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Nos quatro gráficos seguintes, ilustrando com o caso da economia portuguesa, é possível distinguir estes
dois tipos de dinâmica temporal do PIB (tendência e oscilações).
Para obtermos a tendência dos ciclos económicos utilizamos métodos que se baseiam em médias
móveis.
Dados utilizados:
1. Séries longas do Banco de Portugal (1953-1995);
2. Contas Nacionais – INE (1995- 2017);
3. Previsões da CE 2018-2019.
• Método de extração de ciclos económicos utilizado: Filtro “Hodrick-Prescott” com 𝜆 = 100
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
PG1. G1. PIB 1953 – 2017 (preços de 2010, milhões de euros) PG2. PIB (preços de 2010, milhões de euros, logs. naturais)
Evidencia a tendência de longo prazo do PIB (linha a A série representada, obtida por diferença entre o
vermelho). produto efetivo e a sua tendência, revela em termos
relativos as flutuações oscilações em torno dessa
Os ciclos económicos são dados pela diferença entre o
tendência, i.e., os ciclos económicos. Como está expresso
PIB tendencial e o PIB efetivo.
numa escala logarítmica permite uma interpretação da
magnitude relativa dos desvios face à tendência. Por
exemplo, em 2013 esse desvio era aproximadamente de
-4% face à tendência de longo prazo.
Nota: Taxa de crescimento do PIB é diferente de Ciclo Económico, visto que pode estar numa fase de
expansão e apresentar taxa de crescimento negativo.
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
G5. Ciclos do PIB (a azul) e taxas de G6. Taxas de crescimento anuais do PIB
crescimento anuais do PIB efetivo tendencial
Tendencialmente, o PIB tem crescido muito pouco (e cada vez menos) nos últimos anos.
- Uma das razões para a diminuição do crescimento do PIB é o facto da eficiência na realização de
algumas tarefas ter aumentado. Exemplo: agências de viagens.
- É difícil medir a variação do volume de serviços (setor).
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
Volatilidade
Factos estilizados:
- O consumo privado e público são tão voláteis como o produto
- O investimento, as exportações e as importações são mais voláteis do que o produto
- O emprego é menos volátil do que o produto.
• Para calcularmos a volatilidade do ciclo de cada variável utilizamos o desvio-padrão (𝜎)
• O co-movimento da variável calcula-se utilizando o coeficiente de correlação
• Para calcular o desfasamento entre o PIB e as variáveis é o coeficiente de correlação desfasado
• A persistência calcula-se com a autocorrelação
(−) variável
Na volatilidade relativa ao PIB, (−)PIB
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
Factos estilizados
Variáveis pró-cíclicas - população ativa, o emprego, a produtividade, os salários, o rendimento disponível
dos particulares, o consumo privado, o consumo público, o investimento, as exportações, as importações.
Variáveis contra-cíclicas - desemprego, em todas as economias, saldo conjunto das balanças corrente e de
capital (“saldo externo”, ou necessidade de financiamento externo) na economia portuguesa.
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
Sincronização Cíclica
Além do sinal da relação cíclica é importante também o grau de sincronização face ao ciclo do
produto.
Quando uma variável pró-cíclica ou contra-cíclica apresenta coeficientes de correlação com o
produto mais elevados (em valor absoluto) quando se toma os seus valores um ou vários períodos (não
muitos) anteriores relativamente à série de valores do produto - Diz-se que a variável é avançada.
No caso contrário, diz-se atrasada.
Por exemplo, o desemprego tende a ser contra-cíclico atrasado.
Factos estilizados
• As exportações são levemente avançadas.
• O consumo privado é ligeiramente atrasado, embora sincronizado com o ciclo do produto, apresenta
também correlações muito elevadas quanto tomado com um ano de atraso.
• Igualmente atrasados parecem ser os salários reais e em menor grau o desemprego.
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
Persistência
O PIB no ano corrente é explicado em 64% pelo comportamento do PIB no período anterior e em 10% pelo
comportamento nos dois períodos antes:
𝐴𝑅(2): 𝑌𝑡 = 𝛼1 . 𝑌𝑡−1 + 𝛼2 . 𝑌𝑡−2 + 𝜀𝑡
• O consumo público apresenta um dos valores mais baixos para a persistência no primeiro e no
segundo ano.
• A taxa de desemprego, emprego e salários apresentam valores significativamente elevados para a
persistência.
Factos estilizados
No que se refere à persistência da flutuação cíclica, entre os agregados da despesa ele é maior no
caso do consumo privado, e menor no caso das importações, do investimento e das exportações.
Os salários e o rendimento disponível apresentam uma forte persistência, maior que a do produto.
Variáveis com maior persistência são variáveis que, tendencialmente, são mais facilmente
antecipáveis.
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ECONOMIA PORTUGUESA E EUROPEIA
• À integração financeira,
- fortalecendo os mecanismos de transmissão entre os diferentes mercados financeiros e
- permitindo uma maior partilha de risco
- e suavizando o impacto de choques específicos aos países.
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Capítulo 2 – Aspetos estruturais do Desenvolvimento Económico
O que está a acontecer? Diminuição da taxa de fecundidade e aumento da esperança média de vida à
Aumento do Índice de Envelhecimento (Duplo Envelhecimento da População: mais idosos e menos jovens).
Até 2050 continuará a acentuar-se, devido também a fatores como: geração baby-boom a chegar a idades
mais avanças, taxas de mortalidade (infantil inclusive) a diminuir, progressos da medicina,etc).
Possível solução: Conjugar saldos migratórios positivos e níveis de fecundidade mais elevados
(rejuvenescimento).
