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Os carboidratos com um aldeído como seu grupo funcional mais oxidado são denominados aldoses,
enquanto aqueles com um grupo cetona como seu grupo funcional mais oxidado são denominados
cetoses.
ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS: apenas uma pequena fração dos carboidratos é absorvida
como dissacarídeos e quase nenhuma é absorvida como compostos maiores de carboidratos. A
glicose é responsável por 80% das calorias absorvidas dos carboidratos, pois é o produto final da
digestão dos amidos, carboidrato mais abundante. Os 20% restantes são quase inteiramente de
galactose e frutose. Praticamente todos os monossacarídeos são absorvidos por um processo de
transporte ativo secundário.
Absorção da glicose: na ausência de transporte de sódio através da membrana intestinal,
praticamente nenhuma glicose pode ser absorvida, porque a absorção de glicose ocorre em um
modo de cotransporte com transporte ativo de sódio. O transporte de glicose e de sódio através da
membrana intestinal ocorre em duas etapas. O primeiro é o transporte ativo de íons sódio através
das membranas basolaterais das células epiteliais intestinais para o líquido intersticial, esgotando o
sódio dentro das células epiteliais. Segundo, uma diminuição do sódio dentro das células faz com
que o sódio de lúmen intestinal se mova através da borda em escova das células epiteliais para o
interior das células por um processo de transporte ativo secundário. Ou seja, um íon sódio se
combina com uma proteína de transporte, o SGLT1, que não transportará sódio para o interior da
célula até que o SGLT1 também se combine com a glicose. A glicose intestinal também se combina
simultaneamente com o SGLT1, e tanto o íon sódio quanto a molécula de glicose são transportados
juntos para o interior da célula. Assim, a baixa concentração de sódio dentro da célula arrasta o sódio
para o interior dela, e a glicose é arrastada junto junto com ele. Uma vez dentro da célula epitelial,
outra proteína de transporte, o transportador de glicose 2 (GLUT2) facilita a difusão da glicose
através da membrana basolateral da célula para o espaço paracelular e, então, para o sangue. É o
transporte ativo inicial de sódio através das membranas basolaterais das células epiteliais intestinais
que fornece a força eventual para mover a glicose também através das membranas.
Outros monossacarídeos, como a galactose, é transportada quase exatamente pelo mesmo
mecanismo da glicose, usando os transportadores SGLT1 e GLUT2 para atravessar as membranas
luminal e basolateral, respectivamente. O transporte da frutose não ocorre pelo mecanismo de
cotransporte de sódio. Em vez disso, a frutose é transportada por difusão por todo o epitélio
intestinal, e não associada ao transporte de sódio. O transporte de frutose do lúmen intestinal para o
interior da célula é facilitado pelo GLUT5, e a saída da frutose da célula para o espaço paracelular é
facilitada pelo GLUT2. Parte da frutose, ao entrar na célula, torna-se fosforilada. Em seguida, é
convertida em glicose e finalmente transportada na forma de glicose pelo resto do caminho para o
sangue. Como a frutose não é cotransportada com o sódio, sua taxa geral de transporte á apenas
cerca de metade da de glicose ou de galactose.
Na maioria das células, a glicose é o principal substrato metabólico para a respiração aeróbia e é
imediatamente fosforilada quando entra na célula. No entanto, o metabolismo dos enterócitos (e
células dos túbulos proximais) aparentemente difere da maioria das outras células. Estas células
transportadoras epiteliais não usam glicose como fonte preferencial de energia. Estudos atuais
indicam que essas células usam o aminoácido glutamina como sua principal fonte de energia,
permitindo, assim, que a glicose absorvida passe inalterada para a circulação sanguínea.
Após a absorção a partir do trato intestinal, grande parte da frutose e quase toda a galactose é
rapidamente convertida em glicose no fígado. Portanto, pouca frutose e galactose estão presentes no
sangue circulante. A glicose torna-se, assim, a última via comum para o transporte de quase todos os
carboidratos às células. Nas células do fígado, enzimas apropriadas estão disponíveis para promover
interconversões entre os monossacarídeos – glicose, frutose e galactose. Além disso, a dinâmica das
reações é tal que, quando o fígado libera monossacarídeos de volta para o sangue, o produto final é
quase inteiramente glicose. A razão para isso é que as células do fígado contêm grandes
quantidades de glicose fosfatase. Portanto, a glicose-6-fosfato pode ser degradada em glicose e
fosfato, e a glicose pode, então, ser transportada através da membrana das células hepáticas de
volta ao sangue.
