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SP1: “Fast food”

Objetivo 1: Conceituar metabolismo, catabolismo e anabolismo.


O metabolismo refere-se a todas as reações químicas que ocorrem em um organismo. Essas
reações (1) extraem energia das biomoléculas dos nutrientes (como proteínas, carboidratos e
lipídios), e (2) sintetizam ou degradam moléculas.
O metabolismo é dividido em catabolismo, reações que liberam energia através da degradação de
biomoléculas grandes (ex: respiração celular), e anabolismo, reações consumidoras de energia que
resultam na síntese de biomoléculas grandes (ex: síntese do glicogênio). As reações anabólicas e
catabólicas ocorrem simultaneamente nas células por todo o corpo, de modo que, em qualquer
momento, algumas biomoléculas estão sendo sintetizadas, ao passo que outras estão sendo
degradadas. As reações catabólicas têm o propósito de capturar a energia química, obtida da
degradação de moléculas combustíveis, ricas em energia, formando trifosfato de adenosina (ATP, do
inglês adenosine triphosphate). O catabolismo é, então, um processo convergente, ou seja, uma
ampla variedade de moléculas é transformada em poucos produtos finais. Ao contrário do
catabolismo, o anabolismo é um processo divergente, no qual poucos precursores biossintéticos
(como os aminoácidos) formam uma ampla variedade de produtos poliméricos ou complexos. As
reações anabólicas são endergônicas, isto é, necessitam de energia, via de regra, fornecida pela
hidrólise do ATP, produzindo difosfato de adenosina (ADP, do inglês adenosine diphosphate) e
fosfato inorgânico (Pi).
A energia liberada ou armazenada nas ligações químicas das biomoléculas durante o metabolismo é
geralmente medida em quilocaloria (kcal). Muita da energia liberada durante o catabolismo é
armazenada em ligações fosfato de alta energia do ATP ou em elétrons de alta energia do NADH,
FADH2 ou NADPH. As reações anabólicas, então, transferem energia desses transportadores
temporários para as ligações covalentes das biomoléculas. O metabolismo é uma rede coordenada
de reações químicas, na qual as reações que ocorrem em uma célula em dado momento são
adaptadas às necessidades da célula. Cada passo em uma rota metabólica é uma reação enzimática
diferente. Chamamos as moléculas de intermediários das rotas metabólicas, uma vez que os
produtos de uma reação se tornam substratos para a próxima.
Objetivo 2: Definir carboidrato e quais seus tipos.
Os carboidratos são as moléculas mais abundantes na natureza. Eles possuem uma grande
variedade de funções, que incluem fornecimento de energia e a atuação como forma de
armazenamento de energia no corpo. Os carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas,
ou substâncias que, hidrolisadas, produzem esses compostos. Apresentam a fórmula empírica
(CH2O)n, portanto são formados fundamentalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio.
Porém, nem todos apresentam essa fórmula e há substâncias com essa fórmula que não são
carboidratos. Os carboidratos são classificados de acordo com sua estrutura em: monossacarídeos,
dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
MONOSSACARÍDEOS: são o tipo mais simples de carboidrato. De acordo com seu número de
carbonos são designados trioses, tetroses, pentoses, hexoses ou heptoses.

Os carboidratos com um aldeído como seu grupo funcional mais oxidado são denominados aldoses,
enquanto aqueles com um grupo cetona como seu grupo funcional mais oxidado são denominados
cetoses.

DISSACARÍDEOS: são formados por dois monossacarídeos.


Lactose (galactose + glicose)
Sacarose (glicose +frutose)
Maltose (glicose +glicose).
OLIGOSSACARÍDEOS: contêm de 3 até cerca de 10 monossacarídeos.
POLISSACARÍDEOS: contêm mais de 10 unidades de monossacarídeos em sua estrutura, podendo
alcançar centenas de unidades de açúcares, mais comumente de glicose. Podem formar cadeias
lineares, como na celulose, ou cadeias ramificadas, como no glicogênio e no amido. O amido é o
carboidrato mais abundante na dieta dos seres humanos. Carboidratos com fibras dietéticas, como a
celulose, não podem ser digeridos pelos seres humanos, que não dispõem de enzimas capazes de
catalisar a hidrólise das ligações deste polissacarídeo.
As ligações entre os açúcares são denominadas ligações glicosídicas. Primeiro ocorre exclusão de uma
molécula de água. Nesse processo, um íon hidrogênio (H+) é removido de um dos monossacarídeos e um
íon hidroxila (OH-), do próximo. Os dois monossacarídeos, então, combinam-se uns com os outros nesses
locais de remoção, e o H+ e o OH- se combinam para formar água (H2O). A lactose, por exemplo, é
sintetizada pela formação de uma ligação glicosídica entre o carbono 1 de uma beta-galactose e o carbono 4
da glicose. Depende, então, do número dos carbonos e da posição do grupo hidroxila no carbono anômero
(carbono 1). A ligação da lactose é uma ligação beta (1⟶4).

Objetivo 3: Descrever o processo de digestão e absorção dos carboidratos.


DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS: quando os carboidratos são digeridos, as ligações glicosídicas
são revertidas, e os polissacarídeos são convertidos em monossacarídeos. Enzimas nos sucos
digestivos do trato digestivo retornam o H+ e o OH- da água para os polissacarídeos e, assim,
separam os monossacarídeos uns dos outros, no processo de hidrólise.
Na dieta humana, existem apenas três fontes principais de carboidratos. Eles são a sacarose, o
dissacarídeo conhecido popularmente como o açúcar da cana; a lactose, que é um dissacarídeo
presente no leite; e os amidos, que são grandes polissacarídeos presentes em quase todos os
alimentos não animais, particularmente em batatas e em diferentes tipos de grãos. Outros
carboidratos ingeridos em pequena extensão são a amilose, o glicogênio, o álcool, o ácido láctico, a
ácido purúvico, as pectinas, as dextrinas e pequenas quantidades de derivados de carboidratos
existentes nas carnes. A dieta também contém uma grande quantidade de celulose, mas as enzimas
capazes de hidrolisar a celulose não estão presentes no trato digestivo humano, portanto ela não
pode ser considerada um alimento. A digestão dos carboidratos começa na boca, pois quando o
alimento é mastigado, é misturado à saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina (uma
alfa-amilase), secretada principalmente pelas glândulas parótidas. Essa enzima hidrolisa o amido em
dissacarídeo maltose e em outros pequenos polímeros de glicose que contêm de três a nove
moléculas de glicose. Como o alimento permanece na boca por pouco tempo, provavelmente não
mais de 5% de todos os amidos são hidrolisados quando o alimento é engolido. A digestão do amido
continua às vezes no corpo e no fundo do estômago por até uma hora antes que o alimento se
misture com com as secreções estomacais. A atividade da amilase salivar e então bloqueada pelo
ácido das secreções gástricas, porque a amilase é essencialmente inativa como enzima, uma vez
que o pH do meio cai abaixo de cerca de 4. Antes que o alimento e a saliva que o acompanha se
misturem completamente às secreções gástricas, cerca de 30% a 40% dos amidos terão sido
hidrolisados, principalmente para formar maltose.
Amilase pancreática: A secreção pancreática, como a saliva, contém uma grande quantidade de alfa-
amilase, que é quase idêntica em sua função à alfa-amilase da saliva, mas é várias vezes mais
poderosa. Portanto, em 15 a 30 min depois que o quimo sai do estômago para o duodeno e se
mistura com o suco pancreático, praticamente todos os carboidratos são digeridos. Em geral, os
carboidratos são quase totalmente convertidos em maltose e/ou outros pequenos polímeros de
glicose antes de passarem além do duodeno ou jejuno superior.
Os enterócitos que revestem as vilosidades do intestino delgado contêm quatro enzimas (lactase,
sucrase, maltase e alfa-dextrinase), que são capazes de dividir os dissacarídeos lactose, sacarose e
maltose, além de outros pequenos polímeros de glicose, em seus monossacarídeos constituintes.
Essas enzimas estão localizadas nos enterócitos e os dissacarídeos são divididos à medida que
entram em contato com esses enterócitos. A lactose se divide em galactose e glicose. A sacarose se
divide em frutose e glicose. A maltose e os pequenos polímeros se dividem em múltiplas moléculas
de glicose. Os produtos finais da digestão de carboidratos são todos monossacarídeos. Eles são
todos solúveis em água e são absorvidos imediatamente pelo sangue portal. A glicose representa
mais de 80% dos produtos finais da digestão dos carboidratos, e a galactose e a frutose raramente
representam mais de 10%.
Nós não somos capazes de digerir celulose por não termos as enzimas necessárias. Como
resultado, a celulose da matéria vegetal torna-se o que é conhecido como fibra dietética ou formador
de massa e é excretada e não digerida. De forma similar, a sucralose (Linea®), o adoçante artificial
feito de sacarose, não pode ser digerida devido aos átomos de cloro que substituem três
grupamentos hidroxila, bloqueando a digestão enzimática deste derivado de açúcar.

ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS: apenas uma pequena fração dos carboidratos é absorvida
como dissacarídeos e quase nenhuma é absorvida como compostos maiores de carboidratos. A
glicose é responsável por 80% das calorias absorvidas dos carboidratos, pois é o produto final da
digestão dos amidos, carboidrato mais abundante. Os 20% restantes são quase inteiramente de
galactose e frutose. Praticamente todos os monossacarídeos são absorvidos por um processo de
transporte ativo secundário.
Absorção da glicose: na ausência de transporte de sódio através da membrana intestinal,
praticamente nenhuma glicose pode ser absorvida, porque a absorção de glicose ocorre em um
modo de cotransporte com transporte ativo de sódio. O transporte de glicose e de sódio através da
membrana intestinal ocorre em duas etapas. O primeiro é o transporte ativo de íons sódio através
das membranas basolaterais das células epiteliais intestinais para o líquido intersticial, esgotando o
sódio dentro das células epiteliais. Segundo, uma diminuição do sódio dentro das células faz com
que o sódio de lúmen intestinal se mova através da borda em escova das células epiteliais para o
interior das células por um processo de transporte ativo secundário. Ou seja, um íon sódio se
combina com uma proteína de transporte, o SGLT1, que não transportará sódio para o interior da
célula até que o SGLT1 também se combine com a glicose. A glicose intestinal também se combina
simultaneamente com o SGLT1, e tanto o íon sódio quanto a molécula de glicose são transportados
juntos para o interior da célula. Assim, a baixa concentração de sódio dentro da célula arrasta o sódio
para o interior dela, e a glicose é arrastada junto junto com ele. Uma vez dentro da célula epitelial,
outra proteína de transporte, o transportador de glicose 2 (GLUT2) facilita a difusão da glicose
através da membrana basolateral da célula para o espaço paracelular e, então, para o sangue. É o
transporte ativo inicial de sódio através das membranas basolaterais das células epiteliais intestinais
que fornece a força eventual para mover a glicose também através das membranas.
Outros monossacarídeos, como a galactose, é transportada quase exatamente pelo mesmo
mecanismo da glicose, usando os transportadores SGLT1 e GLUT2 para atravessar as membranas
luminal e basolateral, respectivamente. O transporte da frutose não ocorre pelo mecanismo de
cotransporte de sódio. Em vez disso, a frutose é transportada por difusão por todo o epitélio
intestinal, e não associada ao transporte de sódio. O transporte de frutose do lúmen intestinal para o
interior da célula é facilitado pelo GLUT5, e a saída da frutose da célula para o espaço paracelular é
facilitada pelo GLUT2. Parte da frutose, ao entrar na célula, torna-se fosforilada. Em seguida, é
convertida em glicose e finalmente transportada na forma de glicose pelo resto do caminho para o
sangue. Como a frutose não é cotransportada com o sódio, sua taxa geral de transporte á apenas
cerca de metade da de glicose ou de galactose.
Na maioria das células, a glicose é o principal substrato metabólico para a respiração aeróbia e é
imediatamente fosforilada quando entra na célula. No entanto, o metabolismo dos enterócitos (e
células dos túbulos proximais) aparentemente difere da maioria das outras células. Estas células
transportadoras epiteliais não usam glicose como fonte preferencial de energia. Estudos atuais
indicam que essas células usam o aminoácido glutamina como sua principal fonte de energia,
permitindo, assim, que a glicose absorvida passe inalterada para a circulação sanguínea.
Após a absorção a partir do trato intestinal, grande parte da frutose e quase toda a galactose é
rapidamente convertida em glicose no fígado. Portanto, pouca frutose e galactose estão presentes no
sangue circulante. A glicose torna-se, assim, a última via comum para o transporte de quase todos os
carboidratos às células. Nas células do fígado, enzimas apropriadas estão disponíveis para promover
interconversões entre os monossacarídeos – glicose, frutose e galactose. Além disso, a dinâmica das
reações é tal que, quando o fígado libera monossacarídeos de volta para o sangue, o produto final é
quase inteiramente glicose. A razão para isso é que as células do fígado contêm grandes
quantidades de glicose fosfatase. Portanto, a glicose-6-fosfato pode ser degradada em glicose e
fosfato, e a glicose pode, então, ser transportada através da membrana das células hepáticas de
volta ao sangue.
Objetivo 4: Descrever o processo de respiração celular a partir dos carboidratos.
A utilidade das vias metabólicas como fornecedora de energia muitas vezes é medida em termos de
quantidade líquida de ATP que as vias podem produzir. O ATP é um nucleotídeo contendo três
grupamentos fosfato.

Um dos três grupos fosfato é ligado ao ADP por uma ligação covalente em uma reação que requer
energia. A energia é armazenada nesta ligação fosfato rica em energia e, após, liberada quando a
ligação é rompida durante a remoção do grupo fosfato.

Os últimos dois radicais de fosfato estão conectados com o restante da molécula por meio de
ligações de alta energia, que são indicadas pelo símbolo ~. A quantidade de energia livre em cada
uma dessas ligações de alta energia por mol de ATP é cerca de 7.300 calorias sob condições padrão
e cerca de 12.000 calorias sob as condições usuais de temperatura e concentrações dos reagentes
no organismo. Portanto, no organismo, a remoção de cada um dos dois últimos radicais de fosfato
libera cerca de 12.000 calorias de energia. Após a perda de um radical fosfato do ATP, o composto
se torna ADP, e após a perda do segundo radical fosfato, torna-se monofosfato de adenosina (AMP).
As interconversões entre ATP, ADP e AMP são as que seguem:

O ATP é mais importante como carregador de energia do que como molécula armazenadora de
energia, uma vez que as células podem conter apenas uma quantidade limitada de ATP. Um ser
humano adulto em repouso precisa 40kg de ATP para suprir a energia necessária para sustentar um
dia de atividade metabólica, muito mais do que as nossas células poderiam armazenar. Em vez
disso, o corpo obtém a maior parte da necessidade diária de energia a partir das ligações químicas
de biomoléculas complexas. As reações metabólicas transferem a energia de ligação química para o
ATP, ou, em poucos casos, para o nucleotídeo relacionado, trifosfato de guanosina, GTP. As vias
metabólicas que rendem a maior quantidade de ATP são as que requerem oxigênio - as vias
aeróbias, ou oxidativas.
Antes que a glicose possa ser usada pelas células do corpo, ela deve ser transportada através da
membrana celular para o interior do citoplasma. A glicose não pode se difundir espontaneamente
através dos poros da membrana, pois tem peso molecular 180, que é alto, e assim não ocorre
difusão imediata. A glicose então passa para o interior da célula por difusão facilitada. Na matriz
lipídica da membrana celular existe um grande número de moléculas carreadoras de proteínas que
podem se ligar à glicose. Ela é transportada de um lado a outro da membrana, sendo então liberada.
Portanto, diferente do que ocorre nas células intestinais, onde a glicose é transportada por
cotransporte sódio-glicose, nas outras células, o transporte ocorre por difusão facilitada. A taxa de
transporte da glicose aumenta na maioria das células devido à presença de insulina. Quando
grandes quantidades de insulina são secretadas pelo pâncreas, a taxa de transporte da glicose para
a maioria das células aumenta para 10 ou mais vezes quando comparada com a não secreção de
insulina. As quantidades de glicose podem se difundir para o interior da maioria das células na
ausência de insulina, com exceção das células do fígado, das hemácias e do cérebro, são muito
pequenas para fornecer a quantidade de glicose normalmente necessária para o metabolismo
energético. A taxa de utilização dos carboidratos pela maioria das células é controlada pela secreção
de insulina pelo pâncreas e pela sensibilidade dos vários tecidos aos efeitos da insulina no transporte
de glicose.
Imediatamente após a entrada na célula, a glicose se liga a um radical fosfato de acordo com a
reação:

A produção aeróbia de ATP a partir da glicose geralmente segue duas vias: glicólise e ciclo do ácido
cítrico. Os carboidratos entram na glicólise na forma de glicose. Tanto a glicólise quanto o ciclo de
Krebs produzem pequenas quantidades de ATP diretamente, porém a sua maior contribuição para
síntese de ATP á armazenar energia nos elétrons carreados pelo NADH e FADH2. Esses compostos
transferem os elétrons para o sistema de transporte de elétrons (STE) na mitocôndria. O sistema
então utiliza a energia desses elétrons para produzir a ligação de alta energia do ATP. Em vários
pontos, o processo produz dióxido de carbono e água. A água pode ser utilizada nas células e o
dióxido de carbono é um produto residual e deve ser removido do corpo. As vias anaeróbias para a
produção de ATP são um bom exemplo de compartimentalização dentro das células. As enzimas da
glicólise estão localizadas no citosol, e as enzimas do ciclo do ácido cítrico estão nas mitocôndrias.
Dentro da mitocôndria, a concentração de H+ no compartimento intermembrana armazena a energia
necessária para formar a ligação do ATP.
O metabolismo aeróbio de uma molécula de glicose produz dióxido de carbono, água e de 30 a 32
ATPs.
GLICÓLISE: na glicólise, o metabolismo de uma molécula de glicose C6H12O6 possui um
rendimento de duas moléculas de piruvato de 3 carbonos, 2 ATPs e elétrons de alta energia em 2
NADH:

O meio mais importante de obtenção de energia é iniciado pela glicólise. Os produtos finais da
glicólise são oxidados para fornecer energia. A glicólise significa divisão da molécula de glicose em
duas moléculas de ácido pirúvico. A glicólise ocorre por 10 reações químicas sucessivas. Cada etapa
é catalisada por pelo menos uma enzima específica. A glicose é primeiramente convertida em
frutose-1,6-difosfato e então fracionada em duas moléculas com três átomos de carbonos, o
gliceraldeído-3-fosfato, e cada uma delas é então convertida, em mais cinco etapas adicionais, em
ácido pirúvico. Um total de 4 moles de ATP são formados para cada mol de frutose-1,6-difosfato que
se divide em ácido pirúvico. No entanto, dois moles de ATP são necessários para fosforilar a glicose
original para formar frutose-1,6-difosfato antes da glicólise poder começar. Assim, o ganho líquido em
moléculas de ATP por todo o processo glicolítico é de apenas 2 moles para cada mol de glicose
utilizado. Isso equivale a 24000 calorias de energia que é transferida para o ATP.
O próximo estágio na degradação da glicose é uma conversão, em duas etapas, das duas moléculas
de ácido pirúvico em duas moléculas de acetil coenzima A (acetil-CoA), pela seguinte reação:
Duas moléculas de dióxido de carbono e quatro átomos de hidrogênio são liberados dessa reação,
enquanto as porções restantes das duas moléculas de ácido pirúvico combinam-se com a coenzima
A, um derivado da vitamina ácido pantotênico, para formar duas moléculas de acetil-CoA.
CICLO DE KREBS: o ciclo do ácido cítrico é um sequência de reações químicas em que a porção
acetil do acetil-CoA é degradada em dióxido de carbono e átomos de hidrogênio. Todas essas
reações ocorrem na matriz da mitocôndria. Os átomos de hidrogênio liberados aumentam o número
desses átomos que serão posteriormente oxidados, liberando enormes quantidades de energia para
formar ATP. Na fase inicial do ciclo de Krebs, a acetil-CoA se associa ao ácido oxalacético para
formar ácido cítrico. A porção coenzima A da acetil-CoA é liberada e pode ser usada repetidamente
para formar quantidades adicionais de acetil-CoA a partir do ácido pirúvico. A porção acetil,
entretanto, torna-se um parte integrante de molécula de ácido cítrico. Durante os estágios sucessivos
do ciclo do ácido cítrico, várias moléculas de água são adicionadas, e átomos de carbono e
hidrogênio são liberados em outros estágios do ciclo. Para cada molécula de glicose originalmente
metabolizada, 2 moléculas de acetil-CoA entram no ciclo do ácido cítrico, junto com 6 moléculas de
água. Essas moléculas são então degradadas em 4 moléculas de dióxido de carbono, 16 átomos de
hidrogênio e 2 moléculas de coenzima A. Duas moléculas de ATP são formadas. O ciclo de Krebs,
por si só, não causa a liberação de grande quantidade de energia; uma molécula de ATP é formada
em apenas uma das reações químicas - durante a transformação do ácido alfa-cetoglutárico em
ácido succínico. Assim, para cada molécula de glicose metabolizada, duas moléculas de acetil-CoA
passam através do ciclo do ácido cítrico, cada uma formando uma molécula de ATP, ou um total de
duas moléculas de ATP formadas.
Os átomos de hidrogênio são liberados durante diferentes reações químicas do ciclo - 4 átomos de
hidrogênio durante a glicólise, 4 durante a formação de acetil-CoA a partir do ácido pirúvico e 16 no
ciclo do ácido cítrico; assim , um total de 24 átomos de hidrogênio são liberados para cada molécula
original de glicose. No entanto, os átomos de hidrogênio não são simplesmente soltos no líquido
intracelular. Em vez disso, eles são liberados de dois em dois, e, em cada caso, a liberação é
catalisada por uma enzima proteica específica desidrogenase. Vinte dos 24 átomos de hidrogênio
imediatamente se combinam com a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+), um derivado da
vitamina niacina (vitamina B3), de acordo com a seguinte reação:

Essa reação não ocorrerá sem a intermediação da desidrogenase específica ou sem a


