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Correção Teste Filosofia 11 Estatuto do conhecimento


científico
Filosofia (Ensino Médio - Portugal)

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Correção do Teste de Avaliação – Filosofia 11.º


Estatuto do conhecimento científico
Conhecimento vulgar e conhecimento científico
Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses
A racionalidade científica e a questão da objetividade

Grupo I

1.
1.1. D.
1.2. C.
1.3. B.
1.4. C.
1.5. D.
1.6. C.
1.7. D.
1.8. D.
1.9. A.
1.10. A.

Grupo II

1.
A indução (enquanto generalização) constitui, em termos lógicos, uma operação que
obriga a um salto do conhecido (de proposições particulares) para o desconhecido (para
proposições gerais). David Hume levantou o problema da indução, ao constatar que, para
conhecermos os fenómenos que encontramos na natureza, recorremos, justamente, à
indução. Apercebemo-nos de que existe uma regularidade no modo como os fenómenos
ocorrem, como se obedecessem a um princípio de uniformidade. Mas este princípio não
constitui uma verdade necessária (a priori), ele decorre do hábito ou costume: a partir da
experiência da conjunção constante de dois objetos (ou acontecimentos) distintos, somos
levados, por hábito, logo que aparece um objeto, a esperar aquele que habitualmente o
acompanha e a acreditar nessa experiência. Não é, pois, segundo Hume, possível provar
empiricamente a existência de uma relação necessária de causa e efeito entre os
fenómenos. Neste sentido, a generalização indutiva nada mais será do que uma mera
crença ou expectativa de que os factos se repitam daquele modo.

Se o princípio da uniformidade da natureza decorre do hábito, nenhum raciocínio que nele


se baseie pode garantir rigorosamente a verdade da sua conclusão. Ora, se aquilo que as
inferências indutivas propõem não é empiricamente justificável, então também não será
possível justificar, com rigor, aquilo que é proposto numa teoria ou lei científica que
decorra da generalização indutiva. O rigor e a verdade do conhecimento científico ficam,
deste modo, comprometidos. David Hume aponta, desta forma, o carácter ilusório do
indutivismo. E, apesar de admitir que o conhecimento científico se constrói por indução,
reconhece que ela não serve para justificar esse conhecimento.

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2.
O critério da falsificabilidade é o critério de cientificidade proposto por Popper, segundo o
qual uma teoria é científica se, e só se, for falsificável, isto é, passível de ser submetida a
testes ou confrontada com a experiência e refutável através de dados empíricos.

Uma das críticas a esta perspetiva é a seguinte: o processo de refutação ou falsificação


não é o procedimento mais comum entre os cientistas. Alguns autores defendem que a
atitude falsificacionista não corresponde exatamente àquela que os cientistas demonstram
na atividade científica. Geralmente, os cientistas procuram confirmar aquilo que as teorias
científicas propõem e, mesmo que dada observação implique a rejeição de uma previsão,
isso não os demove de investigar no mesmo sentido. Por outro lado, é expectável que o
cientista se concentre mais nas previsões bem-sucedidas do que naquelas que são um
fracasso. Estas previsões são fundamentais para o progresso da ciência.

Uma segunda crítica diz-nos que, também ao nível da história da ciência, encontramos
episódios que parecem pôr em causa a perspetiva falsificacionista e a ideia de que a ciência
progride por meio de conjeturas e refutações. Copérnico, Galileu ou Newton, por exemplo,
não abandonaram as suas teorias na presença de factos que aparentemente as poderiam
falsificar.

3.
Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está dependente de um paradigma ou modelo
científico, isto é, de um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos, regras,
técnicas e valores compartilhados e aceites pela maioria dos cientistas. Dizer-se que os
paradigmas são incomensuráveis equivale a afirmar que são incomparáveis e
incompatíveis. Não se pode comparar objetivamente aquilo que cada paradigma defende,
dado que eles correspondem a formas totalmente diferentes de explicar e prever os
fenómenos. Como o texto mostra, há termos que, quando integrados em diferentes
paradigmas, remetem para significados distintos.

Dado que cada paradigma corresponde a um modo qualitativamente diferente de olhar o


real, a verdade que cada um contém está circunscrita ao que nele se determina. Cada
paradigma é uma representação do real.

Grupo III

1.
Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias (ou, para usarmos a terminologia de
Kuhn, de paradigmas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os contraexemplos
que, depois de sujeitos à experimentação e de atestada a sua verdade, determinam a
escolha de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em parte, interior aos
paradigmas. Além de critérios objetivos, como a exatidão, a consistência, o alcance, a
simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem subjetiva, como as características
psicológicas individuais, que interferem na referida escolha.

Para Popper, a ciência, claramente, progride. As teorias substitutas têm maior grau de
correspondência à realidade, ou de aproximação à verdade, enquanto as teorias
substituídas se encontram mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência é, no

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mínimo, objeto de discussão. Sendo os paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar


que a ciência progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. A mudança de
paradigma não significa necessariamente progresso no conhecimento.

Por último, no que se refere à objetividade do conhecimento científico, Popper é dela um


absoluto partidário. A ideia de “conhecimento sem conhecedor” advogada por Popper é
exemplificativa de que, na sua perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com
o sujeito que o produz; é independente do sujeito e do contexto – e daí a relevância, como
o texto sugere, da “análise lógica do conhecimento científico”. A validação das teorias
obedece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade. Alicerçada na
lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o
conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um sujeito integrado numa comunidade
científica. Além de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que interferem na
avaliação e na decorrente escolha de teorias rivais, o que compromete a objetividade da
ciência. Como Kuhn afirma, “cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar
em defesa do próprio”. Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipotecada a sua
objetividade.

Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é um conhecimento absolutamente


certo e indubitável. Para Popper, sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base,
nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e absolutamente certa. Para Kuhn, sendo
a mudança na ciência pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou
indubitabilidade, não a pode caracterizar.

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