A Importância da Proficiência em Saúde e Segurança no Trabalho
Já nos acostumamos periodicamente a observar as divulgações de periódicos e noticiários a
respeito do alto número de acidentes do trabalho que ocorrem no Brasil. Por inúmeras vezes fomos chamados de país campeão mundial de acidentes do trabalho, não sendo difícil identificar esta condição nos anuários emitidos pelos órgãos governamentais, porém sabemos e temos a convicção de que tais números não representam está triste realidade, pois a subnotificação ainda é um entrave a ser combatido e apurado. Quando falamos de acidente do trabalho, estamos relacionando a condição terrível de que o “trabalhador”; em certo momento, teve a sua integridade física atingida, causando-lhe sequelas temporárias, permanentes ou até mesmo o óbito. Quando analisarmos o efeito causa; destes acidentes, iremos identificar e relacionar as inúmeras condições inseguras no ambiente de trabalho, e o que nos chama a atenção é que em muito das vezes o efeito causa estará relacionado as questões de qualificação profissional, principalmente quanto aos procedimentos de execução (capacitação). Quando olhamos a legislação ela nos direciona de que toda empresa deve aplicar e exigir os treinamentos obrigatórios de capacitação de seus trabalhadores; conforme exigido pelas Normas Regulamentadoras, quando estas possuírem atividades de risco. Sendo assim as Normas Regulamentadoras são de natureza obrigatória de atendimento, e juridicamente aplicável nas relações de trabalho, principalmente quanto a capacitação (treinamento) dos trabalhadores ao exercício de suas atividades profissionais. A Norma Regulamentadora 01 em seu item 1.2.1.1 menciona que: As NR são de observância obrigatória pelas organizações e a Norma Regulamentadora 6, determina em seu item 6.5.1 Cabe à organização: item b) orientar e treinar o empregado. Quando abordamos a questão capacitação (treinamento) dentro do universo Normas Regulamentadoras; pois são elas que norteiam as condições e diretrizes a serem obedecidas e seguidas por cada organização (empresa), encontramos uma relação direta (causa) com os inúmeros casos de acidentes do trabalho. A qualidade dos treinamentos de capacitação e qualificação, em muitos das vezes não tem obedecido o preconizado nas próprias Normas Regulamentadoras, que determina em certas situações a exigência do profissional legalmente habilitado e em outros casos o profissional com a devida “proficiência” na área a ser treinada. A juridicidade de ser proficiente é um tema intrigante e complexo. Ser proficiente em determinada área significa ter habilidades e conhecimentos sólidos naquela disciplina específica. No contexto jurídico, a proficiência é particularmente importante, pois envolve a compreensão e aplicação das leis e regulamentos. A questão do profissional com proficiência para ministrar treinamentos tem gerado constantes embates e pouco entendimento jurídico quanto a esta condição determinante nas Normas Regulamentadoras. Os profissionais bem atentos quanto a esta condição; imposta pelas Normas Regulamentadoras, interpretaram corretamente o seu entendimento e aplicam seu conceito, tanto na responsabilidade de sua realização quanto na contratação de Engenheiros ou Técnicos em Segurança do Trabalho, que se afirmam como “proficientes” se fazendo de desentendidos, e acabam expondo os trabalhadores a riscos de acidentes graves. Muitos confundem o que é ser profissional proficiente e profissional legalmente habilitado e ou capacitado. Estudar anos e obter uma formação é o sonho de muitos, porém se não estiver atuando na área; e aqui eu me refiro a atuação em campo prático, jamais poderá ser considerado um profissional proficiente, será apenas profissional legalmente habilitado e isso por si só não lhe qualifica a realizar treinamentos. É preciso entender que o termo “proficiente” pode até ser polêmico, porém necessário se faz conhecer o seu real significado. Segundo o dicionário Aurélio; da língua português: “Diz- se da pessoa que demonstra excesso de eficiência e de capacidade; que está muito preparado; conhecedor”. Tem sua condição relacionada com o seu sinônimo “que é competente: destro, conhecedor, apto, capaz, competente, eficiente, experimentador, hábil, habilidoso, idôneo, perito, preparado, ou seja, aprendeu com a prática. Ter um certificado de conclusão do curso de segurança do trabalho; seja EST ou TST, emitido por uma instituição credenciada não nos dá a condição de Proficiência. Hoje é assustador o que vem ocorrendo, muitos saem das salas de aula abrindo consultorias, ministrando treinamentos se auto intitulando experts em determinadas áreas, se esquecendo que proficiência é algo que se adquire no campo, no corpo a corpo, no calor da adrenalina, nos raios de sol, nos frios da madruga, mas não na sala de aula. Não confunda grade escolar com vivência da prática, está se obtém no campo, ao que chamamos de chão de fábrica, onde tudo acontece. Os momentos vividos em sala de aula; quando em formação (teoria), é muito diferente da prática. Mas muitos vão dizer: " nos cursos de formação tem a prática". Concordo em parte com esta afirmação, é preciso entender que se trata de uma prática teórica que muitas das vezes representa apenas alguns minutos de exercício, jamais pode ser considerada como proficiência, é tudo muito diferente, a teoria é importante para adquirir conhecimento e compreensão conceitual, é na prática que a verdadeira proficiência é demonstrada e aprimorada. Ter proficiência nos treinamentos requer compromisso e consistência. É necessário dedicar tempo e esforço diariamente para absorver o conteúdo, praticar as habilidades e buscar aperfeiçoamento constante. A disciplina é o que impulsiona a evolução e garante resultados sólidos. É no lidar com situações reais que os profissionais poderão identificar lacunas em seu conhecimento ou habilidades e buscar maneiras de preenchê-las. Somente na experiência prática, é possível desenvolver habilidades específicas, como tomada de decisão, pensamento crítico, resolução de problemas e adaptação a diferentes contextos. Proficiência e experiência é vivência, requer dias e horas de prática exaustiva, é preciso respeitar a vida, termos mais responsabilidade, segurança do trabalho é coisa séria. Um treinamento mal realizado pode acarretar em consequências jurídicas sérias, como ações judiciais por danos morais e materiais, processos trabalhistas e até mesmo responsabilização criminal. Os profissionais de SST têm a responsabilidade de garantir que as medidas de segurança sejam implementadas e seguidas corretamente, a fim de prevenir acidentes e doenças ocupacionais, isso significa obedecer e atender fielmente o que está preconizado nas Normas Regulamentadoras É importante lembrar que a responsabilidade recai tanto sobre a empresa que oferece o treinamento quanto sobre os indivíduos (pseudo proficientes) que o conduzem.