disponibilidade de NAD+ para atuar como um carreador de hidrogênio. Tanto o íon hidrogênio livre
quanto o hidrogênio ligado ao NAD+ entram, a seguir, em múltiplas reações químicas oxidativas que
formam grandes quantidades de ATP. Os 4 átomos de hidrogênio restantes, liberados durante a
quebra da glicose - os 4 liberados durante o ciclo do ácido cítrico entre os estágios de ácido
succínico e fumárico - combinam-se a uma desidrogenase específica, mas não são depois liberados
para o NAD+. Em vez disso, eles passam diretamente de desidrogenase para o processo oxidativo.
Existem três estágios em que o dióxido de carbono é liberado. Para causar a liberação de dióxido de
carbono, outras enzimas proteicas específicas, chamadas descarboxilases, separam o dióxido de
carbono de seu substrato. O dióxido de carbono é então dissolvido nos fluidos corporais e
transportado para os pulmões, onde é eliminado do corpo pela expiração.
Portanto, carbonos de uma acetil-CoA através do ciclo armazenam energia em 3 moléculas de
NADH, 1 FADH2 e 1 ATP. Esses passos ocorrem duas vezes para cada glicose, dando um
rendimento total de 8 NADH, 2 FADH2 e 2 ATP para o ciclo do ácido cítrico.
FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA: apesar de todas as complexidades da glicólise, do ciclo de Krebs,
desidrogenação e descarboxilação, pequenas quantidades de ATP são formadas durante todos
esses processos - apenas duas moléculas de ATP na glicólise e outras duas no ciclo do ácido cítrico
para cada molécula de glicose metabolizada. Quase 90% do ATP total criado pelo metabolismo da
glicose é formado durante a oxidação dos átomos de hidrogênio que foram liberados em estágios
iniciais de degradação da glicose. A principal função de todos esses estágios iniciais é fazer com que
o hidrogênio da molécula de glicose fique disponível de maneira que possa ser oxidado. A oxidação
do hidrogênio é realizada por uma série de reações catalisadas enzimaticamente na mitocôndria.
Essas reações separam cada átomo de hidrogênio em um íon hidrogênio e um elétron e usam os
elétrons eventualmente para combinar o oxigênio dissolvido dos fluidos com moléculas de água para
formar íons hidroxila. Em seguida, os íons hidrogênio e hidroxila se combinam entre si para formar
água. Durante essa sequência de reações oxidativas, enormes quantidades de energia são liberadas
para formar ATP. Portanto, a fosforilação oxidativa ocorre inteiramente na mitocôndria, por um
processo altamente especializado denominado mecanismo quimiosmótico.
A primeira etapa da fosforilação oxidativa na mitocôndria é ionizar os átomos de hidrogênio que
foram removidos dos substratos alimentares. Esses átomos de hidrogênio são removidos em pares:
um imediatamente se torna um íon hidrogênio, H+; o outro combina com NAD+ para formar
nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzida (NADH). O efeito inicial é liberar o outro átomo de
hidrogênio da NADH para formar outro íon hidrogênio, H+. Esse processo também reconstitui a
NAD+, que será utilizada repetidamente. Os elétrons que são removidos dos átomos de hidrogênio
entram imediatamente em uma cadeia de transporte de elétrons para aceptores de elétrons que é
parte integrante da membrana interna pregueada (crista mitocondrial) das mitocôndrias. Os
aceptores de elétrons podem ser reduzidos ou oxidados de modo reversível, pela aceitação ou pela
desistência de elétrons. Os membros importantes dessa cadeia de transporte de elétrons incluem
flavoproteína (flavina mononucleotídeo), várias proteínas de sulfeto de ferro, ubiquinona e citocromos
B, C1, C, A e A3. Cada elétron é transportado de um desses aceptores para o próximo até que
finalmente alcance o citocromo A3, que é chamado de citocromo oxidase porque é capaz de ceder 2
elétrons e, assim, reduzir o oxigênio elementar para formar oxigênio iônico, que então se combina
com íons hidrogênio para formar água. Durante o transporte desses elétrons através da cadeia de
transporte de elétrons, a energia é liberada e usada para causar a síntese de ATP.
À medida que os elétrons passam pela cadeia de transporte de elétron, grandes quantidades de
energia são liberadas. Essa energia é utilizada para bombear íons hidrogênio da matriz interna da
mitocôndria para dentro da câmara externa entre às membranas mitocondriais interna e externa (à
esquerda). Esse processo cria uma alta concentração de íons hidrogênio carregados positivamente
nessa câmara; também cria um forte potencial elétrico negativo na matriz interna.
A próxima etapa na fosforilação oxidativa é converter ADP em ATP. Essa conversão ocorre em
conjunto com uma grande molécula de proteína que se sobressai completamente através da
membrana mitocondrial interna e se projeta com uma cabeça em forma de botão para o interior da
matriz mitocondrial. Essa molécula é uma enzima ATPase. Essa enzima é chamada ATP sintetase. A
alta concentração de íons hidrogênio carregados positivamente na câmara externa e a grande
diferença de potencial elétrico através da membrana interna fazem com que os íons hidrogênio
flutuam para a matriz mitocondrial interna através da própria substância da molécula de ATPase. Ao
fazer isso, a energia derivada desse fluxo de íons hidrogênio é usada pela ATPase para converter
ADP em ATP combinando ADP a um radical fosfato iônico livre (Pi), adicionando, assim, outra
ligação fosfato de alta energia à molécula. A etapa final no processo é a transferência do ATP do
interior da mitocôndria de volta ao citoplasma da célula. Essa etapa ocorre por difusão facilitada para
fora, através da membrana interna e, em seguida, por difusão simples através da membrana
mitocondrial externa permeável. Por sua vez, o ADP é continuamente transferido em outra direção
para a sua conversão contínua em ATP. Para cada dois elétrons que passam por toda a cadeia de
transporte de elétrons (representando a ionização de dois átomos de hidrogênio), até três moléculas
de ATP são sintetizadas.
A liberação contínua de energia da glicose quando as células não precisam de energia seria um
processo de desperdício extremo. Em vez disso, a glicólise e a subsequente oxidação dos átomos de
hidrogênio são continuamente controladas de acordo com as necessidades celulares de ATP. Esse
controle é realizado por vários mecanismos de controle por feedback dentro do esquema químico.
Entre os mais importantes desses mecanismos estão os efeitos das concentrações celulares de ADP
e ATP no controle das taxas de reações químicas na sequência do metabolismo energético. Uma
forma importante pela qual o ATP ajuda a controlar o metabolismo energético é inibindo a enzima
fosfofrutoquinase. Como essa enzima promove a formação de frutose-1,6-difosfato, uma das etapas
iniciais na série de reações glicolíticas, o resultado efetivo do excesso de ATP celular é desacelerar
ou mesmo interromper a glicólise, que por sua vez interrompe a maior parte do metabolismo de
carboidratos. Por outro lado, o ADP (e também o AMP) causa a mudança oposta nessa enzima,
aumentando muito sua atividade. Sempre que o ATP é usado pelos tecidos como fonte de energia de
uma grande fração de quase todas as reações químicas intracelulares, essa ação reduz a inibição de
ATP da enzima fosfofrutoquinase, e ao mesmo tempo, aumenta sua atividade como resultado do
excesso de ADP formado. Assim, o processo glicolítico é iniciado, e as reservas celulares totais de
ATP se refazem. Outro elo de controle é o íon citrato formado no ciclo do ácido cítrico. Um excesso
desse íon também inibe fortemente a fosfofrutoquinase, evitando assim que o processo glicolítico
ultrapasse a capacidade do ciclo do ácido cítrico de usar o ácido pirúvico formado durante a glicólise.
Uma terceira forma pela qual o sistema ATP-ADP-AMP controla o metabolismo de carboidratos,
assim como controla a liberação de energia dos lipídios e proteínas, é a seguinte: sabendo das várias
reações químicas para liberação de energia, vemos que se todo o ADP na célula já tiver sido
convertido em ATP, um ATP adicional simplesmente não pode ser formado. Como resultado, toda a
sequência envolvida na utilização de alimentos – glicose, lipídios e proteínas – para formação de
ATP é interrompida. Então, quando o ATP é utilizado pela célula para fornecer energia para as
diferentes funções na célula, o ADP recém-formado e o AMP acionam novamente os processos de
energia, e o ADP e o AMP são quase instantaneamente devolvidos ao estado de ATP. Dessa forma,
essencialmente um armazenamento completo de ATP é mantido automaticamente, exceto durante
atividade celular extrema, como a prática de exercício físico muito extenuante.

Quando somamos o potencial máximo de energia do catabolismo de uma molécula de glicose


através de vias aeróbias, o total é de 30 a 32 ATP. Esses números são o potencial máximo, uma vez
que comumente a mitocôndria não trabalha com toda a sua capacidade. Há muitas razões para isso,
incluindo o fato de que um certo número de íons H+ escapa do espaço intermediário de volta para a
matriz mitocondrial sem produzir ATP. A segunda fonte de variabilidade no número de ATPs
produzidos por glicose vem das duas moléculas de NADH citosólico produzidas durante a glicólise.
Essas moléculas de NADH são incapazes de entrar na mitocôndria e devem transferir seus elétrons
através de transportadores de membrana. Dentro de uma mitocôndria, alguns desses elétrons vão
para o FADH2, o qual tem uma média de rendimento de somente 1,5 ATP, em vez de 2,5 ATP
obtidos pelo NADH mitocondrial. Se elétrons citosólicos vão para o NADH, eles produzem duas
moléculas de ATP.

Objetivo 5: Caracterizar glicólise aeróbica e anaeróbia.


GLICÓLISE AERÓBICA: a produção de ATP é a mesma que aquela da glicólise anaeróbia, ou seja,
um ganho líquido de dois ATPs por molécula de glicose. Duas moléculas de NADH são também
produzidas para cada molécula de glicose. A continuidade da glicólise aeróbia requer a oxidação da
maior parte desse NADH pela CTE, produzindo aproximadamente três ATPs para cada molécula de
NADH que chega à cadeia. Glicólise que ocorre na respiração celular.
GLICÓLISE ANAERÓBICA: O metabolismo da glicose assume que as células têm oxigênio suficiente
para manter o funcionamento do sistema de transporte de elétrons. Contudo, o que acontece a uma
célula cujo suprimento de oxigênio não pode manter o ritmo com a sua demanda de ATP, como
muitas vezes acontece durante o exercício extenuante? Nesse caso, o metabolismo da glicose muda
de aeróbio para o metabolismo anaeróbio, a partir de piruvato.

Dependendo da necessidade de uma célula e do conteúdo de oxigênio, o piruvato pode ser levado
ao ciclo do ácido cítrico ou para a produção de lactato até que o oxigênio aumente. A conversão de
piruvato em lactato transforma um NADH novamente em NAD+, quando um átomo de hidrogênio e
um elétron são transferidos para a molécula de lactato. Como resultado, o rendimento líquido do
metabolismo anaeróbio de uma glicose é de ATP e 0 NADH, um rendimento inferior, comparado aos
30 a 32 ATP/glicose que resultam do metabolismo aeróbio. A baixa eficiência do metabolismo
anaeróbio limita bastante a sua utilidade na maioria das células dos vertebrados, cuja demanda de
energia metabólica é maior do que o metabolismo anaeróbio pode fornecer. Algumas células, como
as células do músculo em exercício, podem tolerar o metabolismo anaeróbio por um período limitado
de tempo. Eventualmente, no entanto, elas precisam voltar ao metabolismo aeróbio.

