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Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Celso Spitzcovsky


Aula: 12| Data: 28/09/2020

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

SERVIDORES PÚBLICOS
Aposentadoria
3. Modalidades
4. Aposentadorias especiais
5. Teto da aposentadoria
6. Acumulação de aposentadorias

Regime disciplinar dos servidores


1. Sanções na esfera administrativa
2. Prescrição
3. Instrumentos
4. Pedido de revisão

SERVIDORES PÚBLICOS

Aposentadoria

3. Modalidades

b) Aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho

Incapacidade temporária não leva a aposentadoria.

É um ato discricionário, pois a junta médica tem liberdade para fazer um juízo de valores de conveniência e
oportunidade.

Um requisito foi inserido pela EC 103/2019. O servidor tem que comprovar que é impossível a sua readaptação
para outro cargo.

Antes a readaptação tinha previsão única e exclusivamente ao longo da Lei 8.112/90, em especial no artigo 24.
Por readaptação entende-se que é a transferência do servidor do cargo que ocupava para outro, em razão de
limitações físicas e/ou mentais que passou a experimentar.

Agora para que possa se aposentar por incapacidade permanente para o trabalho tem que ficar comprovado que
é impossível que seja readaptado.

Com esse requisito surge a exigência de, depois de concedida a aposentadoria, o servidor ser submetido
periodicamente a avaliações para a verificação da continuidade ou não das condições que o levaram a
aposentadoria por incapacidade.

Art. 24. Lei 8.112/90 – “Readaptação é a investidura do servidor em


cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação

CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em
inspeção médica.
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será
aposentado.
§ 2° A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins,
respeitada a habilitação exigida.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins,
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência
de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o
servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
de vaga. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)”

c) Aposentadoria voluntária

O servidor se aposenta por iniciativa própria. Para que consiga se aposentar com proventos integrais precisa
cumprir requisitos cumulativos:

Requisitos cumulativos
Proventos integrais
Homens Mulheres
10 (dez) anos de serviço 10 (dez) anos de serviço
público. público.
+ +
5 (cinco) no cargo que 5 (cinco) no cargo que
pretende se aposentar. pretende se aposentar.
+ +
65 (sessenta e cinco) anos 62 (sessenta e dois) anos
de idade. de idade.
+ +
25 (vinte e cinco) de 25 (vinte e cinco) de
contribuição. contribuição.

4. Aposentadorias especiais
(Artigo 40, § 4º da CF/88)

Art. 40 CF/88 – “(...)


§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para
concessão de benefícios em regime próprio de previdência social,
ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)”

Para essas aposentadorias, o instrumento único previsto para a sua criação é a lei complementar e tem que ser
específica para cada carreira contemplada com aposentadoria especial. Não é possível por lei ordinária ou medida
provisória.

Como fica enquanto a lei complementar não for editada?

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A questão foi resolvida pelo STF com a edição da Súmula Vinculante 33, que diz que enquanto não for editada a
lei complementar específica, aplicam-se para os servidores, no que couber, as regras sobre o regime geral de
previdência.

Súmula Vinculante 33
“Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime
geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata
o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei
complementar específica.”

Situações em que as aposentadorias especiais poderão ser criadas:

a) portadores de necessidades especiais;


b) aqueles que exercem atividades prejudiciais à saúde e a integridade física;
c) aqueles que exercem atividade de risco.

Atividades prejudiciais à saúde e a integridade física, bem como atividades de risco são expressões subjetivas que
demandam o detalhamento por lei complementar.

Exemplos de atividades prejudiciais à saúde e integridade física: radiologistas, mineradores, etc.

Exemplos de atividades de risco: carreiras policiais (aquelas relacionadas no artigo 144 da CF/88). O STF, em
algumas oportunidades, já teve chance de se manifestar para dizer que a guarda civil não se inclui dentro do
conceito de atividade de risco e, portanto, não poderá fazer jus a aposentadoria especial.

5. Teto da aposentadoria
(Artigo 40, § 11, e artigo 37, XI, da CF/88)

Art. 40 CF/88 – “(...)


§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
social, e ao montante resultante da adição de proventos de
inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)”

Art. 37 CF/88 – “(...)


XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do

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Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios,
o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores
Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)”

O teto é o mesmo daqueles que estão em atividades, ou seja, o que ganham os ministros do STF.

6. Acumulação de aposentadorias

O artigo 40, § 6º, da CF/88 permite a acumulação de aposentadorias para quem tem acumulação de cargos. Tem,
portanto, que observar as hipóteses de acumulação de cargos estão no artigo 37, XVI da CF/88.

Art. 40 CF/88 – “(...)


§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência
social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)”

Art. 37 CF/88 – “(...)


XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer
caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 34, de 2001)”

É possível a acumulação de aposentadoria com vencimentos de um outro cargo?

Em regra, a Constituição proíbe, a menos que que a acumulação recaia numa das hipóteses do artigo 37, § 10 da
CF/88.

Art. 37 CF/88 – “(...)

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§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)”

Exceções:

1. É possível para cargos acumuláveis na forma da Constituição.