Objetivo 4: Descrever o processo de respiração celular a partir dos carboidratos.
A utilidade das vias metabólicas como fornecedora de energia muitas vezes é medida em termos de
quantidade líquida de ATP que as vias podem produzir. O ATP é um nucleotídeo contendo três
grupamentos fosfato.
Um dos três grupos fosfato é ligado ao ADP por uma ligação covalente em uma reação que requer
energia. A energia é armazenada nesta ligação fosfato rica em energia e, após, liberada quando a
ligação é rompida durante a remoção do grupo fosfato.
Os últimos dois radicais de fosfato estão conectados com o restante da molécula por meio de
ligações de alta energia, que são indicadas pelo símbolo ~. A quantidade de energia livre em cada
uma dessas ligações de alta energia por mol de ATP é cerca de 7.300 calorias sob condições padrão
e cerca de 12.000 calorias sob as condições usuais de temperatura e concentrações dos reagentes
no organismo. Portanto, no organismo, a remoção de cada um dos dois últimos radicais de fosfato
libera cerca de 12.000 calorias de energia. Após a perda de um radical fosfato do ATP, o composto
se torna ADP, e após a perda do segundo radical fosfato, torna-se monofosfato de adenosina (AMP).
As interconversões entre ATP, ADP e AMP são as que seguem:
O ATP é mais importante como carregador de energia do que como molécula armazenadora de
energia, uma vez que as células podem conter apenas uma quantidade limitada de ATP. Um ser
humano adulto em repouso precisa 40kg de ATP para suprir a energia necessária para sustentar um
dia de atividade metabólica, muito mais do que as nossas células poderiam armazenar. Em vez
disso, o corpo obtém a maior parte da necessidade diária de energia a partir das ligações químicas
de biomoléculas complexas. As reações metabólicas transferem a energia de ligação química para o
ATP, ou, em poucos casos, para o nucleotídeo relacionado, trifosfato de guanosina, GTP. As vias
metabólicas que rendem a maior quantidade de ATP são as que requerem oxigênio - as vias
aeróbias, ou oxidativas.
Antes que a glicose possa ser usada pelas células do corpo, ela deve ser transportada através da
membrana celular para o interior do citoplasma. A glicose não pode se difundir espontaneamente
através dos poros da membrana, pois tem peso molecular 180, que é alto, e assim não ocorre
difusão imediata. A glicose então passa para o interior da célula por difusão facilitada. Na matriz
lipídica da membrana celular existe um grande número de moléculas carreadoras de proteínas que
podem se ligar à glicose. Ela é transportada de um lado a outro da membrana, sendo então liberada.
Portanto, diferente do que ocorre nas células intestinais, onde a glicose é transportada por
cotransporte sódio-glicose, nas outras células, o transporte ocorre por difusão facilitada. A taxa de
transporte da glicose aumenta na maioria das células devido à presença de insulina. Quando
grandes quantidades de insulina são secretadas pelo pâncreas, a taxa de transporte da glicose para
a maioria das células aumenta para 10 ou mais vezes quando comparada com a não secreção de
insulina. As quantidades de glicose podem se difundir para o interior da maioria das células na
ausência de insulina, com exceção das células do fígado, das hemácias e do cérebro, são muito
pequenas para fornecer a quantidade de glicose normalmente necessária para o metabolismo
energético. A taxa de utilização dos carboidratos pela maioria das células é controlada pela secreção
de insulina pelo pâncreas e pela sensibilidade dos vários tecidos aos efeitos da insulina no transporte
de glicose.
Imediatamente após a entrada na célula, a glicose se liga a um radical fosfato de acordo com a
reação:
A produção aeróbia de ATP a partir da glicose geralmente segue duas vias: glicólise e ciclo do ácido
cítrico. Os carboidratos entram na glicólise na forma de glicose. Tanto a glicólise quanto o ciclo de
Krebs produzem pequenas quantidades de ATP diretamente, porém a sua maior contribuição para
síntese de ATP á armazenar energia nos elétrons carreados pelo NADH e FADH2. Esses compostos
transferem os elétrons para o sistema de transporte de elétrons (STE) na mitocôndria. O sistema
então utiliza a energia desses elétrons para produzir a ligação de alta energia do ATP. Em vários
pontos, o processo produz dióxido de carbono e água. A água pode ser utilizada nas células e o
dióxido de carbono é um produto residual e deve ser removido do corpo. As vias anaeróbias para a
produção de ATP são um bom exemplo de compartimentalização dentro das células. As enzimas da
glicólise estão localizadas no citosol, e as enzimas do ciclo do ácido cítrico estão nas mitocôndrias.
