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Psicanálise
Psicanálise
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Sumário
Introdução ........................................................................................................ 3
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 23
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NOSSA HISTÓRIA
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Diagnóstico e Terapias Analíticas
Introdução
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método de análise dos motivos do comportamento; uma doutrina filosófica e um
método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem
motivação orgânica.
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instrumento do seu próprio trabalho. É ele que recebe em si as informações que lhe
estão sendo passadas.
Como aliar esse modelo à visão psicológica que trabalha com testes?
Presume-se que este tipo de instrumento tem, como na Medicina, o papel do
laboratório ajudando a classificação diagnóstica e facilitando o encaminhamento a um
determinado tipo de tratamento. Isso parece antagônico a uma Psicologia que busca
o envolvimento intuitivo com o outro como sua fonte mais rica de conhecimento.
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o treinamento de uma visão intuitiva tem, no material dos testes, um
instrumento bastante rico. Ao indicar características da pessoa, os testes auxiliam o
aluno a caminhar frente ao campo psíquico desenvolvendo um olhar mais
discriminativo;
olhando a situação do diagnóstico como a busca de parâmetros que nos
auxilia na compreensão do processo e da dinâmica psíquica, os testes nos indicam
caminhos e nos fornecem pistas para podermos elaborar essa mesma dinâmica.
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Surge, então, a busca do significado simbólico na exploração do background
que está facilitando a ocorrência do sintoma. O método de que nos utilizamos é a
ampliação, isto é, o alargamento dos parâmetros ao nos confrontarmos com uma
situação. Ao definirmos, utilizando apenas o conhecimento racional estabelecemos o
que algo é, e o separamos daquilo que não é. Na ampliação, confrontamos a mente
com os paradoxos e tensões, revelamos complexidades, buscamos contradições,
aproximando cada vez mais, a linguagem do que sabemos (consciente) daquilo que
não sabemos (inconsciente).
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não significa um fechamento, uma certeza, mas um levantamento de questões vitais
a serem processadas no desenvolvimento da pessoa e no levantamento das
condições necessárias para que esse desenvolvimento possa se constituir.
O Diagnóstico Psicanalítico
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utilizando-os de forma bastante geral sem fazer delas propriamente conceitos
psicanalíticos (VIEIRA, 1998, p. 2).
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Ele não se vale de roteiros, previamente estabelecidos, a serem seguidos.
Deve ser estabelecido, dentro do espaço analítico e na transferência, para determinar
a direção do tratamento. O diagnóstico deve ser preliminar, pois é quase impossível
defini-lo (fechá-lo) sem um certo tempo de análise (tratamento). Essa é uma
peculiaridade da clínica psicanalítica, já que ela não se vale de coordenadas externas,
de noções de valor geral e de previsões, itens que são exigidos pela pesquisa objetiva
do método científico (PRISZKULNIK, 2000, p. 8).
O sintoma, ele é
posto em suspenso e o
sujeito delegado a
um devir. Para se obter
uma determinação
de diagnóstico no
campo da psicanálise se torna impossível pela razão da própria estrutura do sujeito,
sendo que “a única técnica de que o analista dispõe é a escuta”(DOR, 1991, p. 14),
base fundante de seu trabalho e estratégia chave para o direcionamento do
tratamento.
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Portanto o objetivo, então, não é diretamente eliminar o sintoma, aliviar
rapidamente o mal-estar, corrigir possíveis deficiências, porque ele tem um sentido
rigorosamente subjetivo e é portador de uma verdade que precisa ser revelada ou
desvendada. A cura do sintoma virá como um desdobramento do próprio processo
analítico (PRISZKULNIK, 2000, p. 7).
O Diagnóstico em Freud
No entanto, nessa tarefa constata que é muito difícil obter uma visão clara de
um caso de neurose antes de tê-lo submetido a uma análise minuciosa – uma análise
que, na verdade, só pode ser efetuada pelo uso do método de Breuer; mas a decisão
sobre o diagnóstico e a forma de terapia a ser adotada tem de ser tomada antes de
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se chegar a qualquer conhecimento assim minucioso do caso. (Breuer & Freud, 1893-
1895/1997, Cap. 4, Parte 1).
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participando também a constituição. Concepção de defesa cujo primeiro
aparecimento em texto publicado ocorre em “ As neuropsicoses de defesa”
(1894/1997), onde esta é proposta na etiologia das conversões e fobias (o que nomeia
então como histeria de defesa), das representações obsessivas e da confusão
alucinatória (psicose).
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diagnósticos são feitos após os eventos... Não podemos julgar o paciente que vem
para tratamento (ou, igualmente, o candidato que vem para formação), senão depois
de havê-lo estudado analiticamente por algumas semanas ou meses. De fato,
estamos comprando nabos em saco. O paciente traz consigo aspectos doentios
indefinidos e gerais que não comportam um diagnóstico conclusivo. (Freud,
1933/1997, Conf. 34).
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mais íntimo, não fosse capaz de despertar solidariedade humana. (Breuer & Freud,
1893-1895/1997, Cap. 4, Parte 1).
Freud expõe que a psicanálise leva em conta a forma do sintoma, mas valoriza
principalmente o conteúdo deste, supondo que o conteúdo diz respeito à experiência
do sujeito, isto é, que o sintoma tem sentido (Freud, 1916-17/1997, Conf. 17).
