Você está na página 1de 176

Copyright © 2023 de Caroline Andrade

Dark Demon
Todos os direitos reservados.
Edição digital | Criado no Brasil.

Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens e


acontecimentos descritos, são produtos frutos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais,
é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da


Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Capa: Mellody Ryu


Leitura crítica: Valdirene Gonçalves
Revisão: Gramaticalizando assessoria
Diagramação: Mellody Ryu

Qualquer parte dele não pode ser reproduzido ou usado de forma


alguma sem autorização expressa, por escrito, da autora,
exceto pelo uso de citações breves em resenhas
ou avaliações críticas.

A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido pela lei n° 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do código penal.
Sumário
Sinopse
CAPÍTULO 1
O ÍNCUBO
Theron
CAPÍTULO 2
A SENSITIVA
Theron
CAPÍTULO 3
A MALDIÇÃO DOS SONHOS
Júpiter
CAPÍTULO 4
A LOUCURA
Júpiter
CAPÍTULO 5
O DESEJO
Júpiter
CAPÍTULO 6
O PEDIDO
Theron
CAPÍTULO 7
A PERDIÇÃO DA ALMA
Júpiter
CAPÍTULO 8
O HÓSPEDE
Júpiter
CAPÍTULO 9
A ESCURIDÃO
Theron
CAPÍTULO 10
LUA DE SANGUE
Júpiter
CAPÍTULO 11
TRUQUE DE MÁGICA
Júpiter
CAPÍTULO 12
A PROMESSA DE UM REI
Theron
CAPÍTULO 13
A ROSA NEGRA
Júpiter
EPÍLOGO
O PRESENTE DE JÚPITER
Luna
O PRAZER DA MORTE
LUNA
AGRADECIMENTOS
Sinopse

No Dia das Bruxas, em uma cidade onde o mágico e o mundano se


entrelaçam, Júpiter, uma jovem sensitiva, vê seus encontros amorosos
fracassarem, o que a deixa cada vez mais desanimada.
Sozinha em seu apartamento, ela desabafa com seu fiel
companheiro, Café, um gato de pelos negros brilhantes. O que Júpiter não
sabe é que o encontro com o destino a espera naquela noite.
Sentado nas sombras, Theron, um íncubo, a observa
silenciosamente. Ele é um ser sobrenatural, um demônio que há anos se
alimenta dos sonhos eróticos e sexuais da pequena sensitiva. Theron tornou-
se seu guardião, cuja missão é manter a jovem a salvo de ameaças que ela
nem sequer imagina.
Porém, Theron também é assombrado por desejos insaciáveis que
Júpiter desperta nele. À medida que a magia do Dia das Bruxas se
intensifica, os caminhos de Júpiter e Theron se cruzam de maneira
irresistível.
Em um mundo onde a realidade e o sobrenatural colidem, eles
descobrirão que o desejo insaciável pode ser a mais poderosa das magias.

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR


INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS, PSICOFOBIA,
MENÇÃO À VIOLÊNCIA FÍSICA CONTRA MULHER E MENÇÃO A
SUICÍDIO.
CAPÍTULO 1
O ÍNCUBO

Theron

Darkville[1]

Meus olhos observam o rompante de cabelos negros que entra no


quarto, de corpo delgado e curvas femininas, com a pele negra e olhar
sedutor. Sua bolsa cai ao chão quando ela a arremessa com raiva,
caminhando na direção da sua cama com a expressão frustrada, se jogando
de barriga para baixo e socando o travesseiro. Sentado ao canto do quarto,
na cadeira diante da penteadeira, com minhas pernas cruzadas, fico em
silêncio e assisto a irritada humana que esmaga o travesseiro no rosto,
abafando seu grito.
O felino negro de pelos brilhantes caminha calmamente, passando
pela porta do quarto, girando seu rosto na minha direção e me encarando
sério, antes de se aproximar da cama e pular no colchão, se juntando à sua
dona. O gato manhoso se espreguiça, mantendo seus olhos em mim,
enquanto ronrona para ela, que suspira baixo, acariciando seus pelos.
— Outro encontro fracassado, Café — ela resmunga para o gato, o
pegando no colo quando senta-se devagar na cama.
— Miaau... — O gato mia para ela, esfregando a cabeça peluda no
seu peito, como se consolasse sua triste dona.
— É, eu sei. — Ela fecha seus olhos e suspira profundamente, antes
de soltar o ar com desânimo, abrindo seus olhos e conversando com seu
gato. — Teria ganhado mais se tivesse ficado em casa.
— Com toda certeza, devia — falo sério, lhe encarando.
— Miaaauuuuuu! — O gato gira o grande rosto negro para mim,
ouriçando os pelos das suas costas e resmungando, como se discordasse da
minha afirmação.
— Bichano escroto! — esbravejo com desgosto, o olhando com
pura antipatia, antes de virar meu rosto para a direita e encarar a janela, ao
invés do gato ciumento nos braços da humana.
— Por que está bravo, Café? — Ela ri com carinho para ele. —
Achei que estava gostando do cafuné. Bom, deixa eu tirar essa fantasia e ir
tomar um banho, depois lhe dou mais carinho, meu lindão.
Retorno meus olhos para ela e a vejo se levantar, retirando seu
animal dos braços lentamente, deixando-o na cama. Inalo fundo e ranjo
meus dentes, encarando a popa da sua bunda, que fica à mostra no vestido
curto colado, o qual ela chamou de fantasia, mas que para mim não passa de
uma pequena tira de tecido mostrando muita parte do corpo dela. A vejo
abrir o zíper na lateral e suspirar baixinho.
Ela está nervosa e inquieta, por conta das provas finais da faculdade.
Nos últimos dias ficou horas e horas em seu ateliê, se perdendo em seus
quadros, os preparando para apresentar à bancada dos professores, mal
dormindo. E isso me faz sentir raiva, porque tenho fome dela, tenho uma
necessidade avassaladora que a estranha humana despertou em mim, se
tornando meu vício, porque não desejo outros sonhos, não desejo me
alimentar de mais ninguém que não seja ela.
Eu só posso aplacar meu vício quando ela dorme, já que me
aproximo dela em seus sonhos, onde roubo pequenos momentos, os quais
são prazerosos para nós dois, garantindo que ela fique satisfeita, realizando
todas suas fantasias, seus desejos e sua luxúria. Alimento-me dos sonhos
eróticos dela, mas sempre a dreno sem pressa, visto que não quero
machucar minha humana.
— Miauuu... — O gato traiçoeiro mia, sentando-se na cama, o que
me faz desviar meus olhos dela para ele, que parece me dar uma bronca por
ficar assistindo-a tirar a roupa demoradamente.
— Nem tente subir na minha penteadeira, Café. — Ela ri, falando
com ele, negando com a cabeça. — Não pense que não reparei a forma
como está olhando para lá. Da última vez que subiu nela, quebrou a maioria
dos meus perfumes, e se fizer isso de novo, vou lhe deixar de castigo, não
lhe permitindo dormir na minha cama, seu arteiro.
Rio de forma diabólica para o bichano, que repuxa seu nariz para
mim e vira sua grande cara peluda para o outro lado, pois tanto eu como ele
sabemos que o culpado pela bronca que ele levou quando ela entrou no
quarto algumas semanas atrás e viu a bagunça de cacos de vidros
espalhados no chão, tinha sido eu. Havia ficado com raiva da presença do
homem que uma amiga dela tinha trazido para o apartamento da humana
quando veio lhe visitar, para apresentar a ela como um possível
companheiro. Aquilo tinha me deixado extremamente irritado, tanto quanto
fiquei essa noite, o vendo novamente vir buscá-la para sair.
— Minha mãe tem razão, Café — ela suspira cabisbaixa, soltando o
vestido no chão quando o tira do corpo, caminhando na direção do
banheiro. — Nunca um homem vai querer uma louca como eu.
— Sua mãe é uma vagabunda — rosno com raiva, recordando de
como minha humana sempre foi tratada pela cadela da mãe dela. — Você
nunca foi louca, meu pequeno planeta.
Lembro-me bem da primeira vez que pus meus olhos na pequena
menina, que sofria com as visitas constantes de um demônio do pesadelo[2].
Era uma noite de Dia das Bruxas como essa, e ele estava a machucando de
propósito, levando-a à loucura. Eu estava me alimentando dos sonhos
eróticos de uma mulher casada que desejava ter relação com os amigos do
seu filho, quando ouvi o choro distante e desesperador, que interferia no
sonho da mulher de quem eu me alimentava.
Tinha ficado tão curioso quanto surpreso, já que nunca tinha
acontecido de estar conectado a um sonho e outro interferir, ainda mais um
que não fosse sexual. Mas a dor que sentia vibrando dentro do sonho era tão
esmagadora que larguei a bela mulher de quem eu me alimentava para
procurar de onde vinha aquele sofrimento, e como ele podia ter cruzado
comigo. Não precisei de muito para o encontrar, não quando a aura de uma
sensitiva poderosa irradiava uma luz vibrante, me mostrando o caminho.
A luz vinha da casa ao lado da mulher de quem eu me alimentava.
Não era do meu feitio me aproximar de sensitivas, muito menos me
importar com elas, mas tinha ficado curioso por uma ter interferido em meu
jantar. E qual não foi a minha surpresa quando finalmente cheguei até a
aura brilhante e descobri que vinha de um pequeno corpo, suado e trêmulo,
de uma criança adormecida, que possuía a face molhada e estava encolhida
na cama. O odor forte de podridão, como um pântano morto, que exalava
do cômodo, era o que me alertava que eu não era o único demônio a estar
ali.
Um íncubo[3] não invade o sonho de crianças, mas me vi entrando no
dela, curioso demais para apenas me virar e retornar para o meu jantar.
Assim que entrei em seu sonho, não precisei de muito para encontrar o
dono do odor podre. Era um demônio inferior, um verme insignificante, que
gostava de se alimentar dos pesadelos, medos e das dores que ele causava
em suas vítimas nos sonhos. Eu, particularmente, os desprezava, os achava
criaturas patéticas e miseráveis, mas não foi desprezo que senti naquela
noite quando o vi atormentando a criança em sonho, mas sim ódio, quando
o pequeno rosto infantil se ergueu para mim.
O demônio atrás dela segurava uma faca em sua garganta, e o
pequeno braço da criança, esticado para mim, movia seus dedos, me
chamando, tendo os olhos presos nos meus, implorando por ajuda. Em toda
minha eternidade existencial, nunca tinha interferido nas ações de outros
demônios, mas naquela noite o fiz. Senti prazer em esmagar o demônio do
pesadelo que a aterrorizava sem pensar duas vezes. Não queria uma
inquisição de demônios transitando em meu perímetro por conta de um
imbecil que quebrou as regras e machucou uma humana no mundo dos
sonhos.
Desde a grande batalha entre o Céu e o Inferno, no começo dos
tempos, a regra era clara: anjos caídos que foram expulsos do Céu e se
transformaram em demônios poderiam transitar pela Terra, mas jamais
poderiam interferir na vida dos humanos. Podíamos os induzi-los a pecar, a
fazer qualquer coisa, mas nunca os ferir, não importava se fosse no plano
material, espiritual ou no mundo dos sonhos.
Ao machucar um humano, o demônio era arrastado para a porra dos
confins mais amaldiçoados do Inferno, e eu não estava nem um pouco a fim
de ter demônios caçadores rondando o meu local de caça. E ter uma
sensitiva morta seria duplamente pior, porque não seriam apenas demônios,
mas também arcanjos, que estariam fungando no pescoço de cada
amaldiçoado demônio das redondezas.
CAPÍTULO 2
A SENSITIVA

Theron

Tinha ficado confuso, não entendendo por que o idiota se pôs em


risco daquele jeito apenas por uma criança. Me retirei do sonho da pirralha
após aniquilar o demônio do pesadelo, pronto para retornar à minha bela
dama, de quem me alimentava com seus sonhos eróticos. Porém, fui parado
pelo som baixo da voz infantil dentro do quarto.
— Obrigada... — sussurra, com um tom de voz choroso, fungando.
Viro-me devagar, estreitando meu olhar e arqueando a sobrancelha
quando a vejo sentada na cama, abraçada ao urso de pelúcia.
Estranhamente, me fita diretamente. Giro meu pescoço rápido para trás,
procurando saber o que ela está observando, antes de retornar a lhe
encarar. Sei que sensitivas não podem enxergar demônios no plano
material. Elas sentem a mudança de energia do ambiente, pressentem
acontecimentos, e algumas até podem prever o futuro, mas não podem nos
ver, a não ser que eu permita que ela me veja. Me aproximo calmamente da
cama outra vez, mantendo meus olhos presos nos dela, que continua a me
olhar. Sua boca se abre e assopra uma mecha de cachos, que cai perto dos
olhos, e a empurra para cima da cabeça, sorrindo morosamente quando
paro perto da cama e lhe fito.
— Por que está me encarando desse jeito? — pergunta baixinho,
fungando seu nariz e tombando seu rostinho para trás.
— Está realmente me vendo! — falo, chocado por ela estar me
vendo, mesmo que eu não tenha permitido. — Como isso é possível...
Agacho-me, curioso, a encarando. Noto que a estranha menina
realmente me vê no plano material.
— Com os meus olhinhos... — Ela aponta para o seu rosto, na
direção dos olhos, antes de esticar sua mão para tocar em mim, o que me
faz pular para trás na mesma hora, ao sentir o toque dos dedinhos dela em
meu braço.
Ela ri, com as pequenas covinhas aparecendo em suas bochechas
enquanto assopra o cabelo teimoso para trás novamente.
— Você parece um gato — ela diz, risonha, me olhando, enquanto
estou sem entender como além de me ver, ela pode me tocar. — Pulou como
um. O gatinho da vizinha também pula rapidinho, como você fez agora, e
ele até tem os pelos negros como seu cabelo. Minha vizinha disse que é
porque ele adora tomar café, por isso os pelinhos dele ficaram pretos. Você
gosta de tomar café?
Meu corpo está congelado, enquanto ela tagarela, descendo da
cama e caminhando lentamente na minha direção.
— Mamãe não me deixa tomar café, porque senão eu não durmo, e
ela fica brava quando não durmo... — A garota me olha sorrindo, jogando
sua cabeça para trás quando para diante de mim. — Ela gosta de receber
visitas, e quando eu fico acordada, os amigos dela não podem vir aqui em
casa... Você é um dos amigos da mamãe?
Nego devagar com a cabeça, ainda cético, estudando a estranha
tagarela parada diante de mim.
— Como está me vendo? — murmuro, sem entender, a encarando e
tentando decifrar o que é a criatura diante de mim. Ela não pode ser
apenas uma sensitiva.
— Já disse... — Ela ri, balançando a cabeça para os lados. — Com
meus olhinhos...
Agacho-me diante dela, a observando seriamente, e vejo a aura
brilhante que emana do seu pequeno corpo. Fecho meus olhos e inalo
fundo o cheiro doce que vem dela. Não é de perfume, mas sim dela, da
essência da sua alma.
— O que é você, estranha humana? — indago, pensativo, tentando
recordar onde já senti esse cheiro.
— Sou a Júpiter... — Abro meus olhos rapidamente quando os dedos
dela tocam meu cabelo, e a vejo curiosa, o alisando. — Júpiter Merlin,
tenho sete aninhos...
Meus olhos se movem para os dedos curiosos que alisam a mecha
do meu cabelo perto do meu peito.
— Seu cabelo é lisinho e macio que nem os pelos do gatinho da
minha vizinha. — Ela sorri, erguendo seus olhos para mim.
— Não sou um gato — rosno sério para ela, retirando sua mão de
cima dos meus cabelos. — E muito menos amigo da sua mãe. Agora, volte
para sua cama, está apenas sonhando.
Levanto-me, fechando meus olhos, realmente irritado por ter tido
minha janta interrompida, e ainda por cima ter uma criança humana me
enxergando.
— Não, não estou sonhando — fala rapidamente, se virando e
caminhando para sua cama. — Eu estava antes, mas me belisquei quando
abri meus olhos e lhe vi se afastando de perto da cama, então sei que estou
acordada...
Ela luta para subir na cama, ficando nas pontas dos pés e se
empurrando para cima. Senta-se, tombando o rosto para o lado e me
observando curiosa.
— Lhe vi antes, estava no meu sonho, me salvou do bicho-papão
que vinha todas as noites me machucar. Mas agora você está no meu
quarto... — Sua boca se abre rápida enquanto inspira profundamente. —
Oh, você é meu amigo imaginário, por isso me salvou...
— O quê? — A olho sem entender, rangendo meus dentes e negando
o mais rápido possível com a cabeça. — Primeiramente, não te salvei. Eu
me salvei, não quero problemas na minha área. Segundo, definitivamente
não sou seu amigo, e muito menos imaginário.
Ergo meu dedo no ar, o estalando, virando fumaça diante dela
quando evaporo, me materializando na rua, do lado de fora da casa. Fico
lá, parado por alguns segundos, olhando sério para a casa, vendo a luz
forte que brilha dentro do quarto, a qual apenas criaturas do mundo não
terrestre podem enxergar. Seguro a mecha do meu cabelo, a que ela tocou,
e a ergo devagar para perto do meu nariz, fechando meus olhos e a
farejando, sentindo o aroma doce.
— Oh, porra! — grunho, abrindo meus olhos e retraindo meu cenho
quando compreendo o que ela cheira. — É um milagre, cacete!
Nego com a cabeça, me virando lento e me afastando da casa. A
criança é um milagre, um presente divino dado por um anjo,
provavelmente, para um dos genitores. Milagres que ganham vida têm a
sensitividade muito mais aflorada que qualquer empata[4], e isso explica
porque ela me viu e me tocou. E explica ainda mais porque o demônio do
pesadelo a atormentava. Não é só seu cheiro que é doce para os demônios,
mas sua aura, assim como sua alma também, que é uma droga
extremamente viciante para os demônios. Não demorará para outro farejá-
la.
Paro de andar, ficando pensativo, tendo certeza que mais demônios
aparecerão, vindo atrás dela. Mas o que me deixa intrigado é a razão de
um milagre está desprotegido, sem nenhum guardião celestial ao seu redor.
— Foda-se, não é da minha conta! — Nego com a cabeça, dando de
ombros e retornando para meu jantar.
Sei que deveria ter continuado com aquele pensamento, mas não o
fiz. Me vi atiçado pela curiosidade e retornei outras vezes para aquela casa,
a observando, não entendendo por que ela não sentia medo de mim,
mantendo o pensamento que eu era um amigo invisível dela. Não lhe corrigi
novamente, a deixei continuar achando isso. Continuei visitando a pequena
criança descabelada que corria descalço pela casa, que ria para mim,
gostando de mexer nos meus cabelos.
Lhe vi crescer brincando em seu quarto, rindo comigo todas as
noites quando eu ia visitá-la, porém, tudo mudou quando a pequena criança
completou dez anos, tendo a mãe arrastando-a para um hospital
psiquiátrico, para ela ser tratada, porque achava que a filha estava doente da
cabeça por ficar falando sozinha, não acreditando na criança quando ela lhe
contou que tinha um amigo imaginário em seu quarto, que cantava a noite,
para ela dormir.
Eles a machucaram, a encheram de remédios e de tratamentos que a
feriram, lhe causando dor, fazendo-a sofrer, o que me fez os odiar e estar a
um passo de quebrar a regra mais importante, por querer matar a desgraçada
da mãe dela. Eu queria machucar os imprestáveis do hospital que a furavam
com agulhas. Mas então, em uma manhã, Júpiter parou de me ver, ela nunca
mais olhou para mim. Mesmo assim, eu voltava de tempos em tempos para
ter certeza de que ela estava segura, sem nenhum outro demônio perto dela.
Passaram-se semanas, meses, e eu podia ir para o mais longe que
conseguisse, mas, ao fim, retornava para junto dela, nem que fosse por uma
hora ou um segundo, apenas para lhe observar.
Não tinha mais os olhos curiosos da pequena criança me
enxergando, sendo apenas um espectro silencioso que a assistia de longe. A
vi se transformar em uma garota tímida, que mal conversava com os outros,
sempre retraída e melancólica. Na última partida, na qual eu sabia que me
afastaria por um longo tempo dela, no dia do seu aniversário de doze anos,
deixei um presente de despedida em seu quarto, que a fez esboçar o sorriso
mais belo que já tinha visto em seus lábios desde que ela parou de me
enxergar, retornando a ser por alguns segundos a pequena criança risonha
que conversava comigo. Júpiter esmagou em seus braços o filhote de gato
de pelagem preta com carinho, lhe dando o nome de Café.
Certifiquei-me de manter outros demônios afastados dela antes de ir,
pulverizando um pouco da minha essência demoníaca sobre a aura dela, a
deixando escondida dos outros condenados como eu, que pudessem
atravessar seu caminho, escondendo sua luz e deixando apenas a marca da
minha escuridão visível para eles, para que soubessem que ela tinha um
dono. Nunca tinha deixado uma marca em um humano, nunca em toda
minha existência, mas eu deixei na jovem Júpiter.
Os anos que se passaram para ela, para mim foram muito mais, e
tive uma grande surpresa ao retornar e me deparar não mais com a menina
de doze anos, e sim com uma jovem de dezessete anos, que estava nua,
deitada na cama, com as pernas abertas e se tocando sem pressa enquanto
arfava, ofegante, com os seios grandes empinados e arrepiados.
A cena foi como um maldito soco me acertando com uma força
descomunal, e não apenas pela visão dela se masturbando, alisando sua
boceta, mas sim pelo cheiro. O aroma doce de Júpiter tinha triplicado de
intensidade, ao ponto de me deixar petrificado, despertando meus instintos
demoníacos ferozmente, como nunca tinha os sentido. No segundo que
inalei o cheiro da boceta molhada dela, uma fome foi despertada, uma que
nenhum outro cheiro de sexualidade feminina tinha me despertado até
aquele instante.
Arruinei-me quando percebi que pela primeira vez desejei tocar em
uma mulher no plano material. Não a queria apenas em sonho, não queria
apenas drenar sua essência com os sonhos eróticos, eu queria tocá-la de
verdade, fodê-la com uma fome animalesca, enterrando meu pau dentro do
seu corpo e marcando seus seios com meus dentes. Eu queria sentir o sabor
do seu sangue em minha língua, assim como cada gota de fluido que saísse
da sua boceta quando a chupasse.
Devia ter saído daquele quarto quando senti isso, tinha que ter
partido o mais rápido que pudesse no segundo que ela adormeceu, depois de
me deixar petrificado ao lhe assistir se tocar. Porque quando ela adormeceu,
foi como ser sugado para ela, e no momento que seus olhos se encontraram
com os meus, tendo um sorriso doce em seus lábios, com Júpiter se
aproximando devagar de mim, me deixando compreender que os sonhos
eróticos dela eram comigo, eu perdi o maldito controle, tomando no mundo
dos sonhos o que eu desejava ter no plano terrestre.
— Ohhhh...
Fecho meus olhos, inalando fundo quando os sons dos gemidos
dentro do banheiro se fazem altos, sentindo o aroma se espalhando no
cômodo, me embriagando, me deixando agitado e com raiva por ela não
dormir, por ela se negar a deitar na maldita cama e adormecer, para que eu
possa satisfazer a ela e a mim mesmo. Levanto da cadeira e ranjo meus
dentes, caminhando em direção à porta do banheiro. Vejo a mulher deitada
na banheira cheia de espumas alisar seus seios, com os olhos fechados.
— Droga! — diz, chateada, abrindo os olhos e encarando o teto,
soltando um suspiro e afastando seus dedos dos peitos. — Droga, droga,
DROGA!
Suas mãos se erguem e alisam a sua face, enquanto nega com a
cabeça, esmagando seus lábios antes de girar o rosto para a porta do
banheiro. Seus olhos negros, por um instante, ficam parados em minha
direção, como se ela estivesse me observando, como se me enxergasse
novamente. Eu sei que ela não pode, que de alguma forma tinha me tornado
invisível para ela. Sua cabeça gira, voltando para frente, e olha frustrada
para as espumas da banheira.
Sei que Júpiter não consegue alcançar mais seu prazer sozinha, se
masturbando, depois que a marquei como minha no mundo dos sonhos. A
fodo todas as noites desde que a encontrei naquele quarto, garantindo que
serei o único a lhe dar prazer, a saciá-la. Mas, nos últimos dias, ela está
frustrada por não conseguir se tocar, por não conseguir saciar seu corpo
acordada, e assim ela se nega a me deixar tocá-la durante seus sonhos, o
que me causa raiva por cada maldito dia que passa e ela se recusa a dormir,
me abandonando e buscando uma fuga em suas pinturas.
— Merda! — Sua voz sai chateada, e se levanta, puxando a toalha
do gancho da parede e se enrolando nela.
CAPÍTULO 3
A MALDIÇÃO DOS SONHOS