Quando o oxigênio se torna insuficiente ou indisponível, a fosforilação oxidativa não pode ocorrer.
Mesmo nessas condições, uma pequena quantidade de energia pode ser liberada para as células
pelo estágio da glicólise da degradação dos carboidratos, pois as reações para a quebra da glicose
em ácido pirúvico não necessitam de oxigênio. Essa liberação de energia glicolítica para as células,
que é chamada de energia anaeróbica, pode salvar a vida durante alguns minutos, em situações nas
quais o oxigênio está indisponível. A lei de ação das massas afirma que, à medida que os produtos
finais da reação química se acumulam em um meio reagente, a taxa da reação diminui,
aproximando-se de zero. Os dois produtos finais das reações glicolíticas são (1) ácido pirúvico e (2)
átomos de hidrogênio combinados com NAD+ para formar NADH e H+. O acúmulo de uma ou de
ambas as substâncias seria capaz de parar o processo glicolítico e impedir ainda mais a formação de
ATP. Quando suas quantidades se tornam excessivas, esses dois produtos reagem um com o outro
para formar ácido láctico, de acordo com a seguinte equação:

Assim, em condições anaeróbicas, a maior parte do ácido pirúvico é convertida em ácido láctico, que
se difunde prontamente das células para os líquidos extracelulares e até mesmo para os líquidos
intracelulares de outras células menos ativas. Portanto, o ácido láctico representa um sumidouro no
qual os produtos finais da glicólise podem desaparecer, permitindo assim que a glicólise prossiga
além do que seria possível de outra forma. Na verdade, a glicólise poderia prosseguir por apenas
alguns segundos sem essa conversão, mas ela pode prosseguir por vários minutos, fornecendo ao
corpo considerável quantidades extras de ATP, mesmo na ausência de oxigênio respiratório. Quando
uma pessoa começa a respirar oxigênio novamente após um período de metabolismo anaeróbico, o
ácido láctico é rapidamente reconvertido em ácido pirúvico e NADH e H+. Grandes porções dessas
substâncias são imediatamente oxidadas para formar grandes quantidades de ATP. Esse excesso de
ATP devolve até 75% do excesso restante de ácido pirúvico para ser convertido de volta em glicose.
Assim, a grande quantidade de ácido láctico que se forma durante a glicólise anaeróbica não é
perdida do corpo porque, quando o oxigênio está disponível novamente, o ácido láctico pode ser
reconvertido em glicose ou usado diretamente como fonte de energia. A maior parte dessa
reconversão ocorre, principalmente, no fígado, mas uma pequena quantidade também pode ocorrer
em outros tecidos. O músculo cardíaco é especialmente capaz de converter ácido láctico em ácido
pirúvico e, em seguida, empregar o ácido pirúvico como fonte de energia. Esse processo ocorre,
principalmente, durante a realização de exercícios físicos intensos, quando grandes quantidades de
ácido láctico são liberadas no sangue pelos músculos esqueléticos e consumidos como uma fonte de
energia extra pelo coração.
A formação do lactato é o principal destino do piruvato no cristalino e na córnea do olho, na medula
renal, nos testículos, nos leucócitos e nos eritrócitos, pois todos eles apresentam-se pobremente
vascularizados e/ou privados de mitocôndrias.
No músculo esquelético em exercício, a produção de NADH excede a capacidade oxidativa da
cadeia respiratória. Isso resulta em aumento na razão NADH/NAD+, favorecendo a redução de
piruvato a lactato. Portanto, durante o exercício intenso, o lactato se acumula no músculo, causando
diminuição no pH intracelular, podendo levar à cãibras. Muito desse lactato acabará se difundindo
para a corrente sanguínea, podendo ser utilizado pelo fígado para produzir glicose. O sentido da
reação da lactato-desidrogenase depende das concentrações intracelulares relativas de piruvato e
lactato e da razão NADH/NAD+ na célula. Por exemplo no fígado e no coração, a razão NADH/NAD+
é mais baixa que no músculo em exercício, Esses tecidos oxidam lactato (obtido a partir do sangue),
produzindo piruvato. No fígado, o piruvato pode ser convertido em glicose, pela gliconeogênese, ou
oxidado no ciclo do ácido cítrico. O músculo cardíaco oxida o lactato a CO2 e H2O, via ciclo do ácido
cítrico.

Objetivo 6: Caracterizar glicogênese, glicogenólise e gliconeogênese e a utilização do


glicogênio hepático e muscular.
A homeostasia da glicose é mantida por meio do catabolismo de conversão de glicogênio, proteínas
e gorduras em intermediários que podem ser utilizados para a produção de glicose ou de ATP.
Utilizar proteínas e gorduras para a síntese de ATP poupa a glicose plasmática para ser utilizada
pelo encéfalo.
GLICOGÊNESE: é a síntese de glicogênio a partir da glicose. A capacidade de armazenamento de
glicogênio é bastante limitada, o que leva o organismo a estocar quantidades excessivas de glicose
na forma de gordura por meio da lipogênese. Quando as células que armazenam o glicogênio
(principalmente células hepáticas e musculares) aproximam-se da saturação de glicogênio, a glicose
adicional é convertida em lipídios no fígado e nas células adiposas e é armazenada como gordura
nos adipócitos. O glicogênio é um polímero de glicose, formado pela ligação de diversas moléculas
individuais de glicose ligadas entre si em uma cadeia ramificada. Os grânulos de glicogênio
apresentam-se de forma insolúvel no citosol das células. A glicose-6-fosfato pode se tornar glicose-1-
fosfato; essa substância é convertida em difosfato de uridina glicose, que finalmente é convertida em
glicogênio. Diversas enzimas específicas são necessárias para promover essas conversões, e
qualquer monossacarídeo que possa ser convertido em glicose pode entrar nessas reações. Certos
compostos menores, incluindo ácido láctico, glicerol, ácido pirúvico e alguns aminoácidos
desaminados, também podem ser convertidos em glicose, ou compostos intimamente relacionados, e
então convertidos em glicogênio.
GLICOGENÓLISE: conversão de glicogênio em glicose. Ocorre quando as concentrações
plasmáticas de glicose são reduzidas. O corpo mantém as concentrações plasmáticas de glicose em
níveis bastante precisos, utilizando-se do balanço entre metabolismo oxidativo, glicogênese,
glicogenólise e lipogênese. Na glicogenólise, o glicogênio é quebrado em glicose ou em glicose-6-
fosfato. A maior parte do glicogênio é convertida à glicose-6-fosfato em uma reação que separa a
molécula de glicose do polímero de glicogênio, que ocorre com o auxílio de fosfatos inorgânicos
obtidos no citosol. Somente cerca de 10% dos estoques de glicogênio são hidrolisados a moléculas
de glicose pura.