Pressuposto que define o propósito de uma psicanálise como desvendar o sentido do
sintoma (Freud, 1916-17/1997, Conf. 18), que engloba suas origens e seus objetivos:
Temos incluído duas coisas como ‘ sentido’ de um sintoma: o seu ‘ de onde’ e seu
‘ para quê’ ou sua ‘ finalidade’ – ou seja, as impressões e experiências das quais
surgiu e as intenções a que serve. Assim, o ‘ de onde’ de um sintoma se reduz a
impressões que vieram do exterior, que uma vez foram necessariamente conscientes
e podem, a partir daí, ter-se tornado inconscientes através do esquecimento. O ‘ para
quê’ de um sintoma, seu propósito, no entanto, é invariavelmente um processo
endopsíquico, que possivelmente teria sido consciente, no início, mas pode
igualmente não ter sido jamais consciente e ter permanecido no inconsciente desde
o início. (Freud, 1916-17/1997, Conf. 18).
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que vivenciaram” . Por outro lado, “ quanto mais individual for a forma dos sintomas,
mais motivos teremos para esperar que seremos capazes de estabelecer esta
conexão” . Conexão que será estabelecida pela “ interpretação histórica dos
sintomas” . (Freud, 1916-17/1997, Conf. 17).
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possibilidade de análise, e, por isso, de resolução. Ou seja, a estrutura, o modo típico
de funcionamento, permaneceria.
A questão que fica em aberto para Freud é a da origem dos sintomas típicos,
mais numerosos que os individuais. Que ele propõe estar em conexão com a
experiência do que é comum aos seres humanos, como também a possibilidade de
ser decorrente da alteração do psiquismo devida ao quadro. Algo que, em sua
opinião, estaria para além do alcance da análise, ao menos no momento em que
escreve esse texto, a uma distância de mais de vinte anos dos Estudos sobre a
histeria (1893-1895/1997).
Diagnóstico em Lacan
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que isso dá ─ isso dá psicóticos” (Lacan, 1955-1956/1981, p. 285, tradução nossa).
Porém Lacan encoraja a não recuar diante da psicose já manifesta (Lacan, 1977,
Questions et réponses), como também a não se intimidar pelo perigo de “ delirar com
o doente” (Lacan, 1959/1966, p. 574, tradução nossa).
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“ multiplicação de referências identificatórias da atualidade” (p. 2). Na perspectiva de
Leite (2000), diferentemente da clínica estrutural, categorial, do sim ou não, na
borromeana há continuidade, pois o critério está na amarração do nó, que pode estar
mais ou menos adequado, ou mesmo o nó pode não ser borromeano (p. 35). Em suas
derradeiras elaborações, Lacan (1975-1976/2005) introduz um quarto nó na
amarração das três dimensões R.S.I., que vai nomear como sinthome (pp. 19-20).
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Entretanto, mesmo no caso do sintoma simbólico, Wachsberger (1989)
ressalta a importância de se certificar da possibilidade de constituição do sujeito
suposto saber, diferenciando a “ crença no Outro como depositário de um saber” , da
“ queixa a propósito de uma falha de saber concernente a um distúrbio de
aparecimento ou agravamento recente” (p. 28). Situação do “ Eu gostaria de me
conhecer melhor” , quando o sujeito apenas “ solicita ao analista uma pontinha de
saber que lhe falta para dominar a insuficiência que ele reputa passageira” , diferente
daquela em que se impõe a questão “ Quem eu sou” (p. 28).
Para além dos tipos de sintoma, está a estrutura. “ Que os tipos clínicos são
marcados pela estrutura, eis quem pode já se escrever ainda que não sem hesitação”
(Lacan, 1973/2001, p. 557, tradução nossa). Mas o diagnóstico estrutural não é
suficiente e decisivo para a prática, pois “ o que emerge da mesma estrutura, não tem
forçosamente o mesmo sentido. É nisso que não há análise que do particular: não é
absolutamente de um sentido único que procede uma mesma estrutura” (p. 557,
tradução nossa). Assim, “ os sujeitos de um tipo são, portanto, sem utilidade para os
outros do mesmo tipo” (p. 557, tradução nossa). Ou seja, como diz Freud, há que se
tomar cada caso como se fosse o primeiro, colocando em suspensão todo o
conhecimento prévio. É a condição que possibilita a escuta do particular. Como
exposto acima, o que Freud nomeia como análise do individual (Freud, 1916-17/1997,
Conf. 17). Pois, como também ressalta Lacan, em uma psicanálise se busca dispor
ao analisante “ o sentido de seus sintomas” (Lacan, 1973/2001, p. 556, tradução
nossa). Isto é, o sentido dos sintomas daquele sujeito em particular.
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Na epistemologia da psicanálise, não há possibilidade da universalização das
interpretações, como também da previsão e, com isso, do controle. Pois além da
impossibilidade de aplicação do conhecimento de um analisante a outro, não há
condições para a previsão em um mesmo analisante. “ Não é porque o sentido de
suas interpretações tem efeitos que os analistas estão no verdadeiro, já que mesmo
sendo ela justa, seus efeitos são incalculáveis. Ela testemunha nenhum saber, pois a
tomando em sua definição clássica, o saber se assegura de uma possível previsão”
(Lacan, 1973/2001, p. 558, tradução nossa). A psicanálise é uma ciência do particular,
uma “ experiência do particular” (Lacan, 1953-1954/1975, p. 29, tradução nossa).
Essa seria a via para não cair em um estéril diagnóstico classificatório, ou seja,
“ o diagnóstico deve buscar a exceção” , pois mesmo o diagnóstico do particular
inseriria o “ sujeito na série” (Alves, 2000, p. 4).
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ignorância, mas “ ignorância douta” , termo de Nicolau di Cusa (Séc. XV), definido
como um saber que conhece seus limites (p. 31).
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REFERÊNCIAS
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