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Plano de aula Farmácia

Slide 1 – Comentar uma situação hipotética


Ex: A Eritropoietina Humana Recombinante, fármaco à base do medicamento
Eprex (Johnson & Johnson) registrado para o uso em pacientes com doença
renal crônica, era utilizada há algum tempo com relativa segurança. Entretanto,
após alguns anos de uso, o número de casos de aplasia de hemácias em
pacientes sob o tratamento com esse medicamento apresentou um aumento
significativo. Uma pesquisa realizada mostrou um aumento na imunogenicidade
do produto, o que coincidia com alterações farmacologicamente pouco
representativas na formulação do medicamento: a albumina humana havia sido
substituída pelo polisorbato 80 (0,03%) como agente estabilizante. Estudos
realizados em ratos não evidenciaram qualquer alteração significativa na
imunogenicidade, mesmo após essa modificação, e análises químicas também
não mostraram alterações compatíveis com os fatos observados. Assim,
diversas alternativas foram propostas como responsáveis por essas alterações,
como a via de administração e, principalmente, a interação do polisorbato com
as tampas de borracha dos frascos, o que resultaria na lixiviação de
substâncias estranhas ao medicamento e que, possivelmente, seriam
responsáveis pelos problemas observados.
Esse caso comprova que, mesmo substâncias consideradas inertes, podem
sofrer interações não previstas capazes de trazer consequências severas para
a segurança de um medicamento e que a vigilância físico-química, por si só,
não é suficiente para se garantir a qualidade de um produto.

Slide 2 – falar sobre a diferença entre medicamento estéril e biológico


Medicamentos estéreis são produtos farmacêuticos que são preparados e
fabricados de forma a serem livres de qualquer tipo de microrganismos, como
bactérias, vírus e fungos. Esses medicamentos são projetados para serem
administrados por via intravenosa, intramuscular, intradérmica ou outras vias de
administração que requerem a ausência completa de contaminação
microbiológica. A esterilização é essencial para medicamentos que serão
injetados diretamente no corpo, pois qualquer presença de microrganismos
pode causar infecções graves ou outras complicações de saúde. Como
resultado, os medicamentos estéreis são produzidos sob condições
controladas e passam por rigorosos processos de esterilização durante a
fabricação.
Medicamentos biológicos, também conhecidos como biofármacos, são
medicamentos produzidos a partir de fontes biológicas, como células vivas,
proteínas, ácidos nucleicos (DNA ou RNA) e organismos geneticamente
modificados. Ao contrário dos medicamentos convencionais, que são
geralmente fabricados por síntese química, os medicamentos biológicos são
produzidos através de processos biotecnológicos complexos.
Esses medicamentos podem ser derivados de células animais, células
humanas ou microrganismos geneticamente modificados, e são
frequentemente utilizados para o tratamento de doenças complexas e crônicas,
como câncer, doenças autoimunes, diabetes, artrite reumatoide, entre outras.

Slide 3 – Falar sobre os desafios no controle de qualidade de ambos os


medicamentos
1. Complexidade dos processos de fabricação
A complexidade dos processos de fabricação de medicamentos estéreis e biológicos requer um
alto nível de experiência, tecnologia e controle de qualidade para garantir a segurança, eficácia
e qualidade desses produtos altamente especializados.

A complexidade dos processos de fabricação de medicamentos estéreis e biológicos é uma


característica fundamental desses produtos devido à sua natureza especializada. Enquanto
medicamentos químicos são geralmente compostos por substâncias químicas sintéticas e
passam por processos relativamente padronizados, medicamentos estéreis e biológicos
envolvem técnicas mais avançadas e específicas devido ao uso de organismos vivos ou
componentes biológicos complexos.

Aqui estão alguns dos principais aspectos que tornam esses processos complexos:

Uso de organismos vivos: Medicamentos biológicos, como anticorpos monoclonais, vacinas e


terapias celulares, são produzidos a partir de células vivas, como bactérias, fungos ou células
animais. Isso significa que o processo de fabricação envolve o cultivo, crescimento e viabilidade
desses organismos, além da necessidade de fornecer as condições ideais para seu crescimento
e metabolismo.

Processos de fermentação: Muitos medicamentos biológicos são produzidos através de


processos de fermentação, onde microrganismos são utilizados para sintetizar os componentes
ativos do medicamento. Esses processos são complexos e exigem monitoramento cuidadoso
para garantir a produção adequada e a qualidade do produto final.

Purificação avançada: Medicamentos biológicos geralmente são compostos por moléculas


complexas com estruturas tridimensionais específicas. A purificação dessas moléculas é um
desafio, pois elas podem se comportar de maneira diferente sob diferentes condições e podem
apresentar diferentes variantes e impurezas.

