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I - Introdução

Economia
A ciência que estuda a forma como os agentes económicos utilizam
recursos escassos ou limitados e que têm usos alternativos para
satisfazerem as suas necessidades

Agentes económicos
Famílias (fornecem a força de trabalho e consomem), empresas,
instituições financeiras, estado, exterior

Agentes económicos agregados


Conjuntos de agentes económicos que desempenham atividades
económicas semelhantes

Macroeconomia
Estuda os agregados macroeconómicos, que representam de forma
agregada toda a economia de um país.
Estuda o desempenho das economias nacionais como um todo e as
políticas macroeconómicas que as autoridades podem adotar para o
melhorar

Curto Prazo
- Fenómenos transitórios
- 1 a 5/8 anos
- emprego, inflação, recessão do produto

Longo Prazo
- Fenómenos persistentes
- mais de 10 anos
- tendência de crescimento da economia (produto potencial)
Génese da microeconomia
1. 1928/29: subida inesperada das taxas de juros
2. as empresas reduzem investimento e produção
3. desemprego aumenta
4. famílias diminuem consumo
5. empresas reduzem ainda mais o investimento e a produção
6. ciclo vicioso de depressão económica

Keynes:
- sugere o aumento dos gastos públicos de forma a manter os
trabalhadores empregados
- o crescimento económico depende da procura
- curto prazo
- preços quase fixos
- o estado deve intervir na economia

Teoria Clássica:
- o rendimento nacional depende do fornecimento de fatores e da
tecnologia disponível
- longo prazo
- preços e salários flexíveis
- os problemas económicos autocorrigem-se

Teoria atual: No LP, os preços são flexíveis e a oferta agregada


determina o rendimento
Políticas macroeconómicas
1. Política orçamental
Instrumentos: Gastos públicos, transferências, impostos

2. Política monetária
Instrumentos: Oferta de moeda e taxa de juro
Responsável: BCE
3. Política cambial
4. Política comercial
Impostos alfandegários, quotas

II. Medição da Atividade económica

Produto Potencial
Nível sustentado máximo de produto que uma economia pode
gerar quando se utilizam os recursos produtivos (fatores de produção)
da melhor forma possível – de forma eficiente.
É o que seria desejável.
(nota: não é sinónimo de máxima utilização física dos fatores de
produção até porque garante a sua sustentabilidade no futuro.)

Produto efetivo
Geralmente corresponde ao Produto Interno Bruto (PIB) e
corresponde ao valor da atividade produtiva efetivamente realizada no
interior de um dado espaço geográfico (região, país, grupo de países),
medido para um dado período de tempo.
Por exemplo, o PIB de 2019, em Portugal, é a quantificação do
valor de mercado de todos os bens e serviços finais – pão, cerveja,
automóveis, espetáculos, viagens, etc. – produzidos em Portugal
durante o ano de 2019.

Consoante a dimensão temporal, a análise macroeconómica pode


ser feita a dois níveis:
➢Médio/ Longo Prazo:
- Teoria do Crescimento
- Procura encontrar formas de aumentar o produto potencial
(aumento da quantidade e produtividade dos recursos).
➢Curto Prazo
- Macroeconomia em sentido estrito
- Flutuações do produto efetivo em torno do produto potencial
- Ciclos Económicos: expansão e recessão;
Análise da estabilização ou macroeconomia em sentido
lato
Analisa a existência de oscilações;determina se o produto efetivo
está aquém ou além do pleno emprego; esquecendo a tendência.

Hiato do produto
Diferença entre o produto efetivo e o produto potencial
► Hiato do produto < 0
- não se produziu tudo o que era possível: - hiato de recessão
(recessionary gap);
- Pouca produção, desemprego elevado, salários baixos,
pobreza,...
► Hiato do produto > 0
- emprego de recursos acima das taxas normais de utilização:
- hiato inflacionista (inflationary gap);
- desemprego baixo mas está geralmente associado a inflação.

• Quando o produto efetivo cresce acima do produto


potencial - hiato do produto positivo - a inflação tende a aumentar
e o desemprego a diminuir
• Quando o produto efetivo se encontra abaixo do potencial
– hiato do produto negativo - tende a conduzir a um desemprego
mais elevado e menos inflação.

Taxa de inatividade
= População inativa com mais de 15 anos/Pop. residente em idade
ativa*100
Pop. em idade ativa = pop. com 15 ou mais anos de idade
A taxa de inatividade representa o número de inativos por cada 100
pessoas, com 15 ou mais anos.

Taxa de Atividade ou Taxa de Participação


= (População ativa/População residente em idade ativa) * 100
Taxa de Emprego
= (População empregada/Pop. residente em idade ativa)* 100
Desempregado: Indivíduo com idade dos 16 aos 74 anos que, no
período de referência, se encontrava simultaneamente nas seguintes
situações:
​ 1) não tinha trabalho remunerado nem qualquer outro;
​ 2) tinha procurado ativamente um trabalho remunerado ou não ao
longo de um período específico (o período de referência ou as três
semanas anteriores);
​ 3) estava disponível para trabalhar num trabalho remunerado ou
não.

A procura ativa traduz as seguintes diligências:
​ 1) contacto com centros de emprego público ou agências
privadas de colocações;
​ 2) contacto com empregadores;
​ 3) contactos pessoais ou com associações sindicais;
​ 4) colocação, resposta ou análise de anúncios;
​ 5) procura de terrenos, imóveis ou equipamentos;
​ 6) realização de provas ou entrevistas para seleção;
​ 7) solicitação de licenças ou recursos financeiros para a criação
de empresa própria.

A disponibilidade para aceitar um trabalho é fundamentada com:
​ 1) o desejo de trabalhar;
​ 2) a vontade de ter um trabalho remunerado ou uma atividade por
conta própria, no caso de
se poder obter os recursos necessários;
​ 3) a possibilidade de começar a trabalhar num período específico
(período de referência ou as duas semanas seguintes)

​ Taxa de Desemprego
​ = (População desempregada/População ativa)* 100
A taxa de desemprego representa o número de desempregados por
cada 100 ativos.
O desemprego é um problema económico porque representa o
desperdício de recursos valiosos. Além disso, cria despesa pública
adicional, devido ao aumento dos subsídios e de outras transferências
estatais, e à diminuição dos impostos sobre o rendimento.
Existe uma taxa salarial de equilíbrio, que determina a divisão da
população entre empregados e desempregados.
O desemprego assim determinado é classificado como
desemprego voluntário - não porque as pessoas não queiram trabalhar,
mas porque não querem trabalhar àquela taxa salarial.
Se se fixar uma taxa salarial acima do preço de equilíbrio, ocorre
um excesso de oferta de trabalho relativamente à procura; o
desemprego que se situa entre a oferta e a procura designa-se como
desemprego involuntário, porque os trabalhadores querem trabalhar
àquela taxa salarial, não existe é procura suficiente.