Dentro da mitocôndria, a concentração de H+ no compartimento intermembrana armazena a energia
necessária para formar a ligação do ATP.
O metabolismo aeróbio de uma molécula de glicose produz dióxido de carbono, água e de 30 a 32
ATPs.
GLICÓLISE: na glicólise, o metabolismo de uma molécula de glicose C6H12O6 possui um
rendimento de duas moléculas de piruvato de 3 carbonos, 2 ATPs e elétrons de alta energia em 2
NADH:
O meio mais importante de obtenção de energia é iniciado pela glicólise. Os produtos finais da
glicólise são oxidados para fornecer energia. A glicólise significa divisão da molécula de glicose em
duas moléculas de ácido pirúvico. A glicólise ocorre por 10 reações químicas sucessivas. Cada etapa
é catalisada por pelo menos uma enzima específica. A glicose é primeiramente convertida em
frutose-1,6-difosfato e então fracionada em duas moléculas com três átomos de carbonos, o
gliceraldeído-3-fosfato, e cada uma delas é então convertida, em mais cinco etapas adicionais, em
ácido pirúvico. Um total de 4 moles de ATP são formados para cada mol de frutose-1,6-difosfato que
se divide em ácido pirúvico. No entanto, dois moles de ATP são necessários para fosforilar a glicose
original para formar frutose-1,6-difosfato antes da glicólise poder começar. Assim, o ganho líquido em
moléculas de ATP por todo o processo glicolítico é de apenas 2 moles para cada mol de glicose
utilizado. Isso equivale a 24000 calorias de energia que é transferida para o ATP.
O próximo estágio na degradação da glicose é uma conversão, em duas etapas, das duas moléculas
de ácido pirúvico em duas moléculas de acetil coenzima A (acetil-CoA), pela seguinte reação:
Duas moléculas de dióxido de carbono e quatro átomos de hidrogênio são liberados dessa reação,
enquanto as porções restantes das duas moléculas de ácido pirúvico combinam-se com a coenzima
A, um derivado da vitamina ácido pantotênico, para formar duas moléculas de acetil-CoA.
CICLO DE KREBS: o ciclo do ácido cítrico é um sequência de reações químicas em que a porção
acetil do acetil-CoA é degradada em dióxido de carbono e átomos de hidrogênio. Todas essas
reações ocorrem na matriz da mitocôndria. Os átomos de hidrogênio liberados aumentam o número
desses átomos que serão posteriormente oxidados, liberando enormes quantidades de energia para
formar ATP. Na fase inicial do ciclo de Krebs, a acetil-CoA se associa ao ácido oxalacético para
formar ácido cítrico. A porção coenzima A da acetil-CoA é liberada e pode ser usada repetidamente
para formar quantidades adicionais de acetil-CoA a partir do ácido pirúvico. A porção acetil,
entretanto, torna-se um parte integrante de molécula de ácido cítrico. Durante os estágios sucessivos
do ciclo do ácido cítrico, várias moléculas de água são adicionadas, e átomos de carbono e
hidrogênio são liberados em outros estágios do ciclo. Para cada molécula de glicose originalmente
metabolizada, 2 moléculas de acetil-CoA entram no ciclo do ácido cítrico, junto com 6 moléculas de
água. Essas moléculas são então degradadas em 4 moléculas de dióxido de carbono, 16 átomos de
hidrogênio e 2 moléculas de coenzima A. Duas moléculas de ATP são formadas. O ciclo de Krebs,
por si só, não causa a liberação de grande quantidade de energia; uma molécula de ATP é formada
em apenas uma das reações químicas - durante a transformação do ácido alfa-cetoglutárico em
ácido succínico. Assim, para cada molécula de glicose metabolizada, duas moléculas de acetil-CoA
passam através do ciclo do ácido cítrico, cada uma formando uma molécula de ATP, ou um total de
duas moléculas de ATP formadas.