DESDE 1960:
ü Taxa de crescimento da população baixa, “período demográfico moderno”, similar a alguns países
mas diferente de tantos outros:
ü Taxa de natalidade a diminuir ß taxa de fecundidade a diminuir – em 80 a taxa estava já perto dos
países da Europa Ocidental, mas abrandou devido (1) ao adiamento do projeto de maternidade, (2)
aumento da participação feminina no mercado de trabalho, (3) da diminuição do número de filhos e
(4) da menor relação casamento-procriação;
ü Taxa de mortalidade (infantil inclusive) a diminuir à aumento da esperança média de vida à duplo
envelhecimento:
- Problemas: sustentabilidade do sistema de segurança social e défices públicos (aumento
das despesas com saúde, contribuintes ativos diminuem, menos pessoas em idade ativa);
- Alterações no tecido produtivo;
Tendências:
AGREGADO FAMILIAR (ESTRUTURA): MENOR DIMENSÃO
- Menos casamentos (e muitos não católicos) e realizados em idades avançadas;
- Mais divórcios e uniões de facto;
- Mais filhos fora do casamento;
- Mais estrangeiros;
DINÂMICAS MIGRATÓRIAS: PESO A AUMENTAR
- Portugal tem saldo migratório negativo (no entanto, esta tendência já esteve invertida);
- População estrangeira mais jovem do que a portuguesa.
- Movimentos internos: desenvolvimento urbano e suburbano, movimentos migratórios internos que
acentuam as disparidades regionais, diferenças de estrutura etárias entre regiões.
Envelhecimento da população tem um elevado impacto nas F.P., impacto esse que é muito acentuado em
Portugal, mas que também se verifica nos restantes países da EU. É periodicamente levado a cabo um
exercício para avaliar estas consequências a longo prazo, onde são elaboradas projeções até 2060 para uma
série de despesas públicas sensíveis ao envelhecimento (realce: Segurança Social):
The 2015 Ageing Report: Economic and budgetary for the 28 EU Member States (2013-2060)
- Refletem as condicionantes institucionais e políticas públicas (e, em algumas variáveis, o grau de
convergência e consistência das suas trajetórias em diferentes países;
- São ainda consideradas trajetórias alternativas (mais graves) para avaliar a forma como as projeções
reagem, i.e., a sua sensibilidade a um conjunto de riscos como:
i. Aumento ainda mais acentuado da esperança média de vida;
ii. Menor saldo migratório;
iii. Menor produtividade do trabalho;
iv. Menos crescimento do produto potencial;
- Áreas consideradas são as despesas públicas com pensões, saúde, assistência social, educação e subsídios
de desemprego;
- Em 2013, à exceção da assistência social e da saúde, Portugal apresentava despesas em % do PIB superiores
a todo o conjunto da EU e da zona Euro, pelo que para 2060 as projeções visam diminuir as despesas com
pensões, educação e subsídios de desemprego e aumentar com assistência social e saúde;
- A necessidade de fazer isto surge porque a população está a envelhecer e a taxa de fecundidade a diminuir,
pelo que é importante analisar Portugal visto que se prevê uma contração demográfica, explicada pelo saldo
natural muito negativo (e saldo migratório muito positivo). Esta contração demográfica é acompanhada pela
alteração da estrutura etária da população, com a forte redução da população juvenil e em idade ativa
(consequências sobre a oferta de trabalho e o produto potencial) e o aumento da população potencialmente
aposentada (aumento da taxa de dependência);
- De acordo com as projeções, o impacto deste efeito nas finanças publicas é em parte minorado
essencialmente por três fatores:
SETOR PRIMÁRIO:
Ø Produção – influenciada pela PAC:
• Produção vegetal – tipo de produtos produzidos foi.se alterando
• Produção animal – aumentou devido à progressiva melhoria das dietas alimentares e à
introdução e novas tecnologias (aviários, pecuárias, etc…)
• Produção florestal – indústria de celulose (madeira de eucalipto)
• Pescas – redução dos recursos piscatórias nas águas nacionais e internacionais
Balança Comercial de produtos agrícolas e florestais deteriorou-se, em especial depois da
adesão à EU – salários baixos, mas produtividade ainda mais baixa – preços mais elevados e não competitivos
– Espanha invadiu o mercado.
Ø Emprego – emprego agrícola tem vindo a reduzir o seu peso e só não reduz mais porque existe muito
emprego agrícola a tempo parcial (mulheres e reformados). Aumenta em tempo de crise;
Ø Políticas agrícolas:
SETOR SECUNDÁRIO:
Este panorama demonstra uma grande fragilidade da competitividade ao nível de valor acrescentado que a
indústria portuguesa apresenta perante a maioria dos seus parceiros europeus.
SETOR TERCIÁRIO:
Desenvolvimento económico levou a uma terciarização da Economia. Em Portugal, ao contrário do que é
suposto acontecer em termos teóricos, a produtividade do sector terciário cresceu ao mesmo ritmo
(sensivelmente) do que o sector secundário.
Crescimento foi muito acelerado nos serviços públicos – despesas com a guerra colonial, educação,
saúde, administração pública e local, proteção social.
• Turismo – aumento do fluxo, primeiro Algarve, depois Madeira e Lisboa; aumento do rendimento
nacional;
• Sector financeiro – expansão na década de 60, nacionalização após 74, nova expansão em finais da
década de 80/princípios de 90, devido às privatizações e também à entrada de capitais estrangeiros
(bancos, seguradoras, leasing, ALD, capital de risco, investimento, etc.);
• Comércio por grosso e a retalho – mão de obra pouco qualificada, alimentada pelo alargamento da
rede de supermercados e de hipermercados.
