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Miguel Liborio Cavalcante Neto

O VIGILANTE TEM O VERDADEIRO


RECONHECIMENTO SOCIAL PELO SERVIÇOS
PRESTADOS?
Miguel Liborio Cavalcante Neto
Consultor de Proteção, Segurança e Gestão Empresarial + Siga
Publicado em 21 de jun. de 2016

Dia 20 de junho comemoramos o Dia do Vigilante. Afinal, ele é valorizado no mercado?


A sociedade reconhece o seu grau de preparo e desempenho para as funções que exerce?

Muitas vezes a sociedade desconhece que o vigilante, realizando a segurança em


bancos, prédios e instalações produtivas como indústrias e centros logísticos, têm uma
carreira rigorosamente estruturada, com base em uma formação dirigida e reciclagem
permanente, supervisionada em todo o País pela Polícia Federal. Possui em diversas
fases da carreira um treinamento muitas vezes técnico, como é o caso do vigilante de
transporte de valores e o de segurança pessoal privada (VSPP). Mas como valorizar
isso? Como estabelecer o verdadeiro reconhecimento a esse profissional e ao segmento
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que atua?

O Treinamento Voltado ao Atendimento da Qualidade

Dentro dos processos atuais de desenvolvimento empresarial, é comum se afirmar que


todos buscam a excelência em atender o cliente acima de expectativas esperadas.
Quando isso não ocorre, surgem críticas voltada à empresa pelo mau atendimento e não
ao profissional que a representa.

Nesse contexto como forma de aprimorar a gestão de negócios, as empresas de prestação


de serviços começaram a perceber que são duplamente responsáveis: pelo desempenho
dos serviços que prestam e por seus funcionários.

Ao atender regras de mercado, se verifica que o caminho mais adequado para as


empresas é investir na preparação de seus profissionais, de forma contínua e
permanente. Toda atividade de treinamento deve ter como objetivo final a mudança de
comportamento e o aprimoramento da filosofia de trabalho. A segurança privada não é
diferente. A qualidade de vida e do desempenho profissional do vigilante depende,
fundamentalmente, da qualidade de preparação que ele recebeu, a partir da formação e
do treinamento continuado, seja pelo cumprimento das exigências legais, seja pelo
aprimoramento do conhecimento para o desempenho de funções específicas.

Treinamento: Educação para a Vida

O treinamento é, basicamente, uma contínua reconstrução de nossa experiência de vida.


Na verdade, essa reconstrução é caracterizada pela observação e prática do dia-a-dia de
nossa existência.

Educando continuamente, o indivíduo é profundamente influenciado pelo meio onde


vive, trabalha e se desenvolve. Torna-se praticamente impossível separar o processo de
treinamento da reconstrução da experiência individual. Isso envolve todos os aspectos
sociais, pelos quais a pessoa adquire compreensão do mundo, bem como a necessária
capacidade de melhor lidar com seus problemas e o relacionamento com pessoas.
Por sua vez, o treinamento constitui-se no processo de ajudar o profissional a adquirir
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eficiência no trabalho, através de apropriados hábitos de pensamento, ação, habilidades,
conhecimentos e atitudes.

Esse enfoque enfatiza a educação como forma de preparar o indivíduo para o


desempenho eficiente de uma determinada tarefa que lhe é confiada. Nessa linha de
raciocínio o treinamento pode ser caracterizado como a somatória de atividades, que vão
desde a aquisição de habilidades motrizes até o conhecimento técnico específico,
adquirido pelo exercício da profissão.

O treinamento apresenta-se como um instrumento vital para o aumento da produtividade


do trabalho, ao mesmo tempo que é um fator de auto-satisfação profissional,
constituindo-se em um componente motivador comprovado.

O Desenvolvimento Pessoal e a Empresa de Segurança Privada

As atividades relacionadas ao treinamento no ambiente da segurança privada procuram


fundamentar-se em dois pilares: as empresas e os indivíduos. No atual estágio de
administração, uma atuação eficaz é vinculada às necessidades individuais e aos
objetivos empresariais. As diferentes etapas por que as organizações passam, enfatizam
a importância das atividades integrativas, e conduzem a visão de “vestir a camisa” da
organização. Para isso se faz mister um programa de valorização, para que todos estejam
preparados para as funções que irão desempenhar e se identifiquem prontamente com o
meio em que irão atuar funcionalmente.

Em um contexto tão complexo de oscilações de mercado, fica difícil encaminhar


soluções para a melhoria da qualidade do treinamento voltado aos serviços de segurança.
Contudo, as empresas que almejam sucesso naquilo que fazem, devem se preocupar
sobremaneira com a busca da excelência na qualificação de seus recursos humanos.

Especialistas em gestão de negócios afirmam que um funcionário tende a tratar os


clientes assim como ele é tratado na empresa que presta serviços. A qualidade de
serviços ao cliente é altamente dependente da forma como os empregados da linha de
frente são respeitados e preparados, pois as organizações que prestam serviços ruins,
frequentemente tratam seus empregados como se eles não fossem inteligentes ou não
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tivessem importância.

Ajustes Constantes nos Processos de Treinamento

O homem não é uma máquina que está programada para agir sempre da mesma forma.
As influências do meio, as necessidades pessoais e as regras de mercado podem moldar
negativamente o indivíduo, dificultando a sua interpretação no que se refere ao seu
cotidiano.