Os átomos de hidrogênio são liberados durante diferentes reações químicas do ciclo - 4 átomos de
hidrogênio durante a glicólise, 4 durante a formação de acetil-CoA a partir do ácido pirúvico e 16 no
ciclo do ácido cítrico; assim , um total de 24 átomos de hidrogênio são liberados para cada molécula
original de glicose. No entanto, os átomos de hidrogênio não são simplesmente soltos no líquido
intracelular. Em vez disso, eles são liberados de dois em dois, e, em cada caso, a liberação é
catalisada por uma enzima proteica específica desidrogenase. Vinte dos 24 átomos de hidrogênio
imediatamente se combinam com a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+), um derivado da
vitamina niacina (vitamina B3), de acordo com a seguinte reação:
Dependendo da necessidade de uma célula e do conteúdo de oxigênio, o piruvato pode ser levado
ao ciclo do ácido cítrico ou para a produção de lactato até que o oxigênio aumente. A conversão de
piruvato em lactato transforma um NADH novamente em NAD+, quando um átomo de hidrogênio e
um elétron são transferidos para a molécula de lactato. Como resultado, o rendimento líquido do
metabolismo anaeróbio de uma glicose é de ATP e 0 NADH, um rendimento inferior, comparado aos
30 a 32 ATP/glicose que resultam do metabolismo aeróbio. A baixa eficiência do metabolismo
anaeróbio limita bastante a sua utilidade na maioria das células dos vertebrados, cuja demanda de
energia metabólica é maior do que o metabolismo anaeróbio pode fornecer. Algumas células, como
as células do músculo em exercício, podem tolerar o metabolismo anaeróbio por um período limitado
de tempo. Eventualmente, no entanto, elas precisam voltar ao metabolismo aeróbio.
Quando o oxigênio se torna insuficiente ou indisponível, a fosforilação oxidativa não pode ocorrer.
Mesmo nessas condições, uma pequena quantidade de energia pode ser liberada para as células
pelo estágio da glicólise da degradação dos carboidratos, pois as reações para a quebra da glicose
em ácido pirúvico não necessitam de oxigênio. Essa liberação de energia glicolítica para as células,
que é chamada de energia anaeróbica, pode salvar a vida durante alguns minutos, em situações nas
quais o oxigênio está indisponível. A lei de ação das massas afirma que, à medida que os produtos
finais da reação química se acumulam em um meio reagente, a taxa da reação diminui,
aproximando-se de zero. Os dois produtos finais das reações glicolíticas são (1) ácido pirúvico e (2)
átomos de hidrogênio combinados com NAD+ para formar NADH e H+. O acúmulo de uma ou de
ambas as substâncias seria capaz de parar o processo glicolítico e impedir ainda mais a formação de
ATP. Quando suas quantidades se tornam excessivas, esses dois produtos reagem um com o outro
para formar ácido láctico, de acordo com a seguinte equação:
Assim, em condições anaeróbicas, a maior parte do ácido pirúvico é convertida em ácido láctico, que
se difunde prontamente das células para os líquidos extracelulares e até mesmo para os líquidos
intracelulares de outras células menos ativas. Portanto, o ácido láctico representa um sumidouro no
qual os produtos finais da glicólise podem desaparecer, permitindo assim que a glicólise prossiga
além do que seria possível de outra forma. Na verdade, a glicólise poderia prosseguir por apenas
alguns segundos sem essa conversão, mas ela pode prosseguir por vários minutos, fornecendo ao
corpo considerável quantidades extras de ATP, mesmo na ausência de oxigênio respiratório. Quando
uma pessoa começa a respirar oxigênio novamente após um período de metabolismo anaeróbico, o
ácido láctico é rapidamente reconvertido em ácido pirúvico e NADH e H+. Grandes porções dessas
substâncias são imediatamente oxidadas para formar grandes quantidades de ATP. Esse excesso de
ATP devolve até 75% do excesso restante de ácido pirúvico para ser convertido de volta em glicose.
