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Os números mostram que conseguir passar 30 dias com a renda mensal, reservando uma
fatia para a poupança, parece ser uma tarefa quase impossível para muitas pessoas.
Dados do Banco Central do Brasil mostram que o total de dívidas no cartão de crédito
cresceu quase 20% em 2009 e chegou ao valor inédito de R$ 26,3 bilhões em dezembro
do ano passado, o dobro do visto há três anos. Nos Estados Unidos, os abusos no uso
dos cartões de crédito e os empréstimos concedidos têm batido níveis em relação às
últimas três décadas
Abaixo, Sabóia aponta os 10 principais erros mais cometidos pelas famílias que fazem
controle do orçamento:
Uma coisa é o orçamento de vida real. Outra coisa é aquele que a pessoa gostaria de ter
algum dia. Fazer o orçamento é colocar o que recebe menos o que gasta, mais despesas
ocultas, despesas formiginhas, inflação e impostos. Sabóia conta que o maior problema
das pessoas, hoje, é a novela das 20 horas. O personagem principal entra pobre, se casa
com a menina rica no próximo capítulo. O pai da mocinha morre no outro. Então, o galã
passa a ser dono da fábrica e do iate. A vida real é outra. No dia seguinte, o trabalhador
está na empresa às 8 horas. Muitas vezes, para receber o salário mínimo no final do
mês. Não adianta ganhar 10, gastar 22 e ficar devendo 12 mensalmente. É possível se
planejar e formar reserva com qualquer salário. A roupa de grife não faz mal a ninguém.
O problema é saber quanto o preço da peça representa no orçamento da pessoa. A
família precisa ter os pés no chão para saber o orçamento real dela: quanto recebe,
quanto pode gastar para, no longo prazo, planejar mais conforto (casa, carro, roupas de
qualidade) e subir degraus. É preciso planejar de onde virá a renda para o conforto
desejado no futuro. Não simplesmente sair gastando sem medidas.
Não enxergar o total de custos adicionais que integram cada compra é um grande
equívoco por falta de educação financeira. Os consumidores só vêem o momento,
faltando percepção para as despesas ocultas. Um carro financiado não custa somente R$
500,00 ao mês. A pessoa vai desembolsar, na verdade, 1,5 mil por mês, depois de
somadas à prestação do veículo outras necessidades: combustível (400,00 por mês),
manutenção (R$ 3,00 ao dia ou R$ 100 ao mês), despesas com seguro, IPVA e
licenciamento. Além disso, para a troca do mesmo veículo por um zero quilômetro no
prazo de quatro anos, deve entrar no cálculo uma reserva mensal, referente à
depreciação do automóvel. Assim, lá na frente, haverá dinheiro para a aquisição do zero
quilômetro. Na planilha de orçamento projetada, tem de constar a prestação do
automóvel e todas as despesas ocultas relacionadas ao carro.
O mundo não acaba no Natal, no Ano Novo e na viagem de férias, quando algumas
famílias resolvem, simplesmente, gastar toda a reserva. Ao longo do ano, há várias datas
comemorativas: dia dos pais, dia das mães, aniversários, casamentos e infinitos
presentes para os colegas do filho, os amigos do trabalho, funcionários do prédio,
primos, sogro, sogra. São cerca de 100 presentes no ano. Se houver o gasto de R$ 50,00
para cada presente, o custo será de R$ 5 mil ao ano, diminuindo parte da poupança
anual. Em vez de passear no shopping, fazendo compras no cartão, sem limitação, a
pessoa tem de ser criativa e buscar alternativas mais econômicas para não cometer
deslizes nas contas.
A renda da família fica R$ 5 mil menor e todos continuam mantendo o padrão de vida
de R$ 10 mil, não aceitando a queda de metade do salário com a troca de emprego. Até
a inflação, de 10% ao ano, exige mudança em muitos itens de consumo para a
preservação da capacidade de poupança. A família toda tem de se organizar e remanejar
produtos caros por outros mais baratos e ser criativa. Vale o mesmo para a mudança de
padrão de vida.
9 – INSISTIR NO FIADO
Pagar faculdade fiado, formatura fiado, festa do casamento fiado, carro fiado,
apartamento fiado. A pessoa começa a vida profissional pendurada, com décadas de
dívidas. A construtora diz que a pessoa consegue financiar o apartamento, com o
comprometimento de 30% do salário em cada prestação. A pessoa fica quebrada. Sabóia
recomenda sempre comprar à vista para acumular dinheiro. Com R$ 1,6 mil mensais,
durante quatro anos, há dinheiro para quitar o apartamento. É possível se tornar
proprietário de um imóvel de R$ 100 mil em quatro anos, considerando o juro sobre a
poupança. Mas, tem gente que opta pela dívida por 30 anos. Prefere pagar R$ 500 mil
com juros e prestações, por algo que, à vista valeria R$ 100 mil.
Preste atenção aos custos com médicos, remédios, diárias de hospitais e clínicas. As
desventuras – alcoolismo, drogas, acidentes com vítimas, problemas amoroso,
separação, doenças genéticas, entre outras – não acontecem somente com vizinhos. As
desventuras batem à porta de todos. Não é possível fazer controle de orçamento,
esquecendo da proteção ao risco. Há necessidade de contratação de seguro de vida com
cobertura para riscos de morte acidental ou natural e invalidez (são 10 mil pessoas
inválidas por ano no Brasil). Também é importante manter um seguro de saúde, seguro
de carro e plano de previdência, além de planejar uma reserva para os imprevistos. A
família com dois filhos ou mais tem de ter testamento, na avaliação de Sabóia.