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O Décimo Mandamento

Desejo
Cornelius Van Til
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Traduzido do original em Inglês


The Ten Commandments
By Cornelius Van Til

Philadelphia: Westminster Theological Seminary,


Syllabus, 65 pp. 1993

Este raro resumo fornece uma exposição da ética do Decálogo antes que John Murray começasse
a ensinar este curso no STW.

Via: Presuppositionalism 101

Tradução por William e Camila Teixeira


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2017

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative


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O Décimo Mandamento — Desejo


Por Cornelius Van Til

Tem sido apontado em relação a todos os Mandamentos que o significado literal das
palavras utilizadas em todos os casos em absoluto não esgota a implicação do propósito
de Deus. O estado não pode esperar nada mais do que a obediência exterior. Mas Deus
não é satisfeito com isso. Ele demanda perfeição interna antes de tudo.

Neste Décimo Mandamento Deus chama especial atenção a este fato, uma vez mais.
A peculiaridade deste Mandamento não deve ser encontrada nos objetos em relação ao
qual desejo é proibido. Estes objetos são abrangidos pelo Oitavo Mandamento. A
peculiaridade deste mandamento deve ser mui encontrada em sua ênfase específica sobre
a necessidade de perfeição interior.

Deus criou o homem internamente perfeito. Por qualquer nome que possamos buscar
designar aquilo que é mais íntimo e, portanto, no comando da vida humana, esse aspecto
mais íntimo da personalidade humana foi criado bom. É bom notar que o pensamento
antiteísta deve negar este fato. Por isso, não pode haver bondade ética até depois que a
vontade operou. Somente a operação da vontade pode produzir “natureza” ou personagem.
Agora, pode-se afirmar seguramente que em tal caso nenhum caráter ou natureza jamais
seria capaz de desenvolver-se na medida em que o sujeito da ação seria definido em um
vácuo, que não lhe conferia nenhuma força propulsora. Cada objeto de uma ação deve ter
uma “natureza”, segundo a qual ele age ou ele morrerá de fome como o burro proverbial
entre duas caixas de feno, incapaz de escolher o que comer. Em suma, uma criatura sem
um caráter seria nenhuma criatura; ela já seria metafisicamente desprendida de Deus, em
Quem somente, ela pode viver e se mover e a ter a sua existência.

Não é inconsistente com isto dizer que a própria Bíblia reconhece o valor e a
necessidade da escolha humana, a fim que o caráter seja desenvolvido. Nós consentimos
com isso prontamente. O ponto é, no entanto, que se alguma coisa deve ser desenvolvida,
deve estar lá desde o início. A moral não pode se desenvolver a partir da não-moral. A
evolução fala muito de “forças inerentes” por que visa manter a continuidade entre a moral
e a não-moral, entre o homem e o animal. Por outro lado, ela ressalta a escolha do indivíduo
separada da sua natureza como a fonte da diferença entre a moral e a não-moral. Esta é
uma manifestação da autocontradição na base do pensamento não-teísta. O teísmo evita
esta dificuldade. Ele apenas dá à vontade do homem um significado genuíno porque

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somente ele dá a essa vontade um campo de operação. Seria bom para os Arminianos
ortodoxos perceberem que eles estão rapidamente jogando ao lado dos antiteístas pela sua
posição a meio caminho neste ponto. Não há poder mordaz contra o inimigo em uma
posição que consente metade do caminho.

Dizemos, portanto, que a lei de Deus foi escrita no coração do homem na criação. Em
seus desejos mais profundos, nas forças controladoras de sua personalidade, o homem foi
estabelecido para operar em relação a Deus. A prioridade relativa do intelecto, da vontade
e dos sentimentos não é de grande importância neste contexto. Será que o subconsciente
em grande parte controla o consciente? Está bem. Você enfatizaria juntamente com a
psicologia moderna a importância dos instintos? Está bem. Você enfatizaria alguma coisa
mais? Está bem. Seja o que for que você considere a maior profundidade da personalidade
humana, é ali onde Deus quer que você seja puro. E a menos que Ele tenha criado o homem
puro exatamente nesse ponto, ou seja, a menos que Deus escrevesse a Sua lei no
“coração” do homem para que ele espontaneamente cumprisse essa lei, o homem não
poderia sequer começar a entender o que um mandamento moral seria. Não haveria ponto
de referência moral no homem a que os Mandamentos pudessem ser endereçados. Não
seria a imoralidade, mas não a não-moralidade que levaria o cachorro a rejeitar o seu sinal:
Não furtarás.

O pecado estabeleceu este âmago interior da personalidade do homem em oposição


a Deus. O homem tem procurado ser a fonte da lei em vez de satisfazer-se em estar sujeito
à lei. Ele tem impulsionado esta questão até o ponto dele ainda não saber mais ser ele
mesmo um transgressor da lei. Sem a lei (que é a lei promulgada no Sinai), não há
conhecimento do pecado. O homem pensa que a carne é verdadeiramente natural. E tudo
o que é “natural” é dito ser bom. Rousseau fez deste o fundamento da sua teoria da
educação. Por isso, é necessário para nós que ensinamos que (a) o natural como criado a
partir das mãos de Deus era realmente bom, (b) que o presente “natural” é não-natural e,
portanto, não é bom.