2. Contaminação
A contaminação de medicamentos estéreis e medicamentos biológicos é uma preocupação
significativa na indústria farmacêutica, pois pode representar riscos graves à saúde dos
pacientes que utilizam esses produtos. Medicamentos estéreis e biológicos são aqueles que
devem ser livres de qualquer tipo de microorganismo viável ou patógeno, uma vez que são
administrados diretamente no corpo e, portanto, qualquer contaminação pode resultar em
infecções ou reações adversas sérias.

Existem várias fontes potenciais de contaminação durante o processo de fabricação,


armazenamento ou administração de medicamentos estéreis e biológicos:

Contaminação ambiental: As instalações de fabricação e armazenamento devem ser projetadas


de forma a minimizar a contaminação do ambiente. Isso inclui a manutenção de salas limpas e
áreas controladas, com controle rigoroso de partículas no ar e monitoramento constante para
detectar quaisquer contaminações ambientais.

Contaminação cruzada: Durante o processo de fabricação, pode haver o risco de contaminação


cruzada, onde produtos diferentes ou etapas do processo podem entrar em contato uns com
os outros, levando a contaminação. Medidas estritas devem ser implementadas para evitar que
isso aconteça.

Contaminação de matérias-primas: As matérias-primas utilizadas na fabricação dos


medicamentos também podem ser fontes de contaminação. Portanto, é essencial que essas
matérias-primas sejam de alta qualidade e provenientes de fornecedores confiáveis, e que
sejam submetidas a testes rigorosos para detecção de qualquer contaminação antes de serem
utilizadas no processo de fabricação.

Falha de esterilização: Durante o processo de esterilização, é essencial garantir que todos os


equipamentos, materiais e produtos estejam adequadamente esterilizados. Qualquer falha
nesse processo pode resultar em produtos contaminados.

Falha de vedação ou embalagem: A vedação inadequada de frascos, ampolas ou embalagens


pode permitir a entrada de microorganismos e contaminantes externos.

Falha no monitoramento e teste de controle de qualidade: Testes inadequados de controle de


qualidade podem não detectar contaminação em produtos acabados, permitindo que produtos
contaminados cheguem aos pacientes.

Slide 4 – Falar sobre os desafios no controle de qualidade de ambos os


medicamentos

3. Variabilidade do produto
Variabilidade do produto: Devido à natureza biológica dos medicamentos, pode haver
variabilidade entre os lotes do produto. Fatores como o ambiente de cultivo, o processo de
fabricação e a estabilidade das células ou organismos podem afetar a composição do
medicamento, tornando a produção consistente um desafio.

4. Caracterização e análise
A caracterização e análise de medicamentos estéreis e medicamentos biológicos são etapas
cruciais no controle de qualidade desses produtos. Esses medicamentos são complexos em sua
composição e estrutura, o que torna essencial a utilização de técnicas analíticas avançadas para
garantir a identidade, qualidade e consistência dos produtos.

Aqui estão alguns aspectos importantes sobre a caracterização e análise de medicamentos


estéreis e biológicos:

Composição do medicamento: A caracterização começa com a identificação precisa de todos os


componentes do medicamento, incluindo os princípios ativos, excipientes e outras substâncias
presentes. A identificação desses componentes é fundamental para garantir que o
medicamento seja autêntico e esteja de acordo com as especificações.

Estrutura e conformação: Medicamentos biológicos, em particular, são geralmente compostos


por moléculas complexas, como proteínas e anticorpos monoclonais. A análise da estrutura
dessas moléculas é essencial para entender como elas funcionam e interagem no corpo, bem
como para garantir sua eficácia e segurança.

Integridade da molécula: A integridade das moléculas é fundamental para a eficácia do


medicamento. A análise deve verificar se as moléculas estão íntegras e não sofreram
degradação ou alterações indesejadas durante o processo de fabricação ou armazenamento.

Padrões de qualidade: As especificações de qualidade para medicamentos estéreis e biológicos


incluem parâmetros como teor do princípio ativo, impurezas, esterilidade, pH, entre outros. A
análise deve garantir que o medicamento esteja dentro desses padrões para atender aos
critérios de qualidade estabelecidos.

Variantes e impurezas: Medicamentos biológicos podem conter variantes das moléculas devido
a modificações pós-translacionais ou outras razões. A análise deve identificar e quantificar
essas variantes para garantir a consistência do produto e sua segurança para uso.

Técnicas analíticas avançadas: A caracterização e análise de medicamentos estéreis e biológicos


requerem o uso de técnicas analíticas sofisticadas, como espectroscopia de massa,
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), eletroforese capilar, ressonância magnética
nuclear (RMN), entre outras. Essas técnicas permitem a detecção de pequenas variações e
impurezas em complexas misturas de moléculas.

Métodos de referência e comparação: Além das técnicas analíticas, é importante usar métodos
de referência e comparação para validar os resultados. Isso pode envolver a comparação com
um lote de referência previamente testado e a utilização de padrões de referência bem
estabelecidos.