Assim, a grande quantidade de ácido láctico que se forma durante a glicólise anaeróbica não é
perdida do corpo porque, quando o oxigênio está disponível novamente, o ácido láctico pode ser
reconvertido em glicose ou usado diretamente como fonte de energia. A maior parte dessa
reconversão ocorre, principalmente, no fígado, mas uma pequena quantidade também pode ocorrer
em outros tecidos. O músculo cardíaco é especialmente capaz de converter ácido láctico em ácido
pirúvico e, em seguida, empregar o ácido pirúvico como fonte de energia. Esse processo ocorre,
principalmente, durante a realização de exercícios físicos intensos, quando grandes quantidades de
ácido láctico são liberadas no sangue pelos músculos esqueléticos e consumidos como uma fonte de
energia extra pelo coração.
A formação do lactato é o principal destino do piruvato no cristalino e na córnea do olho, na medula
renal, nos testículos, nos leucócitos e nos eritrócitos, pois todos eles apresentam-se pobremente
vascularizados e/ou privados de mitocôndrias.
No músculo esquelético em exercício, a produção de NADH excede a capacidade oxidativa da
cadeia respiratória. Isso resulta em aumento na razão NADH/NAD+, favorecendo a redução de
piruvato a lactato. Portanto, durante o exercício intenso, o lactato se acumula no músculo, causando
diminuição no pH intracelular, podendo levar à cãibras. Muito desse lactato acabará se difundindo
para a corrente sanguínea, podendo ser utilizado pelo fígado para produzir glicose. O sentido da
reação da lactato-desidrogenase depende das concentrações intracelulares relativas de piruvato e
lactato e da razão NADH/NAD+ na célula. Por exemplo no fígado e no coração, a razão NADH/NAD+
é mais baixa que no músculo em exercício, Esses tecidos oxidam lactato (obtido a partir do sangue),
produzindo piruvato. No fígado, o piruvato pode ser convertido em glicose, pela gliconeogênese, ou
oxidado no ciclo do ácido cítrico. O músculo cardíaco oxida o lactato a CO2 e H2O, via ciclo do ácido
cítrico.
Glicogenólise significa a quebra do glicogênio celular armazenado para formar novamente glicose
nas células. A glicose pode então ser usada para fornecer energia. A glicogenólise não ocorre pela
reversão das mesmas reações químicas que formam glicogênio; em vez disso, cada molécula de
glicose sucessiva, em cada ramo do polímero de glicogênio, se divide por fosforilação, catalisada
pela enzima fosforilase. Em condições de repouso, a fosforilase está em uma forma inativa e,
portanto, o glicogênio permanece armazenado. Quando é necessário formar glicose novamente a
partir do glicogênio, a fosforilase deve primeiramente ser ativada. Essa ativação pode ser realizada
de várias maneiras, incluindo a ativação pela adrenalina ou pelo glucagon. Dois hormônios,
adrenalina e glucagon, podem ativar a fosforilase e, assim, causar glicogenólise rápida. O efeito
inicial de cada um desses hormônios é promover formação de AMP cíclico nas células, que então
inicia uma cascata de reações químicas que ativa a fosforilase. A adrenalina é liberada pela medula
da glândula adrenal quando o sistema nervoso simpático é estimulado. Portanto, uma das funções do
sistema nervoso simpático é aumentar a disponibilidade de glicose para um metabolismo energético
rápido. Essa função da adrenalina ocorre de forma marcante nas células e músculos do fígado,
contribuindo assim (junto com outros efeitos da estimulação simpática) para a preparação do corpo
para a ação. O glucagon é um hormônio secretado pelas células alfa do pâncreas quando a
concentração de glicose no sangue cai muito. Estimula a formação de AMP cíclico principalmente
nas células do fígado, promovendo a conversão do glicogênio hepático em glicose e sua liberação no
sangue, elevando, assim, a concentração sanguínea de glicose.
GLICONEOGÊNESE: síntese da glicose a partir de fontes não glicídicas. Os aminoácidos são a
principal fonte de glicose pela via da gliconeogênese, mas o glicerol proveniente dos triacilgliceróis
também pode ser utilizado, como também o lactato, gerado pela glicólise anaeróbia. Tanto a
gliconeogênese quanto a glicogenólise são fontes de reserva de glicose importantes durante os
períodos de jejum. Durante o estado de jejum, os aminoácidos livres são normalmente usados como
fonte de obtenção de ATP. Se esse estado de jejum se prolonga por muito tempo, as proteínas
musculares são degradadas a aminoácidos para suprir a demanda energética. O primeiro passo do
catabolismo proteico é a digestão de a polipeptídeos menores por enzimas, as proteases.