Desemprego efectivo ou observado


= Desemprego natural (UN, componente de longo prazo)
+ Desemprego cíclico (UC, componente de curto prazo)

Desemprego cíclico
Desvio de curto prazo do desemprego observado em relação ao
desemprego natural: UC = U – UN

Desemprego natural
Nível de desemprego associado ao produto natural; desemprego
de equilíbrio, quando há estabilidade da taxa de desemprego (tendência
de LP).
Desemprego natural = desemprego estrutural + desemprego friccional

Desemprego estrutural
Ocorre quando os sectores de actividade entram em crise devido
à concorrência de outros produtos, outras regiões ou outros países.
A gravidade deste desemprego está no facto destas crises
sectoriais serem de difícil recuperação - tendem a ser de muito longa
duração. Causas: globalização, progresso tecnológico ...
Ex.: têxteis no Vale do Ave e a metalomecânica e montagem de
automóveis em Setúbal.
Desemprego friccional
O desemprego friccional resulta do dinamismo inerente ao normal
funcionamento da economia e do mercado de trabalho em particular.
Em cada momento são criados novos postos de trabalho,
desaparecendo outros, e há novos trabalhadores que entram no
mercado, saindo outros.
Existe desemprego friccional porque é necessário tempo para que
se encontre um trabalhador (que procura um emprego) e uma empresa
(que pretende preencher um posto de trabalho) com características
compatíveis.

A lei de Okun
Relação empírica entre o desemprego cíclico (desvio, no curto
prazo, do desemprego observado relativamente ao desemprego natural)
e o output gap (desvio do produto relativamente ao produto potencial),
segundo a qual um desemprego cíclico positivo está associado a um
output gap negativo, e vice-versa:
UC = U – UN = β (Y − YN), sendo β < 0
Segundo a Lei de Okun, por cada 2% de quebra do PIB
relativamente ao PIB potencial, a taxa de desemprego aumenta cerca
de 1%.

Inflação
A inflação é um processo persistente, relativamente generalizado
de aumento dos preços, observado ao longo de um dado período de
tempo, que corresponde a uma redução do poder de compra do
dinheiro.
O cálculo da inflação é efetuado com base em índices de preços,
dos quais o Índice de Preços no Consumidor (IPC) é o mais importante.
O IPC “é um indicador que permite medir a evolução, no tempo,
dos preços de um conjunto de bens e serviços que são considerados
representativos de uma estrutura de consumo num determinado espaço
geográfico e de um, ou vários, estratos socioeconómicos.”
Então, os preços dos bens usualmente mais consumidos têm
maior importância do que preços de bens que raramente se consomem.
O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) é o
indicador de inflação mais apropriado para comparações entre os
diferentes países da União Europeia.
É calculado pelo Banco Central Europeu. A palavra harmonizado
significa que estes índices de preços são calculados a partir de um
“cabaz” que é igual para todos os países membros, ou seja, os produtos
que integram os cabazes em cada um desses países são os mesmos.
O seu desenvolvimento decorre da necessidade expressa no
Tratado da União Europeia em relação aos critérios de convergência, de
medir a inflação numa base comparável em todos os Estados-membros.

A taxa de inflação é a variação percentual do IPC de um período


para o outro. Pode ser obtida através da taxa de variação do IPC

As 3 medidas para a taxa da inflação:


►Variação Mensal – mede a variação do nível geral de preços
entre o mês n-1 e o mês n.
► Variação Homóloga – mede a variação do nível geral de preços
entre o mês n do ano t-1 e o mês n do ano t (ou seja de um mês em
relação ao mesmo mês do ano anterior).
► Variação média dos últimos 12 meses – mede a variação do
nível geral de preços entre os 12 últimos meses do ano t-1 e os últimos
12 meses do ano t.

Níveis de inflação
1. Inflação Moderada
É caraterizada pelo aumento lento e previsível dos preços. Pode
definir-se como uma inflação anual de um só dígito.

2. Inflação Galopante
É uma inflação de dois, três dígitos, de 20, 100 ou 200%. (e.g.
países da América Latina tiveram taxa de inflação de 50% até 700% ao
ano nas décadas de 1970/80).

3. Hiperinflação
Os preços aumentam um milhão por cento ao ano. (e.g. entre
Janeiro de 1922 e Novembro de 1923, o índice de preços da República
Alemã de Weimar aumentou de 1 para 10 000 000 000).

4. Deflação
Taxa de inflação negativa. Corresponde à redução dos preços.

5. Estabilidade dos Preços


Próxima de 0, geralmente inferior a 2%

6. Desinflação
Existe inflação (índices de preço a subir), mas está a diminuir.

Tipos de Inflação
►Inflação pelo lado da procura: resulta de choques na procura
real (e.g. alteração de preferências por produtos internos, conduzindo a
uma pressão sobre a oferta de bens e serviços).
► Inflação pelos custos: a que resulta de aumentos nos custos
de produção (e.g. choques petrolíferos), da mão-de-obra e que pode
resultar mesmo de medidas de política económica.
► Inflação importada: resulta de um aumento dos preços nos
mercados internacionais em relação ao nível de preços interno do país
importador e pode resultar da ação de política económica (e.g.
desvalorização da moeda nacional).

Problemas associados à inflação


►Reduz a competitividade externa - quebra nas exportações
com perda de postos de trabalho diretamente nas empresas
exportadoras e, indiretamente, noutras devido ao encadeamento
produtivo.
► Reduz o poder de compra (e.g., pensões de reforma, taxas de
juro...) e tem efeitos sobre a redistribuição de riqueza e rendimentos.
► Distorce a comparabilidade de uma grandeza monetária entre
2 momentos de tempo separados por um período inflacionista…

Impactos económicos da deflação


Nota: não se deve confundir deflação com desinflação, que é a
redução do ritmo de alta dos preços num processo inflacionário.

Aspetos positivos: podemos comprar barato e sentimos que


estamos mais ricos, porque o dinheiro pode adquirir mais bens.
Aspetos negativos: o consumo fica mais deprimido, arrastando
consigo os restantes agregados económicos

Variáveis nominais e variáveis reais


Para se determinar um agregado económico é necessário que as
quantidades venham multiplicadas pelos respectivos preços. Assim,
quando se comparam valores do PIB para diferentes anos há alteração
nas quantidades, mas também nos preços, criando um efeito ilusório
que não permite concluir se há ou não crescimento económico. Surge
assim a distinção entre variáveis nominais e reais:
► Variáveis nominais (ou a preços correntes):
Quando as quantidades vêm valorizadas a preços do
mesmo período.
► Variáveis reais (ou a preços constantes):
Quando as quantidades vêm valorizadas a preços de um
determinado ano de base.

Uma série do PIB a preços correntes ou PIB Nominal reflete a


variação nominal do produto, que é resultado das variações das
quantidades e dos preços – também designada por variação em valor.
Uma série do PIB a preços constantes ou PIB real permite avaliar
a variação real do produto, ou seja, a variação das quantidades de bens
e serviços produzidos – também designada de variação em volume.
A evolução em volume desconta o efeito do crescimento dos
preços, ou seja, da inflação.

Deflator do PIB
Obtém-se dividindo, para um dado ano, o PIB a preços correntes
pelo PIB a preços constantes
O deflator indica, portanto, a variação do nível de preços entre o
ano base e o ano corrente
Valores mais elevados da taxa de variação anual do IPC
relativamente ao deflator do PIB refletem uma maior aceleração no
preço médio dos produtos importados relativamente aos produzidos
internamente.

