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HISTÓRICO DA BATALHA DAS TABOCAS

(Desde 1639 retomava-se a campanha pela restauração de Pernambuco. Mas em 1640, Portugal
ainda em luta contra a Espanha, após a restauração do trono Português, não se atreve a
confrontar-se ao mesmo tempo com a Holanda. Desta forma, reconhece a perda de Pernambuco, da
Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ao mesmo tempo, determinava o fim das hostilidades contra os
holandeses no Brasil, proibindo seus representantes de atuarem militarmente contra as forças
holandesas na colônia. De sua parte, a Holanda se comprometia, por dez anos, a não mais expandir
seus domínios sobre as colônias portuguesas. Ambas as partes não cumpriram tais acordos. Em
Pernambuco, a ação dos campanhistas começa a tomar corpo. De início devastando os canaviais,
inviabilizando a produção de açúcar da colônia. Em 1642, e 43 muitas campanhas são
desenvolvidas, de pequena envergadura, mas que em seu conjunto desestruturava a administração e
a economia holandesas no Brasil. O auxílio aos campanhistas, que viera por mar sob o comando do
Conde da Torre, fracassara; a esquadra fugira ao embate com os holandeses e, perseguida por 5
dias, praticamente foi destroçada no combate que se travou próximo a Cunhaú, no Rio Grande do
Norte.

Mas em terra, apesar das poucas armas, retomava-se as práticas das emboscadas. Contava-se
agora com o concurso do experiente capitão Dias Cardoso, que combatera no início da ocupação.
Experiente na guerra, tanto no planejamento e execução dos combates, quanto na arregimentação
de novos adeptos. Pouco depois, a 3 de agosto de 1645, teria lugar a primeira batalha desta nova
força que se organizava, mas que ainda se encontrava muito mal armada, pois, desde 43 os
holandeses se empenhavam em desarmar todos os luso-brasileiros. Na Batalha do Monte das
Tabocas, as forças luso-brasileiras contavam com 1.600 homens, a maioria sem experiência em
guerras, e apenas 250 armas de fogo de tipos e calibres variados. Mas valendo-se da estratégia de
emboscadas, organizadas por Antônio Dias Cardoso, conseguiram derrotar o inimigo, militarmente
muito superior.

Vencida a luta, pelos brasileiros, as forças inimigas retirando-se desordenadamente, deixavam atrás
de si muito do armamento que traziam. Armas dos mortos, de feridos, armas abandonadas na pressa
da retirada. Uma importante presa que iria em muito reforçar os parcos recursos disponíveis aos
luso-brasileiros

DESCRIÇÃO DA BATALHA
Segue uma descrição resumida da batalha, segundo o relato de Diogo Lopes Santiago, um cronista
da época:
“À frente de 1 500 soldados práticos e escolhidos, armados com arcabuzes e mosquetes, além dos
índios tapuias seus partidários, o coronel Hendrik Van Haus chegou ao sítio do monte por volta do
meio-dia, tão confiante da vitória que lhe faltou cuidados na batalha.
Enquanto o inimigo atravessava o rio, trinta dos nossos dispararam suas armas e vieram recuando,
subindo pela trilha que leva ao monte, ao longo da qual estavam montadas três emboscadas dentro
de um tabocal (bambuzal gigante) de 50 pés de largura que margeia a subida.
No sopé do monte, um capitão dos mercenários fez sinal de parada e ordenou uma grande carga de
mosquete, como que prevendo haver perigo por trás daquela espessa mata. Seguiu-se a isso o som
das caixas e gritos dos tapuias, mais parecendo que já tinham o pleito por vencido.
Pela trilha, os soldados de Dias Cardoso iam disparando, provocando os holandeses, que correram
enfurecidos a subida, tão determinados que suportaram as duas danosas cargas das primeiras
emboscadas, recuando apenas na última por ser a maior e por temerem que a subida fosse toda de
emboscadas. Reagruparam-se em três esquadrões na campina entre o rio e o sopé do monte,
enquanto nossos tiros não cessavam de dentro dos matos, sem que eles pudessem ver a
procedência, conhecendo apenas os danos. Inflamado de coragem para o combate, à frente de 400
homens, portando espada e uma rodela (pequeno escudo redondo) no braço, João Fernandes Vieira
desceu ladeira para enfrentar o inimigo na campina quando Dias Cardoso saiu a impedi-lo,
argumentando que sua morte ali seria a ruína da rebelião.
No meio da tarde, os holandeses voltaram a subir, dessa vez invadindo o tabocal, onde sofreram
tanta perda de gente que recuaram sem demora. Ao fim da tarde, percebendo que já nos faltava
pólvora pois nossos disparos diminuíam, e como desesperados, conseguiram ganhar as
emboscadas, parecendo-nos ali tudo estar perdido.
Fernandes Vieira, ao ver que haviam destruído a barreira defensiva, desceu com os seus (trinta
negros, alistados em troca da liberdade, com lanças de pontas tostadas, bem como o restante da
gente, mestiços em sua maioria, com facões e velhas espadas) e avançaram com tamanha fúria
sobre o inimigo, na luta corpo a corpo, que esse foi forçado a descer de volta à campina, a seu pesar,
com mais presteza do que subira.
Aproveitando-se da escuridão e da forte chuva que caía, o Coronel Van Haus ordenou a retirada,
deixando muitas carroças de feridos pelo caminho. Ao amanhecer, contamos 370 inimigos mortos,
fora os que foram atirados ao rio, enterrados, ou que morreram pelos matos. Ganhamos ali muitas
boas armas de fogo e pólvora, pois as que tínhamos não passavam de 230, sendo muitas delas
antigas e enferrujadas.”