Glicogenólise significa a quebra do glicogênio celular armazenado para formar novamente glicose
nas células. A glicose pode então ser usada para fornecer energia. A glicogenólise não ocorre pela
reversão das mesmas reações químicas que formam glicogênio; em vez disso, cada molécula de
glicose sucessiva, em cada ramo do polímero de glicogênio, se divide por fosforilação, catalisada
pela enzima fosforilase. Em condições de repouso, a fosforilase está em uma forma inativa e,
portanto, o glicogênio permanece armazenado. Quando é necessário formar glicose novamente a
partir do glicogênio, a fosforilase deve primeiramente ser ativada. Essa ativação pode ser realizada
de várias maneiras, incluindo a ativação pela adrenalina ou pelo glucagon. Dois hormônios,
adrenalina e glucagon, podem ativar a fosforilase e, assim, causar glicogenólise rápida. O efeito
inicial de cada um desses hormônios é promover formação de AMP cíclico nas células, que então
inicia uma cascata de reações químicas que ativa a fosforilase. A adrenalina é liberada pela medula
da glândula adrenal quando o sistema nervoso simpático é estimulado. Portanto, uma das funções do
sistema nervoso simpático é aumentar a disponibilidade de glicose para um metabolismo energético
rápido. Essa função da adrenalina ocorre de forma marcante nas células e músculos do fígado,
contribuindo assim (junto com outros efeitos da estimulação simpática) para a preparação do corpo
para a ação. O glucagon é um hormônio secretado pelas células alfa do pâncreas quando a
concentração de glicose no sangue cai muito. Estimula a formação de AMP cíclico principalmente
nas células do fígado, promovendo a conversão do glicogênio hepático em glicose e sua liberação no
sangue, elevando, assim, a concentração sanguínea de glicose.
GLICONEOGÊNESE: síntese da glicose a partir de fontes não glicídicas. Os aminoácidos são a
principal fonte de glicose pela via da gliconeogênese, mas o glicerol proveniente dos triacilgliceróis
também pode ser utilizado, como também o lactato, gerado pela glicólise anaeróbia. Tanto a
gliconeogênese quanto a glicogenólise são fontes de reserva de glicose importantes durante os
períodos de jejum. Durante o estado de jejum, os aminoácidos livres são normalmente usados como
fonte de obtenção de ATP. Se esse estado de jejum se prolonga por muito tempo, as proteínas
musculares são degradadas a aminoácidos para suprir a demanda energética. O primeiro passo do
catabolismo proteico é a digestão de a polipeptídeos menores por enzimas, as proteases.
Posteriormente, enzimas conhecidas como exopeptidases degradam as ligações terminais dos
polipeptídeos menores, permitindo a liberação de aminoácidos livres. Os aminoácidos podem ser
convertidos em intermediários que tanto participam da glicólise quanto do ciclo do ácido cítrico. A
primeira etapa desse processo de conversão é a desaminação, a qual remove o grupamento amino
do aminoácido.

A desaminação também promove a síntese de moléculas de amônia e de ácidos orgânicos. Alguns


dos ácidos orgânicos gerados nessa via são o piruvato e a acetil-CoA e diversos intermediários do
ciclo do ácido cítrico. Os ácidos orgânicos podem, então, entrar na via do metabolismo aeróbio para
produzir ATP. As moléculas de amônia (NH3) produzidas rapidamente se associam aos íons
hidrogênio (H+), convertendo-se em íons amônio (NH4+). Ambos são considerados tóxicos, porém
as células do fígado rapidamente convertem esses compostos em ureia (CH4N2O). A ureia é o
principal resíduo de nitrogênio do corpo e é excretada pelos rins. Se os estoques de glicogênio se
tornam baixos e a concentração de glicose plasmática é ameaçada, as proteínas podem ser
utilizadas para produzir glicose. No fígado, os aminoácidos ou o piruvato produzido a partir de
aminoácidos entram na via da glicólise. Essa via, então, volta a produzir glicose-6-fosfato e glicose
(gliconeogênese).
A gliconeogênese é especialmente importante na prevenção de reduções excessivas da
concentração de glicose no sangue durante o jejum. A glicose é o substrato primário de energia em
tecidos como o cérebro e as hemácias, e quantidades adequadas de glicose devem estar presentes
no sangue por várias horas entre as refeições. O fígado desempenha um papel fundamental na
manutenção dos níveis de glicose no sangue durante o jejum por meio da conversão de seu
glicogênio armazenado em glicose (glicogenólise) e por sintetizar glicose, principalmente a partir de
lactato e aminoácidos (gliconeogênese). Aproximadamente 25% da produção de glicose do fígado
durante o jejum é derivada da gliconeogênese, ajudando a fornecer um suprimento constante de
glicose ao cérebro. Durante jejum prolongado, os rins também sintetizam quantidades consideráveis
de glicose a partir de aminoácidos e outros precursores. Cerca de 60% dos aminoácidos nas
proteínas do corpo podem ser facilmente convertidos em carboidratos; os 40% restantes têm
configurações químicas que dificultam ou impossibilitam essa conversão. Cada aminoácido é
convertido em glicose por um processo químico ligeiramente diferente. Por exemplo, a alanina pode
ser convertida diretamente em ácido pirúvico, simplesmente por desaminação; o ácido pirúvico é
então convertido em glicose ou glicogênio armazenado. Vários dos mais complicados aminoácidos
podem ser convertidos em diferentes açúcares contendo três, quatro, cinco ou sete átomos de
carbono; eles podem então entrar na via do fosfogliconato e, eventualmente, formar glicose. Assim,
por meio de desaminação com diversas interconversões simples, muitos dos aminoácidos podem se
tornar glicose. Interconversões semelhantes podem transformar glicerol em glicose ou glicogênio.
UTILIZAÇÃO DO GLICOGÊNIO: os maiores e mais representativos estoques de glicogênio estão no
fígado e nos músculos esqueléticos.
O glicogênio no músculo esquelético fornece uma fonte imediata de energia para a contração
muscular, pode ser metabolizado em glicose, mas não diretamente. As células musculares, como a
maioria das outras células, não possuem a enzima que produz glicose a partir da glicose-6-fosfato.
Como resultado, a glicose-6-fosfato produzida a partir da glicogenólise no músculo esquelético é
metabolizada a piruvato (condições aeróbias) ou a lactato (condições anaeróbias). O piruvato e o
lactato são, então, transportados para o fígado, que os usa para produzir glicose via gliconeogênese.
O glicogênio hepático serve de substrato principal para a síntese de glicose no organismo,
principalmente em períodos entre as refeições (estados de jejum curtos). Sua função é manter a
concentração de glicose no sangue, especialmente durante o início do jeju. O fígado é o tecido alvo
primário do glucagon. O glucagon estimula a glicogenólise e a gliconeogênese para aumentar a
produção de glicose. Estima-se que, durante o jejum noturno, 75% da glicose produzida pelo fígado é
proveniente das reservas de glicogênio, e os 25% restantes, da gliconeogênese. Se uma refeição
contém só proteínas, mas não carboidratos, os aminoácidos absorvidos causam a secreção de
insulina. Embora nenhuma glicose tenha sido absorvida, a captação de glicose estimulada pela
insulina aumenta, e a concentração de glicose no plasma cai. A não ser que algo se oponha a esse
processo, o suprimento de combustível para o encéfalo é ameaçado pela hipoglicemia. A
cossecreção de glucagon nessa situação evita a hipoglicemia pela estimulação da produção de
glicose hepática. Desse modo, embora apenas aminoácidos tenham sido ingeridos, ambos, glicose e
aminoácidos, tornam-se disponíveis para os tecidos periféricos.
Objetivo 7: Caracterizar a via das pentoses e seu papel na transformação de glicose em lipídio
no acúmulo de gordura.
VIA DAS PENTOSES: é um mecanismo para quebra e oxidação da glicose. A via das pentoses-
fosfato é uma via alternativa para o metabolismo da glicose. Essa via não leva à formação de
trifosfato de adenosina (ATP), porém desempenha duas funções importantes: (1) a formação de
fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina (NADPH) para a síntese de ácidos graxos e
esteroides e a manutenção de glutationa reduzida para atividade antioxidante, e (2) a síntese de
ribose para a formação de nucleotídeos e ácidos nucleicos. Essa via é especialmente importante
porque pode fornecer energia independentemente de todas as enzimas do ciclo do ácido cítrico e,
portanto, é uma via alternativa para o metabolismo energético quando certas anormalidades
enzimáticas aparecem nas células. Tem uma capacidade especial para fornecer energia a diversos
processos de síntese celular. A glicose, durante várias etapas de conversão, pode liberar uma
molécula de dióxido de carbono e quatro átomos de hidrogênio, com a resultante formação de açúcar
com cinco carbonos, a D-ribulose. Essa substância pode mudar progressivamente em vários outros
açúcares com cinco, quatro, sete e três carbonos. Finalmente, várias combinações desses açúcares
podem ressintetizar a glicose. No entanto, apenas cinco moléculas de glicose são ressintetizadas
para cada seis moléculas de glicose que entram inicialmente nas reações. A via das pentoses fosfato
é processo cíclico em que uma molécula de glicose é metabolizada para cada revolução do ciclo.
Assim, ao repetir o ciclo continuamente, toda a glicose pode eventualmente ser convertida em
dióxido de carbono e hidrogênio, e o hidrogênio pode entrar na via da fosforilação oxidativa para
formar ATP; mais frequentemente, no entanto, é utilizada para a síntese de lipídeos ou outras
substâncias. À semelhança da glicólise, as enzimas da via das pentoses-fosfato são citosólicas.
Diferentemente da glicólise, a oxidação ocorre por meio de desidrogenação, utilizando o NADP+, e
não o NAD+, como aceptor de hidrogênio. A sequência de reações da via pode ser dividida em duas
fases: uma fase oxidativa irreversível e uma fase não oxidativa reversível. Na primeira fase, a
glicose-6-fosfato passa por desidrogenação e descarboxilação para formar uma pentose, a ribulose-
5-fosfato. Na segunda fase, a ribulose-5-fosfato é convertida de volta em glicose-6-fosfato por uma
série de reações envolvendo principalmente duas enzimas: a transcetolase e a transaldolase.
Embora a glicose-6-fosfato seja comum a ambas as vias, a via das pentoses-fosfato é marcadamente
diferente da glicólise. A oxidação utiliza o NADP+, em vez do NAD+, e ocorre produção de CO2, que
não é produzido na glicólise. Não há geração de ATP na via das pentoses-fosfato, mas esse
composto é um importante produto da glicólise.
O hidrogênio liberado durante o ciclo da pentose fosfato não se combina com NAD+ como na via
glicolítica, mas combina com nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP+), que é quase
idêntico ao NAD+ exceto por um radical fosfato extra, P. Essa diferença é extremamente significativa
porque apenas o hidrogênio ligado à NADP+ na forma de NADPH pode ser utilizado para a síntese
de lipídeos a partir de carboidratos. Quando a via glicolítica para a produção de glicose diminui, a via
das pentose fosfato continua em funcionamento (principalmente no fígado) para fazer a degradação
de qualquer excesso de glicose que continue a ser transportado para dentro das células, e a NADPH
torna-se abundante para ajudar a converter a acetil-CoA, também derivado da glicose, em ácidos
graxos de cadeias longas. Essa é outra maneira pela qual a energia na molécula de glicose é usada,
além da formação de ATP, neste caso, para formação e armazenamento de lipídeos no corpo. As
reações oxidativas da via das pentoses-fosfato constituem a principal fonte de hidrogênio necessário
para a síntese redutora dos ácidos graxos. De modo significativo, os tecidos especializados na
lipogênese ativa – isto é, o fígado, o tecido adiposo e a glândula mamária em lactação – também
possuem uma via ativa das pentoses-fosfato. Além disso, ambas as vias metabólicas são
encontradas no citosol da célula; dessa maneira, não existem membranas nem barreiras de
permeabilidade contra a transferência do NADPH. O excesso de carboidratos é armazenado na
forma de gordura em muitos animais para prevenção em períodos de deficiência calórica, como jejum
prolongado, hibernação, etc., bem como para fornecer a energia necessária entre as refeições,
incluindo os seres humanos, que se alimentam em intervalos espaçados. A lipogênese converte a
glicose e os intermediários excedentes, como piruvato, lactato e acetil-CoA, em gordura, auxiliando
na fase anabólica desse ciclo alimentar.