Fórmula de Fisher:
(1 + tN) = (1 + tR)× (1 + tP)
ou
tN = tR + tP+ tR.tP
tN: taxa de variação nominal
tR: taxa de variação real
tP: taxa de variação dos preços

Os economistas designam a taxa de juro que um banco paga (ou


que uma obrigação normal rende) como a “taxa de juro nominal”.
► A taxa de juro real é definida como sendo o aumento do poder
de compra obtido com o investimento em questão.
Se i denota a taxa de juro nominal, r a taxa de juro real e π a taxa
de inflação, então r=i–π
► Assim, a taxa de juro real é a diferença entre a taxa de juro
nominal e a taxa de inflação.
Reorganizando a equação, é fácil ver que a taxa de juro nominal é
igual à soma da taxa de juro real e da taxa de inflação:
i=r+π
Quando um mutuário (por exemplo, alguém que deseja comprar
um carro novo) e um mutuante (um banco, por exemplo) decidem sobre
uma taxa de juro nominal, não sabem exactamente qual será a taxa de
inflação durante o período do empréstimo. Por essa razão, é importante
distinguir dois conceitos: a taxa de juro real que o mutuário e o mutuante
esperam aquando do empréstimo, a designada “taxa de juro real ex
ante” (r*), e a taxa de juro real efectivamente verificada, designada “taxa
de juro real ex post” (r).
► Sendo π a inflação de facto observada e πe a expectativa,
quanto a essa taxa de inflação, a taxa de juro real ex ante é i–πe e a
taxa de juro real ex post é i – π. As duas taxas de juro diferem quando a
inflação observada é diferente da inflação esperada.
Pela simples razão de que na altura em que é definida ainda não
se sabe qual será a taxa de inflação no futuro, a taxa de juro nominal só
pode ter em conta a inflação esperada.
i = r* + πe
Esta equação é identificada com o nome do economista Irving Fisher
(1867–1947) e designa-se por “equação de Fisher”.

► Demonstra, simplesmente, que a taxa de juro nominal pode


variar por duas razões: variações na taxa de juro real esperada (r*) e
variações na taxa de inflação esperada (πe). Mais precisamente, a
equação postula que, em virtude da taxa de juro real ex ante, os
movimentos na taxa de juro nominal i acompanham as variações na
inflação esperada πe.
► Esta relação entre a taxa de inflação esperada e a taxa de juro
nominal é designada por “efeito de Fisher”, isto é, uma inflação mais
elevada gera taxas de juro nominais mais altas.

Efeitos da estabilidade de preços


​ 1) Reduz a incerteza quanto à evolução geral dos preços,
aumentando a transparência dos preços relativos.
​ 2) Reduz o prémio de risco de inflação das taxas de juro.
​ 3) Torna desnecessárias atividades de cobertura de risco.
​ 4) Reduz os efeitos de distorção dos sistemas fiscais e de
segurança social.
​ 5) Aumenta os benefícios de detenção de moeda (imposto
oculto).
​ 5) Evita a redistribuição de riqueza.
​ 6) Contribui para a estabilidade financeira
Contas nacionais
Conceito
A Contabilidade Nacional conjuga técnicas de síntese estatística
com o objetivo de fornecer uma representação coerente, de forma
simplificada, agregada e quantificada, da atividade económica de um
determinado território económico, durante um dado período de tempo.

Funções
fornece evidência empírica no sentido de se:
i. Verificar/validar a teoria económica e efetuar previsões;
ii. Definir políticas económicas e avaliar a sua eficácia (função que
está na base do surgimento da CN);
iii. Estabelecer comparações entre diferentes economias
(surgimento de sistemas de contas normalizadas; ex.: SEC).

O que é o Sistema Europeu de Contas?


O Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais (SEC)
estabelece uma metodologia para a produção de dados de contas
nacionais na União Europeia.
A existência de um manual conceptual, de aplicação obrigatória
em todos os Estados-Membros, é fundamental para garantir que os
resultados estatísticos são compilados de forma consistente,
comparável, fiável e atualizada.
O SEC, ao ter como referencial o Sistema de Contas Nacionais
(SCN) das Nações Unidas, permite igualmente a comparabilidade
internacional dos resultados estatísticos para além do espaço da União
Europeia.

Porque é importante?
Na UE, as contas nacionais são ainda fundamentais para a sua
“governação económica”.
As CN estão subjacentes ao Procedimento dos Défices
Excessivos, que tem como referências, nomeadamente, rácios do défice
e da dívida das Administrações Públicas (AP) no PIB.
Vários dos indicadores do Procedimento dos Desequilíbrios
Macroeconómicos têm por base as contas nacionais.
As taxas de crescimento trimestrais do Produto Interno Bruto (PIB)
constituem um importante elemento de referência na política monetária
da Zona Euro.
As CN são utilizadas para calcular as contribuições dos vários
países para o orçamento comunitário, com base no respetivo
Rendimento Nacional Bruto (RNB).
As contas regionais, consistentes com as CN, são fundamentais
para a atribuição dos fundos estruturais.

Agregação
► Por ramo de atividade: os ramos de atividade agrupam
unidades de produção homogénea
► Por setor institucional: os sectores institucionais agrupam
unidades homogéneas que dispõem de contabilidade completa e que
gozam de autonomia no exercício da sua função principal (autonomia na
afetação dos seus recursos). São agrupados por características comuns
de função principal, recursos principais e por tipo de produtos
produzidos.

Território Nacional
► Área geográfica do Continente e Ilhas, excluindo os “enclaves
extraterritoriais” (território geográfico utilizado por administrações
públicas de outros países, instituições comunitárias e organizações
internacionais, em virtude de tratados internacionais ou de acordos
entre Estados: e.g., embaixadas, consulados, bases militares,...);
► Espaço aéreo nacional e águas territoriais;
► “Enclaves territoriais”;
► Jazigos mineiros em águas internacionais exploradas por
agentes.

Residentes
► agentes económicos que detêm um centro de interesse no
território económico, i.e., que efetuam operações económicas por
período igual ou superior a um ano no território económico,
independentemente da nacionalidade.
Variáveis Fluxo
► Grandezas avaliadas num determinado intervalo de
tempo. Exo. investimento, rendimento, défice orçamental.

Variáveis Stock
► Grandezas avaliadas num dado momento no tempo.
Exo. stock de capital, riqueza, dívida pública.

► O PIB é a medida básica da Contabilidade Nacional.


PIB = Agregação do valor de mercado dos bens e serviços finais criados
num território durante um determinado período.
► “Agregação do valor de mercado”: Necessidade de uma
unidade de medida comum – o valor monetário (preços
correntes/medidas nominais; preços constantes/medidas reais);
► “(...) dos bens e serviços finais(...)”: Necessidade de evitar a
dupla contabilização: não se mede a totalidade dos bens e serviços
produzidos e trocados, mas apenas o valor acrescentado bruto (VAB)
em cada processo produtivo.
VAB ≡ Produção – Consumos Intermédios ( ≡ consumos
produtivos)
≡ Valor dos bens e serviços finais

►“(...)criados(...)”: O PIB apenas inclui bens e serviços que são


produzidos de novo nesse mesmo período;
► “(...) num território (...)” → delimitação espacial
• território de localização dos factores: PIB
• residência dos agentes proprietários dos factores: PNB
► “(...) durante um determinado período (...)” → delimitação temporal
• PIB é uma variável fluxo logo, reporta-se, por definição, a um
intervalo de tempo específico (trimestral, anual, etc.).

PIB - Interno
► Referente aos fatores situados no território económico nacional
(mesmo que detidos por não residentes).
• Território de localização dos fatores de produção.
PNB - Nacional
► Referente aos fatores detidos por residentes (mesmo que
estejam situados fora do território económico nacional).
• Residência dos proprietários dos fatores de produção.

► Se ao PIB adicionarmos os rendimentos transferidos para o


nosso país de fatores de produção que os residentes possuem no
estrangeiro e subtrairmos os rendimentos transferidos para fora do país,
de fatores de produção de não residentes (RLE), obtemos o PNB –
Produto Nacional Bruto.