I. Emprego e Produto
Relação positiva entre emprego e produto. Contributos para a evolução do emprego: ciclo económico,
crescimento económico, mudança do setor primário para secundário e terciário, peso significativo do
emprego no setor público, forte participação feminina no mercado de trabalho.
Fluxos que envolvem a transição entre emprego, desemprego e entre estes dois e a inatividade – é
importante ter as suas taxas em conta para avaliar a evolução do mercado de trabalho;
Portugal: rigidez no mercado de trabalho à fluxos entre emprego e desemprego com dimensão diminuta;
- Recentemente, essa característica tem vindo a alterar-se rapidamente (especialmente a segmentação do
mercado de trabalho - com o aumento do peso relativo dos contratos a prazo e a alteração recente da
legislação laboral – tende a promover fluxos mais intensos e de maior dimensão.
- Taxa de atividade, emprego e desemprego apresentam flutuações cíclicas de amplitude moderada mesmo
havendo, no período em análise, um enquadramento legal relativamente rígido na proteção formal do
emprego;
- Salários reais com elevada sensibilidade cíclica no passado à parte do ajustamentos às condições cíclicas
em termos de custos de trabalho foi efetuado através de ajustamento nos salários, limitando-se as
necessidades de ajustamento do volume de emprego;
- Grande parte dos fluxos associados a alterações dos níveis de emprego verificam-se entre os
trabalhadores com contratos de trabalho a termo à condicionante para o crescimento do produto
potencial;
- Outra parte dos fluxos está associada à dinâmica de demografia das empresas: elevado peso relativo de
pequenas empresas faz que muito do ajustamento cíclico do emprego esteja ligado ao
aparecimento/desaparecimento de pequenas empresas;
- Outro instrumento de flexibilização do emprego foram os contratos de prestação de serviços;
Mercado de Trabalho em Portugal (25 de Abril até ao final da década de 90): elevado nível de proteção no
emprego quando se toma como referência a legislação laboral, especialmente para contratos permanentes.
Globalmente este nível tem vindo a reduzir graças à reforma da legislação laboral.
NOTA: Apesar disto, inquéritos feitos a empregadores portugueses demonstram fraca satisfação com a
proteção no emprego, satisfação essa que parece estar relacionada com o grau de instrução.
A taxa de desemprego reflete a maior ou menor dificuldade em encontrar emprego (variável mis importante)
e a maior ou menor probabilidade de perder emprego. Em Portugal, tem um comportamento cíclico visto
que, mesmo com a proteção no emprego, o mercado de trabalho é sensível à evolução conjuntural da
economia.
Anos 80/90 exibiu um comportamento cíclico em torno dos valores médios estáveis entre 6% e 7% - estudos
que definiram esse intervalo destacavam na economia portuguesa uma ausência de tendência nesta taxa;
A taxa natural de desemprego tem vindo a aumentar no período mais recente, período esse que é
caracterizado por níveis baixos de inflação e por uma grande moderação do crescimento económico.
Contributos para a manutenção de uma baixa taxa de desemprego nas décadas anteriores
- Desencorajados;
- Legislação restritiva;
- Baixo nível de subsídio de desemprego;
- Significativo peso do emprego no sector público;
- Mulheres abandonam mercado de trabalho, jovens entram mais tarde; pessoas mais velhas
antecipam reforma;
- Flexibilidade dos salários reais (atualmente já não se verifica tanto);
- Criação e destruição de empresas;
- Duração significativa do tempo de permanência no desemprego, em especial para quem recebe
subsídio de desemprego;
- Aumento do emprego não permanente (contratos a prazo, trabalho temporário).
Instrumentos institucionais que condicionam como são determinados os salários (patamares para os níveis
salariais) no mercado de trabalho – não resulta do seu livre funcionamento. O salário mínimo determina um
patamar nacional enquanto que a negociação coletiva determina um patamar no setor de atividade (ou na
empresa).
NOTA: Evolução dos salários nas Administrações e Empresas públicas condiciona a evolução no setor
privado, sendo que tendem a ser mais elevados no setor público.
Na contratação coletiva confrontam-se associações patronais e sindicatos que podem ser vistos como
monopólios bilaterais (da procura e oferta de trabalho) que negoceiam acordos coletivos (nomeadamente
acordos salariais).
Em geral as remunerações praticadas nas empresas são um pouco superiores aos acordos salariais (ou
porque os salários base são superiores às tabelas salariais acordadas ou porque há formas de remunerações
adicionais, ou por ambos casos) - este diferencial positivo, que chegou a ser muito significativo no passado
recente, cria o que, na linguagem dos economistas do trabalho, se designa por “almofada salarial” que
constitui uma margem das empresas para ajustarem os custos salariais às flutuações das condições dos
mercados em que operam.
As empresas têm interesse nesta situação para evitar a materialização de riscos de incorrerem em custos
diretos e indiretos de recrutamento/despedimento.
VI. Flexibilidade dos salários reais (almofada salarial adequada para explicar)
Posições cíclicas negativas à Sindicatos perdem força negocial (trabalhadores com receio do desemprego1)
à Passam a aceitar salários suficientemente baixos de forma a não colocar riscos de encerramentos de
estabelecimento ou empresas à Despedimentos coletivos
- Forte sensibilidade dos salários reais: aumento de 1 p.p. na taxa de desemprego corresponde a uma
redução entre 1,5 e 2,5 por cento dos salários reais.