O outro produto essencial gerado na via das pentoses fosfato é a ribose 5-fosfato, que faz parte das
estruturas químicas dos nucleotídeos (RNA, DNA, ATP) e coenzimas como NAD+/NADH,
NADP+/NADPH, FAD/FADH2 e coenzima Q. A via das pentoses fosfato é composta por duas fases:
a oxidativa e não oxidativa. Na fase oxidativa ocorre a oxidação de 6 moléculas de glicoses 6-fosfato
com formação de 6 moléculas NADPH, oxidação de 6 moléculas 6P-gliconato com formação de mais
6 moléculas NADPH e liberação de 6 moléculas dióxido de carbono e geração de 6 moléculas
ribuloses 5-fosfato, que posteriormente se transformam em 6 ribose 5-fosfato. Na fase não oxidativa,
parte das ribuloses 5-fosfato continua a se isomerisar a ribose 5-P e parte se epimerisa a xilulose 5-
P. Estas 2 pentoses fosfato reciclam e regeneram 5 moléculas glicoses 6-fosfato, permitindo a
formação contínua de NADPH.

Objetivo 8: Caracterizar os tipos de desnutrição e suas consequências.


DESNUTRIÇÃO: A desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma
deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais.
Pode-se entender a desnutrição como uma doença de origem complexa e de múltiplas
causas. Ela decorre da carência de nutrientes necessários para que o organismo realize seu
metabolismo fisiológico. A desnutrição pode se apresentar de diversas maneiras, devido à
variedade de suas manifestações clínicas. A desnutrição pode apresentar caráter primário ou
secundário, dependendo da causa que a promoveu.
Desnutrição primária: A pessoa come pouco ou“mal”. Ou seja, tem uma alimentação quantitativa ou
qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes.
Desnutrição secundária: A ingestão de alimentos não é suficiente porque as necessidades
energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator não relacionado diretamente ao alimento.
Exemplos: presença de verminoses, câncer, anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e
absorção deficiente de nutrientes. A gravidade da desnutrição pode ser classificada segundo critérios
de Gomez, em 1º, 2º e 3º graus, conforme a perda de peso apresentada pela criança. Desnutrição
de 1º grau ou leve - o percentil fica situado entre 10 e 25% abaixo do peso médio considerado
normal para a idade. Desnutrição de 2º grau ou moderada - o déficit situa-se entre 25 e 40 %.
Desnutrição de 3º grau ou grave - a perda de peso é igual ou superior a 40%, ou desnutridos que
já apresentem edema, independente do peso.
A classificação de Waterlow baseia-se nos índices de estatura/idade (E/I) e peso/ estatura (P/E). É
preconizada para crianças de 2 a 10 anos de idade.

A classificação da OMS pode ser empregada para crianças independente da faixa etária.
A desnutrição é classificada em relação a intensidade, duração e tipo. A intensidade define a
gravidade do quadro clínico; a duração determina se é aguda ou crônica; e os tipos identificam a
origem da deficiência, se energética ou proteica (Marasmo e Kwashiorkor). Destaca-se como o fator
etiológico mais importante o baixo nível socioeconômico, associado as más condições ambientais e
baixa escolaridade. A Desnutrição Energético Proteica (DEP) é bastante frequente nas crianças de
classe econômica baixa, devido ao pouco acesso diário aos nutrientes essenciais para manutenção
do corpo, principalmente as proteínas, que se não consumidas na quantidade adequada, poderá
levar a atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. As principais formas clínicas dessa
desnutrição são o Marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor marasmático.
O Marasmo é uma desnutrição energético-proteica que ocorre pelo déficit grave de calorias e
nutrientes, levando a alterações graves na estrutura do paciente com perda de peso, massa
muscular e gordura subcutânea, até quadros severos de desidratação. Além disso, podemos notar
redução na curva de crescimento, alterações capilares como perda de cabelos, que se tornam finos,
quebradiços e descoloridos, e a criança fica mais irritadiça e apática, com face de velho.

Já o Kwashiorkor, é uma desnutrição predominantemente proteica que gera sinais e sintomas típicos
da falta de proteínas no organismo humano, como o acúmulo de líquidos em espaços livres, levando
a distensão abdominal (ascite). Outras características desse paciente é a hepatomegalia associada
com a esteatose hepática, lesões típicas de pele, e face de lua cheia.

O Kwashiorkor marasmático trata-se de uma mistura de quadros de desnutrição energética e


energético-proteica, em que o paciente irá apresentar características do Marasmo como o edema, e
de Kwashiorkor com perda do tecido subcutâneo e peso, este inferior ao percentil -3. Outra
característica dessa disfunção endócrina, é que com o tratamento eficaz, o paciente irá regredir seus
sintomas de Kwashiorkor, e predominará apenas os sintomas marasmáticos.
A inanição é a manifestação mais extrema da desnutrição proteico-energética. Ela é causada por
uma falta parcial ou total de nutrientes essenciais durante um longo período. Ela geralmente ocorre
porque não há alimentos disponíveis (por exemplo, durante uma época de fome), mas
ocasionalmente, ela ocorre quando há alimentos disponíveis (por exemplo, quando a pessoa fica de
jejum ou tem anorexia nervosa).
CONSEQUÊNCIAS: A desnutrição leva a uma série de alterações na composição corporal e no
funcionamento normal do organismo. Quanto mais grave for o caso, maiores e também mais graves
serão as repercussões orgânicas. As principais alterações são:
■ Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física.
■ Emagrecimento: peso inferior a 60% ou mais do peso ideal (adultos) ou do peso normal (crianças).
■ Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento.
■ Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste.
■ Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor (fica mais claro), a pele descasca e fica
enrugada.
■ Alterações sangüíneas, provocando, dentre elas, a anemia.
■ Alterações ósseas, como a má formação.
■ Alterações no sistema nervoso: estímulos nervosos prejudicados, número de neurônios diminuídos,
depressão, apatia.
■ Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático,
intestinal etc. A pessoa desnutrida fica mais sujeita a infecções, por causa da perda muscular e,
especialmente, da queda nas defesas corporais. Todos esses problemas são mais graves nas
crianças de 0 a 5 anos de idade, porque elas são mais vulneráveis biologicamente e mais
dependentes do ponto de vista social e econômico. Convém lembrar ainda que nesse período da
vida o crescimento e desenvolvimento físico e mental são muito acentuados. Outros efeitos da
desnutrição são o aumento da morbidade e da mortalidade, além de hospitalização e convalescência
prolongadas. Uma população desnutrida representa também maiores gastos em saúde para o país,
desde os cuidados primários até a internação. Além disso, é mais difícil para essa população
conseguir emprego, o que acarreta problemas socioeconômicos que podem agravar ainda mais o
quadro da desnutrição em todo o país, gerando um ciclo vicioso.