PNB = PIB + RLE

Preços de mercado vs custos de factores


► Quando se compra algo nos mercados paga-se não só aos
fatores de produção que participaram na sua produção, mas também se
paga uma parte ao Estado – impostos indiretos (por exemplo IVA);
► Por outro lado, se o estado tiver subsidiado esse produto ele
pagou uma parte aos fatores que não se reflete no mercado.
► Durante o processo produtivo, o equipamento utilizado na
produção desgasta-se ou mais tecnicamente deprecia-se. À redução do
valor do equipamento chama-se amortizações (A).
► O PIB pode ser calculado segundo 3 óticas distintas,
correspondentes a 3 momentos distintos do circuito económico:
1. a ótica da produção: permite-nos conhecer o valor do produto por
setor institucional
2. a ótica do rendimento: permite-nos conhecer o valor atribuído
como remuneração dos fatores de produção
3. a utilização desses rendimentos – a ótica da despesa: permite-
nos conhecer os gastos efetuados pelos diferentes setores
institucionais
Pm = cf + Ti (impostos diretos) - z (subsídios)
Líquido = Bruto - Amortizações

Produção
► Valor dos bens e serviços finais produzidos dentro do território
económico nacional, durante um determinado período de tempo.
O PIB resulta do somatório de valores acrescentados
O valor acrescentado é a diferença entre o valor das vendas totais
(VBP: valor bruto da produção) e o custo dos bens intermédios (CI:
consumos intermédios)
PIBpb = ΣVAi = Σ (VBP−CI)i
Está avaliado a preços base, i.e., já inclui o valor dos impostos
sobre a produção líquidos de subsídios à produção.

PIBpm = ΣVAi + Imp. Líq. sb. produtos + Imp. Líq. sb. importação

Pm = pb + impostos líquidos de subsídios sobre os produtos e


importações

Rendimento
► Valor dos rendimentos brutos gerados dentro do território
económico nacional, durante um determinado período de tempo.
O PIB resulta do somatório de rendimentos gerados no processo
produtivo interno (exclui rendimentos gerados no resto do mundo):
- Remunerações do trabalho (inclui salários e contribuições para a
SS),
- Excedente Bruto de Exploração (EBE): Rendimentos gerados
pelos fatores produtivos na atividade económica interna, à exceção das
remunerações do trabalho: Rendas, Juros e Lucros (inclui amortizações)

PIB = Σ rendimentos está avaliado ao custo dos fatores (valor dos


rendimentos que remuneram diretamente os fatores produtivos)

Remunerações/trabalho + rendas + juros + lucros = RI

RI = Rendimento Interno = PIL cf


Despesa
► Valor da utilização final de bens e serviços produzidos dentro
do território económico nacional, durante um determinado período de
tempo:
O PIB resulta do somatório de utilizações finais (vendas finais):
consumo privado (C) e consumo público (G), investimento (I),
exportações (X) …
mas só nos interessa a produção efetuada no território económico
nacional, pelo que temos que retirar as importações (Q).

PIB = Σ vendas finais está avaliado a preços de mercado

DI = C + G + I + X – Q

DI = Despesa Interna = PIB pm

► C: valor das despesas realizadas pelas famílias em bens e


serviços finais e pelas instituições sem fins lucrativos ao serviço das
famílias; inclui bens não duradouros e duradouros (excepto imóveis,
contabilizados no I); inclui bens produzidos no exterior.
► G: valor das despesas em bens e serviços finais efectuadas
pelo sector público - dado pelo custo de produção (ex., o ensino público
é contabilizado no PIB como a soma dos salários dos professores e
funcionários, custos de electricidade, equipamentos informáticos, rendas
de edifícios, etc.), deduzido da parcela directamente imputável às
famílias e contabilizada em C (taxas moderadoras, propinas...); não
inclui transferências sem contrapartida (ex. subsídio de desemprego;
rendimento social de inserção;...)
► I = FBC = FBCF + variação de stocks/existências: despesas em
bens e serviços cuja utilização não se esgota no período de aquisição +
ACOV.
► FBCF = FLCF + Amort.: Despesas realizadas em bens e
serviços de investimento (duradouros) incluindo as amortizações (casas,
máquinas, equipamentos, estradas, hospitais, escolas...); inclui os
serviços de assistência técnica e o investimento em bens adquiridos ao
RM.
► Variação de existências = Stock final - Stock inicial (matérias
primas, produtos em curso de fabrico, produtos acabados) = variação
voluntária + involuntária de stocks.
► ACOV - aquisição líquida de vendas de objetos de valor, como,
por exemplo, obras de arte

Despesa – alterações com o SEC 2010


► Registo das despesas em investigação e desenvolvimento
(I&D) como investimento
De acordo com o SEC 1995, todas as despesas em I&D,
resultantes da aquisição de bens e serviços de I&D ou de processos de
desenvolvimento interno às organizações, eram consideradas custos de
exploração da entidade, sendo registados nas CN como consumo
intermédio ou remunerações.
No SEC 2010, pelo contrário, as despesas realizadas em I&D são
registadas como investimento (Formação Bruta de Capital Fixo –
FBCF). A consequência imediata desta mudança é o aumento do valor
do PIB.

► Procura interna: C + G + I (despesa efectuada por agentes


económicos residentes em bens e serviços internos e externos).
► Procura externa líquida: X – Q (exportações de bens e serviços
líquidas de importações de bens e serviços).
- as exportações ou procura externa contam-se como
vendas finais, independentemente da forma como vão ser usadas
no exterior.
- as importações respeitam a bens e serviços finais que são
fornecidos pelo RM.

► O valor de mercado dos bens e serviços produzidos durante um


determinado período de tempo (ótica da produção) é, por definição,
igual ao montante que os agentes têm que gastar para os comprar
(ótica da despesa), logo
Ótica da produção ⇔ Ótica da despesa
► Mas os agentes (incluindo o Estado) gastam (ótica da despesa)
aquilo que receberam, ou seja, as remunerações auferidas pelos
trabalhadores, os impostos líquidos pagos ao Estado e o EBE (ótica do
rendimento)
Ótica da despesa ⇔ Ótica do rendimento

Considerações adicionais
►O PIB não é, necessariamente, uma medida de bem-estar...
- a poluição e outras agressões ao ambiente não são
contabilizadas no PIB;
- o tempo de lazer não é contabilizado...
- os serviços públicos são contabilizado pelo custo de produção e
não pelo preço de mercado (proporcionam níveis de bem-estar
superiores aos registados)...

► O PIB só inclui as transações de mercado sujeitas a registo...


- exclui atividades que não passam pelos canais legais (economia
paralela);
- ou que não chegam ao mercado, isto é, as que criam bens e
serviços destinados a autoconsumo: agricultura de subsistência,
atividades de dona de casa, hobbies como pintura, desenho,
bricolage, jardinagem...

► Sendo o PIB uma medida da produção ocorrida dentro de um


certo país, depende obviamente da dimensão do país Assim, calcula-se:
PIBper capita = PIB População Residente
O PIB per capita é uma medida de rendimento (fluxo) e não de riqueza
(stock).
- Um pequeno país produtor de petróleo pode ter um PIB per
capita superior, por ex., ao do Reino Unido; o Reino Unido poderá,
no entanto ser mais rico em virtude da acumulação de riqueza ao
longo de séculos.

► Uma comparação direta com base na taxa de câmbio introduz


distorções (ex. volatilidade cambial, nos países mais pobres os preços
são mais baixos, etc.).
PIB corrigido pela paridade do poder de compra (PPC): PIB corrigido
pelos níveis de preços dos países, o que permite comparar o poder de
compra associado a esse produto/rendimento.