PONTOS DE CONTEXTO NA TRILHA


1. UZINA ELÉTRICA
Contexto do Sítio Histórico, Patrimônio Cultural de Pernambuco. m 1940, o município de
Vitória de Santo Antão desapropriou cerca de 9.000m2 de um sítio onde está localizado o
Monte das Tabocas, e uma faixa de terreno de forma irregular com 1.350m2,
respectivamente. Em 1978, o Governo de Pernambuco fez nova desapropriação instituindo
o “Parque Histórico Estadual das Tabocas”.
2. CAPELA DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
Construída em 1945 pelo então prefeito José Joaquim da Silva, foi fruto de uma promessa
feita por João Fernandes Vieira a Nossa Senhora de Nazaré, de que se eles ganhassem a
luta contra os holandeses, construiria uma capela no local. Segundo a lenda da Batalha, em
um momento crítico da batalha, os soldados do exército luso-brasileiro tiveram uma visão
de Nossa Senhora de Nazaré, o que revigorou as esperanças e autoestima das tropas.
3. ÁREA DE CAMPING
A partir da década de 50 o local passou a ser mais frequentado pelas pessoas da cidade,
que iam para passar o dia ou até mais, desenvolvendo duas áreas de camping, que
desdobravam em intervenções de engenharia nas pedras que compõem o ambiente.
Também a instalação de escadas, mesas e bancos de pedra.
4. PEDRA DO SENTINELA
O ponto mais alto do Monte, tem uma vista quase 360 graus do terreno ao redor do monte.
Do ponto mais alto dá para entender o porque que o monte das Tabocas foi escolhido para
ser a base do exército luso-brasileiro. A vista para o terreno que compreendia a rota por
onde marchava o exército holandês era a vantagem necessária para saber quando, onde e
como enfrentar os holandeses.
5. TRILHA DIAS CARDOSO
A trilha foi nomeada em homenagem ao herói da batalha das Tabocas, o Capitão-mor
Antônio Dias Cardoso, português da cidade do Porto - POR, no Brasil desde 1624, onde
sentou praça, já tinha enfrentado os holandeses em várias batalhas desde 1625. Apesar de
João Fernandes Vieira ser o líder do movimento, na batalha do Monte das Tabocas, ele
reconheceu a capacidade de Dias Cardosos o deixando no comando da estratégia de
combate e das tropas luso-brasileiras. Sua estratégia de tática de guerrilha foi fundamental
para a vitória no dia 3 de agosto, usando o conhecimento do terreno ao seu favor, organizou
emboscadas, o que imprimiu várias baixas ao exército holandês, que bateu em retirada.
6. PLACA DE ANTIGA CAPELA
Não existe e nunca existiu nenhuma capela no local, a construção encontrada no local não
carrega nenhuma característica de templo religioso, sem nenhuma estrutura de porta ou
janela, encontram-se na base, canos de ferro, que indicam que a construção servia como
reservatório ou local de transição da água bombeada do rio Itapacurá,
7. RIO ITAPACURÁ
Itapacurá, do Tupi-guaraní, Rio da Pedra Tapada, passa pela cidade da Vitória de Santo
Antão até o seu afluente em São Lourenço da Mata. O trecho que passa pelo sopé do
monte, já funcionou uma represa, hoje em dia não é recomendado banho no local pelo nível
de poluição do rio que é bastante alto. Uma característica desse trecho são as várias
formações rochosas dentro do rio e a presença de pescadores e animais como garças, que
