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Introdução, fundamentação

e conceituações em
Ciências da Saúde e SUS
UNIDADE 3 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

Pedro Henrique Silva de Farias


AULA 1 - Histórico
Olá, Aluno! Concluímos a unidade 2 e encontramos o tesouro: a quali-
dade do SUS. O tema da unidade 3 é um dos mais importantes deste
módulo: o processo de saúde-doença.

Dividimos essa unidade em duas aulas. Na primeira, vamos apresentar


o histórico do conceito de saúde-doença e, para tornar a aula mais atra-
ente para você, escolhemos o recurso de uma história em quadrinhos
para apresentá-lo.

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AULA 2 - Determinantes
e Condicionantes da Saúde
Olá, aluno! Na aula 2, vamos tratar dos Determinantes e Condicionantes
da Saúde.

Você lembra da pergunta feita por Maria no final da aula, na nossa histó-
ria em quadrinhos? Ela perguntou: “Professora, e as questões de cunho
social, de que tanto se fala? Sobre terem influência na saúde dos indiví-
duos, família e comunidade?

Esses fatores preponderantes na condição de saúde do ser humano


são o tema desta nossa aula. A lei 8080/1990, no seu artigo 3º, diz:

A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre


outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer
e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do País
(BRASIL, 1990, p. 1).

A década de 1960 foi um momento de muitas críticas à História


Natural das Doenças, sendo proposta nessa época uma abordagem
mais ampla, que levasse em consideração a íntima relação entre
as questões sociais e econômicas com processo saúde-doença.
Daí surge à concepção da Determinação Social das Doenças, que
considerava não ser possível analisar o processo saúde-doença
apenas pela lógica biologicista, pois o processo social estava total-
mente entrelaçado com processo de adoecimento.

Então, com a necessidade da ampliação da discussão sobre a saú-


de-doença, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 7 de
abril de 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Glossário

O conceito de saúde para a OMS é o seguinte: “estado de com-


pleto bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente
da ausência de uma doença ou enfermidade” (OMS, 2014, p. 1).

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Agora, reflita comigo, segundo esse conceito, alguém consegue
ter saúde? Será que ele não apresenta saúde como algo difícil de
alcançar? É possível encontrar alguém que esteja no seu estado
de completo bem-estar físico, mental e social? Diante da dificul-
dade de responder a essas perguntas, o delineamento dos Deter-
minantes e Condicionantes evoluiu. Duas conferências foram
fundamentais para essa evolução: A Conferência Internacional
sobre Cuidados Primários de Saúde, em 1978, em Alma-Ata e a de
Ottawa, em 1986.

A conferência de Alma-Ata definiu que saúde é um direito huma-


no fundamental, que a meta social mais importante era que as
pessoas tivessem saúde. Tinha como meta “saúde para todos no
ano 2000”. A declaração gerada pela conferência dizia:

Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde


baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem
fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance uni-
versal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena
participação e a um custo que a comunidade e o país podem manter
em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança
e autodeterminação (DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA, 1978, p. 1).

A conferência de Ottawa, por sua vez, gerou uma carta que elenca as
condições e requisitos para a saúde:

a paz, a educação, a moradia, a alimentação, a renda, um ecossiste-


ma estável, justiça social e a equidade. Qualquer melhoria da saúde
há de ter como base, necessariamente, estes pré-requisitos”. E afir-
ma que “a promoção da saúde consiste em proporcionar aos povos
os meios necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior
controle sobre a mesma (CARTA DE OTTAWA, 1986, p. 1).

Você percebe que nessa Carta o conceito de saúde já aparece de


uma forma mais palpável e não é mais uma utopia inatingível do
conceito da OMS? Os determinantes e condicionantes já começam
a surgir nos documentos oficiais. E no nosso país? No Brasil, temos
três marcos importantes:

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1º - 8ª Conferência Nacional de Saúde
“Definiu que saúde é um direito e é resultante das condições
de alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente,
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse
da terra e acesso a serviços de saúde” (BRASIL, 1986, p. 4).

2º - Constituição Cidadã de 1988


“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação”. (BRASIL, 1988, p. 153).

3º - O Sistema Único de Saúde (SUS)


Sua lei de criação diz que:

Os níveis de saúde expressam a organização social e


econômica do País, tendo a saúde como determinantes
e condicionantes, entre outros, a alimentação, a mora-
dia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho,
a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o
lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais (BRASIL,
1990, p. 1).

Retornando ao debate na sala da professora Ana, que vimos na aula 1,


podemos perceber que realmente Felipe estava doente, pois saúde não
é apenas ausência de doença física/sintomas. Refere-se a um conceito
ampliado que engloba os Determinantes e Condicionantes da saúde.

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