É comum acreditar-se que o vigilante pouco conhece suas atividades ou


responsabilidades. Aquilo que aprendeu ou foi treinado em determinado período de
preparação seria suficiente para desempenhar suas atividades? Com certeza não.

Todos concordam que é fundamental ajustar as ações de treinamento às necessidades


empresariais. É óbvio, mas não é tão comum como deveria ser, nem tão fácil. Pressupor
padronizações para qualquer organização, pode não passar de uma atitude de
acomodação. Se existem necessidades mais ou menos generalizadas, essa semelhança de
necessidades entre as empresas de segurança privada é apenas na forma.

O mercado é que determina as regras de necessidades. A desatenção a isso leva muitas


organizações a adotar programas inadequados, sem a devida cautela na qualidade, e que
não atendam as adequações para uma nova realidade. Da mesma forma, realizar o
treinamento apenas para cumprir ritos normativos, sem a devida preocupação com o quê
e a forma que o profissional está sendo capacitado (cumprir tabela) pode causar
prejuízos empresariais relacionados ao despreparo, custos, rotatividade e quebras de
contrato.

Para se investir em qualidade de atendimento ao cliente final, é preciso obter


primeiramente um grau de preparação adequada. A qualidade reivindica uma postura
básica de atitudes cuja chave é a qualidade na preparação e conhecimento dos
profissionais de segurança para que exerçam sua vontade de bem servir, dentro dos
interesses profissionais estabelecidos pela empresa de segurança.
O Investimento no Treinamento do Vigilante.
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A tarefa de desenvolver programas de treinamento com qualidade pode parecer oneroso,


mas significam resultados com mais perenidade, pois apresentam valores tanto para os
profissionais como para as empresas. Delineamos cinco pontos importantes que podem
definir para quê investir no treinamento do vigilante:

1. Produtividade aumentada – a qualidade no treinamento resulta no aumento da


capacidade do desempenho profissional, tanto de forma coletiva como individual,
mudando a imagem da empresa;

2. Moral e Motivação elevados - a posse de habilitações necessárias ajuda a satisfazer


certas necessidades humanas básicas, tais como segurança no que faz, conhecimento e a
satisfação do ego, além de uma identidade positiva com a empresa de segurança e a
sensação de bem servir;

3. Supervisão reduzida ou dedicada a assuntos específicos - o empregado segue


rigorosamente os procedimentos das atividades a que foi designado e preparado pelo
grau de conhecimento que possui. A supervisão ocorre apenas para ajustes operacionais
ou pontuais vinculados a função ou ao interesse do cliente final;

4. Acidentes ou falhas reduzidas – um treinamento apropriado reduz problemas pelo


nível de condicionamento e preparo para desempenho da função; e

5. Aumento na estabilidade e diminuição na rotatividade do profissional – o


condicionamento, o preparo e a habilidade profissional aumenta o tempo de
permanência na função, resultando na diminuição da rotatividade (turn over),
minimizando riscos, prejuízos ou quebra de contratos, e melhorando o grau de eficiência
da Empresa, constituindo um meio de estabilidade e perenidade na gestão de negócios.

As regras de mercado e a qualidade dos Serviços de Segurança

As regras de mercado são determinantes para mudar o conceito de preparo do


profissional, pois o cliente final, nos dias de hoje, tem questionado bastante o custo e a
qualidade dos serviços. Isto tem gerando uma forte concorrência no setor e determinado
insegurança e oscilações devido a busca de alternativas não convencionais,
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prejudicando o mercado de segurança privada, tanto para empresas como para os seus
profissionais.

Em empresas internacionais do segmento de segurança privada entendem que o


treinamento deve ser constante e moldado nas diretrizes empresariais. Não consideram
como custo, mas investimentos para o capital social que ela possui.

O investimento maior no vigilante, significa estabelecer uma identidade profissional de


conhecimento ético, técnico e de habilitações pertinentes as funções legais e normativas,
inserido em um contexto social, preparando-o para agir com qualidade e competência,
em um mercado cada vez mais qualificado e exigente. Esta reflexão deve buscar
estabelecer um novo paradigma para o segmento, pois a sociedade brasileira precisa
buscar novas alternativas técnicas para melhorar a sua segurança. E o caminho poderá
ser o de aprimoramento do segmento de segurança privada, tanto pelos seus
profissionais, como pelas empresas do setor.

Finalizando, gostaríamos de enfatizar a afirmação abaixo que retrata a importância do


treinamento direcionada ao vigilante:

“O indivíduo melhor preparado para qualquer ocupação é aquele


cuja inteligência foi tão bem treinada que é capaz de adaptar-se a
qualquer situação e cuja concepção foi tão humanizada por sua
educação, que ele será bom em qualquer atividade ou chamamento”.

Mortimer Smith - Chefe de Polícia da Cidade de Los Angeles - 1935 (Califórnia -


EUA).

21 · 2 comentários

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jose alberto zamith 6a


Libório
Parabéns pelo artigo
A melhor forma de trabalharmos em segurança, é entendermos que os recursos humanos
ainda são o meio mais eficaz, o que você muito bem demonstra na sua análise.
Parabéns
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