Júpiter

Outra noite perdida e fracassada. Sabia que seria perda de tempo


sair de casa, mesmo assim me arrisquei a ir a um encontro com Dimi, um
cara da faculdade que uma colega da aula de pintura me apresentou. Dimi
foi legal, é um cara bacana, que tem uma conversa até legalzinha, mas no
segundo que ele tentou me beijar, tudo virou uma coisa desastrosa, porque
meu corpo inteiro se retraiu, não desejando ser beijada por ele, muito menos
tocada. Tive que arranjar uma desculpa, falando que esqueci de fechar a
janela do meu apartamento e tinha medo de que meu gato pudesse
desaparecer. Praticamente saí correndo do apartamento que ele divide com
outros dois amigos, onde estava rolando uma festa do Dia das Bruxas.
Eu tenho consciência que sou estranha, que sou diferente, que algo
em minha vida é anormal em relação à vida das outras pessoas, mas não
consigo explicar o quê. Para falar a verdade, eu nem tento, porque sei o que
acontecerá novamente comigo se sair por aí falando que nunca estive
verdadeiramente sozinha, que sinto uma presença forte comigo, aonde quer
que eu vá. Não posso falar que eu tinha me apaixonado, entregado meu
coração, para um homem que vejo apenas nos meus sonhos, um homem que
eu sinto a presença constantemente perto de mim e que desejo ainda mais
quando estou acordada. Um homem que eu não entendo o porquê nunca
saiu da minha memória.
É como se eu o conhecesse por minha vida inteira. Recordo de como
os sonhos com ele se intensificaram ainda mais quando, em uma das noites
que adormeci na adolescência, depois de me masturbar desesperadamente
imaginando o rosto dele, lhe encontrei em meus sonhos quando adormeci.
Porém, não foi como das outras vezes, quando sonhava com ele, foi
completamente diferente. Foi tão real quanto estar acordada, tanto que na
manhã seguinte, quando abri meus olhos, podia sentir meu corpo
completamente mole, dolorido e lânguido, como se eu tivesse fodido de
verdade a noite inteira. Até meus lábios e seios estavam sensíveis e
inchados.
Todavia, não foi isso que me fez pular da cama assustada, e sim a
marca do meu sangue manchando o lençol quando eu me sentei, esfregando
meu rosto. Entrei em pânico assim que meus olhos a avistaram, e por um
segundo pensei que era minha menstruação, mas não era, porque meu ciclo
menstrual tinha ocorrido na semana anterior. Minha vagina se retraiu de dor
por dentro quando fiquei de pé, o que me fez sentir uma sensação estranha e
inteiramente nova, como eu nunca tinha sentido. E aquilo me deixou
confusa.
Lembro de pegar o lençol, desesperada, e o levar às pressas para o
banheiro, para o lavar escondido da minha mãe, com o propósito dela não
ver o sangue. Estava assustada e sem entender o que tinha acontecido
comigo, e cheguei a procurar a minha ginecologista, que cuidava de mim
desde quando minha menstruação começou. Naquele dia fui escondida e
contei que minha menstruação tinha encerrado na semana passada, mas que
havia vindo novamente e que estava com um desconforto estranho por
dentro, que não era cólica. Recordo exatamente da face dela me encarando
quando terminou o exame de toque, me perguntando se eu tinha usado
preservativo para perder minha virgindade.
— Júpiter, não precisa ter vergonha em me dizer a verdade. — A
gentil médica me olha compreensiva. — É normal garotas na sua idade
acabarem se relacionando com rapazes e terem relação sexual...
— Eu não estou mentindo, doutora Derien — falo apressada,
negando com a cabeça e me sentando na maca. — Não tive relação sexual
com nenhum rapaz, eu nem converso com os rapazes...
— Entendo que não queira falar, mas sou sua médica, Júpiter, e até
o começo desse mês, quando veio me ver, ainda tinha um hímen. — Ela
sorri, retirando suas luvas e as jogando na lixeira. — Não vou contar à sua
mãe. Se é isso que pensa, pode confiar em mim.
— Eu confio, e estou dizendo a verdade.
— Alguém lhe forçou, Ju? — Ela abaixa seu tom de voz, tendo seus
olhos presos nos meus, mudando sua expressão de compreensiva para
preocupada. — Algum homem te tocou à força...
— O quê? — pergunto, assustada, negando com a cabeça. — Não,
não! Não está me ouvindo... Ninguém me tocou, ninguém...
— Ju, pelo exame de toque ficou nítido o rompimento do hímen,
assim como as paredes musculares do seu órgão genital inchadas,
confirmando que teve relação sexual. — Ela repuxa seu nariz, me olhando
séria. — Não importa o que aconteceu, pode confiar em mim e me dizer a
verdade, estou aqui para lhe ajudar.
Meus olhos se fecham e minha respiração fica rápida, com os
flashes dos meus gritos, do meu choro, enquanto pedia para minha mãe não
me deixar no hospital, me atingindo. Lembro das agulhas me perfurando,
dos exames cruéis que eles faziam em mim, enquanto me sentia morrer por
dentro, com o medo me consumindo. Desejava que aquilo acabasse, que
minha mente parasse de ver as coisas que os médicos e minha mãe diziam
que eram apenas da minha imaginação.
— Júpiter, pode confiar em mim. — Pisco, abrindo meus olhos e
encarando a face aflita da médica. — Me conte o que aconteceu.
— Foi um garoto que conheci alguns dias atrás no shopping... —
Abaixo meus olhos, encarando o jaleco dela. — A gente saiu algumas
vezes, e ontem transei com ele no banco de trás do carro, mas foi porque eu
quis.
Esmago meus lábios, não contando a ela sobre meu sonho, não
dizendo que acho que perdi minha virgindade com um homem que vejo
todas as noites em meus sonhos, mas que na noite passada foi
extremamente diferente, quase ao ponto de ser real. Se aos dez anos de
idade minha mãe me internou, me deixando ser tratada com eletrochoques
porque eu dizia que tinha um amigo imaginário que vinha me visitar todas
as noites, com toda certeza, agora, aos dezessete, me colocará em uma
camisa de força se eu contar que perdi a virgindade com um homem que
aparece nos meus sonhos.
— Me desculpa por mentir, doutora Derien. — Sorrio com tristeza,
erguendo meu rosto para ela. — Não quero que minha mãe saiba, ainda
mais porque daqui a alguns dias eu vou sair de casa e me mudar para perto
da faculdade de artes, por conta da bolsa de estudos integral que ganhei.
— Está tudo bem, querida. — Ela sorri, meneando a cabeça. — Vou
prescrever um anticoncepcional para você e lhe dar algumas camisinhas.
Não precisa ter vergonha de carregá-las e pedir para seu parceiro as usar...
Joguei fora tanto as camisinhas quanto a receita do anticoncepcional
quando saí da sala dela, os descartando no lixo da recepção. Voltei para casa
e fiquei em silêncio, trancada no meu quarto, observando minha cama,
lembrando de cada detalhe do sonho da noite anterior.
Estou correndo nua entre um campo de rosas negras, tão lindas
como nunca vi em toda minha vida, me sentindo tão livre em meio às rosas
escuras, em um jardim exuberante, sob o luar. Rio com alegria enquanto
toco as pétalas negras das rosas, sentindo a delicadeza delas. Quando paro
de correr e ergo meu rosto, meus olhos se chocam com o par de olhos
negros, tão escuros quanto as pétalas das rosas, e ainda mais brilhantes
que as estrelas no céu. Ele me observa taciturno, com uma expressão séria
e a sobrancelha arqueada. Sorrio para ele, admirando sua pele tão pálida,
que o faz parecer uma escultura de marfim, com longos cabelos lisos e
negros que vão até a altura do seu tórax. Sua imagem invade
frequentemente os meus sonhos, e eu me sinto feliz sempre que o vejo.
— Júpiter... — Meu nome saindo de seus lábios faz eu sentir meu
coração bater mais rápido, porque nas outras vezes que sonhei, ele nunca
disse uma palavra sequer, e ouvir sua voz agora, além da forma como ele
pronuncia meu nome, me faz ter uma explosão de felicidade preenchendo
meu peito.
Corro para ele, sentindo a grama em meus pés e o vento suave que
bate em meus cachos. Seus braços congelam quando me jogo em seu peito,
o abraçando, contente por vê-lo novamente em meus sonhos. Esfrego minha
bochecha no seu peitoral e sorrio, sentindo-o tão quente, parecendo tão
real, como se eu estivesse realmente acordada.
— Por que está sonhando comigo, pequeno planeta? — A voz rouca
dele soa confusa.
— Como por quê? — falo, sorrindo, erguendo meu rosto para ele e
olhando-o com carinho. — Você é meu amigo, sonho com você todas as
noites, só que dessa vez você está conversando comigo...
Rio, sentindo seus braços se fecharem pouco a pouco sobre meu
corpo, com seu rosto se encaixando em meu pescoço e com ele me tirando
do chão e me rodando no ar.
— Por que nos outros sonhos não conversava comigo? — sussurro,
o confrontando.
Mas ele apenas me abraça mais forte, sem dizer uma única palavra,
parando de me rodar e depositando lentamente meus pés no chão. Ele
deixa seus dedos espalmarem em minhas costas e me acaricia sem pressa,
enquanto sinto meu corpo todo se arrepiar quando deposita um beijo em
meu ombro, antes de endireitar seu corpo. Sua mão se encaixa em meu
queixo, me fazendo erguer meu olhar para ele, e meu coração bate mais
depressa a cada segundo que sou sugada para a escuridão dos seus olhos
negros, desejando que ele me beije.
Acho que nunca desejei tanto algo em minha vida como o desejo. E
como se ele lesse meus pensamentos, sua boca se cola à minha quando seu
rosto se inclina para frente, me dando exatamente o que eu quero. E o que
começou lento e com curiosidade, entre pinceladas de línguas se tocando,
se transforma em urgência, com ele tomando completamente meu fôlego,
me incitando de luxúria. Minhas mãos se prendem em seu ombro quando
sinto ele me segurar firme em seus braços.
Posso sentir sua agonia tão grande quanto a minha, e me queimo
em brasa ao ter meu seio capturado por sua boca. Eu não desejo parar, não
sinto medo, apenas o quero, necessito de seus toques. Gemo a cada sugada
que sua boca faz no bico do seio e raspar que seus dentes dão na pele
quando o mordisca, chocando seu quadril contra o meu. Minhas pernas
enlaçam sua cintura e me abraço a ele, tendo seu corpo grande sobre o
meu, com nós dois deitando na grama, entre o jardim de rosas negras.
Deslizo meus dedos por seus braços e sinto a pele nua dele sobre
mim. Olho-o sorrindo quando noto que sua roupa sumiu do seu corpo, o
que o deixou nu. Ele beija meu rosto, me fazendo gemer baixinho quando
seu pênis raspa em minhas coxas. O som da sua respiração alta se faz em
meus ouvidos ao encostar seus lábios em minha orelha, com seus dentes se
cravando em minha pele. Ele morde meu pescoço quando nos rola no chão,
me deixando por cima dele, com minhas coxas esparramadas nas laterais
do seu quadril.
Os olhos negros ficam presos aos meus, e seu braço se ergue,
segurando meu rosto em sua mão. E nesse segundo, meu coração erra uma
batida. Nunca tinha visto seus olhos negros me encararem com tanta
intensidade como fazem agora, nesse sonho. Inclino meu rosto para frente e
o beijo com doçura, sentindo sua língua brincar com a minha. A mão em
meu rosto se afasta, indo parar em meu quadril, o segurando com força, me
fazendo alavancar e levando seu pau para a minha vagina, o arrumando
entre os lábios dela.
— Ohhh... — Seguro o fôlego, apertando seu ombro com meus
dedos trêmulos quando sinto a cabeça inchada do seu pau forçar a entrada
do meu corpo pouco a pouco.
A sensação que toma meu corpo é tão real, completamente diferente
dos outros sonhos, o que me faz sentir um misto de dor, além da ardência a
cada empurrão do seu pênis dentro de mim. A mão em meu quadril vai
movendo-o morosamente para baixo, me deixando tomar mais e mais dele
dentro de mim, enquanto tenho a dupla percepção do tamanho e da
grossura do seu pênis, já que chega ao ponto de me causar pequenas
fisgadas de dor até ele se acomodar por completo dentro de mim.
Seus braços se prendem em minhas costas, me abraçando, colando
meus peitos em seu tórax, e nossos quadris estão colados um ao outro,
imóveis, ao passo que meu coração acelera, quase saindo pela boca. Seus
dedos afastam devagar meus cabelos de perto do meu rosto, e ele deposita
um beijo em meu pescoço, esfregando a ponta do seu nariz em minha
bochecha, enquanto sinto meu corpo relaxar. Os dedos firmes escorregam
para minha bunda, alisando-a, antes dele esmagar meu quadril, o movendo
lentamente para frente e para trás.
— É isso que deseja, meu pequeno planeta... — sussurra em meu
ouvido, me fazendo arrepiar ainda mais enquanto move seu pau sem pressa
dentro de mim, me fodendo de mansinho.
— Sim... sim... — balbucio, inalando o ar mais forte, sentindo o
aroma do seu cheiro de tabaco almiscarado.
Sorrio e movo minha cabeça em positivo, percebendo o quão
maravilhoso é tê-lo me preenchendo por completo. Posso sentir meu corpo
inteiro vibrar, totalmente febril, desejando mais, desejando tudo que ele
possa me dar, me permitindo me libertar dentro do meu sonho.
Deixo minha cabeça cair para trás assim que alavanco meu tórax
para frente, o montando, cavalgando seu pau, subindo e descendo com
mais paixão. Cada vez mais rápido e mais enérgico, o sugo para dentro da
minha boceta, o prendendo dentro de mim, em um ritmo acelerado,
sentindo a mistura de desejo, prazer, dor e necessidade. Meus olhos se
abrem e ficam presos na escuridão que vai tomando o céu estrelado.
Espalmo meus dedos em seu peito e percebo a força com que seu coração
bate. Minhas coxas se contraem e se apertam nas laterais das suas pernas,
com um pico de energia rompendo dentro de mim.
— OHHH... MAIS... MAIS! — Minha voz implora por ele. O quero
por completo, o quero liberto, assim como sinto-me liberta em seus braços.
— Humana! — rosna, me tirando de cima dele em um ataque veloz,
me deitando no chão de barriga para baixo.
Seus dedos apertam meu quadril e o ergue para ele, deixando meu
rabo empinado. Posso sentir tudo: o vento ficando mais forte e nos
engolindo; e a energia nos consumindo enquanto seu pau entra com força
dentro de mim em um único golpe, arrancando um grito da minha
garganta. Meus dedos se apertam à grama ao passo que ele me fode
desembestado e fervoroso, mantendo-me presa no lugar, para não escapar.
Ele puxa meu cabelo e cola minhas costas ao seu peito, com seu
coração batendo acelerado como o meu. Ouço nossos gemidos, nossas
respirações entrecortadas, enquanto ele estoca mais depressa, tão fundo
que parece que irá me quebrar, arrancando de mim toda a dor, todas as
memórias horríveis que tinha, retirando qualquer traço de solidão que eu
sentia em meu coração.
— Minha humana! — Escuto sua voz como um trovão antes dele
morder meu pescoço, aprofundando seus dentes na pele com brutalidade,
causando um pico de dor.
Mas a dor inicial não é nada comparada ao prazer delirante que me
pega assim que seu quadril dispara como uma britadeira atrás de mim, me
fodendo como um animal. Ele estoca com mais força, com mais luxúria, me
prendendo no lugar. Sua boca se solta do meu pescoço e ele me empurra
para frente, me deixando presa no turbilhão para o qual está me levando.
Seu pau fica mais grosso e suas veias pulsam dentro de mim,
enquanto as paredes internas da minha vagina se apertam em volta dele. E
então minha mente explode, se quebrando em milhões de fragmentos
quando o orgasmo me atinge, tendo ele me fodendo mais duro e denso,
antes de começar a jorrar porra dentro de mim, com um som estrondoso
saindo dos seus lábios. Ele continua a me foder com intensidade, me
fazendo gritar quando um segundo orgasmo me toma, com ele explodindo
por conta do impacto das penetrações brutas.
— Minha humana... Minha! — Sua voz sai alta, com a escuridão
tomando conta de tudo à nossa volta e com seus dedos apertando forte as
laterais do meu quadril.
— Oh, sim... — sussurro entre os gemidos. — Sim, sua... sua...
Ele se treme inteiro atrás de mim, com um som ensurdecedor saindo
da sua boca, antes dos nossos corpos caírem na grama. Sinto-me drenada,
sem força alguma, mas estou completamente feliz, ao ponto de um sorriso
lento se abrir em meus lábios enquanto suspiro.
— Sua... sua...
Fiquei relembrando o sonho por horas naquele dia, permanecendo
em silêncio dentro do meu quarto, antes de ir me deitar quando a noite caiu.
E ao adormecer, lá estava ele em meus sonhos novamente, me tocando de
uma forma que sempre desejava mais. Naquela época, passava o dia todo
esperando pela noite, aguardando ansiosamente a hora de voltar para a
cama.
Saí de casa quando comecei a faculdade, e arrumei meu próprio
apartamento, levando comigo apenas Café, que era meu único amigo e meu
fiel companheiro, que chegou à minha vida de repente, quando, em um dia,
ao entrar em meu quarto, vi o filhotinho sentado na janela, me encarando
assustado. Trabalhava de manhã em uma galeria como recepcionista, e de
tarde ia para a faculdade, contando os segundos para chegar em casa, tomar
um rápido banho e ir para a cama. Minha mãe continuou me infernizando
mesmo de longe, dizendo que eu não tinha amigos além do meu gato, que
tinha que ser mais sociável, ter uma vida normal, como as outras pessoas,
para não acabar sozinha, porque parecia uma louca. Era um inferno. Ela só
parou de me encher o saco quando comecei a fazer terapia.
Eu contava para o terapeuta uma coisa ou outra sobre ter sonhos
eróticos, já que não achava que meus sonhos eram realmente verdadeiros.
Ele me dizia que os sonhos eram um reflexo do que eu desejava fazer
acordada, que eu tinha desejos sexuais reprimidos, que talvez devesse tentar
me permitir conhecer alguém.
Eu juro que tentei, realmente tentei me dar uma chance de sair com
alguém, mas todos os encontros foram fracassados e desastrosos, com os
caras simplesmente sumindo sem nem ao menos me dizer o porquê. E nas
poucas vezes que milagrosamente um cara não fugia, acontecia alguma
coisa bizarra.
Café quase arrancou o olho de um rapaz que foi me buscar em casa
para jantar, quando pulou em cima dele, o arranhando inteiro; e teve um que
saiu correndo de dentro do meu banheiro, gritando como um histérico
enquanto chorava. Outro cara tropeçou, só Deus sabe como, ao descer as
escadas da balada, andando ao meu lado, e acabou quebrando o braço. Era
como se eu tivesse amaldiçoada, sem chance alguma de trepar de verdade
com um homem, chegando aos vinte e três anos sem nunca ter fodido de
verdade, mesmo já tendo sentido tudo e feito muita coisa durante meu sono.
Então desisti de vez e foquei totalmente na faculdade, agradecendo por
estar nos últimos dias, prestes a finalizar o curso e ganhar meu diploma.
Essa noite, depois de muito tempo, resolvi me dar uma chance
novamente, aceitando sair com um cara, mas não rolou. Não quando a única
coisa que minha mente conseguia querer eram os braços fortes que me
prendem durante os sonhos, a voz masculina rouca que sussurra meu nome
com tanta posse, fazendo eu sentir meu corpo tão vivo e dolorido quando
abro meus olhos, como se tivesse dividido minha cama a noite toda com
ele.
E isso me deixa ainda mais frustrada, porque não quero mais sonhar,
eu o quero de verdade, quero estar acordada, quero sentir fisicamente tudo o
que ele faz comigo nos sonhos, onde ele me faz sentir todas as formas de
prazer. Quero as cordas que ele usa em volta do meu corpo, quando me
prende; quero ele me fodendo com força, acertando firme e duro seu pau
dentro da minha boceta; quero as algemas que usa para conter meus pulsos
enquanto me chupa até eu gozar em sua boca, me fazendo tremer inteira;
quero os beijos roubados e as mordidas em meu pescoço quando chego ao
clímax, com ele me acertando fundo e implacável com seu pau; e quero os
toques lentos dos seus dedos ao acariciar minha face, ao passo que me
observa deitada em seu peito. Eu quero tudo isso, quero sentir tudo de
verdade, não apenas na porra do meu sonho.
A cada dia que penso nisso, mais insuportável a dor em meu coração
está ficando, e eu apenas não duvido da minha própria sanidade mental
porque sei o que sinto. Eu posso senti-lo perto de mim, posso sentir em
cada passo que dou, ele junto comigo.
Não consigo explicar, não consigo explicar para ninguém, nem para
mim mesma, mas em meu coração sei que ele é real, ou eu rezo para que
seja, que o homem com quem sonho todas as noites realmente não seja
apenas uma loucura da minha cabeça.
CAPÍTULO 4
A LOUCURA

Júpiter

— Miauuu... — Solto um suspiro lento ao sair do banheiro e me


enrolo na toalha, encarando meu gato, que está parado no centro do quarto,
olhando diretamente para mim.
— Vem! — Movo minha cabeça para o lado, sorrindo para ele. —
Sei o que quer — falo baixo, encolhendo meus ombros e virando devagar,
saindo do quarto.
Vou para a cozinha, sendo seguida pelo Café. Meus olhos varrem o
apartamento vazio, com pouca mobília, que tem minhas telas espalhadas
por cada canto dele. Paro diante da geladeira e a abro, pegando a garrafa de
vinho aberta na porta e tirando a rolha, levando a bebida aos meus lábios.
— Miauuu! — O gato nervoso, parado diante de mim, mia de forma
rabugenta, esfregando sua cabeça em minha canela.
— Ok, ok, estava apenas afogando minhas mágoas — digo, rindo
para ele, e abaixo a garrafa de vinho, a deixando em cima da mesa. — Não
esqueci de você, Café.
Viro-me, examinando o interior da geladeira e procurando pela
latinha de salmão enlatado que tinha deixado guardada para Café. Assim
que a encontro, na segunda prateleira, a pego, usando minha bunda para
fechar a porta da geladeira, antes de ir em direção à pia da cozinha. Abro a
latinha de peixe e direciono meus olhos para o gato, me agachando e
despejando o salmão dentro da vasilha dele, jogando a embalagem vazia no
lixo em seguida.
— Feliz Halloween, Café! — Sorrio para o meu gatinho e acaricio
sua cabeça, ouvindo-o ronronar enquanto se alimenta.
Levanto-me e encaro minha garrafa de vinho em cima da mesa.
Desvio de Café quando saio de perto dele e pego a bebida, avançando
lentamente para fora da cozinha. Me sinto angustiada, agitada e estressada,
como nunca estive. Meu corpo anda febril e uma tensão forte perpassa meus
músculos. Estico meu braço, com meus dedos massageando minha nuca,
em busca de aliviar a rigidez que sinto em mim, enquanto o outro braço se
ergue e levo a garrafa de bebida à boca, desejando que esse calor
insuportável que ando sentindo frequentemente acabe.
Porém, das últimas semanas para cá, ele não vai embora. No
começo, culpei as semanas de provas, achando que podia ser apenas muito
nervosismo, e por isso me sentia tensa e estressada. Mas então o calor
infernal em meu corpo começou, e quando digo calor, não me refiro à
temperatura do tempo, e sim ao calor que vem de dentro de mim, que me
faz querer me enfiar dentro de uma banheira cheia de gelo, apenas para
tentar o fazer ir embora. Posso tomar inúmeros banhos gelados por dia, mas
o calor permanece.
Os desejos de sentir prazer acordada aumentaram, ficando sem
controle, e todas as minhas tentativas de masturbação sempre acabam em
frustação. Não importa o que tento, o que eu assisto, o que uso para me
masturbar, meus dedos ou um vibrador, nada me faz atingir o clímax. Sinto
tudo: o coração disparado, a corrente sanguínea ficando acelerada, a
respiração ofegante, mas quando estou perto de chegar ao orgasmo, ele
simplesmente desaparece, com meu corpo ficando rígido e dolorido.
Meu sono foi embora com meus orgasmos, o que me transformou
em um zumbi ambulante, que trabalha e vai para a faculdade durante o dia,
e, à noite, ao invés de ir para a cama, sigo para o meu ateliê, passando as
madrugadas em claro, pintando minhas telas, já que o sono não vem.
Estou indo para o quarto dia sem dormir, sem tirar a porra de um
cochilo que seja. Já sinto o cansaço me tomar, sinto meu corpo implorando
por descanso, mas quando me deito, apenas rolo de um lado ao outro na
cama, acordada, sem conseguir fechar os olhos. Eu queria dormir, realmente
desejo dormir, mas não consigo, e a ideia de me medicar para poder
adormecer faz eu me sentir desconfortável, lembrando-me de como eles me
dopavam, me enchendo de remédios dentro do hospital psiquiátrico, quando
minha mãe me internou, e isso acaba contribuindo para uma recusa violenta
de buscar ajuda médica e de recorrer aos remédios para dormir.
— Talvez a embriaguez possa ser uma ótima saída — sussurro,
olhando a garrafa, realmente pensando na possibilidade de beber até dormir.
Ando na direção do meu quarto, tomando meu vinho, e retiro a
toalha do meu corpo, a arremessando no chão. Estico meu braço e deixo a
garrafa sobre a mesinha de cabeceira, perto do telefone, e me jogo no
colchão quando me deito de barriga para cima, encarando o teto. O som
estridente do telefone tocando me faz virar meu rosto para ele, e suspiro
amena, retirando-o do gancho quando meu braço se estica, o trazendo para
minha orelha.
— Alô — falo baixo, fechando meus olhos.
— Onde estava, que liguei no seu celular e não me atendeu?! — A
voz amarga em tom zangado me faz retrair meu cenho na mesma hora que
reconheço a voz da minha mãe.
— Droga... — murmuro, afastando o aparelho do meu ouvido e
abrindo meus olhos.
— O que disse? — Ouço a voz dela ecoar alta, enquanto trago o
aparelho para perto da minha orelha novamente.
— Nada, mãe. Acabei batendo meu dedo na quina da cama quando
fui lhe atender. — Solto um suspiro de desânimo, encolhendo meus ombros.
— Está um pouco tarde, não esperava uma ligação sua a essa hora...
— Na verdade, não espera minha ligação em nenhum momento do
dia, já que não retorna minhas chamadas, Júpiter — ela retruca, me
interrompendo. — Posso morrer dentro dessa casa, sozinha, que nem
saberia. Tem ideia de quantas vezes te liguei essa semana e caiu na caixa
de mensagem...
— Estou na reta final da faculdade, e não tive tempo de retornar...
— Que seja, não liguei para isso! Desisti há muito tempo de ter
uma filha que se preocupe comigo. — Como de costume, ela me silencia
novamente, fazendo-me desejar que ela encerre logo a chamada. — Mas, ao
contrário de você, ainda me preocupo com minha filha...
— Cristo... — Fecho meus olhos e esfrego meu cenho, sabendo que
ela irá longe com o vitimismo.
— Estou preocupada com você. — Ela abaixa o tom de voz,
enquanto abro meus olhos e encaro mais uma vez o teto branco do quarto.
— Pode não acreditar, mas apenas quero seu bem-estar, sempre quis...
— Tenho certeza que sim — murmuro melancólica, enquanto sinto
meu corpo ir se encolhendo.
— Não conversa comigo... Se quero notícias suas, tenho que
descobrir com terceiros, porque minha própria filha não fala comigo...
— Eu falo com você, mãe. — Tombo meu rosto para o lado,
encarando a porta do banheiro. — Estamos falando agora...
— Não seja mal-educada, garota! — Reprimo um riso, não
acreditando que essa noite ainda conseguiu ficar pior do que já estava
depois de um encontro fracassado, tendo como a cereja do bolo a ligação da
minha mãe.
E sei exatamente como vai acabar, comigo sentindo-me miserável
quando ela parar de se vitimizar, dizendo alguma coisa para me magoar,
como sempre faz. Tenho uma relação extremamente difícil com ela, e isso
me deprime, porque, no fundo, nunca entendi por que ela me trata assim,
como se eu fosse uma carga na vida dela, uma anomalia que lhe
empurraram à força e ela teve que aceitar. Às vezes, penso que a época mais
feliz da vida dela deve ter sido quando me deixou internada por seis meses
dentro daquele hospital psiquiátrico, me largando lá e indo me visitar
apenas uma vez por mês, como se fosse uma caridade que ela fazia.
Minha mãe sempre foi assim, amarga e cruel, mas apenas comigo,
pois qualquer um que lhe veja de fora, imagina que é a mulher mais branda
e amorosa que existe, devota e caridosa, que não perde um culto sequer no
domingo. É a respeitável viúva de um pastor, uma dedicada mãe. Porém, o
que ninguém sabe é que a convivência com ela é insuportável, ao ponto de
apenas estar perto dela já ser o suficiente para me deprimir.
Ela tinha um certo dom de fazer eu me sentir triste apenas com um
olhar ou uma palavra. No fundo, eu entendo que ela me enxerga como se eu
tivesse a mesma doença mental do meu pai, que talvez seja isso que a
impede de me amar. Durante a adolescência, ela adorava me comparar a ele,
e foi aos catorze anos que descobri porque ela fazia isso. Um dia, enquanto
limpava seu quarto, encontrei uma caixa embaixo da cama, e tinha uns
documentos antigos de uma internação do meu pai, que tinha sido internado
em um manicômio no mesmo ano que eu nasci. E aquilo foi uma surpresa
para mim, porque minha mãe havia me contado desde sempre que ele tinha
morrido de um infarto fulminante quando eu tinha dois anos. Ela mentiu,
meu pai não morreu de infarto, ele se suicidou dentro do hospício quando
eu tinha treze anos, e ela nunca me contou a verdade.
Tudo que eu sabia sobre meu pai era o que eu ouvia de pessoas que
o conheceram, já que ela me dava poucas informações. Era um bom
homem, filho de um pastor, e acabou seguindo o mesmo caminho quando
completou vinte anos. Ele era apaixonado por astronomia e tinha um
coração bom. Conheceu minha mãe em uma das cidades que a congregação
dele pregava quando tinha trinta e sete anos, e se casou com ela dois meses
depois, ficando feliz quando ela descobriu que estava grávida, já que era o
sonho dele ser pai.
Eu fiquei tão chateada naquele dia, ao descobrir a verdade, que a
única coisa que queria era entender por que ela mentiu, por que ela fez
aquilo, por que não me disse que meu pai estava vivo, por que ela nunca me
levou para o visitar. A confrontei, mostrando os papéis da internação e a
certidão de óbito dele, querendo que ela me dissesse a verdade, e é claro
que ela se vitimizou, transformando-se na sofredora da história por ter um
marido esquizofrênico, que tinha alucinações e era extremamente
paranoico, conversando sempre sozinho. Ela disse que fez tudo que podia
por ele, mas que meu pai estava completamente fora de controle, e piorou
muito quando nasci, por isso ela e os meus avós paternos internaram meu
pai, com medo de que ele machucasse nós duas, além dele mesmo.
Lhe vi chorando enquanto me observava com dor, finalmente me
fazendo entender a razão dela sempre me comparar ao meu pai, o motivo
pelo qual me jogou dentro de uma ala psiquiátrica durante minha infância,
permitindo que me machucassem, que fizessem aqueles malditos
tratamentos comigo. Ela, no fundo, achava que eu tinha algum transtorno
mental, e que os primeiros sinas tinham aparecido na minha infância. Eu
aguentei por cinco anos a convivência com ela, depois que descobri a
verdade, com seu olhar reprovador, suas palavras cruéis que me magoavam
e a forma como ela me controlava a cada passo que eu dava, tentando me
entupir de remédios, antes de finalmente sair daquela casa e vir morar
sozinha.
Eu não era uma louca, e sabia disso, mas eu ficaria se continuasse
perto dela.
— Estava pensando que, talvez, poderia querer vir aqui esse fim de
semana. — Repuxo meu nariz, inalando fundo o ar, completamente
desconfortável com a ideia de ir passar o fim de semana na casa dela.
— Eu não posso, está muito corrido...
— O filho de Greg chegou de viagem ontem. — Ela parece não me
ouvir, continuando a conversa. — Ele já está no último ano de residência
no hospital da Califórnia. A mãe dele disse que é um brilhante jovem e que
se tornará um neurocirurgião espetacular. Pensei que seria uma boa ideia
vocês se conhecerem. Eles vão vir jantar no domingo, vista algo bonito e
decente, não essas roupas estranhas que usa, que a deixa parecendo uma
hippie...
— Mãe, eu não...
— Também seria bom fazer um penteado, anda com esse cabelo
sempre solto, e nunca vai parecer uma mulher madura se ficar toda
descabelada, ainda mais com o rosto sujo de tinta...
— Oh, Deus! — rosno com raiva, socando o colchão. — Mãe, tenho
que desligar, Café acabou de engasgar-se com uma bola de pelo... — minto,
arrumando uma desculpa qualquer para não ouvir mais nada do que ela fala.
— Júpiter, espera, nem falei sobre o que prepararei para o jantar...
Vou fazer algo leve, assim não dá a impressão de que você come muito, que
é desleixada em relação ao seu peso. Às vezes, quando você senta para
comer, parece uma porca faminta...
— Adeus! — Já estou batendo o telefone no gancho e encerrando a
ligação antes que ela termine de falar, ficando miserável, exatamente como
eu sabia que ficaria.
Sento-me e encolho meus ombros, puxando a garrafa de vinho e a
virando de uma única vez na boca.
— Cristo! — Abaixo a garrafa e solto um longo suspiro de
desânimo.
Mordo meus lábios e passo meus olhos pelo quarto, o vendo vazio.
Inspiro profundamente e me jogo de volta no colchão, de barriga para cima.
Fecho meus olhos e levo meus dedos para meus ombros, os massageando
lentamente, tentando relaxar.
CAPÍTULO 5
O DESEJO

Júpiter

— Porra! — grito com raiva, arremessando o pincel na tela, o vendo


acertar precisamente o centro, borrando de vermelho a tela branca, a qual
estou olhando há mais de duas horas, sem conseguir fazer um único traço
que seja, sem conseguir me concentrar em nada, nem pintar uma flor
sequer, para distrair a minha mente.
Meu corpo inteiro está tenso, e minha mente bagunçada, ansiosa e
melancólica. Levanto-me da banqueta que estou sentada dentro do ateliê e
caminho devagar para fora dele, limpando meus dedos na barra da camisa
grande de basquete que estou vestindo. Paro meus olhos no relógio da
parede da sala quando entro nela, vendo que já é quase meia-noite, antes de
desviar minha atenção para o sofá e encontrar Café deitado nele, todo
preguiçoso.
Vou para a cozinha e abro a geladeira, indo direto para o freezer e
pegando a bandeja de gelo, retirando um cubo e o prendendo em meus
dedos, o levando à minha nuca, antes de devolver a bandeja à geladeira e a
fechar. Inalo fundo o ar, sentindo o calor ficar ainda mais insuportável
dentro do apartamento, o que me dá a impressão que estou dentro de um
forno, sendo assada viva. Assim que chego ao quarto, retiro a camiseta de
basquete e a largo na cadeira, perto da penteadeira, ligando o ventilador de
teto e me jogando na cama.
— Ai, que calor do inferno! — murmuro com raiva, movendo o
gelo em meus dedos e trazendo-o para frente da minha garganta, sentindo o
cubo derreter rapidamente, conforme o passo em minha pele.
Fecho meus olhos e respiro fundo, não conseguindo sentir nem um
pouco de alívio que seja com o cubo de gelo em meu corpo, e muito menos
um refresco com o ventilador ligado, que não faz efeito algum na minha
pele febril. O cubo de gelo se desintegra ao passo que o deslizo por meu
corpo, o esfregando lento em cima do meu peito. Mordo meus lábios
quando o calor fica mais intenso, tendo minha pele se arrepiando. Meus
olhos se abrem, ficando presos no teto do quarto, e mordisco minha boca,
passando o gelo no outro peito, que tem o bico rígido e igualmente sensível
como o outro.
É impossível não me lembrar das grandes mãos que me tocam em
meus sonhos, dos olhos negros que me fitam com um sorriso perverso nos
lábios e das fodas que acontecem de todas as maneiras, das mais
promíscuas até as sórdidas, quando eu durmo. Aperto os olhos e sorvo o ar
profundamente, como se pudesse sentir o aroma forte de tabaco amadeirado
que exala dele. Desço meus dedos lentamente pela minha barriga, levando o
gelo comigo, imaginando ser os lábios dele, os beijos que ele distribui em
minha pele. A contração dentro da minha boceta é intensa, com o órgão
ficando úmido apenas com a recordação do que acontece em meus sonhos.
— Ohhh... — Arfo com força quando o cubo de gelo deteriorado
raspa sobre meu clitóris.
Minha cabeça se afunda ainda mais no colchão, e ergo minha outra
mão para meu seio, o acariciando, apertando o bico, tendo a imagem dele
tomando forma em minha mente. Mordo meus lábios com força ao pensar
que são os dedos dele penetrando minha boceta, e não os meus
escorregando entre os lábios vaginais, se afundando em meu corpo, me
fazendo ficar ainda mais quente.
— Oh, merda! — gemo, abrindo minhas pernas e as esparramando
no colchão, respirando mais apressado a cada segundo que meus dedos me
fodem. Porém, sei que preciso de mais, preciso de muito mais para
conseguir ter a libertação que estou procurando.
Viro-me rápido na cama, ficando na posição que mais gosto quando
ele me fode. Estou com os joelhos no colchão, com uma mão apoiada na
cama, sustentando meu peso, e a outra massageando meu clitóris,
imaginando-o dentro desse quarto, fodendo-me de quatro em cima da cama.
A lembrança do sonho que o pau dele entrou em meu rabo vem forte
em minha mente, e imagino como queria senti-lo em cada buraco do meu
corpo de uma única vez, me tomando inteira. Penso em como me sentiria o
tendo fodendo minha boceta, meu cu e minha boca, me preenchendo
completamente de uma única vez.
Oh, sim, eu posso o ver fazendo isso, eu posso desejar exatamente
isso: ser comida de todas as formas, de uma única vez, e, principalmente,
por um único homem!
— Ohhh, porraa! — Sinto a onda crescer dentro de mim, como se
meu corpo estivesse perto de atingir o orgasmo. — Isso, isso, sim... OH,
CARALHO, NÃO! — grito com ódio no segundo que sinto meu corpo
perdendo a euforia, me negando a chegar ao clímax. — Droga... — rujo
com fúria.
Soco o colchão enquanto fecho meus olhos e nego com a cabeça,
não acreditando que meu orgasmo estava tão perto e simplesmente fugiu do
nada, deixando apenas a agonia em meu corpo.
— O que fez comigo, seu cretino do inferno?! — falo com dor, não
suportando mais o estado que cheguei. Tombo meu rosto no colchão e
inclino meu tórax para frente, com uma lágrima escorrendo por minha
bochecha. — Por favor, por favor, eu preciso que seja real, preciso que você
seja real para me tirar dessa maldita loucura... — sussurro com desespero,
me sentindo tão solitária, tão cansada.
Só preciso poder dormir, poder ver a única pessoa que não faz eu me
sentir anormal, não me sentir uma louca. Quero vê-lo de verdade e saber
que meu coração está certo. Acho que a última vez que desejei algo assim,
com tanta força como eu desejo agora poder tirar esse homem do meu
sonho e o trazer para a minha realidade, foi quando minha mãe me internou,
o que me fez desejar ardentemente que minha mente parasse de ver meu
amigo imaginário, para que eu pudesse sair daquele sofrimento.
Imploro com tanta força, sendo praticamente um grito de desespero
da minha alma. Meu corpo vai desmoronando na cama e sinto dor em meus
músculos, com o corpo rígido, sem nenhum alívio. Giro meu rosto
calmamente para o lado, observando meu quarto vazio.
— Devia ter bebido mais, isso sim, talvez conseguisse dormir —
sussurro com tristeza, girando devagar enquanto sento e limpo meu rosto.
Antes mesmo que eu possa sair da cama e me levantar, o quarto é
engolido por uma escuridão quando a luz se apaga.
— Só o que faltava, acabar a energia! — Balanço a cabeça para os
lados, esfregando meu rosto e me levantando, com intenção de ir ao
banheiro, para pegar as velas que deixo guardadas na gaveta do armário da
pia.
Mas paro, ficando confusa, quando vejo a luz acesa que vem da
direção da sala.
— Ué, o quê... — Eu me calo no segundo que a respiração quente é
solta de forma pesada atrás de mim.
Meu corpo inteiro se agita, e respiro mais firme. Quando inalo o ar,
as notas fortes de tabaco amadeirado enchem as minhas vias respiratórias.
Não me movo, permaneço estática, completamente paralisada, com meu
coração batendo depressa.
— Devia ter mais cuidado com o que deseja, meu pequeno planeta...
— Meus olhos se fecham quando a voz rouca e de timbre grosso, a qual
apenas ouvi em meus sonhos, murmura atrás de mim, me fazendo arrepiar
por inteira.
Então eu sei: ele está em meu quarto, não é loucura, ele realmente é
real!
CAPÍTULO 6
O PEDIDO

Theron

Meus dedos se movem rápidos e seguro seu ombro quando dou um


passo à frente, encostando meu rosto em seus cabelos e inalando seu cheiro.
Seu corpo nu, quente e macio se cola ao meu quando a arrasto para mim,
chocando suas costas em meu peito e ouvindo sua respiração acelerada,
assim como o coração humano dentro do seu peito, que está batendo
depressa.
— Não precisa sentir medo de mim, meu pequeno planeta — falo
baixo perto do seu ouvido, fechando meus olhos e esmagando com mais
força meus dedos em sua pele, escorregando devagar minha mão para frente
do seu corpo.
O seio farto e macio é esmagado em meus dedos, com minha boca
se abrindo e as presas ficando à mostra, raspando-as lentamente em seu
ombro. Desejo marcá-la, sentir o gosto do seu sangue em minha boca. Eu
sei que ela é macia, sei que seu corpo é feito para mim e sei que tocá-la no
plano material é perigoso. Mas meu pequeno planeta tinha nos ligado no
mundo terrestre no segundo que me convocou, trazendo minha escuridão
para sua luz, retirando o véu invisível dos seus olhos que, de alguma forma,
ela tinha conseguido colocar treze anos atrás, ao me deixar invisível para
ela.
— Você... você é real... — Sua voz sai baixa e ofegante, enquanto
minhas mãos seguram seus seios tão macios, gostando da forma como meus
dedos apreciam tocar sua pele humana fora do mundo dos sonhos.
— Precisa dizer o que deseja. — Mordisco sua orelha, a fazendo
respirar mais forte, e sinto seu peito arfar em meus dedos. — Diga o que
deseja que eu faça com seu pecaminoso corpo...
Minha mão desce por sua barriga e raspo meus dedos em sua pele,
parando apenas quando minha mão se espalma sobre sua boceta, a qual
desejei tanto poder tocar além do mundo dos sonhos desde a primeira vez
que a vi deitada naquela cama, se tocando, me deixando possessivo sobre
sua inocência, sua carne, sua alma e espírito.
— Todos esses anos... — Ela tenta se afastar para sair dos meus
braços, mas não deixo, mantenho-a colada a mim, a impedindo de ir para
longe. — Você é real... você sempre esteve... Ohhh!!!
Ela arfa e geme com mais luxúria, despertando meus instintos,
como apenas ela consegue fazer, quando meu dedo raspa em cima da sua
boceta, tendo o quarto inteiro inundado com o doce cheiro dela.
— Tem que me dizer o que deseja, Júpiter. — Beijo seu pescoço e
penetro meus dedos dentro dela quando empurro dois de uma única vez em
sua boceta molhada. — Me quer aqui?
— Por favor... — ela choraminga e balança sua cabeça para os lados
em negativo, tentando segurar meu pulso para os afastar da sua boceta. —
Preciso...
— Que te foda, talvez, aqui... — Puxo seu rosto e tomo sua boca,
deixando minha língua invadir seus lábios, roubando seus beijos para mim.
Em toda a minha eternidade, nessas longas eras que existo, nada me
foi tão majestoso como sentir seu corpo quente vibrando contra o meu. Ela
treme quando meus dedos saem da sua boceta, e escorrego minha mão pela
lateral do seu corpo, parando em sua bunda e apertando seu rabo em meus
dedos.
— Ou aqui... — rosno baixo, com meu peito se estufando, e lambo
sua garganta. — Me diga, não era isso que desejou enquanto me imaginava
lhe tocando agora há pouco, ao se masturbar na cama?! Não foi por isso que
me convocou, pequena sensitiva?
Meus dedos se movem, parando em sua garganta quando ergo
minha mão, a mantendo colada ao meu corpo, e massageio seu rabo,
empurrando meus dedos entre as nádegas até sentir seu cu, fazendo lentos
círculos sobre ele.
— Não, eu não sou isso que me chama... — Ela ergue sua mão e
segura meu pulso, respirando apressada. — Precisava saber que era real,
eu... OHHHH, DEUS!
Suas palavras se entrecortam e ela geme alto no segundo que
empurro meu dedo para dentro do seu rabo, devagar, esmagando mais forte
seu pescoço com minha mão e rosnando em seu ouvido.
— Não o chame, meu pequeno planeta... — Raspo meus dentes na
sua orelha e deixo minhas presas arranharem sua garganta. — Não quando
Ele não estará nesse quarto assim que te preencher por cada buraco, lhe
dando exatamente o que desejou.
Meu corpo quente incendeia, como se as labaredas do Inferno
estivessem queimando aqui dentro, tendo meu ser a desejando mais ardente
do que nunca. A solto e lhe giro em meus braços, esmagando seus seios em
meu peito antes de lhe tirar do chão, parando minha face a poucos
centímetros da sua.
— Diga-me o que deseja, e eu lhe darei! — Fecho meus olhos
quando o toque suave da pequena mão se faz em minha face com brandura.
— Você, eu desejo você! — sibila, trazendo o rosto de mansinho
para perto do meu. — Eu desejo você!
— Assim seja!
CAPÍTULO 7
A PERDIÇÃO DA ALMA

