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PROCESSO TRIBUTÁRIO e PATRIMÓNIO

João, residente em Chaves, faleceu em 1 Janeiro de 2012, no estado de solteiro, deixando como único
herdeiro o seu filho António, residente em Lisboa, fruto de uma relação que havia tido com a sua grande
paixão, Maria, com quem não chegara a casar por esta ter falecido na ocasião do parto.

À data da morte os bens de João eram compostos por um prédio urbano, destinado a comércio e
habitação, com o valor patrimonial de 50.000 euros, avaliado no ano de 2002, um automóvel com o valor
comercial de 10.000 euros, um quadro do célebre pintor Picasso, todo o recheio da casa, uma pistola e uma
conta bancária, do valor de 150.000 euros, que estava em seu nome e do próprio António.

1. Tendo em consideração os factos acima expostos, diga:

a)Quais as obrigações declarativas fiscais, em sede de Imposto de Selo, provocadas pela morte de João?
Não se esqueça de referir quem, como, quando e onde. (2 valores)

Resposta: Decorrente da morte de João abriu‐se a respectiva sucessão com o chamamento à titularidade
das relações juridicas do decujus, aquele que goza de prioridade na hierarquia dios sucessiveis, desde que
tenham a necessaria capacidade (artº 2031 e 2032/1 cc). Será aassim chamado à sucessão António, que no
enunciado não refere, mas presume‐se ser solteiro, maior. A transmissão gratuita dos bens que constituem
a herança de seu pai, ou sejam: ‐ um prédio urbano, destinado a comércio e habitação, com o valor
patrimonial de 50.000 euros, avaliado no ano de 2002, um automóvel com o valor comercial de 10.000
euros, um quadro do célebre pintor Picasso, todo o recheio da casa, uma pistola e uma conta bancária, do
valor de 150.000 euros, sendo que este valor, pelo facto de a conta bancária estar no nome dos dois
passará a ser da herança 150.000/2=75.000 euros pela redacção do Artº. 1 nº. 7 do CIS, em conformidade
com o previsto artº 1 nº. 1 e nº. 3 alineas a), b) e c) do CIS, está sujeito a imposto – incidencia objectiva, não
o estando, o recheio de casa ao abrigo do Artº. 1 nº. 5 alínea f) do CIS. Estando no ambito de uma
transmissão gratuita de bens, são sujeitos passivos de imposto a herança representada pelo cabeça de
casal que neste caso, por ser um só único herdeiro é o António, nos termos do Artº 2 nº. 2 alíneas a) e b) do
CIS no que concerne a incidencia subjectiva.

b) Quais os bens e valores que deveriam ser relacionados? (1 valor)

Incumbe ao cabeça de casal ou beneficiario de qualquer transmissão gratuita participar nos termos do artº.
26 nº. 1, 2, 3 e 4 do CIS, o falecimento do autor da sucessão em qualquer serviço de finanças até ao final do
3º mês seguinte, e através de modelo oficial, identificando o autor da sucessão, as datas e locais bem como
o sucessor. Os documentos a apresentar, seriam documento comprovativo dos valores monetarios
existentes (150.000/2=75.000) emitido pela instituição competente – o banco, e os documentos de registo
do quadro e da pistola. No caso do Imovel e a viatura, não seriam necessarios visto serem do conhecimento
da administração fiscal Artº 26 nº. 6 CIS.

c) Qual o imposto que António teria de pagar? (1 valor)

Relativamente às taxas a aplicar, seriam as constantes da tabela anexa ao CIS em vigor, no momento em
que o imposto é devido, nos termos do artº. 22 nº. 1 do CIS, e que seria o correspondente à verba 1.2 da
dita tabela, por se tratar de uma transmissão gratuita e que seria 10% sobre o valor apurado relativamente
aos bens, no entanto o CIS contempla algumas isenções subjectivas, nomeadamente para os descendentes
do autor da sucessão nas transmissões gratuitas sujeitas à verba 1.2 da tabela nos termos do artº 6º e).
Assim sendo estava isento de pagamento nos termos descritos.