Esta sensibilidade tem vindo a reduzir porque em ambiente de baixa inflação pode ser limitada por
bloqueios (legais) à redução nominal dos salários.
- Em consequência é possível que o ajustamento do mercado trabalho em situações recessivas seja feito
mais intensivamente que no passado pelo:
- aumento do desemprego;
- maior volume de despedimentos;
- encerramentos mais numerosos de empresas.
- Despesas em educação (superiores no ensino primário e secundário dadas as elevadas taxas de reprovação)
representam cerca de 7% do PIB, um valor muito acima da média da OCDE. A maior parte do ensino em
Portugal é público.
OCDE (à semelhança de Portugal): Coeficiente dos gastos em educação em Portugal: 0.54 – pelo menos o
mesmo nível de produção poderia ser obtido com 54% do nível atual de despesas. Eficiência do output é de
62%, o que significa que o nível de conclusão do ensino secundário é só 62% daquilo que deveria ser se fosse
eficiente.
- Elevada transmissão intergeracional da educação em Portugal;
- Cobertura universal do ensino primário foi conseguida no início da década de 70, com taxas de matrículas
que excediam os 100%, valores que têm vindo a reduzir dada a redução da população em idade escolar;
- Aumento da idade obrigatória escolar + sucesso em reduzir abandono escolar à Aumento dos das
matrículas estudantes no secundário (valores que continuam abaixo da média da OCDE);
- Ensino secundário privado: escolas mais eficientes com taxas de aprovação superiores e menor rácio
estudante/professor.
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Este receio, dadas as características do mercado de trabalho em Portugal é compreensível visto que a duração média do
desemprego é elevada e porque há o risco elevado de uma menor remuneração no novo emprego após o período de
desemprego.
- Baixa taxa de escolaridade da população (especialmente nas gerações mais velhas) pois idade obrigatória
escolar era menor e haviam dificuldades em avançar no ensino (elevadas taxas de repetição e reprovação).
- Benefícios de concluir o ensino secundário: rendimento 36% superior aos que não concluem;
- No ensino superior, a média de estudantes aproximou-se da OCDE. No entanto, taxas de repetição e
abandono continuam elevadas;
- Mais alunos no curso de humanidades do que em ciências relativamente à OCDE, o que se reflete numa
escassez de trabalhadores para profissões técnicas à entrave para o aumento da produtividade e para o
crescimento económico.
2.5 – Inflação
7 períodos
1. 1960 – 1971
® Câmbiosfixos
® 1971 – Colapso do sistema de Bretton Woods
2. 1971- 1975
® fim da convertibilidade do dólar em euro
® abandono do regime de taxas de c|ambio fixas
® 1º choque petrolífero
® aumento dos salários nominais
3. 1975 – 1984
® forte depreciação do escudo
4. 1985 - 1993
® alteração da orientação da política monetária e cambial
5. 1995 - 1998
® participação no MTC do SME
® política económica orientada para cumprir critérios de Maastricht
6. 1999 – 2008
® da adoção do euro até à crise financeira
7. Após 2008
® Quando a crise começa
Pequena Economia aberta
® Inflação tende a refletir o comportamento dos preços internacionais em moeda nacional
Característica:
® Não tem influência na formação de preços nos mercados internacionais – price taker
Há uma associação entre os preços das importações e da inflação
® Se o preço das importações em moeda nacional acelera, a inflação interna tende a aumentar.
Porquê?
1. Parte dos bens fiscais são importados, ou se forem produzidos internamente pode ser exportados
– os preços no consumidor acelera;
2. Como os transacionáveis são necessários para a produção dos não transacionáveis, o aumento
dos preços dos primeiros tende a transmitir-se aos segundos;
3. Crescimento da inflação pode levar a uma aceleração dos salários nominais levando a um
agravamento dos custos de produção que tenderão a conduzir a aumentos adicionais de preços;
4. Expectativas inflacionistas- aumentos salariais nominal e de margens de lucro antecipem o
provável aumento dos preços.
Os níveis elevados de inflação promoviam a erosão da competitividade das exportações e isto fez com
que determinassem a necessidade de novas desvalorizações da moeda nacional.
Este ciclo parou nos anos 90, quando os problemas do equilíbrio da economia abrandavam, permitindo
romper com a política de desvalorização e adotou a política de estabilidade cambial.
Inflação Interna » Variação Preços das Importações em Moeda Nacional
Porque este também reflete pressões internas que:
1. Podem expressar forte pressão da procura agregada sobre a oferta;
2. Podem expressar aumento dos custos de produção das empresas.
Estas pressões tendem a refletir-se na evolução dos custos de trabalho por unidade produzida (CTUP)
® Inflação tende a estar entre as linhas definidas pela variação de preços das importações e das CTUP.
® Quando cresce abaixo: margem de lucro por lucro por unidade produzida estarão a diminuir.
Comportamento da Inflação
ü CTUP
ü Prelos das importações
Ambos necessitam que se verifique crescimento da massa monetária
2. 1974-1985 – pós-revolução
§ Défices pronunciados, havendo recurso a financiamento monetário para os sustentar;
§ Dívida pública é dívida interna à forte agravamento do défice após 24 Abril 1974
- Redução da receita fiscal decorrente da contração da atividade económica;
- Aumento das despesas públicas com funções sociais do Estado que mais que compensaram a
redução das despesas militares.
NOTA: Evolução dos défices está associada a políticas stop and go.