A desnutrição, em qualquer das suas formas, está associada à morte de 56% das crianças menores
de 5 anos nos países em desenvolvimento. Devido ao alto risco de morte, as crianças com
desnutrição grave devem ser adequadamente diagnosticadas e necessitam de internação hospitalar
até que este risco diminua e ela possa, então, ser acompanhada em outros níveis de atenção à
saúde, inclusive em seu domicílio.

Objetivo 9: Conceituar IMC e sua


classificação e como ocorre seu uso
(aplicabilidade).
IMC (índice de massa corporal).

Superobesidade > ou = 50 - 59,9.


Super-superobesidade > ou = 60.

Tabela para adultos.


Na infância tem uma curva para IMC.

É um método bastante simples de se estimar o total de energia acumulada. Embora seja uma
mensuração simplista, podemos dizer que, quando a energia ingerida excede o gasto calórico, uma
pessoa ganha peso corporal. De forma contrária, se a energia utilizada excede a quantidade de
energia ingerida, o corpo utiliza-se de suas reservas para atender a demanda e, consequentemente,
a pessoa perde peso. O cálculo do IMC não distingue a quantidade de massa gorda e massa magra,
no entanto, e, nesse sentido, atletas altamente treinados, incluindo jogadores de futebol e
halterofilistas, podem ter valores distorcidos de IMC, fazendo-os parecer obesos. A discrepância está
no fato de que a massa muscular e a massa gorda apresentam volumes diferentes no organismo. Os
cálculos e tabelas-padrão de IMC também não diferenciam os indivíduos por idade, gênero e etnia.
Por exemplo, dados mundiais indicam que asiáticos com IMC normal para o peso podem estar com
elevado risco de doenças crônicas. Dessa forma, os pesquisadores têm sugerido que o índice de
massa gorda (massa gorda/altura 2) é um melhor indicador de saúde que o IMC. A obesidade
geralmente é definida como 25% ou mais de gordura corporal total em homens e 35% ou mais, em
mulheres. O impacto adverso da obesidade sobre o risco de vários distúrbios como cirrose,
hipertensão, infarto, acidente vascular cerebral e doença renal parece estar mais intimamente
associado com o aumento da adiposidade visceral (abdominal) do que com aumento do
armazenamento de gordura subcutânea, ou armazenamento de gordura nas partes inferiores do
corpo, como os quadris. Portanto, muitos médicos medem a circunferência da cintura ou diâmetro
abdominal sagital como indicadores da obesidade abdominal.

Objetivo 10: Compreender o desequilíbrio entre ingestão e gasto energético.


Equilíbrio energético POSITIVO: quando o consumo excede o gasto energético.
Equilíbrio energético NEGATIVO: quando o gasto excede o consumo energético.
Equilíbrio ISOENERGÉTICO: quando o gasto e o consumo de energia estão iguais.
Podemos aplicar o conceito de balanço de massas ao equilíbrio de energia: em que mudanças nos
estoques de energia corporal resultam na diferença entre a energia posta no sistema e a energia
utilizada.
Total de energia corporal = energia estocada + energia ingerida – energia gasta.
A entrada de energia nos seres humanos consiste na energia contida nos nutrientes que comemos,
digerimos e absorvemos. A saída de energia é a combinação do trabalho realizado e da energia
devolvida ao meio externo como calor.
Energia gasta = trabalho +calor
O trabalho pode ser de três tipos:
1. Trabalho de transporte: move moléculas de um lado de uma membrana para outro. Os
processos de transporte levam materiais para dentro e para fora do corpo e os transferem
entre os compartimentos.
2. Trabalho mecânico: utiliza as fibras e os filamentos intracelulares para criar movimento. Essa
forma de trabalho inclui trabalho externo, como o movimento criado pela contração do
músculo esquelético, e trabalho interno, como o movimento das vesículas citoplasmáticas e o
bombeamento do coração.
3. Trabalho químico: usado para o crescimento, a subsistência e o armazenamento de
informações e energia. Ele pode ser dividido em síntese e armazenamento. No
armazenamento de curto prazo, ocorrem as ligações fosfato de alta energia, como o ATP e
na energia estocada de longo prazo, tem-se o glicogênio e a gordura.

Para estabelecer um equilíbrio de energia para o corpo humano, devemos ser capazes de estimar
tanto a energia contida nos alimentos (entrada de energia) quanto a energia gasta na perda de calor
e nos vários tipos de trabalho. O calor liberado é uma medida direta do conteúdo energético do
alimento queimado e, em geral, é medido em quilocalorias. Uma quilocaloria é a quantidade de calor
necessária para elevar a temperatura de 1kg de água em 1°C. O método mais comum para estimar o
gasto energético, ou taxa metabólica, é determinar o consumo de oxigênio da pessoa, a taxa na qual
o corpo consome oxigênio à medida que metaboliza os nutrientes. Outro método para estimar a taxa
metabólica é a medição da produção de dióxido de carbono, sozinho ou combinado com o consumo
de oxigênio. Essa taxa de CO2 produzida a partir do O2 consumido é conhecida como quociente
respiratório (QR). Entre os fatores que influenciam a taxa metabólica estão: idade e sexo, quantidade
de massa muscular magra, nível de atividade, dieta, hormônios e genética. Uma pessoa pode
voluntariamente controlar apenas dois: a entrada de energia e o nível de atividade física.
Quando entram no corpo maiores quantidades de energia (na forma de alimentos) mais do que são
gastas, o peso corporal aumenta, e a maior parte do excesso de energia é armazenada como
gordura. Portanto, a adiposidade excessiva (obesidade) é causada pela ingestão superior à demanda
energética.
Mecanismos de feedback para o controle da
ingestão alimentar. O estiramento dos receptores gástricos ativa as vias sensoriais aferentes do
nervo vago, inibindo a ingestão alimentar. O peptídio YY (PYY), a colecistoquinina (CCK) e a insulina
são hormônios gastrointestinais liberados pela ingestão de comida, suprimindo a alimentação
adicional. A grelina é liberada pelo estômago, em particular durante o jejum, estimulando o apetite. A
leptina é um hormônio produzido em quantidades crescentes pelos adipócitos à medida que eles
aumentam de tamanho, inibindo a ingestão de alimentos.
Controle do equilíbrio energético pelos dois tipos de neurônios do núcleo arqueado: (1) neurônios
pró-opiomelanocortina (POMC), que liberam o hormônio estimulante de α-melanócito (α-MSH) e o
peptídio transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART), reduzindo a ingestão alimentar e
aumentando o gasto energético e (2) neurônios que produzem a proteína relacionada a agouti
(AGRP) e o neuropeptídio Y (NPY), aumentando a ingestão alimentar e reduzindo o gasto
energético. O α-MSH liberado pelos neurônios POMC estimula os receptores da melanocortina
(MCR-3 e MCR-4) nos núcleos paraventriculares (NPV), que então ativam as vias neuronais que se
projetam para o núcleo do trato solitário (NTS), aumentando a atividade simpática e o gasto
energético. O AGRP atua como um antagonista do MCR-4. Insulina, leptina e colecistoquinina (CCK)
são hormônios que inibem os neurônios AGRP-NPY e estimulam os neurônios POMC-CART
adjacentes, reduzindo a ingestão alimentar. A grelina, um hormônio secretado pelo estômago, ativa
os neurônios AGRP-NPY, estimulando a ingestão de alimentos. LepR, receptor leptínico; Y1R,
receptor do neuropeptídio Y1.

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