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A influência da reabilitação pulmonar sobre o padrão do sono em

pacientes com DPOC

A DPOC é uma doença de caráter progressivo, por isso que as medidas

de limitação do fluxo aéreo, o monitoramento das exacerbações das crises e o

combate aos sintomas, devem ser sempre controlados e observados, para uma

possível alteração das condutas e na terapêutica. Os pacientes portadores de

DPOC apresentam alterações importantes na: função pulmonar, gasometria

arterial, exames laboratoriais, força muscular respiratória, sono, estado

nutricional, dentre outras.

O acompanhamento do estado nutricional interfere diretamente um muito

dos outros componentes alterados no DPOC. A redução de elasticidade e

função dos pulmões está ligada a desnutrição; a deficiência no carreamento do

oxigênio está relacionada ao déficit de proteína e ferro; as infecções

pulmonares estão ligadas a modificações do sistema imunológico. Portanto a

terapia nutricional nessa população especial deve acontecer de maneira

profilática e também de maneira reparatória, para tal a avaliação do estado

nutricional (antropometria, bioimpedância, dosagens bioquímicas, calculo das

necessidades energéticas individualizadas) lhe fornecerá um verdadeiro quadro

do paciente e as principais intervenções que poderão ser realizadas

(FERNANDES et al, 2006; DEBIGARÉ et al, 2001; PINGLETON, 1996).

Outro ponto importante na avaliação e na terapêutica do paciente

portador de DPOC é o controle do sono. Alterações centrais na ventilação

acarretam em alterações no sono REM, com consequente diminuição da PO 2,

aumento da PCO2 (DOUGLAS, 1982).


Krieger (2005) relata a importância da manutenção da atividade dos

músculos da respiração: diafragma e intercostais. Alterações nesses músculos

acarretam em alterações na saturação periférica de oxigênio; acúmulo de CO 2;

aumento do espaço morto fisiológico; diminuição de geração de força e

consequente geração de fluxo aéreo; alterações na relação ventilação/perfusão

e distúrbios do sono, muitas vezes estando associado a Síndrome da Apneia

Obstrutiva do Sono. As terapêuticas envolvem a administração de oxigênio,

terapêutica medicamentosa, adaptação de ventilação não invasiva.

Com base em todas as possíveis alterações que o portador de DPOC

pode apresentar a intolerância ao exercício esteve, por muito tempo, vinculada

a incapacidade pulmonar, mas estudos demostraram que ela está, também,

intimamente ligada à disfunção muscular periférica (MALTAIS et al, 1996;

DEBIGARÉ et al, 2001 e GOSSELINK et al, 2000).

Para tais alterações pulmonares os protocolos de reabilitação pulmonar

são extremamente recomendados. Trata-se de um programa multidisciplinar

com base na reabilitação e que visa à independência do paciente, a melhoria

da qualidade de vida e a melhora do desempenho físico (LINDA et al, 2002).

Antonio e colaboradores (2010) e Gosselink (2000) basearam a

reabilitação pulmonar em atividades aeróbicas e os treinos de força. Exercícios

aeróbicos esses voltados para os membros inferiores, membros superiores,

com treinos em cicloergômetros, esteiras, caminhadas, utilização de pesos e

anilhas, halteres e elásticos. Já o treino de força está focado na recuperação

da força muscular do quadríceps, peitoral e grande dorsal, além dos músculos

dos membros superiores, em especial, os músculos proximais do ombro.


O treino combinado não trouxeram melhoras no consumo máximo de

oxigênio, mas obteve uma melhora subjetiva na falta de ar referida pelos

pacientes e um ganho de tolerância aos exercícios (BERNARD et al,1999).

Muito vem se estudando sobre os benefícios da atividade física regular

sobre o sono, com diversos desfechos benéficos, como no estudo de King e

colaboradores (1997). Na direção oposta encontramos os pacientes portadores

de DPOC, que apresentam hipóxia e hipercapnia, em maiores níveis, durante o

sono REM, devido aos inúmeros despertares noturno (MCKEON et al, 1988;

KRIEGER, 2005).

Zanchet e colaboradores (2004), em um ensaio clínico não randomizado

concluiu que a reabilitação pulmonar para pacientes portadores de DPOC,

durante 6 semanas, apresentaram resultados satisfatórios na capacidade de

desempenhar atividade física, com ganhos nas distâncias percorridas no teste

de caminhada de 6 minutos, mas não foram encontrados alterações nos dados

obtidos na polissonografia.

Kubitz e colaboradores (1996), em meta análise realizada, encontraram

mais efeitos do exercício crônico sobre o sono do que os efeitos dos exercícios

agudos.
REFERÊNCIAS

ANTONIO, C.; GONÇALVES, A.P.; TAVARES, A. Doença pulmonar obstrutiva

crônica e exercício físico. Revista Portuguesa de Pneumologia, 2010. Vol. XVI,

nº 4, pp. 649-58.

KUBITZ, K.A.; LANDERS, D.M.; PETRUZZELLO, S.J.; HAN, M. The effects of

acute and chronic exercise on sleep. A meta-analytic review. Sports Med

1996;21:277-91. 

DOUGLAS, N.J. Sleep in patients with chronic obstructive pulmonary disease.

Clin Chest Med 1998;19:115-25. 

MCKEON, J.L.; MUREE-ALLAN K.; SAUNDERS, N.A. Prediction of

oxygenation during sleep in patients with severe chronic obstructive lung.

Thorax 1988;43:312-7.

BERNARD, S.; WHITTM, F.; LEBLANC, P.; JOBIN, J.; BELLEAU, R.; BÉRUBÉ,

C. et al. Aerobic and strength training in pacients with chronic obstructive

pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med., 1999: vol. 159, pp 896-01

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