3. 1986-1992 – entrada na EU
§ Défices globais, mas saldo primário e positivo, limitando o crescimento da divida pública;
§ Início anos 90 à forte crescimento das despesas com pessoal e forte expansão da carga fiscal
em consequência das reformas dos impostos indiretos. Diretos (IVA, IRS, IRC);
§ Finanças públicas beneficiaram da expansão da economia neste período;
4. 1993-1998
§ Proibido financiamento monetário do défice orçamental;
§ Défices primários;
§ Variação da dívida pública beneficia das receitas de privatizações no final deste período;
§ Receitas fiscais crescem, mas a despesa primária tende também a aumentar;
§ Redução das despesas com juros à contribui para que Portugal cumprisse o critério de
Maastricht relativo ao limite para o défice orçamental.
5. 1999-2007
§ Redução do ritmo de crescimento da atividade económica acentuou-se à condicionou o
crescimento das receitas fiscais, sem que as despesas públicas tivessem alterado a sua
trajetória;
§ Baixo nível da taxa de juro até 2009;
§ Frequentes défices primários contribuíram para um elevado crescimento da dívida pública
(passou a ser financiada pelo exterior);
§ 2009 à crise financeira e económica levou ao agravamento do défice orçamental.
6. 2008-2010
§ Vulnerabilidade das finanças públicas;
§ Défice orçamental agravou-se na sequencia da crise;
§ Isto conjugado com o início da crise das dívidas soberanas à impossível financiamento nos
mercados de capitais internacionais do défice orçamental à necessidade de um programa
de assistência económica e financeira a Portugal.
7. 2011 – Até hoje
§ Assistência tinha em lista a redução do défice orçamental;
§ Efetivamente reduziu (principalmente após o fim do programa);
§ Melhoria da conjuntura económica.
Quando os estabilizadores automáticos não são suficientes para reconduzir a economia, a política
orçamental orientada para a estabilização cíclica deve promover do défice primário estrutural em
situações de output gap negativo.
Há fatores que condicionam a eficiência ou mesmo a exequibilidade de uma política orçamental orientada
para a estabilização cíclica.
Os desfasamentos entre o momento do choque e o tempo de atuação da política pode determinar que a
economia já não esteja na posição cíclica que se pretende corrigir.
1º fator à HIPÓTESE DA EQUIVALÊNCIA RICARDIANA
• do défice através da ¯ de impostos para promover o aumento da procura agregada é compensado
pelo efeito negativo de um aumento da taxa de poupança2 dos agentes económicos privados;
• As necessidades de financiamento do Estado tenderiam a pressionar o aumento das taxas de juro à
incentivando a poupança e tendo um efeito negativo sobre a procura agregada.
Deste modo, a política orçamental não seria capaz de afetar a nível da procura agregada à condição
fundamental para exercer a sua função de estabilização ciclíca.
Logo, a possibilidade de algumas franjas importantes dos agentes económicos alinharem o seu
comportamento com esta hipótese condiciona a eficiência da função de estabilização da política
orçamental.
Para estabilizar a dívida pública à instrumento disponível é o défice primário (é o instrumento que a
política orçamental usa para exerce a sua função estabilizadora.
2
Porque esperam que o agravamento do défice tenha de ser financiado no futuro pelo aumento dos impostos.
Mas, se tivermos no limite da “sustentabilidade” da dívida pública (fase baixa do ciclo) não será possível
aumentar o défice primário:
Maior dívida e maior taxa de juro à maiores serão as despesas com juros à maior défice orçamental à
mais necessidades de financiamento.
123
324
∗ 𝑑𝑡 − 1 à termo da equação não diretamente controlável pela autoridade da p. orçamental (NOTA: se
EFEITO “BOLA DE NEVE” à mesmo que saldo primário=0, se a taxa de juro > taxa de crescimento
do PIB, a dívida agravar-se-á em termos relativos (efeito relacionada com a diferença entre a taxa de
crescimento do PIB e a taxa de juro).
Calcular spreads:
Spreads elevados à desconfiança dos mercados relativamente à sustentabilidade das finanças públicas.
- Outro elemento é o prémio de seguro contra “default” a pagar por quem pretende eliminar o risco de
crédito associado às obrigações da divida pública adquirida (CDS – Credit default swaps);
- A possibilidade da divida pública crescer para níveis insustentáveis atua como fator condicionador da
função de estabilização da política orçamental
Agravado pelo envelhecimento da população à coloca uma pressão para o crescimento da dívida pública.
É preciso ter em conta objetivos de longo prazo na política orçamental (impressão de dívida pública), e não
só objetivos de curto prazo (função estabilizadora).
A política orçamental em Portugal é sobretudo pró-cíclica, acentuando as flutuações dos ciclos económicos.
Um dos fatores subjacentes à progressão da dívida pública, num contexto de níveis baixos de taxas de juro
como se verificou desde 1994 a 2008.
PIB potencial é o que levanta mais controvérsia porque é baseado na estimação de uma função de produção,
onde são usados 3 fatores de produção/inputs à capital humano, trabalho e TFP.
A. Capital:
Stock de capital à acumulação de investimentos menos as amortizações de capital;
Problemas:
- Capacidade instalada que se provou insustentável e está imputada ao stock de capital fisíco, mas que não
deveria estar pois não é usada;
- Importante no cálculo do stock de capital fisíco potencial.
B. Trabalho
Após estimada a oferta do trabalho e calculada a taxa de desemprego natural (NAWRU), estima-se o nível
de emprego sustentável.
A estimação desta taxa levanta muitas questões:
- o método de cálculo faz com que esta seja muito próxima da taxa de desemprego efetiva;
- Taxa de emprego efetiva é muito próxima da taxa de emprego potencial;
- Output gap reduzido;
Logo, saldo orçamental estrutural é próximo do saldo estrutural efetivo.