Slide 5 – Falar sobre os desafios no controle de qualidade de ambos os


medicamentos

5. Estabilidade
A estabilidade de medicamentos estéreis e medicamentos biológicos é um aspecto crítico do
controle de qualidade desses produtos farmacêuticos. A estabilidade refere-se à capacidade do
medicamento de manter sua qualidade, eficácia e segurança ao longo do tempo, sob condições
específicas de armazenamento e transporte.
Medicamentos estéreis e biológicos podem ser sensíveis a fatores ambientais, como
temperatura, umidade, luz e outros elementos, o que pode afetar sua estabilidade ao longo do
tempo. A degradação ou alterações na estrutura das moléculas dos medicamentos podem
comprometer sua eficácia e segurança, tornando essencial realizar estudos de estabilidade
para determinar a vida útil do produto.

Aqui estão alguns pontos importantes sobre a estabilidade de medicamentos estéreis e


biológicos:

Estudos de estabilidade: Os estudos de estabilidade são conduzidos para avaliar como o


medicamento responde a diferentes condições ambientais ao longo do tempo. Amostras do
medicamento são submetidas a testes sob condições específicas de temperatura, umidade e
luz, e são analisadas em intervalos regulares para avaliar possíveis alterações na composição,
pureza e eficácia.

Fatores ambientais: Medicamentos estéreis e biológicos podem ser afetados negativamente


por variações de temperatura e umidade. Temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas,
podem acelerar a degradação dos componentes do medicamento, resultando em perda de
eficácia ou formação de impurezas. A exposição à luz também pode causar degradação em
alguns medicamentos, especialmente aqueles sensíveis à radiação ultravioleta.

Embalagem e armazenamento: A escolha adequada da embalagem e as condições de


armazenamento são fundamentais para preservar a estabilidade dos medicamentos. Materiais
de embalagem inadequados podem permitir a entrada de umidade ou luz, afetando a
qualidade do produto. Além disso, o armazenamento inadequado em locais com temperaturas
não controladas pode comprometer a estabilidade do medicamento.

Determinação da vida útil: Com base nos resultados dos estudos de estabilidade, é possível
determinar a vida útil do medicamento, ou seja, o período durante o qual o produto pode ser
armazenado e ainda manter suas especificações de qualidade, eficácia e segurança.

Testes de estabilidade acelerada: Em alguns casos, para obter dados mais rapidamente sobre a
estabilidade de um medicamento, são realizados testes de estabilidade acelerada. Esses testes
submetem o medicamento a condições mais severas do que as condições reais de
armazenamento por um período mais curto de tempo, permitindo prever seu comportamento
em condições normais de uso.

Conformidade regulatória: A estabilidade do medicamento é uma exigência regulatória


essencial para a aprovação e comercialização do produto. Os órgãos reguladores, como a FDA
nos Estados Unidos e a EMA na Europa, estabelecem diretrizes específicas para a realização de
estudos de estabilidade e os critérios que os medicamentos devem atender para serem
considerados estáveis e seguros para uso.

Slide 6 a 9 – Falar sobre as práticas essenciais no controle de qualidade de


ambos os medicamentos
Validação de processos: É fundamental validar todos os processos de fabricação e controle de
qualidade para garantir que eles sejam adequados e estejam de acordo com as normas
regulatórias.
Monitoramento ambiental: A implementação de sistemas robustos de monitoramento
ambiental em áreas de produção e armazenamento é essencial para garantir a esterilidade dos
medicamentos.

Testes de esterilidade: Todos os medicamentos estéreis devem ser submetidos a testes


rigorosos de esterilidade para garantir a ausência de microrganismos viáveis ou patógenos. A
esterilização é um processo que visa destruir todas as formas de vida microbianas que possam
contaminar produtos, materiais e objetos voltados para a saúde. Tipos: por filtração
esterilizante, por calor seco, por calor úmido, por radiação, por gás.

Controle de qualidade em diferentes estágios: O controle de qualidade deve ser realizado em


todas as etapas do processo de fabricação, desde a seleção de matérias-primas até o produto
final.

Uso de tecnologia analítica avançada: Para caracterizar e analisar medicamentos estéreis e


biológicos, é necessário empregar técnicas analíticas avançadas que possam detectar variações
e impurezas.

Estudos de estabilidade: Realizar estudos de estabilidade em diferentes condições de


armazenamento ajuda a determinar a vida útil e a melhor forma de conservar o produto.

Rastreabilidade: Estabelecer sistemas de rastreabilidade ao longo de toda a cadeia de


suprimentos é essencial para identificar e solucionar problemas potenciais com os
medicamentos.

Conformidade regulatória: As práticas de controle de qualidade devem estar em conformidade


com as diretrizes e regulamentações nacionais e internacionais.

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