2. Suponha que António foi notificado em 20/02/2012 do resultado da avaliação do prédio urbano, em
sede de IMI, que fixou o valor patrimonial em 100.000 euros, diga como e até quando poderá este reagir?
(2 valores)

Nos termos da Lei 60‐A/2011, a avaliação incide sobre os prédios urbanos que em 1 de Dezembro de 2011,
não tenham sido avaliados nos termmos do IMI, o que no caso em concreto, como foi avaliado antes de
Dezembro de 2003 cumpria estes termos. Se António não concordasse com a avaliação geral poderia
apresentar um pedido de 2ª avaliação, nos termos do Artº 15‐F da Lei 60‐A/2011, dirigido ao chefe do
serviço de finanças da area do prédio no prazo de 30 dias a contar da notificação que se presume realizada
no 3º dia posterior ao registo ou no 1º dia util seguinte quando aquele não seja dia util, tendo custos para o
requerente e que corresponde ao valor mínimo de 2 unidades de conta, ou seja 204 euros, sempre que o
valor contestado se mantenha ou aumente. Será efectuada por um perito avaliador independente
designado pela CNAPU e será concluída no prazo de 60 dias a contar da data do pedido. A decisão da 2ª
avaliação será notificada nos mesmos termos da 1ª.

3. António vendeu, em 16/05/2012, o prédio herdado à Imobiliária Flaviense, que havia iniciado a sua
actividade em 02/01/2012, pelo valor de 90.000 euros, considerando que ninguém discutiu o valor da
primeira avaliação. Diga:

a) Por quem é devido o IMT e qual o valor a pagar? (2 valores)

O acto configura uma transmissão onerosa do direito de propriedade do prédio acima identificado. Este
acto é enquadravel para efeito de sujeição a iMT nos termos do Artº 1 nº. 1 desse código. A iniciativa da
liquidação deste imposto no caso em concreto deve‐se ao adquirente nos termos do artº 19 nº. 1, devendo
para o efeito apresentar uma declaração de modelo oficial devidamente preenchida com a identificação do
imovel com a indicação dos intervenientes na transmissão bem como o valor do acto ou contrato, segundo
o artº 20 nº. 1 do CIMT.

No que tange o valor a pagar, este teria como taxa 6,5% nos termos do artº 17 nº. 1 alínea d) por se tratar
de um predio destinado a comercio e habitação, e incidiria, nos termos do artº 12 nº. 1 sobre o valor
patrimonial tributario que para o efeito seria 100.000 euros, por se tratar de valor superior ao contrato
(90.000 euros). Então: 100.000*6.5%=6.500 euros.

b) Como se faria a liquidação? (1 valor)

A iniciativa da liquidação seria por parte do interessado, que neste caso era a imobiliaria, apresentando
para o efeito a declaração do modelo oficial, devidamente preenchida, em qualquer serviço de finanças ou
por meios eletronicos, segundo o artº. 16 nº. 1 do CIMT. O conteudo da declaração seria o previsto no artº
20 nº 1 a): ‐ identificação do imovel, o valor atribuido ao bem, nos termos da alinea b).

Tratando‐se o adquirente de uma imobiliaria, e se esta estivesse a adquirir o prédio para revenda, poderia
beneficiar da isenção prevista no artº 7º nº. 1 do CIMT, desde que aporesentasse antes da aquisição a
declaração de inicio de actividade nos termos do artº 109 do CIRC e nos termos do nº. 3 do Artº 7 do CIMT,
o que para o efeito não existia dado que a sociedade adquirente iniciou a sua actividade no ano da
aquisição do predio. No entanto, o nº. 4 do mesmo artigo refere que se o imposto fosse pago e o prédio
vendido no prazo de 3 anos , este seria anulado pelo chefe de finanças a requerimento do interessado.