Implicações:
- Défice orçamental efetivo elevado implica défice orçamental estrutural e elevado;
- Este implica um programa de consolidação orçamental mais exigente de acordo com as regras da EU;
Logo, estimativas do NAWRU tem implicações para as estratégias de ajustamento fiscal.
Problemas:
- PTF depende de capital e trabalho, logo também tem os seus problemas;
- Instabilidade das estimativas é um dos grandes problemas porque os dados mais recentes são revistos com
maior frequência;
- Por isso, o filtro HP fi substituído pelo modelo das componentes não observadas.
Europa Ocidental foi marcada pelos movimentos de integração económica, à volta da CE e da EFTA
1948 – OECE
• Dependência face ao exterior é superior num país pequeno e aumenta com integração económica
- Eliminou a maior parte das restrições quantitativas sobre as importações de produtos não
agrícolas provenientes da Europa Ocidental, EUA e Canadá
- Estabeleceu-se acordos multilaterais
- Influência positiva dos modelos e técnicas de política económica
Países da EFTA:
Motivos de Adesão
Vantagens de Adesão
Sistema de preferências
Contexto:
Acordo inicial:
• Condições idênticas às do acordo da EFTA, exceto:
• Processo de convergência mais rápido (das barreiras)
• Produtos agrícolas (concentrado de tomate e conservas já não eram considerados produtos
agrícolas)
• Argumento da indústria nascente
• Enquadramento mais amplo, passando a incluir assistência financeira e a preparação para a adesão
futura
• Empréstimos com taxas bonificadas do BEI
- Fundos europeus de ajuda ao desenvolvimento
• Facilidades a favor dos emigrantes instalados em países da CEE
• Trocas Comerciais
- Foram permitidos impostos às importações e foram removidas mais rapidamente as barreiras
dos nossos parceiros comerciais face às nossas exportações
- Retrocesso face à liberalização – proteção a indústrias novas e reforço de proteção a
indústrias sensíveis.
Adesão à CEE
Negociações
Motivações Políticas
Motivações Económicas
Tratado de Adesão
• Período transitório (que durou até 1992) das barreiras alfandegárias que ainda subsistiam
• Aproximação da pauta portuguesa à pauta exterior da CEE e adoção da política comercial comum
• Adesão de Portugal ao SME em 1992 (Abril)
• Liberalização do comércio de produtos agrícolas foi feito utilizando 2 sistemas
- Transição clássica – produtos pouco importantes
- Transição por etapas – produtos mais importantes (cereais, frutas, legumes frescos, vinho,
pecuária)
Impactos
- Influenciado pelos movimentos de integração europeia e pelos efeitos dos choques petrolíferos
- Provocou criação de comércio (Espanha)
- Desvio de comércio (EUA e ex-colónias, estas últimas reavivadas ultimamente, bem como Brasil)
- Dependência energética.
2.7.3 – IDE
Desde a implementação do Estado Novo até 1960 a orientação de política oficial era não encorajar
muito o IDE
◦ Lei do condicionamento industrial (Lei nº 1956, de 17/05/1937) que durou até 1970
A partir de 1960
Indústrias transformadoras orientadas para exportação passaram a ser o destino preferido do capital
estrangeiro
Acesso aos mercados da EFTA em sectores tradicionais como vestuário, pasta papel, concentrado de
tomate, reparação naval, equipamentos eletrónicos
Entre 1974 e 1980 o IDE diminuiu, ocorreram também nacionalizações, mas houve o cuidado de não
hostilizar as empresas estrangeiras.
Entre 1974 e 1980 o IDE diminuiu, mas houve o cuidado de não hostilizar as empresas estrangeiras.
A partir de 1986 – fase de afluxo de IDE espetacular, acompanhada também por saída de capitais
portugueses para o exterior
◦ Liberalização económica
◦ Privatizações
◦ Regime do IDE mais simples com auxílios via PEDIP, FEDER, FSE
• A partir de 1992:
◦ Concorrência dos Países de Leste, Extremo Oriente
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• Agosto de 2012, BCE anuncia programa de compra definitiva de ativos financeiros, incluindo
títulos de dívida publica.
• Julho de 2012, acordada recapitalização do setor financeiro espanhol (programa terminado no
início de 2014);
• Maio de 2013, é acordado resgate a Chipre (programa terminado em Março de 2016);
• A 30 de junho de 2014 terminou o PAEF, iniciando-se a fase de monitorização pós-programa
– Post-Programme Surveillance, no âmbito da supervisão das instituições europeias; Post-
Program Monitoring, no âmbito da supervisão do Fundo Monetário Internacional (FMI).
• Agosto de 2015, acordado 3º resgate à Grécia.
Essa intervenção era orientada pelos princípios ideológicos do regime, como o corporativismo, e abrangia
muitos aspetos com impacto na atividade económica: condicionamento à livre entrada nos mercados,
controlo de preços, controlo dos sindicatos, fortes proteções aduaneiras.
Além disto, e também de acordo com o espírito da época, o Estado promovia os chamados planos de
fomento, que integravam, para períodos plurianuais, orientações para o crescimento económico, podendo
ainda incorporar programas de infraestruturas e incentivos à iniciativa privada em certas áreas de atividade.
Começou a ser evidente alguma contradição entre o intervencionismo, a proteção face à concorrência
internacional, o relevo dado à política colonial e a abertura da economia em consequência do
desenvolvimento dos laços económicos com a Europa.