III - O ESTADO E AS FINANÇAS PÚBLICAS


► É comum falar-se de Estado, sector público ou administração
pública como se fossem realidades idênticas. Na verdade, não o são.
Há a necessidade de clarificar estes conceitos.

O sector público divide-se em:


1. Administrações públicas, na óptica da contabilidade nacional
(ou Sector público administrativo, na ótica da contabilidade pública)
2. Sector público empresarial (empresas públicas, empresas
municipais, SA de capitais maioritariamente públicos,...)

Sector Público Administrativo (SPA)


SPA: Conjunto de serviços que o Estado presta no desempenho
das suas atividades tradicionais.
Objetivo: Satisfação das necessidades coletivas, não visando
qualquer obtenção de lucro, tratando-se assim de serviços de interesse
coletivo sem fins lucrativos. Ex: Educação pública, defesa e segurança
nacionais, saúde e justiça.

O SPA inclui:
a) Administração central: Engloba vários Ministérios e as
respetivas secretarias de Estado, bem como todas as entidades que
estão sob a sua tutela;
b) Administração regional ou local: Órgãos das Regiões
Autónomas dos Açores e Madeira assim como as autarquias e os
serviços autónomos de natureza local mais próximos dos interesses e
das necessidades das populações;
c) Segurança Social: Sistema que dispõe de um regime próprio e
que é dotado de fundos e orçamento próprios.
Sector Empresarial do Estado (SEE)
SEE: Tem por objetivo produzir bens e serviços, com fins
lucrativos, em sectores considerados fundamentais para a Economia e
que não despertam interesse aos particulares, quer pela pouca
rentabilidade, quer pelos avultados custos de implementação.

O SEE inclui:
a) Empresas públicas: Empresas onde o Estado ou outra entidade
pública estadual pode exercer uma influência dominante (deter a
maioria do capital ou dos votos);
b) Empresas participadas: Empresas com uma participação
permanente do Estado ou de outra entidade pública estadual (que
detenham mais de 10% do capital);
c) Empresas municipais, intermunicipais e Metropolitanas:
Organizações nas quais os municípios possam exercer, direta ou
indiretamente, uma influência dominante.

1) Perspetiva mais jurídica (influenciada pelo direito


administrativo):
- Sector público administrativo (SPA)
- Contas do SPA na óptica da Contabilidade Pública

2) Perspetiva mais económica (influenciada pela economia


pública):
- Administrações públicas (AP)
- Contas das AP na óptica da Contabilidade Nacional (Sistema Europeu
de Contas – SEC2010)

► Ótica da Contabilidade Nacional


“Ótica dos compromissos”, ou seja, as receitas e despesas são
registadas no ano a que dizem respeito, mesmo que só se venham a
realizar no futuro (e.g. juros e dívidas vencidos num ano pagos nos anos
seguintes).
- É usada na UE (requisitos decorrentes do PEC).
- Considera exclusivamente as unidades institucionais produtoras
de serviços não mercantis e redistributivas.

► Ótica da Contabilidade Pública


“Ótica de caixa”, ou seja, as receitas e despesas são registadas
no exato momento das suas entradas e saídas, independentemente do
ano a que digam respeito.
-Considera como integrando o SPA alguns serviços autónomos
produtores de serviços mercantis (por exemplo, serviços
municipalizados).
- É usada nos dados originais (OE), e é a partir dela que se
calculam os valores em CN.

Funções económicas do Estado:


• Fornecer bens e serviços públicos (não rivalidade e não exclusão
e.g., segurança pública, defesa nacional, justiça,...)
• Realizar a redistribuição do rendimento
• Estabilização macroeconómica e regulação
• O sector público precisa de recolher receitas para financiar as
despesas inerentes ao cumprimento destas funções , cujo custo é
estimado no orçamento de estado. O OE é proposto pelo Governo,
aprovado pela Assembleia da República, executado pelo Governo e
fiscalizado quanto à execução pelo próprio Governo, pelo Tribunal de
Contas e pela Assembleia da República. Pode ser necessário ser
retificado através de um orçamento retificativo.

Despesas do Estado
► Despesas correntes - fazem-se no decurso de um ano e
esgotam-se nesse mesmo ano:
- Vencimentos dos funcionários;
- Aquisição de bens não duradouros;
- Transferências correntes;
- Juros da dívida pública …
► Despesas de capital - realizam-se num determinado ano, mas
os efeitos prolongam-se nos anos seguintes:
- Investimentos em capital fixo (infraestruturas,
equipamentos, etc.);
- Compras de acções;
- Reembolsos de empréstimos;
- Transferências de capital.

Receitas
► Receitas correntes - são as que provêm do rendimento do
próprio período. Exemplos:
- Taxas;
- Impostos;
- Contribuições para a Segurança Social; etc.
► Receitas de capital - São receitas que se revestem de carácter
transitório, e que, regra geral, estão associadas a uma diminuição de
património. Exemplos:
- Venda de Terrenos, habitações ou edifícios [pertencentes ao
Estado];
- Empréstimos que o Estado contrai e asTransferências de
Capital. -

Saldo orçamental primário SOP


► À diferença entre receitas e despesas, com exceção dos encargos
associados aos juros da dívida pública, chamamos saldo orçamental
primário.

SOP = T - G

T = impostos – transferências (TR) (impostos líquidos de subsídios


pagos às empresas, etc. e de transferências para o sector privado:
subsídio de desemprego, pensões de reforma, rendimento mínimo,
abono de família, subsídios pagos às empresas);

G = despesas em bens e serviços públicos (gastos em equipamentos


hospitalares, vencimentos dos funcionários públicos, FBCF).
Saldo orçamental global
► O saldo orçamental global distingue-se do saldo orçamental
primário por incluir os encargos correspondentes aos juros da dívida
pública (ou serviço da dívida).

SO = (T - G) - r B

rt = Taxa de juro enfrentada pelo sector público;


Bt-1 = Dívida pública do período anterior;
rt Bt-1 = juros de dívida pública.

► O Saldo Orçamental reflete, assim, a Capacidade ou


Necessidade de Financiamento do sector público:
• SO = Receitas correntes
– Despesas correntes
+ Receitas de capital
– Despesas de capital (inclui despesas de
investimento público)
= CAP/NEC Financiamento do sector público

•Regra de ouro das finanças públicas: SO corrente equilibrado

Receitas correntes – Despesas correntes = saldo corrente

Saldo orçamental ajustado do ciclo económico ou


estrutural
(aplica-se ao saldo total ou ao primário):
• Saldo que existiria se o hiato do produto fosse zero.

Saldo orçamental excluindo medidas


extraordinárias/temporárias e irrepetíveis
(aplicado ao saldo primário ou ao saldo ajustado do ciclo):
• Efeitos das medidas temporárias: efeitos sobre o SO resultantes
de medidas que não podem ser utilizadas de forma recorrente (e.g.,
vendas de licenças de redes móveis e TV digital, cessão de créditos
tributários, transferência do fundo de pensões de uma empresa
pública...)

Tipos de Saldo orçamental


►Excedente orçamental (SO > 0):
Num ano, o valor de todos os impostos e outras receitas são
superiores às despesas do Estado.

► Défice orçamental (SO < 0):


Num ano, o valor das despesas ultrapassa o valor das receitas do
Estado.

► Equilíbrio orçamental (SO = 0)


Num ano, o valor das despesas é igual ao valor das receitas, o
Estado tem um equilíbrio orçamental.