Nos termos do artº. 22 nº. 1 seria a liquidação em momento anterior ao acto translativo do bem

c) Diga se poderia haver lugar a uma nova liquidação de IMT, em que prazo e como se procederia? (2
valores)

Liquidação adicional, que poderia ser baseada em omissão de valores sujeitos a tributação ou com
objectivo de diminuir a divida do imposto ou obter outro tipo de vantagens indevidas poderia a
administração fiscal corrigir a liquidação, ou então, quando se verificar que nas liquidações se cometeu erro
de facto ou de direito que prejudicou o estado, o chefe do serviço de finanças onde se tenha efectuado a
liquidação, promove a competente liquidação adicional, nos termos do artº 31 nº.s 1 e 2, e no prazo de até
4 anos dcorridos da liquidação, excepto se for por omissão de bens ou valores sendo que neste caso pode
ser efectuada postriormente. A liquidação adicional deve ser notificada ao sujeito passivo a fim de efectuar
o pagamento ou de utilizar os meios de defesa previstos.

d) A Imobiliária Flaviense teria de cumprir algum formalismo em sede de IMI? Em caso afirmativo, diga
como e quando. (2 valores)
Tratando‐se de predio que tenha passado a figurar no inventario de uma empresa que tenha por objectivo
a sua venda, devem os sujeitos pasivos comunicar ao serviço de finanças da area da situação dos predios no
prazo de 60 dias contados da verificação do facto detterminante da sua aplicação a afetação do predio para
aquele fim, nos termos do nº. 4 e da alinea d) do nº. 1 do artº 9º do CIMI. Se fosse dada diferente
utilização, seria liquidado todo o imposto decorrente daquele periodo, nos termos do nº. 2 do mesmo
artigo.

e) A Imobiliária Flaviense poderia requerer uma segunda avaliação? (1 valor)

Sim, nos termos do artº. 74, poderia reclamar com base nos fundamentos aí previstos. Se eventualmente
deste pedido de 2ª avaliação o valor patrimonial tributario se mantivesse ou aumentasse, as despesas com
a avaliação deveriam ser reembolsada à DGI.

4. Suponha que António foi notificado em 30/05/2012, para efeitos de direito de audição, da reversão da
dívida da empresa João Bolhão, Unipessoal, Lda., que fora de seu pai, do valor de 120.000,00 €, referente a
IRC do ano de 2005, cuja liquidação foi efectuada em Julho de 2010. Diga:

a)Como poderá António reagir? (1 valor)

António poderia reagir com base na caducidade do direito à liquidação, prevista no artº 93 do CIRC. Este
refere que a liquidação de IRC, ainda que adicional, só pode efectuar‐se nos prazos e nos termos previstos
nos artigos 45º e 46º da lei geral tributária, sendo que estes referem no seu nº. 1 que o direito de liquidar
os tributos caduca se a liquidação não for validamente notificada ao contribuinte no prazo de quatro anos,
quando a lei não fixar outro, e que o prazo de caducidade conta‐se, nos impostos periódicos, a partir do
termo do ano em que se verificou o facto. Ora a situação em apreço deveria ser liquidada até ao final do
ano de 2009, facto que não ocorreu.

b) Supondo que, depois da reacção apresentada, os Serviços citam o António da reversão, como poderá
este reagir? (3 valores)

António poderia reagir com base em reclamação graciosa nos termos do artº 22 nº 4 da LGT, no prazo de
90 dias. Ou por impugnação judicial no prazo de 120 dias.

c)Minute um pequeno texto desta última reacção. (2 valores)

Exmo. Sr. Chefe de Finanças da Repartição xpto de Lisboa,

Antonio, solteiro, maior, NIF 999999999 residente em Lisboa, notificado que foi em 30/06/2012 em
processo de reversão referente a liquidação de IRC do ano de 2005 da sociedade João Bolhão, Unip Lda.,
vem nos termos 22 do CPPT reclamar graciosamente do referido acto por se tratar de liquidação efectuada
fora do prazo legal e nos termos do artº 45 da LGT, por ter caducado o prazo para essa liquidação em 2009
e a liquidação ter sido efectuada em 2010. Peço para o efeito que seja anulado o referido acto e o
consequente processo de reversão em meu nome.

Lisboa, 22 de Julho de 2012

Antonio

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