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1.

Introdução
As micotoxinas são toxinas naturais produzidas por cepas de alguns fungos, os quais
contaminam uma ampla variedade de plantações antes, durante e depois da colheita. São
extremamente estáveis e capazes de sobreviver nos alimentos por longos períodos de
armazenamento ou mesmo após estes serem submetidos ao processamento, podem ainda ser
encontradas no leite, em laticínios e aves, bem como em alimentação destinada a animais. As
aflatoxinas, o tipo mais comum de micotoxinas, são conhecidas por causar cancro hepático em
humanos e por comprometer o metabolismo de proteínas e a imunidade.
( USAID,2021;WHO,2023).
Já foram identificados 17 compostos de aflatoxinas, todavia são 4 compostos de interesse
médico-sanitário denominados B1, B2, G1e G2. Existe ainda outra aflatoxina que é excretada
quando os animais são alimentados com rações contaminadas por aflatoxinas B1e B2, excretando
metabólitos denominados aflatoxinas M 1e M 2( Mallmann et al.,2012).
As aflatoxinas são onipresentes nas cadeias de valor das principais culturas básicas cultivadas
em Moçambique, como milho e amendoim. Em Moçambique 80% da população é dependente
desta como fonte de rendimento, algumas das culturas comumente cultivadas em Moçambique
são facilmente contaminadas por aflatoxinas e são amplamente consumidas pela população,
incluindo milho, feijão e amendoim. Além disso, Moçambique participa no comércio formal e
informal significativo de milho e feijão com o Malawi, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que
provavelmente também estarão contaminados(Probst et al.,2014).
Segundo dados da OMS Moçambique está entre os 53 países com maior incidência de morte
associada ao cancro hepatocelular, atingindo cerca de 46000 casos por ano. Diante da
significativa presença de aflatoxinas nas culturas básicas de Moçambique e da preocupante taxa
de mortalidade associada ao cancro hepatocelular, que é influenciado pela exposição a
aflatoxinas, é imperativo que ações sejam tomadas. A implementação de linhas pesquisas de
monitoramento de aflatoxinas
nos alimentos e a mitigação dos fatores de risco relacionados às micotoxinas, em especial as
aflatoxinas, são medidas cruciais para proteger a saúde da população moçambicana. Essas ações
podem contribuir para a redução da incidência de doenças relacionadas às aflatoxinas e, assim,
melhorar a qualidade de vida dos habitantes de Moçambique.
2. Objetivos
2.1.Geral
Investigar a presença e o potencial cancerígeno das aflatoxinas em alimentos em
Moçambique, bem como avaliar as medidas de redução da contaminação e os limites
toleráveis desses contaminantes, com vista a compreender seu imapacto na saúde pública
do país.

2.2.Específicos
 Analisar a toxicidade das aflatoxinas em Moçambique, identificando as fontes de
contaminação e os níveis de exposição da população;
 Avaliar a toxicidade das aflatoxinas e sua possível contribuição para a etiologia do
cancro hepático na população Moçambicana;
 Investigar as estratégias e práticas de mitigação da contamição por aflatoxinas em
alimentos;
 Avaliar o impacto das aflatoxinas na saúde pública de Moçambique, incluindo a
incidência de cancro hepático e outras doenças relacionadas, e propor possíveis
medidas para mitigar o impacto desses contaminantes;
 Estabelecer os limites toleráveis de aflatoxinas e alimentos, considerando padrões
internacionais como a Codex Alimentarius e a União Europeia;

3. Metodologia
A metodologia adotada para a realização deste trabalho baseia-se na coleta e análise de
informações provenientes de fontes disponíveis na internet, abrangendo um espectro
diversificado de recursos, tais como revistas científicas, capítulos de livros e outras
fontes de informação. A abordagem metodológica usada busca garantir a confiabilidade,
relevância e atualidade dos dados obtidos, seguindo os seguintes passos: identificação de
fontes, busca e seleção, análise crítica, síntese de dados, citação e referências e por fim
análise e discussão dos dados obtidos.
4.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Aflatoxinas em Moçambique


As aflatoxinas são metabòlitos secundários produzidos por estirpes de fungos do genêro
Aspergillus spp., em especial Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, com maior
incidência em países de clima quente húmido e quente. As principais fontes de
contaminação são o amendoim, milho e feijão.
As aflatoxinas ganharam maior reconhecimento em Moçambique devido ao seu efeito
negativo, impacto na saúde, na segurança alimentar e no comércio. A maior parte da
contaminação ocorre em amendoim,milho e seus produtos, todavia, há pouca consciência
sobre esses contaminantes, provavelmente porque a imprensa e os meios de comunicação
social não divulgam informação suficiente (Cambaza,2020).
Em um estudo sobre os níveis de aflatoxinas em amostras de culturas de milho e do solo em
18 países da África Subsariana (incluindo 42 amostras de Moçambique) mostrou Aspergillus
flavus predominantemente presente nas amostras. Uma avaliação dos níveis nas culturas e no
solo foi conduzida em áreas específicas da Província de Nampula e o fungo Aspergillus
flavus foi documentado (Probst et al., 2014).
Em 2022 um outro estudo feito sobre a ocorrência desses contaminantes em farinha de milho
produzida e comercializada na cidade de Nampula no período de Janeiro á Março, relatou que
a contaminação por AFB1 variou de 0,25 a 0,33 ug.kg-1, e os teores de aflatoxinas totais
variaram de 0,55 e 1,05 ug.kg-1, com média de 0,89 ug.kg-1estando abaixo dos limites (10
ug.kg-1e 4 ug.kg-1) para Moçambique e União Europeia, respectivamente (Martinho,2022).

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