Estabilização Macroeconómica
Papel do Governo na sua função de estabilização macroeconómica:
• Estabilizar o nível do produto em torno do produto de
equilíbrio usando políticas discricionárias
• Providenciar estabilizadores automáticos que isolem a
economia, pelo menos parcialmente, de choques na procura
agregada
• Planear o financiamento das despesas de forma a manter
um nível sustentável de dívida pública
• Política orçamental é a alteração discricionária por parte
das autoridades (Governo) das variáveis orçamentais...

A Estabilização Macroeconómica visa a diminuição da amplitude e


da persistência dos ciclos económicos.
O objectivo da política orçamental deve ser manter o nível do
produto próximo do seu nível potencial (output gap próximo de zero)
• Quando a economia está em recessão (Y<YN), o Governo
deverá recorrer a políticas orçamentais expansionistas;
• Mas perante uma expansão (Y>YN) deverá optar por
políticas contraccionistas ⇒ política orçamental contra-cíclica ⇒
leaning against the wind

•No entanto, mesmo sem uma actuação discricionária de política


orçamental, o orçamento de Estado reage contra-ciclicamente ao estado
da Economia através do efeito dos estabilizadores automáticos

Estabilizadores automáticos:
•Algumas rubricas do SO reagem, automaticamente (sem
actuação activa das autoridades), à situação conjuntural de forma a
reduzir a amplitude das flutuações cíclicas
• Exemplos típicos são os impostos (nomeadamente impostos
directos sobre o rendimento) e o subsídio de desemprego
• Os défices tendem a aumentar numa recessão, e a diminuir nas
fases de expansão ⇒ Parcela endógena do Orçamento de Estado

Financiamento dos défices


A despesa pública pode ser financiada por:
• Receita pública, nomeadamente impostos;
• Emissão de Dívida Pública - emissão de bilhetes do tesouro e
obrigações do tesouro que são adquiridos pelo sector privado doméstico
ou pelo exterior.

Dívida pública
► A variação da dívida pública é igual ao saldo orçamental, mas
de sinal contrário (ou seja, é igual ao défice orçamental). Se as receitas
forem inferiores às despesas, o Estado contrai mais dívida.

SOt = (T-G) t – rt Bt-1 = –ΔBt

–ΔBt= variação da dívida pública no ano t

SOt > 0 –ΔBt < 0 diminuição da dívida pública


SOt < 0 –ΔBt > 0 aumento da dívida pública
A dívida pública resulta de uma acumulação sucessiva de défices
orçamentais e do respetivo financiamento ...

Bt = Bt-1 + ΔBt = Σ (-SOj) , j = 0, …, t

Decomposição da dívida pública:


Bt = Bt-1 – SOt ± Ajt ⇒
Bt = Bt-1 (1+rt) – (T – G)t ± Ajt

Aj - ajustamentos na dívida que não passam pelo orçamento (e.g.,


receitas de privatizações)

Dinâmica da dívida pública:

Bt – Bt-1 = ΔBt = (G – T)t + rtBt-1 ± Ajt

•Mesmo com equilíbrio do SO primário (e sem considerar


eventuais ajustamentos), a dívida tende a crescer, à taxa rt, devido aos
encargos financeiros associados à dívida acumulada
A dívida pública é um processo endógeno que se pode tornar
“explosivo”....

Estabilização da dívida (assumindo Aj = 0):


Para que Δ B = 0 (estabilização absoluta da dívida) é necessário:
(T – G) = r B
• Para a estabilização do valor da dívida pública é necessário
existir um superavit primário no montante do serviço da dívida
• Quanto mais tarde se estabelecer como meta a estabilização do
valor da dívida, maior o valor a estabilizar e, consequentemente, maior o
valor que o SO primário deve observar.

► Mas, na prática, a variável de dívida relevante é o rácio da


dívida relativamente ao PIB visto que a capacidade que o país tem para
pagar a sua dívida está diretamente relacionada com o que produz…
Quais as condições necessárias para uma estabilização do rácio
da dívida no PIB? Ou seja, para a estabilização relativa da dívida?
• A evolução do rácio da dívida é determinada pela evolução do
SO primário e pela relação entre a taxa de juro da dívida e a taxa de
crescimento do PIB.
• Se g > r: SO primário nulo é suficiente para diminuir o rácio da
dívida; o rácio da dívida pode inclusivamente diminuir mesmo na
presença de défices orçamentais primários
• Se r > g: o processo pode ser explosivo (efeito “bola de neve”);
são necessários saldos primários positivos para reverter a Situação
• Desde que g > 0, o SO primário necessário para estabilizar o
rácio da dívida é menor do que o SO primário necessário para
estabilizar o valor absoluto da dívida

Com g < r, os custos para a economia podem ser acentuados:


i. Evitar um trajecto explosivo implica significativos superavits
primários ou seja, profundos cortes na despesa pública ou
aumentos politicamente impopulares nos impostos;
ii. Perante expectativas de um possível incumprimento da dívida, o
prémio de risco e a dinâmica da dívida aumenta, gerando um
aumento da taxa de juro, o que deteriora ainda mais a situação da
economia;
iii. O crédito ao governo pode ser “cortado” pressionando-o a recorrer
à monetização da dívida ou a entrar em incumprimento.

• Na generalidade dos países desenvolvidos assistimos a um


agravamento do rácio da dívida pública desde os anos 1970
relacionado, entre outras causas, com o desenvolvimento do welfare
state e com a inversão na relação entre a taxa de crescimento do PIB e
a taxa implícita dos juros da dívida pública…
• Para além disso, a tendência para a acumulação de dívida
pública está relacionada com:
• A existência de eleições periódicas devido aos ciclos
político-económicos
• Efeito miopia dos eleitores: os benefícios de um défice “hoje” são
claros e visíveis para os eleitores, enquanto o custo associado aos
impostos a cobrar “amanhã” é distante e não totalmente conhecido …
• A partir dos anos 1990, a estabilização do rácio da dívida pública
surge como preocupação central dos governos.
A redução/eliminação do défice orçamental primário visa a
consolidação orçamental, que implica a implementaçã de uma política
orçamental que promove a sustentabilidade do rácio da dívida

Como se financia a dívida pública?


i. Financiamento “normal” emissão de títulos da dívida que são
adquiridos pelo sector privado doméstico ou pelo exterior; colocação da
dívida pública nos mercados financeiros…
ii. Financiamento de “último recurso” surge quando, na
sequência de um aumento do risco associado ao país emissor, há
dificuldades na colocação da dívida nos mercados financeiros, quer por
escassez de procura, quer pela exigência de uma remuneração (taxa de
juro) demasiado elevada.

Financiamento de “último recurso”:


i. Financiamento monetário : emissão de moeda pelo Banco
Central, por contrapartida de crédito direto ao sector público ou de
aquisição de títulos de dívida pública , OU SEJA, monetização da dívida
pública ou senhoriagem (entende-se por senhoriagem a receita do
Estado gerada pela emissão de moeda)
ii. Ajuda financeira externa por parte de entidades internacionais
(e.g., FMI, UE), reestruturação da dívida e/ou eventual não pagamento
de parte ou da totalidade da dívida default / incumprimento

E no caso da Zona Euro?


