FICHAMENTO DE TEXTO: Um diálogo com Dermeval Saviani: narrativas
do encontro de três professores/as de Educação Física com a Teoria Histórico- Crítica.
- A Teoria Histórico-Crítica se propõe a uma constante transformação da
sociedade e, consequentemente, da Educação e, no nosso caso, da Educação Física. p.119.
ENCONTRO COM O PENSAMENTO DE SAVIANI EM MINHA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL E COMO SUJEITO NO MUNDO - Inicia um momento histórico de acrescência, no sentido do surgimento de propostas pedagógicas sistematizadas para o âmbito escolar, que apresentam a perspectiva de superação de uma Educação Física escolar legitimada em princípios biologizantes e esportivizados. p.120-121 - Pensar a escola como espaço potente para a reflexão do conhecimento produzido e que precisava ser problematizado na busca de romper com uma formação alienada de sujeitos. p.121 - a possibilidade de refletir acerca das contradições sociais tirando o aluno da alienação e passividade frente aos determinismos sociais provenientes do modo de produção material capitalista; base do materialismo histórico- dialético, balizador da Teoria Histórico-Crítica. p.122 - provocados a pensar e estruturar nossa visão de educação e de educação física, potencializando um pensar coletivo a partir da socialização com outros professores suas vivências em eventos acadêmicos como o Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. p.122 - refletir acerca da influência do contexto social nas diferentes formas de abordagem na aula de Educação Física. Para isso, passo a tornar minha aula em um espaço que eles/as possam pensar que tipo de sociedade e sujeito são perspectivados, quando optamos por balizar nossa ação pedagógica, considerando a visão conservadora, a crítico-reprodutivista e a crítico- superadora. p.123 - Tomando como base o materialismo histórico-dialético, assim como a Pedagogia Histórico-Crítica, a proposta conceitual apresentada por Soares et al. (1992) considera que um processo educacional comprometido com os interesses da classe popular deve levar o aluno a realizar uma reflexão pedagógica que permita a constatação e a leitura dos dados da realidade que necessitam de interpretação, ou seja, de um julgamento a partir de uma ética que se coloque em defesa dos interesses da classe trabalhadora e da determinação teleológica que tem como direção a transformação estrutural da sociedade capitalista. p.124 - O comprometimento com a transformação da sociedade capitalista proposto por essas perspectivas educacionais me faz entender a escola como espaço de problematização das determinações sociais provenientes tanto do trabalho voltado a garantir à subsistência a partir da produção de bens materiais, assim como espaço de socialização e reflexão crítica do saber sistematizado, científico, ou seja, o conhecimento produzido historicamente pelo homem e transmitido culturalmente. p.126 - a educação apresenta-se como um elemento potente na formação de sujeitos conscientes de seu papel histórico na construção de um caminho que possibilite todos e todas viverem em uma sociedade que possa se sensibilizar com a miséria de muitos/as, formando sujeitos capazes de ser agentes de transformação, para que a equidade seja uma realidade vivida em nossa sociedade. p. 127
O CONTATO COM O PENSAMENTO DE DERMEVAL SAVIANI E O IMPACTO EM
MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA - A meu ver, o fato de Saviani vir do proletariado é determinante e norteador para toda sua obra. Por exemplo, em “Escola e Democracia” (2018), ele parte do problema da marginalidade, considerada como as condições de semianalfabetismo e de analfabetismo, logo, de risco social, tão presentes na maioria dos países da América Latina à época e ainda hoje. Assim, esse problema/inquietação impulsiona todo o trabalho de Saviani na busca por uma proposta pedagógica que seja capaz de superar essa triste realidade. p.129 - as pedagogias novas (pedagogia da existência) são portadoras de todas as virtudes, enquanto a pedagogia tradicional (pedagogia da essência) é a portadora de todos os defeitos e nenhuma virtude, Assim, Saviani busca inverter a curvatura dessa “vara ', ou seja, essa tendência de pensamento, não para afirmar que a pedagogia tradicional é a portadora de todas as virtudes e nenhum defeito e que as pedagogias novas são as portadoras de todos os defeitos e nenhuma virtude, mas para que a resultante desses tensionamentos chegue a um ponto desejável. p.130 - as teorias não críticas oferecem um poder ilusório, como é o caso da Pedagogia Tradicional e da Pedagogia Nova, por outro lado, as teorias crítico-reprodutivistas, embora críticas, não apresentam nenhuma proposta de transformação, ou seja, são impotentes na formulação de nexos com a realidade. p.131 - Nós precisamos defender o aprimoramento exatamente do ensino destinado às camadas populares. Essa defesa implica a prioridade de conteúdo. Os conteúdos são fundamentais e sem conteúdos relevantes, conteúdos significativos, a aprendizagem deixa de existir, ela transforma-se num arremedo, ela transforma-se numa farsa. p.132
EXISTE COMEÇO?! TRAJETÓRIA PROFISSIONAL INICIAL EM DIÁLOGO COM
A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA DE DERMEVAL SAVIANI - Pedagogia Histórico-Crítica de Dermeval Saviani que tem, como seu pensamento fundante, o materialismo histórico-dialético como instrumento de superação do modo de produção capitalista, e de uma sociedade dividida em classes, com interesses opostos (SAVIANI, 2013). No campo educacional, o autor aponta que à Pedagogia Histórico-Crítica possibilita que os/as educadores/as brasileiros/as passem do senso comum para à consciência filosófica na compreensão de sua prática educativa como práxis emancipatória. p.134-135 - os princípios e pressupostos da Pedagogia Histórico-Crítica, como, por exemplo, compreender que o ato educativo caracteriza-se pela intencionalidade, tendo como objetivo a apropriação do conhecimento sistematizado pelo aluno. p.135 - vai de encontro à Pedagogia Histórico-Crítica, segundo a qual, o processo ensino-aprendizagem oferece ao/a professor/a uma nova ação, que o/a leva a rever conceitos, a romper com metodologias ultrapassadas, a estabelecer novos rumos e valores, tornando a prática pedagógica, significativamente mais comprometida com as questões sociais e políticas. p.136 - organizar metodologicamente o ensino do esporte de maneira que não estivesse relacionado apenas ao seu caráter competitivo disseminado nas competições de alto rendimento, para que todos/as pudessem participar. Assim, as atividades sobre o quê e como ensinar, passam a ter o sentido de fazer com e não fazer contra o outro, valorizando e respeitando individualmente o processo ensino-aprendizagem dos/as estudantes. p.137