Posteriormente, enzimas conhecidas como exopeptidases degradam as ligações terminais dos
polipeptídeos menores, permitindo a liberação de aminoácidos livres. Os aminoácidos podem ser
convertidos em intermediários que tanto participam da glicólise quanto do ciclo do ácido cítrico. A
primeira etapa desse processo de conversão é a desaminação, a qual remove o grupamento amino
do aminoácido.
O outro produto essencial gerado na via das pentoses fosfato é a ribose 5-fosfato, que faz parte das
estruturas químicas dos nucleotídeos (RNA, DNA, ATP) e coenzimas como NAD+/NADH,
NADP+/NADPH, FAD/FADH2 e coenzima Q. A via das pentoses fosfato é composta por duas fases:
a oxidativa e não oxidativa. Na fase oxidativa ocorre a oxidação de 6 moléculas de glicoses 6-fosfato
com formação de 6 moléculas NADPH, oxidação de 6 moléculas 6P-gliconato com formação de mais
6 moléculas NADPH e liberação de 6 moléculas dióxido de carbono e geração de 6 moléculas
ribuloses 5-fosfato, que posteriormente se transformam em 6 ribose 5-fosfato. Na fase não oxidativa,
parte das ribuloses 5-fosfato continua a se isomerisar a ribose 5-P e parte se epimerisa a xilulose 5-
P. Estas 2 pentoses fosfato reciclam e regeneram 5 moléculas glicoses 6-fosfato, permitindo a
formação contínua de NADPH.
A classificação da OMS pode ser empregada para crianças independente da faixa etária.
A desnutrição é classificada em relação a intensidade, duração e tipo. A intensidade define a
gravidade do quadro clínico; a duração determina se é aguda ou crônica; e os tipos identificam a
origem da deficiência, se energética ou proteica (Marasmo e Kwashiorkor). Destaca-se como o fator
etiológico mais importante o baixo nível socioeconômico, associado as más condições ambientais e
baixa escolaridade. A Desnutrição Energético Proteica (DEP) é bastante frequente nas crianças de
classe econômica baixa, devido ao pouco acesso diário aos nutrientes essenciais para manutenção
do corpo, principalmente as proteínas, que se não consumidas na quantidade adequada, poderá
levar a atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. As principais formas clínicas dessa
desnutrição são o Marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor marasmático.
O Marasmo é uma desnutrição energético-proteica que ocorre pelo déficit grave de calorias e
nutrientes, levando a alterações graves na estrutura do paciente com perda de peso, massa
muscular e gordura subcutânea, até quadros severos de desidratação. Além disso, podemos notar
redução na curva de crescimento, alterações capilares como perda de cabelos, que se tornam finos,
quebradiços e descoloridos, e a criança fica mais irritadiça e apática, com face de velho.
Já o Kwashiorkor, é uma desnutrição predominantemente proteica que gera sinais e sintomas típicos
da falta de proteínas no organismo humano, como o acúmulo de líquidos em espaços livres, levando
a distensão abdominal (ascite). Outras características desse paciente é a hepatomegalia associada
com a esteatose hepática, lesões típicas de pele, e face de lua cheia.
A desnutrição, em qualquer das suas formas, está associada à morte de 56% das crianças menores
de 5 anos nos países em desenvolvimento. Devido ao alto risco de morte, as crianças com
desnutrição grave devem ser adequadamente diagnosticadas e necessitam de internação hospitalar
até que este risco diminua e ela possa, então, ser acompanhada em outros níveis de atenção à
saúde, inclusive em seu domicílio.
É um método bastante simples de se estimar o total de energia acumulada. Embora seja uma
mensuração simplista, podemos dizer que, quando a energia ingerida excede o gasto calórico, uma
pessoa ganha peso corporal. De forma contrária, se a energia utilizada excede a quantidade de
energia ingerida, o corpo utiliza-se de suas reservas para atender a demanda e, consequentemente,
a pessoa perde peso. O cálculo do IMC não distingue a quantidade de massa gorda e massa magra,
no entanto, e, nesse sentido, atletas altamente treinados, incluindo jogadores de futebol e
halterofilistas, podem ter valores distorcidos de IMC, fazendo-os parecer obesos. A discrepância está
no fato de que a massa muscular e a massa gorda apresentam volumes diferentes no organismo. Os
cálculos e tabelas-padrão de IMC também não diferenciam os indivíduos por idade, gênero e etnia.