Júpiter

— Assim seja! — A voz rouca dentro do quarto sai como um


sussurro.
A escuridão nos engole por inteiro, como se o apartamento todo se
apagasse. Os braços fortes me prendem junto a ele, me dando a garantia que
não posso voltar atrás. E antes que possa compreender o que está
acontecendo, uma luz intensa irradia pelo cômodo, com meus olhos se
fechando rapidamente por conta da poderosa claridade.
— Irei quebrar uma regra que criei para mim mesmo, a qual nunca
quebrei, meu pequeno planeta — diz baixo, me fazendo inalar com força
quando sinto seu nariz raspar em meu pescoço, com ele depositando um
beijo em meu queixo. — Mas a quebrarei pela eternidade inteira, apenas
por você.
Minhas pálpebras se abrem devagar e me preparo para tentar
enxergar algo por conta do grande clarão, mas fico imóvel, com meus olhos
focados no par de íris negras que me encaram. Não há mais a luz
bruxuleante e nem a escuridão do imenso breu, e sim a luz do dia, como se
o sol estivesse dentro do meu quarto. Pisco, confusa, olhando-o a
centímetros da minha face, ficando hipnotizada na devassidão da beleza do
homem que me segura em seus braços, não conseguindo pensar em palavras
para explicar a situação.
É estranho, porque eu via sua face em meus sonhos, mas não assim,
tão realista como estou vendo agora. É como se pela primeira vez eu
estivesse verdadeiramente o enxergando. Os traços finos no rosto parecem
esculpidos pela mão do mais talentoso artista plástico, como uma pintura
impecável. Os lábios são finos, com o nariz reto e imponente, além dos
olhos negros, tão escuros quanto os fios da cascata lisa que tem em sua
cabeça e cai por seus ombros. A sobrancelha perfeita, com pelos negros,
destaca-se na pele de marfim pálida, que entra em contraste nítido com o
rosado dos seus lábios.
Nunca tinha visto um rosto tão belo e perfeito, o que me faz
imaginar que deve ser assim que se parece um anjo. E por um segundo
chego a duvidar se realmente ele está aqui ou se é mais um sonho ou
alucinação minha. Será que finalmente a loucura tinha me pegado, que o
medo da minha mãe tinha se concretizado? Porque não consigo imaginar
um homem tão lindo assim, com uma beleza andrógena.
— Estou louca, não é? — pergunto baixo, deixando as pontinhas
dos meus dedos acariciarem sua face, sentindo o calor que emana dele. —
Porque você não pode ser real...
Sua boca se abre rápida, e como um predador astuto, dá um bote,
capturando meu dedo quando contorno seus lábios, o sugando lentamente
enquanto me encara com as íris negras brilhantes.
— Sou real, minha pequena humana. — Seu sorriso é perigoso,
tanto quanto a forma pecaminosa que ele incita meu corpo apenas com um
escorregar da sua língua em meu dedo. — E o que farei com você será
ainda mais real, meu planeta.
Acho que meu cérebro demora alguns segundos para processar o
que acontece, porque depois de segundos sendo segurada em seus braços,
logo estou sendo depositada na cama, de quatro, com ele abaixo de mim.
Movo meu rosto para o lado, não entendendo como isso aconteceu, como
ele se moveu tão rápido quanto um flash.
— Como fez isso... Ohhh! — As palavras se perdem, sendo
silenciadas por um gemido assim que sinto sua língua deslizar em minha
bunda.
Olho para baixo e o vejo ali, com meu corpo em cima dele, tendo
um sorriso diabólico em seus lábios. Mas se ele está aqui, deitado na cama,
abaixo de mim, quem acabou de lamber minha bunda?
— O quê... — Giro meu pescoço, mirando por cima do ombro, com
meu olhar focando nele, atrás de mim, ajoelhado na cama, com sua mão
esmagando meu quadril. — Como está fazendo isso...
— Todos os buracos. — A mão em meu queixo segura meu rosto,
enquanto me faz virar para o lado. Arregalo os olhos quando enxergo a
terceira imagem parada de pé, ao lado da cama, escorregando seu dedão em
minha boca antes de esmagar meus cabelos em seus dedos. — Seu desejo,
estou realizando-o.
Meus lábios se abrem para argumentar, mas não consigo falar, não
quando meu corpo inteiro vibra no segundo que a boca faminta abocanha
meu peito, o chupando com força.
— Ohhh... — Esmago meus dedos em seu ombro enquanto olho
para baixo, o vendo chupar meu peito.
Os dedos escorregam em minha boceta ao passo que um carrossel de
emoções me toma ao sentir novamente o deslizar da língua em meu rabo.
Não entendo mais nada, não quando o tenho chupando meu peito, deitado
abaixo de mim, comigo de quatro em cima dele, além de uma cópia sua
atrás do meu rabo, o chupando enquanto fode minha boceta com seus
dedos, e outra parada na lateral da cama, esmagando forte meus cabelos em
sua mão.
Se isso não for loucura, não tenho a mínima ideia do que é, apenas
que meu corpo está completamente devastado, sendo inundado com pura
luxúria.
— Traga esse rosto para cá. — Sua voz sai alta e em comando
quando gira minha cabeça, mantendo seus dedos firmes em meus cabelos.
— Vamos ver quão fundo meu pau consegue foder essa boca!
De pé ao lado da cama, o pau duro que ele segura com sua outra
mão é movido lento na direção do meu rosto, enquanto mantém seus olhos
negros presos nos meus.
— Abra a boca, minha humana! — Acho que minha mente não
entende que estou tendo uma alucinação, uma queda de pressão, ou seja lá o
que esteja acontecendo comigo.
Porque eu o respondo, obedeço a ordem dele imediatamente e abro
minha boca, sentindo a ponta da cabeça do seu pau contornar meus lábios
sem pressa. Minha língua não se aguenta diante da tentação e logo estou o
lambendo de mansinho, antes de chupá-lo.
— Vamos ver quão quente e molhada essa boceta está, meu planeta.
O rosnado baixo da boca, que solta meu peito e captura o outro logo
na sequência, se faz rouco, antes de esmagar meu quadril em sua mão, me
penetrando em uma única estocada.
— Ohhh, De... — Não termino de falar, não quando o pau é
empurrado para dentro da minha boca, com ele segurando mais forte meu
cabelo em sua mão, não me permitindo afastar.
Seu dedo indicador se ergue e balança em negativo de um lado ao
outro, piscando de forma perversa para mim. Meu corpo inteiro se tensiona
no segundo que sinto a cabeça do pau na entrada no meu rabo, se
empurrando de mansinho em meu ânus, me fazendo ter ainda mais noção
do pau dentro da minha boceta, que me fode vagarosamente.
— Quente como o inferno! — O rugido alto explode dentro do
quarto como um trovão, com as mãos grandes segurando cada lado do meu
rabo enquanto me penetra. — Eu amo esse corpo!
Meus olhos marejam enquanto minha boca está sendo fodida, e
inalo, ofegante, pelo nariz. A queimação branda mistura-se com a ardência
dentro do meu ânus, que vai aumentando a cada centímetro que ele é
preenchido, tendo as paredes da minha boceta se contraindo com tanta força
em volta do pau que está enterrado fundo dentro dela, comigo sendo
preenchida por completo.
Sinto-o em cada parte do meu corpo, com seu pau estocado tão
fundo no meu rabo, ao ponto de me sentir sendo rasgada de dentro para
fora, com sua pélvis colada em minha bunda. Minha boceta traga seu pau,
que a enche, tomando cada espaço dela, assim como minha boca, que é
fodida sem piedade alguma. E nesse momento, minha mente não encontra
mais qual resposta lógica poderia ter para o fato de um único homem estar
me fodendo em cima dessa cama, como se eu estivesse em um gang bang[5],
com várias cópias dele.
— Não pense, apenas sinta. — A mão em meus cabelos diminui a
pressão. — Sinta o prazer que lhe dou, meu pequeno planeta.
Sua outra mão se estica e toca a lateral do meu rosto, capturando a
lágrima que escorre pelo meu olho com a ponta do seu dedo, o erguendo
para sua boca e o sugando. Rosna de forma sexy quando fecha seus olhos,
movendo sua pélvis para frente e para trás, ao passo que chupo seu pau.
Sinto o par de mãos em meu corpo, o acariciando, e o outro par de mãos em
meu quadril, enquanto sou fodida de todas as formas, literalmente.
— Me sinta, minha doce perdição. — O pau em minha boca é
retirado quando ele dá um passo para trás, se abaixando pouco a pouco e
ficando com sua face diante da minha.
— Ohhh... — Cravo minhas unhas em seu ombro ao sentir os paus
me fodendo, tendo um dentro da minha boceta e o outro no meu rabo, que
se move preguiçoso. Ele intercala: quando um pau entra, o outro se retira,
em um vai e vem tortuoso, com dor e prazer se misturando.
— Sinta todo meu ser dentro de você, Júpiter. — Dedos firmes se
fecham em volta da minha garganta e ele rosna baixo, parando seus olhos
em minha boca. — Me deixe marcar cada canto desse corpo como meu!
Seu rosto se inclina para frente e me beija com posse, forçando
meus lábios a se abrirem para ele, mantendo minha garganta esmagada em
sua mão. Meu peito sensível é esfolado pela boca que o suga, com os dentes
fechando-se na ponta do bico, causando um pico agudo de dor, que
automaticamente estoura dentro da minha boceta, como se fosse interligado
em uma linha direta.
— Ohhh, porra! — Empurro minha cabeça para trás, quebrando
nosso beijo e gemendo alto.
Meus cabelos, que mal foram libertos por uma mão, logo são
puxados por outra quando meu tórax é forçado para trás, comigo batendo
firme em um peitoral quente. Sou fodida na minha boceta e no cu,
recebendo penetrações intensas ao mesmo tempo. Não consigo distinguir se
o som alto e grotesco, como o de um animal, sai do homem atrás de mim,
que fode meu cu; se é do homem deitado abaixo de mim, comendo minha
boceta; ou do que está parado ao lado da cama, com seu braço esticado,
esmagando minha garganta ao ponto de ser quase impossível respirar.
Mas é como se meu corpo não se importasse, como se nada além de
estar fodidamente cheia por ele fosse significativo. E eu quero mais, meu
corpo rendido à luxúria almeja mais, e sinto-me liberta na perversão que me
consome, não querendo parar, e sim desejando mais. Meus olhos se fecham
enquanto um sorriso se abre em meus lábios, movendo meu quadril no
compasso dos paus que explodem dentro de mim, não sendo nada mais que
um receptáculo de prazer sendo enchido por ele.
A sensação do pau dentro da minha boceta entrando mais fundo no
segundo que o pau que está no meu cu se retira, deslizando para fora, é tão
intensa e infernal que me faz suar, gemendo a cada penetração. Solto-me
mais, me entregando sem pudor algum ao meu desejo mais depravado, e
vibro, com meu corpo tremendo inteiro quando os dedos se movem para
meu clitóris e o massageia.
— Ohhh, sim... sim! — gemo em euforia, sorrindo.
Ele libera a mão da minha garganta, a descendo para meu seio e o
esmagando com dominação. Minha cabeça cai para trás, apoiando-se no
peito quente colado em minhas costas. Ergo meu braço e o jogo para trás,
enlaçando seu pescoço. O raspar dos dentes em meu ombro se faz, com os
braços dele fechando-se em minha cintura, com ele movendo seu quadril
atrás de mim e esmigalhando meu rabo.
— Minha, minha humana...
Viro meu rosto para o lado, me perdendo em seus olhos negros,
antes da sua face se inclinar para frente e tomar minha boca.
— Meu pecaminoso planeta! — O rosnado baixo sai dos seus
lábios, e ele me fode mais intenso.
Sinto a energia do orgasmo me cortando, a explosão descomunal
ganhando vida dentro de mim, com ondas de choques percorrendo cada
nervo, músculo e célula, causando um formigamento dos pés à cabeça, com
minha mente indo para o espaço quando o orgasmo me atinge, finalmente
dando ao meu corpo o que ele tanto buscava desesperadamente.
— Ohhhhhh! — gemo em sua boca, com o esguicho incontrolável
saindo da minha boceta, sendo comandado pelo orgasmo ao atingir o
clímax.
O maldito apogeu que eu tanto precisava se intensifica duplamente
quando os dentes que estavam em meu seio se cravam à pele, como se
agulhas finas estivessem me perfurando. Os lábios em minha boca a soltam,
com um rosnado rouco saindo dos seus lábios. Meus olhos marejados pelo
prazer estão com a visão embaçada quando abro minhas pálpebras, e por
um segundo extremamente breve, quando encontro seus olhos, posso jurar
que suas íris estão em um verde intenso vivo, como uma pedra preciosa,
tendo o globo ocular inteiro vermelho-sangue. Porém, é nos longos cabelos
negros que eu fico perdida, não tendo certeza se realmente estou vendo com
clareza, porque posso jurar que estão flamejantes.
Antes que possa dizer algo, meu corpo inteiro se convulsiona,
tremendo-se inteiro quando ele move sua boca, abrindo seus lábios e
abocanhando meu pescoço. A sensação de finas agulhas perfurando minha
pele é mais forte do que a que senti em meu seio, o que aumenta ainda mais
o meu prazer e a brutalidade com que meu orgasmo me consome, como se
estivesse em um ciclo sem fim de orgasmos.
Sinto tudo com uma força absoluta, com as batidas potentes das
penetrações acelerando, tanto do pau dentro da minha boceta como o que
estoura em meu rabo. Gemo alto, esmagando meus dedos no braço em volta
da minha cintura, com a descarga de erotismo desfibrilando em cada canto
do meu ser, tendo a escuridão tomando conta do quarto, o engolindo inteiro
em um breu total, enquanto apenas os sons da minha respiração e da dele se
misturam, assim como nosso corpo está fazendo.
A sensação do calor é triplicada, como se eu estivesse me
queimando inteira. Meu coração dispara em batidas incontroláveis, com a
cópia abaixo de mim, que está comendo minha boceta, colocando sua boca
em meu peito, com os dentes cravados à pele, me chupando, sendo tão
prazeroso quanto a mordida do outro, que está me fodendo por trás e chupa
meu pescoço. Ele me dá a sensação que poderia morrer agora, gozando sem
controle algum. Mas, fodidamente, se eu morresse, ainda assim morreria
feliz.
O som grotesco, como o eco de um enorme animal, entre um
rosnado e um rugido potente, estoura alto quando a boca dele solta meu
pescoço, fazendo a quentura me consumir assim que seu sêmen é jorrado
dentro da minha boceta, com meu rabo se enchendo de porra quando ele
goza. Meu corpo perde as forças, com meu orgasmo me largando em um
estado de inexistência e completa moleza quando ele finalmente acaba,
tendo meu coração palpitando tão forte quanto minha respiração
descontrolada.
— Minha... — A voz baixa rosna perto do meu ouvido quando
lambe meu ombro em cima do local que ele mordeu. — Apenas minha, meu
pequeno planeta!
Meus olhos se fecham enquanto aliso seu braço, não conseguindo
raciocinar e entender o que acabou de acontecer, muito menos formar
alguma frase ou deixar uma palavra que seja sair pelos meus lábios.
CAPÍTULO 8
O HÓSPEDE

Júpiter

— Júpiter, já falamos sobre isso em suas sessões, se recorda? — A


voz calma de Viviam, minha terapeuta, do outro lado da linha, sai em tom
sereno. — Não é real. Essa data festiva do Halloween lhe deixa nervosa,
por conta das experiências traumáticas que teve na infância...
Fecho meus olhos e inalo fundo, esfregando meu rosto enquanto
escuto a voz dela, batendo meus pés apressadamente no chão.
— Não, Viviam, eu estou dizendo a verdade. Ontem à noite, ele
esteve dentro do meu quarto, no meu quarto...
— Está há quanto tempo sem dormir, Ju? — ela me interrompe, me
perguntando com serenidade.
— Alguns dias... — sussurro, esfregando meu rosto. — Mas eu...
— Aceitou ir àquele encontro que me disse que iria? — Abro meus
olhos, encarando a cafeteira, soltando um suspiro, desanimada.
— Sim, eu aceitei, mas acabei voltando para casa, não querendo
nada com ele. — Não conto para ela que praticamente fugi daquele
desastroso encontro.
— Teve contato com sua mãe recentemente, Júpiter?
— Sim, ela me ligou na noite passada. — Abaixo meu rosto para
Café, que passa perto das minhas pernas, alisando sua cabeça em minha
canela e ronronando. — Ela queria que eu fosse visitá-la, está querendo me
apresentar o filho de um dos vizinhos...
— Como se sentiu ao conversar com ela? — Viviam é cirúrgica.
— Horrível, como sempre, a ponto de eu desligar o telefone na cara
dela. — Me abaixo e pego Café no colo, afagando minha bochecha em sua
cabeça, fazendo carinho nele. — Mas isso não tem nada a ver com o que
aconteceu...
— Isso tem tudo a ver, Júpiter. — Ela é maternal em seu tom de voz,
mas firme como uma profissional. — Sua mãe é um condutor direto às suas
emoções, engatilhando todos seus traumas, ainda mais nessa época do ano,
que é justamente quando as memórias do que passou naquele hospital
ganham força. Já estava cansada e nervosa com as provas finais da
faculdade, além do encontro com o rapaz que aceitou, o qual, pelo seu tom
de voz, suponho que não se saiu bem. Tudo isso foi muita pressão, fazendo
seu cérebro buscar alívio em sua imaginação.
— Miauuu! — Café mia, erguendo seus grandes olhos azuis para
mim, como se discordasse das palavras da terapeuta, me encarando sério.
Viro-me vagarosamente, olhando na direção do corredor que leva
para meu quarto, ainda podendo me recordar de tudo que aconteceu no
cômodo tão vivamente, tendo meu próprio corpo trazendo marcas nele, as
quais tenho certeza de que não são da minha imaginação, já que tenho a
arcada dentária perfeitamente marcada em meu pescoço.
— Volto de viagem daqui a uma semana, e vamos conversar
novamente sobre esse sonho, está bem? — ela suspira, falando com
carinho. — Sei que não gosta, mas realmente devemos repensar sobre os
medicamentos, Ju. Seria bom para você tomar alguns calmantes...
— Me desculpa por ter interrompido suas miniférias, doutora
Viviam — falo rápido, descartando mentalmente qualquer possibilidade de
me medicar. — Obrigada por ter me ouvido. Acho que tem razão, eu apenas
preciso descansar, foi muita coisa acontecendo de uma vez só.
— Não precisa se desculpar, fez o correto. Foi exatamente para
esses tipos de momentos que lhe passei meu contato pessoal, para que me
ligasse. Vai ficar tudo bem, acredite em mim!
Despeço-me dela rapidamente, encerrando a chamada e largando
meu celular na bancada da cozinha, enquanto desvio meus olhos do
corredor do meu quarto para Café, que está esfregando sua cabeça em meu
peito.
— Ainda bem que tenho você, garotão — sussurro para ele, sorrindo
com carinho, beijando sua cabeça antes de o deixar no chão.
Caminho devagar para a pia, esticando meu braço e pegando uma
xícara no escorredor de louça antes de me servir de café. Ainda estou
pensativa sobre tudo que houve na noite passada dentro do meu quarto, e,
principalmente, como eu acordei completamente lânguida, como se tivesse
tido a maior sessão de foda de toda minha vida, de verdade, e não porque a
imaginei. Sinto minhas pernas doloridas, assim como o fisgar da assadura
entre as dobras da minha bunda, fora meu couro cabeludo que está sensível,
tanto que mal pude pentear os cabelos.
Quando acordei no quarto vazio, tive uma sensação de tristeza me
pegando, por não o encontrar, o que me fez querer chorar, realmente
duvidando da minha sanidade, tanto que foi por isso que a primeira coisa
que fiz foi ligar para a minha terapeuta. Viviam é a única para quem conto
sobre meus sonhos, visto que ela os ouve sem um olhar de recriminação, e
muito menos como se eu fosse louca. Ela me diz que são traumas, que o
homem que aparece em meus sonhos é projetado pela minha mente como
uma forma de me poupar das lembranças desagradáveis que passei naquele
hospital psiquiátrico, quando minha mãe me internou; que ele pode ser uma
figura paterna que eu tinha recriado em forma de amante, já que me sinto
bem perto dele.
Porém, por mais que ela diga isso, minha figura paterna projetada
pela minha mente tinha me fodido em cima da cama com três cópias dele,
deixando mordidas, chupões e assaduras no meu rabo, além de uma boceta
sensível e das marcas no meu corpo. Então como vou explicar isso, se é só
minha imaginação?!
O som da campainha tocando na entrada do meu apartamento me
tira dos meus pensamentos, e olho para lá na mesma hora. Ando devagar
para a porta, ouvindo o barulho se tornar incômodo a cada vez que é
apertada.
— Já vai! — digo alto, suspirando, marchando frenético para a
porta, segurando minha xícara de café.
E qual não é a minha surpresa quando abro a porta e encontro meu
vizinho, que mora no apartamento ao lado do meu, me encarando nervoso.
Sing é um escroto, casado com uma jovem mexicana, a qual ele espanca
diariamente. Escuto os gritos dela quando os dois brigam, e o fato deles
serem meus vizinhos de lado, faz eu me sentir como se estivesse dentro do
imóvel deles.
Não sou de me intrometer na vida dos outros, mas chamei a polícia
umas três vezes, no começo, quando os dois começaram a morar aqui.
Rosa, a esposa dele, simplesmente desmentia a briga, dizendo que estava
tudo bem e que, provavelmente, alguém tinha entendido errado, que os sons
eram da televisão, e mandava os policiais embora, ao invés de admitir que o
escroto do marido dela estava a espancando. Eu sei que os sons que ouço
não são da televisão, e sim gritos de raiva de um homem covarde, além do
choro de uma mulher.
— No que posso ajudar? — pergunto séria, esmagando o robe em
meus dedos e puxando a gola de seda para cobrir mais meu corpo, quando
seus olhos nojentos me analisam lentamente.
— Sou Sing Braw, seu vizinho...
— Eu sei quem você é — falo rapidamente, demonstrando pressa
para que ele diga logo o que quer, não me sentindo confortável com a forma
nojenta que seus olhos se mantêm encarando meu corpo.
— Estou procurando minha esposa. Cheguei ontem do trabalho por
volta das 23h e ela não estava em casa... — Ele estufa seu peito, levando
suas mãos aos bolsos da calça e erguendo seus olhos para meu rosto. — Ela
não é de fazer esse tipo de coisa, sabe?! E estou preocupado... Por acaso,
não a viu, não é?
— Não! — Nego rápido com a cabeça.
Não tinha visto a esposa dele, e se tivesse a visto, não lhe contaria,
ainda mais se a avistasse fugindo, o que eu espero do fundo do meu coração
que tenha acontecido, que essa mulher realmente tenha decidido largar esse
escroto covarde.
— Não vi sua esposa. — Inalo forte o ar, com o cheiro de bebida
que vem dele me alertando que já tinha bebido logo cedo, o que me faz
começar a fechar a porta, para que parta. — Se me der licença, tenho coisas
para fazer...
Sua mão é rápida quando se estica, se espalmando sobre a madeira e
impedindo que eu feche a porta, enquanto dá um passo à frente, me
assustando com sua aproximação.
— Eu sei que é você que liga para a polícia, que manda aqueles
idiotas aqui quando eu e minha esposa nos desentendemos. — Seu tom de
voz baixo sai junto de um riso que é tão falso quanto seu olhar calmo, que
se abaixa novamente, com ele encarando meu corpo, ficando vidrado em
meu robe.
— Não sei do que está falando... — Esmago meus lábios, sentindo
meus dedos trêmulos enquanto seguro minha xícara de café. — Por favor,
saia da minha porta, tenho coisas para fazer e não vi sua esposa...
— Sabe... — Ele ergue o rosto para mim e dá mais um passo à
frente, me fitando com um sorriso dissimulado estampado em sua face, me
impedindo de fechar a porta, ficando parado na entrada do meu
apartamento. — Eu nunca prestei muita atenção em você, não é?! Sendo
bem franco, imaginava que fosse uma cadela fria e malcomida, que vive
apenas com o gato e que gosta de ser enxerida, se intrometendo na vida
alheia. Mas agora, apreciando bem, penso que tem muitos atrativos...
Meu corpo inteiro se encolhe em repulsa quando a mão dele se
ergue, com intenção de tocar meu rosto, o que me faz dar um passo para
trás, assustada. Atrapalho-me quando tombo em algo sólido e firme que me
sustenta, e minha cabeça cai para baixo, olhando o grande braço masculino
passando por minha cintura, mantendo-me presa, tendo a respiração tão
quente sendo solta no topo da minha cabeça.
Ergo meu rosto automaticamente, abalada, imaginando ser mais uma
alucinação, mas é o rosto do meu vizinho, que está petrificado na porta do
meu apartamento, mirando um ponto fixo atrás de mim, que me deixa
confusa. Sing está pálido feito um papel, com os olhos arregalados,
enquanto respira rápido e recua pouco a pouco.
— Eu... E-eu... — balbucia, nervoso, fechando seus olhos e negando
com a cabeça, esfregando seu rosto. — Lamento, achei que estava sozinha...
Minha cabeça se joga para trás na mesma hora, e fico apoiada no
grande tórax, que sobe e desce firme, tendo a respiração pesada saindo por
suas narinas. Os longos cabelos negros lisos moldam a face masculina, com
os lábios esmagados e o semblante taciturno, se mantendo ereto, encarando
meu vizinho. Meu coração acelera, enquanto meu corpo todo fica estático, o
vendo aqui, diante dos meus olhos, à luz do dia, dentro da minha sala, me
segurando firme com seu braço e colando minhas costas ao seu peito,
realmente me fazendo ter certeza de que sua face foi esculpida à mão, de
tão lindo que ele é.
O soluço baixo de choro, vindo da entrada do meu apartamento, me
faz voltar minha atenção para meu vizinho, que tem lágrimas escorrendo
por suas bochechas, chorando feito um bebê, com o rosto retraído,
parecendo estar com dor. As íris dos seus olhos estão congeladas, nem
sequer piscando, e ele soluça, com os ombros balançando, como se
estivesse em um transe completo. O vejo dar outro passo para trás, se
virando lento e se afastando da minha porta.
— Presumo que o caro Sing ficará ocupado por um longo tempo! —
fala atrás de mim, o que me faz piscar rapidamente, enquanto inalo fundo e
me afasto dos seus braços, girando apressada e observando-o.
— Puta merda! — sussurro, ainda olhando-o incrédula, vendo o
homem seminu dentro da minha sala, com minhas pernas amolecendo e
com as forças deixando-as. — Isso não é real, é coisa da minha cabeça...
— Negação. — O som da porta da minha casa se fechando me faz
dar um pulinho, amedrontada, na mesma hora, e viro para trás. — Creio que
o que fizemos ontem foi muito real, minha humana — sussurra rouco perto
do meu ouvido, causando uma estranha agitação pelo meu corpo inteiro, me
deixando elétrica e assustada ao mesmo tempo quando me viro, o vendo a
centímetros de mim, com uma sombra negra engolindo minha sala inteira.
— Medo é uma reação natural de vocês, humanos, quase como a
sobrevivência. — Cambaleio para trás com passos vagarosos e paro apenas
quando sinto minhas costas baterem na porta. — Mas não precisa ter medo
de mim, não irei lhe machucar, Júpiter.
O grande homem com a sombra escura atrás dele, anda de forma
elegante direto para mim, esticando seu braço para a xícara de café e a
retirando da minha mão lentamente.
— Ele interrompeu seu café, e isso me deixou extremamente
irritado. — Seus olhos se fecham e um rosnado rouco sai dos seus lábios.
— Terei que pensar em algo muito divertido para fazer com ele.
Meu rosto se abaixa e puxo o ar com força, fechando meus olhos,
tendo meus dedos beliscando a lateral da minha perna, com meu corpo
inteiro encolhido, colado à porta.
— Já passamos por isso, meu pequeno planeta. — Sinto como se
uma brisa suave tocasse meus cabelos, os afagando com um sopro. — Foi
mais faladeira e receptiva quando me viu pela primeira vez, quando criança.
Confesso que foi até irritante, pela forma como não parava de falar e me
insultava, me chamando de amigo imaginário...
— Oh, meu Deus... — Meus olhos se arregalam, com meu coração
batendo rápido, e o vejo virar uma grande fumaça negra diante de mim,
movendo-se para o teto do meu apartamento, antes de aterrissar no centro
da sala. — Meu Deus... você é real!
— Passamos por isso ontem à noite... — Um tom de riso sai dos
seus lábios, com ele estalando seus dedos quando aponta o indicador para
mim, me devolvendo com a outra mão a xícara de café, que pego trêmula.
— Penso que me demonstrei extremamente real, realizando seus desejos em
cima daquela cama, minha humana.
Sinto um toque gelado deslizar por minhas costas, de uma omoplata
à outra, como uma carícia invisível. Um arrepio percorre minha espinha,
fazendo meu corpo inteiro estremecer, mas uma faísca inesperada de desejo
acende de forma intensa dentro de mim, como se reconhecesse esse carinho.
— O que... q-quer comigo... — balbucio, sem conseguir parar de
tremer, o encarando diante de mim.
— Proteger o que é meu! — A voz rouca sai enérgica dos seus
lábios, com ele evaporando novamente, se transformando em uma grande
bola de fumaça negra, parando no meu teto.
Tombo meu rosto para trás e ergo meu pescoço, o vendo se mover
com lentidão, sobrevoando o topo da minha cabeça, se transformando em
uma grande sombra que desliza do teto e anda pelas paredes até ficar atrás
de mim.
— E você é minha. — O sussurro rouco da sombra colada à porta,
perto do meu ouvido, me arrepia por inteiro.
Pulo outra vez, assustada, mas dessa vez para frente, correndo para
longe da porta, respirando rápido. Meus olhos estão presos na sombra que
tem uma forma alta, com asas grandes de um morcego, desenhos de chifres
imensos no topo da cabeça e dois pontos flamejantes vermelho-sangue me
encarando. Solto um gritinho de dor quando a xícara em minha mão vai ao
chão, por conta dos meus dedos trêmulos que não conseguem a sustentar,
derramando o café quente em cima do peito do meu pé.
— Oh, droga! — Mordo meus lábios, cambaleando antes de cair de
bunda no chão, sentindo a dor na pele por causa do líquido quente.
Porém, por uma fração de segundos, meu cérebro se dispersa da dor,
quando o movimento frenético da sombra vem direto para mim, na
velocidade de uma bala. Meu corpo inteiro fica tenso quando a grande
sombra emerge do chão, em uma mistura de bola de fumaça, se
transformando em uma coisa humanoide, com os longos cabelos negros,
como um manto, caindo por seus ombros, com os pés descalços, se
abaixando lento perto de mim.
O toque frio no meu pé é completamente diferente do calor que
emana dele, tão escaldante que me dá a sensação de estar derretendo.
Permaneço em choque, sem saber o que fazer ou dizer quando ele abaixa a
cabeça e fica de joelhos diante de mim, erguendo meu pé devagar, o
lambendo em cima da pele sensível, onde o café queimou.
Inalo fundo, sentindo meu corpo responder ao contato da língua que
acabou de me lamber, com minha boceta pulsando. Os grandes olhos
verdes, como uma pedra, se fecham, e ele puxa o ar, tendo suas narinas se
dilatando, com um som rouco e baixo retumbando em sua boca, como um
ronronado, igual meu gato faz quando acaricio a cabeça dele.
— Posso sentir seu cheiro, sentir seu desejo e seu medo... — Os
grandes olhos verdes se abrem e o rosto abaixa devagar para meu pé, o
lambendo novamente. — Eu protejo o que é meu, minha mortal. Não há
nada que precise temer vindo de mim, Júpiter.
Pisco, confusa, olhando para meu pé em sua grande mão, não
sentindo mais ardência na pele, na região que queimou com o líquido
quente.
— Como sabe meu nome... — balbucio, respirando depressa.
— Eu assisto você há muitos anos, meu pequeno planeta. Como eu
disse, na primeira vez que me viu não se demonstrou tão assustada como
agora.
— O que é você, estranha humana? — A figura engraçada dentro
do meu quarto escuro pergunta taciturno.
— Sou a Júpiter... — Seus olhos rapidamente se abrem quando meus
dedos tocam seu longo cabelo negro, o qual achei tão lindo. — Júpiter
Merlin, tenho sete aninhos... Seu cabelo é lisinho e macio que nem os pelos
do gatinho da minha vizinha. — Sorrio alegre, erguendo meus olhos para
ele.
— Não sou um gato...
A memória tão antiga, a qual tinha ficado perdida no meio das
minhas lembranças, sendo esmagada por toda a dor que vivi dentro daquele
hospital, me acerta com força, enquanto olho-o, vendo seus longos cabelos
negros compridos caírem por seus ombros. Na adolescência, quando os
sonhos com ele iniciaram, achei que realmente era apenas minha
imaginação, mas não era, nunca foi minha imaginação.
Ele é real.
— Era você... — Meus dedos trêmulos se erguem de mansinho,
tocando os fios dos seus cabelos, sentindo a maciez. — Era você dentro do
meu quarto, aquela noite, quando me salvou do bicho-papão...
— Na verdade, era um demônio do pesadelo, que se alimentava das
dores que lhe causava em sonho. — Seus olhos se abaixam, ficando presos
em meus dedos segurando seus cabelos. — E desde então, me vi preso a
você, humana.
— A mim... — Solto seus cabelos, mirando-o confusa. — Como eu
posso ter lhe prendido a mim, se eu nem sei o que você é...
Sou pega de surpresa quando meu corpo é tirado do chão, sendo
erguido em seu colo, com ele me mantendo rente em seus braços.
— Por ora, basta saber que sou seu protetor e que você é minha.
Jamais permitirei que lhe machuquem novamente, minha humana. — Sua
voz sai com veemência, o que me deixa ainda mais confusa, não
entendendo o que ele realmente quer dizer com “minha”.
— Como eu te chamo? — sussurro, olhando-o perdida, vendo seus
grandes olhos presos aos meus.
Um grande silêncio se estende, me deixando sentir uma mudança
brusca de energia, com o ar ficando denso e suas mãos me apertando mais
firme.
— Theron! — responde finalmente, em tom baixo.
Sinto o vento gelado me acertar, assim como a escuridão me engolir
por um rápido segundo, como se estivesse entrando dentro de mim, me
fazendo ter um peso esmagador no meu coração, como se uma mão o
segurasse antes de o soltar, me dando a impressão de fios estarem me
ligando ao homem que me segura.
— O quê... — Fecho meus olhos, respirando fundo e sentindo algo
preso em mim. — O que fez comigo...
— Lhe dei minha confiança quando disse meu nome a você,
humana — sussurra, abaixando seus olhos para meu peito. — Agora é sua
para carregá-la.
O ar quente sai por seus lábios e sua face se aproxima da minha,
com ele raspando lentamente sua boca em meu queixo. Uma sensação tão
boa me inunda apenas com o resvalar dos seus lábios em minha pele, e é
impossível controlar todas as lembranças dos sonhos que tive com ele,
todas as vezes que gemi em seus braços, o tendo dentro de mim. Minhas
bochechas ardem de vergonha, enquanto respiro fundo, tentando fazer
minha mente empurrar essas memórias para longe.
— Então, todos esses anos... — inicio, nervosa, querendo parar com
as lembranças dos sonhos eróticos que tive com ele. — Você estava comigo,
me observando, como um hóspede invisível, porque nunca mais te vi,
porque nunca mais me deixou o ver... Se é meu protetor...
Ele afasta sua cabeça, deixando um pequeno espaço entre nós,
fechando seus olhos e puxando o ar com força.
— Sua escolha, meu pequeno planeta. — O par de olhos que estão
em um negro puro, como a escuridão que emana dele, se abre devagar, com
Theron olhando direto para mim. — Assim como foi sua escolha me
convocar na noite passada.
— Por favor, por favor, eu preciso que seja real, preciso que você
seja real para me tirar dessa maldita loucura... — sussurro com desespero,
me sentindo tão solitária, tão cansada.
Só preciso poder dormir, poder ver a única pessoa que não faz eu
me sentir anormal, não me sentir uma louca. Quero vê-lo de verdade e
saber que meu coração está certo. Acho que a última vez que desejei algo
assim, com tanta força como eu desejo agora poder tirar esse homem do
meu sonho e o trazer para a minha realidade, foi quando minha mãe me
internou, o que me fez desejar ardentemente que minha mente parasse de
ver meu amigo imaginário, para que eu pudesse sair daquele sofrimento.
Imploro com tanta força, sendo praticamente um grito de desespero
da minha alma.
Recordo o que desejei, das minhas palavras na noite passada, antes
de acabar a luz do meu quarto, antes dele aparecer. Eu desejei o ver, desejei
que ele aparecesse, que me mostrasse que era real.
— Eu desejei ver você... — murmuro, me perdendo no abismo
negro que se transformou as íris dos seus olhos. — Desejei que me...
Mordo meus lábios, me calando, lembrando da fantasia que tive
enquanto me masturbava.
— Que lhe fodesse em todos os buracos! — Um sorriso arteiro se
abre em seus lábios e ele me dá uma piscada. — Agora venha, humana,
preciso lhe alimentar.
Seu corpo gira rápido, com ele caminhando para a cozinha,
enquanto meu cérebro está em transe. Como posso pensar em me alimentar
tendo um homem seminu me carregando no colo? O homem que por todos
esses anos me fez ter sonhos eróticos que fariam um padre me exorcizar
pelo tanto de depravação que pratico com ele, deixando-me excitada apenas
com as meras lembranças.
Meu rabo é depositado sobre a bancada da pia de forma cuidadosa, e
ele inala mais forte, como se estivesse farejando o ar.
— Posso sentir seu cheiro, humana — murmura, abrindo seus olhos
e os recaindo em minhas pernas. — Sinto muito bem seu cheiro. Mas antes
de lhe dar o que quer, preciso lhe alimentar.
Fico sem entender, e escuto-o dar uma alta gargalhada, antes da sua
mão se erguer e estalar seus dedos. Minha mesa da cozinha, de repente, está
submersa com comida, parecendo um grande banquete. Olho do exagero de
comida em minha mesa, que apareceu apenas com um estalo dos dedos
dele, para sua face risonha, que parece divertida pela minha surpresa.
— Sugiro que coma, porque em breve serei eu a me alimentar! —
Ele tomba o rosto para o lado, olhando direto para minhas pernas. — E
posso garantir que tenho um apetite insaciável.
CAPÍTULO 9
A ESCURIDÃO