Cristo veio restaurar o original natural ou verdadeiro. Ele exigiu perfeita obediência.
Ele enfatizou isso especialmente no Antigo Testamento, enviando a lei promulgada diante
dEle. Este era o único padrão pelo qual os homens poderiam realmente conhecer a si
mesmos. Sua exigência absoluta foi calculada para conduzir os homens a Cristo como o
Único a cumprir as Suas exigências. Assim, a lei era o aio para conduzir a Cristo. Aqueles
que estão em Cristo são perfeitos. Eles são santos. Eles estão “livres da lei”. Eles amam a
Deus de novo. O núcleo do seu ser é verdade novamente. “Oh, como amo a tua lei”, é o

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refrão de sua canção. Daí o seu esforço constante para rastrear todas as suas motivações
até o seu covil mais profundo. A partir daí, são expurgados os últimos vestígios de idolatria;
do culto a imagens; da quebra do Sabath; do desrespeito à autoridade, à vida humana, à
pureza, à propriedade e honestidade. Nenhuma leve satisfação exterior vai levá-los a dizer:
“todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade”. Eles sabem que não têm
guardado nenhuma das leis de Deus, em princípio. Nem eles alguma vez dividirão a lei de
Deus mecanicamente como se um mandamento fosse quebrado e os outros
permanecessem intocados. Especialmente este é o caso em relação à primeira e a segunda
tábuas da lei. Nenhum homem pode amar o próximo, a menos que ele também ame
verdadeiramente a Deus.

Uma saudade do céu será encontrada no coração do Cristão, quando ele olha para o
Décimo Mandamento. Quando todos os motivos realmente serão puros como meu Senhor
espera que eles sejam e como eu fervorosamente gostaria que eles fossem? Não até que
eu seja reunido com os vinte e quatro anciãos ao redor do trono, vestindo as vestes brancas
da justiça de Cristo, sem mancha nem ruga, nem coisa semelhante. Essas vestes não mais
tocaram na lama do pecado; elas permaneceram perfeitas para sempre naquela atmosfera
de justiça.

Enquanto isso, eu não esqueço a minha tarefa como um pregador da justiça na terra.
Eu busco pelos meios de graça para desenvolver retidão e obediência à lei de Deus em
geral, dentro de mim, e também dentro do meu companheiro Cristão. E quanto a meu
semelhante que não é Cristão, eu sei que ele está “morto em delitos e pecados” [Efésios
2:1], e odeia a Deus e ao próximo em seu coração. No entanto, também sei que Deus tem
refreado esse ódio, a tal ponto de que, enquanto na terra, é possível para ele fazer o “bem
natural”. Ele tem um certo senso da necessidade da lei. Ele, com certeza, pensa que a lei
realmente existia à parte de Deus, e, portanto, serve a um Deus desconhecido, mas por
este serviço ele é guardado de transformar a terra no Inferno. Consequentemente eu ainda
vejo nele algo da imagem de Deus, e respeito a justiça exterior que ele pratica. Eu até
colaboro com ele para procurar desenvolver um respeito geral pela lei e ordem, a nível local,
nacional e internacional. Por essa justiça geral exterior, Deus providenciou uma atmosfera
na qual o verdadeiro povo de Deus não foi imediatamente destruído, mas na qual eles
poderiam praticar a justiça, pela graça. Assim, a antítese entre os justos e os injustos não
aparece de forma tão clara quanto poderíamos pensar que seria. Mas, conforme o tempo
passa e até o final da história deste mundo, Deus permite que princípio fique contra
princípio, o exteriormente justo aparecerá cada vez mais injusto. Então, aquele “sem lei”, “o
homem da injustiça” que se exaltará acima da lei de Deus aparecerá e os injustos vão

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adorá-lo e obrigar o justo a adorá-lo. Mas, então, também Aquele que foi achado digno de
abrir o livro com os sete selos, porque Ele tinha sido morto como o Justo, para trazer a
vitória e promover a justiça, aparecerá para lançar a injustiça e os injustos no abismo que
é sem fundo porque ali não há nenhuma lei, nenhuma ordem, e para receber aqueles que
obedecem a lei de Deus no reino onde a lei e a ordem estão, e, portanto, descansam. 1

1 Van Til, C., & Sigward, E. H. (1997). The works of Cornelius Van Til [As Obras de Cornelius Van Til], 1895-
1987 (ed. eletrônica). New York: Labels Army Co.

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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
18
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não OEstandarteDeCristo.com
veem; porque as que se veem são temporais, e as que se 8
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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