Exemplo 1: acumular uma aposentadoria de médico com vencimentos de outro cargo de médico.

Exemplo 2: uma pessoa se aposentou como professora, presta outro concurso e volta a trabalhar como
professora. Pode acumular, pois a CF/88 permite a acumulação de dois cargos de magistério.

2. É possível acumular aposentadoria com subsídio de um mandato eletivo.

Exemplo: se aposentou e resolve se candidatar a um mandato eletivo.

3. É possível acumular aposentadoria com vencimentos de um cargo em comissão.

Exemplo: se aposentou da Câmara dos Vereadores e recebe um convite para um cargo em comissão de um
parlamentar.

Regime disciplinar dos servidores


(Lei 8.112/90 – Estatuto dos Servidores Públicos da União)

1. Sanções na esfera administrativa


(Artigo 127 da Lei 8.112/90)

Sanções de natureza administrativa resultantes da prática de irregularidades ao nível administrativo.

Art. 127. Lei 8.112/90 – “São penalidades disciplinares:


I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (Vide ADPF nº
418)
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.”

As penas são:

i) Advertência;
ii) Suspensão;
iii) Demissão;

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iv) Cassação de aposentadoria; e
v) Destituição de cargo em comissão.

Para que cada uma delas se aplique, deve vir acompanhada das razões e motivos que deram origem a ela.
Cinco itens, previstos no artigo 128 da Lei 8.112/90, devem ser considerados:

i) natureza da infração;
ii) gravidade;
iii) prejuízos que causou;
iv) atenuantes e agravantes do caso concreto;
v) antecedentes do servidor.

Art. 128. Lei 8.112/90 – “Na aplicação das penalidades serão


consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os
danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.”

A ausência de um desses itens leva a ilegalidade da sanção aplicada.

O servidor não pode ser condenado por ter sido flagrado praticando a irregularidade, sem abertura de processo
administrativo assegurando-se contraditório e ampla defesa.

Se foi pego em flagrante não dá para negar o ilícito, também não dá para negar a autoria, mas podem existir
atenuantes. Por isso, tem que abrir o processo e oferecer ampla defesa.

Para que essa sanção se aplique tem que verificar se houve ou não a consumação de prescrição.

2. Prescrição
(Artigo 142 Lei 8.112/90)

Art. 142. Lei 8.112/90 – “A ação disciplinar prescreverá:


I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se
tornou conhecido.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
infrações disciplinares capituladas também como crime.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
autoridade competente.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a
partir do dia em que cessar a interrupção.”

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Os prazos de prescrição dependem da natureza da irregularidade praticada e são contados, não do instante em
que ocorreu a irregularidade, mas a partir do momento em que o administrador toma conhecimento dela. O
critério é subjetivo.

Prazos:

i) pena de demissão ou cassação de aposentadoria: prazo de prescrição 5 (cinco) anos.

ii) pena de suspensão: prazo de prescrição 2 (dois) anos.

iii) pena de advertência: prazo de prescrição de 180 (cento e oitenta) dias.

Esses prazos podem ser interrompidos pela abertura de uma sindicância ou de um processo disciplinar. Antes
essa interrupção ia até o término do processo disciplinar, o que colocava o administrador numa zona de conforto.

Sindicância: prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis.


PAD: prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogáveis.

Já que a Constituição diz, no artigo 5º, LXXVIII, que todos têm direito a duração razoável do processo judicial ou
administrativo, essa situação de conforto absoluto terminou com a edição em junho de 2019 da Súmula 635 do
STJ, onde se lê que esses prazos se interrompem com o primeiro ato de instauração válido da sindicância ou PAD,
voltando a fluir por inteiro após decorridos 140 (cento e quarenta) dias da sua interrupção.

Art. 5º CF/88 – “(...)


LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)”

Súmula 635 STJ


“Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990
iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura
do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido -
sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a
fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.”

3. Instrumentos
(Artigo 143 da Lei 8.112/90)

Art. 143. Lei 8.112/90 – “A autoridade que tiver ciência de


irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
§ 1o Compete ao órgão central do SIPEC supervisionar e fiscalizar o
cumprimento do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)

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§ 2o Constatada a omissão no cumprimento da obrigação a que se
refere o caput deste artigo, o titular do órgão central do SIPEC
designará a comissão de que trata o art. 149. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autoridade a
que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou
entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade,
mediante competência específica para tal finalidade, delegada em
caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República,
pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)”

Há dois instrumentos capazes de apurar irregularidades praticadas pelo servidor na esfera administrativa:
sindicância e processo administrativo disciplinar. Em ambos, o administrador tem que oferecer para o servidor o
contraditório e a ampla defesa.

A diferença entre essas figuras é a seguinte:

Sindicância: de acordo com o artigo 145 da Lei 8.112/90, só poderá ser utilizada para apurar irregularidades que
comportem no máximo a pena de suspensão por até 30 (trinta) dias. Para advertir ou suspender por esse período
dá para usar a sindicância. Passou disso, não é mais instrumento hábil.

Art. 145. Lei 8.112/90 – “Da sindicância poderá resultar:


I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
(trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá
30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério
da autoridade superior.”