Theron

— Então você é meio que meu protetor, certo? — Observo-a


curiosa, sentada na outra ponta da mesa, me analisando enquanto leva um
pedaço de bolo à boca. — Tipo meu anjo da guarda, seria isso?
Fisgo meu pescoço, fechando meus olhos e cruzando minhas pernas,
balançando minha cabeça para os lados.
— Digamos que, talvez, poderia ser tipo isso. — Sorrio e abro meus
olhos, encontrando os seus em um negro brilhante, como uma constelação
linda do primórdio dos tempos. — Está protelando seu café da manhã, meu
pequeno planeta, e nos fazendo perder tempo com conversas
desnecessárias.
— A ideia de me alimentar foi sua, primeiramente. — Ela repuxa
seu nariz enquanto morde os lábios, negando com a cabeça. — E, segundo,
desculpa se o fato de eu querer saber porque estou com algum tipo de
entidade colada a mim desde a minha infância é desnecessário para você.
Rio, gostando de vê-la zangada pela forma arrebitada como seu
nariz fica. Os olhos femininos se estreitam, me olhando com desconfiança,
e morde seu bolo, chateada.
— Acho que você não tem ideia que por anos eu mesma cheguei a
pensar que estava louca, que realmente tinha perdido minha sanidade, mas
era você todo o tempo. Eu sentia como se estivesse sendo observada, como
se mais alguém estivesse comigo... Os sonhos... — Ela desvia seus olhos
dos meus, com a timidez lhe pegando quando toca no assunto dos sonhos, o
que a deixa ainda mais bela pelo jeito que sua respiração se altera. — Era
você, sempre foi você, e não minha imaginação.
— Nem sempre — falo calmo, esticando meu braço e pegando uma
fruta em cima da mesa, a jogando em minha boca. — Em suma, grande
parte das atividades que praticamos juntos em seus sonhos eram fantasias
suas, eu apenas dava uma mãozinha.
Sua pequena boca se abre e ela puxa o ar mais forte, me fitando,
tendo sua atenção fixa em minha boca. Fecho meus olhos e farejo o cheiro
dela no ar, o qual é apetitoso e desperta minha fome com mais urgência, me
fazendo desejar jogá-la sobre a mesa e lamber cada centímetro da sua
boceta, me alimentando com sua essência, a qual ela me entregará de bom
grado ao explodir cheia de prazer, por meu pau a foder com brutalidade, do
jeito que ela gosta.
Não minto quando digo que apenas a induzia, lhe direcionando aos
seus desejos mais sacanas, pois todas as fantasias de fodas que tivemos,
eram apenas as vontades de Júpiter, não minhas. Eu dava ao meu pequeno
planeta o que ela pedia em seus sonhos, ficando como um escravo do seu
ser, do seu pequeno corpo, do meu delicado mundo, que foi o que ela se
tornou desde a primeira vez que a tomei em seus sonhos e lhe marquei
como minha, não buscando nenhuma outra criatura além dela para me
saciar. Porque ela me prende. De alguma forma, a pequena humana me
deixou ligado a ela pela eternidade.
— Theron, ontem à noite... — Abro meus olhos, sentindo o poder
que ela tem sobre mim quando fala meu nome com tanta brandura.
Júpiter consegue me deixar perplexo com minhas próprias decisões
em relação a tudo que a envolve desde a noite que matei o demônio do
pesadelo que a atormentava. E isso continuou quando permaneci mantendo
minhas visitas, nas quais me pegava mais e mais ligado a ela, da mesma
forma que me deixou essa manhã, quando disse meu nome verdadeiro com
tanta facilidade para ela, sacramentando de vez nossa ligação quando lhe
entreguei minha confiança.
Em meu mundo demoníaco, no celestial, no da magia e até no dos
espíritos, o nome é uma arma de grande poder, e eu tinha entregado à minha
pequena humana o maior domínio que ela poderia ter sobre mim quando lhe
disse meu nome verdadeiro, dando-lhe um poder imensurável, que ela pode
usar para me controlar, manipular ou me fazer dobrar diante dela conforme
suas vontades. Porém, mesmo sabendo as consequências, ainda assim lhe
disse meu nome, confiei em minha humana.
Tento acreditar que fiz isso como um movimento calculado da
minha parte, que ofereci meu nome para deixá-la à vontade e ganhar um
pouco de sua confiança, já que não gostei de como o cheiro de medo
transpirou pelo corpo dela quando me encontrou dentro do seu apartamento,
porque o medo que ela sentia era de mim.
Júpiter é uma mortal moderna, sua espécie não se apega mais aos
velhos hábitos, quando a humanidade endeusava deuses pagãos, os
cultuando. A humanidade esqueceu os antigos rituais e tradições, e isso, de
certa forma, traz uma certa liberdade e benefícios a seres como eu. Não
tenho que me preocupar com o fato de que meu pequeno planeta usará meu
nome como uma arma, para ter um demônio preso às suas mãos e vontades,
por exemplo. Até porque ela já fazia isso comigo muito antes mesmo de
saber meu nome, quando me viciou em sua essência e sangue doce, sendo
tão puro, sedutor e belo como ela.
— Ontem à noite, Theron... — A vejo morder seus pequenos lábios
enquanto inala fundo, limpando seus dedos no guardanapo. — Você...
— Realizei seus desejos?! — Ergo meu braço, estalando meus
dedos, fazendo duas cópias minhas aparecerem de pé, uma de cada lado
dela. — Se quiser, podemos repetir. Quem sabe com mais uma cópia hoje...
— Sorrio para ela, estalando meus dedos novamente e deixando uma
terceira cópia se materializar. — Tenho certeza de que posso preencher sua
boceta com dois paus, enquanto um come seu rabo e outro se delicia em sua
boca...
Os grandes olhos negros se expandem, com ela olhando de mim
para as cópias, negando rapidamente com a cabeça, antes de começar a
tossir, levando os dedos à frente da boca.
— Oh, meu Deus! — Ela tosse, esticando seu braço, tomando um
copo de suco e balbuciando nervosa.
— Não o chame. — Estalo mais forte meus dedos, repuxando meu
nariz e fazendo as cópias desaparecerem. — Meio que quebra o clima! —
falo, debochado, mirando a frente do seu peito e observando como ele sobe
e desce mais rápido. — Deseja que eles lhe segurem enquanto lhe fodo? —
Descruzo minhas pernas e inclino meu rosto para frente, fechando meus
olhos e podendo farejar o odor adocicado da sua boceta. — Ou nos
assistam...
— Oh, porra, não! — Ela abaixa seu copo na mesa, se levantando
veloz enquanto me dá as costas, negando com a cabeça. — Não estava me
referindo ao nosso sexo grupal da noite passada...
— Não? — Abro meus olhos e estreito meu olhar, a fitando confuso.
— Falava sobre o quê, então?
— Me chamou de um nome na noite passada... — Ela vira devagar,
enquanto morde o canto dos lábios, me fitando nervosa. — Quero saber por
que me chamou de sensitiva, Theron...
— Porque é o que você é — respondo sem rodeios.
— Não, não... — Ela nega com a cabeça antes de abaixar seu olhar
para seus pés descalços, batendo-os lentos no chão. — Não sou isso, eu sou
apenas eu.... Não sou uma sensitiva, mal sou uma pessoa comum, que até na
noite passada jurava ter desvios graves de sanidade...
— Não é louca, Júpiter — rosno baixo, repuxando meu pescoço e
controlando minha essência demoníaca, que odeia o que fizeram com nosso
planeta, a deixando frágil e triste, quando, na verdade, é uma criatura rara
de essência, tão pura que torna todos que lhe machucaram indignos de
viver, por ferirem uma alma tão inocente como a dela.
— Theron, seus cabelos... — balbucia, com seus olhos ficando
presos em mim.
Automaticamente refreio meus nervos, porque sei que estaria me
transformando em um ser diabólico à sua frente em segundos se continuasse
com raiva, a deixando enxergar minha verdadeira forma demoníaca, na qual
me transformei quando a grande batalha entre o Céu e o Inferno cessou. A
face que mostro a ela nessa persona, foi a que um dia já tive.
— Seus cabelos estavam flamejantes. — Ela me mira confusa,
inclinando seu rosto para o lado.
— Um pequeno descontrole de raiva. — Sorrio para ela e pisco
enquanto me levanto, sabendo que a fome por ela está dificultando meu
controle sobre meus instintos. — Nada que uma boa alimentação não
resolva. Por falar nisso, creio que você já terminou de se alimentar...
— Sim, mas ainda não terminei de conversar...
— Já se alimentou e já conversamos, minha pequena humana. —
Me aproximo morosamente, a interceptando na bancada da pia, quando
tenta se afastar. — Agora, quero chupar sua boceta e foder seu corpo...
— Ohhhh... — Ela se assusta, dando um gritinho de surpresa
quando a prendo pela cintura, tirando-a do chão e lhe virando sobre o
balcão de mármore, depositando seu rabo em cima. — Eu realmente quero
conversar um pouco mais...
Sua mão se estica, trêmula, e a espalma em meu peito, enquanto me
olha e inala depressa.
— Iremos conversar quando eu me alimentar — rujo, rouco,
empurrando minha face contra seu peito e farejando o perfume doce dela,
tendo a maldita fome ficando cada vez mais insaciável pelo meu pequeno
mundo.
— Como... como assim se alimentar... — Sinto os dedos trêmulos
dela segurarem minha cabeça, afastando-a rapidamente, me impedido de
cheirá-la. — Vai se alimentar de mim?
A vejo com a boca delicada aberta em um pequeno “O”,
demonstrando sua surpresa quando movo minha cabeça em positivo.
— Disse que não iria me machucar... — Ela estica seus braços,
tentando manter uma distância entre nós, falando nervosa quando esmaga
meus ombros em suas mãos. — E agora quer me comer....
Minha cabeça cai para trás e solto uma sonora gargalhada, gostando
de como sua inocência me cativa, desde suas palavras até seus olhos
grandes negros e brilhantes, assustados.
— Está rindo às minhas custas, mas quem vai ser seu café da manhã
sou eu... — A voz feminina sai apressada e nervosa, enquanto ela pula da
bancada, fugindo de mim. — E não acho graça nenhuma disso...
— Irei comê-la, meu pequeno planeta, mas não da forma que pensa.
— Viro vagarosamente, a vendo ficar confusa ao passo que respira mais
forte. — A fome que tenho e a qual me alimenta, é o seu prazer...
Ela fica em choque por um segundo, antes da sua mão se erguer para
seu pescoço, o alisando lento, exatamente onde eu lhe mordi na noite
passada.
— Aquilo que fez ontem à noite... — Fico sério e a encaro, notando
uma tristeza brilhar em seus olhos. — Estava apenas se alimentando de
mim...
Júpiter fita o chão e abaixa seu braço, me deixando confuso e
intrigado em como a espécie dela oscila rapidamente de humor, indo de
zangada a triste em instantes. Não compreendo o porquê ela ficou
melancólica. Eu não desejava lhe machucar, tanto que nunca tinha me
alimentado mais do que o suficiente dela. Está certo de que na noite passada
foi muito mais intenso, porque foi a primeira vez que lhe toquei no plano
dos mortais, mas ainda assim usei de toda minha força e autocontrole para
não a drenar, pois me importo com minha humana.
— Ficou triste por que Theron se alimenta de Júpiter? — questiono,
sem entender minha humana, vendo o brilho das lágrimas em seus olhos
quando sua cabeça se ergue.
— É claro que eu fiquei! — fala rápido, movendo a cabeça para os
lados e tentando esconder de mim as lágrimas que brotam em seus olhos. —
Quem fica feliz ao descobrir que é uma marmita ambulante de um encosto
tarado?!
Rosno, rangendo meus dentes quando ela me dá as costas e anda
brava para fora da cozinha, indo para a sala. Meu corpo evapora, se
materializando à frente dela, a impedindo de passar.
— Não sou um encosto, humana. E posso garantir que já vivi o
bastante em seu mundo para saber o que é um insulto, então não me chame
de tarado novamente!
— Jura? Então me diz como devo chamar alguém que se alimenta
dos outros enquanto o fode?! — diz, brava, inalando o ar com força e
batendo seu pé no chão.
— Theron! — respondo firme. — Já lhe disse como me chamar. E
não me alimento dos outros enquanto fodo, apenas de você.
— Oh, valeu, isso ajudou bastante! — fala chateada, me olhando
com dor, enquanto suspira e dá as costas outra vez. No entanto, permanece
imóvel, com os ombros caídos.
— Não entendo o motivo de estar brava, meu planeta. Lhe
alimentei, agora é minha vez de me alimentar. — Dou um passo à frente,
fechando meus olhos e sentindo o aroma adocicado da sua essência. —
Sente nojo de mim por precisar me alimentar de você, por isso está brava?
Uma estranha emoção me pega, uma que eu achava que demônios
não tinham, que pertenciam apenas à raça dos humanos. Me sinto inseguro
ao aguardar a resposta dela, visto que não desejo que minha humana tenha
nojo de mim.
— Tem ideia de que eu nunca deixei nenhum outro homem me
tocar? Que nunca consegui ser uma garota normal? — Sua voz sai baixinha
enquanto se vira lenta, me dirigindo um olhar magoado. — Eu nunca
consegui sequer passar da primeira base com um rapaz, porque eu estava
completamente obcecada por um homem que apenas aparecia nos meus
sonhos, Theron.
O que eu sou grato, já que tinha certeza de que quebraria a regra
mais importante que um demônio é obrigado a se submeter, de não matar
um humano, se ela se envolvesse com algum cara. Porque eu, fodidamente,
mataria e mato qualquer um que tentar tocar em minha Júpiter.
— E agora descobri que além dele ser real e estar há anos me
infernizando, a ponto de eu achar que era louca, porque não o via de
verdade — ela sorri com tristeza, abaixando seu rosto —, eu também
descubro que sou apenas o lanchinho dele. Eu realmente sou uma tola! Por
favor, vá embora, Theron, me deixe sozinha.
— Não é o meu lanchinho. — Seguro seu queixo, a fazendo me fitar
enquanto me aproximo devagar. — É o meu pequeno planeta, minha
Júpiter.
Seus grandes olhos negros ficam presos nos meus, piscando,
marejados, e a olho com serenidade, lhe dizendo a verdade.
— Se lhe deixa triste saber que preciso me alimentar de você, posso
procurar outra humana, para me alimentar dos sonhos dela. Mas não me
mande ir embora, não quando aguardei o que para mim pareceu uma
eternidade para tê-la como minha, fora do mundo dos sonhos, minha
Júpiter...
— Se alimentar de outras? — A vejo piscar rápido, dando um passo
para trás e estreitando seu olhar, me encarando. — Se alimenta de outras
mulheres além de mim...
— Não, não me alimento. — Ela se mantém séria, me avaliando
com a testa franzida. — A única mulher que visito os sonhos, ficando ao
seu lado, é você, desde a primeira vez que lhe toquei...
Humanos são, definitivamente, criaturas estranhas e de difícil
compreensão, principalmente as fêmeas. De um estado bravo, passou para o
melancólico, e agora está séria, me dando uma encarada mortal, o que
chega a ser ainda mais belo nela, já que é a primeira vez que vejo esse tipo
de emoção vibrando em seu corpo.
— Está com ciúme? — indago baixo, ouvindo seu coração bater
disparado e enxergando a forma como ela respira com força.
— O quê? — Ela arregala seus olhos, balbuciando apressada.
— Pensar em mim alimentando-me de outras humanas, visitando os
sonhos delas, lhe deixou com ciúme?
— Óbvio que não! — Ela retorna a me dar as costas, cruzando seus
braços. — Estou apenas em choque, tentando assimilar tudo que aconteceu
nesse curto espaço de tempo. Não estou com ciúme de você, eu mal o
conheço...
Ela mente, e a pulsação sanguínea disparada em suas veias confirma
a emoção que senti nela. Uma humana com ciúme de mim, isso é algo que
nunca imaginei que presenciaria. Porém, tudo que envolve Júpiter é algo
que nunca imaginei que me aconteceria.
— Você é minha, e eu sou seu — falo firme. — Lhe entreguei meu
nome e minha confiança. Nenhuma outra humana é importante para mim
além de você.
Ela se vira aos poucos, enquanto me olha de esgueira, descruzando
seus braços e mordendo o cantinho da boca, até ficar totalmente de frente
para mim.
— Penso que, talvez, não seja problema algum você se alimentar de
mim... — Suas palavras saem baixas enquanto esmaga seus dedos no robe.
Sorrio, me aproximando de mansinho, até ter meu rosto diante do
seu. Seus olhos se fecham quando meu nariz resvala em sua bochecha, lhe
cheirando, sentindo o odor do seu ser inflamando ainda mais meu cerne
demoníaco. Ela se afasta sem pressa, dando um passo para trás e abrindo
devagar seu robe, enquanto o deixa cair ao chão, tendo apenas o fio dental
em seu corpo, ficando despida diante de mim.
— Não quero que se alimente de outras mulheres. — Meus olhos
demoram em seus seios, os quais trazem as marcas das minhas presas, e
meu peito inflama, com a porra do meu pau duro latejando por ela. — E
muito menos que invada os sonhos delas, ok?!
Movo minha cabeça em positivo, sentindo seu cheiro mais forte,
intensificando a cada segundo que ela tem seu coração batendo
rapidamente.
— Não sinto nojo por você precisar se alimentar de mim, eu apenas
fiquei chateada, porque imaginei que estava comigo porque realmente
queria ficar, e não por necessidade...
Meu braço se estica, não suportando ficar mais longe dela,
precisando sentir seu corpo, sua maciez e sua quentura, querendo-a colada a
mim. Rosno, rangendo meus dentes, os raspando em sua garganta.
— Não fiquei todos esses anos ao seu lado, aguardando que me
convocasse, por necessidade, pequena humana.
Sinto-a estremecer em meus braços, inalando com intensidade o ar,
ao ter as pontas das minhas presas rasgando calmamente a pele fina do seu
ombro. Afasto minha boca da sua pele e lhe giro rápido, a erguendo pela
cintura.
— E sim porque você é minha! — afirmo com veemência, cravando
minhas presas em sua nuca.
Um gritinho manhoso escapa dos seus lábios, ao passo que ela tenta
se afastar de mim. Meu braço prende firme seu quadril, e paro minha mão
em cima do seu ventre. Ela choraminga como uma gatinha manhosa,
parando de se debater quando sente meu pau livre da calça, que eu
desmaterializei com meus pensamentos, para ficar pelado e sentir o corpo
dela. Júpiter esfrega seu rabo em meu pau a cada deslizar dos meus dedos
por sua calcinha molhada.
Sua mão se ergue e emaranha em meus cabelos. Tombo seu corpo
em cima do braço do sofá, a fazendo ficar com seu traseiro empinado para
mim. Ela escorrega seu corpo para o estofado, enquanto ergo seus joelhos
para cima, os deixando posicionados. Coloco meu rosto em meu ombro e
encho meus pulmões de ar, admirando sua bunda. Inclino meu corpo para
frente e beijo lentamente um lado do seu traseiro, sorrindo, vendo sua pele
se arrepiar.
O cheiro da essência pura da sua alma e do seu corpo me embriaga,
o desejo por estar mais fundo dentro dela aumenta, a emoção de saber que
ela é minha, apenas minha e de mais ninguém, me domina, agravando
minha fome por ela.
Afasto o fio indecente da calcinha e fico com o corpo reto. Empurro
meu quadril para frente e Júpiter se empina, abaixando suas costas e
erguendo seu rabo para mim de forma dócil. A boceta quente está inundada,
pronta para mim quando levo meu pau para dentro dela, e me recebe com
euforia, me sugando para dentro e se apertando em volta de mim. Ela geme
baixinho, rebolando no meu pau e levando uma de suas mãos para o seu
seio e o massageando.
— Minha humana... — A trago para mim. Suas costas batem em
meu peito e impulsiono meu quadril contra ela, a fodendo fundo.
— Ohhh! — Seus sons são dengosos e inapropriados para qualquer
tipo de demônio escutar, de tão pecaminosos e perfeitos que são, o que me
faz perder o juízo.
Levo meus dedos para a frente do seu corpo e espalmo minha mão
em sua barriga, deslizando por ela até parar sobre sua boceta, esfregando
seu clitóris. Aumento cada vez mais o ritmo do meu pau e da massagem.
Minha humana é como uma arma, um revólver, apenas preciso
acertar meu dedo em seu gatilho e seu disparo é fulminante. Ela explode
selvagem, gozando rápido, com sua boceta quente ficando completamente
melada, se perdendo na loucura que nos consome em nossa pura luxúria.
Assim que seu corpo diminui os tremores do seu orgasmo, a solto
pausadamente, a deixando escorregar de volta para o sofá, sem parar de
investir meu pau dentro da sua boceta.
Seguro firme seu quadril e o deixo na posição favorável para minha
entrada. Retiro meu pau devagar de dentro dela, o esfregando entre sua
bunda carnuda. Sua cabeça se vira para mim e vejo seus olhos dilatados de
prazer. Meu ser demoníaco vibra, orgulhoso de saber que é meu pau que a
fode da forma que ela gosta.
— Minha humana, meu pequeno e insaciável planeta... — Sorrio e
aperto sua bunda com minha mão, afastando um lado para me deixar ver
seu cu.
Minha mão retorna para sua boceta e deixo meus dedos se
esfregarem em sua vagina molhada, os deixando lambuzados com seus
fluidos. Os trago para o centro do seu rabo e pouco a pouco vou o
empurrando para dentro, o deixando pronto para mim. Ela geme e morde
seu lábio, deitando sua cabeça no sofá.
— Só minha, apenas minha! — Levo outro dedo para dentro do seu
rabo, os movendo lento em um vai e vem.
— Ohhh... Sim, sim! — Sorrio, orgulhoso com a forma dengosa que
ela sussurra, se entregando a mim.
Retiro meus dedos de dentro do seu rabo e o preencho com o meu
pau, o forçando para dentro.
— Ohhh, porra! — Júpiter morde o sofá e mantém seu quadril
empinado, até minha pélvis se aconchegar na pele macia da sua bunda.
Seu corpo está um inferno de quente, apertando como um punho ao
redor do meu pau, que pulsa dentro dela. Movo-me indolente, retirando sem
pressa e retornando para dentro. Jogo minha cabeça para trás e gemo alto,
sentindo cada músculo do meu corpo se contrair com o prazer que é foder
seu rabo quente.
— Porra! Eu amo comer esse cu! — Meus dedos alisam sua bunda
com brandas carícias.
Levo minha mão para sua boceta e escorrego em cima do seu
clitóris, o massageando com a palma da minha mão. Sinto imediatamente
quando seu corpo relaxa e solto um pouco do seu aperto interno ao redor do
meu pau, que está sendo torturado com a pressão forte na profundeza do seu
rabo quente.
— Isso, meu planeta! — Meu corpo se move sem pressa, entrando e
saindo com calma. Júpiter suga meu pau com força, o comprimindo com
suas paredes internas, fazendo eu me sentir a porra de um Deus, tomando o
que me pertence. — OH, CARALHO!
Quanto mais massageio seu clitóris, mais ela solta seu quadril, o
requebrando no ritmo que meu pau a fode. O efeito da força que faço em
todo meu corpo, ficando rígido, para não a foder com brutalidade, deixando
meus dedos se apertarem mais em seu quadril, esmagando sua pele, me leva
ao extremo.
— Oh, Theron... — ela choraminga quando aumento as estocadas,
me deixando sentir sua boceta se encharcar novamente.
— Eu vou comer esse rabo pela eternidade.
A penetro com mais força, a fazendo gemer. Subo meu dedo para
seu clitóris e o esfrego freneticamente. Deito meu peito sobre suas costas,
fazendo assim meu pau se enterrar em seu cu, até as bolas se chocarem no
seu rabo.
— Oh, porra... — Sua cabeça se move, com ela a deitando de lado e
com suas mãos apertando mais ainda o estofado no sofá.
Beijo seu pescoço e morro de prazer a cada rebolada que seu quadril
me presenteia. Ela solta mais seu quadril, rebolando lentamente sobre meu
pau, que implora para explodir dentro dela. Mas não farei isso ainda, não
antes de senti-la tremer com sua libertação, em um clímax completo,
levando a mim e a ela ao apogeu. Minha outra mão vai para os seus seios,
acariciando-os, e brinco com seus bicos duros, raspando em um e indo para
o outro, esmagando-o em minha mão.
— Oh, Theron... — Sua voz baixa sai entre os gemidos. Ela leva sua
mão para perto da minha e a retira do seu seio, prendendo meus dedos aos
seus.
Meu peito explode em batidas aceleradas, tendo toda uma
eternidade se resumindo ao meu núcleo vital, minha doce humana, a qual
invade minha mente com suas emoções, dividindo comigo o que ela sente:
seu medo, sua agonia pelo prazer e sua entrega, me deixando sentir tudo,
como eu nunca senti, como eu nunca me liguei a nenhuma outra criatura. A
emanação de energia dela duplica, tendo uma luz brilhante irradiando por
seu corpo, como uma estrela cadente, me acertando com toda potência e me
puxando para todos os sentimentos dela, trazendo à tona minha verdadeira
forma demoníaca, que trava minha escuridão com sua luz, com as duas se
tornando uma só.
O rugido bestial sai da minha boca, enquanto o fogo é libertado por
meu corpo. Minha palma aperta mais forte em cima do seu clitóris e
escorrego meus dedos para sua boceta molhada. Ela geme alto assim que
começo a foder denso, rápido e urgente, infiltrando mais um dedo na sua
vagina e estourando meu pau em seu cu, em um vai e vem frenético. Nossas
respirações estão abaladas, e eu não me seguro mais quando ela começa a
tremer abaixo de mim, sugando tanto meus dedos na sua vagina, como meu
pau em seu rabo gostoso.
Minhas presas ficam à mostra quando abro minha boca, e enterro-as
em seu pescoço, a tomando para mim. Um néctar doce e embriagante toma
meu paladar, me deixando ainda mais embriagado do que ela me deixa
quando começo a chupar seu sangue, a fazendo gemer ainda mais alto,
duplicando o prazer do seu orgasmo. Gozo junto com ela, deixando a sala
ser inundada por nossos gritos de libertação, e uma grande explosão das
nossas energias acontece, em uma grande bola de magia.
Relaxo meu peitoral em suas costas, e meus braços caem nas laterais
do seu corpo. Nossos corações batem em um único compasso e enterro meu
rosto em seu pescoço, a cheirando com tanta paixão, como eu gosto. Ouço
os gemidos suaves que ela solta baixinho, enquanto um riso arteiro sai da
sua boca.
— Com toda certeza, sou a única de quem você vai se alimentar,
Theron... — Viro meu rosto, sentindo o toque dela em meu braço, vendo as
garras afiadas de meus dedos de fora.
O som dos cascos batendo no chão, enquanto sinto o fogo me
queimando por inteiro, me deixa saber que estou em minha forma
demoníaca, e tenho a confirmação disso quando meu rosto se ergue para o
reflexo da televisão desligada e me vejo nela, com os chifres em minha
cabeça e com a grande coroa de fogo queimando entre eles, além das asas
negras abertas em minhas costas, se debatendo lentamente.
Não tenho ideia de como ela fez isso, como ela me trouxe à minha
verdadeira forma para ela, sem nem ao menos ter noção do demônio que
acabou de lhe foder. Movo meus olhos rapidamente da direção do reflexo
da televisão para a sombra negra parada no corredor do quarto, me olhando
petrificado. Abro minha boca e mostro as presas ao gato, que ouriça seus
pelos na mesma hora, fugindo para longe.
— Escuridão, venha! — clamo em comando, abrindo minhas asas.
Tenho sua obediência em segundos, quando somos engolidos pelo
completo breu, deixando minha forma verdadeira escondida dos seus olhos,
para que ela não sinta medo de mim.
— Theron... — meu planeta sussurra, confusa, tentando se mexer,
mas geme quando retorno a estocar mais fundo meu pau dentro do seu rabo,
devagar. — Ohhh...
Seguro seu pescoço com cuidado, para não machucá-la com minhas
garras, a trazendo para mim quando a deixo de joelhos no sofá, retornando a
cravar minhas presas em seu pescoço, não tendo pressa alguma em lhe
foder outra vez, apenas tomando o que é meu, o que me pertence: cada
gemido, tremor e batimento cardíaco dela, em meio ao escuro que nos
encobre, amando-a novamente na sequência.
CAPÍTULO 10
LUA DE SANGUE

