observar uma pequena cruz em granito no
topo do frontão, cruz que não se encontra no local
original, uma modificação ocorrida após um roubo
da dita, que felizmente seria recuperada, mais
tarde.

Na pequena cornija, do frontão temos a presença


de uma estrutura sineira em granito com duas
colunas e um arco.

Dentro da capela, há um pequeno altar a uma cota


superior ao nível do chão alcançável por três
degraus, a presença de uma pia de água benta em
granito colocada na parede do lado esquerdo do
altar, um pequeno púlpito a uma altura de cerca
1,70m, com duas volutas, e ainda três jazigos de
adultos e quatro jazigos de “anjos”
(bebés/crianças).
Capela Nossa Senhora da
Conceição

No interior da capela podem observar-se vestígios


das pinturas nas paredes, por debaixo do reboco
de cimento, atualmente em elevado grau de
deterioração.

Equívocos

Augusto Soares de Moura6 induz os leitores em


erro, ao citar o Padre Peixoto e a Memória
Paroquial de 1758, mencionando a existência de
duas capelas, uma em Lourosa e outra em
Bregada. Trata-se da mesma Capela de Lourosa,
pois o Abade Sebastião Macedo ao elaborar a
Memória tomou Lourosa por lugar de Bregada.

6
Augusto Soares de Moura, Lousada Antiga, Das Origens à
primeira República, 2ª parte, Das Freguesias, página 637,
Edição do Autor, 2009
7
Memória Paroquial, 1758
Capela Nossa Senhora da
Conceição

A Capela, hoje

A antiga Casa de Lourosa/Santo António, hoje em


dia encontra-se dividida, por força de sucessões e
transmissões, tendo a Capela de Nossa Senhora da
Conceição/Santo António ficado na Quinta de
Lourosa. Quinta e Capela confrontam ambas com a
Casa de Santo António.

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