Processo disciplinar: pode ser utilizado para apurar qualquer tipo de irregularidade. Se a pena passar de
suspensão por 30 (trinta) dias, é obrigatória a abertura de processo disciplinar com ampla defesa, conforme
artigos 146 e 148 da Lei 8.112/90.

Art. 146. Lei 8.112/90 – “Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
(trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
obrigatória a instauração de processo disciplinar.”

Art. 148. Lei 8.112/90 – “O processo disciplinar é o instrumento


destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com
as atribuições do cargo em que se encontre investido.”

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O processo disciplinar tem três etapas: abertura, inquérito administrativo e julgamento.

i) abertura: vem através de uma portaria. Ela não precisa expor de forma detalhada os fatos que vão ser apurados
porque os fatos virão ao longo, no curso do processo.

Isso não prejudica a ampla defesa e resultou, inclusive na edição em fevereiro desse ano de 2020, na Súmula 641
do STJ, segundo a qual a portaria de instauração desse processo prescinde de exposição detalhada dos fatos a
serem apurados. O detalhamento virá quando do indiciamento do servidor.

Súmula 641 STJ – “A portaria de instauração do processo


administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos
a serem apurados. (Súmula 641, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
18/02/2020, DJe 19/02/2020)”

É possível que a portaria seja publicada como resultado de uma denúncia anônima, desde que, a denúncia tenha
sido investigada e se tenha concluído que ela tem substância para gerar a abertura de um processo (Súmula 611
do STJ).

Súmula 611 STJ


“Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação
ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo
disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever
de autotutela imposto à Administração. (Súmula 611, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018)”

Com a portaria publicada e o enquadramento do servidor apresentado, os integrantes da comissão processante


nomeados (todos devem ser estáveis na forma do artigo 149 da Lei 8.112/90), para diminuir as pressões sobre
eles.

Art. 149. Lei 8.112/90 – “O processo disciplinar será conduzido por


comissão composta de três servidores estáveis designados pela
autoridade competente, observado o disposto no § 3o do art. 143,
que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante
de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu
presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau.”

ii) inquérito administrativo: essa fase também é conhecida como fase de instrução. Nessa fase, principalmente, o
contraditório e a ampla defesa devem ser oferecidos, e são permitidas todas as provas produzidas por meios
lícitos, inclusive, as provas emprestadas, desde que com autorização do juízo competente e produzida com o crivo
do contraditório e da ampla defesa (Sumula 591 do STJ).

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Súmula 591 STJ “É permitida a prova emprestada no processo
administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo
juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
(Súmula 591, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe
18/09/2017)”

Essa fase envolve a defesa técnica por advogado, sem ela a ampla defesa estará comprometida e qualquer sanção
aplicada será ilegal.

Nesse ponto entram os artigos 133 da CF/88, segundo o qual a presença do advogado é indispensável para a
obtenção da justiça, a Súmula 343 do STJ, segundo a qual é obrigatória a presença do advogado em todas as fases
do processo e súmula vinculante nº 5, segundo a qual a falta de defesa técnica por advogado em um processo
disciplinar não ofende a Constituição. A OAB pediu o cancelamento dessa súmula, mas o STF a manteve,
entendendo que ela só se aplica em uma situação: a que deram a oportunidade de defesa técnica por advogado e
o servidor, por liberalidade, abriu mão desse direito. Se não derem o direito a defesa por advogado, o processo e
a sanção serão ilegais.

Art. 133. CF/88 – “O advogado é indispensável à administração da


justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício
da profissão, nos limites da lei.”

Súmula 343 STJ – “É obrigatória a presença de advogado em todas as


fases do processo administrativo disciplinar. (Súmula 343, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 12/09/2007, DJ 21/09/2007 p. 334)”

Súmula Vinculante 5
“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.”

Terminada essa fase de instrução, entra na fase de julgamento.

iii) julgamento: a autoridade competente para julgar, que não é a comissão processante, terá 20 (vinte) dias para
processar esse julgamento e, se este prazo for ultrapassado, a situação só gera ilegalidade se houver prejuízo para
a defesa devidamente demonstrado (Súmula 592 do STJ).

Súmula 592 STJ – “O excesso de prazo para a conclusão do processo


administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração
de prejuízo à defesa. (Súmula 592, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017)”

4. Pedido de revisão

Proferida a decisão, o servidor ainda pode lançar mão de um pedido de revisão na esfera administrativa (artigos
174 a 182 da Lei 8.112/90). O prazo é a qualquer tempo e por dois fatos geradores:

1. fato novo, posterior a decisão; ou

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2. se a decisão se revelar inadequada, estranha aos fatos que foram apurados no curso do processo.

Deste pedido de revisão, a decisão proferida pode implicar em agravamento da situação do servidor?

Não, em razão da previsão estabelecida no artigo 182, parágrafo único da Lei 8.112/90, que proíbe a reformatio in
pejus, ou seja, a reforma para pior da decisão.

Art. 182. Lei 8.112/90 – “Julgada procedente a revisão, será


declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos
os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em
comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento de penalidade.”

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