Júpiter

Mãos grandes e pesadas, com garras afiadas, alisam o meu corpo


esticado na grama alta, tendo o jardim de rosas negras ao nosso redor.
Inunda-me de prazer, me transformando em uma criatura faminta por seus
toques, incapaz de pensar quando uma onda de luxúria se apossa do meu
ser. Gemo, desejando-o mais, e suspiro, implorando por seus toques,
precisando senti-lo.
Abro meus olhos lentamente e observo a imensa sombra negra
pairando sobre mim, com os grandes olhos verdes tendo contornos
vermelhos em volta das íris brilhantes, como chamas. Suas mãos
animalescas roçam meus seios, acariciando-os, e a grande cabeça se
abaixa, com a boca faminta de uma fera, cheia de presas, se fechando em
meu peito e sugando meu mamilo. Minha mão desliza por seus ombros e
sinto seus músculos, sua força, como se toda sua energia estivesse me
dominando, me tomando para ele.
Arqueio, inclinando meu tórax para frente quando minha cabeça
sacode para os lados, não sabendo se consigo aguentar tanto prazer que
ele me dá. Entre meus olhos nublados pela paixão, vejo a grande Lua
vermelha brilhar no seu breu, intensa, de um tamanho colossal, quase como
se ela estivesse pairando sobre nós.
Tremo com o dobro de volúpia ao ter sua língua deslizando sobre
meu ventre e lambendo minha barriga, até a respiração quente e bufante
ser solta em cima do meu clitóris, o que faz minha boceta pulsar. Me perco,
oscilando à beira do abismo de desejo que ele me desperta com tamanha
força, me torturando com sua língua, que me lambe com tanto ardor. Sinto
o abrasamento em minhas coxas quando as garras afiadas se prendem em
minhas pernas, agarrando-as e separando-as.
— Ohhh, Theron... — gemo, mordendo meus lábios e esticando meu
pescoço quando ergo um pouco minha cabeça para olhar para ele.
A grande cascata lisa de cabelos negros cobre como um manto seu
corpo imenso, enquanto respiro com intensidade, me segurando em seu
ombro, tendo a língua perversa acertando meu clitóris em chicotadas
densas, antes de escorregar para dentro da minha boceta, a fodendo. Um
som alto e animalesco sai da sua boca, com a bufada de ar quente
acertando meu clitóris quando ele rosna.
Jogo minha cabeça novamente na grama, com meus olhos se
fechando, convulsionando quando os espasmos fortes me acertam e o
orgasmo me atinge, me tomando com uma fúria impetuosa. Ainda estou em
meio ao gozo quando seu peso se faz sobre mim, com uma de suas mãos
segurando minha face e a outra espalmada em minha coxa.
Sinto a maciez das pernas dele ao deslizar meus pés, como se um
manto felpudo estivesse em suas pernas, enquanto abro meus olhos.
Encontro-o com a face sombria a poucos centímetros da minha. Enormes
chifres negros cresceram em sua cabeça, com a grande cascata de cabelos
lisos se transformando em uma tocha pelo tanto que queima, como
labaredas. Porém, é na grande coroa que flutua sobre o topo da sua cabeça
que meus olhos se fixam, a vendo o coroar, como um aço de fogo entre os
chifres.
Desvio meus olhos da coroa de chamas para a face sombria, vendo
estrias negras tomando forma na pele branca e pálida da sua face, tendo o
vermelho-sangue apoderando-se por completo dos seus olhos. É feroz, com
um traço mais animal do que humano, com um nariz largo e achatado,
como o de um touro. Os lábios finos e rosados agora são uma boca bestial,
com grandes presas afiadas. A cabeça inchada do seu pênis se empurra na
entrada da minha boceta quando ele choca com força seu quadril contra o
meu, me fazendo arfar ao senti-lo me penetrando aos poucos, com os
intensos olhos vermelhos presos em minha face, até me tomar por inteira.
— Você é minha, Júpiter. — Sua voz profunda ressoa através de mim
como se estivesse dentro da minha mente.
Minha cabeça se move calmamente para os lados, concordando, e
gemo a cada impulso do seu pau me fodendo. Meu corpo tenso começa a
estremecer, na agonia de um novo orgasmo que me pega com mais força.
Ondas de prazer praticamente me varrem, fazendo-me gritar alto quando
ele intensifica as investidas, tendo seu pau me penetrando tão fundo que
posso sentir meu ser inteiro se quebrando com a paixão com que ele me
fode.
Theron me morde quando fecha sua boca em meu pescoço, assim
que sua cabeça se inclina para frente, com as finas e afiadas presas me
perfurando, estendendo ainda mais o orgasmo que me domina. Meu sangue
bombardeia veloz, e meu coração dispara enquanto me entrego a ele,
ficando reduzida a respirações desesperadas e ofegantes. Entre a neblina
da perdição na qual me encontro, tendo minha mente devastada, vejo as
sombras negras se debatendo fortes e inquietas, e as observo pairando
sobre as costas dele, como imensas asas negras pontiagudas de um
morcego.
— Minha! — Seu pau explode mais intenso, com sua boca
libertando meu pescoço e rugindo alto e feroz, me fodendo mais
incontrolável.
Fecho meus olhos e enlaço seu pescoço, sentindo sua língua lamber
meu rosto, com ele me abraçando duro em seus braços enquanto me
esmaga com força.
— Sim... sua...
Inalo fundo e abaixo meu pincel, dando um passo para trás e
encarando o grande quadro diante de mim, observando a tela que tinha me
tomado o dia todo, deixando-me trancafiada no ateliê do campus da
faculdade, quando vim apenas pegar uns esboços que tinha deixado aqui.
Porém, acabei me distraindo quando comecei a pintar. Os traços pesados e
escuros se destacam na imagem do grande jardim com rosas negras, tendo
um céu sombrio e a grande Lua vermelha cintilando nele, quase como se
fosse hipnótica. No entanto, é na figura retratada como um homem meio
besta, tendo a face animal e o tronco de humano, com grandes músculos,
onde perco meu olhar.
Fico em silêncio, vendo as asas imensas abertas. A coroa em sua
cabeça é uma tocha de fogo que queima entre labaredas, em meio aos dois
chifres negros, retratando fielmente a criatura que vi em meus sonhos na
noite passada.
— Nossa, não sabia que tinha uma veia gótica, Ju! — Viro-me,
assustada, quando a voz em tom de surpresa de Nina, a colega da faculdade
que me apresentou Dimi, soa atrás de mim. — Desculpa, não quis te
assustar.
Ela ri, negando com a cabeça e desviando os olhos da tela para mim,
antes de dar mais um passo à frente, admirando a pintura.
— Eu vim pegar um livro que esqueci aqui, não sabia que viria hoje
pintar. — Ela leva as mãos à cintura, aproximando um pouco mais seu rosto
da tela, fitando curiosa meu trabalho.
— Precisei pegar uns materiais que deixei aqui, e acabei... —
Abaixo meu rosto, limpando meus dedos na estopa quando a retiro do bolso
de trás da calça. — Acabei...
— Se distraindo — diz, rindo, virando o rosto na minha direção. —
É, eu percebi. Quando cheguei, você estava bem focada na sua pintura.
Desde quando está pintando essa tela? Gente, olha esse traço! — Um
assobio alto sai da sua boca. — Incrível, parece até estar viva!
Ela desvia seu rosto do meu para a grande tela, arqueando sua
sobrancelha.
— É apenas impressão sua — sussurro, lhe dando as costas,
caminhando para perto da bancada e retirando o grande avental do meu
corpo.
Prefiro não responder sua pergunta sobre há quanto tempo estou a
pintando, porque não teria como explicar que a fiz hoje, quando um frenesi
de urgência me pegou, desenhando tão rapidamente o esboço quanto o
pintando. Uma tela desse tamanho, no mínimo, demoraria umas duas
semanas, não apenas poucas horas. Eu apenas parei de pintar quando a
urgência de retratar o que vi no meu sonho passou, restando apenas a
dúvida se o sonho tinha sido real.
— É uma Lua de Sangue. — Nina mantém a conversa, me fazendo
virar, a mirando sem entender. — A sua pintura!
Ela ri, apontando para a tela, direcionando o indicador para a Lua,
enquanto move a cabeça para os lados.
— No sábado à noite deve ter passado horas observando-a, para
conseguir captar tantos detalhes... — diz, mas ainda estou confusa, não a
compreendendo. — A Lua. Sábado à noite, no Halloween, teve uma Lua de
Sangue, e eu fui vê-la com minha avó, já que ela adora essas coisas
místicas, os cosmos se alinhando e tal, e não tive como dizer não — suspira,
levando os dedos aos bolsos da calça. — Na verdade, ela meio que me
chantageou, pelo fato de que a próxima Lua de Sangue vai ser só daqui
vinte e quatro anos, e até lá ela já não vai estar mais viva. Isso é coisa de
avó estranha, e a minha é bem estranha, mas é legal. Cara, você realmente
retratou um demônio? Ou é um minotauro?
— Demônio? — sussurro, admirando a tela, inalando o ar mais
forte.
— É, o bombado mal-encarado da tela, acho que realmente é um
demônio, porque minotauros não têm asas. — Nina ri, se aproximando mais
da pintura. — Olha que incrível esse efeito que você deu às asas. Como
conseguiu imaginá-las assim...
— E-eu... — Fico sem saber o que responder, ao passo que minha
mente tenta compreender as coisas que ela disse. — Como assim um
demônio?
— Esquece. Você realmente vai deixar os professores chocados com
essa pintura, ela está incrível! Pode até conseguir um bom dinheiro, se a
vender. Sei disso porque minha avó tem uma loja de ocultismo, e você não
tem ideia da quantidade de gente cheia da grana que paga fortunas por
coisas bizarras assim... — Nina solta uma risada nervosa, negando com a
cabeça e se afastando da pintura. — Não que seu quadro esteja bizarro.
Sendo bem franca, ele está é realista pra caralho, dá até a impressão que a
besta está olhando diretamente para mim...
Levanto meus dedos e coço minha nuca, enquanto inspiro fundo,
atenta à face retratada na pintura, feroz e animalesca, sendo completamente
o oposto do rosto esculpido com tanta perfeição de Theron. Eu não sei por
que desenhei isso, e muito menos por que sonhei com ele assim, já que
nunca tive um sonho dessa forma. A única coisa que teve em comum com
os outros foi a grande sensação de realidade, como se meu corpo ainda
sentisse toda aquela energia, o poder, a força das suas garras presas às
minhas coxas e a forma mais dominadora e possessiva do que nas outras
vezes que me tomou. Theron tinha dito que é meu protetor, um guardião,
como se fosse meu anjo da guarda, e não entendo muito de anjos, mas, com
toda certeza, a criatura com quem eu sonhei não é um.
— Escuta, sei que não curte sair, e Dimi me disse que não rolou
como esperado o encontro... — Nina fala calma ao meu lado, ao passo que
me viro lenta, a mirando, com minha mente dispersa do que ela está
falando, precisando me esforçar muito para demonstrar interesse na
conversa, já que no fundo do coração, apenas desejo que acabe logo, para
eu poder voltar para meu apartamento. — Mas vai rolar uma festa hoje na
loja da minha avó. Sei que parece estranho, ainda mais por ser segunda-
feira, mas ela faz todo ano essa festa, em comemoração ao Dia dos Mortos,
e é bem legal. Por que não aparece? Posso te mandar o endereço da loja, se
quiser, por mensagem.
— Eu adoraria, mas, infelizmente, não posso. Tenho umas coisas
para fazer em casa... — Sorrio tímida para ela, lhe dando as costas e indo
para o fundo da sala, pegando uma lona negra para cobrir meu quadro.
— Bom, mas vou te mandar mesmo assim. Porque mesmo que não
role ir à festa, pelo menos terá o endereço da loja, caso queira vender seu
quadro.
— Claro... — Movo a cabeça para frente e para trás, me
distanciando da tela quando a cubro, me abaixando rápido e pegando minha
bolsa. — Pode passar, Nina. Bom, até mais, uma ótima festa para você e sua
avó.
Estou praticamente correndo para fora da sala, esmagando minha
bolsa em meus dedos, andando apressada, tendo tantas dúvidas em minha
mente, quando o som do celular tocando em minha bolsa me faz abrir o
acessório, pegando o aparelho e olhando o nome da minha mãe na tela.
— Merda, hoje não! — sussurro, jogando-o dentro da bolsa,
sabendo que nesse momento tudo que preciso é ir para casa.
Subo os degraus da escada de incêndio, evitando o elevador por
conta do aglomerado de pessoas que estavam no hall de entrada do prédio.
Minha mente está tão confusa e bagunçada por causa do sonho estranho que
tive, da tela e das informações que Nina tinha dito, que nem quis tentar
entender por que tinha um carro de polícia parado na entrada. Solto um
suspiro, cansada, quando finalmente chego ao oitavo andar, e esfrego meu
rosto.
— Desculpe, apenas moradores podem passar. — A voz masculina
sai alta, me sobressaltando, e olho para o policial que está bloqueando
minha passagem.
— Eu moro nesse andar... — digo, perdida, não entendendo o
porquê da polícia estar no meu corredor. — Apartamento 204.
Abro minha bolsa e retiro minhas chaves, mostrando-as para ele,
enquanto meus olhos varrem o corredor. Vejo a porta do apartamento ao
lado do meu escancarada, com o zelador do prédio conversando com um
policial. Meu coração acelera assim que percebo que é a porta do
apartamento onde Rosa mora, a vizinha para quem eu tinha chamado a
polícia algumas vezes, por ter ouvido seu marido a espancando. Será que
ela tinha retornado para casa e aquele escroto covarde tinha feito um mal
muito pior a ela do que já fazia?
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto ao policial, sentindo meu
coração ficar apertado. Rosa é uma mulher boa, merece tanto um homem
melhor.
— Conhecia bem seu vizinho, Sing Braw? — Ele me faz outra
pergunta, não me respondendo.
— Não muito... — sussurro, preferindo não dizer que o acho um
babaca covarde, que presta apenas para espancar sua esposa. — Mas, o que
aconteceu?
O policial estica seu braço e dá um passo para trás, me levando com
ele, quando homens vestidos com macacões brancos saem de dentro do
apartamento, carregando o que parece uma longa caixa, com um saco preto
dentro.
— Ouviram disparos, e o zelador o encontrou sentado no sofá, com
uma arma no colo e um grande buraco na cabeça. Tudo indica que foi
suicídio — fala sério, enquanto meus olhos se fecham e eu respiro fundo
assim que compreendo que tem um corpo sendo carregado à minha frente,
no corredor. — Sabe dizer o paradeiro da esposa dele...
— Não... — Inspiro forte o ar, esfregando meu rosto e virando de
lado, encarando o emblema da polícia em sua roupa, ainda em choque por
Sing ter se suicidado.
— Bom, qualquer coisa que saiba ou que se lembre, poderia entrar
em contato comigo, por favor? — Ele retira um cartão do bolso da calça,
entregando-o.
Apenas movo minha cabeça em positivo, me afastando da parede
quando o corredor fica livre, andando apressada na direção da porta do meu
apartamento.
— Oh, Deus! — Fecho meus olhos quando entro rapidamente,
destrancando a porta e a fechando logo em seguida, encostando minha
cabeça na madeira.
Ontem mesmo, de manhã, em pleno domingo, ele estava batendo na
minha porta, e agora ele está morto, tirou sua própria vida...
— Miauuu! — O miado alto me faz afastar da parede, e giro para
Café, o vendo parado no corredor, sentado, me olhando como se estivesse
zangado.
— Eu deixei seu pote de ração cheio — falo apressada, andando
rumo ao sofá e soltando minha bolsa lá.
Olho para os lados, caçando pelo homem que tinha deitado comigo
na noite passada, depois de ficarmos praticamente o domingo todo em uma
maratona de sexo, até eu adormecer nos seus braços, mas que simplesmente
desapareceu essa manhã.
— Onde está nosso hóspede, Café? — pergunto ao meu gato, me
abaixando e pegando-o no colo. — Você o viu...
O som do barulho de algo caindo no meu ateliê me faz erguer a
cabeça para lá na mesma hora, e sinto meu coração disparar, não
conseguindo controlar a alegria que me toma. Ando apressada, não tendo
como evitar o sorriso tolo em meus lábios apenas por saber que ele está
aqui, que a tristeza que me pegou quando acordei e vi a cama vazia, assim
como meu apartamento sem a presença dele, se dissipou.
— Ther... — Não chego a completar o seu nome, não quando o que
encontro dentro do ateliê me assusta muito mais do que Nina quando olhou
para a criatura que eu pintei.
CAPÍTULO 11
TRUQUE DE MÁGICA

Júpiter

— Que tipo de coisas são essas? — A voz dela sai amarga, com seu
olhar reprovador me encarando quando ergue a cabeça e esmaga meus
esboços antigos em uma de suas mãos.
— Como entrou no meu apartamento, mãe? — Olho para ela em
choque, não acreditando que invadiu meu apartamento, meu ateliê e ficou
mexendo nas minhas coisas. — Por favor, devolva meus desenhos para
onde os pegou.
Solto Café no chão, o vendo ficar com os pelos ouriçados ao encarar
minha mãe, me deixando entender o motivo pelo qual miava aborrecido no
corredor.
— Desenhos? — ela balbucia, os folheando, com sua expressão
ficando ainda mais severa. — Isso não são desenhos, isso é perversão,
depravação. Desde quando desenha essas coisas, Júpiter...
— Desde quando sei para que serve uma boceta e um pau! — rosno
com raiva, retirando meus desenhos da sua mão, ficando chateada, me
sentindo violada por ela ter mexido neles.
Olho com dor para os esboços, os quais foram meus primeiros
desenhos, que nunca mostrei a ninguém, porque as linhas gravadas neles
são eróticas. Todas as folhas contêm uma imagem minha com Theron,
extremamente fiel ao que fazíamos nos sonhos. Eu não entendia o que
acontecia comigo, e desenhar o que eu sonhava foi a única forma que
arranjei para aliviar um pouco a confusão que eu me encontrava.
— Cristo, isso é nojento! — Ela tem seus lábios se esmagando
enquanto me olha com mais asco. — Essas imagens, você amarrada desse
jeito, tendo um homem te possuindo como se você fosse um animal...
— Não tem o direito de entrar no meu apartamento e ficar mexendo
nas minhas coisas — a corto, esmagando meus desenhos contra meu peito.
— Não lhe dei minha chave, como entrou aqui?
— Como entrei? Com a minha chave, a que tive que fazer, já que
você não me ofereceu uma — responde, incrédula. — Sou sua mãe, tenho
todo direito de entrar nesse apartamento quando bem entender.
— Não, não tem! — falo em choque, não acreditando que ela teve
coragem de fazer uma cópia da chave da minha casa, escondida de mim. —
Vai me devolver agora essa chave, e nunca mais entrar aqui sem ser
convidada, ou ficar mexendo nas minhas coisas...
— Coisas? Ou na sua depravação? — Cambaleio para trás quando
ela avança em minha direção, esticando sua mão para puxar uma das folhas
que seguro. — Olha para isso, olhe bem para isso, Júpiter, é doentio!
Ela balança meu desenho no ar, enquanto nega com a cabeça, tendo
uma ilustração minha nua, de ponta-cabeça, amarrada pelas pernas, com
Theron me fodendo por trás.
— Devolva o meu desenho e saia da minha casa. — Estico meu
braço, sentindo meu corpo tenso e meus olhos marejados pelas lágrimas. —
Não tem o direito de mexer nas minhas coisas! A única coisa doentia aqui é
sua maldita mania de me controlar...
Eu odeio o fato dela fazer eu me sentir aquela criança assustada
novamente, aquela adolescente constantemente vigiada, sem privacidade
alguma, que ela fuçava nas coisas e nos diários, sufocando com sua maldita
arrogância e desprezo.
— Controlar? Eu estou cuidando de você, sua ingrata! — ruge,
esmagando meu desenho em sua mão e me fazendo morder meus lábios
com tanta dor quando a vejo jogá-lo no chão, pisando em cima dele. — E
novamente terei que fazer isso, já que é óbvio que você não tem condição
de cuidar de si mesma.
Ela passa por cima do desenho, pisoteando-o enquanto grita com
raiva. Meu corpo cai no chão e me ajoelho, puxando meu desenho todo
amassado e rasgado pelo salto do seu sapato, o vendo destruído.
— Não, não... — sussurro com dor, não acreditando que ela fez isso
com meu desenho. — Não tinha o direito de fazer isso...
Meu corpo se encolhe quando sinto sua mão tocar em meu ombro,
com ela se abaixando perto de mim.
— Essas coisas que vi, que você desenhou, só me comprovam o que
eu já sentia, que você não está bem, Júpiter... Não entende que quero te
ajudar. — Empurro meu tronco para trás, para que ela tire a mão de mim, e
vejo uma lágrima cair em cima do meu desenho. — Eu estou cuidando de
você, minha filha...
Ergo meu rosto para ela, quando ela sussurra a mesma frase que me
disse antes de me largar seis meses naquele hospital psiquiátrico,
permitindo-os me machucarem com tratamento de choque, enquanto ela
jurava que estava fazendo tudo aquilo porque estava cuidando de mim. Não,
ela não estava, a verdade é que ela nunca cuidou, ela apenas me olhava com
desprezo e medo de que eu fosse louca como meu pai, o que a faria se
envergonhar ainda mais do histórico de desajuizados da família, ao invés de
acreditar em mim.
— Sai da minha casa — murmuro, me encolhendo no chão e
abraçando meus desenhos, sentindo tanta dor, sentindo-me tão pequena
outra vez.
— Não vou lhe deixar aqui dentro sozinha, precisa de tratamento,
Júpiter, sabe que precisa...
— Não estou sozinha. — Esmago meus lábios e fecho meus olhos,
não permitindo que ela me machuque novamente, que ela faça eu me sentir
quebrada como fez no passado. — Nunca estive sozinha. Agora, saia da
minha casa, ou juro que vou chamar a polícia...
— E vai dizer o quê? — ela rosna com fúria. — Que uma mãe
preocupada com a filha desequilibrada invadiu a casa dela por medo da
filha louc...
— EU NÃO SOU LOUCA! — Acho que é a primeira vez na minha
vida que a faço se calar tão rapidamente, quando grito com pura força.
Vejo-a com os olhos arregalados ao abrir minhas pálpebras e lhe
encontrar me encarando, em choque com meu rompante.
— Seria mais fácil para você se eu fosse louca, como sempre tentou
me fazer sentir — sussurro, negando com a cabeça e fungando baixinho. —
Mas eu não sou, não sou louca, e muito menos estou sozinha...
Abaixo meus olhos para o desenho, observando os traços que fiz da
face de Theron. Quantas vezes tinha passado noites em claro, o desenhando,
desejando que ele fosse real, para me tirar de toda aquela solidão que me
engolia, e ele é real, ele é real.
— Não sou sozinha...
— Ter a porcaria de um gato velho não é companhia — diz, com
raiva, se levantando e caminhando na direção da porta do ateliê.
Ergo-me devagar, fitando com tristeza meus desenhos, sentindo as
lágrimas escorrerem por meu rosto, enquanto viro e fecho meus olhos,
suspirando profundamente.
— Entregue a minha chave e nunca mais volte na minha casa, mãe.
— Fungo e esmago forte meu desenho em minha mão, abrindo meus olhos.
A encontro paralisada na porta do meu ateliê, com seu corpo
trêmulo, dando passos lentos para trás. Não preciso procurar o que lhe
assusta, não quando é nítida a imagem do grande homem sério e taciturno
parado na porta, bloqueando a passagem dela, em um terno negro, com seus
longos cabelos soltos por seus ombros. O rosto da minha mãe vira por cima
dos ombros quase que imediatamente, encarando-me, com uma expressão
de espanto refletida em seu olhar, desviando apenas para os papéis em meus
braços antes de se virar para frente novamente. Meu coração bate mais
rápido, já imaginando seus gritos, a raiva dela enquanto o xinga e me xinga,
principalmente, por ter o homem dos desenhos, os quais ela considera
nojentos, dentro da minha casa.
— Creio que possui algo em seu domínio, dentro do bolso esquerdo
da sua calça, que pertence à minha Júpiter. — A voz masculina sai séria,
com Theron não desviando por um segundo que seja os olhos da minha
mãe. — E como não virá nunca mais aqui, e muito menos se aproximará
dela, não vai precisar mais disso.
Porém, ao invés de ficar raivosa, tendo uma atitude que me
magoaria, vejo a mão dela ir ao bolso esquerdo da sua calça, retirando a
chave e entregando a ele. Theron puxa devagar sua mão do bolso do terno,
recebendo a chave que lhe é entregue silenciosamente. Fico espantada, não
entendendo como ele conseguiu fazer isso, porque eu tinha certeza de que
ela não devolveria a chave e eu seria obrigada a trocar minha fechadura.
Chega a ser assustador o sorriso belo que se abre em seus lábios
quando seu corpo dá um passo para o lado, desbloqueando a passagem para
minha mãe. Fico perdida, a observando sumir no corredor, até escutar o som
da porta se fechando quando ela sai do apartamento. Olho para ele, que tem
os olhos presos nos meus, me encarando em silêncio.
— Como fez isso? — sussurro, sem entender, ainda não acreditando
que ela saiu daqui sem discutir.
— Digamos que possuo um certo dom de persuasão. — Ele caminha
lento, enquanto observo-o, parando a poucos passos de mim. — E isso é
seu.
Ele estende minha chave, abaixando seu olhar para as folhas que
seguro contra meu peito.
— Ela nunca mais vai lhe machucar, meu pequeno planeta —
sussurra, erguendo sua outra mão e escorregando com carinho seus dedos
em meu rosto, limpando minhas lágrimas. — Nunca mais.
— Está tudo bem... — Fungo baixo e retiro minha chave da sua
mão, negando com a cabeça. — Já estou acostumada com ela, não me
importo mais, porque sei que não sou louca.
Viro-me devagar, andando para minhas pastas, todas desorganizadas
em cima da mesa do meu ateliê, onde ela tinha mexido, e deposito os
desenhos com cuidado na mesa, jogando a chave ao lado deles. Olho com
tristeza para o esboço que ela destruiu, o dobrando com tristeza, sentindo
meu coração se partir quando o jogo no lixo.
— Na véspera de Natal, dormiu no sofá da sala. — Escuto sua voz,
enquanto ele ri baixinho atrás de mim. — Foi um sonho e tanto...
— O quê?
Giro para ele, sem o entender, encontrando a folha que eu tinha
jogado no lixo em sua mão, completamente perfeita, sem rasgos, amassados
ou sujeira do sapato da minha mãe, como se nunca tivesse sido pisoteada.
— Como... — balbucio, observando meu desenho ileso em sua mão
e o pegando devagar, abrindo um sorriso quando ergo meu rosto para
Theron.
— Truque de mágico. — Ele pisca para mim, dando um passo à
frente e me encurralando entre ele e a mesa. — Mas preciso admitir que sua
fase de descoberta em vídeos pornográficos foi revigorante...
Sinto minhas bochechas corarem, e puxo forte o ar, com os pelos da
minha nuca se arrepiando quando sua mão se ergue e se prende em meus
cabelos.
— Mesmo sendo estressante ter que lhe esperar dormir para que
pudéssemos pôr em prática o que você assistia. — Meu pescoço se inclina
para trás e fecho meus olhos, tendo seu hálito quente acertando meu queixo.
— Não tem vergonha de admitir que ficava me observando,
enquanto eu fracassava em minhas tentativas de me masturbar? — indago,
rindo, erguendo minha mão e espalmando-a em seu ombro.
— Nem um pouco!
Meus olhos se abrem quando sou retirada do chão, com meu rabo
sendo colocado em cima da mesa, o que faz minhas folhas irem para o
chão.
— Meus desenhos... — digo, rindo mais, tentando-o fazer me soltar
para os pegar.
Porém, paro no segundo que as folhas vão se erguendo
vagarosamente, flutuando pelo meu ateliê.
— Truque de mágico — murmuro, parando meu olhar nele, não
sentindo mais a dor e tristeza de segundos atrás.
— Tenho mais um, quer ver? — Theron pisca para mim, levantando
seu dedo e o estalando no ar, com a roupa em seu corpo simplesmente
desaparecendo.
— Seu mágico tarado! — Rio, deixando meus dedos deslizarem
pela sua pele nua, percebendo a quentura dele.
— Não sou eu que desenho pornografia — fala em provocação,
erguendo seus olhos para os desenhos que flutuam sobre nossas cabeças. —
Apesar que admito que meu pau realmente está fiel em cada traço.
O som dos gemidos dentro do meu ateliê me faz erguer meu rosto,
vendo as gravuras das ilustrações se movendo dentro do papel, ganhando
vida enquanto praticam a cena de sexo desenhada.
— Oh, meu De... — Minha boca é silenciada antes mesmo que eu
termine de falar, quando cola seus lábios nos meus, os esmagando em um
beijo erótico, forçando-me a abrir minha boca, tendo sua língua se
infiltrando sorrateira, com ele me beijando com dominação.
— Prefiro seu cheiro assim, minha humana, puro, sem tristeza...
A respiração quente em minha garganta me deixa arrepiada por
completo, e ele solta meus lábios, percorrendo seu nariz em meu pescoço e
mordiscando meu queixo.
— Oh... Eu acho que antes de seguirmos esse caminho... — Meus
dedos se prendem a ele assim que sua cabeça se abaixa, com ele
continuando a me cheirar.
Theron se move um pouco mais e se aproxima dos meus seios, o
que me faz abrir meus olhos, surpresa, ao sentir sua língua sobre meu peito
nu. Ele sumiu com minha roupa, a removendo do meu corpo igual fez com
a dele. Espalmo a mão em seu peito, para me segurar, e sua mão grande se
prende em meus ombros, segurando-os firme.
— Theron, temos que conversar...
— Podemos conversar depois que eu me alimentar... — sussurra
rouco para mim.
A forma gelatinosa como minhas pernas estão me deixa com a
sensação de que sou uma pluma em suas mãos quando ele me ergue da
mesa e me segura firme em seus braços, caminhando dentro do ateliê até
me ter colada à parede.
— Theron...
Suas mãos se alastram por meus braços e me acariciam. Seus dentes
raspam no meu ombro e posso sentir o local exato que ele me mordeu na
noite passada, durante meu sonho, queimar de desejo apenas com sua
aproximação.
— Ontem à noite, quando sonhei... — falo rápido, respirando fundo,
tentando não me perder em suas carícias.
— Durante a noite, em seus sonhos, não gosta de conversar, apenas
implora por meus toques...
A mão desliza sobre minha bunda e aperta a carne, espalmando-a
com força. Prendo minhas pernas à sua cintura, com medo de cair, e sinto
sua respiração acelerar tanto quanto a minha.
— Isso, porque... Oh, merda! — Ele se esfrega mais a mim e aperta
nossos corpos, fazendo eu me perder nos meus argumentos. — Ohhhh...
Tombo minha cabeça em seu ombro assim que sinto seus dentes
rasparem no meu ombro e seu pau duro se chocar no centro das minhas
pernas.
— Eu penso... — balbucio ao ser invadida por desejos avassaladores
a cada respiração quente dele em minha pele.
Perco-me em um turbilhão de prazer e dor quando suas presas se
apertam na minha carne. Estico meus dedos para seu braço e tento empurrá-
lo, pois preciso de espaço entre nós dois, para conseguir me manter
centrada e conversar com ele, para pedir que me explique o sonho da noite
passada.
— Theron, sei que concordei em lhe deixar se alimentar de mim,
mas preciso...
— Pensa que Theron lhe toca apenas porque deseja saciar a fome?!
— Sua voz sai grossa e baixa, com os olhos dele presos aos meus. — Gosto
da sensação que sua pele tem junto à minha, meu planeta, gosto de tê-la em
meus braços, segura, onde ninguém jamais poderá lhe ferir, porque é minha,
minha humana...
Ele me desarma de um jeito rápido com suas palavras, assim como
suas mãos abrasam meu corpo apenas com um leve toque. A mão que
acaricia meu braço para quando se fecha em torno do meu pulso, o
erguendo lentamente enquanto fecha seus olhos e esfrega sua face na palma
da minha mão. Assusto-me em um primeiro momento, ao sentir o quanto o
rosto dele está quente, como se seu corpo fosse uma chama viva, uma que
me faz queimar junto a ele.
— Júpiter é minha, minha humana — sussurra, abrindo seus olhos e
inclinando sua face para frente.
Theron solta outro daqueles seus sons, que vibra pelo meu corpo
inteiro como um rugido. Levanto minha cabeça e encosto-a na parede,
levando meus olhos até as folhas flutuando no teto, perdendo qualquer
chance de controle com seus beijos na minha garganta.
— E Theron é seu, seu protetor... — Eu me perco quando ele levanta
sua cabeça e cola seus lábios aos meus, incendiando-me.
Meus dedos circulam seu pescoço, e eu o abraço como se fosse a
única coisa que realmente importa e que eu já desejei em minha vida. Sua
língua se move e entra sem rodeios, sem permissão, levando-me para a
perdição que é o gosto do seu beijo. Ela brinca na minha boca, descobrindo
cada canto e segredo que dou apenas a ele, sempre sendo apenas dele. Sua
mão se aperta na minha bunda, massageando-a em seus dedos, fazendo-me
gemer em seus lábios.
— Preciso estar dentro de você, meu planeta. — Sua voz soa firme
entre nossos beijos, como uma afirmação, e não uma pergunta.
A mão que desliza por minha perna pressiona a pele, subindo pela
lateral do meu corpo, com seus dedos curiosos brincando até se
aproximarem de um dos seios. Ele o toma, prendendo-o em seus dedos e o
segurando firme. Meu corpo o responde por escolha própria, se arrepiando e
se aquecendo a cada toque e gemido que escapa da minha boca. Sua outra
mão se solta da minha bunda e espalma em meu rosto. Theron aumenta a
intensidade do seu beijo, tornando-se possessivo, agressivo e
completamente devasso. Minhas pernas se acomodam melhor sobre sua
cintura e meus dedos acariciam suas costas nuas. Seu peito se cola ao meu
cada vez mais, esmagando meus seios.
— Preciso estar dentro de você de verdade, Júpiter — fala com mais
urgência.
Minhas unhas cravam em suas costas nuas, e suspiro dengosa entre
seu beijo. Não sei o que me faz ficar mais derretida em seus braços: se é
“meu planeta” saindo com sua voz cheia de desejo ou se é meu nome sendo
dito com tanto carinho. O prendo o máximo que posso a mim, e raspo meu
quadril no seu, mesmo sem entender como isso poderia funcionar, como
podemos realmente ficar juntos, porém, não me importo, não agora.
Eu me entrego ao seu beijo, deixando-o saber minha resposta. Eu o
quero. A essa altura, na situação em que me encontro, negar isso é
incabível. O desejo de tê-lo dentro de mim é como uma fome, um desejo
insaciável, é uma necessidade enraizada em meu corpo, marcado por ele.
Minha mão solta suas costas e se infiltra entre nós dois, trilhando o
caminho do seu abdômen para baixo, sentindo sua pele. Sua boca ainda me
devora em um beijo torturante. Sinto a ponta grossa do seu pau e escorrego
apenas um dedo sobre ela, deliciando-me com o som rouco que sai da sua
garganta e faz seu peito vibrar, colado ao meu, com ele se entregando tanto
para mim como eu me entrego a ele. A mão em meu seio volta para minha
bunda e a aperta mais firme, fazendo seu pau se esfregar em minha mão.
Direciono-o para o meio das minhas pernas e alavanco meu corpo.
Seu pau se encaixa entre os lábios molhados da minha boceta, que implora
para recebê-lo por inteiro. Theron solta meus lábios e encosta sua cabeça
em meu peito, que bate acelerado. Suga um deles em sua boca, arrancando-
me mais que suspiros e gemidos, arrancando meu ser. Theron tem meu
coração.
Minha cabeça tomba para trás, com meus dedos presos aos seus
cabelos negros. Vibro com cada parte do meu ser enquanto ele força seu
pau a se afundar em meu corpo, me tomando mais fundo. Aperto minhas
coxas em sua cintura, forçando meu quadril para baixo, fazendo meu corpo
permitir que ele entre, mesmo sentindo as fisgadas de dor por causa da
grossura do seu pênis. O recebo em chamas, me esticando, tomando-o sem
pressa.
Fecho meus olhos, presa na gangorra que é a dor e o prazer,
enquanto me forço a me adaptar ao tamanho dele, amando a forma como
ele me tem, como me possui. Theron solta meu seio e suga o outro com a
mesma fome. Perco-me em um abismo de luxúria. Sua língua passa pelo
bico, deixando-o duro e latejando de dor, e vibro quando uma das presas
raspa sobre ele.
— Theron...
Meus dedos se apertam mais em seus cabelos. Nada me parece mais
certo do que ficar aqui, em seus braços. Ele liberta meu seio dolorido e
ergue sua cabeça para mim, prendendo-me mais do que já estava ao me dar
um beijo cálido no canto dos meus lábios. Sua língua passa pela minha face,
e eu o abraço forte assim que o sinto por completo dentro de mim.
— Nunca irei te machucar, minha humana... — Suas palavras
sussurradas são abafadas quando sua cabeça se aninha em meus seios.
Sua respiração acelera junto com a minha, que dispara meu coração.
Eu tento me prender a algo, a alguma lógica, teoria ou qualquer merda do
que acontece comigo nesse mundo, mas nada realmente importa além desse
momento, dos seus carinhos roubados. Nada mais importa que não seja ele,
porque ele é meu, e apenas isso me basta. Aperto meus braços aos seus e
sinto meu mundo todo se perder, resumindo-se apenas a Theron.
Ele ergue sua cabeça e raspa sua face na minha, esfregando-se
lentamente.
— Ainda quer conversar? — provoca com a voz perversa.
Seus dentes mordiscam minha pele, fazendo-me contrair e sugá-lo
mais. As presas se aprofundam no meu ombro, e é quase tão prazeroso
quanto seu pau dentro de mim, me penetrando aos poucos.
— Oh, não... Não mesmo. — Minhas palavras afobadas saem em
agonia.
Seu peito colado ao meu vibra quando uma risada sai por sua boca,
após libertar meu ombro. Movo meu rosto para o seu e beijo-o, sendo
devorada por seus lábios. Theron se move e circula minhas costas,
deixando-me presa, afastando-me da parede. Ele se movimenta e me cola
mais a ele, enquanto seu pau se mexe dentro de mim. É um misto de paixão
e desejo que me consome.
Meu corpo se entrega em abandono a cada estocada, enquanto
nossas línguas se unem ao passo dos ritmos dos nossos corpos. Tudo acaba
em nós. Não existe nada além deste momento, que rouba cada segundo de
mim, e quero apenas estar em seus braços. Tombo sobre minha mesa, com
ele me esticando sobre ela e deitando-se sobre mim. Seu ritmo acelerado,
entrando e saindo, me rasga por dentro, ao passo que sinto meu corpo
explodir em fagulhas. Não é lento, pois não queremos nada lento. É fome,
combustão, prazer, dor e união, é um desejo insaciável.
Sua mão se ergue e para em minha coxa, esmagando a carne em
seus dedos, colando nossos quadris a cada batida. Um grito entre os
gemidos escapa dos meus lábios quando meu corpo convulsiona. Theron
me aperta mais, e eu desejo que isso nunca tenha fim.
Um som animalesco sai de sua garganta quando ele eleva sua cabeça
para cima, possuindo-me mais em estocadas fundas e brutas, acertando-me
em cada maldito lugar dentro da minha boceta. É selvagem a força que nos
toma. A pura escuridão nos engole conforme meus dedos se apertam em
seus braços, com seus cabelos caídos sobre mim e seus olhos semicerrados.
A pequena lágrima solitária que escorrega pela lateral da minha face
não é de medo ou dor, e sim pela força do orgasmo que me corta. Eu tenho
a visão da criatura mais selvagem e bela acima de mim, da veia de sua
garganta pulsando, das presas nas laterais da sua boca, que se destacam
quando seus lábios se abrem e soltam um grande urro. Meu corpo todo
treme pelo orgasmo enquanto sou preenchida com seu jato quente que me
invade.
O sangue em meu corpo bombardeia mais, fazendo meu coração
pulsar quase para fora da minha boca, e dentro do estado de nirvana tão
grande, com meu corpo sendo aplacado pelo seu, vejo perfeitamente a coroa
que brilha em fogo em cima da sua cabeça quando seu rosto se abaixa para
cravar seus dentes em meu pescoço.
— Minha!
As presas se afundam na carne, e o pico de dor que me corta antes
da luxúria me acertar outra vez prolonga o orgasmo. É como se sentisse
minha alma saindo de mim e passando para ele.
— Oh, sim... — gemo entre suspiros.
O abraço, prendendo meus braços ao redor de suas costas,
implorando por tudo que ele faz comigo. Theron aprofunda mais suas
presas e me aperta com o dobro de força. Meu coração, que bate rápido e
acelerado, colado ao seu peito quente, tenta voltar ao normal quando retira
as presas da minha pele. A escuridão se afasta junto, deixando a luz retornar
ao cômodo. Escorrego meus dedos entre nós e recebo um beijo na minha
testa.
Theron alastra sua língua sobre meu rosto e beija cada canto sem
pressa, tirando qualquer dor, qualquer tristeza que possa ter ficado dentro de
mim. Meu coração bate como um tambor sem sintonia. Sorrio, molenga,
com essa sensação boa de estar em seus braços. Minha mão se move e para
em sua face, lhe tocando lentamente. Olho-o, perdida, inebriada por seus
olhos verdes, tendo os círculos vermelhos brilhando intensos em seus
globos oculares.
A cabeça dele se abaixa, com seu nariz se esfregando em meu
pescoço e me cheirando. Theron raspa seus dentes em minha garganta, e
sinto a picada das presas, com seu pau se aprofundando mais dentro de
mim, pulsando forte. Tremo, e um suspiro escapa dos meus lábios. Sua
língua desliza sobre a pele, onde a veia lateja com força, enquanto
movimenta seu pau pouco a pouco, em um tortuoso vai e vem, deixando
pequenas correntes elétricas dentro de mim.
Volto a abraçá-lo com força. Sua grande mão para ao lado do meu
rosto e se embrenha em meus cabelos, enquanto me devora e me consome
de dentro para fora, tanto com seu pau estocando em minha boceta, quanto
com suas presas em minha garganta. Sua face se afasta devagar e paira
sobre meu rosto, com seus olhos mirando os meus e os cabelos negros
jogados sobre mim.
— Pergunte, meu pequeno planeta. — Ele fecha seus olhos,
cheirando o ar com força, enquanto me mantém presa em seus braços. —
Pergunte o que deseja saber...
Tenho todos os tipos de sensações a cada segundo que me prendo
nas íris verdes brilhantes que se abrem para mim e me encaram
serenamente.
— O que você é, Theron... Aquilo, na noite passada, no meu
sonho... — Ergo meus olhos para o topo da sua cabeça, recordando dos
chifres grandes, das asas negras e do olhar vermelho-sangue que cintilava
em seus olhos, como se fosse a imensa Lua sangrenta acima de nós, no céu
negro. — Era você, Theron? — sibilo, retornando meus olhos aos seus, com
meu coração batendo descompassado.
— Sou eu — murmura, não desviando seus olhos de mim. —
Aquilo é o que eu sou, meu planeta.
Sofro calada ao ver a tristeza em seu olhar, como se esperasse que
eu o recuse, que o renegue. Abraço-o forte e me colo mais a ele, rodeando-o
com minhas pernas.
— Não sinta medo de mim — fala baixo, enquanto nego com a
cabeça.
Levanto meus lábios e colo-os aos seus, beijando-o com todos os
sentimentos que ele desencadeia em mim. Entrego-me a ele e lhe dou toda
minha adoração. Nada mais me importa, mesmo quando sinto meu coração
apertado, mesmo quando sinto um pouco de mim indo embora, tornando-se
mais dele do que meu.
Desejo que ele sinta o que faz comigo, que ele possa sentir que o
que tem em meu peito não é medo, é amor. Apenas amor.
CAPÍTULO 12
A PROMESSA DE UM REI