A esta contradição na orientação económica do regime somou-se, no início da década de 70, a instabilidade
económica internacional, em particular, a partir do final de 1973 com o choque provocado pelo aumento
substancial do preço do petróleo. Assim, além das dificuldades políticas e sociais que o regime enfrentava,
nomeadamente, as associadas à guerra colonial, somava-se esta espécie de impasse também no domínio da
estratégia económica a seguir.
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Note-se que durante toda a década de 60, não obstante a enorme libertação de mão de obra da agricultura,
não houve praticamente desemprego (ver slides seguintes) devido ao forte surto emigratório para a Europa
e para as colónias de África. No fim do regime estes fluxos estavam em larga medida comprometidos.
Não admira, portanto, que a queda do regime, embora despoletada por um movimento militar, tenha sido
pacífica.
Não obstante esta orientação gradual para uma economia de mercado, ainda assim as nacionalizações
permitiram constituir um sector empresarial do estado (SEE) com um peso económico muito significativo:
• as empresas do Estado, representavam 24.2%, 38.2% e 7.9%, respetivamente do VAB, da FBCF e do
Emprego na economia em 1982 (Lopes, pp. 314);
• praticamente todas as empresas financeiras eram públicas.
Apesar do peso significativo do SEE a sua gestão não obedeceu a uma lógica coordenada de planeamento
económico. Pelo contrário, as tentativas de montar um sistema de planeamento não tiveram consequência.
Ainda assim, há pelo menos 3 aspetos em que o SEE foi um instrumento com alguma relevância na perspetiva
macroeconómica:
• Estas empresas mantiveram ao longo deste período um nível de investimento substancial,
contribuindo para atenuar os momentos de crise económica que se verificaram neste período;
• Foram muitas das vezes um instrumento para obter financiamentos externos da economia;
• A nacionalização da banca permitiu que a política monetária assumisse um carácter quase
administrativo, permitindo arbitrar o crescimento e a distribuição de crédito pelos sectores
institucionais da economia.
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No domínio das políticas de gestão da procura agregada, política orçamental e monetária (e cambial),
assistiram-se a períodos de “stop and go”. Isto é, políticas que, embora favorecendo durante um certo
período a expansão da procura agregada, como levavam a um agravamento não sustentável das
necessidades de financiamento externo da economia, determinavam, a seguir, a inevitabilidade de serem
substituídas por políticas de sinal simétrico, que se refletiam em desaceleração ou mesmo redução do
produto. Um dos principais mecanismos para este tipo de políticas foi a evolução cambial imprimida ao
escudo.
Efetivamente, como é evidenciado nos slides seguintes, neste período acentuou-se a fragilidade externa da
economia portuguesa, havendo momentos de alguma delicadeza para assegurar as necessidades de
financiamento do défice externo. Foi necessário recorrer por duas vezes a acordos com o FMI.
Efetivamente, o principal objetivo associado a tais acordos era o de procurar diminuir significativamente o
défice externo. Em ambos os casos esse objetivo foi atingido com alguma facilidade, embora com custos
sociais elevados, particularmente no caso do 2º acordo.
No plano imediato, os acordos permitiam desbloquear o acesso a empréstimos externos para satisfazer as
necessidades de financiamento da economia.
1. A redução dos salários reais facilitava o reequilíbrio externo porque, em primeiro lugar, afetava a
evolução do rendimento disponível o que, num contexto de fortes restrições de acesso ao crédito,
se traduzia em contenção do consumo e, consequentemente, das importações.
2. Em segundo lugar, a redução dos salários reais beneficiou a competitividade externa das empresas.
3. Finalmente, é de referir que, a redução dos salários reais terá permitido evitar ainda maiores
aumentos da taxa de desemprego nesses episódios de crise/reajustamento externo.
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É de referir ainda que circunstâncias externas, particularmente no 2º acordo, favoreceram o seu relativo
êxito. Entre essas circunstâncias destaca-se a queda do preço internacional do petróleo em 1985.
Embora as políticas seguidas tivessem eminentemente uma orientação de curto prazo, elas não deixaram
de ter repercussões profundas na economia. Os sectores produtivos orientados para exportação, ao
contrário dos orientados para a economia doméstica, beneficiaram destas políticas. Pode-se assim ter
involuntariamente contribuído para sustentar empresas e sectores exportadores que de outro modo
estariam já em fase de declínio.
Como veremos com a alteração do sentido das políticas de gestão da procura agregada, sobretudo na década
de 90, passou a ser o sector dos não transacionáveis o sector a beneficiar em termos relativos.
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No início deste período, registou-se uma aceleração do crescimento económico, refletindo designadamente:
• A criação de comércio associada à participação no mercado interno;
• O impacto das políticas de formação profissional e sobretudo de desenvolvimento regional,
aumentando de forma drástica as transferências públicas para Portugal e permitindo desenvolver
importantes infraestruturas;
• Um aumento do investimento direto estrangeiro, em parte motivado pelas novas condições e
perspetivas com a adesão europeia.
Em grande medida, o efeito destes impactos foi-se dissipando progressivamente (apesar de, a partir de 1994,
terem ainda aumentado de forma significativa as transferências da UE).
Ainda assim, verificou-se uma redução significativa das necessidades de financiamento externo da
economia, que criaram um contexto favorável para a reorientação da política monetária.