são atraídos pelos peixes existentes no rio.
8. TRILHA LUSO-BRASILEIRA
Homenagem aos exércitos português e dos colonos que se uniram para combater os
holandeses e retomar o território.
9. PEDRA COM VISTA PRA CAMPINA PARA FALA SOBRE A BATALHA DAS
TABOCAS
Mesmo sendo Fernandes Vieira o líder, por não ter a mesma experiência militar, deixou
o comando do exército com Antônio Dias, preferindo ficar no comando da reserva,
composta de homens armados com bordões e lanças. O tenente-coronel Hendrick
Haus, comandante-em-chefe dos holandeses no Brasil, contava com 1.500 homens
bem treinados, incluindo vários mercenários, armados com 1.200 modernas armas de
fogo. Já Dias Cardoso contava com 900 homens armados com 250 armas de fogo de
diversos tipos e nas mais diversas condições. Compensando a diferença numérica
com o pleno conhecimento do campo de batalha, ele organizou três zonas de
emboscadas, sendo a terceira a mais forte. Ao chegarem à primeira, os holandeses
foram atacados pelo fogo e flechas dos homens de Dias Cardoso, usando a floresta e
um tabocal de 15 metros de largura, no sopé do monte como cobertura, causando
pesadas baixas entre os batavos. Furiosos, os holandeses perseguem os rebeldes,
sendo levados à segunda zona, onde sofrem mais baixas. Ainda assim eles
continuaram a perseguição, caindo na terceira zona. As baixas foram tantas que os
holandeses ficaram completamente desmoralizados e decidiram bater em retirada,
com medo de caírem em outra emboscada. Essa foi uma vitória extremamente
importante, pois, além das enormes perdas em homens, uma grande quantidade de
armas e suprimentos foram capturados; mas o principal foi que mostrou aos patriotas
que os holandeses podiam ser vencidos.
10. TABOCAL
A denominação Tabocas vem de uma espécie de cana brava, que corresponde ao
que é hoje chamado de bambu ou taquara. Os bambus e as taquaras são espécies
de plantas da família Gramimeae (Bambusoideae) e estão presentes em todos os
continentes, com exceção apenas da Europa. Em outras palavras, elas não são
árvores como muitos imaginam. Mas sim gramíneas, como a grama, a relva, o
capim etc. Por isso, nascem e se alastram tão fácil e rapidamente em diferentes
condições e terrenos. De uma forma geral, dá para considerar tudo como “bambu”
simplesmente. Porém, a taquara é um grupo de espécie nativa encontrada na
América do Sul, em especial, no Brasil. São mais de 200 tipos existentes por aqui e,
quase sempre, com características semelhantes, como porte, altura, resistência e
aplicações.
11. MIRANTE DAS TABOCAS
O local tem uma vista completa do Vale do Itapacurá e da represa do Itapacurá, onde pode
ser vista a parte superior da Igreja de São Bento, que foi submersa com a construção da
represa. Dá pra notar a importância dos rios como rotas para entrar no interior do território
naquele período de colonização. O rio Itacpacurá desemboca no Rio Capibaribe, fazendo
uma rota entre Vitória, São Lourenço da Mata, Camaragibe e Recife, sendo a principal rota
para o interior até o século XXIX.
12. MUSEU
Último local onde a condução depende da exposição que estiver no local.

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