Theron

Deixo o pequeno corpo aninhado sobre a cama. Meus dedos


passeiam por suas pernas, traçando-as e mapeando cada canto, e um som
suave sai dos seus lábios quando ela solta um baixo suspiro, resmungando
sonolenta e se virando no colchão.
O que você é, Theron...
A pergunta sussurrada por seus lábios inchados, que trazem a marca
dos meus beijos, ainda martela em minha mente, com seu olhar brando me
engolindo no feitiço que ela tem sobre mim. Poderia ter falado a verdade,
que sou um demônio condenado a ser Rei de um reino que não almejo mais,
que vago por eras entre as sombras, devorando sonhos, sobrevivendo dos
desejos mais sujos e obscuros que habitam no coração da humanidade, que
estou me perdendo diante do único ser sobre o qual não tenho controle,
porque sua pureza é minha fraqueza, assim como minha libertação.
Movo-me, levitando sobre ela, observando seu corpo pequeno
encolhido na cama. Os dedos descansam abaixo da cabeça, com a lateral da
sua face à mostra de forma delicada. Ela é minha pequena humana
responsável por despertar emoções dentro de mim, levando-me a quebrar
barreiras entre os mundos, dividindo o véu invisível que cobre meu mundo
do dela, apenas para ter meu planeta ao meu lado, uma humana desastrada e
solitária, que me faz sentir domínio por cada passo que dá. Nada pode vir
de bom disso, mas ainda assim a ideia de mantê-la junto a mim cresce,
comigo não querendo retornar para o mundo dos sonhos, mas sim
permanecer no dela. Vaguei por tanto tempo entre a escuridão eterna e
solitária, que depois que encontrei minha pequena luz, apenas a desejo ao
meu lado.
— Miauu! — O miado do felino parado na porta, me faz girar meu
rosto para lá, me misturando entre a escuridão da parede, transitando por
ela.
— Ora, ora, olha o que o gato me trouxe... — murmuro sério, saindo
da escuridão, ficando parado diante do animal.
O som do pequeno roedor preso em suas garras se faz alto, com ele
tentando escapar, mas aprisionado entre as patas do gato. O camundongo
para de se mover quando me agacho, abrindo minha mão e o pegando em
meus dedos. Levanto-me e aliso sua cabeça, enquanto me afasto do quarto,
deixando o gato de sentinela na porta, mantendo a guarda do meu pequeno
planeta dentro dele. Ergo meu braço e deixo o pequeno camundongo diante
da minha face. Ele abre mais seus olhos quando meus dedos apertam a
pequena garganta peluda e alisam sua cabeça entre as orelhas.
— Tão peludo, pequeno camundongo — sussurro para ele,
prendendo-o mais forte em meus dedos.
Ainda alisando seu corpo, sinto em meus dedos a maciez do seu
pelo, ao passo que ele solta um som agoniado, desejando ser liberto da
minha mão. Mas não dou essa chance a ele, não quando torço seu pescoço,
o quebrando de uma única vez. Solto o ar em desânimo e jogo-o no chão da
sala, entre as sombras que o aprisionam.
— Revele-se — falo em comando, dando uma ordem e sentando-me
no sofá.
— Desnecessário, hein?! Puta que pariu! — A voz da criatura
amaldiçoada e desprezível sai zangada, enquanto cruzo minhas pernas, o
encarando.
Orin tinha sido um feiticeiro da época das Cruzadas, imprestável e
sem muito talento, condenado à eternidade por seus pecados, que eram tão
inúteis e patéticos quanto ele, e o fizeram tornar-se apenas um demônio.
— Por que está aqui, criatura repugnante? — O encaro, vendo seus
dentes podres enquanto ri, examinando em volta.
— Vejo que está se dando bem com a humana, meu Rei... — Cruzo
meus braços na altura do peito, observando-o.
— Vejo que ainda gosta de se transformar em um rato. — A criatura
que há poucos segundos era um animal indefeso, agora traz um olhar
brilhoso cheio de maldade, encarnado na face do espinhento e inútil
feiticeiro. — Posso lhe deixar ser um pela eternidade, reencarnando por
muito, muito tempo como uma ratazana. Agora me diga, o que lhe traz
aqui?
— Não vim incomodar, apenas contar... Contar o que acontece no
reino na ausência do Rei... — Ele se joga ao chão, rastejando como um
verme, tentando me bajular ao demonstrar obediência.
— E por que acha que preciso de um verme para me dar
informações? — A sombra negra no chão se move ao meu comando, se
transformando em uma grande mão, que esmaga sua garganta.
— Porque sou um verme, um inútil, miserável e desprezível, mas
um verme leal ao meu Rei, um verme que ouve... — balbucia, negando com
a cabeça enquanto fica sem ar. — Rasteja pelos cantos sem ser visto, ouve
os gritos da Rainha regente, que está furiosa... porque a morte teve que vir
buscar uma alma, uma alma que não estava pronta para partir desse
mundo...
Olho-o em silêncio, não soltando sua garganta, apenas sentindo
repulsa a cada palavra que sai da sua boca podre, que se abriu para me
contar sobre a maldita Rainha.
— A morte contou à Rainha que a alma que ela veio buscar não
estava na lista e que havia uma marca. Oh, sim, a morte contou, contou que
na alma tinha o selo do Rei...
Fisgo o canto da boca e rosno baixo, sabendo quem era a alma que
trazia minha marca, a do vizinho patético, que eu torturei, mostrando seus
pecados e o levando ao desejo de morte, até ele acabar com sua própria
vida.
— E veio até aqui para me contar que a morte deseja uma retratação
por fazer seu trabalho?
— Não, não... A morte não, mas a Rainha deseja. A Rainha está
furiosa porque o Rei quebrou a regra. — Ele ri enquanto se debate, tendo
seus pés tirados do chão pela grande mão feita de sombra que o estrangula.
— É, é sim, o Rei quebrou a regra, quebrou a regra que não podia quebrar...
— Não ouse falar sobre a regra para mim, criatura miserável! Sou o
dragão , o primeiro caído da minha raça. — Minha voz é um estouro ao
[6]

passo que me levanto, tendo a escuridão tomando por completo a sala, nos
engolindo. — Eu estava lá quando a regra foi criada, eu vago nesse mundo
e reino no Inferno muito tempo antes dos seus primeiros ancestrais
receberem o sopro da vida!
Seu corpo podre se encolhe, enquanto o mantenho preso, torturando
sua alma amaldiçoada, o penitenciando com meu olhar. Antes de o soltar,
estalo minha boca, dando de ombros, tendo a escuridão se dissipando.
Movo minha cabeça em ironia para os lados e dou um sorriso falso.
— Agora, diga logo o que realmente veio me contar. Sabe que é
apenas para algo muito, muito importante, que lhe deixei vinculado a mim,
para me achar quando fosse necessário.
— Verme ouve coisas, coisas curiosas, como boatos e sussurros no
mundo dos condenados, que deixaram a Rainha em alarde... Rainha furiosa,
muito furiosa...
— Já entendi que ela está furiosa. Quando aquela vaca não está?! —
Fecho meus olhos e estalo meu pescoço, sentindo-me entediado com essa
conversa sobre a cadela da Lilith.
— Agora é diferente. Há rumores no reino dos condenados que o
Rei encontrou uma alma marcada, sacramentada à servidão perpétua no
Limbo...
Abro meus olhos, o encarando, ficando em silêncio e observando o
asqueroso informante.
— Do que está falando? — Minha pergunta sai de maneira séria.
— Uma profecia foi feita no Inferno, uma profecia feita pelo
barqueiro do mundo dos mortos, de que uma princesa acenderá ao trono,
uma criatura nascida da luz e das trevas, uma nova governante para o reino
dos condenados...
Meu rosto se move devagar na direção do corredor, enquanto fico
em silêncio, o encarando. Não pode ser verdade, há milênios esse privilégio
foi retirado de mim pela Rainha maldita que governa meu reino. Essa foi a
troca para poder me libertar, para sair do meu reino e transitar pela Terra,
vagando como um demônio, finalmente tendo um pouco de paz.
— Isso é mentira. — Nego com a cabeça, não acreditando nessa
história. — Apenas conversa de demônios desocupados...
— Verme não mente, assim como o barqueiro também não. Ele viu
a Lua de Sangue se erguendo no céu, trazendo escuridão para a Terra
quando a luz chegar no submundo, para governar o reino dos condenados.
— A Lua de Sangue... — sussurro, me atentando às informações. —
Quando essa profecia foi feita?
— Dois dias atrás... — ele responde rápido, olhando para o corredor.
Há dois dias teve uma Lua de Sangue, quando Júpiter quebrou o
véu, me deixando visível para ela.
— A escuridão se misturou à luz e concebeu uma mestiça. O
barqueiro viu, o barqueiro sentiu o poder da luz — ele murmura, repuxando
sua boca enquanto ri. — A Rainha quer a luz morta, junto com o que tem na
barriga dela...
Conheço a Rainha, sei muito bem que ela trará a orla inteira de
demônios do Inferno para a Terra, para caçar e aniquilar qualquer ameaça
que tiver ao seu reinado.
— O Rei precisa voltar, precisa tomar seu trono, pois a Rainha
pretende vir pessoalmente buscar a luz — sibila, dando um riso. — E a
humana dentro desse lugar tem o cheiro do Rei, cheiro de sexo... O Rei
fodeu com uma humana... A Rainha vai desmembrar cada parte do corpo
dela, a pregando no trono... Oh, sim, a Rainha vai...
— Cale-se! — rujo com ira, costurando sua boca com um estalar de
dedos, ao passo que sinto a fúria me dominar.
Uma bufada de fogo sai pelo meu nariz, enquanto meu casco bate no
chão, tendo minha forma demoníaca vindo à tona. Sei que abrirei guerra
àquela desgraçada, a desmembrando eu mesmo, se ela tentar ferir meu
planeta.
Não permitirei que ela a toque, isso é uma promessa.
CAPÍTULO 13
A ROSA NEGRA

Júpiter

Observo meus dedos com clareza e bato minhas mãos na água


cristalina, rindo, sentindo a água quente tão gostosa, dentro do pequeno
lago, entre as rosas negras.
— Gosta? — Me sobressalto, virando rápido quando escuto a voz
que amo.
Seus olhos param na água, que bate levemente em meus seios,
enquanto inclina sua cabeça para o lado, olhando-me diretamente nos
olhos. Seu olhar é tão intenso que sinto meu corpo queimar e meu coração
bater forte.
— Sim, eu acho lindo... — sussurro para ele, girando meu rosto
para as lindas rosas, que estão abertas, tão magníficas.
— Não tão lindo quanto você, meu planeta!
Retorno meu rosto para sua direção, o vendo me fitar sério, com
uma expressão taciturna. O grande manto negro em seu corpo vai ao chão,
o que me faz suspirar, admirando-o. Observo seus cabelos longos se
espalhando sobre a água, enquanto ele entra, hipnotizando-me com cada
movimento. Seus dedos tocam meus braços, dedilhando-os aos poucos, ao
passo que me derreto com seu toque. Perco-me muito antes de sua boca
tocar a minha, devorando-me e me tomando como sua. Sorrio, e ele
mergulha, me abraçando, com suas mãos prendendo-me a ele.
— Estamos conversando mais que o normal nesse sonho ou é
impressão minha... — murmuro, rindo e raspando meus lábios nos seus.
— Apenas impressão sua. — Theron puxa minhas pernas para que
circulem sua cintura. — Gosto de como lhe tenho em meus braços.
Sinto o toque macio dos seus dedos nas minhas coxas, enquanto sua
boca mordisca lentamente meus lábios.
— E eu gosto de você, Theron... — sibilo para ele, me perdendo em
seu olhar e o deixando ver a verdade que habita em meu coração.
O venero, o amo com todas as forças do meu ser. Os olhos dele
ficam presos aos meus enquanto vejo-os brilharem com intensidade, tendo
sua mão se alastrando por meu corpo, até parar em cima da minha
barriga, ficando espalmada.
— É minha por toda eternidade, meu doce planeta — rosna baixo, e
em um movimento ligeiro, encaixa seu corpo ao meu, abraçando-me com
força. — Minha!
O balanço da água brinca no ritmo dos nossos corpos, tendo a
temperatura aumentando conforme o corpo dele fica mais quente.
— Preciso de você. — Beijo seus lábios apaixonadamente, me
perdendo em cada toque seu. — Oh, Theron, preciso de você! Preciso muito
de você... — grito quando o sinto me possuir, tomando-me, marcando-me
parte por parte.
— Sou seu, e você é minha. — Suas presas marcam meu pescoço
com pura fúria.
Nossas respirações estão unidas, e o coração explode em meu peito,
comigo sentindo-me cada vez mais ligada a ele. Sua mão esmaga meus
cabelos em seus dedos, e ele me ama com pura paixão a cada investida que
seu pau dá dentro de mim.
— Me espere...
Meu corpo suado pula na cama, enquanto sinto meu coração
acelerar, com uma dor esmagando meu peito. Espremo meus dedos no
lençol encharcado de suor, girando meu rosto para a janela e vendo o quarto
recebendo os primeiros raios de sol do amanhecer, que entram pela vidraça.
Esfrego meu rosto, tentando entender por que senti tanta dor ao
despertar desse sonho, como se meu coração estivesse se partindo ao meio.
Preparo-me para levantar, mas paro quando abaixo meu rosto, observando a
rosa negra ao lado do meu travesseiro. A seguro com cuidado, e meus olhos
ficam hipnotizados, a vendo brilhar quando suas pétalas se transformam em
chamas, queimando-se diante de mim enquanto seguro a galha seca dela,
tendo as pequenas chamas tomando a forma de um casal abraçado.
Me espere...
A lembrança da sua voz em meu sonho, sussurrando enquanto
mordia meu pescoço, faz eu sentir meu coração parar de bater pouco a
pouco. Assim que vejo a imagem do pequeno homem de fogo se apagar,
partindo, deixando a mulher sozinha, levanto-me rápido, soltando a galha
da rosa, que se apagou no chão. Olho para os lados, buscando pelo amante
que havia a deixado ao lado do meu travesseiro, mas não o vejo, e meu
coração dói ainda mais quando percebo que não o sinto.
— Theron... — chamo por ele, saindo do quarto com meu peito
dilacerado e as lágrimas já queimando meus olhos, não entendendo o
porquê não sinto a presença dele. — THERONNN... THERONNN...
Paro no meio da sala, vendo meu gato sentado no centro, no tapete,
me olhando.
— Theronnn... — Fecho meus olhos com toda força, desejando que
ele apareça, desejando vê-lo.
Mas quando meus olhos se abrem, apenas Café está diante de mim,
me observando em silêncio. Meus joelhos fraquejam e tombo-os no chão,
soluçando baixinho.
— Miauu...
O afago macio da cabeça peluda em minha perna me faz abrir meus
olhos, e encontro Café me consolando com carinho, se esfregando em mim.
— Ele se foi, Café... Ele se foi...
Puxo-o para meus braços, escondendo meu rosto nas costas dele,
enquanto sinto uma dor insuportável me consumir, não acreditando que ele
partiu.

Eu chorei aquele dia, chorei em todos os outros dias que se


seguiram, em todas as noites escuras e vazias que me assombraram, tendo o
apartamento tão frio como gelo, nunca mais sentindo o calor que emanava
do meu protetor. O chamava, implorava para que retornasse, mas ele nunca
mais veio. Nem em meus sonhos eu o via, apenas fiquei condenada a me
sentar entre aquele jardim de rosas vazio, buscando por ele.
Porém, em uma noite, eu o avistei. Não meu protetor, mas o
presente que ele tinha me deixado, um presente belo e risonho, de cabelos
negros tão lisos como os dele, com a face delicada como a de um anjo, de
pele negra, caminhando em minha direção.
Vi a escuridão acompanhando-a, andando lado a lado com ela, em
forma de uma sombra escura com olhos amarelos, impiedosos, como se
fosse seu guardião. Lembro de naquela noite, quando ela veio a mim em
meus sonhos, me trancar em meu ateliê por horas, pintando a tela mais bela
que eu já poderia ter pintado. Ela era meu presente.
EPÍLOGO
O PRESENTE DE JÚPITER