• Não é possível recorrer à senhoriagem aos Estados-membros da
UEM: é expressamente vedado o crédito direto ou indireto (no
mercado primário) do BCE para financiamento dos défices
públicos (objetivo: inflação)
•Restam duas alternativas: ajuda externa ou reestruturação ou
incumprimento …
• Equilíbrio orçamental é fundamental, daí a necessidade de
regras que equilibrem os custos “futuros” e benefícios “presentes”
de um défice orçamental P.E.C.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (1997):
Objectivo: Garantir a manutenção de finanças públicas
saudáveis, criando condições para a estabilidade de preços e, através
desta, condições para um crescimento sustentado conducente à criação
de emprego

Regras:
1. Um Estado-membro da UEM não pode incorrer num défice
orçamental superior ao valor de referência de 3% do PIB do ano
correspondente
2. O rácio da dívida pública no PIB deverá ser inferior ao valor de
referência de 60% do PIB ou deverá encontrar-se em diminuição
significativa e estar a aproximar-se, de forma satisfatória, do valor
de referência
3. Estabelecimento do “objectivo de médio prazo de uma posição
orçamental próxima do equilíbrio ou excedentária”

Novo tratado orçamental


Os líderes de 25 dos 27 governos da União Europeia aprovaram
em 30/01/2012 em cimeira em Bruxelas um pacto de disciplina
orçamental.
O "pacto orçamental" veio reforçar a disciplina das finanças
públicas dos Estados-membros.
A chamada "regra de ouro", que os países devem inscrever
"preferencialmente" na Constituição, obriga cada Estado-membro
subscritor do pacto a não ultrapassar um défice estrutural de 0,5% e a
ter uma dívida pública sempre abaixo dos 60% do Produto Interno Bruto
(PIB).
Quem não cumprir estas disposições poderá sofrer sanções
pecuniárias, até 0,1% do PIB, impostas pelo Tribunal Europeu de
Justiça, e cada Estado-membro compromete-se a colocar em prática
internamente um "mecanismo de correcção", a ser activado
automaticamente, em caso de desvio dos objectivos, com a obrigação
de tomar medidas num determinado prazo.
Por outro lado, o limite tolerado para os défices públicos anuais
permanece nos três por cento do PIB, tal como contemplado no Pacto
de Estabilidade e Crescimento, mas quem violar esta regra fica mais
sujeito a sanções.
IV. CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO

Consumo privado
É a despesa em bens e serviços de consumo (final), feita pelas famílias;
► É uma variável de fluxo (mede-se para um período em u.m./u.t., 5
mil euros por ano);
► Em Portugal, representa cerca de 60% do PIB.

Determinantes do consumo privado


a) Rendimento – as famílias definem as suas despesas em
função do seu rendimento disponível corrente e em função das
perspectivas de rendimento no longo prazo.
► O rendimento disponível (Yd) corrente corresponde ao
rendimento que as famílias dispõem depois de pagarem impostos
e receberem certas transferências (e.g. pensões de reforma) e é
uma determinante do rendimento disponível de curto prazo.

Rendimento que as famílias dispõem no presente =


+ Rendimento primário (terra, trabalho, capital)
+ Operações aditivas
prestações sociais
(reforma, invalidez, subsídio de desemprego)
transferências do resto do mundo
- Operações subtractivas
impostos sobre o rendimento
contribuições para a segurança social
transferências para o resto do mundo
b) Riqueza - Valor dos activos, líquidos das responsabilidades
financeiras (dívidas);
+ Automóveis, casas e recheio, jóias, dinheiro no banco,
acções, etc.
- Menos empréstimos bancários contraídos e outras dívidas.

► É uma variável de stock: Mede-se num determinado momento


em u.m. (250 mil euros em 27 de Março de 2003).
► A poupança constitui um aumento da riqueza.
► As teorias do consumo orientadas para o futuro relacionam
consumo com riqueza.

c) Endividamento – é constituído por dívidas para com


instituições financeiras (e.g. empréstimos para aquisição de bens e
serviços e para compra de habitação) e outras (e.g. dívidas fiscais).
► Tem implícito encargos – juros e amortizações.
► Há sobreendividamento quando a família não tem
possibilidade de cumprir os seus compromissos sem colocar em
causa o nível de consumo de subsistência.

d) Outros factores:
► A idade, a educação, a ocupação e a composição da
família (e.g. os grupos menos jovens têm mais encargos com
saúde e níveis de poupança mais baixos).
► A distribuição do rendimento (rendimentos mais elevados
conduzem a propensões marginais ao consumo mais baixas).
► As expectativas de remuneração resultantes da aplicação
das poupanças (taxa de juro).
► Alterações nos preços – inflação (ilusão monetária)/
deflação .
► O marketing e a publicidade.
EM SUMA:
► Rendimento disponível corrente - Rendimento corrente
- Impostos directos
► Remuneração da poupança (taxa de juro)
► Riqueza
► Crédito
► Dívida privada
► Inflação
► Perspectivas de rendimento no futuro
► Estrutura etária, educação, ocupação, composição das famílias

Função consumo
O consumo privado surge empiricamente relacionado com o rendimento
disponível
► A função consumo keynesiana relaciona o consumo com o
rendimento disponível corrente
- Assume que o rendimento disponível real corrente das
famílias é o principal determinante do comportamento do consumo
privado (ignora outros).

Hipóteses sobre os comportamentos:


1) Trata-se de uma função contínua e diferenciável
C = C (Y ) d
2) Esta função só tem sentido económico para um valor positivo
do consumo privado e do rendimento disponível:
C(Y )>0 , comY >0 dd
3) Quanto maior o rendimento real, maiores serão as intenções de
despesa das famílias em bens de consumo:
ΔC ÷ Δ Yd > 0
- Esta hipótese também é referida como assumindo uma
Propensão Marginal a Consumir positiva.
4) Cada u.m. adicional de rendimento disponível não será
totalmente gasta em consumo:
ΔC ÷ Δ Yd < 1

- Esta hipótese também é referida como assumindo uma Propensão


Marginal a Consumir menor que a unidade.
Aproximação linear à função keynesiana geral:
C = (C/) + c.Y d
C – intenções de despesa em consumo privado, medidas em u.m. (do
ano base)/u.t.
Yd – rendimento disponível das famílias, medido em u.m. (do ano
base)/u.t.
c – propensão marginal a consumir, número puro.

C/ – Consumo autónomo, medido em u.m. (do ano base)/u.t.


► É a parte do consumo que não depende do rendimento
disponível.
► Representa a influência de outras determinantes do
consumo.
► Geometricamente, é a ordenada na origem da função de
consumo.

c, propensão marginal a consumir DC


ΔC ÷ Δ Yd = c ∈ [0,1]

► Quando o rendimento disponível aumenta em 1 u.m./u.t. , as


intenções de consumo privado aumentam em c u.m./u.t.
► c é o declive da curva que representa a função de consumo
(constante, neste caso linear).

C/Yd , propensão média a consumir


ΔC ÷ Δ Yd =
( C/ + cYd ) ÷ Yd
= C/ ÷ Yd + c
► Varia com o rendimento disponível (não é constante), mesmo
neste caso linear.
► É maior (menor) que a propensão marginal a consumir se o
consumo autónomo for positivo (negativo).

Poupança
► Nem todo o rendimento dos fatores primários (rendimento
primário ou PIB) fica disponível para ser gasto em consumo (c).
► A poupança das famílias (S) é a parte não gasta em consumo
do seu rendimento disponível.
S=Yd – C
► Esta poupança das famílias será utilizada para financiar o
investimento das empresas, como veremos mais à frente.

Função Poupança
► Com a função de consumo keynesiana linear obtemos:

S = Yd - C
S = -C/ + (1-c).Yd
S = -C/ + s.Yd

► Função de poupança keynesiana linear:


S = -C + s.Yd

s, propensão marginal a poupar


s = ΔS ÷ ΔYd
► Montante pelo qual as intenções de poupança das famílias
aumentam quando o rendimento disponível aumenta em 1 u.m./u.t.

