Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
16º SHCU
30 anos . Atualização Crítica
1294
ABSTRACT
EVOLUCIÓN URBANA DE NITERÓI-RJ: DE LA CIUDAD De início, é importante dizer que a presença com-
COLONIAL A CIUDAD CAPITALISTA binada de elementos naturais favoráveis, como as
praias, os vales e montanhas, as reentrâncias do li-
toral, a abundância de água, fizeram com que esse
espaço às margens da Baía de Guanabara fosse
cobiçado por diferentes grupos, como índios, je-
suítas e colonizadores franceses e portugueses.
A configuração do território se deu, portanto,
a partir das lutas pela apropriação do espaço.
Figura 1: Plano de Edificação da Vila Real da Praia Grande, 1819. Fonte: Sociedade de Geografia de Lisboa.
EIXO TEMÁTICO 2 Segundo Marx (1991, p. 52), o crescimento popula-
cional, econômico e da área edificada das fregue-
HISTÓRIA, URBANISMO E OUTROS CAMPOS sias no Brasil-colônia, fazia crescer a aspiração a
DO CONHECIMENTO SOBRE AS CIDADES outra categoria institucional, em meio à divisão
territorial vigente pelos poderes constituídos.
A autonomia política e administrativa estava no
cerne da passagem da categoria de freguesia à
vila. Esse processo de transição, com a criação
da Vila Real da Praia Grande, foi bem capturado
por Campos (2004):
É interessante notar que o Período Colonial se mentos em obras públicas e aberturas de ruas,
caracterizou pela existência das construções com o objetivo de “[...] transformar a sede da nova
religiosas e militares e, o século XIX foi marcado vila num espaço urbanizado, moderno, digno de
pela presença das construções civis de maiores seu status de vila e do título de imperial” (CAMPOS,
proporções. O mercado imobiliário do município 2004, p.142). Até então, a cidade convivia com
surge nessa época, a partir da venda e do aluguel problemas no abastecimento de água, problemas
de engenhos, fábricas de tabaco, olarias e cerâ- de transporte e acesso (ruas e estradas públicas),
micas. Além disso, é importante salientar que a dificuldades de abastecimento (alimentos), pro-
vida urbana que estava nascendo era fortemente blemas de saúde pública (epidemias de cólera e
influenciada pela proximidade com o Rio de Ja- febre amarela) etc. Assim, os projetos de urba-
neiro, não só pelo modo de vida ou consumo, mas nização empreendidos pela Câmara Municipal,
especialmente pelos reflexos políticos entre a ca- tinham por objetivo dar uma aparência moderna
pital do Império e a cidade (AZEVEDO, 1997, p.36). à cidade, atacando esses problemas.
Nesse sentido, o século XIX vai ser marcado pelas Todavia, esses “objetivos oficiais” acabaram por
intervenções no espaço da cidade, com investi- escamotear o propósito de setores da elite local
EIXO TEMÁTICO 2 que estavam no poder, que era de reafirmar sua
posição e importância política diante do poder
HISTÓRIA, URBANISMO E OUTROS CAMPOS central e do espaço da Corte. Coube à polícia
DO CONHECIMENTO SOBRE AS CIDADES exercer um papel de destaque nessa estratégia,
impondo normas de condutas aos moradores
através de códigos de sociabilidade para os “no-
vos espaços urbanos”. Um exemplo desse tipo de
procedimento exigido pelas autoridades locais é
descrito a seguir:
Figura 6: Localização da Ponte Rio-Niterói, à esquerda (Fonte: PMN/UDU) e construção da Ponte Rio-Niterói, durante a
década de 1970 (Fonte: Agência O Globo/Eurico Dantas)
Esses dois fatos têm grande importância para argumentam que, desde a fundação da cidade,
o entendimento da construção do espaço urba- passando pela sua herança indígena e colonial,
no e dos sistemas que compõem a sociedade. A a cidade sempre esteve associada ao município
construção da Ponte Rio-Niterói significou um vizinho do Rio de Janeiro, como uma espécie de
intenso surto demográfico na cidade de Niterói. complementaridade. Assim, a construção da iden-
De acordo com dados do Censo (IBGE), em 1960, tidade niteroiense estaria ligada à imagem do RJ
a população residente era de 243.168 habitan- até meados dos anos 1990.
tes, em 1970 já haviam 324.246 habitantes e, em
1980, 397.123 habitantes. Segundo Aono (2012,
p.82-83), a rápida expansão demográfica deu-
-se em função da busca por terras baratas para CONSIDERAÇÕES FINAIS
moradia, sobretudo da classe média. Através da
vocação habitacional, a cidade se transformava Como vimos, desde 1834, com a transformação da
na “cidade dormitório”, o que representou um forte Província do Rio de Janeiro em Estado, e a eleva-
desenvolvimento do mercado imobiliário, intensa
ção do município de Niterói à condição de capital
verticalização nos bairros da zona sul e expansão
da Província do Rio de Janeiro, até 1975, quando
para Região Oceânica.
ocorreu a fusão dos antigos Estados da Guana-
Já a perda da capital teve um significado menos bara e Estado do Rio de Janeiro, o município de
objetivo, mas não menos importante. Segundo Niterói teve sua paisagem e história marcados pela
Oliveira & Mizubuti (2007), a mudança da capital proximidade com o Rio de Janeiro, o que influen-
para o Rio de Janeiro, “esmaeceu paulatinamente ciou fortemente a sua imagem e representação
a importância de Niterói no cenário político e como cidade. Além disso, é possível identificar
econômico do estado, assim como a identida- que os principais vetores de crescimento refletem
de do niteroiense que dominava até então, ins- a divisão espacial do trabalho ao nível da Região
taurando-se, assim, um “vazio” identitário que Metropolitana, ditados pelos interesses do capital
perduraria até meados dos anos 90”. Os autores imobiliário e poderes locais (MIZUBUTI, 1986, p.49).
EIXO TEMÁTICO 2 Conforme aponta Azevedo (1997, p.55), as prin-
cipais caraterísticas que configuram a evolução
HISTÓRIA, URBANISMO E OUTROS CAMPOS urbana do município de Niterói são “a reprodução
DO CONHECIMENTO SOBRE AS CIDADES da forma de ocupação do Rio de Janeiro, a loca-
lização do Centro em frente ao Rio de Janeiro e
a segregação espacial por faixas de renda”. Essa
similaridade entre os dois processos de ocupação
foi descrita por Geiger (1961):