Luna

Vinte e quatro anos depois

— Merda! — rujo com raiva, entrando às pressas novamente dentro


da galeria, trancando a porta atrás de mim.
A chuva está muito intensa do lado de fora, não tem possibilidade
alguma de eu conseguir voltar para casa.
— É, Café, o jeito é passar a noite aqui. — Ergo a bolsa de
transporte do meu gato, falando com desânimo para ele, que resmunga,
dando um miado bravo. — Qual é, o sofá do escritório até que é legal, e vou
ver se por um milagre consigo fazer aquele aquecedor funcionar, para não
congelarmos de tanto frio...
Solto a bolsa no chão, abrindo-a, para que ele possa sair e caminhar
pelo grande salão da minha galeria. O som estridente do celular tocando no
bolso de trás da minha calça me faz pegá-lo, e vejo o nome da minha
madrinha na tela.
— Oi, madrinha!
— Cristo, onde está, que não chegou até agora?! — ela questiona,
nervosa, em um tom preocupado. — Está caindo um temporal...
— Oh, eu sei! — suspiro e caminho em direção à copa, para ligar a
cafeteira. — Acabei demorando ao fechar a venda de uma das telas.
Quando finalizei a chamada e estava me preparando para sair, descobri que
não tinha como. A chuva está muito intensa, acho que não poderei ir jantar
com você hoje, madrinha... — digo, chateada, porque toda sexta, depois de
fechar a galeria, vou visitá-la em sua loja.
A madrinha Nina tinha herdado da sua avó uma loja cheia de
quinquilharias e coisas estranhas, mas que eu amava. Praticamente fui
criada lá dentro, já que minha mãe e minha madrinha fizeram faculdade
juntas. Nina e a minha avó por consideração, que era sua mãe, sempre
foram o mais próximo de família que eu e mamãe tivemos.
— Está tudo bem, o importante é que está em um local seguro —
Nina fala, suspirando com alívio. — Se quiser, pode vir para cá quando a
chuva der uma trégua, vou ficar te esperando.
— Ok, eu dou um jeito de ir aí se a chuva diminuir — suspiro, me
despedindo dela e encerrando a chamada.
Guardo o celular no bolso de trás da calça e finalmente entro na
salinha da copa, ligando a cafeteira, antes de me virar para o aquecedor,
batendo meu dedo no botão, rezando para que essa porcaria funcione.
— Sério, não pode funcionar apenas hoje?! — esbravejo, zangada,
vendo a máquina antiga não dando nem sinal de vida. — Merda, realmente
vou ter que comprar um novo!
Afasto-me dele e vou para o armário, abrindo-o para pegar uma
xícara, mas paro quando o som do sino da porta da frente da galeria se faz
alto, me deixando assustada, porque eu tenho certeza de que tranquei a
porta. Ou será que esqueci de chavear? Caminho apressada, retornando para
o hall de entrada, fitando o relógio em meu pulso, vendo que são quase sete
horas da noite.
— Estamos fechados! — digo rápido, erguendo meu rosto, com a
intenção de mandar quem quer que seja embora.
Mas paro quando meus olhos se prendem na gigantesca montanha
masculina encharcada, parada perto da porta, com roupa de motoqueiro.
Vejo o corte militar dos seus cabelos, com os óculos negros tapando seus
olhos.
— Estamos fechados! — retorno a falar, arqueando minha
sobrancelha para ele.
Inspiro forte o ar e estreito meu olhar, não tendo nenhuma resposta
dele. Ergo meus dedos para a gola alta da minha blusa, tentando a afastar,
me sentindo angustiada por conta do estranho calor que me pegou de
repente. Levanto meu rosto para o teto e observo as saídas do aquecedor
abertas, sentindo um pouco de alívio por ele estar funcionando. Abaixo meu
rosto e retorno a encarar o cidadão bombado, que parece uma estátua,
diante da entrada da galeria.
— Escuta, sabe falar? Ou ouve... Porque acabei de dizer que
estamos fechados, duas vezes ainda. — Ergo meus dedos e mostro o
número dois para ele, antes de apontar para a porta.
Ele simplesmente me ignora, como se eu não estivesse falando com
ele, e vira seu rosto para o lado, movendo seus lábios, mas não tendo som
algum saindo da sua boca. Recuo lentamente, começando a ficar
preocupada com o gigante mal-encarado.
— Se não sair, vou chamar a polícia. Você me ouviu?! — digo,
brava, encarando-o, e ele se volta para mim, com um som estranho, como
de um rosnado, saindo da sua boca.
— Não sou mudo, mestiça — esbraveja em um timbre rouco, com
seus lábios se esmagando.
— Ótimo! Então é só um babaca musculoso e sem cérebro. —
Cruzo meus braços em cima do meu peito, não acreditando que ele acabou
de me chamar de mestiça. — Agora, saia da minha loja, porque ser filha de
uma mulher negra e um homem branco não é crime, mas invasão de
propriedade é. Então, tire esse seu rabo racista da minha galeria, mudinho...
Eu me sobressalto quando o vejo vir para cima de mim como um
touro zangado.
— Magnus! — Uma voz séria e alta sai atrás dele, o que me deixa
confusa. Enxergo um segundo homem aparecer, ao dar um passo para o
lado, saindo de trás do gigante babaca. — Desculpe pela hora, não tínhamos
a intenção de incomodar — o homem alto e de cabelos negros longos fala
sério, com seus olhos verdes presos em mim.
Seu porte é extremamente diferente do musculoso que lhe
acompanha. Ele está trajado com um terno preto e tem uma postura
aristocrata. Ergue sua face para as telas nas paredes, as mirando com
interesse, antes de deixar sua atenção presa na tela que tem perto das
escadas.
— Olha, não sei quem vocês são, mas como eu disse para o senhor
Músculo, minha galeria está fechada....
— Há muito tempo busco por algo... — o homem de terno fala
calmo, parando seus olhos em mim, fazendo eu me sentir estranha pela
forma como me observa com tanta intensidade. — Creio que nessa galeria
tem algo que me pertence...
— Tenho certeza que não. A menos que sejam minhas contas, que
estou dando para quem quiser pagar, o resto que tem aqui me pertence —
suspiro, batendo meu pé no chão com aborrecimento. — Já está tarde, por
favor, saiam da minha galeria...
— Procuro por um quadro. — Sua voz sai baixa, enquanto ele fita
mais fixo o quadro na parede, perto das escadas, que chamou sua atenção.
— Posso garantir que todos os quadros aqui são documentados e
comprados legalmente dos pintores, e como disse, não há nada aqui que lhe
pertence. Me desculpa, mas sendo bem franca, não parece ser um pintor...
— Quero comprar aquele quadro! — ele fala sério, com seus olhos
presos aos meus, o que me faz piscar rápido, retraindo meu cenho.
Giro meu rosto para o quadro perto das escadas e vejo a imagem da
colossal besta entre as rosas negras, tendo a Lua de Sangue brilhando atrás
dela.
— Ele não está à venda — falo firme para ele. — Nenhum dos
quadros dessa pintora está à venda.
— As outras telas dela estão aqui? — Ele mantém seus olhos presos
em mim, de forma intensa, fazendo eu me sentir confusa pela maneira como
me avalia. — Ela foi alguém importante para mim. Seria uma honra poder
os ver...
— O senhor a conheceu... — sussurro, perdida, examinando-o com
interesse.
— Sim. Na verdade, estava com ela quando pintou aquela tela. —
Ele aponta para o quadro da besta, com o olhar perdido na pintura. — Eu a
vi pintar muitos quadros, antes de eu precisar ir embora.
Posso notar um traço melancólico em sua voz, o que me dá a
impressão de seus olhos estarem vermelhos, antes de piscar rapidamente e
voltar ao intenso tom esverdeado.
— Seria maravilhoso ver as obras dela...
— É apenas mais uma... — Nego com a cabeça, olhando-o ainda
incerta, esfregando meu rosto e imaginando que realmente estou cansada,
por estar imaginando coisas. — O último quadro que ela pintou foi vinte e
quatro anos atrás, depois disso nunca mais pintou...
Sinto o calor ficando duplamente pior dentro da galeria, como se o
lugar estivesse pegando fogo, e desejo me livrar logo desses dois homens
estranhos, para poder desligar aquele aquecedor velho antes que exploda.
— Por favor, gostaria que fossem embora depois que a verem. —
Giro rápido, inalando forte o ar e sentindo meu corpo em brasa.
— Por mim, está ótimo.
Olho de esguelha para ele, o vendo me seguir, e giro meu rosto por
cima do ombro, encontrando o babaca musculoso andando feito um cão
atrás dele, me dando a impressão de estar com seus olhos presos em mim
por trás dos óculos, o que faz eu me sentir ainda mais angustiada com a
sensação quente presente dentro dessa galeria.
— Qual seu nome, minha jovem? — O homem andando, agora ao
meu lado, me faz olhá-lo, chamando minha atenção, e vejo seus olhos
presos aos meus.
— Luna. E o senhor, como se chama? — Abro a porta do meu
escritório, onde deixo a extravagante tela, que pega a parede inteira.
— Theron. Pode me chamar de Theron. — Sua voz sai baixa, de um
jeito calmo, fazendo eu me sentir desconcertada.
— Ela está ali, pode olhar. — Viro meu rosto para frente, dando um
passo para o lado e o deixando entrar.
Observo-o caminhar morosamente, parando diante dela, enquanto
esmago minha boca e solto um suspiro, vendo a pintura, sabendo que não
irá demorar para ele reparar no gigantesco detalhe que ela tem.
— Essa foi a última tela dela? — sussurra, virando seu rosto para
mim.
— Sim... — respondo, fitando o grande quadro.
Ele é belo, cativante de uma forma única. A mulher está dentro de
um Limbo, ao lado de um homem, de costas, com uma imensa serpente
gravada em sua pele. O braço dele está esticado em sua cintura, a mantendo
junta a ele, como se os dois se completassem. É realmente de tirar o fôlego,
e me deixa presa nela todas as vezes que a olho, lhe admirando. Mas apenas
um fato me incomoda na pintura, que é a minha imagem ali, retratada no
rosto da mulher. Cada linha e traço meu pincelados, sendo eternizados na
pintura.
— Sei que é estranho, ainda mais porque foi pintado vinte e quatro
anos atrás... A pintora era minha mãe, e ela o chamou de “O presente de
Júpiter” — suspiro, contando a história do quadro para ele.
Inalo fundo e encaro o quadro, me recordando dela, de como sinto
sua falta. Ela era uma pessoa incrível, a mulher mais gentil e doce que
conheci, alegre e risonha, e sempre estava comigo, sempre fazia eu me
sentir feliz por estar perto dela, dizendo que eu era o melhor presente que
ela teve em sua vida. Ela trabalhou duro para cuidar de mim sozinha, depois
que meu pai a abandonou grávida. Minha mãe nunca disse que foi isso que
ele fez, mas eu sabia, sabia que ele a tinha abandonado. Em uma noite,
escutei minha madrinha conversando com minha mãe, quando eu tinha sete
anos, com Nina tentando a convencer a ir a um encontro, ao invés de ficar
esperando um homem que nunca voltaria.
Por isso nunca perguntei a ela sobre o meu pai, apenas agradeci a
Deus por ter tido ela, uma mãe maravilhosa. Se ele não a quis, se ele
escolheu abandonar ela e a mim, não tinha porque eu o querer na minha
vida, muito menos saber dele. Apenas ela me bastava. Ela tinha sido tudo
para mim: mãe, pai, avó, minha família inteira. Sempre foi apenas nós duas.
Eu tinha uma avó materna, mas ela foi internada em um hospital
psiquiátrico depois de uma crise de alucinação, quando tentou atacar um
vizinho que foi socorrê-la, porque estava gritando na casa, dizendo que
tinham lobos lá dentro, querendo a devorar.
Minha mãe nunca falou muito dela, apenas disse que ela precisou
ficar internada quando eu ainda estava barriga da minha mãe, que ficou no
hospício até meus treze anos, quando morreu de um ataque fulminante do
coração. Nessa época, minha mãe descobriu que tinha uma herança deixada
pelo meu avô para ela, que apenas foi entregue depois da morte da minha
avó. Com o dinheiro, ela comprou o prédio e abriu a galeria, onde eu
aprendi a ter paixão pela arte. Não sou pintora como ela, mas tenho uma
excelente lábia para vender. Aos treze anos também foi quando vi esse
quadro pela primeira vez, já que ele ficava guardado dentro do ateliê da
mamãe, coberto por uma lona grande.
Ela disse que sonhou comigo quando estava grávida, que a mulher
naquela pintura era eu. E com o passar dos anos, quanto mais eu crescia,
mais parecida com a mulher da tela fui ficando. Eu ria, brincando com ela e
dizendo que era filha de uma bruxa conservadora, que gostava de fazer
tricô. Ela me fazia feliz, fazia eu me sentir em paz apenas com um olhar
brando dela.
Cinco meses atrás, eu estava fechando uma venda por telefone, no
escritório do apartamento que morávamos, quando ouvi o som de algo
caindo dentro do ateliê que pertencia à minha mãe. Corri para lá e a
encontrei caída no chão, entre as tintas. Ela estava pintando um quadro
depois de tantos anos sem nunca mais fazer uma linha sequer em uma tela.
Ela estava pintando, mas não conseguiu terminar. O coração dela parou,
simplesmente parou de bater, o que me deixou sem entender nada. Ela era
jovem, tinha quarenta e sete anos, não possuía vício, era saudável e
completamente cheia de vida, e de uma hora para outra partiu. Os médicos
disseram que poderia ser alguma doença genética, já que minha avó
materna também morreu do coração. Me vi sozinha, perdendo a pessoa que
eu mais amava, ficando apenas eu e o Café, meu gato rabugento.
Cruzo meus braços, sentindo a tristeza ainda correr pelo meu peito
ao pensar nela. Um arrepio passa por meu corpo, com minha nuca
arrepiando, o que me faz virar e olhar para trás. Encontro o babaca grande
parado na frente da porta do escritório, com sua face direcionada para o
quadro, antes de retornar para mim, com sua boca se abrindo lentamente.
— Meu pequeno planeta... — A voz baixa sai com melancolia, o
que me faz olhar para frente e ver o homem de terno parado perto da mesa
do meu escritório, tendo o retrato da minha mãe, rindo comigo quando eu
tinha cinco anos, sentada em seu colo, na loja da minha madrinha, em sua
mão.
— Desculpa, não sei se ouvi direito o que disse — murmuro para
ele, dando um passo à frente e me afastando um pouco da porta, tentando
me distanciar do babaca musculoso que está praticamente bufando em meu
pescoço.
— O presente de Júpiter. — Ele se vira lento, me fitando. — Disse
que esse foi o nome que ela deu à tela, certo?
— Sim, foi. — Bato meus pés devagar no chão, levando meus dedos
para trás da calça. — O senhor não me disse de onde conheceu minha mãe.
— De uma vida inteira. — Fico confusa quando ele me responde,
devolvendo a fotografia para cima da minha mesa. — Ela nunca mais
pintou, não desenhou nada...
— Não... — Me atrapalho quando sinto a respiração pesada atrás de
mim, o que me faz virar e encontrar o irritante homem com o nariz se
mexendo, como se estivesse me farejando. — Bom, na verdade, ela estava
pintando um quando teve um infarto.
Arqueio minha sobrancelha, acreditando que esse cara musculoso na
porta tem sérios problemas. Quem fica cheirando as pessoas desse jeito?
— Ele está aqui? — Volto minha atenção para o homem sério, que
tem seus olhos presos em mim.
— Oh, não, ela não terminou. — Nego com a cabeça, caminhando
para a outra ponta da sala. — Ficou inacabado.
Suspiro, batendo meu pé no chão e balançando meu corpo para
frente e para trás, estudando o homem calado, que mantém seus olhos na
fotografia em cima da mesa.
— Bom, agora que já viu a tela, a saída fica logo ali, senhor Theron.
— Sorrio nervosa, fazendo um gesto de cabeça para a porta, deixando claro
que quero que ele vá embora junto com o senhor Músculo.
— Sim, está. — Ele se vira para mim, movendo calmamente sua
cabeça para frente, em um cumprimento, antes de parar seus olhos no canto
da sala, onde tem a poltrona e um espaço aberto perto da parede, encarando
o escuro. — Espero lhe rever em breve. Magnus, vamos!
Fico perdida, olhando para trás, na direção que ele estava encarando,
não vendo nada que não seja um espaço escuro, antes de retornar minha
atenção para ele, o assistindo caminhar para fora do meu escritório. A
gigante massa muscular calada dá um passo para o lado, o deixando se
afastar, levando o rosto para a direção do quadro antes de retornar sua face
para mim.
— A saída é para lá! — Sorrio com falsa gentileza, apontando para
onde o cara de terno foi.
Vejo o gigante esmagar seus lábios, com um rosnado saindo da sua
boca antes de balançar a cabeça para os lados, em negativo, se virando com
raiva.
— Eu, hein?! — suspiro, andando devagar na direção da minha
porta, os vendo ir para a saída da galeria. — Cada doido que me aparece...
— Miauu! — Giro meu pescoço e vejo Café saindo de trás da
poltrona, no canto da sala.
— Sério, estava escondido enquanto me deixava sozinha com esses
dois doidos? — Me agacho, o pegando no colo e fazendo cafuné em sua
orelha. — Se dependesse de você para me proteger, eu estava ferrada, Café!
Ele mia em discordância, ronronando enquanto esfrega sua cabeça
em meu peito. Caminho lentamente, saindo do meu escritório e parando na
porta, virando e fixando meu olhar na fotografia sobre minha mesa, no
fundo do escritório, observando a face da minha mãe. Olho para a grande
tela rapidamente, antes de me virar, mas congelo, voltando meus olhos para
o quadro novamente, piscando apressada.
Por um segundo, posso jurar que vi o homem de costas na pintura,
que tem a grande serpente tatuada em suas costas, com um imenso par de
chifres no topo da sua cabeça.
— Nossa! Acho que está na hora de tomar minha injeção de
glicemia... — Rio, negando com a cabeça e falando para o meu gato. —
Realmente, o açúcar está muito baixo no meu sangue, para ter um delírio
desses...
Olho novamente o quadro, o vendo normal, enquanto abraço Café e
dou as costas para a tela, retornando para a copa.
— E quem sabe não tem um salmão enlatado para você. — O encho
de beijos, esfregando seu rosto peludo na minha bochecha. — Meu gatinho
covarde!
— Miau!
Rio ao escutar seu miado, como se estivesse se sentindo ofendido,
mas logo ronrona, quando lhe acaricio atrás da orelha.

Fim!
O PRAZER DA MORTE

LUNA

Um suspiro baixo sai dos meus lábios quando meus sentidos


despertam, com uma sensação nova tomando o meu corpo. Meu rosto
tomba aos poucos para o lado e sinto o toque moroso de algo percorrendo
meu ombro, causando cosquinha e ao mesmo tempo uma euforia, pela
pincelada gelada que me lambe a pele. O ar quente sendo solto em minha
pele me faz ter a sensação de que estou esticada, extremamente próxima de
uma lareira, de tão aquecida que me sinto, com meu corpo pesado,
preguiçoso, estirado em cima de alguma coisa sólida. Mas não tão sólida
quanto o que está em cima de mim, me deixando ter a percepção que estou
sendo engaiolada por um corpo imenso. Inspiro fundo, expandindo meu
peito, com um odor almiscarado entrando em minhas narinas, como de um
rum forte com notas marcantes. Um rosnado suave sai perto do meu ouvido,
e minha pele se arrepia ao sentir a língua deslizar pela minha clavícula.
Ok, isso realmente é estranho! Deveria tentar me sentar, tentar
afastar o que é que esteja em cima de mim, mas estou tão cansada, não
sentindo força alguma no meu corpo, que não consigo. Será que é assim que
é estar morta? Ter sua mente vagando em pensamentos? Não ter controle do
seu corpo? Eu não sou o tipo de pessoa com a espiritualidade elevada,
sendo bem franca, minha vida inteira fui uma mulher extremamente cética.
Por mais que tenha crescido com minha madrinha, brincando dentro da sua
loja e ouvindo todas as coisas engraçadas que ela fala sobre a vida após a
morte, eu realmente não acreditava que tinha algo nos esperando quando
batêssemos as botas.
Fico pensativa em relação a isso, tentando imaginar como eu morri,
porque, com toda certeza, dilacerada pela fera é que não foi. Ou será que eu
já estava morta quando aquilo aconteceu?
Cristo, eu morri!
Sim, eu morri em um acidente de carro naquela estrada mal
iluminada, a caminho da casa de um cliente, que tinha me pedido para
entregar pessoalmente o quadro a ele.
Só pode! Não tive nem tempo de ver a minha morte, e aquelas
coisas que vi na estrada eram demônios vindo buscar minha alma
pecadora, o que explica o frio que senti quando saí do carro.
A gélida chegada da morte.
Oh, caralho, eu não quero morrer! Eu tinha tanta coisa para fazer
ainda...
Será que estou no portão do Inferno? Ou irei para o Céu?
Não, com toda certeza não vou para o Céu, pois tinha passado a
perna em muitos clientes, vendendo quadros velhos, os fazendo passar por
pinturas famosas.
Que droga! Vou ser condenada ao Inferno porque enganei gente
rica burra. Será que no Inferno tem penitências médias para infrações
pequenas?
E meu gato?
Merda, se eu estou morta, Café também morreu!
Tadinho, não tivemos tempo nem de ir para o SPA. Será que a
madrinha vai fazer um velório decente para ele, ou jogar o coitado dentro
de um buraco no quintal da casa dela, como fez com o cachorro que ela
tinha?
Droga, madrinha! Se eu estou morta, quem vai impedi-la de colocar
um vestido feio em mim no meu funeral, como ela quis fazer com a mamãe?
Por falar em funeral, será que vai muita gente no meu velório? Não
tinha muitos amigos, sendo bem realista, não tinha nenhum. Fora a
madrinha, não vai ter ninguém, o que significa que ela não vai ser
impedida de me deixar com um vestido com mangas bufantes.
Ainda bem que pelo menos escolhi meu caixão e as flores que
queria no meu funeral, quando fiz o seguro funerário. E ele vai cobrir todas
as despesas, assim não deixo dívidas para ela. Dívidas! Deixei contas em
aberto para trás, que iria pagar quando voltasse da porcaria da casa do
cliente, com o pagamento generoso que ia receber pela venda da tela! E,
ainda por cima, perdi meu horário com a manicure na terça-feira.
Mas que merda de morte! Não podia ter esperado mais uns dias?
Tive nem tempo de gastar a porra do dinheiro que eu iria ganhar com a
venda do quadro falsificado.
E que porra é essa me lambendo?
Minha mente entra em uma bagunça total, com várias perguntas me
acertando, o que me faz esmagar meus dedos enquanto respiro mais forte.
Um deslizar lento de língua escorrega para perto do meu colo, e sinto mãos
grandes segurarem meus braços, os mantendo presos em seus dedos.
OPA!
Minha mente dispara, ficando atenta quando sinto o choque de algo
extremamente rígido e grande cutucando minha pélvis, assim que o corpo
acima do meu se move, mantendo as pinceladas da sua língua em minha
pele.
Ok, isso é estranho pra cacete!
Tão estranho que me faz ficar chocada comigo mesmo, ao sentir
minha boceta se contrair, com um calor pulsando dentro dela. Os bicos dos
meus seios ficam sensíveis, assim como meu corpo hiperventila. A língua
para de se mover, tendo um som baixo sendo solto como um ronronar. Com
toda certeza é um ronronar, igual ao que Café faz quando eu lhe encho de
carinho, afagando sua barriga fofinha. Me arrepio quando um nariz frio
encosta em minha pele, como se estivesse me farejando, como um animal.
— Posso sentir seu cheiro, mestiça. — A voz grave rosna baixa em
tom zangado, antes de retornar a me lamber.
Meu rosto tomba lento para o outro lado, ao passo que minhas
pálpebras finalmente se abrem com preguiça. Encontro um chumaço de
cabelos negros perto do meu rosto, e tento recordar onde ouvi essa voz e
essa mesma palavra sendo dita com esse tom raivoso.
Sua respiração é pesada, e escorrega a atrevida língua em um vai e
vem, de cima para baixo, me lambendo como se eu fosse um saboroso
sorvete. As mãos em meus braços os soltam, com a cabeça se movendo
rapidamente quando se ergue, não me dando muito tempo para ver sua face,
pois logo está prendendo meu rosto em sua mão, lambendo minha testa do
mesmo jeito que fez em meu ombro.
Pisco, confusa, imaginando se essa será minha penitência, ser
lambida pela eternidade, enquanto ergo meus braços, os sentindo pesados,
com minhas mãos se espalmando em algo firme e musculoso. Sem dúvida,
muito musculoso.
— Uau! Eu pensei que a morte era puro osso por baixo daquele
imenso manto preto... — balbucio, com a voz atordoada, ainda sonolenta,
apalpando o peitoral musculoso. — Isso que é músculo...
— Silêncio, mestiça! — O grave som rouco surge, com ele
lambendo minha testa, enquanto meus dedos curiosos estudam o peitoral
quente, que parece uma brasa.
— Sabe, não pensei que a morte fosse preconceituosa, afinal, ela
pega todo tipo de gente... Mas também não imaginava que ela fosse uma
crossfiteira — suspiro, fechando meus olhos e não conseguindo evitar de
empurrar um pouco meu nariz para cima, raspando na garganta masculina,
inalando o cheiro intenso que ele tem. — E cheirosa, realmente cheirosa...
— Pare! — O rosnado é mordaz, e sua voz sai firme ao dar-me uma
bronca.
Eu paro de falar, me engasgando quando o quadril pesado é
empurrado contra o meu, me esmagando, tendo o contato de algo duro e
muito, muito grande, chocando contra minha virilha.
— Eu realmente espero que isso seja sua foice. — Mordo meus
lábios, com noção do que está me cutucando entre minhas pernas. Gemo
baixo quando remexo meu quadril só por curiosidade, para ter certeza de
que é um pau que tem no meio das minhas pernas. — Ou não, sei lá...
Pensando bem, a essa altura do campeonato não sei o que esperar...
— Pare de se mexer, ou vou te amarrar!
A morte é mal-humorada e tarada. Seu pau pulsa novamente com
mais força por baixo do tecido grosso, que raspa em cima da minha
calcinha, acertando diretamente meu clitóris, me fazendo sentir o calor
intensificando dentro de mim. O quadril pesado se empurra mais forte,
obrigando minhas pernas a se afastarem.
— Preciso terminar de te...
— Lamber? — sussurro entre suspiros, deixando meus dedos
passearem em seu tórax musculoso, com minhas pernas preguiçosas se
erguendo de mansinho, circulando sua bunda. — Não que esteja
reclamando, para falar a verdade, isso me deixou excitada, muito excitada.
O que realmente é um choque, visto que não devia sentir nada além de dor,
afinal, não é esse o propósito de quando morre e sua alma vai para o
Inferno? — tagarelo as coisas que vêm em minha mente, mantendo meus
dedos percorrendo o grande corpo musculoso. — Sofrer por seus pecados
pela eternidade, ou será que é alguma experiência que vocês estão fazendo,
torturando sexualmente as almas condenadas...
Meus pés apoiam o calcanhar em sua bunda, que é tão musculosa e
firme quanto os braços, enquanto me arrumo, causando outra fricção entre
as pélvis. Uma respiração densa e pesada sai da criatura que está me
lambendo.
— Inferno! — Ele solta meu rosto, levando sua mão para meu
quadril e o esmagando com força. — Pare de se mexer!
— Inferno... — murmuro, passando meu nariz pela sua garganta
novamente, apenas para sentir o cheiro bom que vem da morte, o que me
faz ter que controlar minha língua, para não acabar lambendo-a. — Por
falar nisso, tem alguém que eu possa falar aqui, algum tipo de departamento
ou Recursos Humanos?
Meus pulmões se enchem de ar quando inspiro, me embriagando no
cheiro sexy que a morte tem, fazendo meu tórax arfar para cima, raspando
os bicos sensíveis dos meus seios no seu peitoral.
— Ohhhh... — Mordo meus lábios e gemo baixinho. — Tenho
certeza de que já deve ter ouvido isso, mas realmente penso que ocorreu um
erro, pois eu não devia ter morrido...
— Pare agora com o que está fazendo! — Chego a sentir uma
fisgada de dor com a pressão que as grandes mãos fazem em meu quadril,
ao se fechar com mais força, para me manter parada.
— Mas não estou fazendo nada... — Tombo meu rosto para o lado
no segundo que o seu se abaixa, causando o resvalo da boca firme em meus
lábios.
A corrente de choque que acerta meu corpo é como um disparo,
causando uma euforia dentro de mim, tão forte como eu nunca senti quando
era viva. Minhas pálpebras se abrem e encaro uma face masculina a
centímetros de mim, completamente rígida, comprimindo com força os
olhos, tendo o corpo inteiro congelado em cima de mim, inalando mais
rápido e pesadamente.
Fico sem palavras, já que nunca imaginei, nem por um momento,
que a morte era tão bela, com uma masculinidade feroz e sexy. Meus olhos
observam o queixo quadrado e os lábios grandes e densos, além da barba
rala e das sobrancelhas grossas, que moldam seu semblante sombrio e
sedutor. Estranho como, por um segundo, seus traços parecem familiar, o
que me deixa confusa. Tenho a sensação de que já lhe vi...
Minha mente se perde, não focando em mais nada quando seu hálito
quente toca meus lábios, quando ele solta calmamente o ar, me acertando
como uma carícia, me fazendo ficar com a garganta seca, com meu corpo
ficando mais agitado, ao ponto de agir por impulso. Inclino meu rosto para
frente e raspo minha boca na sua de novo, apenas para ter certeza de que o
que senti em meu corpo foi uma eletricidade intensa. E a sinto outra vez,
com mais urgência, como uma descarga de energia fulminante ao mais leve
toque.
Assusto-me, prendendo minha respiração e arregalando meus olhos
quando a mão dele se move ligeiro, soltando meu quadril e esmagando
minha garganta, afastando minha boca da sua. Fico perdida, sem entender o
que acabou de acontecer e a razão de ter feito isso. Só que antes mesmo de
poder tentar descobrir, sou arrebatada de forma avassaladora, com minha
mente se dissipando por completo quando seu ataque é rápido, ao juntar sua
boca à minha. Ele esmaga meus lábios contra os seus, em um beijo longe de
ser casto, que, na verdade, é dominante, predador e erótico.
Força minha boca a se abrir, para receber sua língua que me invade,
me possuindo, e aquela sensação de choque, de energia, é duplicada, quase
ao ponto de ter uma explosão, sentindo seu sabor e a forma feroz como me
beija, me fazendo gemer em submissão. Meus braços se erguem e se
prendem em suas costas, com a excitação me consumindo.
Gemo baixinho quando seus dentes mordiscam minha boca,
beijando-me com mais selvageria. Ninguém nunca tinha me beijado dessa
forma, ninguém nunca tinha me feito ficar em ponto de explodir de prazer
apenas com um beijo, causando uma loucura dentro de mim, com meu peito
ficando mais sensível e os bicos duros latejando. Me esfrego sem vergonha
alguma contra o corpo dele, apenas para sentir seu pau cutucar meu clitóris,
que está pulsando, com minha boceta encharcada dolorida por dentro.
— Ohhh... — gemo em sua boca, choramingando quando sua mão
em meu quadril se solta, escorregando para minha coxa e a esmagando
firme em seus dedos, causando um misto de dor e prazer.
Impulsiona mais firme seu quadril contra o meu, estimulando meu
corpo a lhe responder com muito mais abandono do que já está. Sua boca
desliza por meu pescoço quando solta meus lábios, com seus dentes
arranhando minha pele e mordiscando meu queixo.
— Ohhh, merda! — Fecho meus olhos e agarro seu ombro quando a
mão em meu pescoço o liberta, indo para meu peito e o achatando entre
seus dedos.
Minha cabeça se empurra para trás e arfo, lhe dando total liberdade
para meu corpo, queimando a cada centímetro que sua boca me toca,
escorregando por meu pescoço. A alça do meu vestido é empurrada para o
lado, descendo por meu ombro, e, em instantes, sinto o hálito quente sendo
solto em cima do meu seio nu.
Porra, eu quase entro em colapso quando sua boca o captura, o
sugando com fome, chupando com tanto desejo, tendo a língua circulando o
bico sensível. Minha cabeça tomba para o lado e meus olhos se entreabrem,
vagarosos, perdidos na neblina de desejo que embaça minha visão. Mas
pisco rapidamente, assim que vejo meu gato parado, sentado em cima da
sua bolsa de transporte, me encarando de forma reprovadora.
— Café? — balbucio, confusa, olhando-o sem entender,
encontrando minhas sandálias perto dele. — Você não está morto...
— Miau! — Ele mia para mim, como se me achasse uma louca.
Que porra está falando, mulher, estamos bem vivos! Posso imaginar
perfeitamente ele dizendo isso para mim em meus pensamentos, pela olhada
que me dá.
Respiro mais fundo, sentindo meu corpo ser consumido por um
calor infernal, enquanto minhas unhas cravam nos ombros firmes do
homem, que chupa com uma fome insaciável o meu peito.
— Que... Ohhhh, merda! — Mordo meus lábios quando ele solta um
seio para capturar o outro.
Minha cabeça se ergue um pouco e vejo o imenso homem
musculoso em cima de mim, com a cabeça abaixada, mamando no meu
peito. Meu coração bate em disparada, como se fosse sair. Meus olhos
varrem o local e observo ao meu redor, vendo a luz baixa de velas acesas,
presumindo que seja um tipo de santuário pequeno. Tem urnas em
prateleiras espalhadas, feitas de mármore, e a fotografia de uma velha com
bobes no cabelo e com um xale em seus ombros, pregada na parede.
Ergo meu pescoço, com meu corpo ficando rígido, tendo o pânico
me acertando no segundo que compreendo que estou dentro de um
mausoléu, e não em um santuário. E se eu estou dentro de um mausoléu,
quer dizer que estou deitada com um doido tarado, que chupa meu peito em
cima de um túmulo.
— OHHH, MEU DEUS! — Um grito alto sai da minha boca, e o
estapeio na cabeça com força. — SOLTA O MEU PEITO, SEU TARADO...
Bato nele com mais potência, me debatendo com desespero, tirando
o esfomeado de cima de mim quando o empurro com intensidade para o
lado, o fazendo cair em um baque seco no chão, ao tentar me impedir de
continuar batendo nele. Já estou saltando para o outro lado quando me viro,
caindo no chão e engatinhando na direção do Café.
— Mas que diabos de mulher louca! — Escuto o rosnado alto, com
a voz zangada me xingando. — Por que me bateu...
Meus dedos se prendem em uma de minhas sandálias e a agarro com
força, já segurando a outra na mão direita, me levantando enquanto giro,
arremessando a sandália com força na direção dele, assim que o vejo se
levantar e retirar um par de óculos do bolso de trás da calça. Com os olhos
ainda fechados, ele grita quando a sandália acerta precisamente sua testa,
rugindo alto de raiva na sequência.
— Mestiça, filha da puta! — Ele esfrega sua testa com fúria,
esmagando sua boca e colocando os óculos escuros em sua face. — Se me
acertar outra vez, juro que quebro os dedos da sua mão.
Meu outro braço, que está erguido, pronto para atirar a sandália, fica
congelado no ar, mas não por conta da sua ameaça, e sim porque lembro de
onde já vi sua face e, principalmente, a forma ridícula que me xinga.
— MUDINHO! — Minha boca se abre, com meus olhos se
arregalando, tendo certeza de que é o babaca musculoso que apareceu na
minha galeria no final da semana passada, junto com outro cara estranho,
que queria ver os quadros da minha mãe.
— Já disse que eu não sou mudo, mestiça! — Ele range seus dentes,
erguendo seu braço e apontando na minha direção.
— Não, é só um babaca tarado! — Meu braço já está tacando a
sandália na direção dele, o tendo dessa vez se esquivando quando se abaixa.
— PARA AGORA, MESTIÇA!
Viro-me, nervosa, me abaixando e não vendo direito o que eu pego
no chão, apenas querendo acertar sua cabeça novamente.
— Miauuu! — Café mia, se debatendo em meus dedos, me fazendo
assustar quando percebo que ia jogá-lo contra o tarado.
— Foi mal... — cicio, nervosa, o soltando, virando para pegar a
bolsa de transporte dele.
Meu corpo é prensado com fúria contra a parede, com o grande
corpo do homem atrás de mim, me esmagando e segurando meus braços.
— Já mandei parar! — ele rosna perto da minha orelha, enquanto
me gira veloz, me tendo encurralada, fazendo-me inalar forte o ar, vendo
seu rosto a centímetros do meu, bufando zangado, com as narinas se
dilatando.

Continua...
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero agradecer à Júpiter e Theron por terem me


presenteado de uma forma surpreendente com essa novela, me fazendo sair
completamente da minha zona de conforto e matar a saudade de escrever
um Monster Romance.
Obrigada a todas as minhas colaboradoras, por me ajudarem a
enriquecer minhas obras.
E aquele obrigada, seguido de um gigante beijo, para você, meu
leitor lindo, que se permitiu embarcar nesse amor.
Espero vocês em breve na aventura erótica que aguarda Luna em
Dark Demon: Desejo Sombrio.
OUTRAS OBRAS:
SÉRIES:
KATORZE - LIVRO 1
PAOLO A RENDIÇÃO DO MONSTRO - LIVRO 2
PAOLO O DESPERTAR DO MONSTRO - LIVRO 3
SPIN-OFF: HELL
SPIN-OFF - JESSE

ATENÇÃO: contém cenas eróticas e gatilhos que podem gerar


desconforto. não indicado para menores de 18 anos.

•••

Quando um pesadelo deixa marcas. Quando em um dos piores momentos,


nasce uma luz para guia-la. Quando ela se apaixona por seu algoz e finalmente
tudo está na mesa, o desejo carnal e selvagem se revelam. Mas a ferida agora,
está aberta.
Vocês irão odiá-lo, cobiçá-lo e até mesmo deseja-lo. Conheçam Daario Ávila e
embarquem em uma aventura na Espanha, regada de erotismo e reviravoltas
de tirar o fôlego. Será que o príncipe encantado, pode se tornar um pesadelo?
•••

Criado como um animal de estimação desde criança, entre a sarjeta e os


abatedouros da fazenda Ávila, Paolo se tornou o cão de ataque perfeito de
Joaquim Ávila, um animal feroz, sem remorso, sem empatia. Moldado pela dor
e degradação, é uma alma condenada e vazia, que sente gosto de liberdade
quando sua coleira invisível é quebrada. O destino, contudo, o leva, entre a
vida e a morte, pelas as águas turbulentas do rio, até os cuidados da pequena
Yara.
Em um ímpeto de desespero pela morte que o chama em seu leito, Yara
faz de tudo para salvá-lo, até o que não deve. A pequena boneca solitária só
não sabia que quem ela salvava não era apenas um forasteiro com faces
tristes, mas sim um monstro que traz em seus olhos tanta morte quanto o cano
do seu .38.
Yara entende de monstros. Teve seu caminho cruzado por um, que a
deixou marcada para sempre. Mas ali, diante da face do mal encarnada entre
os olhos marrons daquele forasteiro, que traz uma dor tão antiga, não é medo
que sente, mas sim sua luz, que se liga à escuridão dele.

•••

Tudo nessa vida tem um preço, e Yara sabia disso quando salvou a vida
do monstro que entrou em seu caminho. Tendo que escolher entre o homem
que amava e os frutos dessa paixão que cresciam em seu ventre, partiu,
deixando-o sem olhar para trás. O que ela não sabia é que sua magia deixou
rastros, e agora algo muito pior vêm atrás dela.
Seu mundo desaba quando suas filhas são levadas por um mal maior, e
o destino brinca com a pequena bruxa, colocando-a frente a frente com o
homem que tanto assombrou suas lembranças por longos anos.
O monstro se perde assim que seus olhos pousam na pequena mulher
solitária que vê em seus sonhos, e que agora está em carne e osso na sua
frente. Algo dentro de Paolo desperta, puxando-o para ela cada vez mais, sem
entender o que os liga.
O Cão e a Bruxa estão de volta em mais uma batalha.
Yara lutará com toda sua força para ter suas filhas de volta. No meio da
sua jornada, precisará mostrar ao monstro o poder e a força da magia do amor,
e encarar a ira de cinco anos longe dos olhos tão sombrios quanto o portão do
inferno.
Poderá o cão de caça perdoar a bruxa que o jogou no limbo por cinco
anos, sem despertar o monstro que habita nele?
•••

Um inimigo antigo uniu os irmãos Ávilas em uma derradeira vingança. Daario e Paolo juntos, lado a
lado, abriram as comportas do inferno, trazendo carnificina e sangue para aqueles que machucaram
suas famílias.
A cada percurso da caçada, em uma busca cruel e implacável pelas suas mulheres, os monstros
estavam famintos por morte e justiça, fazendo aliados poderosos e alianças inquebráveis, deixando
um rastro de corpos por onde passavam.
A pequena bruxa Yara encontrou forças para lutar pela sua sobrevivência e do seu filho quando a
destemida pantera Katorze cruzou seu caminho de uma forma inesperada. As duas mulheres traziam
fé em seus corações de que seus monstros iriam libertá-las, afinal nem todo predador é fatal, mas
todos os monstros Ávilas criados pelo cruel Joaquim são assassinos.