Uma vez que qualquer variação no rendimento implica quer uma


variação nas despesas de consumo, quer uma variação na poupança
dos agentes, temos esta igualdade em termos de variações:
ΔY d= ΔC + ΔS.

► Se dividirmos ambos os membros por ΔYd, temos:


1 = PMg C + PMg S
► Logo, se 0 < PMgC < 1, temos necessariamente:
0 < PMgS < 1.

Propensão média a poupar


► Partindo da igualdade Yd = C + S, e dividindo-a pelo
rendimento (Yd), obtém-se a seguinte equivalência:
1 = PMeC + PMe S
► Logo, podemos afirmar que a PMeC terá um valor positivo e
inferior à unidade quando a propensão média a poupar é positiva e
inferior à unidade, ou seja:
se ( 0 < PMeC < 1), então ( 0 < PMeS < 1).

A PMeS aumenta à medida que o rendimento aumenta. Por outras


palavras, as famílias quando têm pouco rendimento utilizam grande
parte do mesmo em despesas de consumo e poupam pouco. À medida
que o seu rendimento aumenta, gastam em média menos em despesas
de consumo e poupam mais em média.

► Pode ainda acontecer que a poupança seja negativa (situação


de endividamento), pelo que a PMeC seja, por isso, superior à unidade:
PMeS < 0 e PMe C > 1.
Neste caso, a família gastou mais em consumo do que o que
“ganhou”, ou seja, endividou-se ou usou património.

► Qualquer ponto sobre a


bissectriz implica que todo o
rendimento recebido é gasto em
despesas de consumo. O ponto
em que a recta de consumo de
curto prazo corta a bissectriz
corresponde ao Ponto Limiar
da Poupança (PP). A esse nível
de rendimento, a poupança é
nula: todo o rendimento é gasto em consumo.
Como já sabemos, S = Yd – C, então verifica-se que:
► à direita de PP, a poupança é positiva porque Yd2 > C2, logo:
PMeC < 1

► à esquerda de PP, a poupança é negativa porque Y0 < C0,


logo: PMeC > 1

► E, por dedução lógica, a PMeC = 1 no ponto PP


Investimento
1. Investimento ou Formação Bruta de Capital (FBC):
Despesa destinada ao aumento dos recursos produtivos de
um país, isto é, ao aumento do capital físico. Esta despesa é feita
em bens que não se destinam ao consumo presente, mas sim a
facilitar a produção de bens ou serviços para consumo futuro.

2. Capital físico
Valor monetário dos recursos físicos que são utilizados para
fins produtivos (construções, máquinas, equipamentos,
existências). O stock de capital físico resulta do investimento
passado, e está permanentemente sujeito a depreciação devida à
utilização (desgaste físico) ou à obsolescência tecnológica.

3. Investimento líquido (de depreciações) ou formação líquida


de capital:
aumento do stock de capital físico.

- Em macroeconomia, o termo investimento é utilizado para


significar acréscimos das existências de bens de capital.
- Quando uma empresa constrói uma nova fábrica ou quando o Sr.
Silva constrói uma vivenda, estas acções representam
investimento.
- Quando se compram acções ou um lote de terreno, estas
situações correspondem a transacções financeiras, não a um
investimento real, pois não conduzem à criação de capital real.

Porquê estudar o comportamento do investimento


1. Explica uma grande parte da volatilidade do PIB, ou seja, é uma
fonte importante das flutuações no nível de atividade económica;
2. É um elo importante entre a política monetária e a atividade real
na economia (mecanismo de transmissão);
3. As políticas fiscais que afectam o investimento são uma parte
importante da política orçamental;
4. O investimento determina fortemente o crescimento económico a
médio e a longo prazo, pois é através do investimento que o país
acumula capital.

O investimento é fortemente pro-cíclico: tende a aumentar nas


fases de expansão económica, e a diminuir nas fases de depressão. É a
componente mais volátil da procura agregada.

A taxa de juro
► A taxa de juro é, para os credores, a recompensa pelo
adiamento de despesas para o futuro. Para os devedores, é o
custo em que incorrem para antecipar as suas despesas.
► A taxa de juro é o preço vigente no mercado de
financiamento, no qual os aforradores oferecem fundos, e outros
procuram fundos para investimento ou consumo.
► A taxa de juro é um mecanismo de ajustamento neste
mercado. Se as necessidades de financiamento (procura)
excederem a poupança (oferta), as taxas de juro tendem a subir.
Normalmente, isso leva à diminuição da procura e ao aumento da
oferta, ajustando-se o mercado no sentido do equilíbrio.
► Se a oferta exceder a procura, a taxa de juro (preço)
desce, diminuindo a oferta e aumentando a procura.

Tipos de taxas de juro


► Taxas de juro bancárias: (i) sobre depósitos; (ii) sobre
empréstimos às famílias; (iii) sobre empréstimos às empresas.
► Taxas de juro financeiras: (i) títulos de dívida pública –
BT’s, OT’s; (ii) títulos de dívida das empresas – obrigações; (iii)
títulos de dívida das instituições financeiras – certificados de
depósito, aceites bancários.
► Quanto à maturidade, as taxas de juro dividem-se em:
(i) de curto-prazo (até 3 meses);
(ii) de médio-prazo (de 3 meses a 1 ano);
e (iii) de longo-prazo (mais do que 1 ano).
► Quanto à natureza da operação: activas vs passivas.
Consoante o financiamento representa um activo do banco
(empréstimos) ou um passivo do banco (depósitos).
Impacto das taxas de juro
► As diversas taxas de juro são preços de activos com
elevado grau de substituição. Assim sendo, é natural que os seus
valores evoluam de forma semelhante. Tendencialmente, ou
descem as taxas de juro em geral, ou sobem as taxas de juro em
geral.
► Sendo o preço que vigora no mercado
monetário-financeiro, a taxa de juro afecta o mercado de bens e
serviços, uma vez que influencia as decisões de investimento e as
decisões de consumo (consumo presente vs poupança).
► A taxa de juro é um mecanismo de alocação da
poupança. Faz com que a poupança seja utilizada para financiar
as despesas mais úteis: investimentos nos projetos mais rentáveis
e consumo dos bens que proporcionam maior bem-estar.

Determinantes do investimento
► Receitas
O investimento trará rendimento adicional a uma empresa se
ajudar a vender mais produto. Isto sugere que o investimento é
muito sensível ao ciclo económico.
► Custos
O custo de capital inclui não apenas o preço do bem de
capital mas também a taxa de juro que é paga para financiar o
capital.
► Expectativas
As expectativas dos agentes económicos são uma variável
fundamental na análise dos ciclos económicos. Mas é
extremamente complexo modelar os “animal spirits” aos quais
Keynes atribuiu a responsabilidade pelas decisões de
investimento.
► Uma maior confiança ou optimismo dos agentes económicos
tem um efeito positivo sobre o volume de investimento (desloca a linha
de rentabilidade para cima).
A curva da procura do investimento
► Os projectos de investimento que são levados a cabo são
aqueles cuja rentabilidade é superior à taxa de juro, ou seja, ao custo do
financiamento.
► Uma taxa de juro superior leva a que sejam realizados menos
projectos de investimento.

Podemos considerar que o investimento depende, de forma


decrescente, da taxa de juro.
I = I/ – bi

I/ é o investimento autónomo (parte do investimento que não


depende da taxa de juro real de mercado - i);
b é suposto positivo e representa a variação no montante de
investimento (I) devido a uma variação unitária na taxa de juro (i).

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