Por exemplo, dados mundiais indicam que asiáticos com IMC normal para o peso podem estar com
elevado risco de doenças crônicas. Dessa forma, os pesquisadores têm sugerido que o índice de
massa gorda (massa gorda/altura 2) é um melhor indicador de saúde que o IMC. A obesidade
geralmente é definida como 25% ou mais de gordura corporal total em homens e 35% ou mais, em
mulheres. O impacto adverso da obesidade sobre o risco de vários distúrbios como cirrose,
hipertensão, infarto, acidente vascular cerebral e doença renal parece estar mais intimamente
associado com o aumento da adiposidade visceral (abdominal) do que com aumento do
armazenamento de gordura subcutânea, ou armazenamento de gordura nas partes inferiores do
corpo, como os quadris. Portanto, muitos médicos medem a circunferência da cintura ou diâmetro
abdominal sagital como indicadores da obesidade abdominal.
Para estabelecer um equilíbrio de energia para o corpo humano, devemos ser capazes de estimar
tanto a energia contida nos alimentos (entrada de energia) quanto a energia gasta na perda de calor
e nos vários tipos de trabalho. O calor liberado é uma medida direta do conteúdo energético do
alimento queimado e, em geral, é medido em quilocalorias. Uma quilocaloria é a quantidade de calor
necessária para elevar a temperatura de 1kg de água em 1°C. O método mais comum para estimar o
gasto energético, ou taxa metabólica, é determinar o consumo de oxigênio da pessoa, a taxa na qual
o corpo consome oxigênio à medida que metaboliza os nutrientes. Outro método para estimar a taxa
metabólica é a medição da produção de dióxido de carbono, sozinho ou combinado com o consumo
de oxigênio. Essa taxa de CO2 produzida a partir do O2 consumido é conhecida como quociente
respiratório (QR). Entre os fatores que influenciam a taxa metabólica estão: idade e sexo, quantidade
de massa muscular magra, nível de atividade, dieta, hormônios e genética. Uma pessoa pode
voluntariamente controlar apenas dois: a entrada de energia e o nível de atividade física.
Quando entram no corpo maiores quantidades de energia (na forma de alimentos) mais do que são
gastas, o peso corporal aumenta, e a maior parte do excesso de energia é armazenada como
gordura. Portanto, a adiposidade excessiva (obesidade) é causada pela ingestão superior à demanda
energética.
Mecanismos de feedback para o controle da
ingestão alimentar. O estiramento dos receptores gástricos ativa as vias sensoriais aferentes do
nervo vago, inibindo a ingestão alimentar. O peptídio YY (PYY), a colecistoquinina (CCK) e a insulina
são hormônios gastrointestinais liberados pela ingestão de comida, suprimindo a alimentação
adicional. A grelina é liberada pelo estômago, em particular durante o jejum, estimulando o apetite. A
leptina é um hormônio produzido em quantidades crescentes pelos adipócitos à medida que eles
aumentam de tamanho, inibindo a ingestão de alimentos.
Controle do equilíbrio energético pelos dois tipos de neurônios do núcleo arqueado: (1) neurônios
pró-opiomelanocortina (POMC), que liberam o hormônio estimulante de α-melanócito (α-MSH) e o
peptídio transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART), reduzindo a ingestão alimentar e
aumentando o gasto energético e (2) neurônios que produzem a proteína relacionada a agouti
(AGRP) e o neuropeptídio Y (NPY), aumentando a ingestão alimentar e reduzindo o gasto
energético. O α-MSH liberado pelos neurônios POMC estimula os receptores da melanocortina
(MCR-3 e MCR-4) nos núcleos paraventriculares (NPV), que então ativam as vias neuronais que se
projetam para o núcleo do trato solitário (NTS), aumentando a atividade simpática e o gasto
energético. O AGRP atua como um antagonista do MCR-4. Insulina, leptina e colecistoquinina (CCK)
são hormônios que inibem os neurônios AGRP-NPY e estimulam os neurônios POMC-CART
adjacentes, reduzindo a ingestão alimentar. A grelina, um hormônio secretado pelo estômago, ativa
os neurônios AGRP-NPY, estimulando a ingestão de alimentos. LepR, receptor leptínico; Y1R,
receptor do neuropeptídio Y1.