•••

Um amor além do tempo, do universo, do grande desconhecido. E se nada fosse o que realmente é? E
se entre seu mundo tivesse outro, onde magia e realidade se chocassem? Onde uma maldição foi
imposta, obrigando um príncipe do submundo a enxergar com outros olhos a raça que ele julgava a
mais inferior de todas. Onde fosse condenado a vagar por eras e eras em busca de uma estrela
solitária.
E se nada fosse o que é?
•••

Uma maldição rogada por um erro cometido no passado faz Jesse correr contra o tempo, para
conseguir se libertar antes que a Lua de sangue se erga. Porém, o que para ele é maldição, para
Constância significa liberdade. Um segredo do passado entrelaça o futuro dos dois, mas Jesse não
imagina que a única pessoa que poderá libertá-lo é a mesma que poderá odiá-lo pelo erro que
cometeu.
•••
AMORES DO CAMPO:

Ele é o homem mais poderoso da cidade, dono de um império na industrial canavieira.


Ela uma jovem batalhadora e sonhadora, que deseja apenas um trabalho para ajudar a família.
Uma troca de olhar já bastou para desencadear um grande amor à primeira vista entre eles.

Nos vastos campos de uma usina canavieira, um encontro improvável promete transformar vidas e
desafiar destinos predestinados. Maria Eloiza, uma incansável boia-fria, estava acostumada à batalha
diária da lavoura, ao esforço sobre-humano que seu trabalho exigia. Atrás de mais uma oportunidade,
ela se depara com uma usina que parecia abençoada, mas jamais poderia imaginar que aquele
canavial lhe traria muito mais do que esperava. Perdida nos olhos verdes como esmeraldas de Pedro
Raia, dono da usina e herdeiro de um legado familiar, ela descobre que o amor pode florescer onde
menos se espera.

Pedro, um homem comprometido com as tradições de sua família, abdicou de seus próprios sonhos
para voltar ao lar convocado pelo destino. Determinado e apaixonado pela terra, desde menino
trabalhava nas lavouras, sentindo a essência da vida pulsar em suas mãos. Porém, tudo muda quando,
em meio a mais uma remessa de trabalhadores temporários, ele se depara com a presença marcante
de uma cabocla de olhos assustados. Naquele momento, Maria Eloiza lhe mostra o brilho puro de sua
alma e desencadeia uma revolução em seus sentimentos.

Dois mundos distintos colidem, desafiando a realidade de um e a vida do outro. Enquanto Maria
Eloiza luta para sobreviver nas árduas jornadas da colheita, Pedro enfrenta dilemas internos, tentando
conciliar suas responsabilidades com a descoberta de um amor inesperado. Entre linhas finas, eles se
encontram e desafiam as barreiras que os separam, revelando a força transformadora de um amor
verdadeiro.

Nesta envolvente história de amor e superação, mergulhe na realidade implacável das plantações e
descubra como dois corações corajosos desafiam o destino e encontram a felicidade em meio às
adversidades. Prepare-se para se emocionar, se encantar e se apaixonar por "Entre Canaviais e
Destinos", um romance que transcende barreiras sociais e mostra que o amor é capaz de romper todas
as fronteiras.

•••

Ele é um Agro-boy bronco e teimoso.


Ela é uma jovem decidida e responsável por cuidar das irmãs delas.
As irmãs roubaram a imagem de Santo Antônio da paroquia para desencalhar a irmã mais velha
rabugenta.

A última Lavoura é uma envolvente história que nos transporta para a vida de Maria Rita, uma jovem
forte e determinada que sempre carregou o peso do mundo em seus ombros. Ela se tornou o pilar de
sua família, assumindo o papel de mãe e pai para suas irmãs. Com um sorriso raro e uma
determinação inquebrável, Maria Rita nunca se deixou dominar por homens.

No entanto, tudo muda quando seus olhos se encontram com os do peão rústico e cativante, Zeca
Morais. Em meio aos imensos cafezais, uma conexão intensa nasce entre eles, desafiando todas as
suas expectativas. Zeca está determinado a conquistar o coração dessa mulher endiabrada, que faz
seu próprio coração disparar como nunca antes.
Enquanto o amor floresce sem limites entre Maria Rita e Zeca, eles terão que enfrentar um grande
inimigo, disposto a tudo para destruir a vida de Zeca Morais. Os obstáculos que surgem em seu
caminho testarão os limites de seu amor e sua força interior.

Em uma narrativa arrebatadora, repleta de paixão, perigo e reviravoltas emocionantes, os leitores


serão levados a um mundo vibrante, imersos em uma história de amor feroz e destino inexorável.
Prepare-se para embarcar em uma jornada intensa, onde os laços do amor se entrelaçam com a força
do destino, desafiando todas as adversidades e mostrando que, juntos, Maria Rita e Zeca são
invencíveis.

Descubra se o amor e a coragem serão suficientes para vencer as provações que os aguardam. Uma
leitura irresistível que conquistará seu coração e te deixará ansiando por mais.
•••

Um AgroBoy cretino irresistível.


Uma jovem sonhadora e curiosa.
Uma proposta indecente.
Uma atração tão forte que eles não conseguirão mais ficar longe um do outro.
No coração de João Paulo Guerra, a liberdade sempre foi sua maior aliada, sem precisar dar
satisfações a ninguém sobre seus caminhos. Mas, escondido por trás dessa fachada de desapego,
existe uma fraqueza que o consome. Uma criatura pequena, de boca atrevida, que o provoca sem
piedade. Maria de Lurdes é sua perdição, o despertar de um sentimento que ele nunca imaginou
vivenciar.
A cada dia que passa, fica mais difícil para João esconder a paixão que cresce em seu peito. No
entanto, o destino parece conspirar contra eles. Intrigas, mentiras e maldades rondam Maria de
Lurdes, colocando-a sob o julgamento cruel da cidade. Injúrias e calúnias são desferidas contra ela,
condenando-a injustamente.
Em meio a toda essa tempestade, João Paulo e Maria de Lurdes encontram refúgio um no outro. A
proximidade que surge entre eles transcende as adversidades, e João está disposto a enfrentar tudo e
todos para proteger a mulher que ama. Ele decide revelar o lado obscuro e implacável da família
Guerra, colocando as cartas na mesa em defesa de seu verdadeiro amor.
Nesse poderoso e emocionante romance, segredos serão revelados, lealdades serão testadas e o amor
lutará contra as forças do mal que os cercam. João Paulo e Maria de Lurdes descobrirão que, juntos,
são capazes de enfrentar qualquer obstáculo e desafiar a crueldade do destino.
Prepare-se para se envolver em uma história arrebatadora, repleta de paixão, redenção e coragem.
Será uma jornada que irá mexer com suas emoções mais profundas e deixá-la ansiando por mais.
"A CASA GRANDE " é um romance que promete cativar seu coração e mergulhar você em um
mundo de emoções intensas.

•••

Ele foi obrigado a se tornar o tutor de uma herdeira órfã e inocente.


Ela foi obrigada a obedecer ao arrogante Prefeito.
Ele a deseja desde a primeira vez em que a vê, mas sabe que deve manter distância.
Ela fica fascinada pelo tutor, mas acha que ele está fora do seu alcance.
Em um enredo repleto de comedia, superação e paixão avassaladora, "A primeira-dama" narra a
história de Madalena, uma jovem determinada a escapar do domínio cruel de seu pai, Manoel Arena.
Para proteger a fortuna deixada por sua falecida mãe e se libertar do sofrimento imposto por Arena,
Madalena aceita um casamento de conveniência com o enigmático e sombrio Tião Raia.

Este acordo prometia a Madalena a oportunidade de partir para longe da cidade, enquanto permitia
que Tião desfrutasse de todo o poder associado à fortuna de sua esposa. Caminhos separados os
levaram a seguir suas vidas separadamente, mas cinco anos depois, Madalena retorna à cidade,
transformada e resplandecente. Ela não é mais a menina sofrida que partiu, levando consigo apenas
um beijo de despedida de seu enigmático marido.

Para a surpresa de Tião Raia, que agora se tornou o respeitado prefeito da cidade, a mulher que bate à
sua porta é deslumbrante, exalando vitalidade e possuindo uma beleza encantadora, com olhos
felinos que parecem ler sua alma. Ela busca o divórcio, mas em nada se assemelha à desnutrida e
maltratada jovem com quem seu irmão o obrigou a casar.

A partir desse primeiro encontro explosivo, a guerra entre o prefeito e a primeira-dama é declarada,
lançando farpas e faíscas de uma atração fatal. Amor e ódio se entrelaçam em proporções intensas,
enquanto os segredos do passado são revelados e as feridas do coração são expostas. Nessa narrativa
irresistível, os leitores serão conduzidos por um turbilhão de emoções, envolvidos em uma história de
amor e redenção que desafia as convenções e desvenda os mistérios do destino. Prepare-se para se
render a um romance arrebatador, no qual o amor floresce em meio ao confronto de almas
apaixonadas.
•••

AVISO DE ROMANCE DARK


NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS.
CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA, SEXO, ESTUPRO DE VULNERÁVEL, INCESTO,
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, RELACIONAMENTO PERVERSO E NARCISISTA,
TRANSTORNO MENTAL E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18
ANOS.
PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.

Ginger Fox embarca para a Austrália, com destino a uma ilha remota, cheia de mistérios e segredos
escondidos entre as paredes da mansão Roy. O que começou como uma aventura, se transforma em
perigo quando recebe a proposta de um jogo erótico e envolvente, tão pecaminoso quanto os
pensamentos devassos que ela nutre pelo seu anfitrião. O que Ginger não sabe, é que seu oponente,
Jonathan Roy, é um astuto tratante, que a prende cada vez mais entre suas teias de sedução. E em
meio à sua curiosidade descabida pelo jogo, mais fundo ela se perde no mundo sadomasoquista, e a
paixão avassaladora por seu mestre a leva às últimas consequências. Ginger lutará para conseguir
sobreviver no mar de piche e mentiras que soterram a grande mansão da família reclusa.

•••

Mabel embarca para Moscou atrás de esquecer o passado, mas os demônios nunca deixam seus
condenados por muito tempo. Mabel descobrirá muito mais do que apenas prazer quando adentrar em
Sodoma, sendo envolvida em um jogo perigoso por um sedutor e charmoso russo. Czar Gregovivk
despertará Mabel da vida monótona que ela vive por tantos anos, reprimindo seus desejos. Um enlace
do destino a leva direto para o mais letal oponente que já cruzou sua vida. De volta ao jogo em
Sodoma, em uma trama repleta de sedução, luxúria, perversidade e prazer. Com ameaça de novos e
velhos inimigos que os espreita. Até onde você aguentaria a submissão, antes de dizer GOMORRA?

•••

Spin-off de Sodoma e Gomorra:


A ORDEM DAS MESSALINAS

A busca de Sodoma pelas Messalinas se inicia, e a primeira delas é Salomé. Uma tempestade em
forma de mulher, que vai virar o mundo do controlador egípcio, Ramsés, de ponta-cabeça, testando
seus limites e seus desejos, ao se ver enfeitiçado pela terrível criatura sexy que sempre o desafiava e
que lhe cativou com sua inocência. Uma história de amor completamente recheada de aventura,
romance e muita sedução, onde pela primeira vez em Sodoma, um mestre se transformará no
submisso de uma Messalina.

AVISO DE ROMANCE DARK. NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS. CONTÉM


CENAS DE VIOLÊNCIA, SEXO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, TORTURA E LINGUAJAR
INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS. PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.

•••

A busca de Sodoma pelas Messalinas está mais acirrada, agora que descobriram que os presentes de
Elite são as filhas de Mina, a primeira submissa alfa, e que entre o conselho de Sodoma existe um
traidor. Eva foi deixada por Freire, sua madrinha, em um colégio interno por grande parte da sua
vida. Sempre silenciosa, tímida e curiosa, não possui nenhum discernimento do real motivo que
levou Freire a deixá-la escondida por tantos anos, e qual seria o seu fim. Mas o destino tem outros
planos para a pequena Messalina, com o codinome de Herodias. A descoberta da existência de Eva
acarretará o despertar de demônios há muito tempo escondidos na sombra, com sede de vingança,
ansiando por justiça. Hector Pellegrini retornará à Sodoma trazendo todo caos sobre seu maior
inimigo, Oliver Pellegrini, seu pai. Mas uma pequena faísca acenderá uma paixão avassaladora no
coração do amargo homem, que há muitos anos traz apenas rancor e raiva em seu peito, quando a
silenciosa Eva o cativar com sua alma submissa.
AVISO DE ROMANCE DARK. NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS.
CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA, SEXO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, TORTURA,
AUTOFLAGELAÇÃO, TRICOTILOFAGIA E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES
DE 18 ANOS. PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.
•••

SESSÃO DA TARDE:

Rubi tira um fim de semana de folga, para visitar suas antigas amigas em Dallas. Mas seu caminho
cruza com seu irresistível e tentador paquera da época do colégio. Crente que estaria apenas se
envolvendo com ele por uma única noite, somente para aplacar suas fantasias de adolescente, Rubi
investe com toda força no charmoso xerife de DeSeto, o provocando até fazê-lo perder por completo
seu controle. E o que era para ser diversão de uma única noite, acaba despertando emoções antigas,
há muito tempo adormecidas, e uma paixão avassaladora vai renascer.

•••

Saila perdeu sua paz quando o novo acionista majoritário de onde trabalha chegou para tomar posse
do comando da empresa. O irresistível homem de olhar sexy estava levando-a à loucura a cada sonho
erótico que ela tinha, o tendo como seu personagem principal, a seduzindo, acabando com sua
lucidez e encharcando suas calcinhas. E por um grande descuido de um celular com a câmera ligada e
uma ajudinha do destino, a vida de Saila vira de pernas para o ar quando um vídeo dela desabafando
seus desejos mais lascivos e pecaminosos com seu charmoso chefe, viraliza nas redes sociais,
explodindo na internet.

•••
Um homem rude cheio de segredos.
Uma mulher inocente que busca um recomeço.
Bastou uma única noite e a paixão furiosa desabrochou entre eles, despertando um amor
irreprimível.

Tina encontra uma chance de conseguir recomeçar sua vida, zerando o placar e esquecendo seu
passado, quando uma proposta de trabalho, para ir cuidar de quatro crianças na vinícola da família
Sánchez, chega até ela. Mas o passado nunca esteve tão presente em sua vida quanto agora, ao ter seu
destino cruzado com um espanhol mal-humorado e amargo, que também esconde demônios que lhe
assombram, os quais há muito tempo ele deseja esquecer, mas que estarão mais vivos do que nunca
quando monstros antigos vierem atrás dele. Uma história de amor, recomeço, vingança e justiça, mas,
acima de tudo, de duas almas perdidas que buscam redenção.

Atenção: contém gatilhos para prostituição, drogas, violência contra mulher e criança, morte, tortura
física e psicológica, necrofilia e canibalismo.
Coisas leves, mais um dia normal no parquinho com a tia Carol.
•••

Ela incita seu desejo.


Ele almeja tê-la em seus braços.
Uma atração explosiva desencadeará um amor ardente.

Alan Spencer é um homem sombrio e desconfiado, que carrega grandes cicatrizes do passado em sua
alma. Ele nunca acreditou na bondade das pessoas, e muito menos dividiu sua cama com a mesma
mulher por mais de uma noite. Não se apegando a nada e nem a ninguém ao longo dos anos, seu
único objetivo de vida é punir seus oponentes.
Selina Lopez é uma jovem humilde e inocente, de coração ingênuo, que foi criada em Havana. Desde
criança ela aprendeu a ser independente, após perder a visão em um acidente. Sorridente, gentil e
alegre, foi levando sua vida, mas a solidão sempre lhe acompanhava, tendo como único companheiro
o gato laranja e peludo, Abóbora.
Em uma noite, a vida dela muda, quando salva um homem sedutor e misterioso, pensando que ele é
apenas um marinheiro que entrou em uma briga de bar e acabou sendo baleado, cuidando dele até o
mesmo se recuperar. Só que o homem que Selina salva não é um marinheiro, e sim um implacável
mercenário que atracou no porto de Havana em busca de vingança, que se sente em dívida com a
jovem garota inexperiente.
Alan deseja saber o preço de Selina, o valor da sua ajuda. Para ele, todos sempre querem dinheiro em
troca, nada é feito de graça, tudo tem um preço, e basta descobrir o valor.
Só que Selina cobrará de uma forma inusitada o pagamento, o surpreendendo e pedindo a única coisa
que ela realmente deseja e nunca confidenciou a ninguém: que ele a deixe saber como uma mulher se
sente ao ser tocada por um homem.
O que era para ser uma curiosidade saciada em uma noite, se transforma em uma luxúria
arrebatadora, a qual Alan pagará em várias parcelas sedutoramente, não renunciando à pequena
mulher que atiça seus desejos mais primitivos. E isso o fará lutar mais ferozmente contra seus
inimigos, para manter sua pequena salvadora, que o enfeitiçou com seu olhar ingênuo, protegida e a
salva em seus braços.

AVISO: esse livro é indicado para maiores de 18 anos.


Contém gatilhos para: tortura, morte, palavrão, sexo explícito, agressão física contra mulher, agressão
física e psicológica.
•••
Um homem poderoso cheio de segredos e pecados.
Uma mulher inocente que busca um recomeço.
Bastou um único toque e a paixão furiosa desabrochou entre eles, despertando um amor
irreprimível.

Quando o convite de uma viagem para um cruzeiro de luxo surge, é impossível de ser recusado. Tony
Spencer, um respeitado e ardiloso empresário, se vê obrigado a levar ao cruzeiro sua teimosa
assistente pessoal, Donna Cortez. A jovem mãe solo trabalha há seis anos ao lado de Tony e mora na
casa dele com Dorothy, a filha dela. Donna é a única mulher que despertou uma paixão incontrolável
no coração cafajeste e rendido de Tony. E, assim, os dois embarcam em uma aventura inesquecível.
A sorte parece conspirar contra eles quando a rota do cruzeiro é desviada para uma perigosa selva na
Colômbia, os deixando presos em terra firme. Agora, eles se encontram largados à própria sorte em
um ambiente hostil, cercados por perigos desconhecidos e inimigos poderosos. Enquanto lutam pela
sobrevivência contra mercenários impiedosos e inimigos sedentos por vingança, Donna e Tony
precisam confiar um no outro para saírem vivos dessa selva.
A cada desafio enfrentado, o amor entre eles fica impossível de ser escondido, culminando em uma
atração intensa, explosiva e apaixonante. Em meio a fugas arriscadas, batalhas cheias de adrenalina e
descobertas surpreendentes, Donna e Tony sucumbem ao desejo carnal que nutriram nesses seis anos
que trabalham juntos, não conseguindo mais fugir da atração fatal que os liga.

Terra Firme é um romance cheio de ação e emoção, que cativa o leitor desde o primeiro momento.
Com um protagonista forte e determinado, capaz de tudo para proteger a mulher que ama, além de
uma paixão proibida e uma selva cheia de perigos mortais, essa história levará os leitores a uma
aventura eletrizante, onde o amor e a coragem se entrelaçam em uma luta pela sobrevivência.
Prepare-se para mergulhar em uma narrativa envolvente e cheia de reviravoltas, onde o poder do
amor pode superar até mesmo os obstáculos mais perigosos e se vingar dos inimigos mais cruéis.

AVISO DE PARQUINHO PERIGOSO DA TIA CAROL.


NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS. CONTÉM CENAS DE
VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA, SEXO, TORTURA, MORTE.

•••
ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES
DE 18 ANOS Zelda estava preparada para tudo em sua vida: uma híbrida latino Afro-Americana
com sangue quente que desejava apenas ter uma chance para mostrar que não veio ao mundo para
brincar. Queria um lugar ao sol entre as indústrias de construção civil. O que ela não imaginava, no
entanto, ao aceitar o estágio na Indústrias Ozbornes, era que, junto com a porta do seus sonhos ao
mundo do negócios, também se abriria a porta dos desejos e fantasias quente como o inferno: seus
dois chefões em ascensão.
•••

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES


DE 18 ANOS

Dylan Ozborne sabia que a pior época da sua vida era dezembro. Ainda não acreditava que seu irmão
havia o obrigado a ser o Papai Noel para o evento beneficente.
Elly poderia ter sido a boa menina o ano inteiro, mas deixou para ser a menina má justamente três
dias antes do Natal, indignada com o nada bonzinho e muito menos velhinho Noel. Então resolveu se
vingar do tirano e por fim lhe dar uma lição que nenhum deles jamais esqueceria.
•••
ÚNICOS

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES


DE 18 ANOS

Sedrico Lycaios, mais conhecido pelas noites quentes regadas às promiscuidades de Chicago, como
uma divindade do prazer, é proprietário do clube peculiar, nada ortodoxo e, sim, envolvente e
pecaminoso: a Odisseia, onde proporciona todas as experiências desejadas por seus clientes, para
aplacar seus prazeres mais obscuros. Mas, como todo semideus, Dom Lycaios tem sua fraqueza, e é
entre as paredes do seu templo da perdição que se vê sendo fisgado pela doce inocência de Luna, a
dançarina exótica, tão silenciosa e misteriosa, que o prende a cada movimento do corpo dela. Uma
perfeita sugar baby, que desperta o interesse do sugar daddy que ele traz aprisionado no canto mais
obscuro do seu ser. Luna não tem chances para escapar das manobras do implacável homem, que a
envolve em suas teias de aranha. Afinal, o prazer sempre fora o maior império de Sedrico.

•••

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES


DE 18 ANOS
Quatro mulheres desesperadas por apenas uma noite de folga e por um
segundo de descanso ganham, misteriosamente, um sorteio relâmpago de
rádio, que tem como prêmio uma estadia nas suítes luxuosas do novo hotel da
pacata cidade.
Cada uma tem sua história e seus segredos, mas todas trazem uma
coisa em comum: desejos reprimidos.
O Dia das Bruxas nunca mais será o mesmo para elas.
Não deixem de perder essa deliciosa noite de Halloween, principalmente
se for uma menina malvada.

•••

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS ERÓTICAS E GATILHOS que podem gerar desconforto. NÃO
INDICADO PARA MENORES DE 18 ANOS.

Handrey, junto com seu irmão Jonny, participava ativamente de um grupo de


neonazistas violentos, pregando a supremacia branca. Seu destino mudou ao encontrar o
corpo do seu irmão junto a um homem negro dentro do seu apartamento, ambos sem vida.
Ele nutriu apenas ódio e autodestruição por catorze anos, jogado dentro da penitenciária federal,
almejando apenas uma chance de descobrir quem era o verdadeiro assassino do seu irmão. Sua
chance veio acompanhada de um pro bono misterioso, que lhe deu sua liberdade provisória.
O homem passou a ver as coisas de uma maneira diferente ao se deparar com Eme, uma stripper
negra que o levou a questionar uma doutrina de uma vida inteira. Ele já não se sentia mais à vontade
com o grupo neonazista.
Quando corpos mutilados de mulheres negras e imigrantes começaram a aparecer pelas ruelas do
porto, assombrando todas as garotas de programa ao descobrirem que tinha um assassino em série
que matava por esporte, Handrey percebeu que mais alguma coisa tinha escapado junto com ele do
esgoto imundo que era seu passado.
•••

Um Juiz viúvo linha dura charmoso e sexy.


Uma falsa freira desastrada e azarada que se esconde em um convento.
Ela vai lutar para resistir atração que sente pelo Juiz arrogante, ele vai fazer de tudo para tê-la na
sua cama.

Yane Rinna tem sua vida mudada da água para o vinho quando se torna testemunha principal de um
assassinato. Ela se vê obrigada a entrar em um disfarce para garantir sua segurança até o dia do
julgamento. E de uma stripper desastrada, inteiramente azarada, se torna uma freira monitora de
quatro adolescentes rebeldes. O que ela não imagina é que no último lugar que poderia sonhar, o
amor e o desejo puro estarão no ar. Dener Murati, o vizinho aristocrata do convento, tem seu
autocontrole testado por uma fajuta freira sexy, nada santa, que invade sua residência para se
refrescar na calada da noite, pelada, em sua piscina. A pequena feiticeira que o encanta vai virar sua
vida meticulosamente organizada de cabeça para baixo.

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES


DE 18 ANOS

•••

Cristina Self passou anos reclusa em seu mundo seguro, o qual criou para si mesma depois de uma
separação conturbada e violenta. Até que seu caminho se cruzou com o notório advogado
criminalista Ariel Miller, conhecido nos tribunais por seu cinismo e frieza calculista. Seduzida pelo
magnetismo que ele possui, a encantando com seu olhar intenso, Cristina se desprende do seu mundo
seguro, se permitindo se perder por uma única noite no calor dos braços do charmoso homem. Mas o
que Cristina não sabe é que o destino tem outros planos para eles, um que ligará as duas almas
quebradas para sempre. E de um engano nada angelical, mas sim completamente sexy e envolvente,
Cristina irá do céu ao inferno para viver sua história de amor.
AVISO DE GATILHO: o livro contém violência doméstica e relacionamento abusivo.
•••

ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES


DE 18 ANOS

Doty só queria uma coisa: achar o miserável que engravidou Tifany e chutar o rabo dele até Dallas.
A única coisa que Joe queria era dobrar o demônio de olhos negros que o tirou do sério e fazê-la
pagar por sua língua afiada e boca suja.
Uma proposta!
Sete dias!
E tudo foi para os ares!
•••
Um magnata impiedoso de coração frio 22 anos mais velho.
Uma jovem sonhadora.
O desejo avassalador entre eles irrompe em uma trama cheia de segredos e sedução.

Um pacto incomum entre duas amigas, na adolescência, as precede na vida adulta. Miranda Lester,
uma jovem universitária gananciosa e cínica, prestes a ter seu sonhado diploma, não vê impedimento
algum em tirar da profissão nada convencional o dinheiro que paga por seus estudos, pelo conforto
da sua família e pela vida de luxo que ela aprecia. Focada em uma meta que deseja bater antes de
largar de vez seu trabalho, cria um esquema de diferente usando sua loja, a BDL, como fachada,
entregando aos seus clientes as melhores companhias que eles possam desejar. O caminho de
Miranda se cruza com um intenso e poderoso admirador, o qual despertará emoções e desejos antigos
nela, silenciados por sua vida adulta precoce, que a fez amadurecer rapidamente. A chegada de Mr.
Red em seu caminho a faz questionar até onde realmente ela será capaz de ir para manter sua
lealdade, sua ambição por dinheiro e, principalmente, até qual ponto o amor pode levá-la. Um
romance intenso, envolvente, sórdido, soberbo e pecaminoso, com duas almas nefastas marcadas por
seus passados corrompidos, que acarreta em um enlace que os liga além da moralidade da sociedade.

Aviso: Nessa história você encontrará abuso, violência, sexo explícito, prostituição, droga ilícita,
palavrões, morte, obscenidades, relação tóxica, incesto e traição. Se você não se sente bem com a
possibilidade de ser arrastado para fora da sua zona de conforto, não lhe aconselho a ler este livro.

•••

Ela é uma boa menina, que cresceu dentro da glamorosa mansão da família O’Connor, onde sua
mãe trabalhava.
Ele é o herdeiro rebelde e problemático de quem ela deveria se manter afastada.
Ela acreditou nele quando ninguém mais o apoiou, escondendo o amor juvenil e inocente que
crescia em seu coração pelo rapaz incompreendido.

Benjamin sempre manteve Liz, a jovem sorridente e inocente que morava em sua casa, por perto. Ela
despertava seu instinto protetor, e ele nutria uma paixão incontrolável a cada dia que ficava ao seu
lado. Só que Benjamin foi obrigado a partir, se alistando ao exército quando uma tragédia ocorreu
dentro da mansão e a culpa recaiu sobre ele, o que o fez se afastar da única pessoa de quem desejava
ficar perto.
Quando Liz reencontra o homem implacável e sombrio, que foi o grande amor da sua juventude, o
mesmo homem que ela julgava que lhe abandonou no pior momento da sua vida, fica claro que Ben
não é mais o garoto revoltado que foi expulso de casa e foi servir ao exército, mas sim Benjamin
O’Connor, o major do Segundo Batalhão das Forças Especiais dos Estados Unidos, e,
principalmente, seu marido.
Liz descobriu, alguns anos atrás, que estava ligada a Benjamin por um contrato que assinou às
pressas, pensando ser um documento de confidencialidade, quando a vida dos dois foi marcada para
sempre por uma fatalidade. Na época, Liz apenas desejava partir da mansão O’Connor e se afastar de
todos que viviam lá.
Mas o major que retornou para casa não está disposto a renunciar à única mulher que jamais saiu dos
seus pensamentos, nem abdicar de seu instinto de protegê-la, e muito menos a deixar longe dos seus
braços e da sua cama, mesmo com todos os fantasmas que ele carrega dentro de si.

Um militar cheio de pecados e segredos.


Uma mulher arrebatada por um labirinto de paixão.
Ambos estão envolvidos em uma trama cheia de mistério, erotismo e pura sedução.

•••

Adele Morder estava na véspera do seu casamento, quando descobriu, da pior maneira, a traição do
seu futuro marido. Em meio à descoberta da traição, uma ligação a faz retornar para sua cidade natal,
onde nasceu e viveu sua infância. Nelly, a meia-irmã dela, faleceu ao dar à luz, e a guarda do bebê foi
deixada para Adele. Agora, ela precisa reconstruir sua vida junto com seu sobrinho na pequena
cidade, tentando esquecer as dores do passado. Mas não é apenas Adele que busca reclusão na cidade
perdida, perto das grandes montanhas de Nevada. Tom Cheper, um ex-militar condecorado, foge das
suas lembranças, assim como foge da sua vizinha, Adele Morder, que desperta emoções antigas nele.
Adele e Tom embarcam em uma arriscada aventura repleta de ação, perigo, adrenalina, coragem
indômita, muita paixão e desejos explosivos, para salvar suas vidas quando ficam presos dentro do
coração da montanha, tendo apenas um ao outro para poder contar e sobreviver nas mãos de
contrabandistas de armas.
Aviso: NÃO É UM ROMANCE CLICHÊ. Nessa história você encontrará ação, abuso físico e
psicológico, sexo explícito, palavrão, droga ilícita, violência física contra mulher, morte e
estupro. Se você não se sente bem com a possibilidade de gatilhos, não lhe aconselho a ler este
livro.

•••

Em um casarão exuberante, onde segredos e paixões se entrelaçam, uma história de amor


proibido floresce.

Cindi Parker, uma jovem sonhadora, se vê irresistivelmente atraída por um misterioso italiano que
sempre frequenta o casarão de seu pai. Mesmo com uma diferença de idade de catorze anos, o
taciturno estrangeiro desperta nela um turbilhão de emoções que até então eram desconhecidas. Em
uma noite de destinos entrelaçados, ela foge para os braços dele, sem saber que seria o prelúdio de
uma paixão avassaladora que selaria o destino dos dois. Entretanto, a realidade logo a separa do
homem que roubou seu coração. Forçada a seguir outro caminho e se casar com outro homem, Cindi
vai embora para Nova Orleans com o coração partido, mas sem saber que carrega um fruto daquele
amor proibido.
Seis anos depois, Cindi Parker retorna à cidade natal, divorciada e não mais a jovem sonhadora, mas
sim uma mulher obstinada, que luta para ter o controle da sua vida novamente depois de um divórcio
conturbado e traumático. Além de tudo, ela se esforça para proteger sua filha. A morte do pai de
Cindi deixa-lhe uma herança amarga e doce: o casarão onde seu amor com o italiano floresceu.
Determinada a reerguer a majestosa propriedade, Cindi se vê novamente face a face com o homem
que nunca esqueceu: o enigmático italiano, que agora é um poderoso banqueiro e uma figura
influente na cidade. Enquanto busca desvendar os segredos do passado e reconstruir sua vida, os
mistérios da paixão que os uniram são trazidos à tona com pura força.
Entre encontros repletos de tensão e risadas cômicas, eles precisam confrontar o passado, ao mesmo
tempo que lidam com a chama da paixão, o desejo da carne e a luxúria que nunca se apagou e está
mais forte do que nunca.

AVISO: livro da tia Carol não é receita de bolo, docinho. Se não gosta de recheio explosivo, com
confetes de dark e cobertura de gatilhos, sugiro que não leia.
Gatilhos: violência doméstica, estupro, palavrões, sexo explícito e tortura.

•••

Vanusa é uma mulher forte e bem resolvida, de trinta e nove anos, que é
apaixonada pela vida e dona do seu próprio nariz e das suas decisões. Sente
que a melhor época da sua vida chegará junto com seus quarenta anos. Mas
não são apenas os tão sonhados 4.0 que chegam para ela. A vida lhe traz
surpresas peculiares, novas experiências, conflitos, erros, acertos e um amor
do passado, que está decidido a ter uma nova chance em sua vida, para viver
ao lado dela a história de amor inacabada da juventude.
ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO.

•••
ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES
DE 18 ANOS

Tie vê sua vida mudar da água para o vinho quando uma herança inesperada aparece em seu destino.
A velha mansão rosa, que pertenceu a sua tataravó, a escandalosa notória cortesã Juditi Luvie, no
século dezoito, passou para sua avó, madame Luvie, e agora pertence à Tie, trazendo o legado da
cortesã para ela. O amor que a aguardava entre as primaveras, finalmente, consegue florescer com
sua chegada à mansão, fazendo-a ficar dividida entre ser apenas o mais puro desejo, que lhe faz
queimar pelo arrogante francês, ou se ele realmente é sua alma gêmea. A única coisa que ela terá
como bússola para achar seu verdadeiro caminho, será o delicado anel que já está há quatro gerações
em sua família.

[1]
Cidade fictícia criada para a história.
[2]
Demônio que se alimenta dos pesadelos.
[3]
Conforme lendas e tradições, é um demônio na forma masculina que procura mulheres
adormecidas a fim de ter relações sexuais com elas.
[4]
Os empatas são indivíduos altamente sensíveis, que têm uma grande capacidade de sentir o que as
pessoas ao seu redor estão pensando e sentindo. Os psicólogos podem usar o termo empatia para
descrever uma pessoa que assume a dor dos outros às suas próprias custas.
[5]
Gang bang é uma prática sexual que envolve uma pessoa, independentemente do gênero,
mantendo relações sexuais com três ou mais pessoas, de igual ou diferente gênero.
[6]
O Apocalipse 12:7–10 descreve uma guerra no Céu, também conhecida como batalha celestial,
entre os anjos, liderada pelo Arcanjo Miguel contra aqueles liderados pelo "dragão", identificado
como o diabo ou Lúcifer, que será derrotado e jogado na Terra.

Você também pode gostar