Essa reorientação traduziu-se em alterações mais ou menos progressivas nos domínios seguintes:
• Maior independência do Banco de Portugal na definição da política monetária, com a exclusão
da possibilidade de financiamento monetário do défice orçamental;
• Alteração dos mecanismos de atuação, passando a política a exercer uma influência indireta nas
taxas de juro e na variação da massa monetária (aliás com o crescente peso das instituições
monetárias privadas na intermediação financeira não seria possível manter os mecanismos
anteriores);
• Definição da estabilidade de preços como objetivo final da política monetária e como objetivo
intermédio a estabilidade cambial. A implementação desta política foi essencial para reduzir
significativamente a inflação.
Gradualmente, sobretudo a partir do início dos anos 90, esta reorientação foi efetuada com um significativo
êxito. Efetivamente, a taxa de inflação caiu de 13.4%, em 1990, para 2.2%, em 1997.
Para esse sucesso contribuiu, a criação de expectativas favoráveis à desinflação da economia, quando se
tornou evidente que a política era credível, nomeadamente em função dos compromissos internacionais
assumidos (como a participação no MTC do SME).
Assim, se inicialmente com a paragem na prática da depreciação nominal do escudo, os preços dos bens
transacionáveis passaram a evoluir em linha com o baixo nível de inflação internacional, impulsionando a
queda da inflação interna.
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Posteriormente, a desaceleração dos preços internos estendeu-se aos não transacionáveis (ver slide
seguinte) e aos próprios salários.
À medida que a inflação foi caindo, foi possível reduzir as taxas de juro que convergiram para as taxas de
juro da Alemanha (também elas registando uma tendência decrescente). Esta redução tornou possível a
expansão da procura interna, particularmente, na segunda metade da década de 90, tornando virtualmente
inexistentes os temidos sacrifícios associados ao cumprimento dos chamados critérios de Maastricht.
Foi assim que foi possível cumprir o critério do défice orçamental abaixo dos 3% do PIB apesar de,
praticamente durante toda a década de 90, a despesa pública primária ter continuado a aumentar de forma
significativa, assumindo a política orçamental uma natureza claramente pro-cíclica. Efetivamente, as
finanças públicas beneficiaram de três fatores: redução da taxa de juro com a inerente contração dos
encargos com a dívida pública; receitas das privatizações (que diretamente não afetam o défice); e maior
receita fiscal em consequência da expansão da procura interna.
Apesar de ser alcançado o objetivo de participar na derradeira fase da criação da UEM, a política económica
seguida não deixou de ter tido reflexos que se sentiram posteriormente, sendo de destacar:
1. A estratégia de política monetária assente na estabilidade cambial em termos nominais conduziu a
uma valorização real do escudo (ver slide seguinte), visto que, não obstante a diminuição da inflação
interna, ainda assim se manteve em geral acima dos níveis de inflação internacional. Em
consequência, a competitividade do sector produtor de bens transacionáveis foi afetada. Em
contrapartida, os sectores não transacionáveis, nomeadamente serviços e construção, terão
recebido um forte impulso. Começou a notar-se, já na parte final da década, uma clara tendência
para o agravamento das necessidades de financiamento externo da economia portuguesa.
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2. A redução das taxas de juro, aliada a uma crescente eficiência de um sector financeiro, em que o
sector privado já era dominante, permitiu manter taxas de investimento elevadas o que deverá ter
aumentado de modo substancial o stock de capital da economia, embora não com a composição mais
adequada para permitir a expansão do produto potencial.
3. A política orçamental seguida, não obstante a significativa redução das despesas com juros da dívida
pública, as elevadas receitas com privatizações entre 1996 e 1999, e num contexto de forte
crescimento da receita fiscal em consequência do dinamismo da procura interna, tornou as finanças
públicas vulneráveis a choques adversos (como o da inversão do ciclo económico ou o do aumento
das taxas de juro), agravando os problemas da sua sustentabilidade a longo prazo (recorde-se que o
financiamento monetário do défice deixou de ser uma opção possível).
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Teve, portanto, uma ambição mais alargada que os programas negociados com o FMI nos anos 80 do século
anterior, em que era dominante a preocupação com o equilíbrio do saldo externo.
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O pacote de assistência financeira previa a mobilização, para o período de 2011 a 2014, de um total de 78
mil milhões de euros, dos quais: 52 mil milhões de euros correspondiam a financiamento através dos
mecanismos europeus (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e Fundo Europeu de Estabilidade
Financeira) e 26 mil milhões de euros a assistência do FMI, ao abrigo de um Programa de Financiamento
Ampliado (Extended Fund Facility).
Do total, 12 mil milhões de euros foram destinados ao mecanismo de apoio público à solvabilidade do setor
bancário (Bank Solvency Support Facility).
Paralelamente, o apoio concedido ao setor financeiro foi condicional à sua reestruturação que contribuiu
para uma redução drástica do crédito interno à economia.
Os setores produtivos de não transacionáveis, mais dependentes das finanças públicas e do crédito interno
foram os mais afetados. Do lado da despesa, o agregado mais afetado foi a procura interna, em particular o
investimento.
Em consequência da forte contração da procura interna, com reflexos no crescimento significativo da taxa
de desemprego que atingiu cerca de 16,4% em 2013, e ao crescimento das exportações assistiu-se a uma
melhoria do saldo externo (+2,3% do PIB em 2013).
A melhoria do saldo orçamental foi mais difícil dado o impacto nos estabilizadores automáticos da redução
da atividade económica, obrigando a medidas adicionais de contração das despesas públicas,
designadamente com e de aumento de impostos (criação de sobretaxas).
Em todo o caso, a evolução da economia e das finanças públicas portuguesas e no contexto da política
monetária não convencional do BCE, permitiram a conclusão do PAEF no final de junho de 2014, com o
retorno ao financiamento público junto dos mercados internacionais de capitais.
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